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21. Carta de exílio de Públio Ovídio Nasão, o Ovídio (43 a.C.-17 d.C

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Carta de exílio de Públio Ovídio Nasão, o Ovídio (43 a.C.-17 d.C.)

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Ovídio escreveu poemas arejados, engenhosos e “modernos” sobre as artes do amor. Nascido em Sulmona, Itália, uma pequena cidade provinciana, foi educado em Roma, tendo viajado pela Grécia antes de chocar e deleitar a sociedade romana com seus poemas, os “Amores” (Amores; escrito a intervalos de 20 a.C. para frente) e “A arte de amar” (Ars amatória; c. I a.C.). Casado três vezes, apenas seu último matrimônio parece ter sido um casamento por amor. Banido para Tomis, no mar Negro, por desagradar ao imperador Augusto, viveu separado de sua esposa até morrer, nove anos depois. Seu último e maior trabalho, Metamorfoses, uma coleção de mitos e lendas que inspiraram muitos escritores posteriores, ficou pronto pouco antes de o poeta ser banido.

Varei o vasto oceano num pedaço delicado de madeira; (sendo que) o navio que sustentou o filho de Aeson (Jasão)* era forte. As artes furtivas de Cupido o ajudaram; artes que, espero, o Amor não tenha aprendido por mim. Ele retornou ao lar; eu morrerei nestas

* Ovídio compara sua jornada marítima rumo ao exílio à viagem feita por Jasão e os Argonautas, que saíram à procura do legendário Velocino de Ouro. Ele lamenta o fato de que suas próprias dificuldades são muito piores que as experimentadas por Jasão.

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terras, se a pesada ira do Deus ofendido vier a prevalecer. Meu fardo, esposa mais fiel, é mais árduo que aquele que o filho de Aeson suportou. Também tu, a quem deixei ainda jovem na minha saída da cidade, posso crer tenha envelhecido sob minhas calamidades. Oh, concedei, oh Deuses, que me seja permitido ver-te mesmo assim, e dar um por vez em cada face tua o beijo jovial; e abraçar teu corpo emaciado em meus braços, e dizer, “a ansiedade foi, em meu juízo, o que causou esta magreza”; e, lamentando em lágrimas, em pessoa recontar a ti minhas tristezas, e assim desfrutar de uma conversa que nunca eu esperara; e oferecer-te o devido franco incenso, com mão grata, para os Césares, e para a esposa que é merecedora de um César, de deidades, em real verdade!

Oh, que a mãe de Menon, esse príncipe que esmorece, vá com seus lábios róseos e rapidamente estimule aquele dia.

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