74 minute read

NE: PB, RN, PE, PI (DELTA), CE, AL, SE (XINGÓ), BA (LENÇÓIS)/PB-RIO-SP/PB-BSB e GO/ PB-RIO-ITAJUBÁ-SP (80 ANOS PAI)/PB-SÃO LUIS (50 ANOS MÁRCIO)/RESORTS COM A FAMILIA: COM ROMILDO

NE: PB, RN, PE, PI (DELTA), CE, AL, SE (XINGÓ), BA (LENÇÓIS)/PB-RIO-SP/PB-BSB e GO/PB-RIOITAJUBÁ-SP (80 ANOS PAI)/PB-SÃO LUIS (50 ANOS MÁRCIO)/RESORTS COM A FAMILIA: COM ROMILDO

"A jornada muda você. Ela deixa marcas na sua memória, na sua consciência, no seu coração e no seu corpo. Você leva alguma coisa com você. Com sorte, você deixa algo bom para trás".

Advertisement

Anthony Bourdain

Todos os companheiros gostavam de viajar. Não foi diferente com Romildo. O que fez a diferença foram as viagens pelo amado NE, na redescoberta da minha terra, que me aproximaram definitivamente das minhas raízes. Tem sido o lugar onde passei o maior tempo da minha vida até agora. E eu não paro de me deslumbrar com a região cheia de contrastes, de diversidades e de belezas cruas, belezas criadas e belezas esculpidas. Desde o início do namoro que saíamos pelas cidades circunvizinhas de Natal e João Pessoa e expandimos os roteiros para um amplo número de cidades brasileiras. Às praias circunvizinhas de Natal, como Cotovelo,Tabatinga, Pirangi, Búzios e Barreta, íamos de moto. A maioria das viagens era de carro, o Curuca (Corsa Classic Chevrolet). As primeiras foram para São Miguel do Gostoso/ RN, onde o restaurante A Urca do Tubarão, do gentil Edson – amante de Augusto dos Anjos – e sua linda família, passou a ser parada obrigatória das idas àquela charmosa cidade. E íamos pelas cercanias aos fins de semana, como Pirangi, Baía Formosa, Sagi, Nizia Floresta, Senador Georgino Avelino, Tibau do Sul – para comer ostras no ‘Bar da

Ostra’, com a Lagoa de Guaraíras à frente-, e Pipa (perdemos o número de vezes que ali fomos!). Nessas primeiras viagens, Romildo iniciou o hábito de colher pequenos ramos das flores selvagens que encontrava pelo caminho. Chegava a parar o carro dezenas de vezes quando via cachos coloridos pelas estradas. Guardei todos esses “buquets” nos meus diários de viagem.

A primeira viagem mais distante foi para Caicó/RN, passando por várias cidades, onde parávamos. A viagem levou nove horas, quando seria de quatro horas e meia. Foi naquele caminho que subimos na Torre da TV Cabugi e passamos alguns momentos interessantes com os colegas da comunicação. Em Caicó, fomos ver a peça ‘Muito barulho por nada”, com o grupo Clowns de Shakespeare, no bonito Teatro Municipal, e fomos na Boate Beer House. Almoçávamos no ‘Comilão’ , que tinha “o melhor parmegiana do Seridó”, repetia Romildo. Tomamos uma das cervejas mais geladas da vida (“cremosa”) no ‘Bar do Bistrô’, com vista para o Açude de Gargalheiras, em Acari. Comemos pastel de Tangará na ida e na volta. Havia propagandas apontando que Santana do Seridó era 100% saneada. Vimos ainda o famoso Castelo de Bivar, construído por Ronilson Dantas, em Carnaúba dos Dantas. Ali também subimos no Monte do Galo para acender velas para toda a família. Conheci a algaroba, que alimenta o gado na seca, é a “planta mágica do NE”. Ainda visitamos Santo Antonio e Nova Cruz, fronteiras com a PB. Em volta de Natal, fazíamos muitos passeios de moto: Cotovelo – onde havia todo mês o luau de Pium-, Barreta, Tabatinga, Búzios, Redinha – para comer a deliciosa ginga com tapioca-, e Pitangui. Com o amigo Ricardo fizemos uma das viagens mais gostosas da minha vida: percorremos o litoral potiguar e cearense na sua Hilux Toyota cabine dupla que atravessou os dois estados pelas areias das praias em maré baixa. Saimos de Natal, passando e parando em Rio do Fogo, Peroba,Carnaubinha, São Miguel do Gostoso, Touros, Galinhos, Macau, Porto do Mangue – onde pernoitamos-, Pedra Grande – espetacular!- , Ponta do Mel, Cristovão, Morro Pintado, Upanema, Areia Branca – onde atravessamos em uma balsa para a cidade de Grossos, quando fomos margeando o litoral e as salinas, passando por Tibau, Icapuí, Canoa Quebrada - onde ficamos na Pousada Logus e jantamos no ‘Dali’ -, Praia das Fontes – maravilhosa! - e Morro Branco – a linda Rota das Falésias. Voltamos pela estrada CE-040 para conhecer Aracati e seu elegante casario colonial. De lá, seguimos para Mossoró, pela BR-304. Ali vi o assentamento Olga Benário e os três bonitos teatros da

cidade que enfrentou Lampião. Seguimos e almoçamos um tucunaré em Assu, indo visitar, em seguida, a Barragem Armando R. Gonçalves, em Itajá – uma maravilha! Enorme! É o maior reservatório do RN. Em 2020, a primeira hidrelétrica potiguar foi ativada nesta grande Barragem e já começou a enviar energia para o sistema elétrico nacional.

Um mês depois, fomos, em um final de semana, só os dois, revisitar Macau, onde ficamos na Pousada ‘Pontal dos Anjos’, na tranquila praia de Camapum. O conjunto arquitetônico art déco na Rua da Matriz é muito bonito. Atravessamos de barco para a abandonada Galinhos, onde andamos de charrete com o guia Anderson. Almoçamos uma carne de sol no ‘Farol Bar’, na praia do Meio. Nas férias de final de ano, depois do Natal, fizemos o roteiro RN-CE-PI, indo primeiro para Fortaleza, passando novamente pela BR-304 e pela CE-040 para comer a famosa lagosta da Barraca do Carlinhos, na praia de Redonda, cheia de barquinhos de pescadores, e passando também na modesta Majorlândia –com suas esculturas nas falésias -, onde seus pais desfrutaram a lua-de-mel. Em Fortaleza, nos hospedamos com a adorável tia Salete e família. Retornamos para a BR-304, para visitar Sobral, terra dos parentes maternos. Bela e grande cidade, com uma nobreza realçada na sua colonial arquitetura. Almoçamos no ‘Alfonso Grill’. Experimentei pela primeira vez o famoso baião de dois, que não gostei. De lá, pegamos a horrorosa BR222, cheia de buracos, sem sinalização! Porém, a paisagem era bela, apesar da seca. Muitos morros de pedra. Vimos uma pedra em forma de santa e outra que parecia com o Pão de Açúcar carioca. Sorte que tinha pouco trânsito na estrada. Ali comecei a tirar fotos dos mortinhos nas estradas: um ritual bem interessante, tipicamente nordestino, de homenagear o morto no local em que ele faleceu. Subimos a bela Serra de Ibiapaba até Tinguá, onde fazia um frio bem agradável para dezembro! Seguimos para Ubajara, onde está o menor Parque Nacional do país. Deslumbrante! Ficamos hospedados no Marina Camping. O teleférico estava fora de serviço, pois caira uma palmeira em cima da fiação. Andamos até o mirante por uma trilha de 3km ida-volta. O lugar é bastante mágico, fiquei encantada com a beleza, a limpeza, a natureza plena e conservada da majestosa Serra de Ibiapaba.

Fomos para Sete Cidades-PI, onde nos hospedamos no Hotel Fazenda Sete Cidades – dentro da mata, excelente! Ali também almoçamos um capote, o primeiro que comi na vida!, e gostei demais. A farofa que o acompanhava se chamava Lima Duarte. O guia Islando nos mostrou os dezenove principais pontos das Sete Cidades, como a Pedra da Tartaruga (6ª. cidade), o Arco do Triunfo (ou de desejo, tem que fazer um pedido sob ele, na 2ª cidade), a Pedra do Americano (a maior delas, com mais de 500 pinturas, mas o gringo arrancou metade da pedra!, na 2ª. cidade), o Furo Solsticial (ou Janela do Rei: em 22/6, niver de Romildo, há a passagem inverno-verão, na 3ª cidade), o Mapa do Brasil (3ª. cidade) etc.. Os índios Tabajaras habitaram as Sete Cidades. De lá, partimos para Piripiri-PI, uma cidade das minhas recordações afetivas de infância, pois ali passamos por uma situação bizarra em um pobre restaurante, quando nos serviram como galetos uns pobres ‘pintos’ que não saciaram a fome de quatro crianças. A cidade era toda em ruas de terra, sem nenhum restaurante bom, tivemos que usar o banheiro de uma mora-

dora, um sufoco! Ela está sempre nas memórias das conversas sobre as viagens Indiana Jones Tupiniquim do meu pai. A surpresa foi por conta de encontrar uma outra cidade, toda asfaltada e bem cuidada. Inclusive a estrada para Parnaíba era ótima. Coisa que não existia há 40 anos! Somente a natureza era inóspita, muito seca. Um contraste enorme com Sete Cidades, onde tudo estava bem verde, bem exuberante. Em Parnaíba, o foco era conhecer o Delta do Parnaíba; contudo, a graciosa cidade colonial e art déco me impressionou bastante, bem como o bonito art déco Cine Delta e a barroca e neo-clássica Catedral de Nossa Senhora da Graça, construída entre 1770 e 1795, em formato de cruz, com altar-mor trabalhado em madeira e ouro. Como nas igrejas mais antigas de todo o país, em seu interior ainda se encontram campas mortuárias de pessoas de importância histórica para a cidade. Fizemos o passeio de barco pelo Rio Parnaíba até o Delta, das 8h até às 17h30 ida-volta, com bandejas de frutas e caranguejada nas refeições a bordo. O barco atracou do lado do delta maranhense, na Ilha dos Poldros, e os turistas desceram para tomar banho. Nós só caminhamos pelas dunas. Do lado do PI, há os enormes manguezais, de onde saem os famosos caranguejos piauienses. Em Parnaíba, hospedados no Hotel Toca do Coelho, lanchamos um dos melhores sanduíches da vida no ‘Dogão’, na Av. S. Sebastião. Em Luis Correia, fomos à feia praia de Atalaia. Com muita areia das dunas pela estrada BR-402, entramos no Ceará numa sequência de pedras e mais pedras. A cidade de Chaval, fronteira PI-CE, fica no meio de pedras, com algumas casas construídas sobre elas. Fomos para Camocin-CE, com suas deliciosas lagoas, onde tomamos banho o dia todo. O Mercado Público Municipal era bem arrumado. Ficamos no Hotel Ilha do Amor, à beira-mar, em frente à ‘Ilha do Amor’, um parque de dunas belíssimo. Passamos o réveillon 2004 no Hotel Camocin Park, onde só havia uma grande família em algumas mesas, e outras duas mesas com quatro pessoas, além de nós dois! Um total de 20 pessoas!!! Contudo, a ceia foi farta, a banda era muito boa e os fogos foram generosos. E entramos o novo ano às risadas por tamanho ‘mico’, haja vista termos sido enganados pelo recepcionista que nos garantiu que os ingressos já estavam ‘quase’ todos

vendidos!!!! Dia seguinte, rumo a Granja-CE, terra da família paterna de Romildo. Tomamos uma inesquecível cerveja supergelada em um bar à beira do Açude Gangorra. A cidade era muito simples, quase toda na terra, sem nenhum atrativo afora o citado Açude. De Granja a Jijoca, a estrada era de terra. Ficamos hospedados em Jijoca-CE, no simples Hotel Tales, recém-inaugurado, para podermos ir a Jericoacoara, de ‘jardineira’ pelas dunas, para tomar banho nas lagoinhas das praias e esperar o pôr-do-sol nas dunas, coisa que não ocorreu por falta de sol forte. Não gostei da cidade pela falta de saneamento básico em metade da cidade e por estar toda na areia. É muito charmosa, tem restaurantes incríveis, lojas muito boas, mas não tem o conforto que eu gosto, como só ter o acesso pela ‘jardineira’ (ou carro 4x4), ser cheia de fossas e não ter, pelo menos, bloquetes ou paralelepípedos. É uma hippie-chic sem padrões de higiene coletivos razoáveis. No entanto, ali tomei o segundo melhor sorvete de pistache da vida! (o primeiro foi na sorveteria Berthillon, em Paris).

Quando me mudei para João Pessoa (ele continuou em Natal), começamos a fazer viagens na Paraíba: Araruna para ver a linda formação rochosa Pedra da Boca, que nos envia um beijo do alto da sua magnitude ancestral; as vizinhas D. Inês, Bananeiras, Solânea, Serraria, Arara, Alagoa Nova, Alagoa Grande, Areia, Pilões - que passaram a fazer parte da Rota Cultural Caminhos do Frio no Brejo Paraibano. Todas muito charmosas, limpas e com alguns bons restaurantes. Em Areia, conseguimos desfrutar da hospedagem do bonito Hotel Bruxaxá, com uma vista

fantástica, administrado pela PBTur Hotéis e que, hoje, está fechado. As estradas não eram boas e algumas se atravessava na terra (como entre Araruna e Bananeiras). Em Alagoa Grande havia tido o recente rompimento da barragem de Camará, em 2004, que provocou morte e destruição. Entramos em algumas casas locais para ver o nível de alcance das águas ferozes de quase dois metros de altura. Era como se “o mundo estivesse acabando”, disseram alguns moradores que perderam móveis, eletrodomésticos, carros etc.. E a cidade ainda mostrava situação calamitosa, muito suja e com pessoas assustadas e temerosas.

ALAGOA GRANDE

E os fins de semana, íamos em viagens bate-volta para Pilar – onde está o Engenho de José Lins do Rego, infelizmente todo abandonado! A cidade muito pobre não valorizou o tesouro literário que tem nas suas terras. Conhecemos a simplória Itabaiana também, no agreste paraibano, pela BR-408, caminho para irmos a Ingá ver a famosa Pedra do Ingá, a ‘pedra molhada’ – um dos cinco maiores sítios arqueológicos do país, um conjunto de pedras vulcânicas com

pequenas quedas d’água de água morna, infelizmente abandonado e sem cuidado, com lixo nas pedras, apesar da beleza indescritível da arte rupestre. Também íamos para Baia da Traição – lugar lindo, mas feio ao mesmo tempo pelo descuido, pela sujeira, pela falta de estrutura. Uma pena! Enquanto Rio Tinto, ali bem perto, é uma graciosa cidade, fundada pelo dono das Casas Pernambucanas, Sr. Lundgren. Igual decepção foi ir a Sapé, com Carlos, Sandra e Icaro, para conhecer a cidade onde viveu meu darling Augusto dos Anjos, ver o Tamarindo ao qual ele dedicou uma linda poesia, mas o lugar é horrível, cheio de casebres, rio imundo, insalubre: tudo que AA odiaria ver se vivo fosse...

Tamarindo de Augusto dos Anjos - Sapé Jacaré - Cabedelo

Também passávamos fins de semana visitando cidades de PE, como Recife – para a V Feira Internacional do Livro, para visitar a Oficina Francisco Brennand e o Instituto Ricardo Brennand – dois lindos e mágicos lugares. Francisco Brennand morava e trabalhava naquele lugar especial, onde há sonho, fantasia, história, mitologia, sexo. O jardim projetado por Burle Marx é paradisíaco, com seus cisnes selvagens bem negros. Achei-o mais belo que o jardim de Rodin, em Paris. E o prédio da Academia, para lembrar Platão? E o Templo dos Sacrifícios, com os poetas trágicos a lembrar da dor do processo criativo? E ainda Bonito, Olinda, Maria Farinha e Trucunhaém – a cidade dos ateliers de artesanato de barro-, que eu queria muito conhecer e detestei, achei-a horrorosa, os ateliês famosos são feios e desarrumados. Só a entrada da cidade é bonita. No caminho para Bonito, passamos por Goiana – uma bela pequena cidade colonial, com igrejas belíssimas, como a das Carmelitas, que tem um Cruzeiro majestoso na frente. A 10km dali, paramos no bem-conservado Engenho Uruaé, uma antiga belíssima fazenda, fundada em 1736, que preserva o “quadrilátero do açúcar”: casa grande, senzala, capela e a ‘moita’, onde se produzia o açúcar. Na BR-232, almoçamos no ‘Delícias da Serra’, em Gravatá. Comemos um delicioso pernil de bode. Entramos na horrorosa Bezerros para ir ao Banco do Brasil. Em Bonito, ficamos no ‘Eco Park Hotel’. Lígia e Pablo nos acompanharam e fomos logo para a cachoeira Véu de Noiva, cheia de muriçocas. Mas era dia de lua cheia e a noite foi muito prazerosa e lanchamos ali mesmo um lanche muito saboroso. Minha resistência às dificuldades que podemos prescindir foi às alturas com os maruins pela manhã. Mas o café da manhã maravilhoso me fez esquecer os infernais bichinhos! E passamos o restante do dia nas cachoeiras de Bonito, que é tudo que existe ali. Em Igarassu só tem para ver a 1ª. igreja do Brasil, a de São Cosme e Damião, e o Convento e Igreja de Sto. Antonio. O acervo arquitetônico é bem bonito com casario colonial. A Ilha de Itamaracá foi uma decepção novamente neste retorno turístico – suja e maltratada. Fomos ainda à medonha Praia de Carne de Vaca – litoral norte de PE, divisa com PB -, cuja bela paisagem foi to-

talmente obliterada pelo abandono do lugar, pelos sujos e barulhentos bares e pelas pessoas mal-educadas. Infelizmente, esses patrimônios naturais não têm a atenção do Estado e o povo tampouco os respeita e preserva. Praias belas, cujo turismo poderia ser efervescente, mas de frequência baixa e desprovida de cuidados e apreciação pelos lugares. Ainda fomos a um Recifolia com Lígia em um domingo de carnaval.

FRANCISCO BRENNAND

Recifolia

Nas imediações de João Pessoa, íamos para o litoral Sul, pela PB-08, em direção à Ponta Seixas, Gramame, Carapibus, Coqueirinho – para almoçar no restaurante Canyon e degustar o pastelzinho de entrada à beira-mar -, Tabatinga, Barra do Graú, Tambaba – parte de não-nudistas-, Praia Bela, Barra do Abiaí. Não havia praia que a gente não conhecesse. Em algumas, a gente fazia pic-nic com o kit que estava sempre na mala do carro: cooler, mesa dobrável com bancos e guarda-sol, churrasqueira portátil.

A viagem ao Sertão da PB-PE-CE foi uma das mais incríveis que fiz de carro, depois daquelas do meu pai desbravador dos cantões nordestinos. Em Campina Grande-PB, almoçamos com Carlos e Sandra, e Icaro bem pequenino. No Lajedo de Pai Mateus, só tiramos fotos e apreciamos aquelas belas pedras esculpidas por Deus, e ouvimos, do guia Paulo, a mesma história que ouvimos em Sete Cidades, do ermi-

PEDRA DA BOCA - PB

tão que viveu ali e tomou conta do lugar. Em Cabaceiras, a cidade do Bode Rei, não tinha hotel; então, voltamos para Boqueirão, e ficamos no Natureza Park, em cima de um morro, com uma vista espetacular para o Açude; contudo, as muriçocas tiraram o encanto do lugar, bem como as pererecas que pulavam no banheiro. A BR-230 – a Transamazônica, que tem início em Cabedelo - nos levou a Patos – a capital do Sertão-, passando pela Praça do Fim do Mundo, Boa Vista, Juazeirinho e Sta. Luzia - a gente entrava nessas cidades apenas, dando uma volta geral. Em Patos, ficamos no Hotel JK, depois de almoçar um self service no restaurante ‘Sabor do Sertão’. A cidade não tem atrativos. Fomos ao modesto shopping, ao Supermercado Guedes, à Catedral de Nossa Senhora da Guia. O calor do dia dava lugar a uma noite bem agradável. Na vizinha Teixeira, fomos conhecer a Pedra do Tendó – que tem a prática do rapel-, onde havia um bar-restaurante do mesmo nome. Em Teixeira, encontramos o jovem Piauí, que trabalhava no ‘Casarão do Jabre’ e que foi nosso guia. Subimos o Pico do Jabre na Parati Crossover 2.0, a Catita. Do ponto mais alto da PB, que fica mais precisamente em Matureia, se avistavam cidades da PB e de PE. Paisagem linda, cheia de colinas de pedras e vegetação, com muitos pequenos açudes. Voltamos para almoçar na Pedra do Tendó uma deliciosa carne de sol na brasa que levou 20’. Piauí nos deu uma muda de ipê roxo na despedida.

PICO DO JABRE - PB

No caminho para Souza, entramos em Coremas para conhecer o grande açude, o maior da PB. Só ele, nada por perto, nem um bar e afins. Em Souza, ficamos na Pousada Vila Real, bem modesta, mas bem limpa. A cidade era horrorosa, caótica, com muitas motos e bikes, cheia de lixo a céu aberto. A intenção de estar ali era só para conhecer o Vale dos Dinossauros. O guia Jean nos mostrou dois sítios de pegadas bem chinfrim. Não havia ninguém e o lugar era malcuidado. Algo recorrente nos acervos turísticos da região. Seguindo viagem, paramos em Milagres-CE para almoçar e entramos em Juazeiro do Norte para ver o Horto do Padre Cícero, que achei deplorável: muita sujeira e miséria em volta. Um lugar de peregrinação sem higiene, onde as escadas mantinham o sangue dos peregrinos-descalços. Fiquei perplexa com tamanho descaso local. Na elegante cidade do Crato, ao pé da Chapada do Araripe, ficamos no Hotel Encosta da Serra, e passamos uma noite friazinha e silenciosa. Passando dentro do lindo Parque Nacional do Araripe, chegamos a

Santana do Cariri, com clima de serra. Fomos a Nova Olinda, para conhecer o Projeto Casa Grande – uma ONG que ensina crianças e jovens a trabalharem com várias coisas, inclusive eles tinham uma rádio FM 104,9 e uma TV experimental. Ali havia uma biblioteca, um teatro e uma escola, que foi construída por um senhor para sua esposa Zefinha, a 1ª a se formar na cidade e a 1ª educadora da cidade. Cada sala é nomeada em homenagem a cada filho/a do casal. Dali fomos ver o Sr. Expedito, na sua oficina de sapatos, sandálias e bolsas de couro. É a grife do couro! Um espetáculo de confecção. Fotos nas paredes com alguns globais, que lhe encomendavam os produtos que ele enviava pelos Correios. E é o Sr. Expedito que atende, conversa, recebe o pagamento...Simples, educado e gentil. Em Santana do Cariri, visitamos o Museu de Paleontologia da URCA (Universidade Regional do Cariri). Eu não gosto de fósseis, mas havia uma grande variedade deles, que o guia Danilo, de não mais que 12 anos, mostrava e explicava a origem etc.. Voltamos pela mesma estrada do Ceará para Pernambuco. Em Exu, terra do “Rei do Baião”, fomos ali só para conhecer o Museu Luiz Gonzaga, onde andamos com o guia que contou a história toda do famoso sanfoneiro. Dali fomos ver a casa onde Gonzagão morou, ao lado, mostrada por D. Raimunda, que foi cozinheira da família quando o artista morou em Exu, depois de ter alcançado a fama. Almoçamos no ‘Bode do seu Bené’, na rodovia Asa Branca. Tudo na cidade gira em torno do cantor e compositor. O guia contou que aquela estrada foi conseguida por Luiz Gonzaga para que passasse ali e fosse pavimentada.

TAVARES - PB

Pegamos a ótima PE-507 com muitos trechos recém-feitos, atravessando o ‘Polígono da Maconha’. Em Salgueiro, pegamos a BR-232 para irmos a Serra Talhada e Triunfo, onde ficamos na pousada ‘Alpes de Triunfo’. Aquela foi uma das cidades mais aprazíveis que conheci, entre as centenas de cidades que já conhecia no país e no mundo. Fiquei encantada com a cidade: pequena, mas linda, limpa, bem cuidada, chic, com um açude bem no meio das lindas construções. Conhecemos seus principais pontos turísticos a pé: Igreja Matriz, Igreja N. Sra. Das Dores, cadeia pública, parque de diversões - onde andamos de roda gigante -, Museu do Cangaço, Teatro Guarany. À noite, era fartamente iluminada, com várias casas cheias de lâmpadas coloridas, pois era final de ano. Visitamos o Engenho S.Pedro, onde vimos a rapadura sendo feita; e os processos da famosa cachaça Triumpho, a 1ª a conseguir o selo do Inmetro no Brasil. Tudo muito limpo e bem decorado, além de orgânicos a cana da rapadura e da cachaça. A noite de réveillon passamos na rua, vendo os preparativos da cidade para a passagem de ano. O coral de crianças nas janelas do Teatro Guarany foi bem emocionante. Foi a queima de fogos mais bonita e mais longa (42’) que já vi! O pescoço doía!

Pela BR-426, levamos 45’ para chegar em Princesa, onde achei Justina, a gentil professora de yoga, perguntando por ela nas ruas. Tomamos um suco de acerola e nos despedimos depois de uma hora de conversa. Chegamos em Tavares em 20’. Pensei em colocar a placa do

carro lá; contudo, a cidade é muito longe de João Pessoa e não tem estrutura nenhuma: acanhada, poucos habitantes (14 mil). Novamente encontrei minha aluna de Radialismo da UFPB, Yaponira, perguntando pelas ruas. Fomos recebidos pela sua adorável família, que nos ofereceu uma mesa de doces e eu comi musse de maracujá pela 1ª. vez! De lá, voltamos para a PE-270 e almoçamos na churrascaria ‘Carro de Boi’, entre Arcoverde e Buíque. A BR-424 passou por Pedra, que tem uma linda pedra ao fundo como moldura da cidade, que parece ser construída em cima de uma grande pedra; e por Caetés, a terra do presidente Lula – uma ‘vila’ bem maltratada e feinha; para finalmente chegar na bela Garanhuns, onde ficamos no hotel Village. A região é muito bonita, cheia de montanhas. Garanhuns estava toda enfeitada para as festas natalinas, com charme e elegância nas casas de ruas largas e limpas. Fomos tomar um caldo verde em Heliópolis, o bairro do movimento local, onde tem cinemas, bons restaurantes e o belo hotel Tavares Correia, que já foi uma casa de repouso psiquiátrico (ou seja, um sanatório). Ainda conhecemos o Santuário Mãe Rainha, o Centro Cultural na antiga estação de trem, e ao Parque do Pau Pombo. Manhã seguinte fomos para o Vale do Catimbau, passando por Vila Carneiro, Buíque e Catimbau – só miséria e sujeira. Um horror a indiferença pública com um patrimônio natural daquela grandeza. O parque fica no final dessa pocilga toda, lixo por todo lado, queimadas. No caminho, nos deparamos com o Projeto ‘Amigos do Bem’ , pareceu ser uma comunidade agrícola. Paramos em Arcoverde para tirar fotos do cine Rio Branco – o mais antigo do pais ainda em funcionamento -, e almoçar no ‘Vila Romana’, um self service honesto. Dali voltamos à Paraíba para visitar Monteiro e suas rendeiras famosas. A Associação era bem pobrezinha, mas a cidade era limpa, com largas avenidas. E passamos por Coxixola – que era a menor cidade da PB à época -, Serra Branca – onde tomamos sorvete na Panificadora Wilma-,e a simpática Sumé e suas casas art déco.

Em outra viagem pelo litoral norte do RN e pelo CE, paramos em Mossoró, para ver a empresa exportadora de mel que nosso amigo Wagner trabalhava. Partimos passeando pela CE-040 para almoçar em Redonda, para comer a famosa lagosta gratinada do Bar do Carlinhos, que era escolhida no tanque cheio delas. Em Canoa Quebrada, ficamos novamente na Pousada Missare, cujos donos eram um casal bem simpático. Íamos à praia para caminhar, cair no mar e comer pastel de arraia com cerveja “noiva”; à noite, andávamos pela Broadway que fervia a partir das 5as feiras. Dali seguimos para Guaramiranga, na espetacular serra cearense, a 900m de altura, por estradas ótimas (BR-304, BR-116 e CE-060). Almoçamos em Baturité, na Churrascaria Feijão Verde, na CE-060, mas a chegada em Guaramiranga foi decepcionante porque não tinha hotel disponível. A 13km de lá, ficamos no ótimo Hotel do Alemão (Hofbrauhass), em Mulungu, em cima das montanhas, com um visual divino, no quarto 109, chamado ‘Barroco Colonial’ – meu estilo preferido, além do art déco! Um frio bem gos-

toso, incluso, que possibilitou um saboroso fondue à noite no restaurante do hotel, onde deixamos nossos nomes inscritos no mural dos casais. Foi o 1º. Hotel que vi com porta-roupa no banheiro, porta-saboneteira no chuveiro, tapetes dentro e fora do box. Muito limpo, bem cuidado, melhor que muitos 4/5 estrelas que eu já tinha ido! Visitamos ainda a graciosa Pacoti – a “cidade feliz”, 19,5km de Mulungu, bem limpa e bem cuidada, achei-a melhor que Guaramiranga. Rumamos para Quixadá, berço de Romildo, e maior cidade e melhor IDH do Sertão Central. Conhecida como a “Terra da Galinha Choca”, por conta da formação rochosa em forma de galinha que é a moldura natural da cidade. Também é a terra de coração da amada Rachel de Queiroz, que ali tinha uma fazenda que visitava sempre. O Açude do Cedro é um dos pontos turísticos mais importantes por ser o primeiro do país, pois sua obra foi iniciativa de D.Pedro II. Tentamos almoçar na “Peixada Imperial”, que fica em um castelo construído em 1888. Só que, hoje, está maltratado demais pelo atual arrendatário, um sujeito irascível e mal-educado. A música era altíssima e horrível e a alternativa que ele nos deu foi apenas escolher a música e sobrou de melhor dos piores Leonardo! Nos restou desistir de ficar ali...Na saída da cidade, depois de passar pelo posto de gasolina chamado Itajubá, comemos no agradável “Polo Gril”, do simpático proprietário Moésio, que se sentou conosco e com quem tivemos agradável conversa. Dormimos naquela noite no novo Hotel São Luis, em Limoeiro. Era época de São João e saíamos atrás de festas juninas, fogueiras pelas ruas, mas não encontramos quase nada disso no CE...Voltando ao RN em estrada de terra até Soledade. O Lajedo de Soledade é igual aos outros que vimos no NE: bonito, pobre e abandonado. De Apodi a Brejo a estrada era na terra também. Almoçamos no Clube do Itans, em Caicó. Pegamos engarrafamentos na BR-230 em Galante-PB e Cajá-PB, por conta das festas de S. João.

QUIXADÁ - CE

Outra maravilhosa viagem foi aos Canions do Rio S. Francisco, um dos lugares mais lindos que já vi na vida! Pegamos uma excursão, pela 1ª. vez. Seguimos para Recife, para pegar a BR-232, passando por Gravatá (um lanche n’O Rei da Coxinha), Garanhuns, Delmiro Gouveia (AL) , onde pegamos a Rodovia Altemar Dutra (AL-145) para Xingó. Ali ficamos, na bela e elegante cidade tombada de Piranhas, toda em arquitetura art déco, no Hotel Nosso Lar. Andamos a pé pela cidade, fomos ao Mirante Flor de Cactus para apreciar a cidade do alto e ver o majestoso Rio São Francisco às suas margens. No dia seguinte, atravessamos os cânions em um excelente catamarã, com uma professora da UNICAMP mostrando sua superioridade paulista, mas não fiquei atrás quando exibi meu currículo, minhas viagens e meu modo de vida!! E com ela tomei um barquinho tosco para ver a Gruta do Rio, quando ela a comparou à Gruta Azul de Capri, que eu também conhecia, comentei que Tibério tomava banho na Gruta Azul e Romildo completou que Lampião tomava banho ali, na Gruta do Rio!

Depois do almoço em grupo, fomos visitar a Hidrelétrica de Xingó. Fiquei do lado de fora, vendo a grandiosidade da obra. Em seguida, fomos para o Museu Arqueológico do Xingó – espaço climatizado, bem organizado, bonito, mas com pouca coisa para ver. No dia seguinte, o grupo foi fazer caminhada, mas preferimos ir para Xingó, conhecer a cidade construída pela CHESF – sem graça, sem gente, 100 mil pessoas migraram com o fim das obras. Em Piranhas, ainda tomamos banho de rio e fiquei bastante emocionada em estar nos braços do Velho Chico, que percorre os estados de MG, GO, BA, PE, SE e AL e é considerado o rio da integração nacional. Fomos também a Angico, na Grota onde Lampião e seu bando foram tocaiados e mortos. A guia sabia tudo sobre a história do lendário cangaceiro, pena que falava errado demais e truncou a narrativa...Havia disputa de lugares na van e isso foi bem desagradável, pois quando houve parada, as pessoas pegaram nossos lugares. Mas eu pedi para sairem, pois eu estava ali desde a partida do hotel, e sairam. Detalhe: os lugares sobraram; as pessoas entraram e os deixaram livres e nós sentamos por último! Foi o único ponto negativo do passeio: um grupo mal-educado e um guia despreparado que não sabia conduzir as relações coletivas. Além do que a maioria deles já se conhecia e costumava viajar juntos; então, ficamos de ‘peixes fora d’água’...

Saimos de Natal para conhecer algumas novas cidades do RN e da PB, e para ir a Picuí-PB somente para comer a famosa carne de sol de lá, a melhor do Estado. Pegamos a BR-226, passando por Macaíba, Tangará, Sta Cruz (e a Serra de Santana), Campo Redondo (e a Serra de S. Bento), Cel. Ezequiel (onde havia um memorial a um mortinho flamenguista), Jacanã, Nova Floresta. Aí pegamos a BR-104 para entrar na PB e chegar a Picuí, finalmente. Moradores nos indicaram o restaurante Beira Rio para comer a carne de sol, mas estava muito ruim. Cheguei a dizer que eles mandavam as melhores peças para João Pessoa! Ficamos no Hotel Dona Luzinete, muito simples, mas bem limpinho. A noite foi bem agradável, com um friozinho acolhedor. Na estrada para Picuí, havia um memorial com 12 cruzes, os “mortinhos” das estradas...Fomos a Baraúna, Cumaru (estrada de terra), Pedra Lavrada, Cubati (onde havia memorial para 8 pessoas juntas, estrada de terra também), Assunção, Soledade, Pocinhos e suas pedreiras. Paramos em Taperoá para ver os cenários da minissérie Pedra do Reino da obra do darling Ariano Suassuna; contudo, já estava quase tudo destruído, mostrando mais um descaso de um prefeito incompetente, ignorante e insensível à possibilidade turística que aquele cenário poderia levar à cidade, pois, o que restou, era deslumbrante. Almoçamos no Hotel Pedra do Reino.

A primeira grande viagem de carro foi ao Rio de Janeiro, em setembro de 2008, na Parati Crossover 2.0, a Catita. Em Ipojuca-PE, pegamos a PE-060 e fomos pelo litoral sul, vendo Rio Formoso, Reserva Biológica de Santinho, Tamandaré com o Forte S. Inácio, Praia dos Carneiros, muito lixo na beira da estrada no km71! Na AL-101 vimos Maragogi de praia linda, a Antunes, de lugar sujo; e a charmosa pequena Japaratinga. Na AL-105, vimos Matinhas, Fleixeiras, S. Luis do Catunde e chegamos a Maceió, onde passamos a noite no hotel Escuna Praia, na Praia de Jatiúca. Fomos ao Shopping Parking enorme, todo envidraçado, mas em uma área muito suja. Maceió sempre foi assim: esgoto a céu aberto! Andamos pela calçadinha à noite, comemos em um restaurante por ali. Exaustos pelo dia todo dentro do carro, pra-

ticamente. Dia seguinte, AL-101 passando por Pontal da Barra, Mal. Deodoro (primeira capital de Alagoas) e Praia do Francês (AL-220). Depois de Ponta Verde e Pajuçara tem uma praia linda (não tinha nome!) onde desembocava o esgoto da cidade: língua negra na água do belo mar. Uma tristeza! Na BR-101, passamos por uma cidade-favela, Matrix de Capiberibe, em contraste com a entrada de Luizópolis, toda arborizada, linda! Ou seja, cada uma tem o prefeito que merece! Passamos por Teotônio Vilela e Junqueiro, divisa com SE, que ficava depois da ponte sobre o Rio São Francisco. Havia o MST em Aquidabá. Passamos por Maruim, Laranjeiras e N. Sra. do Socorro –vimos o Parque Nacional do Ibura – uma reserva de Mata Atlântica em SE -, que fica entre essas duas últimas cidades citadas. Ele faz parte do ICMBio e tem um exuberante ecossistema: além da Mata Atlântica, tem restinga, mangues e áreas úmidas. Tinha sido recém-inaugurado (2005).

Em Aracaju, ficamos no Hotel Mar e Sol, na praia de Atalaia, que é muito bonita, mas não boa para banhos. A orla é muito bacana, tem a Praça dos Arcos e o Oceanário. Muitas opções de barracas à beira-mar. Na BR-101 de novo, passando por Itaporanga e Estância. Pegamos a SE-318 para pegar a Linha Verde: Luzia do Itanhi – onde havia o MST -, e Indiaroba e Mangue Seco. Dando sequência à Linha Verde, entramos na Estrada do Côco, a BA-099, passando por Conde, Sauípe, Mata de S. João, Imbassaí, praia do Forte – onde fica a Reserva Nacional de Sapiranga, formada por Mata Atlântica, cachoeira e rio-, Camaçari e Salvador, onde só demos uma volta pela cidade muito difícil de estacionar. Seguimos pela BR-101, por Muritiba, Cruz das Almas, Sto. Antonio de Jesus – onde havia uma enorme favela no morro à beira da estrada -, Tancredo Neves, Teolândia, W. Guimarães – a “capital da graviola” , com uma imensa N. Sra. das Graças na entrada da cidade. Estrada horrível, toda esburacada, trânsito lento. Seguimos por Gandu, Itamarati, Aurelino Leal para chegar na adorável Itabuna – a “capital do cacau”-, onde nos hospedamos no Hotel Royal. À noite, fomos andar pela cidade depois do jantar, para ver a Catedral de S. José, as ruas antigas de comércio local e a agradável e bonita beira-rio. Na BR101, novamente, passando por São José, Arataca (com desmatamento e queimadas no km 637), Itapebi, Itagimirim (com MST), Itabela – muita plantação de eucalipto -, Itamaraju e Teixeira de Freitas, onde almoçamos. Entramos no ES, em Pedro Canário, depois São Mateus, Sooretama, Linhares, Fundão, Serra, Vitória e Vila Velha – onde fica-

mos na Pousada do Farol, onde encontrei e lanchei com minha amiga de infância e adolescência do Colégio Sto. Amaro, a doce Rachel. Dia seguinte, pegamos a Rota do Sol e da Moqueca para as belas praias de Guarapari e Anchieta. De volta à BR-101 RJ, passamos pelas feias cidades de Conselheiro Josino, Campos de Goitacazes (com uma enorme favela na entrada, defronte a um prédio da Petrobrás!), Conceição de Macacu (onde almoçamos), Macaé – com a Reserva Biológica União, de Mata Atlântica e que era uma antiga fazenda e onde vivem os mico-leões dourados, chegados ali em 1994, pela técnica de translocação para preservação. É uma reserva do ICMbio que também preserva outros animais ameaçados de extinção como a preguiça-de-coleira, a jaguatirica e a lontra. A maior parte da sua área fica no município de Rio das Ostras, além de Macaé e Casimiro de Abreu, onde também tem a Reserva Biológica Poço das Antas, dividida ainda com Silva Jardim, e que é a 1ª. da categoria a ser criada no Brasil, com mais de 5 mil ha de área de Mata Atlântica, habitat também do mico-leão dourado. No Rio de Janeiro, cidade mais bela do mundo para mim, ficamos no Hotel Mengo, no Flamengo. Serviço ótimo, com garagem, a uma quadra do Aterro do Flamengo, do metrô, de vários bons restaurantes e bares. Paramos ali para eu ir nas comemorações do aniversário do Colégio Sto. Amaro e reencontrar as amigas de uma parte muito importante da minha vida. Beto, Wilma e Eduardo foram nos ver em uma noite livre. Caminhamos muito pelos arredores, onde ficava o Palácio do Catete e seu belo jardim; o histórico Bar-Restaurante Lamas, antigo reduto dos grandes jornalistas da cidade. O metrô a 200m nos levou para Copacabana, onde caminhamos pela simbólica calçada. Pela Rodovia Dutra (BR-116), de boas lembranças das viagens de infância, de Itajubá, do mestrado e do doutorado, seguimos para rever Itajubá depois de nove anos que saí de lá. Ali eu reencontrei as amigas mais queridas como Loyde, Andrea, Denise, Márcia e Eraídes. Passamos uma manhã no Convento São Rafael com a Irmã Emiliana. Voltamos para João Pessoa somente pelas BR-116 e BR-101, só parando para comer e dormir.

Quase um ano sem viajar, devido ao acidente de moto de Romildo, que o deixou imobilizado durante doze meses. O retorno foi mais uma vez no circuito RN-CE-PI-MA. Saimos de Natal rumo a Mossoró, passando por Santa Maria (terra do café da manhã), Lajes,Fernando Pedrosa, Assu (terra da cerâmica e do açude) e Tibau do Norte. No CE, pegamos a CE-040 para comer lagosta gratinada no Bar do Carlinhos, em Redonda, e em Canoa Quebrada ficar na Pousada Missare. Em Fortaleza, ficamos no Hotel Heros, do tio de Romildo, Lafayete. Almoçamos no sítio do tio Wilson. O réveillon foi com tio Lafayete e família, no Beira-Mar Grill, na praia do Meireles . Ótimo serviço, buffet excelente. A noite foi muito prazerosa e feliz. No dia 1º, almoço com tia Toinha e família no condomínio Garrote Village. De lá, já pegamos a BR-222,passando por Catuana, São Luis do Curu, Umirim e Itapajé, para se hospedar na Pousada Doce Lar, onde dormimos 12 horas seguidas! Na BR-222 de novo, Forquilha (região metropolitana de Sobral, onde está o Açude Arrebita) e Sobral – trechos de estrada péssimos!

Em Ubajara de novo, o carro deu pane no alarme e, na concessionária, era o dia de folga do eletricista! Almoçamos na Pousada Gruta do Ubajara e ficamos no horroroso e caro hotel Neblina Park. No encantador Parque Nacional de Ubajara, descemos o teleférico para ir à Gruta. Eu não entrei porque sou claustrofóbica, mas Romildo trouxe uma foto com o nome Olga que algum vândalo deixou grafitado na

rocha. Passamos de novo em Tinguá, Inharim e a charmosa Viçosa do Ceará, onde almoçamos, pela CE-232. E fomos para o PI (BR-343): Cocal, onde tem o Santuário Mãe Rainha, Buriti dos Lopes e Parnaíba, onde ficamos no Hotel Civico. Tentando consertar o alarme do carro... Fomos até Tutóia-MA, onde ficam os Pequenos Lençóis. A ideia era ir até Barreirinha, para ver os Lençóis Maranhenses, mas desistimos. Tutóia me deixou envergonhada de ter nascido no MA: cidade miserável, suja, cheia de lixo. Mas a Pousada Jagatá, onde nos hospedamos, era um lugar lindo, à beira-mar, bem cuidada, superlimpa. Um oásis em meio àquela imundície. A praia era linda, mas suja. Almoçamos no EmBar-Cação, perto da pousada, uma peixada frita muito boa com guaraná Jesus. Andamos pelos Pequenos Lençóis e foi um espetáculo, pois as dunas eram belas. Fomos no BB para tirar dinheiro e a população toda da cidade estava lá e só havia um caixa eletrônico! Desistimos, claro! Encontramos com Thais e Marina na Praia Peito de Moça, em Luis Correia (que era tio-avô de Thais), onde elas têm casa de veraneio. A cidade de Parnaíba é cheia de referências familiares das partes materna e paterna de Thais. Dormimos uma noite na casa delas. Foi ótimo! Fomos para a praia de Macapá para comer caranguejos enormes com cerveja. Ali conhecemos Vera, uma professora da UFPI, muito encantadora e bonita. Ela nos levou para conhecer sua “Casa Rosa”, linda, de portas e janelas imensas.

Voltamos pela Rota Turistica Sol Poente (CE-085-Chaval, Camocin) até entrar na BR-402 para Granja e rever a casa do avô paterno: um abraço, um suco e pé na estrada. Fomos por Acaraú, Amontoada. CE-354 para Itapipoca – a terra dos 3 climas-, Tururu, Umirim. A BR222 de novo para São Luis do Curu para pegar a CE-040 para pernoitar em Canoa Quebrada, na Pousada Missare. Fomos à praia pela manhã e Romildo aproveitou um OLA que estava escrito na falésia e meteu um G e um R em cima do O. Voltamos pelo litoral norte até Mossoró e de lá para João Pessoa.

A viagem a Brasília, em julho de 2010, foi a 2ª mais longa viagem que fizemos. Em Pernambuco, passamos por Palmares, que havia sido devastada por uma enchente catastrófica,em junho, quando o Rio Una transbordou. Uma cratera tomou o lugar da Praça Ismael Gouveia, no centro da cidade. Comerciantes perderam tudo; moradores/as também. A cidade parecia ter saído de um bombardeio de guerra. Fiquei arrasada com aquele cenário cruel e chorei bastante. Seguimos viagem bem transtornados com aquela situação.

Passamos por Xexéu e Campos Frios-PE, e entramos em Alagoas: Joaquim Gomes, Messias, Satuba, Pilar. Almoçamos na simplória Satuba, onde a TV mostrava a derrota da Argentina para a Alemanha de 4x0, um dia depois de o Brasil perder para a Holanda por 2x1, na Copa do Mundo 2010. Pegamos a BR-101 passando por São Miguel dos Santos, Teotonio Vilela, Povoado Olho d’Água e Junqueiro. Entrando em Sergipe, vimos Propriá, Rosário do Catete, Maruim, Itaporanga d’Ajuda e Estância – “o jardim de Sergipe”, onde nos hospedamos no Hotel Tropi-

cal, muito bom. Lanchamos na mesma rua do hotel, na Ita Lanches, um cheersburger, feito por Cleberson, que me surpreendeu! Dia seguinte, Umbaúba, Cristianópolis-SE. Na Bahia, passamos por Esplanada, Entre Rios, Alagoinhas e Feira de Santana para pegar a BR-116. Almoçamos em Ituberaba, na Churrascaria Monte Castelo, e seguimos viagem até a esplendorosa e linda Lençóis– outro lugar que me deixou fascinada! Entrada da Chapada Diamantina, a cidade é Patrimônio Histórico Nacional e tem uma arquitetura colonial muito elegante. Ficamos hospedados na Pousada Raio de Sol, indicação da irmã Lígia, com uma vista linda da cidade e do rio Lençóis que a circunda. Fizemos uma trilha pequena do Rio Lençóis, mas não sou de ecoturismo; portanto, ficamos desbravando a cidade e seu casario, suas ruas de paralelepípedos e pedras, muito limpas. Lugar de bons restaurantes e boas lojas variadas. Sentamos no Largo do BB para tomar cerveja e admirar a arquitetura em volta e o movimento da cidade. O Largo estava todo cheio de bandeirinhas verde-amarelas penduradas entre os casarões, pois era São João e Copa do Mundo. Parecia muito com as cidades históricas mineiras. Só tinha muito cão vadio. Almoçamos no restaurante Recanto do Bode, indicado por nosso amigo Saulo. Excelente comida! Fomos ao Morro do Pai Inácio, onde subimos 1km a pé. Esforço que valeu a pena ao avistar toda a amplidão da Chapada sob o sol que se punha no horizonte. Foi um espetáculo! Neste ano, Lençóis foi eleita como um dos 10 melhores destinos turísticos do Brasil. Até aqui, as estradas foram muito boas.

MORRO DO PAI INÁCIO-BA LENÇÓIS-BA

O Guia 4 Rodas me acompanhou em todas as viagens: todo ano eu comprava o novo. Contudo, entramos em uma roubada de 320km à toa por conta de roteiro mais curto do Guia, que nos colocou em estradas de terra, desertas e assustadoras no interior da BA. Ficamos bem estressados. Na BR-242 de volta, de onde não deveríamos ter saído!, almoçamos em um posto de gasolina na estrada mesmo depois do stress. Um sol de rachar! E seguimos pela BR-242: Ibotirana, Cristópolis, Barreiras – há 40 anos era uma parada horrível do ônibus que vinha do Rio -, Luis Eduardo Magalhães, onde ficamos hospedados no ótimo Hotel Paranoá e comemos o famoso acarajé da Irene, exatamente às 18h, ‘hora do anjo’, quando o sino da igreja tocou as badaladas. Essas cidades são grandes, pareciam ricas pela variedade de caminhonetes 4x4 e efervescente comércio– e haja plantação de algodão e de soja! -, mas eram todas muito feias, caóticas e cafonas. A estrada passava no meio das cidades, o que tumultuava mais ainda! A BR-020 estava em obras, mas era muito boa e quase vazia de tráfego. Uma reta só. Em Goiás, vimos Posse, Simolândia, Alvorada do Norte, Santa Maria e Formosa até pararmos em Brasília. Almoçamos na entrada de Sobradinho, no restaurante do Posto BR, muito bom, cujo dono era um gaúcho. Cleide e Mamcaz nos recepcionaram com um maravilhoso jantar. Dia seguinte, fomos ver meu terreno Chácara Olga, nas Mansões Fazendárias. De lá, fomos encontrar Lígia no Jardim Botânico, que é um lugar muito lindo. À noite, fomos para o Bar Beirute e, depois, comer o acarajé de uma baiana na SQS 112. Uma delícia! Adoro acarajé!

CHAPADA DOS VEADEIROS

Dia seguinte, fomos para Alto Paraíso, a caminho da Chapada dos Veadeiros, com Lígia, ouvindo Bob Dylan. A região é muito bonita, mas a estrada tinha alguns buracos sinistros. Almoçamos na Oca da Lila, comida vegetariana deliciosa, oferecida por Lígia. À tarde, fomos para as cachoeiras das Loquinhas – 800m de caminho com deck, descendo para poços maravilhosos, com quedas lindas. Lígia tomou banho em todos. Ficamos na Pousada dos Guias, da recepcionista Magda, que nos deu as dicas das cachoeiras. À noite, comemos uma pizza na agradável Pizzaria 2000, que era o lugar mais cheio da cidade, que não tinha nada à noite, e era 6ª. feira! A caminhada na Chapada dos Veadeiros foi de 18km, com um grupo de ótimas seis pessoas e a encantadora guia Jô. Só o caminho de 5km e 200m levou das 10h às 15h, pois era inóspito, vegetação de cerrado que não tem árvores com copas, não tem sombras, só muitas pedras, um horror para mim! Mas, pelo menos, o caminho era todo plano. Afora a secura da região que me fez beber toda a minha água. Ao meio dia paramos em um lago para comer os sanduíches com suco de laranja que compramos. Deu para a gente descansar por ½ hora, enquanto o grupo tomava banho. Aí seguimos para a Cachoeira das Carioquinhas (que se chamava Boa Sorte, até que umas cariocas ali se perderam...) Lígia e Romildo tomaram banho e eu descansei mais ½ hora nas pedras, sob uma sombra.

Quando o passeio ali acabou, ainda fomos para as quedas São Bento e Almacegas II, no caminho. À noite, voltamos para a Pizzaria 2000 para um jantar oferecido por Lígia: nós comemos uma picanha e ela, peixe. Na volta para Brasília a estrada estava vazia. Fomos conhecer uma cidade-satélite nova que eu não conhecia, Águas Claras, cheia de prédios iguais. Almoçamos no Restaurante Ranchão. Depois passamos em Taguatinga, que não reconheci, pois era pequena e horrorosa e, agora, está grande e ainda horrorosa! Ficamos o resto do dia em casa, conversando com os queridos anfitriões. Dia seguinte, almoçamos com os queridos tios Clenir e Murillo, na recepção elegante de sempre. Depois fomos passear no Shopping Terraço Brasil e ver Bebel, que ainda trabalhava na Radiobrás, que funcionava também ali do lado, no Venâncio 2000. À noite, recebemos nossos/as amigos/as de Brasília no Bar Beirute. Fomos a pé com Cleide e Mamcasz, passando pelo metrô da 112/212. A noite foi maravilhosa, em uma confraternização emocionante para mim, com Ioleth e Ivan, Denise e a filha Daniela, Gilson e um amigo de Romildo, o Lauro. Cleozinha, Cinthia, Bebel e Augusta não puderam ir.

No dia seguinte, fomos para o Lago Sul, almoçar no Marieta, um buffet muito ruim, com atendimento péssimo, apesar de o lugar ser muito agradável. De lá, fomos para a Ermida Don Bosco e depois para o CCBB – onde Lula estava trabalhando. Ali havia uma exposição da expedição de Langdorf no Brasil no século XVI. Os dois lugares são lindos! Seguimos para o Portal, onde havia mais de dez noivas tirando fotos, com um staff para cada uma. Tiramos muitas fotos delas e daquele lindíssimo lugar à beira do Lago Paranoá. Fomos para o Bar Beirute para Cleide e Romildo comerem o famoso e saboroso bife à Parmegiana dali. Eu e Mamcasz comemos divinos mini-quibes recheados com hortelã e iogurte. Fomos ainda passear pela Esplanada dos Ministérios, toda iluminada em seus monumentos: a Biblioteca, a Catedral, o Congresso Nacional, o Palácio do Itamarati, o Palácio do

Planalto. Fomos também até o Palácio da Alvorada. Dia abençoado de despedida da ótima estada em Brasília – cidade que não gosto, mas onde tenho amigos/as que amo muito.

O retorno foi pelas mesmas estradas, só parando para almoçar e dormir quase em todos os lugares em que paramos na ida, só em Lençóis que tivemos que ficar na Pousada Aguiar porque a Raio de Sol estava cheia; e em Sergipe, que pernoitamos na bem cuidada e bonita Propriá, à beira do Rio São Francisco, no Hotel Imperial, uma linda casa colonial. As bandeirinhas do Largo, em Lençóis, já haviam sido retiradas. A diferença era que a BR-242 estava muito mais cheia de caminhões do que na ida e também na BR-101 havia muitas obras que nos faziam ir mais lentamente.

Em 2012, fomos todos para o aniversário de 80 anos do meu pai, no Rio de Janeiro. A festa foi em um condomínio próximo de onde morava meu irmão Beto e família, na Barra da Tijuca; por isso, toda a família, inclusive os Tavares de Brasília e os de São Luís, ficou hospedada no Hotel Bourbon Barra da Tijuca Residence, que fica dentro do condomínio de Beto. Foi uma estada excelente e a festa foi o reencontro dos Tavares do país todo e dos/as amigos/as mais queridos do meu pai que comparecerem, mesmo de lugares mais distantes como Brasília e Porto Alegre. De João Pessoa, foram todos os integrantes da família, com exceção de Thiago.

Passeamos por Copacabana e Ipanema. Fomos ao Centro da cidade, que é sempre esplêndido e está presente nas minhas memórias afetivas. De lá, alugamos um carro para ir a Itajubá, onde nos hospedamos, apenas por dois dias, com os amigos-irmãos Andrea e Renato, que foram ao aniversário do meu pai. Seguimos viagem para Romildo conhecer Campos do Jordão/SP. No caminho, entramos em Paraisó-

polis/MG para procurar um hospital, pois Romildo estava passando mal. Ficamos ali umas duas horas. Fazia um frio surpreendente para o mês de janeiro e ele pegou uma virose. E conhecemos duas velhinhas simpáticas que iam ao hospital todos os dias para conversar!!!! E vimos a espetacular formação rochosa Pedra do Baú quando passávamos por São Bento do Sapucaí/MG. Na bela e elegante Campos do Jordão, ficamos hospedados na encantadora pousada Recanto Paulista. Fomos andar pela Vila Capivari com sua arquitetura estilo germânico, com os lindos chalés ornamentados de madeira trabalhada. Vimos a casa de inverno do Governador de SP, o Palácio Boa Vista – que não é tão imperial assim! Retornamos pela Rodovia Dutra para visitar o Santuário de Nossa Sra. Aparecida e agradecer pela vida abençoada que tínhamos! Ainda fomos visitar os queridos amigos Loyde e Antonio em Itaipuaçu-RJ.

COPACABANA

Em 2012, com a Fiat Adventure Locker, a Serena, também fizemos novamente o roteiro João Pessoa-Natal-Fortaleza, passando pelas mesmas estradas e cidades que já tanto conhecíamos. De novidade, o ‘shopping da vaca’, em Macaíba-RN; tomar finalmente o café da manhã em Santa Maria, a ‘cidade dos cafés da manhã’; a duplicação da estrada Mossoró-Timbau (a governadora era de lá!); o passeio de buggy com o bugueiro Didi, em Canoa Quebrada, ‘sem emoção’, bien sûr! ; a passagem por Aracati para ver o casario colonial, mas a cidade estava mal cuidada e muito suja; atravessar o Rio Jaguaribe – o maior rio seco do mundo – quase seco mesmo, como há 40 anos atrás, na 1ª. viagem Indiana Jones Tupiniquim do meu pai; a duplicação da CE-040 na entrada de Beberibe, que ficou ótima; em Fortaleza, ficar no Hotel Beira-Mar, na orla da praia do Meireles, de excelente hospedagem.

Em julho de 2013, aniversário de 50 anos do querido primo Marcio, em São Luis, seguimos de avião, indo por Recife. Os Tavares de João Pessoa e de Brasília compareceram e ficamos hospedados no mesmo hotel também: Brisa Mar Hotel e Spa, à beira-mar de Ponta d’Areia. A festa foi maravilhosa e reunir todos/as os/as primos/as novamente sempre é uma emoção especial (só faltou Murillo Jr.). Desde crianças temos esses encontros familiares que reforçam nossos laços parentais e de amizade fraternal.

Passeamos pela cidade com os primos e sobrinhos que estavam de carro: fomos para o belo centro da cidade, para a área dos poderes governamentais, com o imponente Palácio dos Leões e a linda Igreja da Sé como a melhor recepção da beleza do lugar. Passamos pelas ruas da minha memória afetiva de infância e adolescência: Rua do Sol, Rua das Hortas, Rua Coelho Neto, Rua Rio Branco e a Praça Gonçalves Dias com a graciosa Igreja dos Remédios, onde meus avós paternos se casaram.

Fomos no Projeto Reviver, na Praia Grande, e no imponente prédio do Ceprama, com sua majestosa chaminé, construído com telhas francesas e estruturas de ferro confeccionadas na Inglaterra –era a antiga fábrica de cânhamo do bisavô Almir Neves e associados, avô materno do meu pai -, com artesanato local um pouco diferenciado. O prédio restaurado na década de 80 é um primor da arquitetura luso-açoriana, com 3000 m², mas que se encontrava sem manutenção e com sinais de decadência. Lamentável! Dinheiro do contribuinte jogado no lixo da indiferença e do desapreço. Isso porque uma só família política ficou 60 anos no poder e tanto a cidade quanto o Estado são exemplos de má gestão e inoperância sociocultural. Em 2013, o Maranhão já liderava o ranking de “extrema pobreza do país” e, assim, o foi por sete anos seguidos (fonte: https://valor.globo.com/ brasil/coluna/extrema-pobreza-avanca-e-e-recorde-em-9-estados. ghtml ) Como maranhense, sempre senti muita vergonha por isso, pois é um lindo Estado e uma capital como poucas no país, com seu luxuoso conjunto arquitetônico colonial e seu acervo de azulejos pouco apreciado pelos políticos locais. São Luís é chamada de “a cidade dos azulejos”, inclusive.

Em setembro de 2013, fomos passar meu niver em Porto Alegre e também as nossas férias com Vinicius, filho de Romildo, que mora naquela bela cidade. Saimos de Recife às 12h30 e chegamos em POA às 19h. Vinicius nos aguardava e nos levou para o Hotel Lido, na Rua General Andrade Neves, rua-homenagem ao avô do meu querido amigo Luiz Fernando (in memorian) – simples, mas muito limpo e bem localizado. Chegamos na Semana Farroupilha e fomos à feira quase todos os dias. O Parque Redenção é um espetáculo e andamos muito por ele. O povo gaúcho também é mal educado ambientalmente e o lago do parque estava cheio de sacos plásticos! E havia muitas latas de lixo em todo o parque...

Dia seguinte, almoçamos com Vinicius um churrasco na Feira; depois ele nos levou na Catedral Metropolitana para agradecer mais um ano de vida. À noite, saímos com os queridos amigos Ricardo e Maró, pela beira-rio, e vimos o futuro estádio da Copa em construção e o pôr-do-sol. Maró olhou para o céu e apontou o que Lígia pediu que eu prestasse atenção naquela noite: a lua e a estrela entrelaçadas, igual ao símbolo de Canoa Quebrada. Foi meu presente de aniversário: a lua e o planeta Vênus, que é a Estrela Dalva, o planeta mais brilhante. A lua de frente para Vênus. Fomos para o Barra Shopping, onde lanchamos em uma cafeteria e depois fomos ver a Fnac, que se tornou um bazar multiuso e a livraria ficou bem pequena!

Ao redor do hotel era o centro da cidade, com a Prefeitura, o Mercado, o Cais, a Estação de Ônibus e Trens – pelos quais andamos, tiramos fotos. O Mercado era excelente, muito sortido, limpo e agradável. Íamos fazer o passeio de barco pelo Guaíba, mas ele estava em reparos, então fizemos uma ida-volta de catamarã– uma travessia de 20’– até Guaíba. Deu para ver POA do rio. A cidade é muito bonita, o rio é lindo, apesar de sujo. De lá, tomamos o trem para São Leopoldo, mas descemos em Unisinos para ver a Universidade e voltamos, pois o trem estava muito lotado e desconfortável. Ainda fomos no Bairro Sto Antonio, onde Romildo morou. Tomamos o ônibus canal 10 ida e volta, mas o da volta quebrou e trocamos de ônibus. Foi realmente um Dia de Turista! À noite, saímos com Vinicius para o shopping Praia Belas, onde lanchamos. Ainda saímos com Ricardo e Maró para almoçar no Palácio do Buffet, um maravilhoso almoço que eles nos ofereceram. Alugamos um Gol 1.0 vermelho para viajar pelo Estado do RS. O primeiro destino foi Cambará do Sul, nos Aparados da Serra. Romildo alugou um GPS que acabou nos fazendo perdidos no roteiro. Tivemos que voltar alguns quilômetros para retomar o caminho que queríamos, que era ir por Gramado, Canela etc., com o guia 4 Rodas mesmo! Contudo, a estrada estava lotada – era um carro atrás do outro! -e levamos muito tempo para chegar em Gramado! Comemos em um restaurante na estrada mesmo, muito bom, polenta sequinha, carne suculenta, suco de vinho. As estradas eram ótimas, mas os pedágios caros não se justificavam pela quantidade de queimadas que vimos e que nos impressionou bastante.

Cambará é uma cidade de sete mil habitantes que não tem absolutamente nada. Maltratada, feia, de casario sujo, parece que parou no tempo. No entanto, ficamos na charmosa Pousada das Corucacas, uma espécie de fazenda com criação de ovelhas e muitos pinheiros. Lugar lindo! Só faltou a TV no quarto...Fiquei lendo Fernando Pessoa, no meu tablet: “Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir. Sentir tudo de todas as maneiras. Sentir tudo excessivamente...” A atração é o frio, pois chega a nevar no inverno. O que visitamos de interessante foi o Cemitério local, onde os mortos ficam em casinhas, cada uma mais linda que a outra. Elas têm portas, janelas com cortinas, telhados, são decoradas no seu interior. Achei de uma delicadeza, de uma enorme deferência aos mortos daquela pequena cidade.

Fomos, então, para os cânions do Itambezinho, em 17km de terra boa, mas dentro do parque tudo era pavimentado. Pegamos uma trilha pequena para ver os espetaculares cânions. Não havia ninguém! Íamos voltar de Itambezinho por Praia Grande, mas a estrada estava cheia de pedras e desistimos. Foi bom, pois, em Cambará, vimos o pneu furado do carro que foi consertado no posto local em 20’. Depois, pegamos a “Rota do Sol” – uma estrada fantástica! A descida da serra era muito linda! Estrada ótima, uns túneis incríveis que homens fizeram. Ai a gente tem que valorizar a grandeza dos homens que desbravam, se arriscam e constroem coisas maravilhosas assim. Paramos para conhecer Torres,

com sua orla toda de arranha-céus. Assustadora! Vimos as Torres na praia da Guarida, que se paga R$5 para entrar. Havia muitas casas de praia também, muito bonitas, grandes, mas vazias. Muitas casas e apês à venda. No comércio também havia muita loja fechada. Os quiosques na praia estavam todos fechados. Havia um cemitério semelhante ao de Cambará. Não encontramos um restaurante bom aberto para comer. Seguimos para Shangrilá e vimos semelhanças: condomínios de casarões, paredões de edifícios – tudo vazio! Vimos mansões mesmo, com jardins enormes e piscinas totalmente fechadas. Pensamos como tinha gente rica naquela região! E que só devia aparecer ali no verão...Fomos para Tramandaí, uma cidade mais horizontal, onde encontramos vida, gente, uma orla muito simpática com casas e prédios menores. Achamos um hotel com um dono superlegal, que nos deu ótimas dicas da cidade. Mas o quarto era horrível e eu nem consegui tomar banho! Porém, o restaurante que ele indicou era de primeira. Sugeriu que fossemos conhecer a orla da barra do rio que divide Tramandaí de Imbé – outra cidade cheia de casas vazias e à venda. O proprietário do hotel nos disse que essas cidades-fantasmas mudam o cenário totalmente no verão, quando ficam cheias de gente, de engarrafamentos, de filas. Também em grandes feriados e fins de semana quentes. Outra dica boa desse senhor gentil foi subir no Mirante Osório, na Rua Romildo Basan. De lá, se via todas as praias. O caminho era deslumbrante! De volta a POA, almoçamos com Ligia, Ricardo e Maró novamente no Palácio do Buffet. De lá, eu, Romildo e Lígia fomos para a Casa de Cultura Mário Quintana, outro darling literário, na Rua da Andrada, chamada Rua da Praia. A Casa estava em obras, mas subimos até o 7º andar e descemos um por um até o 2º., onde está o quarto que o poeta morou boa parte da sua vida. Depois cada um de nós foi fazer alguma coisa particular: Ligia foi para o bairro Moinho dos Ventos encontrar um amigo, Romildo foi para a Feira Farroupilha de novo, e eu fui andar pela Rua da Praia até o Gasômetro e voltei para a Casa de Cultura para ver o filme Flores Raras, com Gloria Pires, que adorei. Depois fui encontrar Romildo e Lígia no bar em frente ao Hotel Lido, o Vienne – onde lanchamos e onde Romildo tomava seu chopp diário.

Pegamos Claudinho, um amigo de infância de Lígia, filho de militar também, professor da UFF, mas de família gaúcha, e fomos conhecer alguns lugares da cidade. Ele foi dirigindo o Gol porque conhecia os trajetos. Pedi que fossemos ver a rua mais bonita do Brasil: a Rua Gonçalo de Carvalho, no bairro Independência, com uma quantidade grande de árvores Tipuanas ao longo dos seus 500m, que se enchem de flores na primavera. Estavam quase peladas, mas ainda assim foi a rua mais bela que já vi! Tem sites turísticos que a apontam como a mais bonita do mundo. Seguimos nosso tour, parando primeiro em Ipanema, uma praia do Rio Guaíba, que não dava mais para banho, mas era linda, com uma calçada bacana para caminhar. Atravessamos a cidade para chegar lá e vimos toda a parte sul. Passamos por um bairro chamado Tristeza. Almoçamos na Galeteria Bambino, em Petrópolis, onde comi o melhor galeto da vida, com polenta frita, salada e suco de laranja. A sobremesa era o famoso doce de leite Mumu e ambrosia. À tarde, Romildo deixou o carro na garagem, saímos a pé. Eu, Lígia e Claudio fomos para o Santander Cultural ver uma das mostras da Bienal do Mercosul. Fiquei irritada com algumas instalações guiadas: acho inoportuna e inútil uma arte que precisa ser explicada por um guia! Seguimos a pé e paramos em frente à Sede dos Correios e Telé-

grafos para ver a performance improvisada de três jovens, criticando a desapropriação de terras em uma área da cidade para construir algo para a Copa do Mundo. Era uma crítica bem inteligente. Gostei demais! Pegamos um taxi para ir ao Gasômetro para pegar o barco para navegar pelo lindo Rio Guaíba, muito sujo e poluído, com suas dezenas de ilhas com casas muito boas e também com casas muito pobres. Passamos pela polêmica Ilha das Flores, outrora lixão da cidade, tema de filme de Jorge Furtado, considerado um dos cem melhores filmes brasileiros pela Abracine. O passeio proporciona vistas lindas da cidade. É uma cidade solar. Foi fundada por açorianos e se chamava ‘Porto dos Casais’ (de açorianos/as que ali chegaram). Ou seja, é uma cidade portuguesa, com certeza, pá! Alemães, italianos, poloneses e afins foram para o interior do Estado. Por isso, há tantas construções semelhantes às portuguesas na cidade. No Bairro de Santo Antonio, havia muitas casas iguais às de Portugal. E não há, na cidade, gente loura, e, sim, branca de cabelos pretos. E também há muitos/as negros/as. Muito bonitos/as, aliás.

RUA SÃO GONÇALO DE CARVALHO

Com Lígia e Vinicius fizemos o roteiro da Rota Romântica da Serra Gaúcha. Fomos direto para o Vale dos Vinhedos – de paisagem lindas, cheias de parreiras -, onde paramos na Vinícula Salton, onde Romildo, Vinícius e Ligia fizeram degustação e eu passei a dirigir o Golzinho duro que alugamos. De lá, fomos para o Vinhedo Miolo – um dos mais famosos do país. Fizemos o tour pelos barris. Acho tudo uma chatice muito grande, muito marketing mitológico. Os três ainda fizeram aula de degustação que durou ½ hora. Adoraram. E eu andando pela bela propriedade. Depois que li “O Andar do Bêbado”, de Leonard Mlodinow, de como o acaso determina nossas vidas, tudo isso para mim ficou mais bobagem ainda, como balançar o vinho no copo, cheirá-lo antes de provar apenas um gole, enumerar os sabores do buquet do vinho. Eu aprecio vinho, mas acho esses rituais bem enfadonhos. E o que eu gosto mesmo é de champagne! Dos vinhedos, seguimos para o caminho das pedras – cerca de 60 casas de arquitetura italiana com várias especialidades: a casa do chá, a casa da ovelha, a casa das

massas, a casa das malhas etc.. Na casa da erva, vimos todo o processo do chimarrão. Entre elas, também está a casa do excelente filme O Quatrilho, com Glória Pires. Todos/as moram onde trabalham, são os/ as donos/as das casas. Ficamos no Hotel Primavera, em Bento Gonçalves. Fomos de taxi para a noite, onde encontramos um bar ótimo com música incrível. Até Lyniyrd Skynyrd tocou! Dia seguinte, pegamos a Maria Fumaça de Bento Gonçalves para Garibaldi. No trajeto, houve a apresentação de um grupo teatral, uma tarantela, uma dança gaúcha, músicas gaúchas – um sistema de turismo superprofissional, pessoal atencioso e educado. Foi uma boa diversão, pois o trajeto em si mostrava o fundo das cidades, como a maioria dos trens urbanos aqui no país, não havia paisagens. A última gare foi a de Carlos Barbosa – ex-governador do RS. Lá tomamos um ônibus para voltar. Em Bento Gonçalves, houve a apresentação da história da família de Lázaro Giordani – ascendente da família da empresa do tour: Epopeia Italiana, no parque temático. Eu fiquei muito emocionada porque as histórias das imigrações no Brasil são muito bonitas pela força, coragem, desprendimento de quem veio para cá. Em 1875, o RS começou a ser povoado por imigrantes italianos e, até 1900, mais de 10 mil chegaram para trabalhar nas serras gaúchas. Garibaldi, por exemplo, a capital nacional do champagne, também foi colonizada por franceses e sua uva é igual a deles. Talvez por isso possam ser chamadas de champagne, pois as outras não podem, então, chamam de espumante. Passamos por Farroupilha – a capital nacional da malha. Ali almoçamos em um buffet e depois fizemos os “Caminhos da Colônia”, sem nada de especial. Caxias do Sul é a cidade mais importante da Serra Gaúcha e é a 2ª. mais populosa do Estado. A Catedral é esplendorosa e fica na Praça Dante Aleghieri, igualmente bonita – é o espaço público mais antigo da cidade. O Monumento ao Imigrante é bem majestoso, com uma paisagem bucólica de moldura. A Casa de Pedra é a coisa mais fofa, muito bem conservada. Demos um giro apenas pela cidade, pelos pontos turísticos mais importantes. Voltamos a POA para deixar Lígia e Vinicius. Rearrumamos as malas para partir novamente no dia seguinte.

Rumo ao Sul do RS, pela lendária e extensa BR-116, com pedágios caros em estradas de asfaltos remendados. A primeira parada foi no charmoso balneário de São Lourenço do Sul à beira da Lagoa dos Patos – a maior da América do Sul. Almoçamos em uma churrascaria à beira da Lagoa, admirando a sua grandiosidade e beleza. A cidade é mais uma ‘fantasma’, pois, como a maioria delas no litoral, o movimento é nas férias, nos feriados e fins de semana quentes. A rádio 104,3 local tem locução em português e em alemão. A partir de Pelotas – considerada uma das capitais regionais do Brasil e ‘capital nacional da doceria’ (transformada, em 2018, Patrimônio Imaterial do Brasil, pelo IPHAN, pela valorização da cultura do doce), também chamada de “Princesa do Sul”, as estradas ficaram muito boas, valendo a pena o pagamento dos pedágios. Claro que compramos muitos doces para trazer, demos uma volta na elegante cidade, entramos no lindo Mercado Central em estilo neoclássico, de 1848, localizado no Centro Histórico. No Mercado também está a tradicional Doceria Imperatriz. Em volta, vimos a Catedral Metropolitana São Francisco de Assis, o Theatro Guarany, de 1920 e o requintado Café Aquários. Mas foi na Rua do Chafariz que comi um irrestível quindim com chocolate na doceria Pingo Doce. Adoro quindim e chocolate!

PRAIA DO CASSINO - RS

Final da tarde chegamos na maior praia do mundo, a praia de Cassino, com 220km de extensão, dos quais 180km são totalmente desertos. A cidade é pequena, mas graciosa, tem uma aleia de árvores que atravessa toda a Avenida Rio Grande, a principal. Sentamos na Choperia Sabor do Mar, nesta avenida. Cardápio do dia: ser feliz! A Rádio 97.1 de Pelotas anunciava formação de ciclones no Uruguai e uma queda de temperatura na região. A previsão era uma máxima de 13º e mínima de 7º. Realmente ventava demais em Cassino. Seguimos viagem, pela BR-471, para Chui, passando por paisagens lindas e desertas. A Reserva Nacional do Taim – o pantanal gaúcho – é uma estação ecológica localizada nos municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, administrada pelo ICMbio. É de uma beleza inenarrável. Fiquei muito emocionada com a grandiosidade e a estrada cortando tudo aquilo, era paisagem aquífera dos dois lados. A velocidade permitida é de 60km, mas andamos muito devagar por ali, a 30/40km, exatamente porque havia algumas espécies, como as capivaras, que andavam na estrada, fora as espécies que passavam voando! O número de mortes de animal é muito grande e é lamentável, pois as pessoas não respeitam aquele santuário ecológico. Há túneis para os animais passarem, mas vai explicar para eles que devem passar somente por ali? É o espaço deles, nós somos os invasores para nutrir nossa vaidade turística. Ali deveriam ter controles de velocidade de 20km e câmeras de monitoramento! Em 2017, a Reserva foi reconhecida como uma das principais áreas ambientais do mundo. Foi um trecho da viagem de total apreciação e sintonia com aquela natureza vigorosa e bela. Na feiosa Chuí – a cidade mais meridional do Brasil, no extremo Sul -, acabamos fazendo muitas compras de perfumes franceses (será?) para mim e roupas de grife (!!!!) para Romildo, nos free shops locais. Almoçamos em uma churrascaria, do lado uruguaio (não anotei o nome! não deve ter sido bom...) e jantamos uma lasanha com vinho no acolhedor Bar Tango, do lado brasileiro. As duas Chui e Chuy são maltratadas, sujas, feias e cafonas. Trânsito intenso e se fala mais espanhol dos dois lados. Gastei meu ‘portunhol’! Ficamos em um hotel muito ruim, mas bem localizado, o Bianca Hotel. Ali não volto nunca mais...

Salindo de la ciudad, na BR-471, paramos na Lancheria Costa Doce para tomar um suco e ver o roteiro para Rio Grande, que é a cidade mais antiga do Estado, a primeira fundada pelos portugueses na região – “é onde nasce o RS”. Passamos por Santa Vitória do Palmar, onde ouvi a rádio 90.3; por Camaquã, onde tem a fábrica da BlueVille, com dois enormes silos de arroz; por Tapes, com a BR-116 em obras para privatizar (pagamos 2 vezes para andar aqui: o imposto para o Governo Federal e o pedágio para o sortudo “amigo do rei” que vai ganhar a concessão!). Não vimos a Lagoa dos Peixes, que fica na BR-101, entrada pela cidade de Tavares – o que eu queria conhecer mesmo era a cidade do meu nome, mas ‘engolimos mosca’ neste trajeto! Rio Grande é uma cidade simples, portuária – é o 4º. porto com maior movimentação de cargas do país -, mas de importante acervo arquitetônico: vimos a linda e histórica Catedral de São Pedro, de 1755, em estilo barroco, a mais antiga do Estado; andamos para ver o casario da cidade, com predominância para o barroco e neoclássico. Adoro casarios! Vimos ainda o bonito Mercado Público - um dos mais antigos do RS, em estilo neoclássico, muito modesto por dentro; e a Praça Tamandaré, apontada como a “maior praça de uma cidade do interior do RS”. A cidade antiga tem o 1º. Farol do Estado, o Capão da Marca, inaugurado por D. Pedro II; o time de futebol mais antigo do país, o Esporte Clube Rio Grande; e que já foi capital do Estado na Revolução Farroupilha. Ali também teve a 1ª. mulher formada em Medicina, no Brasil, em 1887, Rita Lobato Velho. Na volta, paramos na Tenda do Gordo, na BR-116, KM 359, para comprar salames e torresmos. Deliciosos!

BR-116 KM 359

Em Porto Alegre de volta, encontramos os amigos de Romildo no apartamento da doce Eunice. Fomos com Vinicius. O casal Jorge e Beth era muito alto e bonito. Eles levaram a filha Danielle. Depois chegou a divertida Soraia, com o marido Gino e o filho Tony. Pessoal supersimpático e bem-humorado. Foi uma noite maravilhosa que durou até às 4h da manhã! O tom curioso ficou por conta do jovem Tony defendendo a democracia e Jorge defendendo a ditadura de Cuba! E ainda fomos, antes de retornar a João Pessoa, até o supermercado Zafary para comprar Mumu, o doce de leite mais gostoso que já comi na vida! Depois fomos devolver o Gol vermelho que alugamos para andar nestes incríveis dias em solo gaúcho, por mais de 3 mil km. Só faltou conhecer as Missões...

RIO GUAIBA

Além dessas viagens, havia aquelas com a minha família por hotéis e resorts por aqui pelo NE e com os/as amigos/as. Fomos para o Praia Bonita Resort, em Nisia Floresta-RN, com meus pais, irmãos e sobrinhos. Para o Serrambi Resort, em Porto de Galinhas-PE, onde até a pequena Esther – neta de Lígia - de um ano de idade foi. Também fomos para a Pousada Brisa Mar, em Barra de São Miguel-AL, somente com meus pais, que gostavam muito daquele lugar e conheciam os proprietários da simpática hospedagem. Com os/a amigos/as Sandra, Carlos e o filho Icaro, Iolanda, Elto e o pequeno Augusto fomos para a Pousada Preguiça, em Pipa, quando ali encontramos Setúbal, irmão de Romildo, e sua adorável esposa Doriana. E ainda as viagens a Natal para ver a família Setúbal e, às vezes, reuni-los juntamente com amigos/as, na área de lazer, no meu apartamento no Condomínio Natal Brisa.

PRAIA BONITA RESORT - RN SERRAMBI RESORT - PE

Curiosidades: em todas essas viagens feitas aqui no NE, constatamos ausência total de Polícia Rodoviária Estadual na PB, PE, RN, CE, PI e MA. Contudo, muitas das estradas estaduais estavam em melhores condições que as rodovias federais que andamos. Trechos enormes sem acostamento e sem sinalização para a noite. Na maioria das PRFs, os profissionais estavam dentro das cabines. Em épocas festivas (juninas, feriados), a PRF fica sob árvores para multar cidadãos/ãs que estão acima da velocidade. Quel dommage! Placa “estrada danificada” – por que não conserta? Na BR-101 RJ km 94, havia um censor eletrônico 50km depois de uma curva. Enquanto as estradas estaduais do CE estavam em péssimas condições, o Governo do Estado comprou 200 SW4 Hilux para a PM. E o povo sem estrada para trafegar! Tirando as capitais e algumas cidades litorâneas, as cidades do interior não trabalhavam com cartões de crédito, somente dinheiro. A sinalização urbana das cidades ainda ficava muito a dever, como Recife, por exemplo, que nos fazia perder muito tempo procurando ruas que não tinham placas, lugares conhecidos que não tinham indicação etc.. Nas estradas de pedágio do RS não havia nenhum apoio como existe nas rodovias de SP e na Rodovia Dutra.

Capítulo 09

Colecionadora de boas memórias dos melhores lugares.

This article is from: