Hoje Macau 13 FEVEREIRO 2023 #5188

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Barra pesada

O julgamento dos antigos secretários das Obras Públicas continua a gerar polémica. Na última sessão, o advogado João Miguel Barros foi ameaçado pela juíza Lou Ieng Ha de ficar impedido de fazer mais perguntas até ao fim do julgamento, o que, segundo juristas “é um abuso de poder” e pode ser alvo de procedimento disciplinar.

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GONÇALO LOBO PINHEIRO LUSA DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 13 DE FEVEREIRO DE 2023 • ANO XXI • Nº5188 www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau GOVERNO VIAGEM A LISBOA PÁGINA 4 CLOCKENFLAP CANTIGAS DE MARÇO HOSPITAL DAS ILHAS PARCERIAS COM NÍVEL EVENTOS PÁGINA 5 CARTUCHOS E OUTRAS HISTÓRIAS FÁBRICA DE PANCHÕES GRANDE PLANO A ANALOGIA NO DESENVOLVIMENTO DA FILOSOFIA NA CHINA Caroline Pires Ting O URSO PRETO E A COR VEMELHA Paulo Maia e Carmo
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MATTHEW BAKER | GETTY IMAGES

NOVO ESPAÇO CULTURAL MOSTRA ANTIGA FÁBRICA E RARO

PATRIMÓNIO INDUSTRIAL

Redescoberta da pólvora

Com a abertura recente ao público do passadiço da antiga Fábrica de Panchões Iec Long, no coração da Taipa velha, Macau passou a contar com mais um trunfo turístico. A LUSA, com a ajuda de uma arquitecta do Instituto Cultural, leva-nos numa visita guiada à emblemática estrutura que materializa uma indústria desaparecida

Opolo cultural que está a ser desenvolvido nas antigas ruínas da Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa, resgata um “vestígio muito completo” da história da produção de panchões em Macau e um raro exemplar do património industrial local.

Os portões trancados da antiga fábrica de panchões Iec Long são há muito imagem presente para quem percorre a rua Fernão Mendes Pinto, na vila da Taipa, e sinalizam um episódio da história de Macau muitas vezes esquecido.

Elemento típico da cultura chinesa, o panchão, cartucho de

pólvora revestido a papel vermelho e queimado em ocasiões festivas, como no ano novo lunar, alimentou, entre os séculos XIX e XX, uma das indústrias mais robustas de Macau. E a Iec Long, desactivada em 1984 e tomada pelo tempo e pelo arvoredo, conserva até hoje a memória mais completa da produção de panchões no território, além de ser um dos escassos exemplares do património industrial local.

“É um vestígio muito completo, uma janela para o passado de uma fase muito importante para a subsistência da população e o desenvolvimento económico da cidade”, nota Carla Figueiredo, do

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TAIPA
FOTOS GONÇALO LOBO PINHEIRO LUSA

departamento do património do Instituto Cultural (IC), que acompanha a Lusa numa visita ao espaço, aberto ao público em finais de Dezembro após a conclusão da primeira fase de reabilitação (ver texto secundário).

Às dez de manhã de quinta-feira, o novo passadiço de teca, que percorre as antigas unidades de produção, como a câmara de fabrico de pavios ou a sala de entalhe de panchões, ao longo de um percurso de mais de 400 metros, está praticamente desocupado. Raízes aéreas de uma figueira-de-bengala avançam sobre velhas estruturas. Uma árvore de cânfora, com mais de 260 anos, é a espécie mais antiga do recinto de 25 mil metros quadrados.

“Algumas das unidades de produção estão rodeadas de paredes francamente espessas, para proteger das antigas funções. São indicativos das unidades mais perigosas”, aponta a arquitecta.

Ritos e magias

O manuseamento de produtos químicos para a preparação dos panchões representava uma ameaça à segurança de quem trabalhava na manufactura e ditou, no início do século XX, a transferência de fábricas da península de Macau para a Taipa, área menos povoada, e, a partir dos anos 1970, o declínio da actividade, com a generalização das restrições ao uso destes foguetes chineses.

Com isso, o papel social do panchão e “a ligação afectiva às próprias cerimónias” também mudou, lembra Carla Figueiredo. “Fazia parte das próprias festividades para afastar maus espíritos, portanto está muito integrado na filosofia de geomancia e de energias - afastar as más energias com os sons, com os ‘flashes’ dos panchões a rebentar e a poeira que ficava. Tudo isto são rituais simbólicos. Eram talvez mais mitológicos no início e hoje em dia são talvez mais celebratórios”, reforça.

“É um vestígio muito completo, uma janela para o passado de uma fase muito importante para a subsistência da população e o desenvolvimento económico da cidade.”

“Na altura da guerra de resistência contra os japoneses [1937-1945], a quinta da Iec Long foi importante para dar alimentos aos trabalhadores e até para venda nos mercados.”

“Não estamos a fazer nada que não seja irreversível, portanto há aqui um princípio básico no nosso restauro que é o princípio de reversibilidade: é sempre possível tirar o passadiço e podermos pensar noutros usos.”

FIGUEIREDO IC

OPassadiço da Antiga

Fábrica de Panchões

Iec Long foi inaugurado discretamente dois dias antes do Natal, numa altura em que o território era assolado por uma vaga pandémica que infectou quase por completo a população de Macau. A abertura do espaço veio elevar o leque de oferta de espaços culturais relaxantes na Taipa velha. Na altura, o Instituto Cultural (IC) descreveu o local como “um dos projectos importantes do programa de Inverno ‘Uma Base Cultural’”.

O passadiço é constituído por um percurso turístico com cerca de 400 metros, “conce-

Também o ‘feng shui’, prática que procura o equilíbrio entre o indivíduo e o espaço, “muito importante para qualquer planeamento urbano ou arquitectónico de edifícios chineses”, determinou a localização da unidade fabril, com a colina na parte traseira e o rio “que simboliza dinheiro e prosperidade” a correr pela frente.

Pólvora e gado

A Iec Long, estabelecida em 1925 por Tang Bick Tong, empresário de Nanhai, cidade da província chinesa de Guangdong, foi a fábrica de panchões que mais tempo esteve em funcionamento no território, chegando a empregar entre 400 a 500 funcionários, incluindo crianças, que montavam diariamente dois mil discos de panchões. Porém, este ramo de actividade, exclusivo da comunidade chinesa, estreou-se em Macau quase 60 anos antes, chegando a ser um dos principais empregadores do território. O produto, exportado para as várias comunidades chinesas além-fronteiras, projectou a “imagem de Macau e da China para o mundo”.

“Haver uma linha de montagem para produzir algo que era tão crucial para a exportação local é de facto pioneiro em Macau e esta linha de montagem está perfeitamente reflectida nas estruturas que ainda existem”, diz a arquitecta. E lembra ainda outra função: “A própria fábrica de panchões tinha uma pequena quinta, com gado, com ovelhas, com galinhas e era quase auto-suficiente. Na altura da guerra de resistência contra os japoneses [1937-1945], a quinta da Iec Long foi importante para dar alimentos aos trabalhadores e até para venda nos mercados”.

Espírito do passado

Esse ambiente bucólico, que a intervenção do IC optou por preservar, é um “apelo à calma” e uma oportunidade para “fugir ao ritmo acelerado

Abertura silenciosa

Passadiço da antiga Fábrica de Panchões

Iec Long inaugurado durante surto bido para dar continuidade às memórias históricas e incluir os elementos do ambiente original da fábrica”. Ao lon-

go do passeio, é servida aos visitantes informação que permite ficar a conhecer a sala de fabrico de pavios, os

da vida”, num projecto que tem como propósito “diversificar o turismo cultural e descongestionar o centro histórico de Macau, com espaços alternativos de interesse cultural”.

Para já, além do passadiço e do mobiliário urbano, o novo espaço integra ainda uma loja de lembranças e a exposição interactiva ‘Eco de panchões’, que evoca a história na génese desta estrutura quase centenária, estando já prevista a organização de programas culturais, como oficinas sobre chá ou pintura ou a actuação de músicos no local. Entre os planos para uma próxima fase, projectam-se

intervenções nas antigas unidades de produção, mantendo sempre “a memória da função do espaço”. “Não está com aqueles cuidados clínicos, que seria tudo demasiado limpo e que tiraria a característica do sítio”, refere Carla Figueiredo, que realça a opção em “mostrar a verdade dos materiais”. “Não estamos a fazer nada que não seja irreversível, portanto há aqui um princípio básico no nosso restauro que é o princípio de reversibilidade: é sempre possível tirar o passadiço e podermos pensar noutros usos”. Lusa

canais de água, os tanques, a sala de entalhe de panchões e o armazém de materiais.

O IC disponibiliza também um sistema de visitas guiadas para dar a conhecer com maior profundidade todos os detalhes sobre a arte de produzir panchões e os processos de fabrico usados na época, aliando em harmonia o património cultural do parque e dos edifícios históricos com as frondosas árvores que dominam o local. O passadiço está aberto todos os dias entre 06h e as 19h.

Negócio de estrondo

A indústria de panchões de Macau começou a desen-

volver-se a ritmo acelerado a partir da década de 1920, com várias fábricas de panchões estabelecidas na Taipa, tornando-se uma indústria líder e com posição relevante no desenvolvimento industrial de Macau na altura.

Tendo em conta que os panchões se tornaram um importante produto com peso na economia local e expressão nas exportações da região, um número considerável de residentes da Taipa envolveu-se na produção de panchões durante o seu apogeu, dos anos 50 até 70. A referida indústria esteve estreitamente relacionada

com a vida da população e as comunidades da Taipa, desempenhando um papel essencial na história do desenvolvimento económico de Macau.

A antiga Fábrica de Panchões Iec Long, com uma história de quase 100 anos, é a única ruína que se conservou até ao presente da indústria de panchões em Macau, encontrando-se num bom estado de preservação, e reflecte a prosperidade dessa indústria tradicional de Macau do século XX, sendo um testemunho do desenvolvimento da indústria moderna de Macau. J.L.

grande plano 3 segunda-feira 13.2.2023 www.hojemacau.com.mo
GCS

HO Iat Seng vai deslocar-se Portugal, numa visita que deverá decorrer por volta do mês de Abril. A notícia foi avançada na sexta-feira pelo jornal Plataforma, que cita fontes anónimas.

Segundo a publicação, esta vai ser a primeira viagem oficial do Chefe do Executivo ao Ocidente e os preparativos estão a avançar “de forma intensa pelos canais diplomáticos de ambos os lados”.

A visita conta ainda com “o envolvimento directo da Presidência da República”, uma consequência de o facto da política externa em Portugal ter uma dupla competência.

Estes preparativos significam também que Ho Iat Seng deverá ser recebido pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

Apesar das fontes oficiais terem recusado comentar a deslocação ao jornal Plataforma, este aponta que Ho Iat Seng vai a Portugal tentar transmitir a imagem de que em Macau “a importância da língua e da cultura portuguesas” continuam a ser vistas como um factor “diferenciador e uma

VISITA HO IAT SENG PREPARA VIAGEM OFICIAL A PORTUGAL

Rota da amizade

Na sua primeira viagem oficial ao Ocidente, o Chefe do Executivo vai a Portugal transmitir a mensagem de que a língua e a cultura portuguesa continuam a ser vistas como factores diferenciadores

vantagem competitiva” em relação “a outras regiões da China”.

Tempos de êxodo

A deslocação de Ho Iat Seng surge após três anos de restrições à circulação que isolaram o território do resto do mundo. Em consequência, as pessoas com familiares em Portugal depararam-se com inúmeros obstáculos burocráticos, que na prática impediram as deslocações.

As medidas fizeram com que vários residentes portugueses perdessem momentos importantes para cada família, como nascimentos, casamentos ou funerais.

DIPLOMACIA HO IAT SENG RECEBE EMBAIXADOR DA VENEZUELA

APESAR de três de isolamento de Macau, em que os nacionais da Venezuela estiveram proibidos de entrar no território, Ho Iat Seng considerou que “existe bastante intercâmbio entre as pessoas” do país sul-americano e da RAEM. As declarações foram prestadas, de acordo com a informação oficial, num encontro entre o Chefe do Executivo e o embaixador da República Bolivariana da Venezuela na China, Giuseppe Yorio.

O encontro serviu ainda para Ho Iat Seng destacar a importância do turismo para a economia local e propor o aprofundamento das relações entre a RAEM e a Venezuela ao nível do turismo, indústrias de big health, financeira, tecnologia de ponta, convenções e exposições, no comércio, ainda na cultura e no desporto.

Por sua vez, Giuseppe Yorio veio promover investimento estrangeiro na Venezuela, através das Zonas Económicas Especiais, recentemente criadas pelo país liderado por Nicolás Maduro.

Segundo este plano, os estrangeiros que investirem no país sul-americano terão um tratamento diferenciado com “políticas preferenciais”.

Giuseppe Yorio destacou ainda que Macau, enquanto cidade turística internacional de sucesso “serve de referência para a Venezuela desenvolver a sua zona económica especial”.

O número de imigrantes vindos de Portugal caiu para níveis históricos que só encontram paralelo em 2000, o primeiro ano após a transição. Segundo a informação do Observatório da Emigração,

Esta vai ser a primeira viagem oficial do Chefe do Executivo ao Ocidente e os preparativos estão a avançar “de forma intensa”

órgão ligado ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, apenas 18 portugueses vieram viver para Macau em 2021. Por contraste, em 2020 o número de portugueses a chegar à RAEM tinha sido de 67.

A escolha de Portugal como primeiro destino de Ho no Ocidente pode ser assim vista como um sinal político relevante numa altura em que as circunstâncias da crise pandémica paralisaram os contactos políticos no exterior, mas também alguma desconfiança por parte da comunidade portuguesa residente em Macau sobre o seu futuro. João Santos Filipe

JUVENTUDE LEI CHAN U PEDE REVISÃO DO PLANO DE FORMAÇÃO DE JOVENS

O deputado entende que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) deve rever o plano de formação inicial destinado a jovens com idade igual ou inferior a 24 anos e que disponibiliza

formação técnica nas áreas dos equipamentos eléctricos, bem como restauração chinesa e ocidental.

Lei Chan U questiona, numa interpelação escrita, qual é a verdadeira eficácia destas acções de

formação, chamando a atenção para o facto de ser difícil atrair jovens para os cursos de cozinha. O deputado, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, questionou quais serão as áreas laborais prioritárias

deste plano formativo tendo em conta a política governamental de diversificação económica “1+4”, lançada pelo Governo nas últimas Linhas de Acção Governativa. Sobre a Comissão de Desenvolvimento de Talentos, o

deputado questiona as previsões feitas por esta equipa de técnicos na procura de quadros qualificados, para que os jovens tenham uma referência das necessidades do mercado quando escolherem um curso universitário.

Fórum Macau Recebido ministro cabo-verdiano

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional de Cabo Verde, Rui Figueiredo Soares, visitou as instalações do Secretariado Permanente do Fórum de Macau, no âmbito de uma deslocação ao território. Durante a visita, Rui Soares destacou a “importância que o Governo de Cabo Verde atribui ao Fórum de Macau, bem como a sua total disponibilidade em continuar a dar apoio aos trabalhos do Secretariado Permanente”. O ministro do país africano “manifestou igualmente o desejo de reforçar a cooperação em diversas áreas entre Cabo Verde, a China e outros países participantes, aproveitando o mecanismo multilateral do Fórum de Macau”.

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HOSPITAL DA ILHAS ACORDO COM O PEKING UNION MEDICAL COLLEGE

Com toda a categoria

SALAS VIP WONG KIT CHENG EXIGE DEFESA DOS DIREITOS DOS ANTIGOS FUNCIONÁRIOS

Adeputada Wong Kit

Cheng pede que o Governo assegure a defesa dos direitos dos ex-funcionários das salas VIP dos casinos que foram despedidos em 2021, para que estes possam receber as indemnizações a que têm direito. A deputada, dirigente da Associação Geral das Mulheres de Macau, diz ter recebido muitas queixas destes trabalhadores que terão assinado um acordo para o fim da ligação contratual com as operadoras sem terem a noção exacta do que tinham direito por lei, pelo que acabaram por receber uma indemnização por despedimento, cujo valor é inferior à compensação do despedimento sem

justa causa a que teriam direito.

Outro exemplo apontado por Wong Kit Cheng, é o das funcionárias que não receberam a compensação por despedimento por estarem grávidas. A deputada pede que o Governo reforce a divulgação da legislação laboral para que haja uma maior consciência dos direitos e deveres por parte dos trabalhadores. Wong Kit Cheng quer também o aperfeiçoamento do mecanismo de indemnizações por despedimento caso as empresas despeçam trabalhadores em massa, situação que traz grande impacto ao mercado laboral e que afecta a harmonia social.

NATALIDADE LEONG HONG SAI PEDE MAIS DADOS SOBRE MEDIDAS DE INCENTIVO

Odeputado Leong

Hong Sai interpelou o Governo sobre a necessidade de divulgação de mais dados sobre as políticas de incentivo à natalidade. O deputado, ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau, recorda que, aquando da apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano, o Governo prometeu apoiar, de forma activa, as políticas relacionadas com as mulheres e as crianças, nomeadamente ao “promover a implementação das políticas de apoio à família”, “apoiar o desenvolvimento de acções de educação da vida familiar” ou “promover o desenvolvimento dos serviços de creches”. Leong Hong Sai refere, na interpelação escrita, que as políticas adopta-

O Governo da RAEM e o Peking Union Medical College Hospital assinaram o acordo de cooperação e gestão do futuro Hospital das Ilhas. O presidente da entidade de saúde de Pequim garantiu que o complexo será um centro de saúde de nível nacional, enquanto Ho Iat Seng pediu a abertura faseada da unidade hospitalar

na primeira reunião plenária desde ano da Comissão para o Desenvolvimento Estratégico do Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital/ Hospital de Macau, presidida pelo académico Zhao Yupei.

Segundo o Gabinete de Comunicação Social, “sob recomendação da Comissão Nacional de Saúde, o Governo da RAEM incumbiu ao Peking Union Medical College Hospital a operação, a gestão e a prestação de serviços no Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas”, que será classificado como um hospital público.

das pelas autoridades de Guangdong, lançadas no passado dia 17 de Janeiro, levaram ao aumento dos dias da licença de paternidade e melhoraram a licença dos cuidadores. Para o deputado, as concessionárias de jogo e as empresas públicas deveriam adoptar medidas de apoio à natalidade em prol dos trabalhadores, exigindo que sejam as autoridades a fazer esse encorajamento, nomeadamente quanto ao aumento dos dias de licença de maternidade.

Referindo-se à licença de paternidade, que em Macau é de apenas cinco dias, o deputado entende que deveria ser alargada, pois no Interior da China ou em países vizinhos como o Japão, foram adoptadas licenças de paternidade até quatro semanas.

NA sexta-feira, o Governo da RAEM, representado pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, assinou o acordo de cooperação com o Peking Union Medical College Hospital para a gestão do futuro Hospital das Ilhas.

O momento solene, que marca o início de uma ligação entre o Governo local e a entidade nacional, foi o passo seguinte à aprovação na generalidade da lei de gestão do complexo hospitalar.

O acordo foi também assinado pelo presidente honorário do Peking Union Medical College Hospital e membro da Academia Chinesa de Ciências, Zhao Yupei, pela subdirectora do Gabinete

para os Assuntos de Hong Kong, Macau e Taiwan da Comissão Nacional de Saúde, Li Wei, e pela presidente do Peking Union Medical College Hospital, Zhang Shuyang. Fica assim oficializada a “cooperação de longo prazo” com o intuito da “prestação de serviços de cuidados de saúde, educação médica, estudos científicos e transformação dos respectivos

resultados e indústria da saúde (big-health industry)”. Além disso, a parceria tem também em vista que o Hospital das Ilhas se torne num “centro médico regional a nível nacional”.

À procura de pessoal

Antes da cerimónia de assinatura, os representantes nacionais reuniram-se com Ho Iat Seng e participaram

“A equipa de trabalho está a acelerar a organização dos recursos humanos necessários, nomeadamente médicos, enfermeiros e pessoal da área de saúde”, “a instalação de equipamentos de grande dimensão e a criação de um sistema informático.” HO IAT SENG CHEFE DO EXECUTIVO

O Chefe do Executivo garantiu estar “muito atento ao andamento da construção e outros detalhes do complexo” e terá exigido à empresa responsável pela construção que aperte o controlo de qualidade, “a fim de preparar tudo para uma entrada faseada em funcionamento, a partir de finais do corrente ano”.

Ho Iat Seng acrescentou que, actualmente, “a equipa de trabalho está a acelerar a organização dos recursos humanos necessários, nomeadamente médicos, enfermeiros e pessoal da área de saúde”, “a instalação de equipamentos de grande dimensão e a criação de um sistema informático”.

Por sua vez, o presidente honorário do Peking Union Medical College Hospital afirmou que graças ao trabalho em conjunto com o Governo da RAEM nasceu, “nos últimos anos, uma amizade profunda com Macau”. João Luz

Empréstimos em dívida das PME atingem 560 milhões

Até ao final do ano passado, os empréstimos em dívida não pagos pelas Pequenas e Médias

Empresas atingiam o valor de 560,6 milhões de patacas, de acordo com os dados publicados pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

Este valor representa uma diminuição de 19,4 por cento. Na segunda metade de 2022, o novo limite do crédito aprovado às PME pelos

bancos de Macau decresceu 0,5 por cento relativamente ao primeiro semestre de 2022, atingindo 7,5 mil milhões de patacas. Até finais de 2022, o balanço utilizado dos empréstimos concedidos às PME atingiu 85,2 mil milhões de patacas e registou um acréscimo de 1,4 por cento, quando comparado com o valor registado no final de Junho.

política 5 segunda-feira 13.2.2023 www.hojemacau.com.mo
GCS

ENSINO GOVERNO AVISA PARA DESEMPREGO DEVIDO A BAIXA NATALIDADE

A dureza dos números

Com Macau a perder cerca de 9 mil alunos até 2032, o Governo acredita que alguns professores vão ficar desempregados. Contudo, foi prometida, ao mesmo tempo, a abertura de mais escolas internacionais em Macau

OGoverno estima que o desemprego entre os professores aumente até 2032, devido à redução da taxa de natalidade. O cenário foi traçado por Elsie Ao Iong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, na sexta-feira, numa sessão de respostas a interpelações orais dos deputados, na Assembleia Legislativa.

De acordo com a secretária, o pico do número de estudantes vai ser atingido no acto lectivo de 2025/2026, mas a partir daí a redução vai ser acentuada, com as salas de aulas a perderem mais de 9 mil alunos.

“Nos últimos anos, o número total de alunos está a aumentar. Mas em 2025/2026 vai atingir o pico, que será de 89 mil alunos”,

CPSP Detido por filmar pénis em casas-de-banho

Um residente local foi detido, depois de ter sido apanhado a filmar outro homem quando utilizava uma casa-de-banho pública, na Avenida de Francisco Xavier Pereira. O caso aconteceu na quarta-feira e foi divulgado no sábado, pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), chamada ao local pelo homem que imobilizou o alegado voyeur. Segundo a versão das autoridades, num primeiro momento, a vítima da gravação ilegal apercebeu-se da presença de outro homem com um comportamento suspeito na casa-de-banho pública, mas decidiu ignorar. Contudo, depois de satisfeitas as necessidades fisiológicas, o homem reparou que o voyeur continuava a segurar o telemóvel e confrontou-o. O suspeito admitiu ter como passatempo filmar pénis de desconhecidos em casas-de-banho do território. Face à confissão, a vítima chamou o CPSP que encontrou no telemóvel do detido mais de 100 filmes com partes privadas de estranhos, em diferentes casas-de-banho do território.

IC Almeida Ribeiro visitada por 140 mil pessoas

O encerramento ao trânsito da Avenida Almeida Ribeiro, entre 22 e 24 de Janeiro, e entre 4 e 5 de Fevereiro, atraiu cerca de 140 mil pessoas, de acordo com os dados oficiais divulgados pelo Instituto Cultural no fim-de-semana. Ao longo dos cinco dias, a Almeida Ribeiro foi palco de 96 actuações em que participaram 330 artistas, além de 32 stands com características e temas diferentes. O IC cita ainda um inquérito, sem avançar o número de inquiridos, para afirmar que “60 por cento dos comerciantes da zona” registaram um aumento “do volume de negócios entre o primeiro dia e o terceiro dia do Ano Novo Chinês”. Em alguns casos, segundo o mesmo inquérito, o aumento do volume de negócios terá chegado a mais 50 por cento.

PJ Alerta para burlas que simulam chamadas da CTM

afirmou a secretária. “A partir de 2027 vamos ter uma descida do número de alunos e em 2032 vamos ter apenas 80 mil alunos”, acrescentou.

Como os planos são para manter uma média de 25 alunos por turma, a redução demográfica levará à dispensa de docentes. “Em 2032, vamos ter uma média de 25 alunos por turma. E nessa situação pode haver lugar ao desemprego de alguns docentes”, anteviu.

Mais escolas

Se, por um lado, o Governo prevê a redução do número de alunos na RAEM, por outro, afirmou que o território vai ter mais escolas internacionais. Estas instituições vão ser criadas para formar os filhos de “quadros qualificados” contratados no estrangeiro.

A necessidade de criar mais instituições internacionais foi indicada pelo director dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), Kong Chi Meng, também na sessão de respostas a interpelações orais dos deputados. Por sua vez, a secretária garantiu que as escolas “não vão fazer concorrência” com as existentes, e que esta é uma exigência para diversificar a economia. “No

“A partir de 2027, vamos ter uma descida do número de alunos e em 2032 vamos ter apenas 80 mil alunos.”

ELSIE AO IONG U, SECRETÁRIA PARA OS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA

futuro serão criadas mais escolas com elementos curriculares que utilizam o inglês como língua principal, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento das principais indústrias e diversificação adequada da economia”, justificou.

Elsie Ao Ieong U destacou ainda, como exemplo, que a Associação do Colégio Sino-Luso Internacional de Macau irá criar um desses estabelecimentos de ensino. “As escolas passam a poder ministrar cursos com elementos curricular internacionais e cursos leccionados em várias línguas”, apontou. “No ano lectivo de 2023/2024, Macau vai receber uma escola internacional que utiliza chinês, português e inglês, como meio de ensino”, indicou. João Santos Filipe

A Polícia Judiciária (PJ) lançou ontem um apelo à população para que tenha cuidado com burlas através de simulação de chamadas telefónicas da companhia de telecomunicações. As autoridades deram conta de dois casos de burla, um deles que terá começado quando a vítima recebeu um SMS com um link falso que fingia ser da companhia de telecomunicações de Macau a indicar que o prazo de validade de pontos de bónus iria expirar. Aliciada pela troca de pontos por prendas, a vítima acabou por dar informações do seu cartão de crédito e código de verificação. Logo a seguir, recebeu uma notificação de uma instituição financeira sobre um consumo desconhecido feito através do seu cartão de crédito, que a levou a suspeitar que os dados do seu cartão teriam sido roubados. Mais tarde, ficou confirmado que a CTM não tinha mandado o referido SMS.

6 sociedade www.hojemacau.com.mo 13.2.2023 segunda-feira

IAM Desentupidos esgotos numa extensão de 244 mil metros

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) desentupiu esgotos numa extensão de 244 mil metros ao longo do ano passado, de acordo com dados oficiais publicados na sexta-feira. Este foi o resultado de cerca de 31.800 acções de limpeza de sumidouros em diversas zonas na cidade. Em relação às câmaras retentoras de gorduras dos estabelecimentos de comidas e bebidas, foram efectuadas 839 vistorias e emitidos 99 autos

de notícia a estabelecimentos cujas câmaras retentoras de gorduras não funcionavam eficientemente. Além disso, foram ainda realizadas 582 inspecções relativas a drenagem em estaleiros de obras e deduzidas 32 autuações por descarga ilegal. No ano passado, foram ainda recebidas cerca de 2.200 queixas em relação à área do escoamento, um decréscimo de 20 por cento em relação a 2021.

Mercados Quase 30 arrendatários violaram obrigações

Desde a entrada em vigor do Regime de Gestão dos Mercados Públicos, há cerca de um ano, foram detectados 29 arrendatários a violar as exigências de exploração previstas no contrato, devido a “exploração insuficiente”. Os dados foram apresentados pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) na sexta-feira e representam uma taxa de 3,4 por cento do total de arrendatários. O número permite também concluir que

842 arrendatários de bancas dos nove mercados municipais de Macau, uma proporção de 96,6 por cento, cumpriram integralmente as suas obrigações. Em relação às bancas que não conseguiram cumprir as obrigações, o IAM explicou que foi prestado acompanhamento para compreender as “razões concretas que impossibilitaram a exploração pessoal das bancas” e prestar os aconselhamentos necessários.

OBRAS PÚBLICAS JOÃO MIGUEL BARROS IMPEDIDO DE FAZER PERGUNTAS E AMEAÇADO

Silêncio dos inocentes

Ajuíza Lou Ieng Ha ameaçou João Miguel Barros com proibição de fazer mais perguntas a testemunhas até ao fim do julgamento, depois de o advogado tentar provar que o seu cliente não tinha cometido o crime de associação criminosa. Segundo a TDM-Canal Macau, a magistrada considerou que ao questionar os investigadores do Comissariado Contra a Corrupção, o advogado desrespeitou o tribunal e a acusação do Ministério Público (MP).

O mais recente episódio em julgamentos com a participação de Lou Ieng Ha aconteceu na quinta-feira, quando João Miguel Barros tentou questionar uma investigadora do CCAC sobre a acusação de associação criminosa.

A pergunta coloca em causa a acusação do MP. Durante as investigações aos ex-directores das Obras Públicas, o CCAC considerou não existirem provas para fundamentar uma acusação pelo crime de associação criminosa. Apesar das conclusões, o MP decidiu avançar com a acusação contra 18 dos 21 arguidos pelo crime de sociedade secreta em concurso com associação criminosa.

Nas sessões anteriores o assunto tinha causado polémica, porque a presidente do colectivo de juízes não quer que os investigadores do CCAC respondam a perguntas sobre o crime da associação criminosa. Lou Ieng Ha está ao lado do MP, no entendimento que os investigadores não têm de se pronunciar sobre a acusação do MP,

principalmente no que diz respeito ao crime de associação criminosa.

Contra a inocência

Na quinta-feira, João Miguel Barros insistiu com a pergunta junto de uma das investigadoras do CCAC e foi ameaçado que seria proibido de fazer mais perguntas até ao final do julgamento.

Segundo a TDM-Canal Macau, Lou Ieng Ha avisou o defensor de Jaime Carion contra a tentativa de “passar a imagem de que não existe o crime de associação criminosa” e acusou-o de “desrespeitar o tribunal e o Ministério Público.”

A magistrada ameaçou ainda o advogado de ser proibido de fazer mais perguntas sobre o crime de associação criminosa. Na prática, esta ameaça significa que o causídico está impedido de defender o seu cliente junto das testemunhas que também foram arroladas pela defesa.

A acusação do crime de associação criminosa é uma das mais relevantes para o Ministério Público, uma vez que acarreta penas de prisão que podem ultrapassar os 10 anos.

Prática pouco habitual

Não é a primeira vez que Lou Ieng Ha ameaça advogados em tribunal, por não pretender que se pronunciem ou indiquem aspectos com os quais não concorda. Si-

tuação semelhante aconteceu em Setembro do ano passado, durante o julgamento do caso Suncity, que terminou com a condenação de Alvin Chau a 18 anos de prisão.

Na altura, o advogado Pedro Leal tentava argumentar contra a admissão como prova de depoimentos de arguidos recolhidos pela polícia na fase de investigação. Lou Ieng Ha não gostou e disparou: “O tribunal já tomou uma decisão. Estou a avisá-lo pela última vez, se voltar a mostrar oposição outra vez [como hoje] vou bani-lo de falar neste julgamento a partir de agora”, ameaçou.

Motivo para queixa

O HM ouviu um jurista sobre a situação decorrida em pleno julgamento, para tentar perceber se há enquadramento legal que permita ameaçar os advogados com a proibição de inquirir testemunhas até ao final de um julgamento.

O jurista, que pediu para permanecer anónimo, considerou que a situação é “um abuso de poder”. “Claro que não é normal e é um abuso de poder. Se tais declarações ficaram gravadas podem ser alvo de procedimento disciplinar se for extraída certidão das mesmas a requerimento dos interessados”, foi explicado, ao HM. “Ou então no requerimento formulado mencionar tais factos para solicitar a extracção de certidão. Se houve recusa, há sempre a possibilidade de participação directa ao conselho [dos Magistrados Judiciais]”, foi acrescentado.

Em Setembro do ano passado, o HM contactou o Conselho dos Magistrados Judiciais para perceber quantas queixas tinham sido apresentadas contra a juíza Lou Ieng Ha. Contudo, o conselho presidido por Sam Hou Fai recusou responder, por considerar que a informação é confidencial. João Santos Filipe

sociedade 7 www.hojemacau.com.mo segunda-feira 13.2.2023
A juíza Lou Ieng
Ha considerou que o advogado desrespeitou o Tribunal e o Ministério Público quando tentou provar através dos investigadores do CCAC que Jaime Carion não praticou o crime de associação criminosa
“Claro que não é normal e é um abuso de poder. Se tais declarações ficaram gravadas podem ser alvo de procedimento disciplinar.” JURISTA

O papel da analogia no desenvolvimento da filosofia na China

A ANALOGIA é um tipo de raciocínio que estabelece uma comparação entre dois objetos, conceitos ou eventos que de outra forma são independentes (Barlow, 2016). Exemplos de analogia incluem metáforas, similitudes e alegorias.1 De acordo com Rosker (2014), na China, este modo de raciocínio foi moldado pelas condições sociais únicas predominantes durante a era pré-Qin (776-221 a.C.).2

No seu artigo intitulado “Características específicas da lógica chinesa”,3 Rosker discute a estrutura das inferências analógicas na tradição sínica. A autora afirma que as analogias no pensamento chinês seguem uma organização que reúne todos os elementos dentro de um determinado tipo. Um exemplo de analogia na tradição chinesa é a comparação entre a relação entre um governante e seus súbditos com a de um pai e seus filhos. Nesta analogia, o governante é visto como o pai, e seus súbditos são vistos como seus filhos. Ambas as relações envolvem um

Esse modo de raciocinar permitiu que os filósofos chineses explorassem conceitos e relações complexos, estabelecendo conexões entre elementos aparentemente não relacionados, fornecendo uma lógica distinta da ocidental.

nível de cuidado, proteção e orientação, e tanto o pai quanto o governante são responsáveis pelo bem-estar de seus respectivos dependentes. Outro exemplo é a comparação entre o relacionamento entre o sol e a lua com o relacionamento entre dois irmãos, onde o sol é visto como o irmão mais velho e a lua como o irmão mais novo. Esta analogia é usada para explicar o facto de que o sol ilumina o céu durante o dia e a lua durante a noite, assim como cada irmão cumpre um específico papel dentro do clã familiar.

O trabalho de Mozi (墨子 , c. 470 a.C. –c. 391 a.C.) foi fundamental para o avanço da lógica chinesa.4 Ele foi o primeiro pensador a sistematizar os conceitos de lógica e argumentação, criando uma estrutura de raciocínio baseada em analogias. Seu legado deu início ao que viria a ser

VIA do MEIO 13.2.2023 segunda-feira 8
Caroline Pires Ting 丁小雨 Zhao Bandi, No, they are fakes

conhecido como “Três Modos e Três Estágios”. Esse sistema, como o nome indica, é baseado em três métodos: o método da analogia, o método da média ponderada, e o método da mais forte inferência. Estes três métodos formam as três etapas: a análise de dados, a inferência, e a avaliação da inferência. A Análise de Dados é a primeira etapa da abordagem lógica dos Três Modos e Três Estágios (Wang, 2011, p. 172.). Nesta etapa, os dados são coletados e organizados de maneira a facilitar a inferência.5 A Inferência vem a seguir, na qual os dados são usados para formar uma conclusão lógica. Por último, há a Avaliação da Inferência, onde a conclusão lógica é avaliada usando outros fatos e argumentos para verificar sua validade (Wong, 2011, p. 144.). Esta abordagem lógica foi amplamente usada na China e está relacionada à matemática, à lógica moderna, e à lógica da ciência.6 Em suma, o analogismo desempenhou um papel significativo no desenvolvimento da filosofia chinesa e moldou a forma como os filósofos chineses abordaram diversas questões filosóficas. Esse modo de raciocinar permitiu que os filósofos chineses explorassem conceitos e relações complexos, estabelecendo conexões entre elementos aparentemente não relacionados, fornecendo uma lógica distinta da ocidental.

1 Barlow, M. (2016). A Arte da Razão Analógica: Um Estudo em Definição e Método Oxford University Press.

2 Em termos econômicos, o crescimento das atividades comerciais e a disseminação da moeda levaram a novas formas de pensamento econômico. Em termos culturais, a tradição religiosa taoísta e o confucionismo serviram como base para o desenvolvimento de novas ideias. Esses fatores econômicos e culturais contribuíram significativamente para o desenvolvimento da filosofia chinesa durante a era pré-Qin.

3 Rošker, Jana. (2014). Specific features of Chinese logic: Analogies and the problem of structural relations in confucian and mohist discourses Synthesis Philosophica. 29. 23-40.

4 Para conhecer mais sobre o pensamento de Mozi, convidamos à leitura do artigo publicado: https://hojemacau.com. mo/2022/10/24/amor-universal.

5 Wang, Li-sheng. The Development of Logic in China: The Three Modes and Three Stages Brill, 2011, p. 172.

6 Wong, Kim-chong. A Companion to Chinese Philosophy. Wiley-Blackwell, 2011, p. 144.

INQUIRIÇÕES SÍNICAS

Feng Yuan, o urso preto e a cor vemelha

GU KAIZHI (c.345-c.405) será o autor de uma memorável pintura narrativa que hoje se pode observar através de uma cópia feita a tinta e cor sobre seda, que se encontra no Museu Britânico. No extenso rolo horizontal Advertências para as senhoras da corte (Nushi Zhentu, 329 x 25 cm) estão representadas situações que ilustram um texto do funcionário e poeta Zhang Hua (232-300). A que seria a quarta cena mas que no rolo preservado é a primeira por dela faltarem as três primeiras, também consta do Livro de história dos antigos Han (Qian Hanshu, do ano 111 A.D., vol. 9) e relata um facto ocorrido no reinado do imperador Han Yuan (75-33 a.C.), que na altura tentava impor no Império a doutrina de Confúcio, mas era visto como indeciso e incapaz de pôr termo aos conflitos internos que minavam a sua administração.

Essa parábola ilustrada no rolo de Gu Kaizhi envolve a Senhora Feng Yuan (?-6 a.C.) e é descrita em quatro linhas de quatro caracteres que podem ser traduzidos:

«Quando um urso preto saltou da jaula, Feng Yuan correu para a sua frente. Como é que ela não teve medo? Sabia que poderia morrer mas não se importou.»

E o que se vê figurado é só o essencial: o urso preto que se aproxima perigosamente da impassível Feng Yuan de saia rosada e de mãos postas que se interpõe entre a fera e o imperador sentado num estrado, acompanhado de outras senhoras da corte. Junto dela, dois guardas, um dos quais de traje vermelho forte, acorrem de lanças em riste e afastando-se vai a Senhora Fu, rival de Feng Yuan. Da situação se poderia extrair uma plêiade de sentidos, como o simbolismo do urso, percebido como exemplo da audácia masculina ou mais imediatamente a coragem de Feng Yuan, consciente do seu lugar e papel na ordem social, disposta a dar a vida pelo imperador, assegurando a continuidade da harmonia sob o Céu. Qianlong, o imperador que reconhecia o fascínio da pintura, guardaria cuidadosamente o rolo atribuído ao pintor da dinastia Jin Oriental, dentro de um estojo de brocado com uma tira beje para o título onde escreveu: «Pintura de Gu Kaizhi das Advertências às Senhoras com texto, uma verdadeira relíquia. Preciosa obra de arte do Palácio interior, classe divina.»

Mas a sua admiração ver-se-ia também no modo como, durante o seu reinado (1735-96), pintores ligados à corte recriaram a história de Feng Yuan. Numa dessas pinturas, a de Jin Tingbiao (?-1767) nota-se outra concepção do espaço; num rolo vertical a acção decorre numa linha oblíqua subindo da direita e vê-se a Senhora Feng com uma fita vermelha no cimo de escadas, único indício do palácio. Na versão de Cheng Zhidao (rolo vertical,tinta e cor sobre papel,193 x 130,8 cm, Museu de Arte de Seattle) activo entre 1726- c.1772, o palácio é figurado em pormenor, ela tem os braços bem abertos evidenciando a parte superior do vestido, toda vermelha.

VIA do MEIO 13.2.2023 segunda-feira 9
Paulo Maia e Carmo Gu Kaizhi, Defendendo o imperador de um urso
desenvolvimento
Cheng Zhidao, Defendendo o imperador de um urso

DEFESA RECUSA DE TELEFONEMA DOS EUA JUSTIFICADA COM “ATMOSFERA DESADEQUADA”

“Visto que esta abordagem irresponsável e gravemente errada dos EUA não criou a atmosfera adequada para o diálogo e para as trocas entre os dois exércitos, a China não aceitou a proposta dos EUA de realizar um telefonema entre os dois ministros da Defesa”, frisou Tan.

Oministério da Defesa

chinês disse na sexta-feira que recusou um telefonema do secretário da Defesa norte-americano, após os Estados Unidos terem abatido um balão chinês alegadamente usado para espionagem, porque Washington “não criou a atmosfera adequada” para o diálogo.

A acção dos EUA “violou gravemente as normas internacionais e estabeleceu um mau precedente”, disse o porta-voz do ministério, Tan Kefei, em comunicado.

DIPLOMACIA ASCENSÃO DA CHINA EXIGE ABORDAGEM “PRAGMÁTICA” E “DIÁLOGO”

A China “reserva-se ao direito de usar os meios necessários para lidar com situações semelhantes”, acrescentou.

O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, tentou, no sábado, discutir a questão do balão com o seu homólogo chinês, Wei Fenghe, mas foi recusado, disse o Pentágono.

Os EUA dizem que o balão faz parte de um enorme programa de vigilância aérea militar que visa mais de 40 países, sob a direcção do Exército de Libertação Popular, as Forças Armadas da China.

HM • 1ª vez • 13-2-23

As portas do entendimento

Onovo embaixador português em Pequim, Paulo Nascimento, reconhece que a ascensão da China tem um efeito “disruptivo” no cenário internacional, que obriga a uma abordagem “pragmática”, e frisou a importância de manter o diálogo.

chefe de missão adjunto, entre 2009 e 2012.

Em entrevista à agência Lusa, Paulo Nascimento reconheceu que a China “posiciona-se hoje de forma diferente daquela que se posicionava há 10 ou 20 anos”.

ANÚNCIO

簡易執行裁判案 第 CR3-18-0049-PCC-B 號 第三刑事法庭

Execução de Sentença sob a forma Sumária 3º Juízo Criminal

EXEQUENTE: Lei Kuok Wa (李國華), masculino, residente em Macau, no Pátio de Silva Mendes, Weng Wo, 4 andar A. ----------------------------------------

EXECUTADO: Fong Chak Sam (馮澤森), masculino, solteiro, residente em Macau, na Avenida de Guimarães, Jardim Dragão Precioso (Edf. Dragão de Precioso), 8 andar R, Taipa. ------------------------------------------------------------***

A Mma. Juiz do 3º Juízo Criminal do Tribunal Judicial de Base da R.A.E.M.-FAZ SABER que, nos autos acima indicados, são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de QUINZE DIAS, que começa a correr depois de finda a dilação de VINTE DIAS, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamarem o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado. --------------------------------------------------------------------

BEM PENHORADO

Veículo automóvel de marca BENTLEY, modelo CONTINENTAL FLYING SPUR A/T VE, com a matrícula de Macau MR-28-08, a matrícula da RPC 粵 Z J091澳. -------------------------------------------------------------------------------------------***

Macau, 1 de Fevereiro de 2023 ***

“O mundo mudou, os países mudaram e as circunstâncias políticas actualmente são diferentes, não só na China, mas em outros países também”, observou o diplomata, que iniciou, em Novembro passado, a segunda estadia em Pequim, depois de ter servido na embaixada portuguesa como

“Há toda uma evolução no posicionamento da China que está associada também ao próprio desenvolvimento [do país] e à sua afirmação no plano internacional”, apontou.

Sob a liderança do Presidente chinês, Xi Jinping, a China adoptou uma política externa mais assertiva, que inclui a reivindicação de quase todo o mar do Sul da China ou a tentativa de

exercer maior influência nas questões internacionais. Nos últimos anos, Pequim avançou também com fóruns e organizações multilaterais próprias, no âmbito do comércio, investimento ou segurança.

“É evidente que isto causa, ou pode causar, quando se fala de um país com a dimensão da China, um efeito disruptivo em determinadas áreas de discussão internacional”, notou Paulo Nascimento. “O que não significa que isso deva impedir o diálogo”, apontou.

“Eu acho que hoje em dia o mundo olha para a China e a China olha para o mundo de uma forma que nem é

optimista nem pessimista”, explicou. “É talvez mais desapaixonada e realista”. A nível interno, desde a crise financeira global de 2008, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos ou dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas. O país encetou também um programa industrial, designado “Made in China 2025”, visando assumir a dianteira nos sectores do futuro, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica ou veículos eléctricos.

FÓSSEIS RÁPIDA RECUPERAÇÃO APÓS EVENTO DE EXTINÇÃO

UM depósito sedimentar fóssil recentemente descoberto no sudoeste da China revelou a rápida recuperação de espécies da fauna marinha que sobrevivem até hoje após um evento de extinção em massa ocorrido há 250 milhões de anos.

Segundo reportou no sábado a agência noticiosa oficial Xinhua, a descoberta, publicada na revista Science, adianta que os grupos de diferentes fósseis se encontram num estado de conservação “excepcional”.

O maior depósito sedimentar deste tipo descoberto até à data foi encontrado em Guiyang, na província de Guizhou.

Os espécimes, que incluem vários tipos de peixes e lagostas, “demonstram o rápido surgimento de um ecossistema marinho resiliente de tipo moderno”, segundo o estudo.

O evento de extinção registado há 252 milhões de anos é considerado o pior evento do planeta, uma vez que levou ao desaparecimento de 80 por

cento das espécies marinhas e afectou especialmente os organismos estáticos.

Até agora, devido à falta de fósseis bem preservados para explicá-lo, não se sabia exactamente como surgiu um novo ecossistema com uma nova estrutura completa, que incluía predadores e presas, indica a publicação.

A imagem mudou em 2015, quando um grupo de paleontólogos da Universidade de Geociências de Wuhan encontrou um raro fragmento fóssil de lagosta que levou

a um projecto de escavação que durou oito anos, descobrindo pelo menos 12 tipos e 19 ordens de espécimes, “um complexo ecossistema marinho que inclui diversos peixes e crustáceos”.

As técnicas de alta precisão utilizadas para datar os fósseis permitiram determinar que, apesar da hostilidade do meio marinho, este ecossistema surgiu “apenas cerca de um milhão de anos após o evento de extinção”, muito antes do que se pensava.

10 china 13.2.2023 segunda-feira www.hojemacau.com.mo
Face à nova ordem mundial, que se desenha a cada dia que passa, Paulo Nascimento, embaixador português em Pequim desde Novembro do ano passado, destaca o valor do diálogo no relacionamento entre as duas nações
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Os resultados dessa modernização, observou Paulo Nascimento, “são visíveis em vários aspectos: desde o resultado da produção industrial e tecnológica ao capítulo ambiental”. “Eu não posso deixar de confessar que quase me surpreendeu conviver nos últimos dois meses com um céu azul na maior parte dos dias”, disse. “Era algo impensável há onze anos”.

Em Pequim, o diplomata destacou também uma

“Eu acho que hoje em dia o mundo olha para a China e a China olha para o mundo de uma forma que nem é optimista nem pessimista. É talvez mais desapaixonada e realista.”

evolução a “todos os níveis impressionante” na rede viária e na ordenação da cidade. O metro da capital chinesa, por exemplo, soma hoje 22 linhas, com uma extensão total de 807 quilómetros,

talidade do seu povo estão cá na mesma, continuam permanentes”.

Novo paradigma

Paulo Nascimento lembrou que existe, no entanto, uma “alteração profunda” nos parâmetros mundiais de produção e de consumo, impulsionada pela pandemia da covid-19 e por questões ambientais, que podem alterar o paradigma do desenvolvimento da China, apontada frequentemente como “campeã da globalização”, à medida que concentrou, nas últimas décadas, grande parte da produção mundial, beneficiando de crescentes excedentes nas trocas comerciais com o resto do mundo e de transferência de tecnologia.

“Nós percebemos que se calhar temos que alterar os padrões de produção que estavam definidos há muitos anos com base numa lógica económica”, disse o embaixador, apontando a tendência actual para deslocar os meios de produção para países próximos ou fabricantes domésticos.

O diplomata previu assim que o país asiático “passe a estar muito mais apoiado no consumo interno”.

Encosta-te a mim

Xi elogia laços com Camboja e pede que não se interfira nos assuntos do país

onde viajam, em média, quase 14 milhões de pessoas diariamente.

“No essencial, porém, a China é uma cultura milenar”, acrescentou. “Os traços que moldam a men-

Paulo Nascimento frisou também a importância de equilibrar o “fosso” que existe nas trocas comerciais entre Portugal e a China, apontando os sectores agroalimentar, máquinas e aparelhos de precisão ou das pedras ornamentais como áreas que as empresas portuguesas podem explorar no mercado chinês. João Pimenta, Lusa

RELAÇÕES BILATERAIS PRESIDENTE DO IRÃO EM VIAGEM DE TRÊS DIAS

OPresidente iraniano começa hoje uma deslocação oficial de três dias à China, para reforçar relações com o principal parceiro comercial do país, anunciaram ontem fontes oficiais em Teerão.

Segundo a agência noticiosa oficial iraniana Irna, a visita de Ebrahim Raisi, que deixará Teerão na hoje à noite com destino a Pequim, realiza-se a convite do homólogo chinês, Xi Jinping.

Os dois presidentes encontraram-se pela primeira vez em Setembro de 2022,

à margem da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, organizada em Samarcanda, no Uzbequistão.

Na altura, o Presidente iraniano apelou para o reforço das relações económicas

com Pequim, designadamente nos domínios do petróleo, energia, agricultura, comércio e investimento.

Em Março de 2021, o Irão assinou um acordo de cooperação estratégica e comercial de 25 anos com a China, uma “amiga dos tempos de provação”, após anos de discussões.

Segundo reporta a Irna, com base nas estatísticas oficiais, a China é o maior parceiro comercial do Irão.

Pequim é também um dos principais intervenien -

tes no diálogo multilateral que visa relançar o acordo de 2015 entre o Irão e seis grandes potências – China, Rússia, Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido –, e a União Europeia (UE), a fim de conter o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções internacionais.

Na China, Raisi terá conversas com Xi Jinping, empresários chineses e iranianos que vivem no país, segundo a Irna.

OPresidente chinês, Xi Jinping, elogiou na sexta-feira os laços da China com o Camboja e pediu que não se interfira nos assuntos internos daquele país, durante um encontro em Pequim com o primeiro-ministro cambojano, Hun Sen.

“A China considerou sempre o Camboja como um exemplo importante da diplomacia chinesa com os países vizinhos”, afirmou o líder chinês. “Estamos dispostos a continuar a cooperar estrategicamente, opondo-nos firmemente às forças estrangeiras que interferem nos assuntos internos” de Phnom Penh, acrescentou.

Xi Jinping frisou que o “desenvolvimento não é um privilégio de apenas alguns países”.

“O confronto ideológico, ou a politização e uso da economia, do comércio ou dos intercâmbios no sector tecnológico, como arma para suprimir o desenvolvimento de outros países é um acto de hegemonia”, afirmou Xi Jinping, citado pela imprensa local, numa critica implícita aos Estados Unidos, quando Pequim e Washington travam uma prolongada guerra comercial e tecnológica. “Este tipo de comportamento não conquista o coração das

pessoas”, acrescentou o líder chinês.

De acordo com a imprensa oficial chinesa, Hun Sen garantiu que o Camboja apoia o princípio de “Uma só China”, na questão de Taiwan, e os esforços da China para “salvaguardar a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento”.

“Opomo-nos a qualquer interferência estrangeira nos assuntos de Hong Kong, Xinjiang ou Tibete”, afirmou o líder cambojano, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

Potencial marítimo O Camboja planeia realizar eleições gerais no dia 23 de Julho de 2023. Hun Sen, que está no poder desde 1985, pretende renovar o mandato, em eleições marcadas pela ausência de um forte partido da oposição.

A China negou, no ano passado, que esteja a construir uma instalação naval para uso exclusivo da sua marinha na cidade cambojana de Ream.

A possibilidade de a China ter uma base no Camboja reforçaria as suas reivindicações territoriais no Mar do Sul da China, por onde circula 30 por cento do comércio global, além de abrigar importantes reservas de petróleo e gás.

china 11 segunda-feira 13.2.2023 www.hojemacau.com.mo
PAULO NASCIMENTO NOVO EMBAIXADOR PORTUGUÊS EM PEQUIM
AP

CLOCKENFLAP THE CARDIGANS E WU-TANG CLAN FECHAM O CARTAZ

Regresso a Central

O menu musical que será servido ao longo dos 3 dias de festival é bastante variado, com bandas regionais, projectos novos e originais e bandas consagradas

Após três anos de silêncio, o maior festival de música de Hong Kong está de volta ao Central Harbourfront de 3 e 5 de Março. A organização do Clockenflap anunciou este fim-de-semana nomes de peso que encerram o cartaz, com The Cardigans e Wu-Tang Clan a juntarem-se a Arctic Monkeys, Kings of Convenience, Mono, Moderat e Black Country New Road

MARQUE na agenda o fim-de-semana entre 3 e 5 de Março porque o festival Clockenflap está de volta ao Central Harbourfront em Hong Kong, depois de três anos em que a música foi silenciada pelo covid-19.

No sábado, a organização do festival anunciou as bandas que faltavam para fechar o cartaz com dois nomes de peso em destaque: Wu-Tang Clan e The Cardigans, que encerram as noites de domingo e de sábado, respectivamente, depois do primeiro dia do festival que conta com os Arctic Monkeys como cabeça de cartaz.

Com trinta anos de carreira, sete discos de estúdio e dezenas de outros tantos de projectos paralelos, os lendários Wu-Tang Clan apresentam-se ao público de Hong Kong pela primeira vez e logo para fechar o festival, no domingo, 5 de Maio. GZA, RZA, Method Man, Inspectah Deck, e companhia, formam um dos mais

Com trinta anos de carreira, sete discos de estúdio e dezenas de outros tantos de projectos paralelos, os lendários Wu-Tang Clan apresentam-se ao público de Hong Kong pela primeira vez a 5 de Maio

12 eventos 13.2.2023 segunda-feira www.hojemacau.com.mo
The Cardigans JONATHAN WEINER

importantes colectivos de hip hop da costa leste dos Estados Unidos.

Quando a banda lançou o primeiro disco em 1993, “Enter the Wu-Tang (36 Chambers)”, o mundo do hip hop norte-americano estava dividido numa guerra, que passou das palavras para violência, com sonoridades e temas bem distintos. Na Califórnia, o gangsta rap rebentava nos charts, com vendas astronómicas de discos como “The Chronic” de Dr. Dre e “Doggystyle”

do à altura estreante Snoop Dogg. Se na costa oeste as produções de Dre emprestavam funk e soul às batidas, na costa leste o género musical era representado por bandas como A Tribe Called Quest, Beastie Boys, Public Enemy e rappers como Nas e The Notorious B.I.G..

Trinta anos depois, “Enter the Wu-Tang (36 Chambers)” continua a ser citado como um dos mais influentes discos dos anos 1990.

Apaga e rebobina

No polo oposto da crueza das batidas de Wu-Tang, está outra das bandas mais conhecidas do cartaz do Clockenflap: The Cardigans, que actuam no sábado à noite.

À semelhança dos Wu-Tang, os The Cardigans também se formaram no início dos anos 1990. A banda sueca de pop-rock foi ganhando notoriedade de disco em disco, culminando com a aclamação mundial ao quarto registo, “Gran Turismo”, que inclui uma das mais conhecidas músicas da banda “Erase/Rewind”.

Com seis discos na bagagem, os The Cardigans trazem a Hong Kong, pela primeira vez, o seu pop rock tranquilo e melódico.

Para todos os gostos

O restante menu musical que será servido ao longo dos três dias de festival é bastante variado, com bandas regionais, projectos novos e originais e bandas consagradas. Um dos principais destaques fora

RC 200 ANOS DO “A ABELHA DA CHINA” EM DESTAQUE

do grupo de cabeças de cartaz são os noruegueses Kings of Convenience, que treze anos depois regressam a Hong Kong para apresentar no sábado a sua irresistível mistura de folk-pop, com indie e bossa nova à mistura.

Com mais de 20 anos de carreira, a dupla formada por Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe lançou em 2021 “Peace or Love”, registo que terminou um hiato de mais de 12 anos sem discos.

No domingo, o cartaz do Clockenflap apresenta um trio de bandas alternativas a não perder. Os japoneses MONO, o supergrupo alemão de música electrónica Moderat e os britânicos Black Country, New Road com o seu rock experimental que desafia categorizações.

Também no último dia do festival, destaque para o inovador quinteto de jazz britânico Ezra Collective, o colectivo sul-coreano de hip-hop Balming Tiger e a banda sul-coreana alt-pop Leenalchi.

A música local também ocupa uma parte considerável do cartaz do regressado festival de Hong Kong, entre sonoridades alternativas e a música mais comercial, em especial no segundo dia de festival. Nesse campo, é impossível não mencionar os gigantes do canto-rock KOLOR, o duo de pop Per Se, o pioneiro do rap local Tyson Yoshi e COLLAR x RubberBand, que actuarão em conjunto numa colaboração única. No domingo, é a vez do quinteto local de rock The Hertz tomarem conta do palco, assim como os veteranos The Lovesong, os Charming Way e Arches.

A organização do festival anunciou ontem, através de uma publicação no Facebook que os bilhetes para sexta-feira e para os três dias já esgotaram. Entretanto, os ingressos para sábado também já desapareceram restando apenas bilhetes para domingo. O bilhete para um dia custa 1.080 dólares de Hong Kong. João Luz

recente número da Revista de Cultura, publicação editada pelo Instituto Cultural (IC), é dedicado aos 200 anos do primeiro jornal de língua portuguesa editado em Macau, “A Abelha da China”. No n.º 70 da revista pode ler-se vários artigos reunidos pelo académico Duarte Drumond Braga, que foi editor convidado da publicação. O leitor poderá, assim, fazer uma viagem pelos antecedentes, formação, contributo e extinção do jornal entre as datas de 12 de Setembro de 1822 e 27 de Dezembro de 1823.

Omais

Este número da Revista de Cultura inclui ainda uma crítica ao livro “A Abelha da China nos Seus 200 Anos: Casos, Personagens e Confrontos na Experiência Liberal de Macau”, lançado no ano passado e coordenado por Duarte Drumond

Braga e o jornalista Hugo Pinto, e que conta com contributos de autores como Tereza Sena, Cátia Miriam Costa, Jin Guoping, Jorge Arrimar e Pablo Magalhães. A tem a chancela do Centro Científico e Cultural

de Macau em parceria com a Universidade de Macau.

Esta edição da Revista de Cultura aborda ainda a imprensa estrangeira na China ao incluir um artigo sobre o primeiro jornal em

língua inglesa na costa da China, “The Canton Register”.

Para assinalar os 400 anos sobre a invasão holandesa a Macau, pode também ler-se um artigo que fornece novas percepções sobre o fracasso da investida em 24 de Junho de 1622. Incluem-se ainda dois trabalhos de pesquisa também no campo historiográfico, nomeadamente o primeiro que examina referências toponímicas e posições geográficas de um pequeno arquipélago a leste de Zhuhai e, o segundo, que estuda as redes de comércio em Malaca na primeira metade do século XVI.

Em 2023, a Revista de Cultura vai adoptar o processo de revisão por pares, usado no meio académico pelas principais revistas científicas, aceitando ainda a submissão de textos em português, chinês e inglês.

ÓBITO CINEASTA CARLOS SAURA MORRE AOS 91 ANOS

da sua carreira foi feita durante a ditadura espanhola do general Francisco Franco, que terminou em 1975.

Os filmes que realizou nessa época ficaram marcados pela forma como contornou a censura, recorrendo a símbolos e alegorias para abordar temas como a Guerra Civil espanhola (1936-1939) e a repressão franquista.

Orealizador de cinema Carlos Saura morreu sexta-feira, aos 91 anos, em Madrid, anunciou a Academia de Cinema de Espanha, que o considera “um dos cineastas fundamentais da história do cinema espanhol”.

Carlos Saura, realizador de filmes considerados míticos do cinema espanhol como “A Caça” (1965), “A prima Angélica” (1973) e “Ai, Carmela” (1990) ou dos documentários “Flamenco”, “Tango” e “Fados”, dedicados à música, receberia no sábado o Goya de Honra, o prémio de carreira atribuído pela academia espanhola de cinema.

Quando o prémio foi anunciado, a academia destacou a “extensa e pessoalíssima contribuição criativa” de Carlos Saura “para a história do cinema espanhol desde finais dos anos 50 até à actualidade” e destacou como, com mais de 90 anos, continuava “activo, em plena criatividade e a olhar para o futuro”.

Além de cineasta, Carlos Saura, nascido em Huesca, na região de Aragão, no nordeste de Espanha, em 1932, foi também escritor e fotógrafo.

Saura realizou mais de 50 filmes ao longo da vida e parte

Com a instauração da democracia em Espanha, começou a abordar na sua obra as relações entre a música e a imagem e inaugurou com “Bodas de sangue”, de 1981, a sua série de musicais, entre os quais estão “Sevilhanas” (1991), “Flamenco” (1994), “Tango” (1997), “Fados” (2007) ou “Io, Don Giovanni” (2009), entre outros.

“Fados” contou com supervisão musical de Carlos do Carmo e congregou “o melhor dos novos talentos portugueses, como Mariza ou Camané, [recordou] Amália Rodrigues, lendas internacionais como Caetano Veloso e Chico Buarque, e outros intérpretes como Lila Downs e Lura”, como se pode ler na página da RTP dedicada ao filme.

A sua última produção foi a curta-metragem “Francisco de Goya, os fuzilamentos de 3 de Maio”, de 2021, em que recria um quadro do pintor espanhol.

eventos 13 segunda-feira 13.2.2023 www.hojemacau.com.mo
JOSÉ AYMÁ
MATTHEWBAKER|GETTYIMAGES crA t ci yeknoM s

UM LIVRO HOJE OS PARAÍSOS ARTIFICIAIS

| CHARLES BAUDELAIRE

Este livro centra-se na análise dos efeitos do haxixe, ópio e vinho feita pelo imortal poeta francês Charles Baudelaire. Durante o capítulo dedicado ao consumo do haxixe, o autor baseia-se nas experiências que viveu no “Club des Hachichins”, um grupo restrito de artistas e intelectuais que se reuniam no Hotel Pimodan, onde residia Baudelaire, para fumar, beber e conversar. “Os Paraísos Artificiais” são uma ode à inebriação e à forma como Baudelaire considera que o consumo moderado pode, teoricamente, ajudar a humanidade a alcançar o mundo ideal. João Luz

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS EDITAL

DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS DO IMPOSTO PROFISSIONAL RESPEITANTE AO EXERCÍCIO DE 2022

1. Em conformidade com o disposto no artigo 10.º, n.º 1 do Regulamento do Imposto Profissional, avisam-se todos os contribuintes do 1.º Grupo (assalariados e empregados por conta de outrem) e do 2.º Grupo (profissões liberais e técnicas) – sem contabilidade devidamente organizada – do referido imposto, que deverão entregar, durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2023, na Repartição de Finanças de Macau, em duplicado, uma declaração de rendimentos, conforme o modelo M/5, de todos os rendimentos do trabalho por eles recebidos ou postos à sua disposição no ano antecedente, podendo os contribuintes inscritos como utilizadores da “Conta única de acesso comum aos serviços públicos da RAEM” declará-los através da página electrónica da DSF.

2. Ficam dispensados da apresentação da referida declaração os contribuintes do 1.º Grupo cujas remunerações provenham de uma única entidade pagadora.

3. Os contribuintes do 2.º Grupo (profissões liberais e técnicas) – com contabilidade devidamente organizada conforme n.º 1 do artigo 11.º do mesmo Regulamento – deverão entregar, a partir de 1 de Janeiro até 15 de Abril de 2023, na Repartição de Finanças de Macau, uma declaração de rendimentos, conforme o modelo M/5 e o Anexo A, em duplicado, juntamente com os seguintes documentos:

1) Balanços de verificação ou balancetes progressivos do razão geral, antes e depois dos lançamentos de rectificação ou regularização e de apuramento dos resultados do exercício;

2) Mapa modelo M/3 de depreciações e amortizações dos activos fixos tangíveis e intangíveis e mapa modelo M/3A da discriminação dos elementos alienados a título oneroso e dos abatidos a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos;

3) Mapa modelo M/4 do movimento das provisões a que se refere a alínea e) do n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos.

4) Todas as entidades patronais deverão entregar nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2023, na Repartição de Finanças de Macau, uma relação nominal, em duplicado, conforme o modelo M3/M4, dos assalariados ou empregados a quem, no ano anterior, hajam pago ou atribuído qualquer remuneração ou rendimento.

5) Conforme o Regulamento do Imposto Profissional, a falta da entrega da declaração de rendimentos e das relações nominais dos empregados ou assalariados, ou a inexactidão dos seus elementos, será punida com a multa de 500,00 a 5.000,00 patacas.

6) Os impressos da declaração e das relações nominais são disponíveis no 2.º Centro de Serviços do Edifício “Finanças”, no Centro de Serviços da RAEM e no Centro de Serviços da RAEM das Ilhas. Aos, 13 de Dezembro de 2022.

O Director dos Serviços, Iong Kong Leong

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QUEM TRABALHA?

PORTUGAL ESTÁ a viver um dos momentos sociais mais conturbados dos últimos anos. As paralisações profissionais prosseguem de uma forma contínua, diversificada e, em alguns casos, absurda. Os professores não dão aulas há semanas e mais de 100 mil manifestaram-se em Lisboa, no sábado, os agricultores pegaram em trezentos tractores e foram em marcha lenta pela estrada fora protestando que a ministra da Agricultura é uma incompetente e que desejam a sua demissão, os oficiais de justiça vieram para a rua protestar contra a falta de meios para trabalhar e os tribunais estão cada vez mais inoperacionais, os comboios resolveram parar e os restantes trabalhadores pobres que se lixem e que faltem ao trabalho.

Um caso chocante passou-se num Centro de Saúde de Lisboa. Uma senhora acabada de ter alta hospitalar após uma cirurgia a um pulmão, passados dois dias teria obrigatoriamente de mudar o penso. Ao chegar ao Centro de Saúde, uma funcionária rude e malcriada da recepção disse-lhe que podia ir-se embora que os enfermeiros estavam em greve. A funcionária nem se dignou em perguntar a um enfermeiro se poderia abrir uma excepção para um caso urgente. A senhora que foi operada, é pobre, que fez o sacrifício de pagar um táxi e deslocar-se com a ajuda de uma amiga para ser tratada teve de voltar para casa e com indicações de ir ao Centro de Saúde no dia seguinte. Estamos autenticamente num mundo cão.

As greves sucedem-se, ora, nos transportes marítimos Lisboa/Barreiro, ora, no Metropolitano de Lisboa, sem que os sindicatos se convençam que os seus direitos terminam quando começam os direitos do povinho. Milhares de

Pelas ruas apenas ouvimos insultos aos políticos dos mais diversos partidos, aos membros do Governo, aos deputados. Isto, é perigoso porque as instituições populistas cativam cada vez mais os descontentes

trabalhadores têm ficado sem possibilidade de ir trabalhar devido à onda constante de greves nas mais diversas profissões. Numa estação ferroviária da linha de Lisboa-Sintra ouvimos um cidadão a perguntar: “Mas quem é que trabalha neste país?”, referindo-se ao número exagerado de greves e manifestações que têm decorrido em Portugal.

Não está em causa o direito à greve, mas sim o bom senso de quem dirige o sindicalismo. Há casos em que alguns sindicatos não estão preocupados em negociações. O que lhes interessa é “mostrar serviço”... Portugal não pode continuar com o descontentamento do povo cada vez maior. Pelas ruas apenas ouvimos insultos aos políticos dos mais diversos partidos, aos membros do Governo, aos deputados. Isto, é perigoso porque as instituições populistas cativam cada vez mais os descontentes e, um dia, não se admirem

de a dita democracia – que segundo o The Economist está na cauda da Europa - ficar em perigo e o país ser governado por um grupo organizado neo-fascista.

O Governo tem uma maioria absoluta e em vez de construir obra que se veja com os milhões de euros vindos da Europa, tem-se perdido em questiúnculas internas, demissões de ministros e secretários de Estado, directoras disto e daquilo que rescindem da função. Não pode ser. António Costa tem de colocar um travão no obsceno e entrar na realidade da situação social que está a ficar cada vez mais degradada. Os pobres já optam entre o medicamento ou a comida. É chocante ver cada vez mais sem-abrigo a dormir na rua.

E ainda por cima as autoridades brincam com o fogo. Assistimos na semana passada à tragédia do terramoto no sul da Turquia e no norte da Síria. Milhares de mortos e outros tantos desaparecidos. Pois, toda a gente sabe que Lisboa é uma das zonas mais inconstantes no aspecto sísmico e os especialistas já afirmaram na televisão que podemos ter algo de semelhante ao que aconteceu na Turquia e Síria. Pois, ainda não houve um governante sequer que se lembrasse de mandar efectuar um levantamento de quantos pavilhões desportivos temos em Portugal e nesse sentido mandar comprar nas diversas fábricas de colchões alguns milhares que ficassem guardados para o caso de nos acontecer uma tragédia. No mínimo, já teríamos colchões preparados para que os desalojados dos prédios que ruíssem pudessem dormir com algum aconchego. Nem isto passa pela cabeça de quem diz que trabalha para bem do povo. Afinal, neste país, quem é que trabalha?

vozes 15 segunda-feira 13.2.2023 www.hojemacau.com.mo

Gran Canária Cerca de 100 migrantes resgatados

O Salvamento Marítimo espanhol anunciou que resgatou ontem 98 migrantes de origem subsaariana, incluindo 12 mulheres, que viajavam em duas pequenas embarcações a sul da ilha Gran Canária. Segundo a agência EFE, numa das embarcações viajavam 44 pessoas (38 homens, quatro mulheres) e na outra 54 pessoas (46 homens,

oito mulheres) e o resgate foi realizado às primeiras horas da manhã, depois da confirmação por três navios do avistamento de barcos pneumáticos em diferentes posições ao sul de Gran Canária. O navio do Salvamento Marítimo que recolheu os migrantes dirigiu-se ao porto de Arguineguín. Com estas duas embarcações,

subiu para três a chegada de barcos com migrantes à costa do arquipélago das Canárias ontem, depois do resgate a sul de Tenerife, durante a madrugada, de um bote pneumático, onde morreram pelo menos seis pessoas, segundo relataram à Cruz Vermelha os 23 sobreviventes à chegada ao porto de Los Cristianos.

EUA Sanções a entidades chinesas ligadas ao alegado “balão-espião”

Os Estados Unidos da América (EUA) impuseram restrições económicas a seis entidades chinesas que dizem estar ligadas aos programas aeroespaciais de Pequim, após o país ter abatido um alegado “balão-espião” chinês na semana passada. A decisão, revelada na sexta-feira, significa que

as cinco empresas e um instituto de pesquisa, agora incluídas numa lista negra, terão maiores dificuldades em importar tecnologia norte-americana. O Gabinete de Indústria e Segurança dos EUA disse que as seis entidades estavam a ser visadas pelo “seu apoio aos esforços de modernização

militar da China, especificamente os programas aeroespaciais do Exército Popular de Libertação (PLA), incluindo dirigíveis e balões”. “O PLA está a utilizar balões de alta altitude para actividades de inteligência e reconhecimento”, disse o gabinete, num comunicado.

Vantagens artificiais

Grandes potências “vão tirar partido” do desenvolvimento da IA

Opresidente daAPDC afirma que “as grandes potências vão tirar partido” do desenvolvimento da inteligência artificial (IA), e o ‘dean’ da Nova SBE aponta que países “onde o acesso aos dados é mais livre” vão ter “mais vantagens”.

O ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI e que, face às potencialidades deste algoritmo, reforçou o debate sobre o impacto da inteligência artificial nas várias vertentes da sociedade, acelerou a corrida das tecnológicas ao desenvolvimento de produtos semelhantes, da China aos Estados Unidos.

Questionado se a inteligência artificial será um instrumento de concorrência entre zonas geográficas, o presidente da APDC - Digital Business Community, Rogério Carapuça, em entrevista à Lusa, afirma: “Sim, claro”.

“Toda a tecnologia é objecto de concorrência e de uma geopolítica específica, ou seja, as grandes potências vão tirar partido deste tipo de instrumentos de forma diferente consoante o ecossistema empresarial que existe em cada caso”, acrescenta Rogério Carapuça.

O presidente da APDC manifesta preocupações com o facto de a Europa não estar tão avançada como os outros blocos geográficos.

“A esse nível preocupa-me um bocado o atraso da Europa nestas matérias”, admite o presidente da APDC. Mas, “obviamente que temos duas grandes potências, Estados Unidos, por um lado, China por outro que irão (...) tirar partido deste tipo de tecnologias” como fizeram com outras, conclui.

Volta de avanço

Já o ‘dean’ da Nova SBE, Pedro Oliveira, considera que “é um bocadinho assustador” que “alguns países onde, se calhar, não há tantos cuidados, por exemplo, com a privacidade das pessoas, onde o acesso aos dados é mais livre”, vão ter “alguma vantagem” na IA “porque vão conseguir aceder ainda a mais dados”.

“Toda a tecnologia é objecto de concorrência e de uma geopolítica específica, ou seja, as grandes potências vão tirar partido deste tipo de instrumentos de forma diferente consoante o ecossistema empresarial que existe em cada caso.” ROGÉRIO CARAPUÇA

Ou seja, “apesar de não estarem (...) a respeitar da mesma maneira a privacidade das pessoas e, precisamente por isso, de repente, vai ser possível fazer nesses países modelos mais sofisticados que vão dar a alguns desses países algumas vantagens competitivas”, alerta Pedro Oliveira.

Questionado sobre que países refere, o novo director da Nova SBE (assumiu o cargo em Janeiro) afirma: “Podemos perfeitamente estar a falar da China, da Rússia” que, “de repente, se dominarem esta tecnologia conseguem fazer modelos com base em dados, em

mais dados do que aqueles que seria possível fazer na União Europeia, por exemplo”.

Ora, isso poderá ter como consequência o aumento da desigualdade “no sentido em que os que já estão mais à frente ainda vão afirmar a sua liderança”.

“Naturalmente, aqueles países onde o acesso às tecnologias continua a ser simbólico, esses países não vão ter as mesmas vantagens que os países mais sofisticados e, portanto, vai haver algumas vantagens por parte dos líderes tecnológicos deste mundo”, adianta Pedro Oliveira.

segunda-feira 13.2.2023
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“Perdoa-se tudo aos amantes... e aos doidos.” Madeleine de Scudéry PALAVRA DO DIA

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