História da Filosofia V6 Giovanni Reale

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Capitulo vige'simo segundo -

O personalismo: C ~ ? m a n ~Me oI u n i e ~e S ~ w o n Weil e

se fez batizar, justamente no ultimo instante, por urna amiga sua, Simone Deitz, com igua de torneira, no hospital. E Nazareno Fabbretti anota: "Seu breve, intenso, apaixonado caminho de vida e de pensamento para o absoluto, para Cristo, n5o por acaso teve a marca de urna radical pobreza de sinais exteriores: o quarto de urna clinica, a igua de urna torneira, urna leiga que a batizou". A vida de Simone Weil se consumou no amor ao proximo, na expectativa de um aceno da parte de Deus. Na Espera de Deus Weil escreve: "N5o depende da alma crer na realidade de Deus, se o proprio Deus n5o lhe revela esta realidade": ~ o i bem, s em 1935, em urna aldeia portuguesa de pescadores, Weil assiste a urna prociss5o durante a festa do padroeiro. "LA - conta Weil - me foi impressa para sempre a marca da escravidiio, aquela que os romanos imprimiam com ferro em brasa sobre a fronte de seus escravos mais desprezados. Dai por diante sempre me considerei urna escrava [...I. As mulheres dos pescadores faziam em prociss5o o giro das barcas levando as velas, e cantavam cantos sem duvida muito antigos, de urna tristeza lancinante. Nada pode dar urna idCia disso. Tamais ouvi um canto t50 doloroso, a n5o &r o dos bateleiros do Volga. Li, de repente, tive a certeza de que o cristianismo C por excelzncia a religi5o dos escravos, que os escravos n5o podem deixar de aderir a ele, e eu com eles". Em 1937 Simone Weil passa "dois dias maravilhosos" em Assis. E na capela da Porciuncula, onde "siio Francisco pregou t50

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freqiientemente", justamente na Porciuncula

-confirma Weil - "algo mais forte do que eu me obrigou, pela primeira vez em minha vida, a ajoelhar-me". Em 1938, em Solesmes, Weil segue as cerimbnias da paix5o. E foi ai que teve pela primeira vez a idtia de urna forga sobrenatural dos sacramentos, e a teve olhando "o esplendor verdadeiramente angtlico" de que parecia revestido o rosto de um jovem inglts depois de ter comungado. Foi esse jovem, o "mensageiro", que a fez conhecer a poesia Amor do poeta inglEs George Herbert (1593-1633).Pois bem, Weil aprende de cor a poesia; recita-a durante as crises violentas de dor de cabeqa: "Acreditava recitA-la apenas como bela poesia, enquanto, sem saber, aquela recitag50 tinha a forga de urna orag5o. Foi justamente enquanto a recitava que Cristo [...I desceu e me tomou [...I. Por vezes tambim, enquanto recito o pai-nosso ou ent5o em outros momentos, Cristo esti presente em pessoa, mas com urna presenqa infinitamente mais real, mais tocante, mais clara, mais cheia de amor do que a primeira vez em que me tomou". E ainda: "Em meus raciocinios sobre a insolubilidade do problema de Deus eu jamais havia previsto esta possibilidade de um contato real, de pessoa para pessoa, c i embaixo, entre um ser humano e Deus [...I. Por outra parte, nem os sentidos nem a imaginagiio tiveram a minima parte nessa conquista repentina de Cristo; apenas senti, por meio do sofrimento, a presenga de um amor analog0 ao que se 16 no sorriso de um rosto arnado".


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