
2 minute read
EDI TO RIAL V FANTASMAS DO PASSADO, MAS ESPERANÇA NO FUTURO
oltámos a 2008? Deus nos livre, pode dizer-se. Mas as sirenes soaram, quando a 12 de março se percebeu a fuga de depósitos que decorria no norte-americano Silicon Valley Bank. Três dias depois, o Credit Suisse dava mostras de que os problemas antigos eram fantasmas bem vivos, e tudo culminou, como sabem, na sua compra por parte do UBS. Long story short, é este o resumo do último mês. O medo adensou-se, mas não assim tanto, porque a Fed subiu taxas, mas também não assim tanto... e aqui continuamos, céticos espetadores de um filme experimental chamado Como baixar a inflação sem dar cabo da economia.
PROBLEMAS ANTIGOS
Advertisement
QUE ESPREITAM
E NOS LEMBRAM
O PASSADO, NÃO SÃO O FOCO DESTA
MAIS RECENTE
EDIÇÃO. OLHAMOS, SIM, PARA TEMAS CONTÍGUOS A ESTES, FOCANDO-NOS
NA COMUNIDADE FUNDSPEOPLE.
Esta segunda edição do ano de 2023 da revista FundsPeople não vos traz grandes reflexões sobre estes temas. Desculpem a sinceridade. Ou, melhor dizendo, traz reflexões muito contíguas a estes temas. Isso sim.
A propósito do que vos contarei adiante, lembrei-me o quão complexo é o tema da esperança. Jon Fosse é um escritor norueguês, que se debruça sobre esta temática, e um dos seus livros foi recentemente adaptado ao teatro, aqui em Portugal. Foi assim é o nome da peça em que José Raposo assume um monólogo pungente sobre a sua condição de idoso a definhar, sozinho, agarrado a uma cama, sem perspetivas de muito mais vida pela frente. Como seria de esperar, as memórias do que não fez assim tão bem na vida regressam, mas há um ponto transformador: continua a ter esperança. Mesmo que não seja uma esperança em si próprio, tem esperança nalguma coisa. Por isso, todas as noites continua a rezar, embora não saiba bem o motivo para o fazer.
O mundo continua de pernas para o ar, há déjà-vus constantes de 2008 que nos arrepiam a espinha, mas a esperança continua cá. Não poderia haver tema mais ligado à esperança do que o ESG. Esta é mais uma edição da revista em que este tema toma conta de algumas secções, mas com propriedade, diria. Analisamos a saída da Vanguard da Net Zero Asset Managers, olhamos para a versão atualizada do Regulamento SFDR e as suas implicações no investimento de impacto, verificamos quantos fundos artigo 8º e 9º da SFDR existem em Portugal com Rating FundsPeople, e tentamos ainda perceber como se pode pensar o investimento ESG de forma sistémica, dentro do investimento ativo e passivo. Ao fim ao cabo: melhorar o que já existe, repensar e ser crente que os processos podem ser ainda melhores do que são atualmente. Ter esperança. Ter esperança que um tema como este evoluirá, muitas e muitas vezes. Do mesmo modo, avançamos também para uma outra reflexão sobre o futuro. Como é que se prepara a banca privada para conectar com as novas gerações?
Por fim, aguçar-lhe a curiosidade para o tema que abre esta edição: as gestoras com a gama mais consistente em Portugal. São perto de 90 as gestoras que conseguem apresentar, no ano passado, fundos que demonstrem consistência. 2022 foi um ano difícil, mas seguramente que o trabalho das gestoras foi feito a pensar no futuro... e com esperança de que melhores dias viriam. No fim de contas, é como diz Jon Fosse: tenho alguma esperança/ sim/em mim é que não tenho/ sperança nenhuma/isso é certo.