DESENHO E RISCO Fernando Augusto S. Neto (org.)
DESENHO E RISCO
Fernando Augusto S. Neto (org.)
Departamento de Artes Visuais Centro de Artes
Santos Neto, Fernando Augusto (org.) Desenho e Risco Vitória, Espírito Santo, Maio de 2022 Organização e edição Fernando Augusto Luan Jacinto
Aos meus alunos dos cursos de Arte, Design e Arquitetura da UFES com quem trabalhei os processos de avaliação da disciplina desenho como produção e aprendizado.
Sumário Compartilhando Ideias
6
Aos Artistas e Profissionais de Desenho
10
Desenho e Risco
13
Alice Dilma
19
Caio Pinheiro
27
Danilo F. Rohrs
35
Dieck Filho
47
Eduarda Moratti
51
Elis Faé
59
Ingrid Rangel
68
Iza Santos
79
Juliana Santos
85
Livia Carolina
91
Lorena Noemi
98
Luan Jacinto
110
Lucas Ferrari
117
Luciano Belcavello
125
Mariana Nascimento
134
Pedro Zanetti
145
Raphaela Trindade
155
Rodrigo Alves de Oliveira
162
Ronaldo Duran
174
Zina Leal
186
COMPARTILHANDO IDEIAS Profa. Stela Maris Sanmartin
Gostaria compartilhar algumas ideias e ideais, para que nossos alunos se encantem egostem de aprender arte ou, quem sabe, de ensinar arte. Minha formação em Arte me permitiu viver processos criativos e criadores, explorar diferentes materiais e técnicas artísticas, bem como conhecer a história da arte e suas teorias. Mergulhada no universo da arte, nos anos 80 fui convidada para atuar como arte educadora na Secretaria de Estado do Menor em São Paulo. Imediatamente fui capturada mais me desviei dessa trilha. de uma equipe de jovens artistas. Com liberdade iniciamos o trabalho de ateliê com crianças e jovens e pudemos experimentar aquilo que considerávamos ideal, dentro das possibilidades existentes. Assim, como em um laboratório, experimentamos e trilhamos vários caminhos metodológicos, sobre as suas próprias práticas. A livre-expressão foi inicialmente adotada, pois acreditávamos que, para aprender arte, a criança tinha que experimentar os materiais e criar sem intervenção do professor, que apenas incentivava sua produção. Mas com o tempo percebemos que o repertório da criança não era ampliado na medida em que, nesta perspectiva, seus próprios recursos e conhecimento.
Vivenciando
muitas
frustrações,
escrevendo
relatórios,
outras possibilidades em nossas próprias experiências de formação, outras abordagens metodológicas para trabalhar com as crianças. As rodas para leituras dos trabalhos foram introduzidas na dinâmica das aulas, sem retirar a liberdade de fazer temas livres e experimentar os materiais.Assim, iniciamos o exercício do olhar, num primeiro momento pela apreciação e leitura dos trabalhos das próprias crianças, adolescentes e jovens como forma de perceberem o que estavam produzindo para então começar a apresentar trabalhosde artistas que dialogavam com os trabalhos que estavam produzindo. Como consequência da percepção de que precisávamos ensinar, começamos a experimentar propostas de trabalho. Com ateliês montados, recursos materiais abundantes e uma equipe que podia se organizar com autonomia para o atendimento, as ações começaram a se estruturar por meio de propostas abertas ou mesmo pelo estímulo dos materiais escolhidos e apresentados para cada aula. Assim o ateliê de percurso expressiva e criadora de nossos alunos.
orientar este tipo de prática pedagógica para o ensino e aprendizagem da arte e, no Enturmando tínhamos condições para realizá-lo. Sem propostas fechadas, cada aluno podiaescolher o seu caminho: tema, materiais e técnicas para investigação e, ao serem acompanhados de perto, recebiam do professor orientações para o desenvolvimentode suas pesquisas. Esta prática vinculou crianças, adolescentes e jovens com o ateliê e, por meio de suas atitudes, percebíamos a vontade de frequentá-lo todos os dias. Pouco a pouco aprenderam a gostar de ver, pensar e fazer arte. Como docente no Ensino Superior sempre tentei criar espaços e tempos para pensar sobre o ensino da arte para, conjuntamente com meus ação de educar. A Educação Criativa é meu interesse de pesquisa e vejo na abordagem desenvolvida pelo Prof. Fernando Augusto muitos dos princípios que levam ao fazer
Ao assumir a docência como um espaço de criação o professor pode pensar o ensino também como pesquisa em práticas artísticas e oportunizar o convívio dos alunos com processos criadores inerentes à arte, na medida em que mobilize os conteúdos internos e organiza situações de aprendizagem propostas abertas à imaginação, compartilha a alegria, os embates, o prazer e os obstáculos inerentes aos atos de alunos. Assim sendo, tanto as atividades docentes, como a de produção de arte pelos alunos lidam com o inusitado que envolve qualquer situação criativa. Durante estes quatro anos na gestão do Departamento estive aberta ao diálogo e disposta a criar junto com professores, alunos, servidores situações de ensino e aprendizagem da arte e estou muito feliz de poder participar deste livro em minha Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo. Muito obrigada Prof. Fernando Augusto e turma de Desenho!
Stela Maris Sanmartin é arte educadora, professora do Departamento de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo. Foi chefe do Chefe do DAV CAR UFES / 2020-2021
AOS ARTISTAS E PROFISSIONAIS DE DESENHO. Prof. Carlos Eduardo Dias Borges
Em um dado instante, algum instrumento marcante toca uma superfície mais maleável. Fere-a, deixando sua marca. Temos pressão e iniciar um movimento em uma ou mais direções, surge uma linha. Esta pode ser resultante de diversas forças. Pode ter variadas durações, diferentes intensidades e velocidades. Através dela é possível preencher áreas, sugerir espaços, reproduzir formas simular sombras e variações de cores. Estas ações, geradoras de desenhos, podem ser realizadas em qualquer superfície. Em geral são limitados a suportes próprios para as interações com os materiais empregados, que se diluem gradativamente, entregando-se aos planos e permitindo o surgimento de formas. Ao pensarmos em desenho, o papel é o primeiro suporte que nos ocorre. E o lápis é o objeto mais comumente selecionado como aparato para o sulcar, imprimindo as formas desejadas pelo desenhista. Há muitas variações deste instrumento que potencializam a exploração destas linhas e pontos, a diferenciação de áreas e superfícies, a criação de formas e a tradução de pensamentos, permitindo expressões das mais variadas. Os suportes também podem ser desde paredes, árvores, telas de computador, até mesmo o ar ou o mar.
Sob a égide desta palavra desenho, em diferentes escalas, diversos outros instrumentos e materiais são empregados representações,
abstrações,
ilustrações
ou
outras
múltiplas, como produzir arte, complementar textos e auxiliar na compreensão de projetos e ideias (“Entendeu ou quer que eu desenhe?”). Atos intimamente ligados ao pensamento. E assim, como o próprio homem, o emprego do desenho também propósitos mágicos e como parte de rituais dos nossos ancestrais, atualmente ele vem servir a diversas funções, desde a indústria à ciência ou ao propósito puramente artístico. Com tudo isso o desenho se manteve sempre indefectivelmente ligado à condição humana, como um meio que, independente dos materiais envolvidos ou do período histórico vigente, traduz o pensamento humano em forma. Todas estas possibilidades são abarcadas pelo conceito de desenho na atualidade. A despeito deste histórico condicionante, é a sua prática que conduz ao aprimoramento. Neste sentido, propostas variadas são elaboradas por educadores com o objetivo de provocar os interessados a que se fez e refazer, tentando aproximar ao máximo o resultado da intenção.
Nas propostas deste curso de desenho, diversas provocações criativas são apresentadas, visando preparar vez mais acelerada. Sempre endossando o emprego da imaginação e da criatividade, para se coadunarem com a prática como únicos parâmetros seguros de possibilidades de atualização contínua. Neste projeto notável, o artista Fernando Augusto sobrepõe sua experiência e criatividade como artista às tarefas do professor, agregando esforços e os canalizando para transformar uma avaliação em uma forma de exercício transcenderem sua condição de estudantes e direcionarem seus esforços para suas áreas de interesse. No processo praticam o trabalho em grupo, pesquisam conceitos e assumem responsabilidades inerentes à condição indelével de uma publicação. Atividade que, por sua vez, ocupa uma posição central no rol das práticas comuns aos artistas e
Prof. Carlos Eduardo Dias Borges Carlos Borges é artista plástico, professor de artes do Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal do Espírito Santo. Atualmente é o chefe do Departamento.
DESENHO E RISCO Prof. Fernando Augusto S. Neto
estudado em formato livro no lugar da avaliação convencional. Assim, ao invés dos alunos/alunas apresentarem portfólios em juntamente com algumas imagens dos exercícios realizados. Trata-se de um processo de avaliação, mas também de criação de um novo trabalho: a organização, mesmo que resumida, dos imagens, dos textos e a sua consequente apresentação em formato livro, para uma possível publicação, ou mesmo, disponibilização para um público maior. Para isso foi necessário a adesão e colaboração de todos alunos e o resultado é este volume que, certamente estimula o próprio ato de aprender e de ensinar.
Diversos exercícios desenvolvidos em sala são aqui, explicados e ilustrados nas apresentações dos participantes, seguindo o movimento do próprio curso com tentativas, descobertas e riscos pertinentes ao processo criativo e de permite comparar os trabalhos, perceber relações e o investimento de cada estudante no semestre. Anoto aqui a sequência geral dos exercícios propostos para apontar o que vamos encontrar no livro: Autorretrato (apresentação de si), pelos participantes, proposição de desenho diário e livro de sobre o chão que pisamos) Paisagem sonora (desenho de escuta do ambiente), Desenho linear e Desenho pictórico pelo Espaço negativo, introdução à teoria da Gestalt, Dobras (luz, sombra, tonalidades, criação de volume), Introdução à perspectiva, Desenho de paisagem. A encadernação manual, costurada, engendra o princípio ‘fazer o próprio Material de trabalho’; o elemento costura subentende a ação de agregar, unir diferentes materiais para formar uma coisa nova, uma ideia, um objeto que se desdobra, de um lado, em um receptáculo de imagens e ideias, neste caso caderno de desenhos e textos; do outro, um procedimento: o de desenhar-escrever com lápis ou caneta, na rua, nos cafés, em salas de espera, encontros, etc. possível de acontecer no ritmo da vida, segundo escreve Frederico Morais ‘em qualquer tempo e lugar, ontem, hoje amanhã, em um suporte qualquer’, como termômetro do viver.
A proposta autorretrato indica o desenhar se a si mesmo - desenho e texto. Quem somos nós? o que nos trouxe ao curso de arte? Como estamos vivendo nossa vida? O que buscamos? Neste exercício nos abrimos para falar dos nossos rostos, das nossas aspirações, da nossa batalha para estudar, do sentido de fazer arte num momento em que a pandemia e a tortuosa política brasileira tem nos faz perguntar: e agora? Para onde? Ou como dizia Millôr Fernandes: que país é esse? Neste contexto desenhar, escrever é resistir. “O Desenho do chão” (chão da casa – seguido de texto livre associativo do processo) é um exercício que sempre causa surpresa. Ao invés de desenhar um objeto isolado em cima da mesa, olhamos para baixo, e mais do que isso, para debaixo dos nossos pés, para o nosso quintal, com o propósito de ver, desenhar e travar uma conversar com nosso chão. Outro diferencial é o “Desenho de escuta” ou Paisagem sonora”, uma proposta que convida os estudantes à escuta da seguinte forma: de olhos fechados, devem desenhar os estímulos sonoros do ambiente em linhas não traço longo, para um ruído curto ou rápido, uma linha curta, para um som forte, uma linha forte, um som distante uma linha distante... e assim por diante. O representando, camadas de sons, tem a potência de nos envolver e nos levar até próximo ao vazio e pensar outras paisagens.
A questão “Luz e sombra” se apresenta como dobra, dobra de próprio do pensamento: pensar dobrar, combinar e desdobrar formas no tempo e no espaço é criar linguagens. Isso nos permitiu uma abordagem teórica dos conceitos de luz e sombra na religião, na ciência, na arte tradicional e na vida cotidiana. Luz é energia do sol que se recebe e se gasta cada dia, como vê Georges Bataille, mas é também elemento visual, com o qual se brinca, se cria imagens e situações ambientais. O claro e o escuro são elementos que estão nas dobras de um tecido amarfanhado, no corpo humano, na imaginação, no ambiente Eliasson “The Weather Project” da 50ª Bienal de Veneza (2003), ou nas projeções divertidas de Rashad Alakbarov, artista que, utiliza diferentes materiais e objetos para criar sombras e jogos de luz, que confundem nossa percepção. “Desenhar o espaço negativo como positivo”, é uma estratégia de observação e procedimento criativo poderosos. Desenhar as coisas pelos seus vazios, pela contra-forma pelos espaços negativos ou pelo contorno, causa estranhamento, pois propõe ver um objeto conhecido como algo estranho e isso não é fácil, é como virá-lo de cabeça para baixo, ou as avessas, mas esse é o caminho. Quando o conhecido se torna engessado, estranhar o já conhecido é fazer viver, é acionar outras capacidades do cérebro, é pensar o outro lado das coisas, o qual muitas vezes não está longe, mas do outro lado da moeda, nos vazios da forma. Trata-se de uma metáfora que está colado no concreto. Um objeto tem vários lados e o lado negativo é um deles. O mais inquietante. Assim, combinar formas pelo seu inverso, embaralhar os conceitos de forma e contra-forma para facilitar percepção e a representação de objetos no espaço é descobrir metáforas e metonímias, onde vazio aponta o cheio e o negativo tem o mesmo valor (ou mais) do positivo.
Acompanhando esses e outros exercícios, leituras de autores como Carolina de Jesus, Fernando Pessoa, Ferreira Gullar, Elias o ato de desenhar, de escrever, de escutar, de falar, de ver e de expressar. A observação se liga aos processos de livre associação, tanto de imagens quanto de fala. Aí surgem os exercícios “Desenho associativo de observação e de memória”, que propõem desenhar objetos e, à medida em que se desenha, visualizar (escrever e desenhar) os pensamentos involuntários, justapostos e/ou imbrincados com o desenho de observação, seguido da descrição do processo do fazer. Claro que neste caminhar acessamos, certamente o nosso inconsciente, como prevê a psicanálise, fazendo emergir desenhos reveladores e densos. Embora o direcionamento não seja o psicológico, mas o estético, vale lembrar as palavras de Tunga: “Psicanálise é 90% arte”, ou essa bela frase, atribuída à Heidegger: ‘é como poeta que habitamos a terra.’ “Desenho e risco” é um livro experiência. Ele se compõe dos portfólios de avaliação dos alunos tais como foram apresentados, sem uma seleção, revisão ou correção para publicação, por isso mesmo é um livro-risco que, pode parecer digitação, mas que não perde o seu frescor e o próprio risco de existir, de se fazer descobrindo. É isso que buscamos salvar com esse gesto ousado: o de propor como livro, um processo de aprendizagem verdadeiro, estamos em caminho, mas podemos dizer como Saramago: “até aqui cheguei”. Vamos em frente. Lá na frente talvez, percebamos que o erro, o acerto andam de mãos dadas.
Gosto de imaginar esta publicação daqui a dez ou vinte anos e os próprios alunos, sorrindo ao encontrarem aqui essas tentativas, erros, que os levaram até onde eles se propuseram chegar. Se isso acontecer só posso dizer: foi lindoooo! Para concluir, deixo aqui, meus sinceros agradecimentos a todos que ajudaram a fazer desta disciplina um curso experiencias e descobertas através do desenho, o qual não termina na sala de aula neste ano de 2022, mas continua cada vez nos lembramos dos exercícios aqui lançados e os colocamos em ação. Um grande abraço!
Fernando Augusto é artista plástico, professor do departamento de Artes Visuais da Universidade Federal do Espírito Santo-Es.
ALICE DILMA Atualmente estou morando em Vitória, mas já me mudei mais vezes que consigo me lembrar. Eu nasci em Guarapari onde morei por 12 anos. Depois, morei 6 anos em uma cidade chamada Anchieta. Depois morei 2 anos em Vila Velha e em seguida vim pra cá por conta da UFES (mas em cada uma dessas cidades me mudei muito).
Sobre a arte, sempre pensei que fosse fazer um curso sobre algo que tivesse como me relacionar com as pessoas. Ao terminar o ensino médio, comecei um cursinho pensando que faria psicologia e quase perto do vestibular percebi que era possível unir meu passatempo Sobre mim, eu costumo dizer que me assemelho à uma criança, ri igual criança, sonha mais que criança e vivo insistindo e observandoa criança que joga amarelinha no meu estômago, pois é dela que surge minhas melhores ideias e inspirações.
Alberto da Veiga Guignard foi um pintor e professor brasileiro que artista pelas suas pinceladas livres, sem muitas regras e sem muitas marcações. Gosto de como ele brinca com as cores. Foi proposto pela disciplina, a criação de um caderno de desenho essa experiência. Fiz mais de 5 cadernos, inclusive para presentear as mulheres da minha família. Esse caderno foi indicado pelo professor,que carregássemos ele passeios entre outros.Essa atitude contribuiu para que eu reparasse nas coisas de uma forma diferente, observando as cores os traços e como eu poderia transformar em desenho. O desenho passou a fazer parte dos meus dias, e pretendo no mês que vem na minha viagem para Minas Gerais, costurar um caderno e levar para fazer registros em forma de desenho.
Após a disciplina de Desenho de Observação, os caminhos do meu bairro se tornaram mais interessantes. Vi beleza neles e os transformei em arte.
Carlos Borges é artista plástico, professor de artes do Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal do Espírito Santo. Atualmente é o chefe do Departamento.
Após o feriado de carnaval decidi ir à praia e tive essa vista numa quarta feira de cinzas, que de cinzas, não tem nada.
CAIO PINHEIRO Oh my, prazer em conhece-lo. Bem, me chamo caio e, recentemente, estou completando o segundo semestre da ufes de artes visuais, algo que sempre gostei. Desde que eu era pequno, a ideia de trabalhar com desenhos sempre me atrairá e, devido a isso, desde que eu me lembro, eu sempre queria muito poder investir em meu futuro o usando, podendo ter uma boa vida fazendo algo que amo. Não há muito a ser dito sobre mim, então vamos para algo um pouco mais interessante, sim?
Bem, por onde começo? Talvez pelo por que. Por que estou fazendo esse dossiê? Bem, para contar um pouco sobre minha experiencia e compartilhar alguns de meus desenhos feitos durante o curso. Mesmo que não sejam grande coisa, acho que e sempre bom guardar para a comparação do antes e do depois, além de poder guardar lembranças dos aprendizado e que fora ensinado Dentre as atividades a serem selecionadas anteriormente, eu decidi que iria querer usar os desenhos em espaco negativo. O principal motivo foi o interessante conceito de tentar desenhar apenas uma “sombra” branca presa a em um espaco negro, forcando a me adaptar para tentar algo novo e criativo, uma visao que eu honestamente so descobrirá quando exposto a tal. Pra dois deles, eu segui a forma mais comum do desenho negativo, já no da natureza, eu decidi tentar recriar uma pequena paisagem tirada por uma amiga. Já por materiais, ouve mais a presença de carvão e uma caneta para pintura especializada, traçados sobre um desenho já feito
PAISAGENS SONORAS Em relação aos novos temas, todavia, eu decidi escolher o desenho com uma tipagem mais abstrata, os desenhos sonoros. A ideia de tentar desenhar um som prendera a minha atenção na época, de tenatar alg que voce sentia, algo que não podia se ver. Dois deles gunda sendo mais agitada, porem repetitiva. A dos circulos, porem, gira em torno de uma sensação de dor que eu estava tendo um dia, que apesar dos meus esforços, a dor apenas se propagava, apesar de lentamente diminir
Meu artista escolhido foi Abel Rodrguez, ou don Abel, um artista que nasceu na Amazonia colombiana, sendo considerado um Nonuya e que fora treinado desde a infância para ser um nomeador de plantas, sendo isso uma espécie de especialista sobre as diversas espécies botânicas ao longo da região, sabendo tanto a sua praticidade e importancia. Ao se mudar Bogotá, ele começa a deobras servem para preservar e transmitir seu conhecimento aos próximos. Seus desenhos são feitos de forma paciente, imbuindo bastante natureza se mostra, desenhando exatamente cada ganho, folha, fruta, levando o tempo necessário para tal. Além disso, seus desenhos vem junto com os desenhos de animais, que se alimentam das frutas e nutrem as folhas ao redor, exibindo que a árvore sozinha não é o desenho em si, mas sim ela e tudo e todos ao redor, mostrando todo o ecosistema ao redor de tal .
CONSDERAÇÕES FINAIS Preciso admitir, tal disciplina fora melhor do que eu esperava. Eu já esperava ser bastante importante, porém ela tambem conseguirá abrir um pouco mais meu aspecto crítico e criativo e, com aulas como as de desenhar com a minha maos mais fraca ou contra o tempo, conseguira causar um impacto grande na minha forma de ver a matéria, algo que serei bastante grato por.
DANILO F. ROHRS
AUTORRETRATO DESENHO, ESCRITA, E O QUE VIER.
de Gracinha e Seu Luciano. Apesar dos meus 37 anos, posso dizer que na arte sou criança, sempre fui admirador das pessoas que desenham, pintam, escultores, gravuristas, ourives e todos que se dedicam a arte. Porém, deixar o meu papel de espectador para assumir o de aprendiz é algo novo, o que tenho feito com muita energia. Nesse contexto, tudo me entusiasma, principalmente o desenho, que me deixa dizer o que não consigo escrever e nem fotografar. Desenhar me tira um peso das costas, me coloca juízo e me lembra da beleza do mundo.
DESENHO RÁPIDO COM A MÃO ESQUERA DESENHO DE PAISAGEM NATURAL Dentre todas as atividades propostas durante o semestre de Desenho II, decidi me dedicar a duas que creio serem as mais importantes para o meu aprendizado. A primeira, o desenho rápido com a mão esquerda, me causou muito impacto. A princípio com a descoberta da mão esquerda no desenho, algo que provavelmente não teria pensado por conta própria muito menos tentado, caso viesse o pensamento. A resposta no papel é rápida, a maior parte é vazio, dado o pouco tempo de desenho, quem desenha. Nesse sentido pude tirar um pouco do peso da ideia abstrata de perfeição que ainda carrego nas coisas que faço, aprendi que não vem dai a beleza que mais aprecio, que posso desenhar em qualquer lugar, que tenho duas mãos que desenham, que não preciso de materiais caros (basta uma caneta bic). Dessa forma, desenvolvi mais alguns desenhos do tipo que aqui apresento. Mas deixo claro que farão parte de uma serie eterna, acredito que será um tipo de desenho que irá me acompanhar em todo papel e minuto de vontade.
A segunda escolha é o desenho de paisagem natural, ao ver os trabalhos da Christine Enègle, com a sua sensibilidade, percepção dos detalhes e formas dos troncos de árvores, me vem à memória as milhares de lembranças que tenho trabalhando e vivendo na mata. Por quase 7 anos trabalhei em meio a caatinga, mata atlântica, cabruca e o cerrado brasileiros, sinto falta do barulho, do vento, dos cheiros e de estar conectado com aquilo tudo. Também tenho o mesmo sentimento saudosista que incorpora lembranças da minha infância, quando percorria as matas com meu pai, aprendendo sobre cada bicho, planta e tipo de terra. rante minhas passagens pelas matas nordestinas, para desenvolver minha próprias paisagens naturais. Busquei a obra do ceramista Megume Yuasa, incorporando representações de algumas de suas esculturas esféricas nas paisagens, uma referência a tudo que não é tangível e que tem presença forte numa mata. Nesses locais vivem muito mais do que animais e plantas, um breve momento de contemplação basta para chegar a essa conclusão, mas vale a experiência de alguns dias para que outras forças se mostrem.
Os desenhos deste tema foram realizados com modelo vivo, tempo utilizado foi tomado individualmente. Os trabalhos foram sequenciais.
Tempo: 6 minutos
Tempo: 5 minutos
Tempo: 5 minutos
Os desenhos deste tema foram realizados utilizando diversos materiais, de madeiras nobres como o Jacarandá Rosa, Jacarandá da Bahia e Peroba foram utilizados para confecção dos pigmentos amarelo, marrom e violáceo presentes nos desenhos.
sobre papel 300g Tamanho: A3
Bahia), sobre papel 300g Tamanho: A3
ARTISTAS CITADOS Megume Yuasa: Escultor e ceramista, nascido em São Paulo, é autodidata inicia seu trabalho em 1960 e expõe no Brasil e exterior desde então.
Christine Enrègle: Artista parisiense, Phd em Artes Visuais pela Panthéon-Sorbonne University, docente na Escola Condé de Design em Paris.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A disciplina Desenho e Paisagem foi para mim um encontro transformador. Em primeiro momento uma surpresa, esperava da disciplina o padrão quadrado acadêmico, com seus conteúdos didáticos engessados, obrigações e burocracias, como é em quase tudo nas universidades. Mas essa produto padronizado. Em sentido oposto, a disciplina se mostrou muito além do ensino de uma técnica para o desenho ou a mera informação conceitual de paisagem. Pessoalmente foi um despertar para fazer coisas inusitadas, desenhos que pensamento antes e durante o desenho, foram para mim uma mudei o jeito de trabalhar, arrisco mais, experimento mais, penso ainda mais. São coisas que me foram incorporadas e provavelmente estarão presentes por muito tempo em qualquer trabalho que eu desenvolva. Quase tudo o que fazemos é uma escolha, ainda que não pareça ou que as opções não sejam as melhores. Escolhi cursar a matéria, não pertenço ao curso em que está inserida e não teria "obrigação" nisso. Feliz escolha, que o entusiasmo nunca nos falte.
DIECK FILHO Nome: Dieck Filho Idade: 20 anos Cabelos: Preto e Curto Olhos: Preto Peso: 72kg Altura: 1.89 Força: 60 Destreza: 80 Inteligência: 30 Percepção: 20 Poder: 50 Classe: Sorcerer [Feiticeiro] Atributos: Feiticeiro de Vinheim. Escola Dragão. Lança feitiços de alma no papel. História: Entrou na UFES para aprimorar seus conhecimentos na magia do desenho, técnica e conceito. Tem por objetivo fazer ilustração voltada para o mercado de splash art. Artista escolhido: Kentridge (Preto e Branco).
Texto desenho 1 Essa cidade demorou um tempo para fazer, mas foi legal ver seu resultado. Texto desenho 2 Esse é um desenho de uma rua e esse demorou também pra fazer, achei legal de fazer as luzes e sombras, usei apenas
Texto desenho 3 Essa é uma esquina próxima a minha casa, eu fui na rua tirar a foto de alguma coisa para desenhar em perspectiva e ai fui na quina dessa casa pra fazer ela em dois pontos de fuga, foi divertido e me deu um pouco de medo, mas deu tudo certo, assim como esse também me inspirei em Kentridge com as pouco distante.
EDUARDA MORATTI Oii, meu nome é Eduarda Moratti e tenho 19 anos no momento que estou escrevendo isso. Moro em Vila Velha - ES, mas fui nascida e criada em Cariacica. Estudo Artes Visuais na UFES, um curso que não é meu foco porque eu sou apaixonada por Design, mas que me surpreendeu muito com algumas matérias bem legais e interessantes. Pra você entender um pouco sobre os meus desenhos, eu tenho que te falar um pouco sobre mim. Sobre minha personalidade: tenho minhas dúvidas, mas falam que sou uma pessoa divertida e organizada. Gosto de sempre estar trazendo meus sentimentos e um pouco de mim pros desenhos. Aqui te pixels. Os meses desse período foram muito difíceis pra mim, ocorreram muitas mudanças drásticas na minha vida e eu tentei expressar dessa matéria, porque - como vocês podem perceber - minha praia é desenho digital. Porém, sair desta zona de conforto e praticar no papel com certeza agregou bastante para os meus conhecimentos em desenho.
( 148 x 210 mm - A5)
ELIS FAÉ
Meu nome é Elis Vezzoni Faé! Tenho 18 anos e vivo em Cariacica, ES. Desenho desde a infância, mas passei a me dedicar mais a partir dos 10 anos, quando me interessava por moda e uma coleção de bonecas chamadas "Monster High", da Mattel. Sou autodidata, aprendi tudo que sei até o momento por plataformas digitais como o YouTube, Google e grupos no Facebook. Sou muito fã de animações infantis e pretendo trabalhar nessa área no futuro. Minhas favoritas são She-ra e as Princesas do Poder, Steven Universo, Hora de Aventura e a maioria das que foram feitas pela Disney; também tenho um grande apreço pela dublagem, então também penso em procurar algo nessa área no futuro. Gosto de literatura,animes, polgo facilmente falando das coisas que tenho interesse, por mais que não seja muito energética na maior parte do tempo, sou uma pessoa introvertida e me considero de fácil convivência.
Escolhi desenho livre para as atividades com o mesmo tema que as da primeira avaliação. Acredito que a liberdade criativa me dá conescolha de cores, por exemplo. Eu raramente pinto os meus desenhos, porque tenho receio de não achar as cores certas, ou de não conseguir chegar a um resultado que me satisfaça o bastante para ser apresentado, mas no desenho livre, onde eu não tenho restrição alguma, eu posso errar e consertar meu erro quantas vezes eu quiser. Posso demorar no trabalho, ou só esboçá-lo em alguns poucos minué muito importante pra mim, porque a arte durante toda minha vida foi sobre me tranquilizar e me fazer pensar nas partes boas de viver. Os lugares e personagens aqui apresentados fazem parte de quem eu sou hoje, e tocaram meu coração em algum momento da minha vida, por isso, são de extrema relevância emocional pra mim. Utilizei para os desenhos digitais, que são os que mais gosto de fazer, a plataforma Clip Studio Paint, observando as imagens de referência vir necessidade de mudá-las. Acredito que o artista que meus trabalhos mais trazem referência é Edward Hopper, por carregarem os cortes severos dos planos de imagem, e a pintura bem trabalhada, por mais que seus trabalhos utilizem as paisagens com propósitos muito diferentes dos meus.
Essa obra foi realizada utilizando como referência uma foto que tirei da minha família em Anchieta, quando meu irmão, minha cunhada e minha prima jogavam vôlei juntos. Foi uma peça divertida de criar, já que retratava um momento de tranquilidade em que todos estavam contentes e juntos. Minha família é muito importante para mim, então fazer esse desenho e relembrar esses momentos foi muito especial.
Desenho realizado observando uma foto da personagem Yae Miko, recentemente lançada no jogo Genshin Impact. É uma personagem com um design muito detalhado, por isso exigiu muita atenção de mim representar os poderes da personagem, além de chamar ainda mais atenção para o seu cabelo.
Essa obra, também produzida digitalmente, teve seu início no papel, porém, eu decidi que pintaria ela no computador, porque queria poder trabalhar mais nela do que eu seria capaz de fazer no tamanho original e no papel. Aproveitei para consertar alguns pequenos protambém é um personagem do jogo que eu gosto, porém, ao invés de desenhá-lo no seu traje original, decidi tentar imaginá-lo com uma camiseta comum, do dia a dia, fazendo uma pose para uma foto no celular. O gesto com a mão foi escolhido por representar o "rock", que é o estilo musical que eu imagino que esse personagem ouviria.
Acredito que o que tenha me chamado atenção nesse trabalho foi como o clima pode ser lido claramente a partir apenas de uma silhueta de um castelo, árvores e pássaros. Ao falar os elementos dessa forma, geralmente, a primeira coisa que se pensa é uma paisagem alegre, como as desenhadas por crianças que sonham em ser princesas, mas a realidade da obra adquire um tom totalmente diferente pela saturação baixa, os traços grotescos das folhas aciculifoliadas e a construção sombria.
Essas paisagens foram feitas utilizando a técnica de perspectiva Os lugares retratados foram cenários que presenciei durante minha viagem para o carnaval desse ano, tiveram que ser feitos rapidamente pois eu estava acompanhada no dia e não podia deixar minha família esperando. De qualquer forma, foram desenhos que gostei muito de produzir, por mais que seja uma artista que foca em retratos na maior parte do tempo.
Essa disciplina me ensinou muito sobre mim mesma, por mais que possa parecer inusitado dizer isso, já que “desenho e paisagem” não é um nome que faz tanta referência ao artista; mas por incrível que dentro de si e é exteriorizado em forma de traçados, cores, formas, tamanhos e jeitos diferentes. Arte é uma forma de linguagem, e é também, um pedacinho da alma de cada um. Além de me ajudar a me conhecer como artista, aprendi muitos estilos de trabalho diferentes dos que eu estou acostumada a fazer, aprendi a prestar atenção no subentendido, no que não costuma ser notado, nos detalhes e nas coisas simples. A princípio, algumas atividades me pareciam sem sentido e eu não me sentia compelida a trabalhar, mas depois de um tempo passei a entender melhor a matéria e seus propósitos, depois desse ponto, trabalhar nas atividades propostas se tornou muito mais fácil. Me sinto muito orgulhosa do meu crescimento comparando meus novos trabalhos com os que eu produzia quando comecei a matéria. Acredito que ela foi um passo importantíssimo a ser tomado em por me dar oportunidade de trabalhar o meu lado artista que é uma das partes de mim que eu mais amo.
INGRID RANGEL
Meu nome é Ingrid Sales Rangel, tenho 18 anos e estou tendo várias experiências enriquecedoras no meu curso. Me descobrindo e me encontrando em cada momento. Penso estar superando expectativas e alcançando coisas inimagináveis. Cursando o 2 período em licenciatura em messas, mas sonhos, desfrutando de cada momento. Tenho 18, em breve 35 e eu ainda não sei o que eu quero. Já me imaginei de diversas formas, trabalhando com diversas áreas, mas não sei se juntar o útil ao agradável vai dar certo. Penso que sim, mas vai que não. Tudo me pesa, e quase nada me alivia. Tentando encontrar meu equilíbrio nisso tudo. PROPOSTA DO DOSSIÊ
Os trabalhos aqui expostos tem por objetivo desenvolver novos métodos de desenho, de expressão, e o lado mais profundo do nosso subconsciente, explorando e despertanras as quais devemos muitas vezes ultrapassar limites para conseguir chegar em um resultado agradável.
Carvão sobre papel canson(210 x 297 mm - A4)
Meu 4° auto retrato, espelhando melhorias e felicidades de estar genuinamente contente com o meu trabalho. Dando forma às minhas tente em dizer que é rotineira. Há muito o que melhorar ainda porém
( 148 x 210 mm - A5) (297 x 420 mm - A3).
foco. Me localizei e então vi o topo da pedra, mirei nesta direção e comecei o meu trabalho, várias pessoas passavam olhando com muita curiosidar uma solução agradável ao meu trabalho, o que me deixou satisfeita.
tário na minha casa realizado em pé no meu banheiro, em torno de 15 minutos explorando toda essa relação de se atentar aos detalhes, não ter apoio no pulso e novamente estar em pé, cabeça abaixando e subindo o tempo inteiro, observando de onde estava vindo a luz, onde se localizava a sombra, em quais direções estavam as folhas e etc. Eu adorei o resultado e me sinto bem orgulhosa desde a última tentativa de desenho em pé.
Desenho observando uma planta da minha varanda, tentando retratar seu tamanho, seus detalhes e sua leveza. Ela tem quase 2 metros de altura, porém galhos delicados. Um contraste um tanto interessante, de todos os seus ângulos ela sempre chama atenção, seja para nós que moramos dentro de casa, seja para visitantes ou curiosos da rua.
Carvão sobre papel canson(210 x 297 mm - A4)
Desenho realizado observando uma foto da atriz Whoopi Goldberg, quando mais jovem que vi no twitter. Tentando decifrar o que eu vi, as relações de claro e escuro, a estrutura de seu corpo e cabelo e os pequenos detalhes.
(297 x 420 mm - A3).
‘’Dias de verão ao teu lado, todas as músicas que tenho como favoritas ecoando dentro de mim enquanto sinto o vento no meu rosto, me sinto voando e sempre nas nuvens. Eu não trocaria isso por nada. Dias chuvoso, nublados, calorentos e apenas eu e você.’’ Fiz um desenho juntamente com um poema retratando o meu amor por andar de bicicleta, o meu tempo dedicado a isso e o quão bem isso me faz internamente. Independentemente da situação.
Desenho feito através de canetinha compactor sobre papel (210 x 297 mm - A4)
Desenho realizado observando uma foto de uma modelo. Tentando decifrar o que eu vi, as relações e as texturas. Quando colocamos uma imagem de cabeça para baixo, isso pode ajudar na proporção e no escorço, tornando uma experiência mais fácil e ágil. Isso nos ajuda a concentrar nas formas e nas relações, em vez de no desenho em si, que pode parecer muito difícil e até intimidante.
Caneta preta faber castel sobre papel canson(210 x 297 mm - A4)
Construo minha relação com o artista William Kentridge a grossas e corridas que apresentam mais do que aparentam. Por meio destas é possível ver o seu desenvolvimento, o seu processo, sua leveza e sua morbidade. Traços corridos que não se decidem se querem ser soltos ou limitados. completo. Suas técnicas mistas, misturando materiais e texturas me fazem querer mais e mais fazer experimentações tornam o mundo de Kentridge mais múltiplo e aberto a possibilidades, o que me instiga cada vez mais em seu trabalho. lhando em Kentridge e sua forma de usar os materiais, técnicas e conceitos. Com um olhar único em cada movimento e tentativa, tentando passar ao público todo o meu processo em tela.
Carvão sobre papel fabriano (210 x 297 mm - A4)
CONSIDERAÇÕES FINAIS Agradeço pela oportunidade de estar nesse curso que considero essencial na minha vida. É um lado meu que precisava ser ouvido, desenvolvido e trabalhado. Nessa disciplina me
Ultrapassei alguns limites e continuei tentando. De primeira confesso que não entendia alguns exercícios, não achava útil, me negava a fazer. Mas agora já tenho perspectivas diferentes a respeito do meu trabalho e com certeza de mim mesma. Há muitas coisas nas quais preciso trabalhar, eu sei. Mas tenho certeza que com paciência e várias tentativas eu vou chegar lá. Agradeço a disciplina e agradeço a você, professor.
IZA SANTOS Ainda não entendi muito bem se a gente tem que começar a biograIza, nomes artísticos me deixam agoniada porque tenho medo de criar um nome e ele deixar de representar quem sou anos depois. Tenho 18 anos, nasci em uma cidade costeira minúscula chamada mente moro em Viana e tenho sérios problemas envolvendo burocracia e crises existenciais sobre ser brasileira ou não.
Sou uma perfeccionista nata e uma procrastinadora melhor ainda, inclusive tudo o que você verá na minha parte deste livro foi milimetricamente deixado pra última hora. O que mais me capta é utilizar tudo da maneira mais íntima que me vier (essa frase não tem contexto mas precisou ser dita). Me sinto viva quando me vejo conectada ao mundo, à natureza, quando canto, quando corro, grito, e choro de felicidade por nenhum motivo. Me sinto feliz quando me sinto humana. A arte me vem como forma de conexão com aquilo que me rodeia e aquilo que sou. Gosto de compor músicas, poemas, textos, sou fotógrafa, faço teatro e por causa dessa maténada por caipirinha e desenho animado.
PAISAGENS FRAGMENTADAS Nanquim sobre papel Pequenas observações de detalhes que compõe um todo, momentos em locais diferentes que retratei e que me captaram, mas não tinham o porquê. Coisas que a gente olha de relance e não enxerga. PROPOSTA DO DOSSIÊ de início porque a ideia de retratar algo a princípio invisível, como o som, me instigava. A sinestesia que me atingia quando começava a desenhar me deixava em um estado de atenção e cuidado com o que me rodeava e visualmente a abstração das obras me agradou. Com o tempo isso foi tomando proporções mais profundas e passei a prestar atenção não só ao som, mas a todo o processo que poderia envolver sua formação. O som surge no movimento, então me movi. HANS HARTUNG Um pintor alemão que conheci durante as aulas da matéria acabou alugando um triplex na minha cabeça. O trabalho de Hans em vida consistia na gestualidade, uso do inconsciente e constante processo de experimentação, ele trabalhava em suas telas o movimento, invertendo a relação de pintar o movimento para movimentar para pintar. pois no momento estava em uma luta para entender como poderia levar para a arte o conceito de movimentação.
PAISAGEM 01 (Ouvido de Mergulhador) Tinta acrílica e chuva sobre tela’ Foi a primeira tela que pintei na vida então a enxergo com carinho. Tentei retratar o embaçar do som após emergir do mergulho, quando a água te tampa o ouvido e não dá pra entender com clareza o quebras das ondar do mar, das pessoas falando, do vento. No dia em que pintei estava no meio da chuva, numa tempestade, no quintal de casa, então passei a movimentar a tela simulando o movimento de emergir enquanto ela era atingida pela água.
PAISAGEM 02 (Grave) Tinta acrílica sobre tela Estava num rock de carnaval, bêbada com as minhas amigas, quando me sentei numa escada e parei para prestar atenção na sensação do funk alto e da minha mente ondulando e cambaleansonora.
PAISAGEM 03 (Sopro) Tinta acrílica e talvez um pouco de saliva acidental sobre tela Fui de babá para um parque de diversões acompanhando meu primo pequeno. Quando entrei num brinquedo que consistia numa barca balançando como um pêndulo, falando assim nem parece tão divertido, mas acabamos voltando 7 vezes. Em uma das vezes prestei atenção na sensação do vento forte soprando e assoviando no meu rosto. Pintei essa tela com sopros me baseando nessa exsabão, deixei que tudo se formasse sem interferência de nada a não ser vento.
JULIANA SANTOS Ju. De que? Ju de Júpiter. tanto com Juliana. Tenho 21 anos, e mil vidas nesses poucos anos. Moro em Vila Velha, no Espírito Santo. Respiro a arte para superar a vida. A arte é troca, é o que mergulha no caos, que o recorta, dando forma a ele. A arte é expressão, cultura, política, posicionamento, razão e protesto. As diversas facetas da arte, e formas como se representam no meio social me cativam, e inicialmente me refugiei na escrita, seguindo após no desenho. Agora, graças a faculdade me aventuro na escultura, e em todos os materiais possíveis çou como se fossemos uma só.
Ao longo da disciplina de Desenho e Paisagem, ministrada pelo professor Fernando como auto retratos. Contudo, a partir da elaboração de outras propostas como paisagens sonoras, me vi criando afeição pela abstração de uma forma completamente nova e até acolhedora. O reconhecimento de um limite que até então eu não sabia que existia, me mosa proposta mencionada me reconheci nessa abstração, nessa poluição sonora urbana, e na sensibilidade dos traços que representaram os sons ouvidos.
Vi essa abstração em outras propostas, como o desenho de tecidos, e nessa me foi divertido observar as novas perspectivas sobre aquele muitas propostas que teriam por vir.
relação a demanda constante de trabalhos. Eu me senti desaque antes eram invisíveis, me vi evoluindo enquanto artista e estudante. Obrigada pelas aulas, professor Fernando.
LIVIA CAROLINA Sou uma artista brasileira de 19 anos, nascida em Vila Velha, no Espírito Santo. Durante grande parte da minha vida artística tenho sido autodidata. Contudo, recentemente, ingressei na Universidade Federal do Espírito Santo, onde curso Artes Visuais. Trabalho com tinta a óleo desde os meus 15 anos de idade, e ao longo deste processo observei grandes mudanças e meios distintos de abordar temáticas que estão em ascensão na sociedade. Acredito que a arte seja o condutor mais puro dessa vida. Dessa forma, gostaria de citar um trecho de uma fala da artista estadunidense, Georgia O'Keeffe que mexe completamente comigo. Ela disse: “Acredito em ter tudo e fazer tudo o que você e é isso que me move.
Carvão, General's; Graduações: 2B, 4B, 6B e 558. Borracha: Mono zero 2.3. Papel Hahnemühle Grey 120 g/m. Tamanho: folha A5
Carvão, General's; Graduações: 2B, 4B, 6B e 558. Borracha: Mono zero 2.3. Papel Hahnemühle Grey 120 g/m. Tamanho: folha A5
Carvão branco, Gioconda; Koh-I- Noor hardmuth, 8312/3 Papel Canson Black 120 g/m. Tamanho: folha A5.
homem x natureza, descrito anteriormente. Aqui encontra-se a harmonia e a beleza mais autêntica. Contudo, agora, sem nenhuma interferência humana.
Embalagem plástica. Tinta a óleo, Acrilex. Dimensões: 8 x 8 x 2 cm.
cópia do real, surge, nesse estilo, uma manifestação fervorosa da subjetividade. Com isso, aprendo algo novo todas as vezes que “mergulho” em retratos e/ou autorretratos.
CarbOthello pastel seco, Stabilo; Papel Canson Grey 120g/m. Dimensões: 7 x 8,5 cm.
Carvão, General's; Graduações: 2B, 4B, 6B e 558. Borracha: Mono zero 2.3. Papel Hahnemühle Grey 120 g/m. Tamanho: folha A5
Ao decorrer deste semestre tornou-se árduo o ritmo de produtividade. Com isso, inicialmente, encontrei um prazo curto e, principalmente, conseguir manter uma certa qualidade em cada atividade proposta. Mas depois de um tempo, percebi que não era apenas uma luta contra os prazos, mas sim uma forma de conhecer novas maneiras de lidar com a autocrítica e o resultado concluir uma disciplina que agregou tanto em meus trabalhos. Agradeço ao professor Fernando pelas aulas e a cada dinâmica dada em sala.
LORENA NOEMI Lorena Noemi. Lorena, nome escolhido pela minha mãe, sigраi: "suave". Uma mistura de coisas opostas que resulta numa bagunça agradável (às vezes); marcam 18 anos de experiências e de memórias que não me lembro tão bem. Em mim reina a guerra e a paz, o doce e o amargo, a certeza e a indecisão. Será que o nome composto me separa em duas? Não sei dizer ainda, mas pretendo descobrir. A minha parte brasileitem amor aqui também, tem arte; talvez daí sai a cola que gruda a Noemi e a Lorena. Uma colagem, uns traços, uma pintura aqui e ali e surge eu. A “Eu” tão difícil de lidar mas necessária de amar. Não como obrigação, mas sim evolução. Estou evoluindo.
Escutei em mim Tinta guache e acrílica. Papel Cartolina 90g/m.
Durante a disciplina de Desenho e Paisagem, ministrada pelo professor Fernando Augusto, percebi o fascínio que tenho por representapaisagem em suas técnicas. A disciplina foi muito estimulante, com exercícios ótimos para mergulhar no fazer artístico, além de que fomos uma turma muito participativa e orientada com ótimas colocações pelo professor. Particularmente, durante o primeiro contato presencial enquanto eu desenhava uma paisagem, o professor disse que ceberia sozinha. Confesso que me desenhar não era um hábito até o começo da disciplina, e está sendo um processo indescritível fazê-lo e externalizar minhas inúmeras versões em conjunto com paisagens que eu vejo e que sinto que existem dentro de mim. Nesse sentido, o foco dessa avaliação será em torno dos seguintes exercícios: autorretrato e elaboração de paisagens sonoras e naturais. Enfatizo principalmente que essas atividades colaboram para um crescimento pes-
Externalizada Pastel oleoso sobre tela. Dimensões 24 x 18 cm
Escutei em mim Tinta guache e acrílica. Papel Cartolina 90g/m. Dimensões: 65 x 48 cm
A obra foi feita em camadas, e começou quando produzi, com pastel seco, uma paisagem sonora: exercício trabalhado em sala que consiste em fechar os olhos e desenhar os sons escutados sobre o papel. Após quinze minutos passados ouvindo e desenhando, realizei um autorretrato por cima da paisagem, utilizando tinta acrílica e gouache. Através da junção desse exercício com a representação da minha imagem quis demonstrar como os sons me afetam. Penso que tudo o que acontece à nossa volta versa, como se todas as coisas que estivessem aconteesse trabalho vai muito além de um exercício, mas sim uma forma de autoconhecimento, já que essa prática trabalha a representação de como você escuta e como você se enxerga naquele momento. Nós temos milhares de versões de nós mesmos e todas em momentos e sonoridades diferentes.
A paisagem que existe em mim Pastel oleoso, pastel seco, aquarela, nanquim e carvão. Sketchbook tamanho A5.
Externalizada Pastel oleoso sobre tela. Dimensões 24 x 18 cm
Nesse momento, eu já sabia que queria continuar na linha dos autorretratos. Já havia feito seis deles, e o sétimo surgiu com uma tela antiga pintada de preto e uma caixa de giz oleoso. Comecei e me mantive em todo o processo buscando minha própouco distorcida do real e não me culpo por isso, pelo contrário, continua sendo eu, externalizada do meu mais profundo inconsciente. Posto isso, percebo grande relação dos meus trabalhos com a concepção da artista contemporânea Elizabeth Peyton, que foi apresentada pelo professor e logo senti grande admiração. Peyton trabalha com retratos íntimos, assim como foram os meus autorretratos, que surgiram da escuta, auto-observação e busca interior. Assim como ela, procurei não somente uma descrição simples em um retrato, mas sim o profundo e mais íntimo, através das pinceladas e traços que coloquei meus sentimentos, compondo ainda mais o pessoal, buscando a mim mesma e apresentando minha cozinha interna nas obras.
A paisagem que existe em mim Pastel oleoso, pastel seco, aquarela, nanquim e carvão. Sketchbook tamanho A5.
Esse trabalho é a homogeneização dos dois temas que escolhi trabalhar: autorretrato e paisagem. “A paisagem que existe em mim”, representa de forma abstrata minha imagem e os diferentes tipos de paisagens que habitam no meu corpo. Percebo que todas elas têm um sigcionei com memórias e momentos que entendo que existem em mim, e outras partes ainda estão guardadas e serão reveladas em algum momento da minha vida, mas por enquanto permanecem no meu inconsciente. Com esse trabalho, introduzo o próximo tema escolhido: as paisagens em seus diferentes estilos.
Árvores ocultas Caneta bic e nanquim. Sketchbook papel A5 (duas páginas)
Inverno interno Tinta acrílica e aquarela. Dimensões 18 x 27,50 cm
Ilusão Lapis B e 2b sobre papel 200g. Sketchbook papel A5
As paisagens que realizei são muito diferentes entre si, tanto em estilo quanto em técnicas, e gosto disso pois foi assim que me senti durante a disciplina: explorando diferentes técnicas e paisagens. A primeira paisagem foi realizada no primeiro encontro presencial que tive na UFES, que foi um marco muito grande. Fazendo essa obra o professor mencionou a minha mão pesada, e gosto como essa rigidez complementou muito bem a técnica de desenho negativo, que com o nanquim escuro traz um viés mais oculto. O desenho negativo para mim é sair do comum e realizar o desenho de forma inusual, e isso me agrada muito. A segunda obra foi realizada em casa, buscando nos meus pensamentos a vaga memória de infância que tenho dos Alpes Suíços. Realizei uma paisagem que existe dentro da minha pessoa de dupla nacionalidade, e explorei uma técnica de texturização nova. Já a terceira obra foi realizada na praia, observando o mar calmo e as pedras que moram nele, juntando o real e a minha imaginação para fazê-la. Mostrando o desenho ao meu pai, ele imaginou que o mar fossem nuvens e as pedras picos de montanhas vistos da janela de um avião, então atribuiu mais ar pictórico, um estilo que me chamou muito atenção durante as experimentações das aulas. Portanto, os três trabalhos são representações de diferentes tipos de paisagem, a primeira arbórea e oculta, a segunda de inverno e pessoal e a terceira tropical e ilusória.
Agradeço ao professor Fernando Augusto pela forma que conduziu a disciplina e nos instigou a buscar pelo oculto e o interno nos trabalhos, utilizando métodos diferentes e dando a opção de escolha para com os temas que mais gostássedaqui em diante, tanto internamente quanto externamente nas minhas artes. Me sinto realizada em concluir essa disciplina num momento de pandemia onde aprender de forma gou imensuravelmente na minha percepção de vida e meu fazer artístico.
LUAN JACINTO Uma breve apresentação do que sou para o que um dia possa ser lida com quem vou me tornar. Lembrar de nunca se esquecer, por isso se faz importante o resgate da minha jornada. Nasci na Serra, na sombra do Mestre Álvaro e me abrigo onde o sol encosta nas curvas do Moxuara, na terra marcada, na terra não esquecida, na terra quente com barro, poeira e mato. Filho único de Ana Maria Jacinto, mineira e a primeira referência de sobrevivência e criação. De onde tirou a ausência e constituiu sua existência. Eu, jovem LGBTQIA+ sigo a mesma frequência, enfrentando no corpo e no sangue lutas internas e externas, me entendo aos poucos o artista que vai se construindo entre as rachaduras. Meu breve encontro diz mais por imagens do que por palavras, então, me encontre nelas. Selecionei alguns registros que me atravessam nesse resgate de consciência e para lembrar de nunca se esquecer.
Como me vejo?
Onde me vejo?
Meus primeiros rabiscos, quando eu ainda tinha 2-3 anos
Acrílico sob papel
Paisagem de dentro pra fora.
LUCAS FERRARI Me chamo Lucas Ferrari, atualmente com 20 anos. Nasci em Alegre, antiga cidade do hardcore punk. Sei de pouca coisa, não gosto de muitas coisas e gosto muito das coisas que gosto. Me agarro à vida e tenho medo da morte, e não gosto de quem fala que não tem. Tem sim. Meu sonho é viver tranquilamente, sem grandes estresses com a modernidade, num mundo sem fascistas e sem desempregados.
Meu dossiê tem como proposta apresentar uma visão distorcida da realidade, porém cautelosamente pautada na mesma. Feitos durante diferentes madrugadas, os autorretratos retratam a visão única de se repete. Todos os trabalhos envolvendo meu rosto foram feitos diante do único espelho de minha casa. Achei que seria interessante captar além dos diferentes estágios de humor, de noites distintas, captar também as diferentes interpretações de mim mesmo, conforme o tempo. O processo de feitura se deu diante ao espelho, com pouca iluminação. Todos os auto retratos foram feitos apenas com um único lápis, às vezes usei meu dedo para esfumaçar alguma região do morro, para confeccionar a primeira paisagem. Consequentemente, usá-las para a segunda paisagem, pois estas manchas deixavam mais claro que se tratava de uma memória mal lembrada, como se a névoa estivesse cobrindo-a diante de quem a observa. O processo de feitura de todas as paisagens de natureza se deu com pincel pilot preto, apenas. Creio que meu trabalho dialoga com algumas obras de Hans Hartung, pela forma como utiliza o preto, pelo “rabisco” agressivo e sólido, dentre todas as emoções inseridas na obra, que compõem a mesma bagagem de sensações: o misterioso, o vazio, a melancolia de se estar vivo. Considero que a disciplina de Desenho e Paisagem foi crucial no aprendizado e na persistência de se buscar um trabalho melhor que o anterior. Além da teoria que foi passada, que compõem a estrutura do ensino, a prática forçada foi de extrema importância, como desenhar pelos lugares do cotidiano, pelos lugares da casa e da cidade, este que nunca vivemos nada parecido antes, como assistir aula em arte, foi preciso antes muitas outras coisas, mas com o tempo, meu empenho na disciplina foi se transformando, e gostaria de ter iniciado ela com outros olhos.
LUCIANO BELCAVELLO
Meu nome é Luciano Belcavello. Tenho trinta e nove anos. Nasci em Nova Venécia e desde 2001 moro em Vitória. Sou graduado em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Biotecnologia em Saúde, pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atualmente sou professor do Instituto Federal do Espírito Santo. Meu interesse em cursar Artes Plásticas se deu em 2020, com a leitura do livro A História da Arte, do Ernst Gombrich. Minha educação básica em Artes foi precária, mas isso não me desmotiva, ao contrário, me estimula a dado no novo caminho que estou trilhando. Como escreveu o poeta espanhol Antonio Machado, Caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais; caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar.
Escrever sobre nós mesmos não é tarefa fácil. Tendemos a expor nossas qualidades e conquistas e esconder nossos fanfácil depois da leitura de Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus. É inspirador saber que mesmo em meio às piores condições, o ser humano ainda pode encontrar um motivo para toleescrita. Escreveu o que via e o que pensava, lindamente: “Não sei dormir sem ler. Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor invenção do homem.” e "Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que eu estou sonhando.” Talvez, a minha escolha pela Arte seja o meu motivo para buscar beleza em um mundo tão difícil de entender. Neste trabalho apresento os exercícios que desenvolvi a partir de três temáticas trabalhadas na disciplina de Desenho II: o chão, a paisagem sonora e a paisagem de natureza. O primeiro tema pode gerar estranheza, porém, o exercício do desenho do chão é, antes de tudo, um exercício de percepção. Ele possibilita que voltemos nosso olhar para algo que, à primeira vista, não desperta interesse, mas a observação cuidadosa revela formas e texturas curiosas e um intrincado jogo de luzes e sombras que nos instigam a desenhar. O primeiro chão é o da sacada onde estudo e o segundo é o chão da orla de Camburi, em Vitória, onde costumo caminhar.
Desenhei o chão pela primeira vez. E gostei. Gostei especialmente de pensar sobre a palavra: chão. Tem um som bonito e colhe ou o chão da rua em que caminho e vejo pessoas dormindo. Poderia ser o chão do prédio onde trabalho ou de qualquer outro local por onde minha mente levar. Mas o chão do meu desenho é o da minha casa, para ser mais preciso, o da pequena varanda onde estudo. Abaixo deste meu chão existem mais cinco chãos particulares e acima, mais um, que me avisa que acima de mim tem uma família agitada durante o dia, mas em silêncio à noite. O chão da minha varanda é de um piso cerâmico simples, o que eu acho particularmente feio. Há cinco ou seis anos repito, sempre que o vejo: vou trocar esse chão! Aqui a palavra ganha sinônimo de piso. Ele não é só feio; ele está rachado e um som oco denuncia que um bloco se soltou da base. Mas não há nenhuma interferência minha em consertá-lo. Parece que ele não merece. O chão me lembra também o lugar para onde os olhos dos inseguros se voltam quando confrontados. Já andei muito com meus olhos voltados para o chão. Hoje não. Resta-me cada dia menos a insegurança que já tive. Isso me faz pensar: será que Carolina Maria de Jesus andava com os olhos Achei isso: “sm. superfície de qualquer natureza que pode ser pisada pelos seres vivos e que serve de apoio para coisas e objetos. Lugar de origem ou em que se está acostumado a viver; mond: “O chão é cama para o amor urgente amor que não espera ir para a cama Sobre tapete ou duro piso, a gente compõem de corpo e corpo a úmida trama. E para repousar do amor vamos à cama.” Hoje desenhei o chão. E gostei.
O segundo tema, paisagem sonora, é um exercício de escuta. A proposta é registrar no papel a percepção dos sons ao redor. Na tarde do pós-Natal, por cerca de 10 minutos, sentado em frente à Praia da Guarderia, na Praia do Canto, registrei alguns dos muitos sons que eu percebia. São burburinhos de pessoas ao longe, gritos dos banhistas, latidos de cães, cantos de pássaros, ruídos incômodos dos veículos, o vento passando... O lápis traduzia em linhas e pontos o que eu ouvia. Linhas e pontos groscurtos para os agudos e breves. O resultado lembra uma paisagem vista à distância. Uma paisagem sonora.
O próximo exercício foi realizado na varanda de minha casa. Ventava muito e uma régua de metal trepidava na mesa, à minha esquerda. Ao longe, crianças de uma pré-escola gritavam. Ouvia poucos pássaros, e as motocicletas faziam um barulho constante. Alguém martelava numa obra e uma serra elétrica também era ouvida. A régua continuava batendo em uma lupa dentro de uma lata metálica. O vento contribuiu com a maior parte da paisagem.
O terceiro tema, marinha, é um subgênero da paisagem. Apesar de ser recorrente no desenho e na pintura, eu ainda não o havia praticado. Assim, a escolha foi motivada pela minha curiosidade em experimentar a temática como exercício. A principal referência artística para este tema é o desenhista brasileiro Francisco Faria (1958-). O suas paisagens são uma fonte de admiração e inspiração.
A disciplina de Desenho II me possibilitou o aprendizado de diversas técnicas de desenho, e, para além disso, considero que o mais importante foi o desenvolvimento de habilidades essenciais para a formação de um artista: o exercício de percepção, o aprendizado do olhar e da escuta, a leitura de textos e imagens que estabelecem conexões entre as diversas áreas do conhecimento humano, da literatura à psicanálise freudiana, o incentivo à participação dos alunos levando em consideração o seu questionamento crítico e contribuições e o estímulo a praticar e a falar sobre o desenho. Uma das atividades mais prazerosas foi o desenho da paisagem sonora, que é ao mesmo tempo, um exercício de escuta e de conexão com o ambiente ao redor. Também destaco como ponto positivo da disciplina a leitura do livro Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, que nos apresenta, sem enfeites, a dura realidade social, econômica, política e ambiental do Brasil. A escrita de Carolina serviu de inspiração para escrever sobre mim e para desenvolver um projeto de Escultura. Considero que meu aprendizado e dedicação à disciplina foram satisfatórios. Ainda que os meus exercícios apresentem algumas fragilidades, acredito que avancei muito, já que há menos de um ano eu não me arriscava a desenhar. Esse aprendizado me dá segurança para testar outros materiais, como o carvão e giz pastel e desenvolver traços mais expressivos e gestuais.
MARIANA NASCIMENTO
Me chamo Mariana, tenho 19 anos e até o momento nunca pisei no Espírito Santo. Em abril deixarei minha cidade para estudar na UFES em Vitória, por isso basei o meu projeto em registrar pontos da minha cidade, Campinas. Foi a forma de encontrei para guardar na memória o lugar que tanto tempo morei, observar atentamente cada detalhe que sua paisagem tinha para me oferecer. A ideia se iniciou a partir de um video da Carla Caffe, ela disse “Vamos registrar os pensamentos que eu tive enquanto fazia, assim nasceu a “saga do ônibus” 3 desenhos feitos com uma caneta bic azul que utilizei depois para criar uma fotomontagem inspirada no estilo street art. Carla Caffé é uma arquiteta e diretora de arte brasileira. Trabalhou em e editou "Cidade Nua", uma crônica semanal de desenhos da cidade. Desde então a sua pesquisa é a linguagem do desenho na representasia. “Estar e permanecer no local, faz diferença no desenho” foi a fala dela que mais me chamou atenção, tentei trazer esse conceito para todos os meus desenhos aqui presentes. Depois vieram os outros 3 desenhos que são de lugares importantes para mim, sendo eles o shopping D. pedro, o parque taquaral e a vista da janela do meu quarto.Fiquei feliz com o resultado, pois foi o meu jeito de registrar a minha rotina e o lugar que vivo. A cidade de Campinas fez parte de vários capítulos importantes da minha vida, infelizmente terei que despedir dela por um tempinho. A partir de 9 de abril começarei novas aventuras e registro em Vitória. Estarei disposta a abraçar com carinho todas experiencias que essa nova cidade tem para me oferecer.Antes de passar para os desenhos, quero agradecer as aulas do professor Fernando que me possibilitou iniciar esse projeto. Espero que o resultado agrade a vocês, leitores, da mesma forma que me agradou.
Lagoa do taquaral- aquarela sobre papel a4
Shopping D.Pedro- caneta nanquim e lápis de cor sobre papel a4
Janela do meu quarto- mídia digital
PEDRO ZANETTI
Meu nome é Pedro Zanetti, tenho 22 anos e sou natural de Vitória – ES. Sou estudante de Artes Visuais na UFES. A área que mais me chama atenção no desenho é o cartoon, principalmente desenhos de crítica social como Family Guy, Simpsons e South Park.
Durante as aulas de Desenho e Paisagem acredito que me liberei e com as referências mostradas tanto pelo professor quanto pelo compartilhamento da tarefa dos outros colegas pude perceber que não precisava seguir um modelo padrão de traço ou estilo, mas que também poderia descobrir e ter o meu. Descobri que desenhar paisagens pode ser bastante interessante para formar uma concentração, principalmente para pessoas um tanto agitadas como eu, e acredito que desenvolvi consideravelmente minhas técnicas de desenho linear epictórico.
RAPHAELA TRINDADE
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ria da Alice no País das Maravilhas.A pequena criança cai em uma toca e rodopia por horas até chegar no fundo do poço.
RODRIGO ALVES DE OLIVEIRA
Me chamo Rodrigo, tenho 27 anos e desde a infância tive aptidão paras as artes e suas criatividades. aquilo que foi imaginado. As áreas das quais me Gosto muito de literatura pois acredito que a formação do imaginário provém dessas artes.
A disciplina tem como objetivo fazer o aluno ir além. A confecção do caderno é o ponto de partida, pois mostra a importância de o levar para diversos locais e registrar o mundo lá fora, nosso cotidiano, a natureza, atitudes do ser humano e etc. A importância de se aproveitar o tempo e praticar o desenho. Essas realidades em volta fazem com que o desenho ganha mais vida e expressão. Cada aula da disciplina nos faz
Desenhos que apresentam a lei da Unidade da Gestalt, com espaço negativo Desenho da cadeira em fundo negativo. Em duas posições diferentes.
Desenhos que apresentam a lei da Unidade da Gestalt, com espaço negativo Desenho da cadeira em fundo negativo. Em duas posições diferentes.
Desenhos que apresentam a lei da Unidade da Gestalt, com espaço negativo Desenho da cadeira em fundo negativo. Em duas posições diferentes.
Este desenho representa um momento que ocorreu em 2010. Minha transição da infância para adolescência. Muitas vezes crescer e amadurecer nos é exigido muito. A minha personalidade estava mal formada, por isso cai em estado de depressão onde não conseguia ver o lado bom das coisas. Cai em desespero, depressão e angústia. Por isso a cor clara e escura.
Desenhos que apresentam a lei da Unidade da Gestalt, com espaço negativo Desenho da cadeira em fundo negativo. Em duas posições diferentes.
TRÊS VEGETAÇÕES DIFERENTES: MATA ATLÂNTICA; CAATINGA E MANGUE.
Desenhos de modelos feito a partir do vídeo: daily life drawining session 6. Cada croqui possui um pequeno tempo de duração para ser feito.
O desenho livre optei por fazer o capacete e armadura de um personagem que gosto bastante, The Mandalorian. O mesmo é derivado da série Star Wars.
RONALDO DURAN Sou imigrante venezuelano, viado e hipocondríaco... Meu sotaque contínua no meu dia a dia, ao igual que as saudades pela minha família. Antes de "virar um adulto" morava com os meus pais, vivendo numa nir minha sexualidade), coisa que o Brasil me ajudou, acho que estar afastado do nicho familiar ajudou estou nisso, me descobrindo. Consigo sentir como anos, nos quais cresci, experimentei e vi coisas novas e boas. Nunca imaginei morar no Brasil, na verdade nunca imaginei o complicado que é a vida adulta... A vida adulta de um artista as vezes frustrado e poucas vezes inspirado.
utilizando diferentes tipos de estilo onde sempre predominam as linhas: linhas geralmente curvas que formam uma determinada A temática livre sempre me leva a desenvolver mulheres em diferentes posições e com diferentes expressões ou emoções: tristeza, angustia, ansiedade, dor... Nesse desenho utilizei caneta cor azul, teve vários erros na hora um pedaço de papel e colei na parte facial, criando uma nova Sempre me senti inspirado por Gustav Klimt e Egon Schiele, por como eles apresentam o corpo da mulher, sempre tão real e ao mesmo tempo erótico, obscuro e carente.
Nesse desenho utilizei como forma de inspiração um tecido referente a um porta copo feito em Ouro Preto- Minas Gerais, que minha irmã me deu. A textura me pareceu muito interessante na hora de realizar o exercício designado pelo professor: tínhamos que observar um tecido e experimentar as probabilidades que ele nos oferece no desenho. Decidi usar caneta preta para fazer as linhas e tentar ter uma semelhança com a textura que o tecido me oferecia, comecei a criar as linhas curvas, gerando um pouco de movimento no desenhado por linhas e sombras, dando um toque de profundidade em algumas partes do desenho (entre linhas).
Nesses três desenhos decidi usar matérias que não tinha utilizado antigamente, desde o suporte até a tinta. Usei como suporte papelão, gostei da cor natural que o material me oferecia e como ia dar um bom contraste com a tinta china e o lápis de cor branco. Fazer paisagem não é meu forte, como já tem visto gosto ali que decidi misturar essas duas coisas com paisagem, gerando um resultado muito agradável através da cor preta da tinta china que mostra uma intensidade nas zonas obscura acompanhada por uma boa luminosidade pela cor branca feita com o lápis de cor, é claro que o desenho mostra uma espécie de mundo obscudas. Sempre me senti inspirado por Francisco Goya, artista espanhol que retratava fatos da segunda guerra mundial através de desenhos feitos com linhas simples e com tinta china, guerra, religião, mulheres da sociedade eram sempre sua temática marcando um antes e um depois na arte espanhola.
ZINA LEAL Artista plástica, formada pela UFES – Universidade Federal do Espírito Santo, em 2001. Mestra em Design de Moda. Desenvolvo trabalhos têxteis, utilizando pintura e bordados à e sonho! No início de 2021, cursei como aluna ouvinte, uma disciplina de desenho, ministrada por um querido amigo, Fernando Augusto, na Ufes. A partir de um exercício proposto em aula de desenhar o chão que estávamos, naquele momento, iniciei um projeto pessoal: Sob o céu que estou, o mar desenha. Há seis meses, caminho pela praia, preferencialmente, antes das sete da manhã. -me por continuar indo. Em 195 dias, produzi 85 desenhos e vários textos. Aqui apresento, uma pequena mostra de desezar o desenho.
Os textos aqui, apresentados, foram feitos todos na praia. Estão na íntegra, sem revisão e sem “censura”. As palavras foram aos poucos, sendo por mim, tecidas. Palavras, desenhos, sentimentos e reinvenção se misturam de forma mágica, passando a ser uma forma de expressar desejos e inquietudes de um viver, que vai à deriva, priorizando saberes e afetos.
2021. Técnica - desenho à caneta; 19,5 x 23 cm.
Silêncio, 2021. Técnica - desenho à caneta; 19,5 x 23 cm.
Estratégias, 2021. Técnica - desenho à caneta; 19,5 x 23 cm.