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Intervenções no espaço escolar: publicidade, gênero e raça em debate

EIXO 2 - GÊNERO, EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO INTERVENÇÕES NO ESPAÇO ESCOLAR: PUBLICIDADE, GÊNERO E RAÇA EM DEBATE

João Alexandre Jataí Alves

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alexandre_alves_123@hotmail.com Mestrando em História (PPGH/UFC)

Marcela Souza Santos

marcela.souzasantos@yahoo.com.br Mestra em História Social (UFC)

1 APRESENTAÇÃO

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) era mantido com recursos federais, voltados a estudantes dos cursos de licenciatura, visando tornar a carreira atrativa aos estudantes de graduação, assim como inseri-los em escolas públicas, para conhecer o espaço escolar e suas realidades, desenvolvendo atividades inovadoras e atrativas para os estudantes e contribuindo para a formação dos bolsistas. Na Universidade Federal do Ceará, sob inscrição e coordenação da professora Ana Rita Fonteles Duarte, foi aprovado através de seleção, a criação do PIBID interdisciplinar Educação em Direitos Humanos: Gênero e sexualidade na Escola, criado em 2012, que tinha como bolsistas alunos dos cursos de licenciatura em História e Ciências Sociais. Neste trabalho buscamos apresentar um relato de experiência de uma das atividades realizadas com alunos da escola pública Estado do Amazonas, da rede estadual, onde trabalhamos junto com estudantes do 1º ao 3º ano do Ensino Médio, representações da cultura machista na mídia, especialmente em propagandas. As atividades com todas as turmas da escola foram realizadas nos anos de 2014 e 2015.

1.1 Justificativa

Objetivando promover os debates sobre direitos humanos na escola, propomos e realizamos uma intervenção discutindo os estereótipos machistas dentro da sociedade, usando como fonte principal a publicidade, percebendo como

as mulheres eram representadas nas propagandas utilizadas e relacionando estas representações com discussões sobre direitos das mulheres. Segundo o Mapa da Violência, de 2015, entre 2003 e 2013 houve um aumento de 21% nos números de homicídios contra mulheres no Brasil. Os contextos que envolvem as mortes de mulheres no Brasil são marcados pela violência doméstica e de gênero, violência esta sustentada por uma cultura misógina e machista que é constantemente reforçada por várias instituições, incluindo a mídia e a publicidade. Diante disso, consideramos essencial desconstruir junto a juventude estereótipos e arquétipos propagados pela publicidade, questionando assim as estruturas machistas presentes na sociedade. Estas discussões, mesmo geralmente ignoradas no ambiente escolar no período em que realizamos a atividade, estavam amparadas em documentos educacionais e em legislações, como os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário.

2 OBJETIVOS

Apresentar e discutir, junto aos estudantes, aspectos do machismo estrutural presentes na mídia e na publicidade e que criam e reforçam estereótipos a respeito das mulheres, como a objetificação das mulheres negras, o modelo de beleza física feminina e a ideia da submissão feminina diante do homem. Desta forma, debatemos aspectos do machismo estrutural que estão além de suas consequências mais óbvias e graves, como a violência doméstica e o feminicídio, ampliando assim as percepções de como a cultura machista e patriarcal está entranhada na sociedade, por vezes de forma simbólica e em aspectos cotidianos, reproduzindo-se nas relações sociais.

3 METODOLOGIA

Essa intervenção foi realizada em turmas de Ensino Médio da Escola Estado do Amazonas ao longo dos anos de 2014 e 2015, geralmente em aulas que eram cedidas por professores para que as atividades do projeto fossem realizadas. A intervenção nas turmas durava em média 2h/a, cerca de 100 minutos, em algumas ocasiões durando cerca de 3h/a. A atividade foi realizada em cerca de 12 turmas,

que tinham entre 30 e 35 alunos presentes cada uma. Essa intervenção era uma, dentre muitas que criamos ao longo desses anos que permanecemos atuantes na escola. Essa atividade foi realizada em diferentes períodos e turmas da escola ao longo de 2014 e 2015, pois o PIBID tinha outras ações e intervenções sendo realizadas e executadas nessa escola e na Universidade Federal do Ceará, além de contar com a disponibilidade de professores que cederam suas aulas para nossas intervenções. Iniciamos a atividade com a apresentação dos participantes dessa atividade, posteriormente exibindo propagandas para os alunos e lhes indagando acerca de suas interpretações sobre cada uma delas. As propagandas selecionadas eram de diversos segmentos, como cerveja, cosméticos, automóveis, joalheria, vestuário e cigarros (charuto), dentre outras, que representavam mulheres em posições de submissão e objetificação. A partir das propagandas e das impressões dos estudantes, debatemos como as representações na publicidade são uma parte das experiências femininas no cotidiano e não apenas no campo da imagem e do discurso. A presença discursiva e imagética na publicidade são uma evidência de que a sociedade tem experiências cotidianas de hiperssexualização de mulheres negras, do ideal branco como puro e das mulheres como produto e objeto, para satisfazer as vontades masculinas. As propagandas utilizadas eram das décadas de 1960 a 2000. Discutimos com os alunos como a violência contra a mulher foi se construindo e se consolidando historicamente, em processos que envolveram tensões sociais com movimentos de direitos e emancipação das mulheres. Ao se aproximar o encerramento da atividade, exibimos o curta Acorda Raimundo, acorda!, que apresenta uma inversão de posições sociais entre homens e mulheres, objetivando mostrar aos estudantes, especialmente aos alunos homens, uma representação do cotidiano de uma mulher casada, através dos olhos de um homem, buscando sensibilizá-los para o sofrimento que o machismo pode causar. Uma questão central nesse trabalho com estudantes é perceber como a violência contra a mulher é uma violência de gênero. Nesse sentido, pensamos o gênero na perspectiva da historiadora Joan Scott (1995, p.6): “(1) O gênero é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos (2) o gênero é uma forma primária de dar significado as relações de poder.” Assim sendo, acreditamos que a representação destes estereótipos dentro da mídia e da publicidade acaba por reforçar essas relações de poder que colocam

a mulher em situação de submissão e inferioridade diante do homem na sociedade patriarcal.

4 RESULTADOS

As alunas foram, de forma geral, as que mais participaram da atividade proposta, fazendo perguntas, emitindo opiniões e impressões. Boa parte delas demonstrou um posicionamento crítico diante das publicidades apresentadas, especialmente aquelas mais ofensivas em suas mensagens, como as propagandas da cerveja Devassa, do Sabonete Dove e da assistência autorizada da Volkswagen, a Via Costeira. Já os alunos pouco se manifestaram, a maioria permanecendo em silêncio durante a atividade. Alguns poucos se manifestaram de forma séria, fazendo perguntas e emitindo opiniões sobre o conteúdo e as mensagens transmitidas por estas propagandas. Outros manifestaram-se de forma jocosa, muitas vezes procurando descredibilizar a atividade e as críticas que buscamos tecer sobre o material que apresentamos. Assim, percebemos que ainda existe uma resistência dos alunos em debater temas relacionados aos direitos das mulheres, especialmente quando são colocados em posição de opressores, onde tomam posicionamentos mais defensivos. Os altos índices de violência doméstica e de gênero são resultados de uma estrutura machista, onde o homem é a figura dominadora e deve submeter às mulheres ao seu controle. Este modelo constrói estereótipos e arquétipos, tanto de homens como de mulheres, e estes estereótipos devem ser seguidos para que os indivíduos se enquadrem naqueles papéis que a sociedade espera que eles cumpram. Para tanto, várias instituições sociais replicam estes estereótipos para reforçá-los e manter a estrutura patriarcal como base da sociedade. A publicidade, neste ínterim, exerceu uma função essencial para esta manutenção, devido ao seu alcance e capacidade de penetração de mensagem que possuem, sendo uma das instituições mais eficientes em propagar arquétipos, valores e comportamentos. Entretanto, o público não reage passivamente a tudo que é veiculado pelas propagandas e pela mídia em geral. O que notamos, durante a aplicação da atividade, foi o senso crítico dos estudantes sendo exercitado e a capacidade de questionamento de mensagens replicadas pela publicidade, identificando elementos

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machistas e racistas presentes nas propagandas e se posicionando diante de tais elementos de forma crítica. Ao longo das atividades, sendo confrontados com propagandas de vários teores e de diferentes épocas, a maioria dos estudantes, em especial as alunas, foram perfeitamente capazes de perceber os problemas nas imagens e mensagens apresentadas e, mais ainda, identificarem-se como alvos de opressão e representações que as diminuíam e as colocavam em posição de submissão. Ainda notamos uma resistência por parte de muitos alunos homens em se posicionar em relação às mensagens machistas que foram apresentadas. Esta resistência variou entre um posicionamento de relativização daquilo que estava sendo apresentado até o deboche com o debate em si. Percebemos que uma quantidade considerável de alunos homens apenas permaneceu em silêncio diante da discussão que propomos durante as atividades, enquanto alguns poucos se posicionaram de forma crítica as propagandas.

REFERÊNCIAS

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul/dez.1995. WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil. 1ª Edição. Brasília: DF, 2015.

EIXO 3: GÊNERO, VIOLÊNCIA E VIOLAÇÃO DE DIREITOS

EIXO 3 - GÊNERO, VIOLÊNCIA E VIOLAÇÃO DE DIREITOS AS EXPRESSÕES DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA INTERNET: DISCUSSÕES ATUAIS DE UMA QUESTÃO ESTRUTURAL Barbara Rebeca de Sousa Rodrigues

barbara_1802.gs@hotmail.com Graduanda em Serviço Social (UECE)

Jade Muniz Araújo

jademuniz1999@gmail.com Graduanda em Serviço Social (UECE)

Samara Dávila Lima Nogueira

samaralima2845@hotmail.com Graduanda em Serviço Social (UECE)

1 APRESENTAÇÃO /INTERESSE DO TRABALHO A SER APRESENTADO

O Brasil é um dos países que mais concentra casos de violência contra a mulher no mundo e essas estatísticas não se resumem somente ao mundo físico: com o crescimento exponencial do acesso à internet, o ambiente virtual tornou-se mais um espaço onde mulheres são vítimas de violência de gênero. O relatório anual sobre as mudanças no mundo digital desenvolvido pela We Are Social em parceria com a Hootsuite, mostrou que até janeiro de 2021, cerca de 4,66 bilhões de pessoas em todo o mundo usam a Internet, um aumento de 316 milhões (7,3%) se comparado ao ano de 2020, além disso, o número de usuários de redes sociais é agora equivalente a mais de 53% da população total do mundo. É inegável a aceitação e a dependência gerada pela internet, por se tratar de uma ferramenta de acesso à informação e comunicação rápida. Todavia, compreendendo a força dessa plataforma, se faz necessário apontar também as problemáticas que a envolvem. Para algumas pessoas o espaço virtual é apenas mais uma ferramenta, contudo para outras existe uma relação que constrói o seu modo de pensar sobre si e sobre os outros. Rudiger (2011, p. 239) defende que se deve tratar o meio virtual como um possível ambiente de crescimento e aprendizado e não como uma vida alternativa dando a mesma poderes para mutilar nossa existência.

Assim como outras problemáticas sociais, o machismo é estrutural e perpassa várias áreas da coletividade, entretanto atinge, principalmente, a subjetividade de cada mulher. Os discursos são uma das diversas formas de banalização das lutas feministas, pois corroboram para que o ódio seja semeado em um espaço que ainda não é tido por muitos como real, a internet.

1.1Importância /Justificativa do trabalho

No Brasil, de acordo com o levantamento realizado pelo Centro Regional e Estudos para o desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC), no ano de 2019, 74% da população (134 milhões de pessoas) possui acesso à internet, estando presente em 71% dos lares do país. Assim, é necessária a compreensão sobre a capacidade dessa plataforma de potencializar a fala, na medida em que oferece um alcance mundial de conteúdo, além de possibilitar o anonimato, dando a estes a liberdade de disseminarem e fortalecerem discursos, a depender de seus interesses. Desde seu advento por volta dos anos 60, a internet teve uma rápida consolidação no dia a dia da população. Kirmayer, Raikhel e Rahimi, (2013) percebem que constantemente a internet dá espaço e cria novas possibilidades de socialização, conhecimento e experiências boas e ruins, contudo, pouco se estuda sobre as demais influências dessa ferramenta na vida das pessoas. Segundo Phillips (1974), se destaca a carga de influência da internet nas decisões pessoais dos indivíduos, por isso, é necessária uma análise sobre as possibilidades que a mesma dispões para que a violência também se faça presente em seu meio, no caso deste artigo em específico a violência contra a mulher. De acordo com Natansohn e Rovetto (2019, p. 31), no estudo das ciências sociais e na antropologia, violência e sexualidade podem ser compreendidos a princípio como categorias relacionais, antes de serem percebidas como conceitos preestabelecidos, isso porque se tratam de relações construídas na cultura, e não de forma concreta e universal. Ou seja, implicar esses conceitos a uma sociedade machista e patriarcal, com distinções de gênero, renda, trabalho, acesso e etc, significa uma mudança em seu significado, na medida em que traja novas possibilidades de agravos, nas palavras de Pelúcio (2015):

[...] Imprimir nesse mundo digital marcas da cultura na qual estamos imersos, valores de classe, acentuar marcas de raça/etnia, ou borrá-las. [...] O fato de estarmos imersas em ambientes online não nos isenta de ter um corpo, ao contrário. A criação de um avatar, nossa identidade iconográfica, passa por corporificar-se. (PELÚCIO, 2015, p. 92)

Segundo a ONG Safernet, que promove a defesa dos direitos humanos na internet trabalhando junto ao Ministério Público Federal, em 2019 haviam 7.112 denúncias de violência ou discriminação contra a mulher na internet e em 2020 esse número cresceu para 12.698, mostrando que os casos de violência online contra mulheres aumentaram significativamente nos últimos dois anos e segue contando. O número de denúncias de violência e discriminação a mulheres na internet cresceu cerca de 78% na comparação entre 2019 e 2020. (SAFERNET, 2021) A violência contra a mulher desencadeada através da internet deixa sobretudo sequelas psicológicas na medida em que atinge sua liberdade, posicionamentos, autoimagem, autoestima e assim por diante. Isso se dá através da disseminação de discursos machistas que reafirmam a sociedade patriarcal como regra, impondo padrões estéticos capazes de desenvolver agravos mesmo na saúde física, se idealizando o corpo magro e potencializando os riscos de anorexia e bulimia, principalmente entre o público feminino adolescente, estando este em fase de formação e compreensão das regras sociais que as cercam. Para Henrietta Moore (1994), a ameaça de violência, assim como ela própria, é uma forma efetiva de controle social, onde se perpetua a luta do patriarcado pela manutenção de certas fantasias de poder e identidade. Cabe ressaltar que essa lógica se aplica não somente ao gênero, mas também à classe e raça. Esse processo se dá de forma contínua, e se ressignifica ao longo dos anos, a depender do contexto cultural de cada época. De acordo com uma nota da Câmara Municipal de São Paulo (2020) sobre a violência de gênero na internet, uma das expressões da violência contra mulheres no âmbito digital ocorrem através da Pornografia de Vingança, quando há a divulgação de fotos intimas em sites ou redes sociais sem o consentimento da vítima e geralmente por um ex-companheiro; da Sextorsão, quando há a ameaça de divulgação de imagens intimas para forçar a vítima a fazer algo, seja por vingança, humilhação, chantagem financeira e etc.

Também há a Perseguição Online, em que o agressor faz a vítima se sentir vigiada e perseguida com a invasão de sua privacidade, outro exemplo é o Estupro Virtual, quando o autor do crime, por meio da violência psicológica, faz ameaças e chantagens à vítima, por ter posse de algum conteúdo íntimo e, com isso, exige favores sexuais por meio virtual, como coagir a mulher a despir-se em uma chamada de vídeo. Em todos esses casos a vítima passa por uma intensa violência psicológica podendo acarretar em violência física.

2 OBJETIVOS

Dessa forma, se tratando de uma das plataformas mais utilizadas no mundo e sendo campo rico para discussão e disseminação de ideias, estudos como este se fazem necessários na tentativa de aprofundar a temática e trazer elementos que possam causar uma reflexão crítica. O presente trabalho tem como objetivo identificar a relação entre internet e a violência contra a mulher, expor como acontecem essas violências e discutir qual o papel da internet dentro de uma sociedade machista.

3 METODOLOGIA

O presente trabalho é de caráter qualitativo, com o intuito de reunir as informações e os dados que serviram de base para o artigo, utilizou-se a pesquisa bibliográfica. Cervo e Bervian (1983, p. 55) definem a pesquisa bibliográfica como a que, Explica um problema a partir de referenciais teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. (p. 55)

Utilizamos como critério de inclusão os sites que tratavam sobre a violência contra a mulher na internet e autores como Rudiger (2011), Natansohg e Rovetto (2019) e entre outros para discutirmos a relevância do espaço virtual na sociedade contemporânea e para analisarmos como é mais um espaço de reprodução da violência de gênero, especificamente, contra a mulher.

4 Considerações Parciais ou Finais

O que se percebe atualmente é a ferramenta internet se aprimorando cada vez mais e de fato possibilitando um avanço para a população que a acessa, na

medida em que facilita a comunicação, a informação e até mesmo o comércio. Todavia, como supracitado, para que ocorra a manutenção do machismo na sociedade e estes por sua vez sigam se confirmando como força maior, a internet acaba por potencializar cenários de violências diversas, temor e desrespeito para com inúmeras mulheres. Os aparatos de comunicação digital podem colaborar para o nosso desenvolvimento como indivíduos integrados em uma coletividade, quando surge um ambiente inovador no qual se verifica “uma completa reorganização da forma como conduzimos nossas tarefas, nossas escolas, nossas vidas e, em última análise, nosso sistema nervoso.” (RUSHKOFF, p.17 apud RUDIGER, p. 258). Muitas vítimas ainda têm medo de denunciar e sofrem em silêncio, seja por vergonha de se expor, certeza da impunidade dos agressores, ou desconhecimento sobre esses tipos de crimes virtuais. A legislação brasileira está se atualizando cada vez mais para abarcar essa nova realidade trazida pela internet. Muitos crimes já são previstos e tipificados, e os agressores podem ser punidos por seus atos. Portanto, o machismo é um elemento estrutural da sociedade patriarcal em que vivemos e vem tendo uma efetiva adesão de algozes que utilizam do campo virtual. Por outro lado, na busca de uma mudança social no modo de pensar e agir dos indivíduos sociais, coletivos feministas têm gerado bastante discussão e compartilhamentos de conteúdos na tentativa de barrar uma opressão de gênero historicamente construída. Se faz necessária ainda o amadurecimento de leis efetivas por parte do estado, além do compromisso ético de coletivos, é emergente a discussão do machismo em escolas, e espaços públicos na tentativa de sensibilizar e politizar os sujeitos sociais. Dessa forma, as discussões não se esgotam neste artigo, compreendemos que essa pauta é de bastante relevância para trabalhos acadêmicos e buscamos o amadurecimento das ideias. Reconhecemos a indispensável e urgente defesa dos direitos das mulheres por toda sociedade.

REFERÊNCIAS

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

INFORMAÇÃO, Centro Regional e Estudos para o desenvolvimento da Sociedade da. Pesquisa Sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros. Tic domicílios. 2020. Disponível em: https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20201123121817/tic_dom_2019_livro_eletr onico.pdf. Acesso em: 22 abr 2021. GREGORI, Maria Filomena. Limites da sexualidade: violência, gênero e erotismo. Revista de Antropologia, p. 575-606, 2008. MOORE, Henrietta. “The problem of explaining violence in the social sciences”. In: HARVEY, Penelope.; GOW, Peter. (org.). Sex and Violence:The Psychology of Violence and Risk Assessment. 1 ed. London: New York: Routledge, p. 138–155, 1994. SÃO PAULO, Câmara Municipal de. Violência de gênero na internet: como é e como se defender?, 2020. Disponível em: <https://www.saopaulo.sp.leg.br/mulheres/violencia-de-genero-na-internet-o-que-e-e como-se-defender/>. Acesso em 03 de junho de 2021. PHILLIPS, David P. The influence of suggestion on suicide: Substantive and theoretical implications of the Werther effect. American Sociological Review, p. 340- 354, 1974. MORRISON, Catriona M.; GORE, Helen. The relationship between excessive Internet use and depression: a questionnaire-based study of 1,319 young people and adults. Psychopathology, v. 43, n. 2, p. 121-126, 2010. NATANSOHN, Graciela; ROVETTO, Fiorencia. Internet e feminismos: olhares sobre violências sexistas desde a América Latina. 2019.

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