Taputá Tametô / Toma Kwiiza

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Taputá Tometô

seja bem-vindo!

TOMA KWIIZA

Esta é a revista do 1º ano F sobre a culinária e costumes dos povos originários e quilombolas

Projeto Interdisciplinar sobre o BICENTENÁRIO da independência do Brasil na Bahia

TOMA KWIIZA TAPUTÁ TOMETÔ

1° F

Orientação

Professoras:

Graça Viviane, Luciene e Nila

01. 02. 03. Os Quilombolas Os Quilombolas e Indígenas 04. 05. 06. 07. Tradições das comunidades quilombolas 08. Seções Taputá Tometô/ Toma Kwiiza! LUAXIKILU Os Povos Originários Os Indígenas do Estado da Bahia Os Pataxós Receitas Pataxó 09 10. Territórios de Identidade do estado da Bahia Territórios Quilombolas reconhecidos no estado da Bahia 11. 12 13 14. Territórios Quilombolas reconhecidos no estado da Bahia A produção Quilombola Receitas Quilombolas As comidas típicas 15.

01.

Taputá Tometô

Toma Kwiiza!

!!Taputá Tometô/Toma Kwiiza!

Seja muito bem-vindos a nossa revista!! Nela você encontrará receitas e se é adepto de alimentação saudável e natural, está no lugar certo! Primeiramente, a alimentação dos povos originários, indígenas, e quilombolas já carregam em si essas características rústica e natural. Nas diversas etnias que compõe o pluricultural estado da Bahia, por isso foram escolhidas duas etnias que compõe as etnias do nosso estado

Dessa forma, nesta revista estarão presentes um pouco da história e da culinária dos povos Pataxó e Banto, cuja a base culinária se constitui em peixes, muitos são exímios pescadores! Assim como frutas de todos os tipos e raízes. A mandioca, em banto Kidingu é a campeã! Como bons baianos em sua maioria, são apaixonados por kuiuna (farinha de mandioca). Dessa forma, os pataxós e os descendentes dos bantos também utilizam a mandioca nas mais diversas preparações. Os pataxós, por exemplo, o Aluá (bebida sagrada preparada com abacaxi) e a makaiaba (beiju), já os bantos preparam o angú, as farofas com azeite de dendê.

Um prato típico e muito famoso e que faz o sucesso entre os visitantes das aldeias é o peixe assado na folha de patioba (uma espécie de palmeira) Assim, o peixe é assado inteiro, recheado com legumes e servido dentro de uma bela gamela, um artesanato típico pataxó. Também temos as moquecas (Muzongué), abará e outras delícias provenientes desses povos que nos deixaram uma herança cultural riquíssima que temos de reconhecer e valorizar.

Ficou com vontade de experimentar?

Então, te convidamos com honra para a nossa vivência!

!Awêry ũg ihã merekati Gratidão e até breve!

LUAXIKILU (Introdução)

!A culinária do Brasil é fruto de uma mistura de ingredientes europeus e de povos indígenas e africanos Muitas das técnicas de preparo e ingredientes são de origem indígena, tendo sofrido adaptações por parte dos escravos e dos portugueses.

Esses últimos faziam adaptações dos seus pratos típicos, substituindo os ingredientes faltantes por correspondentes de origem local. A feijoada, prato típico do país, é um exemplo disso

Os escravos trazidos ao Brasil desde fins do século XVI, somaram à culinária nacional elementos como o azeite-de-dendê e o cuscuz As levas de imigrantes recebidas pelo país entre os séculos XIX e XX, vindos em grande número da Europa, trouxeram algumas novidades ao cardápio nacional e concomitantemente fortaleceu o consumo de diversos ingredientes

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Os Quilombolas e Indígenas 03.

"Quilombolas e indígenas

Há uma proximidade cultural geral entre populações quilombolas e populações indígenas. Os dois grupos vivem de maneira simples e integrados à natureza, tirando a maior parte de seu sustento da terra. No entanto, com o avanço da urbanização, do agronegócio e do extrativismo não sustentável, o modo de vida dessas comunidades e a sua preservação correm perigo."

"Assim como muitos indígenas não vivem isolados das cidades e das comunidades rurais, muitos quilombolas também não vivem assim. É necessário respeito e maiores ações de preservação dessas comunidades para que o seu patrimônio cultural não se perca."

Territórios de Identidade do estado da Bahia 04.

Os territórios vão além de um espaço geográfico delimitado por regras político administrativas e representam nosso espaço de vida. Ele é um espaço construído pelas relações que estabelecemos e a partir das quais é possível alcançar nossos objetivos, assim como contribuir com os objetivos dos outros.

Esses territórios baianos, chamados de Territórios de Identidade, representam os lugares de convivência a partir de onde é possível pensar, inovar, planejar e executar ações para melhorar as condições de vida de seus cidadãos. Para isso, é necessário que sociedade civil, governantes e os representantes dos setores produtivos e empresariais se articulem com o propósito de identificar e potencializar os atributos e capacidades dos territórios, e destes no conjunto do Estado. O aproveitamento dessas capacidades e atributos contribuirá para diminuir as desigualdades entre os territórios da Bahia e entre eles e outras regiões.

Territórios de Identidade do estado da Bahia 04

São reconhecidos 27 Territórios de Identidade, demarcados por critérios ambientais, econômicos e culturais, entre outros, além de observar as populações como grupos sociais relativamente distintos, os quais indicam identidade, coesão social, cultural e territorial.

Deste modo, a SecultBA assumiu a Política de Territorialização da Cultura, em todas as suas instâncias, em atenção à diversidade de manifestações culturais dos Territórios de Identidade.

Os Povos Originários 05

Os povos originários são populações que se tornaram primeiros habitantes de um território, com forma de organização social e cultura exclusivas ao seu grupo. No Brasil, os povos originários são os indígenas brasileiros que habitaram o país antes da chegada dos europeus. Eles representam 0,4% da população total do país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Vale destacar que nem todos os povos originários estão dentro do estereótipo dos povos indígenas, pois o que os define como povos originários não é o estereótipo e, sim, o fato de serem os primeiros habitantes de uma região e possuírem cultura, língua, organização social e política próprias.

No Brasil, a luta por terras ainda é uma demanda permanente dos povos originários. Eles sofreram processos violentos ao longo desses 500 anos e lidam com o extermínio da sua população

Indígenas

A história dos alimentos indígenas é tão diversa quanto a própria história dos povos indígenas nas Américas. Essas comunidades desenvolveram práticas agrícolas e conhecimentos sobre o uso de recursos naturais que permitiram que se alimentassem e prosperassem em ambientes diversos. Abaixo estão alguns aspectos relevantes da história dos alimentos indígenas:

Agricultura Tradicional: Os povos indígenas praticavam a agricultura muito antes da chegada dos europeus. Eles domesticaram e cultivaram várias espécies de plantas, como milho, batata, feijão, abóbora, amendoim, tomate, pimentão e tabaco. Esses alimentos tornaram-se pilares de suas dietas e contribuíram para a diversificação da agricultura em todo o continente.

Intercâmbio e Difusão de Culturas: As práticas agrícolas e os alimentos cultivados pelas comunidades indígenas frequentemente se espalhavam e eram compartilhados entre diferentes grupos através do comércio e das interações culturais. Isso resultou em uma variedade de culturas alimentares distintas em toda a América.

Sistemas de Conhecimento: Os povos indígenas possuíam um profundo conhecimento sobre a flora e a fauna locais, incluindo as propriedades medicinais e nutricionais das plantas. Eles desenvolveram técnicas de cultivo sustentável que permitiam o uso responsável dos recursos naturais e a manutenção da biodiversidade.

Caça e Pesca: Além da agricultura, os indígenas também dependiam da caça e da pesca para obter proteínas essenciais em suas dietas. Eles tinham uma conexão profunda com o meio ambiente e usavam técnicas específicas de caça e pesca, adaptadas a cada região e ecossistema.

Alimentos Sagrados: Muitos alimentos desempenhavam um papel significativo nas práticas religiosas e cerimônias indígenas. Eles eram vistos como presentes da natureza e frequentemente associados a histórias e mitos culturais.

Impacto da Colonização: A chegada dos europeus às Américas trouxe mudanças significativas à dieta indígena. Os colonizadores introduziram novos alimentos, como trigo, arroz, carne bovina e suína, bem como especiarias e outros ingredientes. Além disso, a propagação de doenças e a expulsão de comunidades indígenas de suas terras tradicionais tiveram impactos profundos em sua alimentação e saúde.

Persistência e Resiliência: Apesar das mudanças trazidas pela colonização, muitos alimentos indígenas tradicionais continuaram a ser cultivados e consumidos pelas comunidades indígenas ao longo do tempo. Esses alimentos são valorizados não apenas por suas propriedades nutricionais, mas também por suas conexões culturais e espirituais.

Revitalização Cultural: Nos tempos modernos, há um esforço crescente para revitalizar e promover a culinária indígena tradicional. Isso envolve o resgate de práticas agrícolas ancestrais, a valorização de alimentos nativos e o compartilhamento da riqueza cultural das comunidades indígenas com o mundo.

A história dos alimentos indígenas é um testemunho da sabedoria e conhecimento acumulado por essas culturas ao longo de milênios, bem como da importância de preservar e respeitar suas tradições alimentares únicas.

Os Indígenas do Estado da Bahia

Hoje, ainda há uma grande diversidade de sociedades indígenas na Bahia, o Instituto Socioambiental (ISA) identificou 14 tribos.

São elas: Atikum, Kaimbé, Kantaruré, Kiriri, Pankaru, Pankararé, Pataxó, Pataxó

Hã-hahãe, Payayá, Truká, Tumbalalá, Tupinambá, Tuxá e Xukuru-Kariri

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Os Pataxós

Pataxó é água da chuva batendo na terra, nas pedras, e indo embora para o rio e o mar ”Kanátyo Pataxó, Txopai e Itôhâ, 1997

O povo indígena Pataxó atualmente vive na região do Extremo Sul da Bahia, nos Municípios de Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro, Itamarajú e Prado. Historicamente, o povo indígena Pataxó ele sempre viveu na região desde o Rio São Mateus, no Espírito Santo, passando por uma parte de Minas Gerais e Bahia. Então os Pataxós eram um povo Nômade, não tinha morada fixa. Desde os primeiros contatos há relatos históricos de que, por exemplo, hoje uma das cidades Prado e Guaratiba, foram os locais onde se avistou os Pataxós e onde foram feitos os primeiros contatos entre Pataxós e não índios

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Língua, identidade e resgate

Os Pataxó falam o português, mas usam um pequeno vocabulário resgatado de sua língua nativa, pertencente à família linguística maxakali. Um conjunto de famílias linguísticas diferentes constitui um tronco-linguístico que, nesse caso, é o Macro-Jê.

Resgatar um idioma é também uma forma de preservação da memória de um povo. Por isso, um grupo de pesquisadores Pataxó se dedica ao processo de retomada de sua língua. Para eles, trata-se de uma reconstrução coletiva!

Os rituais pataxó

A forma com que nos casamos mudou muito com o tempo, não é? Com o povo Pataxó, também foi assim. Há relatos de que, antigamente, o casamento era realizado entre primos, que deveriam provar sua força com um desafio: os noivos em potencial precisavam carregar uma tora de madeira!

O Awê é outro ritual bastante tradicional entre o grupo indígena. O termo se refere a diferentes momentos de festa, marcados por coreografias específicas. O caium, bebida alcoólica produzida a partir de raízes e tubérculos, não pode faltar!

Localização de aldeias Pataxó no sul da Bahia Você provavelmente já ouviu falar no povo Pataxoop, comumente chamado de Pataxó, que vive no sul da Bahia e no norte de Minas Gerais É que essa população está em contato com os não indígenas desde o século 16!

Os Pataxó vivem em diversas aldeias no extremo sul do Estado da Bahia e norte de Minas Gerais Há evidências de que a aldeia de Barra Velha existe há quase dois séculos e meio, desde 1767. Em contato com os não índios desde o século XVI e muitas vezes obrigados a esconder seus costumes, os Pataxó hoje se esforçam para avivar sua língua Patxohã e rituais "dos antigos" como o Awê.

Os registros históricos comprovam que a presença dos Pataxó na região entre o rio de Porto Seguro e a margem norte do rio São Mateus, no atual estado do Espírito Santo, remonta ao século 16.

Nessa época os Pataxó já eram alvo de hostilidades e privações por parte dos colonos, do mesmo modo que eram constantes os conflitos com outros povos indígenas, muitos dos quais suscitados pelos portugueses, que estabeleciam alianças com alguns deles, em troca de ferramentas, para indispô-los contra os Pataxó e Botocudo, considerados os mais recalcitrantes.

Grupos aparentemente aliados aos portugueses também se beneficiaram dessa situação, pois, mediante promessas de paz e conversão ao cristianismo, costumavam imputar aos Pataxó e Botocudo “todas as hostilidades e carnagens ” (Revista Trimensal de História e Geographia, 1846)

Na segunda metade do século 18, há notícia da existência de 12 aldeias de “índios bravos”, localizadas no entorno do Monte Pascoal O cronista Luis dos Santos Vilhena recomendou, à época, a conservação e o aumento da vila do Prado, tendo em vista a sua relativa proximidade das referidas aldeias e a necessidade de favorecer a produção de seu “fertilíssimo terreno” e servir, simultaneamente, de barreira e obstáculo aos seus habitantes, os “bárbaros Pataxó que infestam toda a grande comarca de Porto Seguro” (Vilhena, 1969, p 535)

Os Pataxó falam o português, mas usam um pequeno vocabulário resgatado de sua língua nativa, pertencente à família linguística maxakali Um conjunto de famílias linguísticas diferentes constitui um tronco-linguístico que, nesse caso, é o Macro-Jê

Receitas de comidas e bebidas tradicionais Pataxó...Mãgute!!!

Peixe na patioba, farinha de puba, bolo de puba, beiju de puba, beiju de coco, cauim e muito mais sabores e saberes

Cada povo tem o direito de preservar suas práticas tradicionais de produção e consumo de alimentos, pois tais práticas constituem-se em patrimônio cultural, conformando-se como elementos identitários dessas coletividades e dos indivíduos que pertencem a elas. Esses aspectos são marcados no sistema alimentar e integram o saber-fazer culinário e os sabores que teimam em permanecer no ser Pataxó Os Pataxó acessam diversos e parcos habitats florestais para coleta de resinas, fibras, sementes, frutas, óleos e lenha Dos rios e córregos, quase secos pela total devastação da mata ciliar, ainda conseguem obter a água e os diversos e persistentes peixes que, capturados através de técnicas tradicionais, irão compor o cardápio da família Dos ecossistemas costeiros, principalmente dos manguezais, são obtidos crustáceos, peixes e moluscos, deveras apreciados. Todas as aldeias aguardam ano após ano a "época da fartura" dos manguezais, quando os Pataxó que vivem na costa capturam esses animais para a alimentação e troca com os índios agricultores de regiões mais centrais A criançada se esbalda e os adultos fazem festa! Do mar, vêm os peixes e os camarões, também muito apreciados e importantes na dieta e na culinária indígena. Dos recifes coralíneos obtém-se uma iguaria ímpar: o ouriço-domar, animal desprezado pelos moradores da cidade e desejado pelos nativos Essa fonte ecossistêmica fragilizada e historicamente violada, de biodiversidade e agrobiodiversidade, somada ao conhecimento indígena e os aprendizados com outros povos, gerou uma culinária ímpar, que resiste enquanto elemento identitário pataxó

créditos: Pataxó Turismos
Receitas PEIXE NA PATIOBA BOLO DE PUBA 01. 02. 03. 04. 05. OURIÇOS DO MAR O BEIJU DE COCO BEBIDASTRADICIONAIS 09

PEIXE NA PATIOBA 01.

Três folhas de tamanho médio da patioba lavadas e levadas ao fogo pra murchar Pega-se o peixe tratado e coloca-se um pouco de sal, sem mais temperos. Amarrase o peixe nas folhas com ajuda de um cipó verde Leve ao fogo o peixe amarrado, em brasa ou rescaldos ainda bastante aquecido, caso contrário queima-se a folha e também o peixe. Hummmm, muito bom!!!

A patioba é folha de uma palmeira ameaçada de extinção na Mata Atlântica, o pati (Syagrus botryophora). A folha, no momento do preparo da Mukeka, deve ser retirada de um pati jovem, pois a folha jovem é mais resistente ao calor intenso, e a mesma deve ser, quando na residência, esquentada no fogo, para murchar. É necessária, também, a coleta de coco e de dendê para a extração do leite e do óleo, respectivamente Os peixes são pescados no mar ou nos rios O peixe é limpo, salgado e temperado com urucum (cujo preparado em forma de pó recebe o nome, na culinária brasileira, de colorau) em uma bacia ou gamela (de madeira) Em seguida são acomodados na patioba, podendo ser temperados com leite de coco, azeite de dendê e, às vezes, pimenta do reino Após este procedimento, o peixe é fechado na patioba, que é amarrada com fibra de embira para os peixes não caírem. Por fim, o peixe envolto na patioba é colocado a assar na brasa, num buraco na terra ou suspenso com duas estacas Logo percebemos o porquê da preferência pela patioba, pois sua folha demora a queimar na brasa. E nossos cozinheiros ainda dão uma dica:

"Duas patiobas para cozinhar um peixe. Usam-se três palhas: a de baixo, a do meio e a de cima As duas de baixo, é água pura Na de cima, você tempera Quando começar a queimar a segunda, o peixe já está cozido" e, arrematam, "Mukeka do Pataxó é na patioba e a mukeka da piaba é a boa"

BOLO DE PUBA

Você faz a massa de puba conforme descrito acima, acrescente coco ralado e acúcar e mistura tudo. Se quiser, pode-se enrolar a massa na palha da bananeira e colocar para assar É preciso virar os lados para assar dos dois lados Fica divino!!!

Foi na aldeia mãe, a costeira Barra Velha, a mais antiga aldeia Pataxó, com outra querida Dona Maria, que aprendemos um pouco da culinária tradicional com o uso da fauna aquática Do ouriço do mar, faz-se um delicioso catado O ouriço é coletado e partido em bandas, retirando-se a gordura. Logo após, é temperado com óleo, sal, cheiro-verde e outros condimentos, e colocado a cozinhar O segredo do sucesso desse prato é mexer o tempo todo, de preferência com colher de madeira Do ouriço, também faz-se um belo de um assado Basta colocar uns pedaços de casca de coco ou de palha seca do coqueiro em cima do ouriço e atear fogo, esperando apagar. Há relatos de que, em épocas remotas, quando a farinha de mandioca era insuficiente devido ao impedimento de abertura de roçados, a coleta do ouriço era muito frequente. A coleta do ouriço foi relatada por Dona Maria, que sempre fez questão de transmitir a seus filhos e netos seu conhecimento sobre o momento vivido e as técnicas de coleta e preparo, assegurando a sobrevivência dessas práticas

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OURIÇOS DO MAR 03.

Do ouriço do mar, faz-se um delicioso catado

O ouriço é coletado e partido em bandas, retirando-se a gordura. Logo após, é temperado com óleo, sal, cheiro-verde e outros condimentos, e colocado a cozinhar O segredo do sucesso desse prato é mexer o tempo todo, de preferência com colher de madeira.

Do ouriço, também faz-se um belo de um assado Basta colocar uns pedaços de casca de coco ou de palha seca do coqueiro em cima do ouriço e atear fogo, esperando apagar. Há relatos de que, em épocas remotas, quando a farinha de mandioca era insuficiente devido ao impedimento de abertura de roçados, a coleta do ouriço era muito frequente. A coleta do ouriço foi relatada por Dona Maria, que sempre fez questão de transmitir a seus filhos e netos seu conhecimento sobre o momento vivido e as técnicas de coleta e preparo, assegurando a sobrevivência dessas práticas.

O BEIJU DE COCO 04.

Ralar a mandioca e retirar a goma, espremendo a mandioca com um pano. É preciso deixar a goma assentar para separá-la da água Depois de goma separada é preciso coá-la e fervê-la deixando-a descansar um dia. Feito, a goma tem que ser peneirada, então acrescenta-se um pouco de sal e leva-se a massa ao forno para secar Por fim, acrescente-se o coco um pouco de açúcar e bom apetite!!

BEBIDAS TRADICIONAIS 05.

Bebidas tradicionais, duas chamaram nossa atenção: o vinho do jatobá e o café tiririquim. Conhecemos o vinho rubro da deslumbrante arvore jatobá (Hymenaea courbaril) na aldeia pé-do-monte, com o Sr. Braga.

Na aldeia trevo-do-parque, conhecemos uma rara semente do café tiririquim, quase extinto na região, depois da entrada do café industrializado.

O tiririquim, segundo consta no livro de Apinaera Pataxó e Txahú Pataxó, é um café raro, que serve para dor de cabeça; a folha serve para benzer, a raiz para febre e a semente para o artesanato: "ele era um café que a gente utilizava sempre, sempre, sempre. O café que conhecíamos era esse, não conhecíamos o café de pacote, nem sabíamos usar, nem sabíamos se existia."

Cauim: é uma bebida alcoólica tradicional dos povos indígenas do Brasil desde tempos pré-colombianos, feita através da fermentação da mandioca ou do milho.

No caso dos Pataxó o cauim é também chamado de aluá. A matéria-prima é a mandioca, que é ralada, amolecida em água durante alguns dias (pubada), cozida, triturada e recozida para a fermentação. A bebida resultante é opaca e densa e tem gosto azedo; ela pode ser misturada com várias frutas e com caldo de cana.

O cauim pode ser consumido no cotidiano por uma ou duas pessoas, mas é mais comumente consumido em festas com dezenas ou centenas de pessoas, frequentemente de duas ou mais aldeias. Atualmente, contudo, produz-se cada vez menos o cauim devido ao processo demorado e trabalhoso de feitura da bebida. Povo Pataxó.

Os Quilombolas 10.

Quem são Quilombolas

"Quem são os quilombolas?

A palavra quilombo origina-se do termo kilombo, presente no idioma dos povos Bantu, originários de Angola, e significa local de pouso ou acampamento Os povos da África Ocidental eram, antes da chegada dos colonizadores europeus, essencialmente nômades, e os locais de acampamento eram utilizados para repouso em longas viagens No Brasil Colonial, a palavra foi adaptada para designar o local de refúgio dos escravos fugitivos. Quilombola é a pessoa que habita o quilombo "

"Quilombolas são os descendentes e remanescentes de comunidades formadas por escravizados fugitivos (os quilombos), entre o século XVI e o ano de 1888 (quando houve a abolição da escravatura), no Brasil Atualmente as comunidades quilombolas estão presentes em todo o território brasileiro, e nelas se encontra uma rica cultura, baseada na ancestralidade negra, indígena e branca No entanto, os quilombolas sofrem com a dificuldade no acesso à saúde e à educação."

11.

Os Quilombolas

"Os povos quilombolas não se agrupam em uma região específica ou vieram de um lugar específico. A origem em comum dos remanescentes de quilombos é a ancestralidade africana de negros escravizados que fugiram da crueldade da escravidão e refugiaram-se nas matas. Com o passar do tempo, vários desses fugitivos aglomeravam-se em determinados locais, formando tribos. Mais adiante, brancos, índios e mestiços também passaram a habitar os quilombos, somando, porém, menor número da população.

Ao longo da história brasileira, vários quilombos foram registrados, alguns com grande número de habitantes. O Quilombo dos Palmares, por exemplo, que na verdade era formado por um conjunto de 10 quilombos próximos, chegou a ter uma população estimada em 20 mil habitantes no século XVII.

Ainda hoje existem comunidades quilombolas que resistem à urbanização e tentam manter seu modo de vida simples e em contanto com a natureza, vivendo, porém, muitas vezes em condições precárias devido à falta de recursos naturais e à difícil integração à vida urbana e não tribal."

Os Quilombolas

""Há uma dificuldade, por exemplo, de acesso à saúde e à educação. Devido a isso, desde o início dos anos 2000, há uma tentativa governamental de demarcar as terras quilombolas para que elas não sejam tomadas por fazendeiros, madeireiros e grileiros e para que haja maior garantia de sobrevivência das comunidades que vivem nelas.

A extinta Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), criada em 2003 e extinta em 2015, acompanhava e rastreava as comunidades quilombolas. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), pelo Decreto n. 4.887 de 2003, é o órgão federal responsável pela demarcação e titulação das terras quilombolas no país.

Além dessas entidades, a Fundação Cultural Palmares, um órgão público vinculado ao extinto Ministério da Cultura (incorporado ao Ministério da Cidadania), é responsável pela manutenção e preservação do patrimônio cultural quilombola."

Tradições das comunidades quilombolas

É difícil apontar uma tradição quilombola única, visto que os quilombos formaram-se e organizaram-se das mais diversas maneiras. Em primeiro lugar, não foram apenas descendentes de africanos que povoaram os quilombos. Além de povos negros (que são predominantes hoje na composição étnica das áreas de quilombos), existe uma significativa presença de descendentes de indígenas e europeus.

As organizações formadas por quilombos também foram as mais diversas. Houve nelas uma predominância do modo de vida tribal, mas muitos quilombos desenvolveram sistemas de comércio e alguns até estabeleceram sistemas políticos internos, como reinados e repúblicas."

"Apesar da diversidade de origens culturais, alguns traços gerais da cultura africana estão presentes nos quilombos, além do sincretismo religioso das religiões afro-brasileiras, que misturam o tradicional culto aos orixás com o catolicismo, e a culinária, com vários elementos indígenas. Os quilombolas em geral gostam muito de música, canto, dança e festas tradicionais"

12.

Territórios Quilombolas reconhecidos no estado da Bahia 13.

"Agreste (Seabra – BA)

Algodões

Baixão Velho

Barra do Brumado

Boitaraca

Capão das Gamelas

Lagoa Verde

Mocambo e Cachoeira

Mulungu

Povoado da Conceição

Povoado de Cutia

Rio dos Macacos

Serra do Queimadão

Sítio Novo

Tapuia

Vão das Palmeiras

Vazante

A produção Quilombola

"A sobrevivência dos quilombolas era garantida por aquilo que eles retiravam da natureza e também do que eles plantavam e dos animais que eles criavam. O produto mais comum que era produzido pelos quilombolas era a farinha de mandioca, mas as roças dos quilombos também eram formadas por milho, feijão, batata-doce, abóbora, canade-açúcar, entre outros cultivares. Frutos e raízes também serviam para a alimentação dos quilombolas, assim como a caça e a pesca. Criavam-se animais, como galinhas, e produziam-se itens que eram úteis para os colonos portugueses, como cerâmica e cachimbos, além de lenha. Por isso, muitos quilombos estabeleciam relações comerciais amistosas com as fazendas e engenhos nas redondezas.

14.

As comidas típicas 15.

""As comidas típicas dos quilombos são mais determinadas pela região onde eles estão do que por uma unidade étnica. Nos quilombos baianos, por exemplo, o acarajé é uma iguaria típica. No nordeste em geral, come-se muito cuscuz, não sendo diferente nessas comunidades. A tapioca e a garapa (o tradicional caldo de cana) também são apreciados em vários quilombos pelo país.

Já quanto à religião cultuada nas regiões quilombolas, não há uma específica. Os quilombos têm várias matrizes religiosas, sendo predominante o candomblé, o catolicismo e o protestantismo. Neles o sincretismo entre elementos católicos e candomblecistas também é muito presente"

"Com exceção do Acre, Roraima e Distrito Federal, todos os estados brasileiros possuem quilombos. Apesar do Distrito Federal não possuílos, nas regiões do entorno distrital pertencentes a Goiás eles estão presentes. Os estados brasileiros com o maior número de comunidades remanescentes de quilombos são Bahia, que possui 229 quilombos cadastrados; Maranhão, com 112; Minas Gerais, com 89; e Pará, com 81 comunidades quilombolas cadastradas"

"As comunidades quilombolas do Nordeste representam a maioria da concentração quilombola por região e mantêm uma forte tradição devido à existência de quilombos que marcaram a história, como o Quilombo de Palmares. Na Bahia, existem comunidades quilombolas que sofreram com a violência de grileiros e fazendeiros, mas hoje têm proteção do Incra e de projetos de restauração da sua cultura. Bom Jesus da Lapa é um município que concentra muitas comunidades remanescentes de quilombos."

Receitas Quilombolas 16.

"A culinária dos grupos indígenas e quilombolas é intimamente ligada à natureza, e está na baseada nos cultivos das comunidades e nas tradições dos seus antepassados, como resultado de processos culturais que envolvem a domesticação, transformação e reinterpretação da natureza. Por isso, características naturais são relevantes e expressas em várias manifestações culturais, bem como na culinária, que tem na diversidade da área de influência.

A tradição culinária envolve elementos compartilhados como plantas comestíveis ao longo dos tempos, suas formas de cultivo, colheita, armazenamento, preparo, consumo, assim como e especialmente, seus significados simbólicos.

Nesse sentido, a comida tradicional pode ser identificada como aquela passada de geração a geração reunindo uma combinação entre os alimentos adquiridos em lojas e mercados , com aqueles que são produzidos comunitariamente, essa agregação entre o novo e o tradicional não invalida o a história cultural desses povos. Assim, nas receitas quilombolas temos pratos com elementos multiculturais e adaptados a realidade local das comunidades.

COCADA1.

Ingredientes:

açúcar coco fresco

Modo de Preparo:

“Retire a carne do coco e descasque. Rale. Em uma panela coloque o coco e o açúcar. Misture bem e acenda o fogo. E vá mexendo sem parar. Quando pegar essa mistura e não pingar, é hora de tirar do fogo e imediatamente colocar em uma superfície limpa e lisa (mármore). Vá retirando com uma colher grande e fazendo os montinhos do formato que quiser. Não pode demorar. Espere esfriar e sirva.”

*Cuidado com o fogo. Deve ser baixo para não queimar a calda. A calda fica bem grossa.

2. ESCONDIDINHO DE CARNE SECA

Ingredientes:

• 1kg de carne seca

• Molho de tomate

• Tomate

• Pimentão

• Cebola

• Alho

• 250g de queijo mussarela

• Leite

• Manteiga

• Cheiro verde

• Queijo parmesão ralado

Modo de preparo:

Dessalgar a carne seca, fervendo. Colocar para cozinhar em panela de pressão com outra água, para amolecer. Desfiar e refogar com cebola picada e um fio de azeite. Fazer um molho com o tomate, molho pronto de tomate, pimentão, cebola e alho.

Descascar, cortar e cozinhar o aipim com sal. Amassar e adicionar manteiga e leite para fazer a massa. Numa forma ou refratária, montar o escondidinho: colocar uma camada fina de massa de aipim. Rechear com a carne seca, o molho e o queijo e colocar o restante da massa para cobrir. Colocar o queijo ralado sobre a massa para gratinar no forno.

3.GALINHA DA ROÇA COM AIPIM

Ingredientes:

1 galinha da roça

500g de aipim

4 dentes de alho

4 folhas de alfavaca

1 pitada generosa de sal

1 colher de café de colorau

1 cebola média picada

½ copo de vinagre

2 limões

cheiro verde

Modo de Preparo:

Cortar a galinha, lavar com água quente, vinagre e limão. Em uma panela, refogar o alho socado com alfavaca, sal e cebola picada.

Colocar a galinha e deixar dourar. Depois de dourada, pingar água aos poucos até cozinhar. Quando a galinha estiver cozida, adicionar o aipim também cozido e o cheiro verde por cima “para colorir.” Servir com arroz e feijão. Serve 6 porções.

4. FEIJÃO DE CORDA

Ingredientes:

• 500g de feijão de corda

• 3 linguiças calabresa

• 300g de toicinho

• 300g de costelinha de porco

• 300g de carne seca

• 4 folhas de louro

• 5 dentes de alho

• 1 cebola

• 1 colher de sopa de óleo

Modo de Preparo:

Descascar o feijão e ferver bem para limpar. Escorrer a água e retorná-lo à panela para cozinhar. Ferver as carnes duas vezes para dessalgar e adicioná-las ao feijão por 40 minutos. Verificar se está cozido. Refogar o alho com a cebola e temperar o feijão. Servir com arroz, couve e angu. Serve 8 porções.

5. BOLO DE AIPIM COM COCO

Ingredientes:

• 500g de aipim

• 400g de coco fresco

• 3 ovos caipiras

• 250g de margarina ou manteiga

• 5 colheres de sopa de açúcar

• 500 mls de leite de coco

Modo de Preparo:

Ralar o aipim, o coco e misturar todos os ingredientes. Untar um tabuleiro médio com manteiga. Despejar a massa e colocar para assar em forno médio pré aquecido por 25 minutos.Servir com café. Serve 10 porções.

6.Abará baiano

Ingredientes :

1 quilograma de feijão fradinho demolhado por 1 noite

100 gramas de camarão seco moído

100 gramas de cebola ralada

100 gramas de amendoim e castanha de caju torrados e moídos (fundo misto)

250 mililitros de azeite de dendê

½ colher de chá de gengibre ralado

folhas de bananeira

Como fazer Abará baiano: Para fazer esta receita de abará passo a passo comece por lavar bem o feijão: coloque-o em uma vasilha grande com água, remexa e tire com uma peneira as cascas que se soltarem. Escorra o feijão e repita até a água sair limpa. De seguida bata o feijão no moinho, para transformar em purê, e depois bata com uma colher de pau, para ficar leve e volumosa. Acrescente o camarão moído, a cebola, o fundo misto e o gengibre. Misture, adicione azeite de dendê e envolva tudo para obter uma massa homogênea e amarela. O passo seguinte do abará baiano é passar as folhas de banana no fogo, para que fiquem mais flexíveis. Depois enrole porções da massa anterior nas folhas, como se fosse uma pamonha, e coloque a cozinhe no vapor ou em banho-maria, por 40 minutos

7.Acarajé baiano

Ingredientes:

500 g de feijão fradinho

2 litros de água

2 cebolas

3 dentes de alho

500 ml de azeite de dendê (para fritar)

500 ml de óleo de milho ou soja (para fritar)

Sal a gosto

Modo de fazer:

Deixe o feijão fradinho de molho na água de um dia para o outro. Algumas vezes, esfregue os grãos para ajudar a soltar da casca. Troque a água se for necessário. Deixando limpo, passe em uma peneira para retirar a água. Bata em um liquidificador os feijões, as cebolas, os alhos e o sal. Bata bem até formar uma massa branca e espessa. Retire e reserve na geladeira por aproximadamente 1h. Em uma panela tipo

caçarola, despeje a massa e bata com uma colher de pau até que triplique o volume e atinja uma consistência de espuma. Esse é o processo de aerar a massa. Com a mesma colher de pau e o auxílio de uma colher de sopa, modele os bolinhos. Em uma panela com a mistura dos dois óleos, frite os bolinhos até que fiquem dourados.

8.Cuzcuz recheado

INGREDIENTES

1/2 xícara de flocão de milho

1/3 de xícara de água

Sal Mussarela

50 g de carne seca desfiada

MODO DE PREPARO

Comece dessalgando a carne seca. Corte a carne em cubos, coloque numa panela com água e, para cada kg, coloque 3 colheres de sal. Isso mesmo, sal e explico o motivo no box.

Leve ao fogo e quando borbulhar e formar uma espuma branca na parte de cima, desligue e escorra a carne em água corrente 3 vezes.

Feita a dessalga, coloque a carne cortada em cubos em uma panela de pressão, cubra com água e cozinhe por aproximadamente 30 minutos depois de pegar pressão.

Espere esfriar por completo, feche a panela novamente e chacoalhe até que a carne esteja desfiada.

Em uma tigela coloque o flocão, a água e uma pitada de sal. Deixe hidratar por 10 minutos.

Enquanto isso, aqueça água na parte de baixo da cuscuzeira.

Coloque metade do flocão hidratado na parte de cima da cuscuzeira, as fatias de queijo e por cima a carne seca desfiada.

Cubra com o restante do flocão e tampe. Deixe cozinhar por 10 minutos e sirva.

Kufurahia!

(Bom apetite em swahili)

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