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#10YEARCHALLENGE NA INDÚSTRIA DA GESTÃO DE ATIVOS

Entrámos na máquina do tempo para analisar como evoluíram as recomendações de fundos das gestoras internacionais nos últimos 10 anos.

Agora as montras estão mais globais, ainda que algumas empresas se destaquem pela sua lealdade a uma estratégia.

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Desde o final de 2012 que todos os anos a FundsPeople pergunta às gestoras internacionais quais são os fundos de investimento em que os seus clientes devem apostar no ano seguinte. Há 11 anos que uma seleção de gestoras estrangeiras de primeira linha partilham os nomes nos quais se vão focar em obrigações, ações e alternativos. Ao entrar na máquina do tempo para olhar para trás, podemos analisar como evoluíram as tendências e como, através destas recomendações, podemos ter uma ideia do sentimento dos investidores e da previsão macroeconómica que prevaleceu naqueles anos.

Uma das grandes mudanças que se podem observar é que as apostas das gestoras internacionais estão mais globais. Até 2016, a maioria dos fundos recomendados pelas entidades estrangeiras eram fundos de ações europeias, em particular os produtos pertencentes às categorias Eurozone Large-Cap Equity e Europe Large-Cap Blend Equity.

Contudo, a partir de 2017, as ações globais começaram a ganhar terreno. Em 2020, por exemplo, oito dos 19 fundos selecionados pelos representantes das casas internacionais pertenciam à categoria Global Large-Cap Growth Equity.

Um bom exemplo disso é que na série de artigos que publicámos em 2022, a mais recente, apenas dois dos 20 fundos de ações selecionados são europeus. Para 2023, a maioria das gestoras propôs fundos de ações globais. Especialmente Large-Cap (com equilíbrio entre Blend, Growth e Value), mas também foram mencionadas algumas ideias relacionadas com a geração de rendimentos para aproveitar o bom momento dos dividendos e o retorno das rentabilidades positivas.

Evolu O

É difícil determinar exatamente o que marcou esse pivô nas propostas das gestoras. Pode ser uma mistura do crescimento das gamas de empresas internacionais, com uma oferta cada vez mais ampla de ideias, e um menor viés local na procura do próprio investidor nacional.

Porém, enquanto o peso das ações europeias diminuiu na lista das melhores ideias das gestoras internacionais, os fundos temáticos ganharam terreno.

É uma tendência difícil de quantificar, uma vez que não é feita uma categorização clara por parte da Morningstar.

Mas se nos basearmos nos fundos destacados que se enquadram numa categoria de Sector Equity, vemos um pequeno boom a partir de 2019. O pico foi nas recomendações de 2022, com seis fundos de ações em 20. Algo compreensível considerando a boa rentabilidade deste tipo de produtos no rally após a correção sofrida durante a pandemia. A categoria que mais se tem repetido nos últimos anos é a Sector Equity Ecology impulsionada quer pela procura por temas ESG, quer pela própria regulamentação. No entanto, muitos produtos de Sector Equity Technology e Sector Equity Healthcare também foram propostos.

Nas obrigações, de um modo geral, também é possível ver essa predileção por estratégias com viés euro (com categorias como EUR Corporate Bond, EUR Corporate Bond - Short Term, EUR High Yield Bond). Porém, de modo geral, não houve uma aposta tão clara. Nem em 2013, nem atualmente. As propostas têm sido tradicionalmente globais e flexíveis.

As Apostas Das Gestoras

Além de uma montra mais global, as recomendações das gestoras também se diversificaram mais. Ou seja, nos últimos anos é mais difícil ver que

Alternativos

“O DWS INVEST TOP DIVIDEND, PARA NÓS, VAI SER SEMPRE UMA RECOMENDAÇÃO VÁLIDA

ESPECIALMENTE NUM

CONTEXTO COMO O QUE

NOS ENCONTRAMOS, COM PICOS DE VOLATIDADE E INFLAÇÃO

ESTRUTURALMENTE

ELEVADA”

MARIANO ARENILLAS

DWS

“A EXPERIÊNCIA

ACUMULADA, COMBINADA COM FERRAMENTAS

PROPRIETÁRIAS, PERMITEM AO BGF GLOBAL EVENT

DRIVEN FUND ESTAR

NA VANGUARDA DO INVESTIMENTO EVENT

DRIVEN, BEM COMO

MANTER UMA ACENTUADA

VANTAGEM COMPETITIVA”

ANDRE THEMUDO

BLACKROCK uma categoria predomina sobre outra. No entanto, partindo desta análise, também é interessante ver a lealdade de algumas gestoras para com os seus fundos-bandeira.

A mais fiel a um produto é a DWS com o seu DWS Top Dividend. Foi a sua aposta em ações em seis das nove votações em que participou. O fundo conta este ano com Rating Funds-

Fonte das tabelas: elaboração própria a partir do inquérito anual a uma seleção de gestoras internacionais publicada na web da FundsPeople. Ao longo dos 11 anos participaram 27 gestoras distinas. A pergunta relacionada com os produtos alternativos começou em 2017. Descartaram-se da análise os fundos mistos devido à homogeneidade da categoria Morningstar Allocation a que pertencem os fundos de investimento destacados por estas entidades todos os anos. As categorias indicadas são aquelas em que os respetivos fundos encaixam atualmente.

Tend Ncias Estrat Gias

“O INVESCO PHYSICAL GOLD ETC É UMA APOSTA

SÓLIDA JÁ QUE O OURO HISTORICAMENTE OFERECE UMA FORTE COBERTURA EM TEMPOS DE INCERTEZA E VOLATILIDADE DO MERCADO”

ÍÑIGO ESCUDERO INVESCO

People. Segundo explica Mariano Arenillas, responsável pela DWS na Península Ibérica, investir em empresas de qualidade com dividendos atrativos, sustentáveis e crescentes é uma boa estratégia para qualquer investidor de longo prazo. “Uma combinação inteligente de ações com dividend yield e growth não só representa uma interessante fonte de retornos, como também nos ajudará, a longo prazo, a otimizar o perfil risco-retorno de uma carteira de ações, uma vez que a volatilidade do fundo é inferior ao dos mercados e tende a atenuar as quedas”, comentam. Na categoria de obrigações, a J.P. Morgan AM deve ser destacada. A gestora americana escolheu o JPM Global Bond Opportunities Fund em cinco dos 10 anos em que participou no inquérito. “O JPM Global Bond Opportunities é um fundo de obrigações globais de gestão flexível (unconstrained), cuja carteira é composta pelas nossas melhores ideias de fixed income, por isso, é sempre uma das nossas principais apostas para cobrir a componente de obrigações das carteiras dos nossos

“NA CARTEIRA DO JPM GLOBAL BOND OPPORTUNITIES ESTÃO AS NOSSAS MELHORES IDEIAS DE OBRIGAÇÕES, POR ISSO, É SEMPRE UMA DAS NOSSAS APOSTAS”

JAVIER DORADO

J.P. MORGAN AM

ETF DA FIDELITY: ATIVO OU PASSIVO?

Nós vemos os ETF da Fidelity como estando situados entre os extremos de gestão ativa e passiva pura, o que lhes permite proporcionar alguns benefícios associados aos fundos ativos, juntamente com as vantagens de custo e de transparência das soluções passivas. Para alcançar isto, empregam um de dois processos de investimento: acompanhamento personalizado do índice passivo ou construção ativa sistemática.

clientes”, argumenta Javier Dorado, diretor-geral para Portugal e Espanha.

Do lado dos alternativos, é necessário colocar no mesmo patamar a BlackRock e a Invesco. Ambas optaram quatro de sete vezes pelos fundos BGF Global Event Driven Fund e Invesco Physical Gold ETC, respetivamente. Do lado da BlackRock, André Themudo, responsável de negócio para Portugal, afirma que “o mandato amplo e oportunístico do fundo permite enviesar de forma dinâmica o seu posicionamento para capitalizar o que acreditam ser a melhor oportunidade de retorno ajustada ao risco, o que se traduz numa estratégia todo-o-terreno”. Íñigo Escudero, diretor da Invesco para a Península Ibérica, América Latina, EUA Offshore e Israel, por outro lado, aponta três razões para esta escolha: baixa correlação com os ativos tradicionais, o que pode ajudar a diversificar; sólida cobertura em tempos de incerteza e volatilidade; e competitividade, já que se trata de um produto com mais 15 mil milhões de ativos sob gestão e conta com 14 anos de track record.

As gamas Fidelity Quality Income e Thematic ETF são trackers passivos personalizados que procuram reproduzir o desempenho dos índices proprietários da Fidelity, que são criados utilizando as visões prospetivas e ativas das nossas equipas de investigação especializada. Utilizam processos de seleção de ações e de construção de portefólio baseados em regras para proporcionar exposição a empresas com características específicas.

Por outro lado, as gamas ativas Fidelity Sustainable Research Enhanced Equity e Sustainable Multifactor Fixed Income ETF são construídas sistematicamente. Isto significa tomar um índice de referência (como o MSCI World Index) que define o universo de investimento, e aplicar processos sistemáticos de investimento ativo e construção de portefólio que potenciam os sinais resultantes da investigação proprietária da Fidelity para formar carteiras e geri-las continuamente. Estes ETF empregam os seus processos ativos visando superar os seus respetivos índices de referência.

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