
7 minute read
DUAS VISÕES DO MESMO MUNDO
O compromisso de incluir soluções sustentáveis na sua oferta para ajudar a reduzir a zero as emissões líquidas de gases de efeito de estufa em 2050, era o pouco que ambas as entidades tinham em comum. Com a saída da Vanguard da Net Zero Asset Managers, ambas as entidades seguem caminhos diametralmente opostos, também em matéria ESG.
Numa indústria que parece caminhar inexoravelmente para o investimento sustentável, são muito interessantes os passos atrás que estão a ser dados no setor. Aquele que mais repercussão mediática está a ter é a retirada da Vanguard da Net Zero Asset Managers (NZAM), iniciativa na qual as gestoras signatárias se comprometeram a incluir soluções sustentáveis na sua oferta para ajudar a reduzir para zero as emissões líquidas de gases de efeito de estufa em 2050.
Advertisement
A Vanguard é a segunda maior gestora do mundo. Segundo o ranking 2022 da consultora WTW, conta com quase 8,5 biliões de euros em ativos. Só é superada pela BlackRock, que gere 10 biliões. Ambas mantêm uma estratégia diametralmente oposta.
Com dados da Morningstar, em 2022 a Vanguard registou entradas líquidas de 11.643 milhões na Europa, situando-se como o segundo provedor de fundos cotados que mais captações registou na região. O seu grande concorrente (BlackRock) quadriplicou esse volume, 44.644 milhões de euros. No entanto, nos EUA foi a Vanguard a gestora que no ano passado ostentou a liderança no negócio de ETF, superando o seu rival numa distância em fluxos líquidos de quase 24.000 milhões. “A Vanguard tem-se saído bem na Europa, mas poderia estar muito melhor”, afirma José Zárate. Segundo o diretor associado e analista de fundos passivos da Morningstar, consegui-lo-ia se
A Evolu O Do Peso Dos Fundos
a entidade fosse capaz de se adaptar às singularidades do mercado europeu, algo a que não parece estar disposta. A marcha atrás dada no âmbito da sustentabilidade exemplifica-o. “É a confirmação de que o pouco que tinha feito no ESG, fê-lo de maneira forçada, sem convicção”, assinala o especialista.
A filosofia da Vanguard é profundamente académica. Os responsáveis da entidade consideram que o mercado é tudo. Para eles, sair dessa ideia significaria realizar uma aposta de gestão ativa, o qual iria contra sua própria filosofia. O seu objetivo é oferecer o acesso ao mercado, principalmente ao cliente de retalho, que é o perfil sobre o qual a entidade tem o foco posto. E, para eles, o mercado é o índice no seu conjunto. Por essa razão, a sua gama de produto é muito reduzida.
A BlackRock, pelo contrário, tem outra visão completamente distinta. Para a gestora, o mercado é o que cliente quer que seja. Por esse motivo, a sua oferta de produto é ampla e muito capilar. Está pensada tanto para o investidor institucional, como para o de retalho, para deixar nas mãos do cliente a eleição do produto que melhor se adapte ao que realmente quer. Consequentemente, no plano do ESG, a sua estratégia pode ser dual. “O seu presidente e fundador Larry Fink pode manter um discurso em prol da sustentabilidade. Dá a sua opinião, mas a decisão final estará sempre na mão do cliente”, explica Zárate.
Aposta Arriscada
Isso não quer dizer que a posição de Larry Fink suponha colocar-se de perfil. Na verdade, não está isenta de riscos: “É franca, mas fez inimigos”, opina Philip Kalus. Estes inimigos a que se refere o CEO da Accelerando Associates estão a ser feitos nos EUA, um país no qual o ESG se polarizou até níveis extremos.
Os democratas posicionaram-se a favor, enquanto que os republicanos tiveram uma posição contra, de tal modo que estes últimos pediram às gestoras que sigam o exemplo da Vanguard e se distanciem de uma iniciativa que vinculam a postulados de esquerda. Hoje, a BlackRock, tal como muitas outras grandes entidades que apostam em sustentabilidade, enfrentam uma grande pressão e também resgates em estados americanos governados pelos republicanos.
O ESG, do outro lado do Atlântico, vai a caminho de se converter num tabu. “Nas reuniões que mantemos com os nossos clientes, a sustentabi-
Entradas L Quidas Das Gestoras De Etf Na Europa
Fonte: Morningstar Direct com dados a final de 2022. Dados em milhões de euros.
Entradas L Quidas Das Gestoras De Etf Nos Eua
Fonte: Morningstar Direct com dados a final de 2022. Dados em milhões de euros.
“LARRY FINK [PRESIDENTE DA BLACKROCK] PODE MANTER
UM DISCURSO EM PROL DA SUSTENTABILIDADE. DÁ A SUA
OPINIÃO, MAS A DECISÃO
FINAL ESTARÁ SEMPRE NA
MÃO DO CLIENTE”
JOSÉ GARCIA ZÁRATE
MORNINGSTAR
A Evolu O Do Peso Dos Fundos Sustent Veis Nos Eua
e notas: Morningstar. Ativos em milhões de euros. Fundos sustentáveis por prospeto.
Tend Ncias Neg Cio
lidade é um tema no qual não se toca, salvo se o cliente o desejar. Fazê-lo seria contraproducente. Dependendo de com quem se esteja sentado, corre-se o risco de que o cliente se levante da mesa”, reconhecia à FundsPeople a responsável de uma grande entidade americana.
Mas as coisas também podem ser vistas pelo prisma inverso. Segundo Hortense Bioy, diretora global de Análise e Sustentabilidade da Morningstar, “tão fácil como tem sido para os estados republicanos boicotar as gestoras pelo seu compromisso com as emissões zero, também poderá ser para alguns investidores retirar os ativos daquelas entidades que renunciem ao seu compromisso nesta matéria”.
A Diferen A Europeia
Isto é algo que poderá deixar de se sentir, especialmente na Europa. A idiossincrasia do mercado europeu é muito distinta da do americano. Segundo dados da Morningstar, no Velho Continente 20% dos ativos em fundos estão em produtos ESG. É uma percentagem que tem vindo a aumentar com o passar dos anos. Nos EUA, por outro lado, essa quota não cresce. Está estancada em 1%. É um dado que mostra claramente que o grau de penetração (e interesse) pelo investimento sustentável não é o mesmo de um e de outro lado do Atlântico.
Na Europa, o negócio é gerado principalmente pelos grandes fundos de pensões e seguradoras, que aplicam um filtro ESG cada vez mais exaustivo. “A Vanguard considera que o que vale para os EUA, vale para o resto do mundo. Têm uma política de rotação interna pela qual os altos cargos são enviados a partir dos EUA e se instalam em Londres durante um tempo, geralmente brevemente, para logo voltarem aos EUA, sem que por fim exista uma estratégia bem definida para abordar o negócio europeu”, aponta Zárate.
Agora, a grande pergunta é se a Vanguard perderá património na Europa devido à sua decisão. Philip Kalus está convencido de que a gestora vai ter muitas dificuldades para continuar a ganhar ativos de investidores europeus, particularmente clientes institucionais. “A pressão virá primeiro por parte dos fundos de pensões. Também por parte de algumas contas de muito elevado património, sem subestimar a potencial oposição que se poderá encontrar por parte das grandes redes”, augura. A favor, segundo Kalus, está que a Vanguard nunca se vendeu nem foi percecionada por parte dos seus clientes como uma entidade especialista em sustentabilidade.
Veremos o que acontece nos anos vindouros, mas o que parece claro é que, dado a sua relevância e grande tamanho, a decisão da entidade de sair da NZAM vai oferecer oportunidades a outras gestoras, em particular as especialistas europeias em ESG e impacto sem negócio nos EUA. “Espero uma redistribuição séria dos fluxos para fundos este ano”, vaticina Kalus.
Oportunidades Na Europa Com Nfase Sustent Vel
Parece que o panorama económico na Europa não é tão desencorajador como o mercado esperava há uns meses. Apesar da incerteza e de ainda existirem riscos em cima da mesa, os investidores estão a regressar às ações após as vendas massivas em 2022.
No entanto, ainda é cedo para fazer fortes apostas neste contexto. Acreditamos, por isso, que é importante ter uma carteira core equilibrada que aproveite as atrativas valorizações a médio prazo, olhando para empresas com crescimento consistente em termos de margens e vendas. Neste cenário, a AXA IM dispõe do fundo AXA WF Framlington Sustainable Europe, um produto todo-o-terreno centrado em empresas de grande capitalização, com crescimento de qualidade e que empregam uma abordagem sustentável(*), com um foco especifico nas alterações climáticas, certificado pelo selo francês (label ISR) de investimento responsável (é Artigo 8º SFDR), e com uma carteira concentrada que consegue alfa, num quadro de monitorização de risco, de forma consistente desde o seu lançamento.
ZERO, TAMBÉM PODERÁ SER PARA ALGUNS
INVESTIDORES RETIRAR OS ATIVOS DAQUELAS
ENTIDADES QUE RENUNCIEM AO SEU COMPROMISSO”
HORTENSE BIOY MORNINGSTAR
* Os dados ESG baseiam-se em metodologias ESG fundamentadas em dados terceiros e, em ocasiões, desenvolvidas internamente. São subjetivos e podem variar. A ausência de definições harmonizadas pode fazer com que os critérios ESG sejam heterogéneos. As estratégias que integram critérios ESG e aquelas que integram critérios de desenvolvimento sustentável podem utilizar dados ESG que parecem semelhantes, mas o seu método de cálculo pode ser diferente.
CPR Invest - Hydrogen, uma oportunidade para criar valor investindo em todo o ecossistema do hidrogénio: um mercado inovador com grande potencial;
Estima-se que irá cobrir cerca de 17% de todas as necessidades energéticas até 2050**;
Poderá ajudar a reduzir as emissões globais de gases com efeito de estufa. amundi.pt
*Fonte: IPE “Top 500 Asset Managers” publicado em Junho 2022 com dados de Dezembro de 2021.
**ETC (Energy Transition Commission), “Making the Hydrogen Economy Possible”, Abril 2021.
Informa O Importante
Comunicação publicitária aos investidores profi ssionais. Documento promocional não dirigido aos cidadãos ou residentes dos Estados Unidos da América ou a qualquer «pessoa dos EUA», tal como definido na “US Securities Act de 1933”. A compra de participações deve basear-se nos últimos Prospectos, KIID, estatutos, relatórios anuais e semestrais arquivados junto da CMVM. Consulte gratuitamente a documentação legal em Amundi Iberia SGIIC, SAU, ou em www.amundi.com. Antes de subscrever, certifique-se de que é permitido pelos regulamentos em vigor e verifique as suas implicações financeiras. Deve considerar se os riscos associados são apropriados para potenciais investidores, que devem compreender o conteúdo do documento. O investimento envolve riscos; os acionistas podem perder a totalidade ou parte do capital inicialmente investido. Nem o capital nem os retornos são garantidos; e o desempenho passado não é uma garantia nem indicativo de resultados futuros. Consulte o seu conselheiro financeiro. Este é um documento simplificado, não contratual, promocional. Não constitui uma recomendação, solicitação, oferta ou conselho de investimento. CPR Invest – Hydrogen é um subfundo da CPR Invest SICAV, gerido pela CPR Asset Management, uma empresa do Grupo Amundi. A CPR Asset Management é autorizada em França e regulamentada pela entidade reguladora francesa Autorité des Marchés Financiers (AMF). Subfundo autorizado no Luxemburgo e supervisionado pela Commission de Surveillance du Secteur Financier (CSSF). Em Portugal , a CPR Invest UCI estrangeira está registada na CMVM. Março de 2023. |