História da Filosofia V6 Giovanni Reale

Page 368

Quinta parte

-

C~~i~itualism novas o, teologias e neo-escol6stica

que

moralidade aberta C algo que niio se ensina: C a moral dos grandes misticos e reveladores, e de todos os que seguem a inspiraqiio que os induz a segui-10s.

Como na vida moral, tambCm na vida religiosa Bergson distingue entre religiiio estatica e religiiio didmica. Tecida de mitos e fhbulas, a religiiio estatica C resultado do que Bergson chama de fun~iiofabuladora, que se desenvolve durante a evoluq5o para objetivos eminentemente vitais. 0 ser humano tem intelighcia, que representa ameaqa continua, sempre pronta a voltar-se contra a vida. 0 ser inteligente tende ao egoismo e a infringir suas relaq6es sociais; ele tern cons-

cicncia de sua pr6pria moralidade; conhece a imprevisibilidade do futuro e a precariedade dos empreendimentos humanos. Com suas fiibulas, seus mitos e suas superstiq6es, a religizo reforqa os laqos sociais entre o homem e seus semelhantes. Por isso, "a religiiio primitiva [. ..] C uma precaugiio contra o perigo que se corre, quando se comeqa a pensar, a pensar somente em sin. Altm disso, a religiiio dii a esperanqa da imortalidade, oferece ao homem a idCia de defesa contra a imprevisibilidadee a precariedade do futuro, e lhe d i o sentido de proteqiio sobrenatural e a crenga de poder influir sobre a realidade, especialmente quando a tCcnica se mostra impotente. Assim, a religizo C a defesa da ameaqa da intelighcia contra o homem e a sociedade. Nesse sentido, ela C religiiio natural, fruto e funqiio da evoluqiio natural. Para Bergson, essa religiiio estatica e natural C infra-intelectual. Mas ela niio C a unica forma


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.