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CONGRESSOS & AFINS: MATO GROSSO DO SUL/PORTO ALEGRE/CURITIBA/NATAL BELO HORIZONTE/JOINVILLE/RECIFE/JAPARATINGA/VIAGEM AO PROJAC
CONGRESSOS & AFINS: MATO GROSSO DO SUL/ PORTO ALEGRE/CURITIBA/NATAL/BELO HORIZONTE/ JOINVILLE/RECIFE/JAPARATINGA/VIAGEM AO PROJAC
"A viagem é fatal para o preconceito, o fanatismo e a mentalidade estreita".
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Mark Twain
Antes de iniciar minha trajetória acadêmica nas IFES, eu fui professora do Curso de Letras da FEPI – Fundação de Ensino de Itajubá, na década de 90 do século 20. Em paralelo, eu fiz os cursos de Mestrado e Doutorado na PUC-SP. Participei de muitos eventos; contudo, não há registros deles. As poucas fotos que ainda tenho são: compor uma banca de concurso para professores na Faculdade de Poços de Caldas, junto com a amiga Rita Trindade; promover uma viagem ao Rio de Janeiro com alunos/as para ver uma exposição sobre Freud, no Museu Nacional de Belas Artes; ministrar um curso de Semiótica do Discurso Político, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul; e participar de um Seminário sobre Mitologias, no Hotel Glória, no Rio de Janeiro, com o amigo Eduardo Davel.
Nas IFES (UFRN e UFPB), foram vários congressos, simpósios, encontros, palestras, bancas, cursos e afins durante os 20 anos de magistério (com os 11 anos da FEPI, somam 31). Vou mostrá-los aqui para conferir os lugares que estive a trabalho, sem prescindir de socializar com os pares e passear pelas cidades que eu gostava de conhecer. Infelizmente, não tenho registro de muitos desses eventos... A viagem ao PROJAC-TV GLOBO, ,em 2006, foi um convite da emissora para que um grupo de professores/as do DECOM-UFPB visitasse suas instalações, na intenção de firmar uma parceria mais amigável entre a comunidade universitária e a TV mais criticada por ela. O único efeito que surtiu em mim, crítica desta TV hegemônica e manipuladora, foi parabenizar a organização do lugar, a logística funcional, o espírito profissional e técnico que a distingue das outras emissoras.
Com o grupo de colegas da UFPB, fizemos alguns passeios pela cidade, pois havia carro disponível para os/as convidados/as da emissora. Foram dias muito prazerosos. Houve outras viagens a trabalho que igualmente uniam o dever ao prazer, como o Intercom 2009, em Curitiba-PR, e o Intercom 2018, em Joinville-SC. Esse Congresso Nacional da área de Comunicação ocorria sempre em setembro, na semana do meu aniversário. Nesses dois anos, eu me dei de presente passar uma semana em cada lugar. No de Curitiba, andei no bus sightseeing e vi todos os principais pontos turísticos. Em um dos dias, Virginia, do Decom-UFPB, me acompanhou. Foi um dia ótimo! Fui também a Morretes em uma deliciosa viagem de trem. No de Joinville, fui ao Beto Carrero World com Norma e Isis, sua linda filha, e também fizemos um passeio no Barco Príncipe, pela Baía Babitonga, parando na Ilha de São Francisco do Sul para um passeio pelo seu Centro Histórico, que possui o maior número de prédios tombados de Santa Catarina, pelo Patrimônio Cultural, quando a professora Eliane (a Nane), da UESC-BA, nos acompanhou.
CURITIBA INTERCOM 2018 - JOINVILLE
S. FRANCISCO DO SUL - SC
No Congresso de Semiótica (CISECO-2018), fui no carro de David, com Suelly e Dinarte para Japaratinga-AL. A ida já foi uma “viagem”, parando em lugares ótimos para comer. Na charmosa cidade, encontramos outros/as colegas da UFPB e almoçávamos e jantávamos juntos.
JAPARITINGA - AL
O lançamento do livro Mata Atlântica nas Escolas, organizado por Lígia Tavares, minha irmã, sob minha revisão e com alguns textos com alunas, no Rio de Janeiro, em 2015, também fez com que aproveitássemos a cidade. Hospedadas no Jardim Botânico, fazíamos caminhadas matinais ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas ou pelo Parque Lage, íamos a pé para a praia do Leblon e para o Jardim Botânico, e almoçávamos nos bistrôs criativos de Ipanema.
Ainda unindo o dever ao lazer, a ida a São Luis-MA, com os professores David e Pilar, para a banca de professor-titular do doutor Silvano Bezerra, a qual fui presidente, onde revi a família e a querida amiga Thais e sua filha Marina, foi muito prazerosa. Silvano e Martha, sua adorável esposa, nos levaram para um tour pela cidade e foi uma manhã maravilhosa juntos.
PORTUGAL PESQUISA PÓS-DOC: AVEIRO E VÁRIAS
CIDADES DE PORTUGAL, ESPANHA E FRANÇA "Onde meus talentos e minhas paixões encontram as necessidades do mundo, lá está o meu caminho, o meu lugar".
Aristóteles
Em 2010, tirei minha licença-capacitação para fazer pesquisas para o pós-doutorado na Faculdade de Comunicação da Universidade de Aveiro, em Portugal. Estava em um relacionamento sério, houve um certo stress de eu passar três meses fora, mas eu não podia perder mais essa experiência. Como viver uma temporada em Paris foi um sonho realizado, passar uns meses em Portugal seria outro sonho a realizar. Costumo dizer que os sonhos não precisam ser realizados, mas se podemos e temos como fazê-lo, por que não? Fiquei na Residência Dublin novamente, em Lisboa. O taxista que me levou do aeroporto era casado com uma moça de Ouricuri-PE e conhecia João Pessoa! Em Lisboa, passei uma semana andando pela cidade e reconhecendo seus pontos principais e suas mudanças pós-unificação europeia, com mais efervescência turística e cultural. Desta vez, como fazia em Paris, andei bastante de ônibus para ver melhor a cidade: 706 para Santa Apolônia; 794/759 para Praça do Comércio; 28E para o Parque da Estrela; 727 para Restelo e Belém. E visitei lugares que ainda não tinha ido, como Zoológico, Jardim Botânico d’Ajuda, Museu da Cidade – onde está a maquete do terremoto de 1755 -, shoppings Saldanha e Colombo. E conheci o excelente Jornal Público, mostrado pelo atencioso jornalista brasileiro que lá trabalhava, Ricardo Garcia. O debate nos jornais e nas TVs era a
alta taxa de desemprego e o empobrecimento do povo. Havia uma carga dramática muito grande naquele povo melancólico. Como um povo que descobriu novas terras, cruzou todos os mares, dominou povos pelo mundo, sendo pequeno e tendo como maior fronteira o mar, poderia estar subordinado a países como Alemanha e França? Iniciava-se o outono...
Em Aveiro – a “Veneza portuguesa”-, por indicação do amigo professor Severino Alves, procurei Uiara Martins – mais um anjinho da guarda no meu caminho-viajante, que estudava na Universidade de Aveiro, e ela me encaminhou à Casa 5 Bicas, que hospeda professores e convidados da UA, que foi onde fiquei por dois meses, a 30 euros/ dia, em uma suíte muito confortável, com café da manhã, TV fechada, internet e sala de estudo, a 15’ a pé da UA. Depois que fiz contato com os gentis professores Fernando Ramos e Pedro Almeida, da Faculdade de Comunicação, comecei a elaborar meu pré-projeto de pós-doc. Eles também me mostraram o CETAC-MEDIA, o excelente laboratório do curso, com atividades de investigação midiática em várias áreas. Aproveitava o tempo livre para desbravar a linda cidade, cuja Ria era um primor, cujas praias atlânticas eram enormes e de mar bravio – onde as mulheres faziam topless-, cujas ruas eram charmosas e muito bem-cuidadas (apesar das inúmeras guimbas de cigarros nas calçadas, -ainda?), com ciclovias e bugas (bikes) gratuitas para andar pela cidade toda, cujo shopping Forum era grande e agradável, com oito cinemas e uma Livraria Bertrand – a mais antiga do país (a 1ª. está em Lisboa). A cidade tinha poucos sinais de trânsito, mas todos/as paravam para a travessia de pedestres. E visitei o Museu de Aveiro – um antigo convento, com um órgão de 1784; o Museu Arte Nova; a Igreja da Misericórdia – onde assistia às missas das 11h aos domingos, onde os homens iam de blaser e o regente do coro, de terno; ao Mercado Manoel Firmino – grande, limpo e farto. As igrejas tocavam os sinos nas meia horas e nas cheias; as crianças conversavam com seus pais nos restaurantes, nos parques. Eu comia nos restaurantes universitários e pagava quatro euros por prato pronto,sempre muito gostosos, cada dia era um, e a sopa com pão custava um euro e 20 centavos. Eu assistia muito jogo de tênis na TV, quando ficava na Casa 5 Bicas. Nos fins de semana, viajava para as cidades vizinhas e/ou próximas, já que tudo ali era de pequenas distâncias.
CASA 5 BICAS - AVEIRO
A primeira viagem foi para Castelo Branco, para encontrar o amigo querido Sérgio Costa, que estava em Proença-a-Nova com seu pai. Fui de trem e de ônibus, passando por Entrocamento – onde desci para baldear e dei uma volta na cidade fechada para a sesta-, Abrantes, Vila Velha Rodão – cidadezinha bem graciosa, eucaliptos por toda a região-, Pompilhosa – com uma fábrica de cerâmica em ruínas ao lado da estação, Coimbra, Alfarelos, Pombal. O pai dele, seu Francisco, criador de pombos, me ofereceu um jantar com pombos ensopados e vinho da região – delicioso -, e convidou amigos e parentes. Foi muito cordial e acolhedor. Fiquei no Hotel do Francês, a 15 euros/dia, do solícito José, com uma paisagem deslumbrante de plantações e ovelhas, do meu quarto. A cidade tinha sete mil habitantes, mas era muito encantadora. A grande diferença de Portugal neste ano foi o incremento na infra-estrutura exigido pela CEI. As estradas foram alargadas, a maioria de mão única, com bons postos e restaurantes no percurso. Da mesma forma os trens, que ficaram mais modernos e mais rápidos; ia muito ao Porto e a Coimbra, pois ficava a uma hora de Aveiro e o ticket do trem custava quatro euros ida-volta, e pegava, às vezes,o bus sightseeing para não ter que subir e descer ladeiras, ou, em Coimbra, pegava o barco para navegar pelo Rio Mondego, com o espetáculo dos graciosos patos-reais nadando.
PATOS NO RIO MONDEGO
ALBUFEIRA
Conhecer a Sé da linda Braga foi emocionante porque é a mais antiga de PT e o metal do seu órgão é todo de ouro, e lá também encontrei a Sapataria Olguinha, na Rua São Marcos; várias ‘cidades-fantasma’ como Granja, Espinho, Estarreja, Ovar - mas cheias de carros nas ruas!, todas vizinhas de Aveiro; a beleza e nobreza de Guimarães – onde nasceu PT e é a capital religiosa do país – me emocionou bastante; em Viana do Castelo,parei na deliciosa Padaria Pérola, na rua da Igreja Santo Antonio, onde duas senhoras ficaram conversando comigo, falando mal do governo e da CEI; Albufeira é charmosa, de mar acanhado e manso, e tinha uma escada-rolante ligando a parte alta à praia; a emoção de conhecer o convento onde viveu Mariana Alcoforado, em Beja; Évora e sua história românica, com seus templos milenares, é Patrimônio da Humanidade pela UNESCO – chic, limpa e de povo afável, e ainda tem o queijo de ovelha, o Évora.
BEJA
Santarém é muito maltratada: o famoso Teatro Rosa Damasceno, em art déco, estava totalmente abandonado, mas havia seis cinemas na cidade de 40 mil habitantes; em Setúbal, busquei as histórias da cidade para meu ex-sogro, Raimundo Setúbal, que nunca estivera na cidade de seus ancestrais; fui visitar Águeda por causa da amiga de infância Cláudia Águeda – e faz parte da região de Aveiro (23km de distância).
Com o sonho de ir a Bilbao, na Espanha, só para ver o Museu Guggenheim, peguei um ônibus vazio para Salamanca. Atravessamos a Serra da Estrela, parada em Celorico para um lanche, depois em Guarda, que fica a 1056m de altitude, e na fronteira, região de La Mancha (E80). Fiquei no Hotel Conde David, Av. Halia, 67. Andei a esmo pela bela “cidade dourada”,que já conhecia e só passei uma noite. A Rodoviária ficava do lado contrário à Ferroviária. Fui de trem para Bilbao, passando pela famosa Valladolid, pela feia e árida região de Castilla, onde o trem fez parada na bonita Miranda de Ebro, na província de Burgos, por Izarra, e a vegetação começou a mudar para aparecerem morros cheios de árvores coloridas de outono, e por Ordunã, com montanhas de pedras, chapadões que me lembraram a Chapada Diamantina-BA. Bilbao se tornou uma cidade exuberante por conta do Museu, que tem similares em New York e Veneza. Fiquei na Pension Don Claudio, na Hermogenes Rojo,10. Foi a única cidade da Europa, até então, que não vi nenhum brasileiro! O Museu é uma obra-prima de elegância e beleza. Fiquei horas apreciando-o do lado de fora, ‘sacando’ fotos. O acervo não é tão interessante quanto sua arquitetura em si. Flanei pela cidade para ver como havia mudado a sua sociologia urbana cotidiana: ruas cheias de lojas de grifes, parques e praças, restaurantes refinados, prédios bonitos, gente bonita nas ruas.
GUGGENHEIM BILBAO
De lá, segui para Paris, passando por San Sebastian e Hundaye. Passei poucos dias em Paris porque fazia frio e chovia. Tudo estava sempre lotado e/ou com filas. A Paris que eu vivi há 13 anos e conheci há 26 anos não existia mais! A CEI unificou também a mobilidade, as facilidades urbanas, e a infra-estrutura do continente. Mas ainda visitei um dos maiores shoppings da Europa, o Les Quatre Temps , na Paris 2000, La Defense, que eu nunca havia entrado porque o achava horroroso! A cidade estava cheia demais, não dava para andar na Av. Champs Elysées, para se ter uma ideia...Fui até a casa onde viveu Al-
berto Santos Dumont, no número 114, e logo mudei de rumo. Então, fiz um tour a pé e de guarda-chuva pelos lugares da minha memória afetiva: Bastille; Rue Rosiers para ver perfumarias antigas; Hotel de Ville e passar pela Maison Victor Hugo, mais um darling; Notre Dame; Boulevard St. Michel com a Sorbonne; Jardim de Luxemburgo; Boulevard St. Germain, onde está a charmosa Librarie Polonaise, no número 123 – para lembrar o querido amigo Mamcazs-; Odeon; St. Germain de Près; Rue de Bac 140 (Medalha Milagrosa, assisti ao final de uma missa e lembrar de Marilia que me levou ali pela 1ª vez); Museus d’Orsay e Louvre (por fora); Chatelet e Beaubourg, onde tomei um metrô para a Place d’Italie, para recordar os dias que morei ali perto, na Rue Dr. Touffier. Dia seguinte ainda peguei o ônibus 63, na Gare de Lyon, para fazer um percurso semelhante do dia anterior. A beleza da cidade sempre me enternece: é realmente a “capital do mundo”, onde chegavam, só por avião, 48 milhões de turistas/ano.
Para mim, viajar só ficou difícil, agora, porque antes eu não fazia planos com antecedência: chegava e sempre tinha um lugar para ficar em qualquer país, o que ainda ocorreu nas passagens pelas cidades de Portugal e da Espanha. Contudo, em Paris já não havia vagas nos hotéis que sempre fiquei... Passei por Barcelona, Madri e Salamanca novamente, de trens confortáveis, cheios de pessoas insalubres (cheiravam mal, tossiam demais), a caminho de volta, vendo pelas janelas Limoges, Toulouse, Girona, Granolle, Zaragosa, Guadalajara, Navalperal, Ávila, Penaranda. Entrei em Aveiro, sentindo que a depressão tinha chegado nesse percurso e ela ainda ficou comigo uns dez dias. E voltei a fazer meus passeios pela encantadora cidade que já consi-
derava um lar, ia para a Praia da Costa Nova, em Ilhavo, a 12km de ônibus, passear pela orla e admirar a original e charmosa arquitetura dos palheiros de madeira de listras coloridas. Conta-se que, na cidade de pescadores, essas casas foram construídas, no início do século XIX, como armazéns de objetos de pescas. No ônibus a caminho de Viseu, defrontei-me com uma placa Chãs Tavares – que é uma antiga freguesia da cidade de Mangualde, mas que foi extinta e agregada à União de Freguesias de Tavares, em 2013 (Wikipedia).
ESPINHO
BARCELOS
E também minhas pequenas viagens ao redor, e ainda voltei a Proença-a-Nova para ficar os últimos quinze dias. Foi uma estada maravilhosa ali, onde fiz amizade com o senhor Virgilio, da Biblioteca, que me contava as histórias do lugar ou do país, falava muito em política e conhecia bem a do Brasil; almoçava com seu Francisco no TI-Zé; flanava pela pequena e pitoresca cidade: Igreja Matriz, onde ia à missa, a praia fluvial, os moinhos d’água. Ali havia muitos estabelecimentos com o nome TAVARES: drogaria, banca de jornais, cabelereiro, oficina de carro.
Em Lisboa, sem transportes, voltei a pé aos lugares turísticos nos dias que ali fiquei para pegar o voo para Natal. Em uma noite, com duas professoras da UFMA, Irlene e Glória, fui ao Fado da Esquina, na Alfama, para um ‘fado vadio’ excelente, onde vários cantores/as se apresentaram. Pegamos o bus sightseeing novamente para andar pela cidade em greve, no dia seguinte. E fui assistir Lago dos Cisnes no Gelo, no Coliseu dos Recreios. O voo foi cancelado e os/as passageiros/ as ficaram no Marriot Hotel (fiquei no quarto 927), onde Obama tinha se hospedado uma semana antes. Mais uma “Noite de barão, sem gastar nenhum tostão”. Entabulei conversa com uma simpática portuguesa, Vivi, que vinha ver o namorado em Natal-RN. Mas não consegui contatá-la depois...O jantar foi maravilhoso: um buffet sortido e saboroso. E o quarto era muito confortável. Excelente término de viagem!
Curiosidades: 1º. de outubro – Dia Europeu da Depressão. Em PT, 20% da população morria por ano desta doença; instituído o casamento gay em PT, em 2010; as conversas nos celulares incomodavam muito porque os portugueses falavam alto, discutiam, contavam histórias – não tinham limites e ninguém reclamava!; levei o telefone celular de Rosário, que foi uma mão na roda!; li o livro Viagem a Portugal, de Saramago, na Biblioteca Municipal de Aveiro; 5/10 foi o centenário da República e 80% do povo disseram que não tinham o que comemorar, pesquisa da RTP; Vargas Lllosa ganhou o Nobel de literatura; ler os jornais e ver TV era ter uma jornalismo isento, correto e pontual, nada de sensacionalismos, exageros, tendências políticas etc.; os coletores dos trens andavam todos de terno e gravata; muitas casas, como em várias regiões da Europa, tinham suas plantações atrás e ao lado das casas; o Banco do Brasil do Porto, em lugar nobre – Av. de França 256 – não tinha utilidade alguma,pois não sacava dinheiro, só para ver
saldo, ou seja, serviço zero!; a quantidade de enormes papéis gastos com senhas para comprar tickets, para ser atendido nos Correios, nas recepções, ou qualquer lugar, notas para tudo que se compra, que se consome etc., bom para o controle econômico, mas poderia reduzir o tamanho das notas; a maioria dos ônibus intercidades não tinha placa de destino; na maioria das cidades havia a hora da sesta, 12h30 às 14h ou 13h às 15h, inclusive as de souvenir para turistas!; o candidato à reeleição era Cavaco Silva, o mesmo que era primeiro-ministro quando ali estive em 1984! – temos a quem herdar!; havia piscinas públicas na maioria das cidades que passei – bonitas e em bons lugares; o salário-desemprego de 450 euros não tinha prazo como aqui (de três meses), então, os jovens se acomodavam e não procuravam emprego: isto era uma questão social muito discutida à época; grande quantidade de fábricas, armazéns e casas abandonadas em todas as cidades em que passei; 31/10 escrevi no meu diário: “RC governo PB; Dilma, Presidência. Extremamente feliz! Quem sabe, agora, viverei mais tranquila no Brasil?”; ônibus, rodoviárias, banheiros públicos – tudo muito limpo e organizado -, mas o povo era insalubre, a higiene pessoal continuava a ser um problema: tanto portugueses, como espanhóis e franceses fedem, têm os dentes podres ou não os têm em grande número, têm as mãos grossas e/ou gastas, e fumam muito; os/as leitores/as de livros nos trens acabaram, agora, somente leitores de celulares; não há gente gorda em Paris – homens e mulheres bem magros, inclusive os idosos, que fumam e tomam café demais; as gares de Paris, como em 1997, estavam todas com guardas bem jovens armados com metralhadoras, bem assustador; um espetáculo a negritude bonita na Tour Eiffel, vendendo souvenirs – mas todos tentando sobreviver no país que os escravizou, é revoltante!; Chico Buarque na capa do Publico – ganhou o prêmio Telecom Literatura, com “Leite Derramado”(10/11/2010); o país entrou em greve (10,9% desempregados/as e 20% da população empobrecida): o custo dela poderia ser de 400 milhões de euros; em alguns cinemas havia intervalo de 20’, também com cadeiras marcadas; algumas palavras que tive que aprender no dia-a-dia: palhinha =
canudo, estou nas tintas = não tô nem ai, sarilhos = problemas, cacifo = armário, cancro =câncer, tarte = torta, tretas = conversa fiada, boleia = carona, autocarro = ônibus, travões = freios, sandes = sanduíches, ficheiros = arquivos, ecrã = tela cine, grelhas de TV = grades da TV, invisuais = cegos, portagem = pedágio, propina = pagamento, retretes = sanitários, bicha = fila, sanita = vaso, guião = roteiro, coima = multa. Dos dezoito distritos administrativos, só não conheci Vila Real e Porta Alegre. Portanto, conheci bem Portugal de trem e de ônibus. Portugal é feito de ladeiras – não havia cidades onde não se tivesse que subir e/ou descer alguma, como Porto, Coimbra, Viseu, Guarda e Lisboa superando todas!; as rodoviárias nem sempre tinham estação própria, algumas ficavam em pontos das ruas, como em Mangualde (onde se entra para o Chãs Tavares).
EUROPA : PORTUGAL & ESPANHA
"Não me leve a mal, me leve a Portugal".
Anônimo
Milagrosamente viajando para Portugal em um avião vazio, no dia de Natal de 2015, onde fui dormindo esticada no banco do meio. Cheguei no Aeroporto da Portela, com Lisboa a oito graus, com um sol estupendo. Novamente no Residencial Dublin, na Rua de Santa Marta, 45, com seu Virgílio ainda na portaria. Fazia 18 anos que eu me hospedava ali. Encontrei a cidade lotada de gente nessa época natalina, pois Lisboa se tornou uma cidade segura em meio aos riscos terroristas de outras capitais mais atrativas turisticamente, como Londres e Paris. Mas tem um preço: vi pessoas pedindo dinheiro na rua... Voltei a percorrer os caminhos tão familiares e com os quais me identificava bastante.
Em um dia de semana, peguei um bus sightseeing por puro comodismo: descia onde queria, andava, almoçava e voltava ao percurso. Descobri novos lugares: Restaurante Ver Lisboa, em Belém, de comida muito boa; flanar pelo bem-cuidado Jardim Botânico; passar uma manhã no agradável Jardim da Estrela e ver a Estátua de Pedro Álvares Cabral – na rotatória antes do Jardim; conhecer a Casa de Fernando Pessoa – finalmente aberta -, onde me emocionei bastante; da mesma forma foi a emoção na Fundação José Saramago, na Casa dos Bicos, onde passei horas – ainda comprei o livro Viagem a Portugal, que só tinha em espanhol – e ainda fiquei vendo seu túmulo sob uma bela figueira em frente à FJS (como o de Karen Blixen, na Dinamarca); comemorar o niver da prima Gabriela com seus amigos em um bar irlandês que só vendia bebidas, nada para comer (como em Londres!); conhecer o bonito e charmoso Museu do Azulejo – onde vi os ladrilhos mais antigos de Portugal e, depois, tomei um café com bolo com profiteroles no belo jardim; almoçar no Mercado da Ribeira com a linda Gabriela;
ouvir um ‘fado vadio’ na Tasca do Chico, na Rua Diário de Notícias; ir na elegante Companhia Portugueza do Chá, na Rua Poço dos Negros, 123; ir ao Santuário de Fátima com Gabriela, em um dia de Reis chuvoso e frio, para ver a nova Basílica que tem um Cristo muito feio e uma Nossa Senhora de Fátima estilizada; ouvir música e beber um vinho com a determinada e inteligente ex-aluna-orientanda Fernanda Gurgel no bar “Primeiro Andar”, na Ladeira do Teatro Santo Antão; jantar na casa de Gabriela com seus simpáticos amigos. A elegante Rua Augusta estava com feiras de produtos artesanais, que se misturavam com os inúmeros restaurantes com suas mesas na calçada, tornando a tarde mais alegre e mais festiva.
No Reveillon, fui ver os fogos no Rio Tejo – outro sonho realizado. Coisa linda! A Praça do Comércio lotada, mas deu para ver e torcer para um novo ano mais feliz. Havia filas enormes em todos os pontos turísticos, e eu só pensava “ainda bem que já vi tudo isso quando não havia tanta gente no mundo!” O Presidente era o mesmo Cavaco Silva candidato a primeiro-ministro em 1984 (que foi de 1985-1995).
Viajei para as cidades do sul de Portugal, novamente, iniciando em Setúbal – que tem calçadas desenhadas com ondas, iguais às de Copacabana e tem “uma cultura do mar” -, ali passei dois dias, no Hotel Aranguês, onde conheci uma babá que me disse preferir ser babá na Europa do que qualquer outra coisa no Brasil,pois largou a faculdade porque não suportava mais viver em Sorocaba-SP, já violenta e perigosa; peguei um ônibus para Faro –capital do Algarve-, a cidade das belas calçadas de pedras portuguesas desenhadas, onde fiquei no Hotel Afonso III; fui a Albufeira, Vila Moura e Quarteira – a única diferença dos outros anos era a grande quantidade de pessoas. Dali, atravessei
a fronteira para voltar à bela Sevilha, passando por Huelva, Trigueros, Huévar, e revi as laranjeiras lotadas de frutas pelas ruas; fiz um bus sightseeing porque não queria mais ficar andando; segui para Málaga (autovia A-92), onde fazia dezesseis graus, e um cartaz anunciava na estrada: “Bienvenido a la mejor tierra del aceite puro extra-virgen”. O Rio Guadalmedina estava totalmente seco e era um rio enorme. As cidades eram todas pintadas de branco, muito graciosas, como Osuna, El Salcejo, Estepa, Antequera. E haja olival! Fiquei no Hotel La Hispanidad, em Málaga, indicado pelo taxista, e também peguei um bus sightseeing para conhecer a bela cidade mediterrânea, terra de Picasso. A Catedral de Nossa Senhora da Encarnação é estupenda, nunca vi nada igual, nem no Vaticano, pois o teto parecia uma renda bordada à mão, muito ouro (dos incas? dos maias?) e notáveis santos em madeira. Ainda andei na roda-gigante Princessa (meu brinquedo preferido em parques) com vistas para a cidade a 70m de altura. Os morros, ao contrário dos do Rio, eram ocupados por mansões e condomínios enormes. De lá, fui à majestosa Granada, o pequeno reino de Isabel e Fernando, os reis católicos, que a conquistaram dos mouros, expulsando-os do país. Peguei um taxi para visitar Alhambra – um exuberante complexo mourisco, depois o bairro Albaicín, cheio de quinquilharias, onde comprei os azulejos numerados para o meu sítio, depois a Catedral da Nossa Senhora da Encarnação, onde estão enterrados (em um cubículo!) os reis que se amavam de verdade, Isabel e Fernando, na Capela Real. Havia muitas motos em Granada.
Curiosidades: o assunto de maior espaço na programação e nos telejornais é o futebol; grande número de chineses nos restaurantes, lojas etc.; a maioria dos anúncios na TV espanhola era de remédios (povo doente?); na TV espanhola também tem vários canais só de Tarô; se gastava muita água para esquentar o chuveiro, pois ela caía, enquanto esquentava – tomei muito banho frio por conta dessa aberração!!; os ônibus interestaduais e entre países não têm banheiro, então, param de 4/4 horas; há uma “cultura do cuidado urbano”,pois não há lixo jogado nas ruas, nas estradas, é tudo muito limpo, bem-tratado (afora as guimbas de cigarros!; fuma-se demais na Europa toda! Dommage!).