hojemacau
PÁGINAS 10-11
Ajuda capital
Com o fim da pandemia e o regresso à normalidade, a diversificação económica mantém-se no centro da agenda política de Macau. De Pequim, chegam garantias de apoio ao desenvolvimento da indústria de convenções e exposições, assegura o vice-ministro do Comércio chinês, Wang Shouwen, após um encontro com Ho Iat Seng. PÁGINA 4
Filmado em Macau em 2018, “Pe San Ié”, longa-metragem documental sobre a vida de Camilo Pessanha, recebeu, em Fevereiro, quatro distinções no festival New York Movie Awards. Mas a realizadora Rosa Coutinho
Cabral não tem parado.
ROSA COUTINHO CABRAL CINEASTA
“Prémios dão um novo alento”
A longa-metragem documental de 2018 “Pe San Ié” continua a ganhar prémios. Como encara esta longevidade da obra?
Fico muitíssimo satisfeita, sobretudo porque foi um trabalho que eu gostei muito de fazer na companhia do Carlos Morais José e apoio da produtora Inner Harbour. Contou ainda com a colaboração de muitas pessoas, tal como Susana Gomes e Pedro Cardeira na fotografia e José Carlos Pontes na música. Estes quatro prémios [Melhor Longa-metragem Documental, prémio Prata para Melhor Música Original, Melhor Edição e Melhor Cinematografia] dão um novo alento ao filme. No fundo, um filme vive do seu reconhecimento e da sua projecção, e se não for visto é, de alguma maneira, um arquivo morto. O facto de estar a ser desarquivado, digamos assim, e procurado [é bom], porque são muitos destes festivais que nos procuram, convidando-nos a enviar o filme para concurso. Não há dinheiro envolvido, mas estes prémios trazem o reconhecimento. Saber que fizemos um objecto artístico e cultural com interesse que vai além do momento em que a produção termina, o facto de continuar a ser solicitado depois destes anos traz uma revitalização muito grande. Dá uma grande importância ao tema, passado em Macau, algo que também está muito presente no imaginário das pessoas, bem como a figura de Camilo Pessanha.
Passaram alguns anos desde que fez o filme. Como olha hoje para o projecto?
Tive a oportunidade de rever o filme muito recentemente. É muito raro ver filmes meus já terminados e, muitas vezes, nem os vejo quando passam nos festivais. No entanto, vi-o num outro dia e considero que continua muito actual no propósito que tinha. Não mudaria nada. Acho que a escolha do Carlos Morais José para personagem aglutinadora faz com que o documentário seja ficcional, um misto de detective com Pessanha, da nossa própria condição de português no Oriente, é muito importante. Isso faz com que o filme ganhe um trajecto temporal entre aquilo a que se refere, que é o tempo de Pessanha, e o tempo que vivemos hoje em dia, que é o tempo
“Natália [Correia] foi sempre uma mulher do lado da liberdade e da defesa dos direitos humanos. Foi uma anti-fascista.”
em Macau. Esta actualidade que se prende com o tempo anterior está muito bem resolvida no filme e não mudaria nada. Ainda hoje recebi um convite de outro festival [para apresentar o filme a concurso]. Há ainda outro aspecto que queria sublinhar: sempre considerei que isto era um ensaio cinematográfico que colocava o olhar de um morto num sítio vivo. Acho que isto foi
conseguido e, passados estes anos, ainda acho que é isso que está no filme: um contrato com a pessoa que morreu e com o seu olhar sobre um espaço que ele escolheu viver e morrer e onde escreveu grande parte da sua obra. Confesso que esta ideia de ter um espaço que vacilava entre o campo, que é o olhar dele, e o contracampo, que é o presente, ainda lá está no filme e fico contente com isso. Ainda consigo achar o que tinha proposto e não fiquei zangada comigo. Quando acabo os filmes fico sempre um pouco zangada, com a sensação que não era aquilo que queria.
Venceu também outros prémios neste festival, nomeadamente com o recente documentário “A Casa da Rosa”. Fale-me desse projecto.
“Andava sozinha pela casa e pelo telhado de um edifício de Lisboa, porque queria sentir tudo o que tinha a ver com aquela casa. Houve uma altura em que quase raiou a loucura, uma certa desrazão.”
SOBRE AS FILMAGENS DE “A CASA DA ROSA”
É um projecto sobre a perda, o outro e tem a ver comigo, com aquilo que perdi ao longo da vida, que foi bastante trágico, e que acaba por culminar com a perda de uma casa. Quis filmar todo o processo de saída, de ser obrigada a sair de uma casa que era o meu lugar, um sítio onde tinhas as minhas memórias e onde tinha tudo aquilo de que não me queria afastar, mas que fui obrigada. Na verdade, não tinha dinheiro para pagar a renda e fui despejada. Fiquei um pouco espantada com o facto de o filme ter tido todo este reconhecimento, o que é interessante para um filme muito íntimo, muito sincero, muito honesto sobre o que senti. Foi totalmente feito por mim: gravei, fiz o som, filmei-me continuamente, tive de me encenar a mim, colocar a câmara, criar um espaço. Foi uma espécie de auto-encenação, uma coisa muito intensa e feita sem dinheiro nenhum, com o meu dinheiro e de pessoas amigas. A música foi oferecida pelo José Carlos Pontes. Acho que, cinematograficamente, é um filme de grande honestidade sobre a perda. A minha pergunta é como se filma a perda, o luto, algumas situações muito trágicas. Consegui fazer o filme porque me deixei arrastar pelo meu sentimento e honestidade, de nada esconder. É uma pessoa que se despe e mostra o que é. Não sei se voltarei a fazer isso, mas dessa vez, fi-lo.
Foi uma maneira para lidar com várias situações difíceis, portanto.
Sim, pode-se dizer que sim. Este lado trágico e que culmina com o processo da catarse... possivelmente, sim. Fui muito obsessiva na filmagem, gostei bastante de a fazer, mas usei o método que quase me levou a enlouquecer com essa obsessão. Já estava farta da casa e de filmar. Andava sozinha pela casa e pelo telhado de um edifício de Lisboa sozinha, à noite, porque queria sentir tudo o que tinha a ver com aquela casa. Houve uma altura em que quase raiou a loucura, uma certa desrazão. Mas foi um processo do qual não me arrependo. Ainda bem que o fiz.
Como é ver revelado algo tão pessoal em festivais de cinema?
Depois do lançamento no ano passado de “A Casa da Rosa”, está na forja um projecto de filme e peça de teatro sobre Natália Correia, que poderá ser apresentada em Macau
Não foi difícil. A primeira exibição foi no DocLisboa, foi bem recebido, segundo consta esteve muito perto de receber o prémio [principal], mas houve outro filme de que gostaram mais. As coisas são assim. Depois tive um contacto com uma curadora italiana que quis levar o filme para o festival “8 1/2”, baseado no [Federico] Fellini, e aí o filme começou a circular e recebemos convites para outros festivais. Nunca recebemos dinheiro, o que me teria dado muito jeito (risos). Houve pessoas que acreditaram no filme e ajudaram na montagem.
Está a trabalhar num documentário sobre Natália Correia. Quando termina esse projecto?
Em Setembro. Na próxima semana vou estrear uma peça de teatro, também sobre a Natália Correia, intitulada “Colheres de Prata”, que, se tudo correr bem, poderá ir até Macau.
Porquê Natália Correia? Por várias razões: eu sou açoriana, ela é açoriana. Viemos para Lisboa praticamente com a mesma idade, não porque quiséssemos vir, mas porque a família veio. Tivemos de sair de uma ilha de que ambas gostávamos bastante para um lugar ainda desconhecido. Natália foi sempre uma mulher do lado da liberdade e da defesa dos direitos humanos. Foi uma anti-fascista. Toda a vida foi
dedicada a defender estes propósitos, quer na literatura, quer na política, quer nas campanhas que apoiou, nomeadamente a de Humberto Delgado. Foi uma mulher bastante intransigente e muitos livros dela foram apreendidos pela censura. Sempre defendeu a figura da mulher, sem o feminismo um pouco bacoco da época. Ela
“Vi-o num outro dia [o filme “Pe San Ié”] e considero que continua muito actual no propósito que tinha. Não mudaria nada.”
fazia, para mim, a defesa de um feminismo mais actualizado e interessante. Ainda hoje concordo com ela. Nunca teve a ideia disparatada de as mulheres terem de substituir os homens ou de homogeneizar formas de poder. Achava que o mundo tinha de ser habitado por homens e mulheres em igualdade de circunstâncias sociais, políticas e económicas e já falava na igualdade de género. Depois do 25 de Abril de 1974, foi uma voz importante e fez um movimento crítico em relação ao seguimento da Revolução. O que também acho interessante. Nunca perdeu as características da sua voz e isso fez dela uma mulher que muita gente quis reduzir a
anedota, numa mulher de direita, desbragada. Nunca foi contra as instituições democráticas e as críticas que fez foram proféticas, com coisas que hoje vemos que são verdade. Sou uma pessoa de esquerda e sempre me identifiquei com ela, por ser uma voz discordante numa época em que era difícil sê-lo, pois ser discordante era ser de direita. Mas ela nunca se inibiu, e acho isso notável. Foi ainda uma mulher extraordinária na literatura, e luto, nestes projectos que estou a fazer, contra a redução dela a uma anedota e a uma ideia política que não corresponde à verdade. Foi sempre anti-fascista, antes e depois do 25 de Abril. Andreia Sofia Silva
COOPERAÇÃO PROMETIDO APOIO A CONVENÇÕES E EXPOSIÇÕES
Uma mão amiga
Num encontro com o vice-ministro do Comércio chinês, Ho Iat Seng recebeu a garantia de que o Governo Central irá apoiar Macau a desenvolver a indústria das convenções e exposições e a diversificar a economia. A reunião aconteceu em Pequim, no rescaldo da sessão anual da 14.ª Assembleia Popular Nacional
OChefe do Executivo reuniu na segunda-feira em Pequim com o vice-ministro do Comércio chinês Wang Shouwen, num dia com a agenda de Ho Iat Seng repleta de encontros com altos dirigentes do Governo Central, antes de regressar ontem a Macau.
O responsável do Ministério do Comércio e representante de Negociações do Comércio Internacional (de nível ministerial) começou por referir que a “visita do Chefe do Executivo ao Ministério do Comércio favorece um maior alargamento da forte relação de cooperação existente”. Respondendo ao apelo de Ho Iat Seng, Wang Shouwen garantiu que “o Ministério do Comércio prestará todo o apoio a Macau no sentido de contribuir para reforçar o desenvolvimento da indústria de convenções e exposições, e no futuro trabalho de atracção de comércio e capitais na Zona de Cooperação”.
Por sua vez, Ho Iat Seng agradeceu a atenção prestada a Macau pelo ministro do Comércio, em
Abrir com fronteiras
Agradecida colaboração no combate ao contrabando
OChefe do Executivo reuniu na segunda-feira em Pequim com o director da Administração Geral da Alfândega, Yu Jianhua, com o desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin e a diversificação adequada da economia de Macau a dominar a agenda.
O responsável da Administração Geral da Alfândega agradeceu ao Governo da RAEM pela colaboração no combate ao contrabando, prevenção e controlo de pandemia. Yu Jianhua fez questão de frisar que “as Alfândegas da China e de Macau têm mantido sempre uma comunicação estreita, obtendo resultados significativos na cooperação pragmática de defensa da segurança económica e comercial e da garantia dos assuntos relativos à vida da população”.
No capítulo do desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin, Ho Iat Seng assegurou que as autoridades de Macau e Guangdong estão a trabalhar para concretizar, no final do corrente ano, a política da liberalização da «primeira linha» e controlo da «segunda linha» em relação às trocas de mercadorias. As linhas dizem respeito à construção de dois postos fronteiriços, o primeiro
entre Macau e Hengqin e o segundo entre Hengqin e o Interior. Segundo o Chefe do Executivo, as fronteiras irão impulsionar “eficazmente o desenvolvimento de integração entre Macau e Hengqin, bem como, o reforço do intercâmbio e circulação de pessoas entre as duas cidades”.
Manter o diálogo
Yu Jianhua indicou que a Administração Geral da Alfândega vai continuar “a auscultar as opiniões da parte de Macau, a fim de aprofundar a reforma e inovação, apoiar um desenvolvimento de alta qualidade, acompanhar os trabalhos por forma a assegurar a implementação da política da liberalização da «primeira linha» e controlo da «segunda linha» no corrente ano”.
O director referiu ainda que “Macau integra uma parte importante na construção da Grande Baía de Guangdong-HongKong-Macau, por isso, a Administração Geral da Alfândega irá cumprir seriamente as várias políticas e medidas do Governo Central para beneficiar e apoiar Macau a desenvolver a economia, melhorar a vida da população, impulsionar a diversificação adequada da económica e integrar na conjuntura do desenvolvimento nacional”. J.L.
Obras Pedidas novas tecnologias contra ruído
especial a garantia de abastecimento estável de bens essenciais, que ajudou na manutenção do normal funcionamento do mercado local.
No que toca ao sector das convenções e exposições, Ho Iat Seng frisou que é uma das “indústrias mais importantes na diversificação adequada da economia de Macau e acrescentou que, após a passagem
“O Ministério do Comércio prestará todo o apoio a Macau no sentido de contribuir para reforçar o desenvolvimento da indústria de convenções e exposições, e na atracção de comércio e capitais na Zona de Cooperação.”
WANG SHOUWEN VICE-MINISTRO DO COMÉRCIOda pandemia, o sector retomou gradualmente as suas actividades”.
Sermão na Montanha
O líder do Governo da RAEM deu como exemplos de eventos de grande envergadura organizados em Macau o Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas em Macau e a Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau). Ho Iat Seng acrescentou que o seu Executivo “encontra-se a organizar activamente estes dois grandes eventos, para os quais espera receber as opiniões do Ministro do Comércio e assim contribuir para aumentar a qualidade organizativa”.
Em relação à construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, o Chefe do Executivo sublinhou que “as empresas de Macau podem aproveitar o espaço em Hengqin para criar mais marcas locais, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento da Medicina Tradicional Chinesa”. João Luz
O deputado Lam Lon Wai quer saber se o Governo vai incentivar as empreiteiras de obras públicas a adoptarem equipamentos com “novas tecnologias” menos ruidosas. A questão foi colocada através de uma interpelação escrita, na sequência de várias queixas por excesso de ruído, no Lote P da Areia Preta, onde está a ser
construída habitação pública. Em causa, está um relatório do Comissariado Contra a Corrupção que considerou legal o ruído em horas de descanso, após ter recebido queixas de vários moradores.
Lam Lon Wai quer ainda saber se o Governo está a ponderar adoptar uma lei mais rigorosa para o trabalho realizado de for-
ma extraordinária durante os períodos de descanso. Segundo o deputado, este tipo de obras é prejudicial para os cidadãos e a situação até se pode agravar no futuro, quando as pessoas começarem a viver na Zona A nos Novos Aterros, ao mesmo tempo que se prevê que vão decorrer, durante vários anos, obras de grande dimensão.
Alimentos Lao Ngai Leong quer agilizar circulação
Lao Ngai Leong, deputado de Macau na Assembleia Popular Nacional, considera que as autoridades devem agilizar os procedimentos para a circulação de carne, ovos ou vegetais entre o Interior, Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada. Segundo a proposta do também empresário na APN, existem actualmente vários obstáculos para os residentes que fazem compras no Interior e querem trazer bens para Macau, ou vice-versa. Além disso, considera que há demasiados requisitos a nível das medidas sanitárias, como quarentenas, para a entrada de produtos do Interior e de Macau na Zona de Cooperação Aprofundada Cantão-Macau, o que “prejudica a cooperação entre os residentes e as empresas”. Lao apresentou assim uma proposta para agilizar todos os processos, para serem menos rigorosos, e facilitarem que as pessoas de Macau se instalem na Zona de Cooperação Aprofundada, onde podem construir “um bom lar”.
Nacionalismo Mulheres prometem apoiar Governo e promover união
A Associação das Mulheres prometeu apoiar o governo da RAEM e trabalhar para unir toda a população do território em direcção à construção de uma “nova era”, de um “país forte” e ao “rejuvenescimento nacional”. Foi desta forma que Un Sio Leong, presidente da
associação, reagiu ao discurso de Xi Jinping, em que o líder chinês interligou a “construção de um país forte” com a estabilidade e prosperidade de Macau. Un Sio Leong reafirmou ainda o papel da associação como a “espinha dorsal do patriotismo tradicional
e do amor por Macau” e prometeu continuar a ter a iniciativa de “construir pontes, unir e liderar a massa das mulheres no estudo e implementação do espírito do 20.º Congresso Nacional do Partido do Comunista Chinês e do espírito Nacional das Duas Sessões”.
Após a escalada de preços nas plataformas online de reserva de quartos de hotel, a DST admite ter realizado vários contactos para controlar a situação
OS Serviços de Turismo (DST) admitem estar preocupados com a escalada repentina dos preços dos quartos dos hotéis nos sites e aplicações de reservas online, após o relaxamento das medidas de controlo da pandemia. No entanto, em resposta a interpelação do deputado Leong Sun Iok, Maria Helena de Senna Fernandes, directora da DST, revelou que foram tomadas medidas para evitar abusos.
“Os Serviços estão preocupados com os comentários recentes que apontam a prática de preços anormais em algumas das plataformas de reserva online de hotéis em Macau. Por isso, foram enviadas imediatamente cartas para a indústria hoteleira a recordar aos agentes que devem escolher de forma cautelosa as plataformas com quem colaboram”, afirma a directora dos Serviços de Turismo.
Finanças Kou Hoi In compara Macau a Hong Kong e Singapura
O presidente da Assembleia Legislativa considera que Macau ainda tem muito trabalho para fazer no campo das “finanças modernas”, principalmente em comparação com os “centros financeiros regionais” de Hong Kong e Singapura. A posição de Kou Hoi In, como membro da
delegação de Macau na Assembleia Popular Nacional, citada pelo Jornal do Cidadão, aponta que o Governo tem de melhorar o aspecto legal em áreas como a liquidação de renminbis e gestão do património de clientes. Kou indica igualmente que é necessário aumentar a
HOTELARIA GOVERNO ADMITE PREOCUPAÇÃO COM ESCALADA DE PREÇOS
Quartos crescentes
ligação da infra-estrutura financeira do território com o mercado internacional, que considera estar praticamente ausente de Macau. Para colmatar esta desvantagem, Kou Hoi In pede que se aposte mais na Grande Baía, como estratégia de internacionalização.
também explica que, de acordo com a lei actual, os hotéis têm a liberdade para praticar os preços que entenderem. Porém, “nos casos em que há uma lista com os preços dos quartos”, os hotéis têm de enviar informações mais actualizadas à DST, que posteriormente são publicadas online. Neste campo, a directora explicou que, como entidade de supervisão, a DSAT faz fiscalizações para se certificar que os hotéis enviaram a informação recente mais actualizada e que quando verifica discrepâncias contacta os hotéis para corrigir a situação.
Helena de Senna Fernandes explicou que, de acordo com a lei actual, os hotéis têm a liberdade para praticar os preços que entenderem
“Também devem prestar sempre atenção aos métodos de marketing e às condições oferecidas”, foi acrescentado pela responsável.
Na óptica dos Serviços de Turismo, quando os agentes hoteleiros “encontram preços anormais” devem “comunicá-los e acompanhar os casos junto das plataformas online” tão depressa quanto possível.
Sobre este mecanismo de comunicação, Helena de Senna Fernandes indica que “depois dos hotéis terem entrado em contacto com as plataformas, que os preços anormais de reserva dos quartos mostraram melhorias”.
Fazer mais
Sobre o impacto negativo para a imagem do território
como destino turístico, a DST promete fazer “uma boa utilização dos meios online e offline para promover Macau como um destino que sabe receber bem os turistas”.
Além disso, revela a dirigente, é mantido o diálogo “com várias plataformas online do Interior”, a quem se exige que reforcem a
fiscalização dos preços praticados pelos fornecedores de quartos de hotéis mas também das agências de turismo. Também a estas plataformas foi pedido que “actuem imediatamente” quando são praticados preços acima do valor normal do mercado.
Apesar da preocupação, Helena de Senna Fernandes
A interpelação de Leong Sun Iok foi submetida depois de nos primeiros dias de Janeiro, com o levantamento de restrições no Interior, o número de turistas a visitar Macau ter aumentado significativamente. Devido à grande procura repentina e ao limitado número de quartos disponíveis, associado à falta de mão-de-obra causada por três anos de grave crise económica, os preços dispararam. João Santos Filipe
AUTOCARROS SERVIÇOS DE TRÁFEGO RECUSAM ISENÇÃO DE PAGAMENTO DE TARIFA
OGoverno recusa a hipótese de reduzir para 60 anos a idade de isenção do pagamento da tarifa dos autocarro públicos. A possibilidade foi afastada por Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), em resposta a uma interpelação do deputado Nick Lei.
“O ajustamento dos benefícios das tarifas de autocarros para as
pessoas com idades de 60 a 64 anos envolve o consenso da sociedade, o uso do erário público e a definição de políticas, sendo que o Governo da RAEM não tem, neste momento, qualquer plano em concreto nesse sentido”, respondeu Lam Hin San na resposta a Nick Lei.
O legislador ligado à comunidade de Fujian tinha defendido
a redução da idade de isenção, na sequência de um estudo elaborado em Hong Kong que sugeria uma medida semelhante.
Actualmente, a isenção aplica-se às pessoas a partir dos 64 anos idade, que através de um passe de autocarro cor-de-rosa deixam de pagar o bilhete.
Nick Lei pretendia igualmente saber se o Grupo Interdepartamen-
tal do Mecanismo de Protecção dos Idosos tinha discutido o assunto. A questão ficou por responder: “O IAS salientou que o Governo da RAEM criou um Grupo Interdepartamental do Mecanismo de Protecção dos Idosos, composto por membros de vários serviços públicos”, limitou-se a escrever o director da DSAT, sem revelar o conteúdo de trabalho do grupo.
Banca Garantida liquidez após queda de bancos americanos
A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) assegurou ontem em comunicado que o sistema bancário de Macau tem liquidez e resiliência suficiente para lidar com riscos súbitos, na sequência da queda dos bancos norte-americanos Silicon Valley
Bank e Signature Bank. Porém, a entidade presidida por Chan Sau San revelou preocupações em relação “às acções tomadas por reguladores estrangeiros”, nomeadamente o resgate e garantia de reembolso dos depósitos assumidos pela Reserva
Federal norte-americana, “e a reacção em cadeia que pode desencadear”. A AMCM garante que, “neste momento, o sector bancário de Macau não corre risco de exposição às falências do Silicon Valley Bank e Signature Bank e que a aquisição dos activos dos
bancos não irá afectar a estabilidade do sistema bancário da RAEM”. Contudo, “a AMCM irá acompanhar as mudanças nos mercados financeiros e monitorizar cuidadosamente qualquer potencial impacto na qualidade dos activos bancários locais”.
CASINOS PANDEMIA ENSINOU A CORTAR CUSTOS E A IMPULSIONAR LUCROS
Uma operação light
Saúde Gripe colectiva em escola secundária
Foi detectado ontem um caso colectivo de gripe numa turma da Escola Secundária Luso-Chinesa Luís Gonzaga Gomes, que afectou oito alunos, cinco rapazes e três raparigas com idades entre os 12 e os 14 anos. Os sintomas de gripe, como febre ou tosse, começaram a manifestar-se dia
11, tendo alguns alunos sido submetidos a tratamento médico nos hospitais, não tendo sido registados casos graves nem internamento. Os Serviços de Saúde de Macau estão a acompanhar o caso, sendo que a escola já começou as medidas de limpeza e desinfecção dos espaços.
HAITONG BANK
SUCURSAL EM MACAU “IMPORTANTE” NOS LUCROS ALCANÇADOS
Entre 2024 e 2025, a indústria do jogo de Macau pode ultrapassar os lucros a que estava habituada a contabilizar antes da covid-19. A conclusão é dos analistas da JP Morgan, que argumentam que durante os três anos de pandemia os casinos “aprenderam” a cortar nas despesas, nomeadamente no volume de quartos de hotel, e a manter uma operação mais racional ao nível dos custos
QUANDO Macau se preparava para abdicar das rígidas restrições impostas pela política de zero casos de covid-19, muito se falou sobre as lições retiradas de três anos de pandemia. Na indústria do jogo de Macau, esses três anos parecem ter trazido alguns ensinamentos, pelo menos de acordo com o diagnóstico dos analistas da JP Morgan Securities (Asia Pacific) Ltd.
Numa nota divulgada ontem, os especialistas argumentam que as operadoras de jogo devem conseguir manter os custos operacionais 10 por cento abaixo dos registados antes da pandemia, mesmo após a recuperação total da indústria, com base nas lições aprendidas nos últimos três anos, ajudando a impulsionar os lucros.
Um corte de 10 por cento nos custos de operação, em relação a 2019, “pode não parecer um grande montante à primeira vista, mas é muito significativo tendo em consideração a capacidade do sector, podendo chegar a 20 por cento, ou mais, em 2024 com base no número de quartos de hotel disponíveis no mercado”, estimam os analistas, citados pelo portal GGR Asia.
Aliada a uma gestão operacional mais light, a JP Morgan sublinha a “óbvia alteração no
peso do EBITDA (lucros antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) gerado pelo sector de massas, que deverá ser quatro vezes maior que o gerado pelo jogo VIP”. Assim sendo, as poupanças a nível operacional devem ajudar a catapultar os lucros. “Isso dá-nos a confiança para estimar a recuperação do EBITDA para níveis entre 100 e 110 por cento em 2024/2025 face ao registo de 2019, mesmo
sem o contributo do jogo VIP”, perspectivam os analistas.
Quartos crescentes
A JP Morgan espera que o sector aumente este ano o número de quartos disponíveis em cerca de 5 por cento, com a Galaxy Entertainment Group Ltd a acrescentar 450 quartos ao mercado, a Melco Resorts and Entertainment Ltd cerca de 650, e SJM Holdings Ltd 319.
Mesmo os novos resorts que foram crescendo no Cotai durante a dormência imposta pela pandemia à indústria turística devem abrir progressivamente, de forma faseada. Por exemplo, a Galaxy irá abrir a 3.ª fase do complexo no Cotai, que inclui uma unidade hoteleira da Raffles, de forma faseada a partir do segundo trimestre do ano. João Luz
OHaitong Bank anunciou ontem que, no ano passado, triplicou os lucros, que atingiram os 11,2 milhões de euros. O banco sublinhou que a sucursal de Macau e o escritório de representação em Paris, aberto recentemente, registaram “uma contribuição importante” para a criação de novos negócios. Em comunicado, o Haitong Bank - antigo Banco Espírito Santo Investimento - revelou que o resultado líquido conseguido, tendo em conta os 3,6 milhões alcançados em 2021, confirma “a consistência de resultados positivos no difícil período de 2020-2022”.
Depois de um primeiro semestre de 2022 “marcado pela incerteza”, a actividade do Banco registou uma recuperação durante o segundo semestre, “com a contribuição das áreas de Fixed Income e M&A, resultante do ressurgimento da actividade de renda fixa no Brasil e do aumento da actividade com clientes chineses”, explica.
O Produto Bancário Total alcançou os 74 milhões de euros, o que representou uma queda homóloga de 17 por cento face aos 89 milhões de euros de 2021.
Os custos operativos subiram para 61 milhões de euros, refere o Haitong Bank, acrescentando que “o estrito controlo” dos custos permitiu que o banco alcançasse um resultado operacional de 13 milhões de euros em 2022, apesar da descida da receita líquida. O activo total cresceu 24 por cento, para 3,4 mil milhões de euros e a carteira de crédito aumentou 24 por cento face a Dezembro de 2021, atingindo 772 milhões de euros. Na nota de divulgação de resultados, o Haitong Bank referiu ainda que tomou medidas adicionais para diversificar as suas fontes de financiamento, aumentando a maturidade do passivo e reduzindo o seu custo.
PJ Dois residentes identificados por falsa denúncia
Dois homens confessaram ter feito uma queixa falsa junto da Polícia Judiciária, de forma a pressionar o dono de uma loja a assumir parte das perdas que resultaram de uma operação de contrabando mal- sucedida. A informação sobre o crime foi divulgada ontem, depois de os dois residentes locais
com 60 anos terem feito queixa contra uma loja, alegadamente devido a uma bura com perda de 120 mil patacas. No entanto, questionados pela PJ uma segunda vez, os homens reconheceram que não tinha sido burlados. Os dois confessaram também que a intenção era assustar o proprie-
tário da loja a assumir parte das perdas relacionadas com 156 processadores de computadores apreendidos pelas autoridades do Interior. A apreensão aconteceu quando os dois sujeitos tenta vam proceder ao contrabando dos 156 processadores no outro lado da fronteira.
Gongbei Detidas 10 pessoas por contrabando
A Alfândega de Gongbei lançou uma operação em conjunto com o Departamento de Segurança Pública de Zhongshan e com a Alfândega de Shenzhen em Fevereiro que resultou na detenção de 10 pessoas, e no desmantelamento de dois grupos criminosos de contrabando.
Segundo o jornal Ou Mun, nesta operação, foram apreendidas 363 caixas de produtos cosméticos avaliadas em 12 milhões de renminbis. Os agentes apreenderam ainda quatro carros destinados à operação de contrabando. Segundo a alfândega de Zhuhai, os grupos
HOMICÍDIO HOMEM CONFESSA CRIME E DIZ QUE SE SENTIU HUMILHADO POR PROSTITUTA
Um domingo sangrento
Depois de quase um ano a vaguear nas ruas de Macau e a dormir nos jardins, um residente de Hong Kong confessou ter morto uma prostituta local com golpes na cabeça que provocaram uma fractura de 15 centímetros
UM comentário durante uma relação sexual levou o homem de Hong Kong a matar a prostituta local que foi encontrada sem vida no domingo, na Pensão Residencial Florida, situado perto da Avenida Almeida Ribeiro. A confissão terá sido feita à Polícia Judiciária pelo suspeito de 45 anos, que se encontra detido desde segunda-feira.
Os contornos do mais recente homicídio do território foram dados a conhecer ontem, depois de na segunda-feira a PJ ter realizado
uma reconstrução do crime com o detido, que foi exibido em algumas zonas da cidade, com a cabeça coberta por um saco preto.
Segundo a PJ, o homem está em Macau desde Março do ano passado e declarou ser sem-abrigo, dormindo em vários jardins públicos. O indivíduo de 45 anos terá ainda dito às autoridades não ter qualquer emprego.
O encontro entre o alegado homicida e a prostituta de 45 anos terá sido agendado através das redes sociais. O quarto de hotel onde aconteceu o crime estava arrenda-
do desde Fevereiro pela vítima, que se dedicava à prostituição.
Um comentário a
mais
De acordo com a PJ, o sujeito confessou a prática do crime e justificou que se sentiu zangado com um comentário feito pela prostituta durante o acto sexual, o que fez com que a matasse. A polícia não revelou o conteúdo do comentário.
No entanto, os investigadores consideram haver indícios para acreditar que, ao contrário da confissão do suspeito, o crime terá sido premeditado e tem como justificação
outros motivos. Esta teoria tem como suporte, de acordo com a informação revelada à comunicação social, o facto de o homem ter entrado no
ONCOLOGIA TUMORES GINECOLÓGICOS AFECTAM CADA VEZ MAIS MULHERES JOVENS
OS cancros ginecológicos estão a afectar cada vez mulheres mais novas. O alerta foi deixado por Yao Shixian, médico do Departamento de Ginecologia Oncológica do Hospital Kiang Wu, que apelou à população feminina para realizar exames regularmente.
O apelo foi feito na segunda-feira, durante o
Encontro de Ginecologia Oncológica do Hospital Kiang Wu 2023, que reuniu em Macau médicos locais, de Hong Kong e do Interior. Ao avaliar as tendências deste tipo de cancro que afecta o sistema reprodutor feminino, Yao reconheceu que as pacientes são cada vez mais jovens. Porém, indicou ainda
que os tumores tendem a ser detectados em fases preliminares, o que contribui para uma maior taxa de sucesso no tratamento das doenças.
Ainda assim, Yao Shixian deixou o aviso que no caso de as jovens detectarem um fluxo anormal de sangue no sistema reprodutor devem deslocar-se a uma unidade hospitalar o
criminosos recrutavam pessoas para fazer o contrabando por fases. As mercadorias que entravam no Interior através de Macau eram depois distribuídas por outras regiões. No total, as autoridades acreditam que este caso envolveu 125 milhões de renminbis
quarto com uma mala, roubado o telemóvel da prostituta, ter limpo o quarto e levado consigo os materiais utilizados no crime.
A informação sobre a “arma do crime” não foi revelada, mas a PJ acredita, com base nos resultados da autópsia, que é um objecto “muito duro” e que terá utilizado para atingir várias vezes o crânio da vítima, até lhe causar uma fractura de 15 centímetros. Quando as autoridades chegaram ao local do crime encontraram a vítima na casa-de-banho. Porém, tendo em conta o sangue nas paredes, que apresentavam sinais de terem sido limpas, acredita-se que o crime tenha acontecido no quarto.
Às voltas pela cidade
Com recurso às imagens de videovigilância, as autoridades determinaram que o encontro que resultou na morte da mulher durou cerca de 30 minutos. Após esse período o homem foi filmado a deixar a pensão com a mala que trazia à entrada, mas também com uma almofada, que é uma das principais provas do crime.
Após sair do hotel, o indivíduo andou às voltas pela cidade, tendo entrado e saído de nove edifícios, onde foi deixando alguns dos objectos que tinha trazido do quarto.
Horas mais tarde, o suspeito acabaria por ser interceptado num centro de actividades do NAPE, onde estava a utilizar um dos computadores.
O relatório médico do indivíduo afasta a existência de doenças mentais, que possam prejudicar uma eventual condenação.
O alegado criminoso foi encaminhado ontem para o Ministério Público e está indiciado da prática de homicídio qualificado, que acarreta uma pena de prisão entre os 15 e os 25 anos, e também do crime de roubo, que implica uma pena de 10 a 20 anos de prisão, quando resulta na morte da vítima. João Santos Filipe
mais depressa possível para serem examinadas.
Por sua vez, Chan Tai Ip, vice-director do Hospital Kiang Wu, vincou que o problema dos tumores ginecológicos não são apenas um drama para a paciente, mas que também afectam toda a família ao terem impacto na “harmonia familiar” e pode-
rem impedir a função reprodutora. Mesmo sem apresentado dados, de acordo com a informação citada pelo jornal Va Kio, Chan indicou ainda que nos últimos anos, apesar de ter havido um aumento do número de pacientes com tumores ginecológicos, os resultados dos tratamentos são cada vez mais assinaláveis.
Os investigadores consideram haver indícios para acreditar que, ao contrário da confissão do homem, o crime terá sido premeditado
ATIVO EM Cantão e Macau entre 1830 e 1870, Sunqua é amplamente reconhecido como um dos mais renomados e prolíficos pintores comerciais de sua época. Neste artigo, são abordadas três de suas pinturas a óleo sobre tela que retratam panoramas do Rio de Janeiro, pertencentes à coleção de Paulo Fontainha Geyer, localizada em uma filial do Museu Histórico de Petrópolis, no Rio de Janeiro (Cf. Imagens anexadas).
O historiador brasileiro José Roberto Teixeira Leite afirma que essas pinturas “revelam uma certa qualidade naïve, como uma falta de habilidade na execução.1 O desenho não é espontâneo”. Essa “qualidade naïve”, de acordo com Leite, podem significar que o artista copiou outras obras originais retratando a mesma vista.
Tal impressão em relação à técnica é colocada em evidência quando comparamos as pinturas de Sunqua no Rio de Janeiro com as demais telas atribuídas à sua autoria. Oito obras de Sunqua são abrigadas pela Coleção de Arte Asiática de Exportação, na Sala Robinson do Peabody Essex Museum, em Salem, em Massachusetts, nos Estados Unidos. Os três panoramas brasileiros são bastante similares em estilo aos que Sunqua teria produzido durante os estágios iniciais de sua carreira, por volta de 1830.
O catálogo da exposição brasileira “Memória da Independência 18081825”, organizada pelo Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1972-1973, atesta que Sunqua esteve no Brasil nas primeiras décadas do século XIX. Segundo a nota presente no catálogo, “há apenas indicações de que ele era chinês e que vendia suas pinturas no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XIX”.2”.
Panoramas do Rio de Janeiro por análise de três pinturas do comércio
Caroline Pires Ting 丁小雨Sunqua: comércio cantonês
No entanto, em carta datada de 16 de julho de 1990, dirigida a J. T. Leite, o especialista Frank Connor escreve que duvida que Sunqua tenha visitado a América do Sul. No entanto, os ateliês de pintores cantoneses, dos quais o de Sunqua era talvez o mais conhecido de sua época, tinham como especialidade a pintura de vistas precisas de portos visitados por navios do “Comércio da China”, incluindo Santa Helena, Cidade do Cabo e Singapura, geralmente baseados em gravuras. É possível que o artista chinês tenha visitado o Rio de Janeiro pessoalmente. A assinatura de Sunqua está associada a vários estilos diferentes, que podem corresponder a diferentes artistas trabalhando no ateliê de Sunqua.3
Em síntese, as pinturas de Sunqua retratando os panoramas do Rio de Janeiro, pertencentes à coleção de Paulo Fontainha Geyer, constituem um exemplo notável da habilidade e técnica dos pintores comerciais chineses da época. Embora haja dúvidas quanto à presença do artista no Brasil, as pinturas podem ter sido criadas com base em gravuras e em estilos semelhantes aos produzidos pelos artistas cantoneses que se especializavam em vistas precisas de portos visitados pelo comércio chinês.
A discussão em torno da autoria das obras também acrescenta uma camada interessante à sua análise. De qualquer forma, as pinturas permanecem como um testemunho visual valioso do Brasil no século XIX e do comércio global em que o país estava inserido.
1 Para saber mais sobre o assunto, indicamos o artigo de José Roberto Teixeira Leite intitulado “Sunqua e o panorama chinês do Rio de Janeiro”, disponível em www.icm.gov.mo/rc/ viewer/32001/2099.
2 LEITE, José Roberto Teixeira. A China no Brasil: influências, marcas, ecos e sobrevivências chinesas na sociedade e na arte brasileiras Campinas, SP: Ed. da UNICAMP, 1999, p. 377 “Note #3”.
3 “I doubt whether Sunqua ever visited South America, but the studios of Cantonese “Export” painters, of which the studio of Sunqua was perhaps the best-known of its time, made a specialty of painting precise views of ports which were visited by vessels of the “China Trade”, including St. Helena, Capetown and Singapore; these were generally based upon engravings. It remains possible that the Chinese artist visited Rio de Janeiro in person. The signature “Sunqua” is associated with several different styles, which perhaps correspond with different artists working on Sunqua’s studio”. Ibid., p. 378.
A Estratégia dos Oito Panoramas de Wang Hong
Paulo Maia e CarmoCHAO BUZHI (1053-1110), o poeta e funcionário erudito que fazia parte do grupo dos que se opuham às reformas de Wang Anshi (1021-86), escreveu no vigésimo dia do quarto mês de 1086, numa hoje perdida pintura de Wang Wei intitulada Apanhando peixe, o seguinte comentário:
«Era um poeta admiravelmente subtíl, por isso as suas pinturas possuem uma abundância de ideias. As pessoas que, agora, tentem emular os seus gestos na escrita ou em pinturas não serão bem-sucedidas. Esta pintura leva-me a pensar nas palavras do homem de Chu: “As filhas do imperador Yao desceram da margem Norte. Os seus olhos nublados de ansiedade viraram-se para mim acenando, ah o vento do Outono; Ondas do Lago Dongting, ah! As folhas que caem das árvores.” Pensando nisto, as suas palavras como esta pintura, parecem trazer-me o Lago Dongting e os rios Xiao e Xiang para diante dos meus olhos.»
A referência a folhas caindo das árvores (luo ye) usada por Wang Wei num poema, era uma citação de uma (Xiang furen) das Nove Canções atribuídas a Qu Yuan (c.340-278 a.C.) das Canções do Sul (Chuci) e uma reconhecida metáfora da ideia de homens de valor ignorados pelas autoridades.
E a paisagem plana, onde confluíam os rios Xiao e Xiang, tornar-se-ia com Song Di (c.1015-c.1080) outro enviado para fora da capital, numa fórmula visual construída como
um poema regulado de oito linhas (lushi) ou como sofisticada resposta dos homens de cultura, aludindo ao esquema do exército de pedra em formação de oito (Shibing bazhen) com que o estratega Zhuge Liang (181-234) imaginou um labirinto recorrendo apenas às condições naturais do terreno.
Na ausência das pinturas de Song Di, a mais antiga figuração canónica completa desse lugar que existiu para lá da sua descrição física, consta de uma pintura feita cerca de 1150.
Wang Hong é recordado pelo seu labor entre c.1131 e c.1161 e para além dessa pintura, não se conhecem dele outros detalhes biográficos senão que era natural de Sichuan. Dois rolos horizontais guardados no Museu de Arte da Universidade de Princeton (tinta e cor sobre seda, c. 23,4 x 90,7 cm, cada um) intitulados Oito vistas dos rios Xiao e Xiang (XiaoXiang bajing) exibem a sua interpretação desse lugar de exílio involuntário de homens de cultura, o «confinamento administrativo» dito anzhi, «deixados em paz».
Se ao longo da dinastia Song do Sul se irá notar uma figuração cada vez mais aplanada e suave dessa região a Sul do Lago Dongting, como no rolo horizontal que está no Museu Nacional de Tóquio, Jornada de sonho à região de Xiao e Xiang (XiaoXiang woyou, tinta sobre papel, 30,3 x 400,4 cm) aqui, ainda as linhas horizontais dos rios e das margens convivem com imponentes montanhas como num lamento melancólico de quem sabe de forças poderosas mas que encontrou à sua volta, com engenho, uma saída de infinitas possibilidades.
COVID-19 FIM DE TESTES PARA PASSAGEIROS ORIUNDOS DE PORTUGAL PASSAGEIROS
com destino à China oriundos de Portugal não terão mais que apresentar um teste de ácido nucleico negativo para a covid-19 ao embarcar, a partir de hoje, informou ontem a embaixada chinesa em Lisboa.
“Face ao desenvolvimento da situação epidémica e à necessidade de facilitar as trocas de pessoal, a partir de 15 de Março de 2023, os passageiros dos voos directos de Portugal para a China estão autorizados a usar testes antigénio (incluindo autoteste), em vez de testes de ácido nucleico”, lê-se no comunicado, publicado em chinês, no portal da embaixada.
Portugal integra assim uma lista de 32 países a partir de onde não é preciso mais apresentar um teste PCR negativo para o vírus ao embarcar para a China.
Na sexta-feira passada, as autoridades chinesas incluíram também Portugal num segundo lote de países para onde vão permitir a realização de viagens de turismo em grupo.
No início de Fevereiro, Pequim voltou a permitir o turismo em grupo para cerca de 20 países, incluindo destinos como Tailândia ou Indonésia. A partir de 15 de Março, os turistas chineses que viajarem em grupos organizados poderão visitar mais 40 países, incluindo ainda Brasil, França ou Espanha.
Mais de 385 mil chineses visitaram Portugal em 2019, o ano antes da pandemia. Os turistas oriundos da China gastaram, no total, 224 milhões de euros no país, um crescimento de 20 por cento, face a 2018.
Caminhos arriscados
NUCLEAR AVISOS À AUSTRÁLIA, EUA E REINO UNIDO APÓS ACORDO SOBRE SUBMARINOS
ENERGIA NOVO IMPULSO NO INVESTIMENTO EM CARVÃO
Aconstrução de novas centrais energéticas a carvão quase estagnou desde o Acordo de Paris para combater as alterações climáticas, mas a tendência é ameaçada por um novo impulso a este tipo de energia na China, revela um estudo publicado ontem.
Segundo o grupo de reflexão E3G, em Janeiro de 2023 estavam planeados a nível mundial 347 gigawatts (GW) de capacidade de produção de energia com recurso a carvão, dos quais a China representa
72 por cento, um aumento relativamente aos 66 por cento em Julho de 2022.
Os outros países com centrais a carvão planeadas são a Índia e a Indonésia. A capacidade de produção de centrais a carvão projectadas fora da China diminuiu 84 por cento para menos de 100 GW pela primeira vez desde 2015.
Para este cenário, contribui o facto de não existirem novas centrais de carvão propostas na América do Norte ou na União Europeia. Mas
a China reagiu ao aumento do custo do gás natural dos últimos meses com uma nova aposta na energia carbonífera na segunda metade de 2022.
Belinda Schäpe, uma das autoras do estudo, desafiou Pequim a dar o exemplo no combate às alterações climáticas e à transição para as energias renováveis.
“Garantir a segurança energética da China através de mais capacidade de carvão é uma ilusão. À medida que o mundo vira as costas ao carvão, a China tem pouco a ganhar em
se agarrar ao mais sujo dos combustíveis fósseis”, avisou.
Leo Roberts, outro dos autores, congratulou-se por quase todos os países e regiões do mundo terem abandonado planos para novas centrais eléctricas a carvão. “Este é um enorme passo para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 Celsius”, afirmou.
O Acordo de Paris determinou como meta limitar o aquecimento global a 2 graus celsius (ºC), e se possível a 1,5ºC, acima dos valores médios da época pré-industrial.
AChina avisou ontem que os Estados Unidos, Austrália e Reino Unido continuam num “caminho errado e perigoso”, após Camberra anunciar a compra de submarinos norte-americanos movidos a energia nuclear para modernizar a sua frota.
O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Wenbin disse que o acordo, designado AUKUS – acrónimo para Austrália, Reino Unido e Estados Unidos – é resultado de uma “mentalidade típica da Guerra Fria” que “vai apenas motivar uma corrida armamentista, prejudicar o regime internacional de não-proliferação nuclear e prejudicar a estabilidade e a paz regional”.
“A última declaração conjunta emitida pelos EUA,
Reino Unido eAustrália mostra que os três países estão a seguir um caminho errado e perigoso para os seus próprios interesses geopolíticos, ignorando completamente as preocupações da comunidade internacional”, disse Wang, em conferência de imprensa.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, voou para San Diego, no estado da Califórnia, para se encontrar com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak. Os três líderes saudaram a parceria nuclear que vai dar à Austrália acesso a submarinos movidos a energia nuclear, que são mais furtivos e mais capazes do que navios movidos convencionalmente.
A medida é vista como resposta ao crescente múscu-
lo militar da China na região da Ásia Pacífico.
Biden enfatizou que os navios não vão transportar armas nucleares de nenhum tipo. Albanese disse que não acha que o acordo seja susceptível de azedar o relacionamento entre a Austrália e a China.
Wang repetiu as alegações da China de que o AUKUS representa um “grave risco de proliferação nuclear” e uma “violação do objecto e propósito do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares”.
“Os três países afirmam que cumprirão os mais altos padrões de não-proliferação nuclear, o que é puro engano”, disse Wang, acusando os três de “coagir” a Agência Internacional de EnergiaAtómica a dar a sua aprovação.
Pactos desagradáveis
O AUKUS é um dos vários acordos e parcerias de segurança liderados pelos Estados Unidos que provocaram a ira da China.
Juntamente com a Rússia, a China denunciou também o Quad, uma aliança militar que incluiAustrália, Índia, Japão e Estados Unidos, cujos ministros dos Negócios Estrangeiros afirmaram, no início deste mês, que pretendem ser uma alternativa à China.
A China também foi abalada por um acordo entre Washington e as Filipinas, que dá às forças dos EUA maior acesso às bases filipinas ao longo do que é designada “primeira cadeia de ilhas”, a chave para a China projectar o seu poder na região.
Estrangeiros à vista
Alargada concessão de vistos após quase três anos de bloqueio
AChina vai alargar a concessão de vistos a estrangeiros a partir de hoje, depois de quase três anos de suspensão na sequência da pandemia de covid-19, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país.
Turistas com vistos válidos emitidos antes de 28 de Março de 2020, data em que foi decretado o encerramento quase total das fronteiras chinesas a estrangeiros, vão voltar a poder entrar no país asiático, informou, em comunicado, o departamento de assuntos consulares daquele ministério.
Nos últimos meses, a China voltou a atribuir vistos a alguns turistas de negócios, estudantes e pessoas com familiares na China.
“Com o objectivo de facilitar ainda mais o intercâmbio entre a China e o exterior”, as agências “vão voltar a processar vários tipos de vistos”, referiu o comunicado.
As autoridades chinesas também anunciaram a retoma das políticas de entrada sem visto para quem viaje até à ilha de Hainão, no sul do país, ou que entrem na cidade de Xangai, no leste chinês, num navio de cruzeiro.
As embaixadas chinesas em vários países, incluindo Estados Unidos, Luxemburgo, Canadá, Argentina e Coreia do Sul, especificaram que os “vários tipos de vistos” citados pelo departamento incluem vistos de viagem.
Águas passadas
A China, o maior emissor de turistas do mundo, manteve as fronteiras encerradas durante
quase três anos, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19, que foi desmantelada, em Dezembro passado, após protestos ocorridos em várias cidades do país.
No âmbito daquela política, quem chegava ao país tinha que cumprir um período de quarentena, que chegou a ser de três semanas, em instalações designadas. O número de voos internacionais foi reduzido até 2 por cento face ao período anterior à pandemia.
A ligação aérea directa entre Portugal e a China passou a ser feita apenas uma vez por semana. Até ao início da pandemia, o voo realizava-se três vezes por semana.
CHINÊS
Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, alertou Washington para possíveis “conflitos e confrontos”, se os EUA não mudarem de rumo.
Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental do Governo da Região Administrativa Especial de Macau
AVISO DE CONCURSO
Quatro lugares vagos de inspector de 2.ª classe, 1.º escalão (Concurso n.º: INS-002-DSPA/2023)
Por despacho do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, de 8 de Março de 2023, foi autorizado o concurso de avaliação de competências profissionais ou funcionais comum, externo, do regime de gestão uniformizada, na Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, para o preenchimento de quatro lugares vagos em regime de contrato administrativo de provimento, de inspector de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de inspector, e dos que vierem a verificarse nesta Direcção de Serviços, na mesma forma de provimento, até ao termo da validade do concurso.
Para os pormenores detalhados, por favor, consulte o Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 11, II Série, de 15 de Março de 2023, ou navegue as páginas electrónicas desta Direcção de Serviços (http://www.dspa. gov.mo) e dos concursos da função pública (http://concurso-uni.safp.gov.mo)
Aos 9 de Março de 2023, DSPA
O Director, Tam Vai Man
Aviso
Avisam-se todos os interessados que está aberto o concurso de avaliação de competências profissionais ou funcionais comum, externo, do regime de gestão uniformizada, para o preenchimento do seguinte lugar vago, em regime de contrato administrativo de provimento da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, de acordo com as condições referidas no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.° 11, II Série, de 15 de Março de 2023, e cujo prazo de apresentação das candidaturas termina no dia 27 de Março de 2023:
- Um lugar vago, de técnico superior de 2.ª classe, 1.º escalão (área jurídica)
A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, aos 8 de Março de 2023.
O Director, Kong Chi Meng
“A última declaração conjunta emitida pelos EUA, Reino Unido e Austrália mostra que os três países estão a seguir um caminho errado e perigoso para os seus próprios interesses geopolíticos, ignorando completamente as preocupações da comunidade internacional.”
WANG WENBIN, PORTA-VOZ DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS
MAM “ALEGORIA DOS SONHOS”, DO COLECTIVO YIIMA, CHEGA A MACAU
Regresso às origens
Depois do périplo feito pela Europa, nomeadamente em Lisboa e na Bienal de Arte de Veneza, a exposição dos artistas Guilherme
Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que integram o colectivo “YiiMa”, chega a Macau pela primeira vez, sendo inaugurada esta sexta-feira.
Ung Vai Meng diz-se feliz pelo facto de as obras de “Alegoria dos Sonhos”, com curadoria de João
Miguel Barros, serem expostas no território que lhes deu vida
Amostra “Alegoria dos Sonhos”, do colectivo “YiiMa”, composto pelos artistas Guilherme Ung Vai Meng, antigo presidente do Instituto Cultural (IC), e Chan Hin Io, chega esta sexta-feira à sua terra de origem, depois de ter sido exibida no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, com o nome “(Des) Construção”, e de ter representado Macau na 59.ª Bienal de Arte de Veneza, já com o nome de “Alegoria dos Sonhos”. A exposição de fotografia, escultura, instalação e até arte performativa, estará patente na Galeria do Tap Seac até ao dia 21 de Maio, proporcionando ao público local a oportunidade de ver, pela primeira vez, uma mostra reconhecida internacionalmente.
Ao HM, Ung Vai Meng falou da “felicidade” sen-
FUNDAÇÃO RUI CUNHA PALESTRA SOBRE GRANDE BAÍA AMANHÃ ÁS 18H30
AFundação Rui Cunha (FRC) acolhe amanhã, às 18h30, a palestra “O Presente e o Futuro da Grande Baía e a integração de Macau-Hengqin-Hong Kong-Shenzhen” que contará com a participação de Sonny Lo, professor de Ciência Política na Hong Kong University Space.Aconferência, organizada pela revista Macau Business e agência Macau News Agency, será moderada pelo jornalista José Carlos Matias e director destas plataformas de media.
Na palestra, será debatido “o novo impulso” ganho pela
Grande Baía, projecto político de cooperação e integração regional definido por Pequim com o final da pandemia. Uma nota da FRC dá conta de que “o desenvolvimento conjunto da Zona de Cooperação aprofundada de Guangdong-Macau, em Hengqin, assumirá um lugar de destaque com a adopção de um conjunto de incentivos e de medidas adicionais já em preparação”. Além disso, agilizam-se também processos na Zona de Cooperação de Qinghai, a fim de facilitar a
actividade financeira, logística e de serviços informáticos entre Shenzhen e Hong Kong.
Sonny Lo, habitual comentador da situação sócio-política de Macau, Hong Kong e China, vai analisar “até que ponto, e a que velocidade, o território irá integrar-se regionalmente nos próximos anos”. O académico é ainda autor de diversas obras, nomeadamente “Casino Capitalism, Society and Politics of China’s Macau”, que ganhou o primeiro prémio atribuído pela Fundação Macau,
em 2009. Publicou ainda “Macau in the Second World War, 19371945”, “Political Development in Macau” [Desenvolvimento Político em Macau], “The Politics of Cross-Border Crime in Greater China”, “Hong Kong’s Indigenous Democracy” e “The Politics of Democratization in Hong Kong”. Está já no prelo a obra “The Politics of District Elections and Administration in Hong Kong”. Sonny Lo é, igualmente, colunista sénior da Macau News Agency/Macau Business.
tida pelo colectivo “pela devolução das obras à nossa cidade natal, para as podermos exibir aos cidadãos e amigos locais”. Afinal de contas, “essas obras foram todas criadas neste pequeno território”, adiantou.
Graças à “generosidade dos meios que o IC colocou à disposição dos artistas”, foi permitido “delimitar os espaços dos diversos ‘sonhos’ dando a conhecer o conteúdo que o YiiMa produziu para ser mostrado em Veneza, com o sucesso que lhe foi reconhecido.”
JOÃO MIGUEL BARROS CURADORFazendo o balanço das duas exposições, Ung Vai Meng frisou que “o público respondeu muito bem, tendo estado particularmente interessado nas cenas da vida em Macau, já que as obras mostram as culturas chinesa e ocidental”.
Além disso, o antigo dirigente cultural, que actualmente se dedica à arte a tempo inteiro, referiu uma análise feita por uma crítica norte-americana, que se referiu a “A Alegoria dos Sonhos” como “uma das dez
obras que valia a pena ver na Bienal de Veneza”.
Parque a caminho
Convidado a comentar as políticas culturais após o regresso à normalidade, no contexto da pandemia, Ung Vai Meng diz acreditar que “o Governo poderá pensar em novas estratégias do ponto de vista cultural, exigindo às concessionárias de jogo que seja dado um maior apoio e feito um maior investimento em empreendimentos culturais.”
Ung Vai Meng acredita também que será possível uma maior cooperação com artistas e entidades culturais estrangeiras para que Macau venha a acolher mais eventos de cariz internacional.
Quanto ao colectivo YiiMa, poderão surgir novos projectos. “A fim de aumentar o interesse dos residentes de Macau pela arte pública, o nosso colectivo está a estudar a viabilidade do projecto ‘Parque Temporário de Esculturas de Macau’, mas estamos ainda na fase de concepção.”
Palavra de curador
Ao HM, João Miguel Barros, curador, recorda um processo de adaptação entre a mostra de Lisboa e aquela que foi exibida em Veneza. “Quando discuti com os artistas a nossa candidatura à Bienal de Veneza, havia uma ideia estruturada para a ‘Alegoria dos Sonhos’ e que incluía várias componentes, desde a fotografia, a instalação e a vídeo arte. Mas sabíamos que se ganhássemos a representação de Macau
Uma crítica norte-americana, referiu-se a “A Alegoria dos Sonhos” como “uma das dez obras que valia a pena ver na Bienal de Veneza”
teríamos de ajustar muito essa ideia devido às limitações do espaço disponível em Veneza.
A mostra da galeria do Tap Seac acaba por ser a que permite uma aproximação mais fiel à ideia original.”
O curador acrescenta que, graças à “generosidade dos meios que o IC colocou à disposição dos artistas”, foi permitido “delimitar os espaços dos diversos ‘sonhos’ dando a conhecer o conteúdo que o YiiMa produziu para ser mostrado em Veneza, com o sucesso que lhe foi reconhecido. Nessa perspectiva os visitantes de Macau são uns privilegiados ao visitarem esta exposição do YiiMa”, rematou.
Do culto ao futebol
Portugal acompanha “o que se está a passar” com capela em Damão
OGoverno português assegurou ontem que está a acompanhar “o que efectivamente se está a passar” com a ameaça de demolição pelas autoridades indianas de Damão de uma capela portuguesa do século XVI, muito rica enquanto património histórico.
“Através da embaixada na Índia, temos tido informação sobre o que efectivamente se está a passar”, garantiu em declarações à comunicação social o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, à margem da sessão de apresentação da Ação Cultural Externa (ACE) para 2023, que decorreu segunda-feira de manhã no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa.
Cravinho, também presente no evento, admitiu que o Governo português “ainda não” obteve resposta das autoridades indianas, mas garantiu que “é um trabalho que está em curso”.
católica, Mário Lopes, a intenção de compra é sustentada por fundamentos “muito frágeis”, afirmou à Lusa em fevereiro.
“Não há qualquer fundamento legal para adquirir a capela e demoli-la com o propósito de ampliar um pequeno campo de futebol. E também não se percebe o argumento de tudo ser para tornar o lugar mais bonito. O que é que isso significa? Embelezamos um local destruindo uma igreja?”, acrescentou o causídico que defende os interesses da Igreja Católica no processo.
Sofia SilvaNa mostra patente em Lisboa, no então Museu Colecção Berardo, já encerrado, mostraram-se imagens com os próprios artistas transformados em anjos e a representação de lugares icónicos de Macau que foram mudando ao longo do tempo, como casas de matriz chinesa, estruturas de bambu, templos budistas no meio da cidade. Em todas as obras se faz um exercício de reflexão sobre a Macau do passado e do presente e as constantes mudanças urbanísticas que têm ocorrido ao longo do tempo. Andreia
“Há aqui um lado que temos que aguardar e esperar o desenvolvimento, mas temos tido a informação através da embaixada [de Portugal] na Índia, assim que surgiram os primeiros relatos de que podia haver um tema com essa capela”, disse o governante, acrescentando que Lisboa tentou sensibilizar as autoridades indianas, assim que “teve notícia de que poderia estar em risco essa capela, que é muito significativa para uma comunidade muito pequena no contexto da Índia, mas com grande significado”.
A notícia, divulgada pela Lusa no início de Fevereiro, deu conta dos esforços da comunidade católica de Damão, na Índia, para impedir a demolição da Capela de Nossa Senhora das Angústias, com mais de 400 anos, ainda local activo de culto, que o administrador provincial, Praful Kodhabai Pratel, membro do Bharatiya Janata Party (BJP, Partido do Povo Indiano, nacionalista conservador hindu, no poder desde 2014), quer transformar num campo de futebol.
A comunidade católica de Damão está a “preparar-se” para a eventualidade de ter que levar o caso até à decisão do Supremo Tribunal em Bombaim, disse à Lusa o pároco da capela, Brian Rodrigues.
Processo em curso
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes
“Há um diálogo próximo com as autoridades indianas e vamos procurar soluções”, acrescentou o chefe da diplomacia portuguesa.
A intenção de aquisição da Capela da Nossa Senhora das Angústias – enqua -
PUB.
drada pela lei indiana de Aquisição de Propriedades, Reabilitação e Reinstalação, de 2013 – tem como propósito o alargamento de um campo de futebol contíguo ao monumento e o “embelezamento” do local, de acordo com o governo provincial, que administra os municípios de Dadra e Nagar Haveli e Damão e Diu, fundidos desde 2020. De acordo com o advogado da comunidade
“A capela tem mais de 400 anos, tem muito valor arquitectónico, histórico e cultural, e é um local de culto, venerado não apenas pela comunidade católica, mas também pelos não-católicos de Damão, ininterruptamente, desde há mais de quatro séculos”, sublinhou ainda.
Se o processo não for travado, entretanto, na previsão de Mário Lopes, deverá demorar “um ano” até chegar ao Supremo de Bombaim, que terá a decisão final.
“A fim de aumentar o interesse dos residentes de Macau pela arte pública, o nosso colectivo está a estudar a viabilidade do projecto ‘Parque Temporário de Esculturas de Macau’, mas estamos ainda na fase de concepção.”
UNG VAI MENG ARTISTA
SUDOKU
UM LIVRO HOJE
THE CASTLE IN THE FOREST | NORMAN MAILER
Editado em 2007, pela Random House, “The Castle in the Forest” foi o último romance do autor norte-americano que viria a falecer nesse mesmo ano. A narrativa centra-se no crescimento de Adolf Hitler e na formação da psique do homem que viria a mudar a face da História mundial. A obra segue a teoria romanceada de que Hitler terá sido produto de incesto, abrindo a possibilidade de ter descendência judaica. O narrador de “The Castle in the Forest” é um demónio que acompanha o crescimento de Adi e o percurso histórico da Europa que culmina na Segunda Grande Guerra Mundial e no Holocausto. Uma obra imperdível de um dos grandes autores do século XX. João Luz
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo
Aviso sobre pedido de junção de restos mortais em sepultura perpétua
MONTEPIO GERAL DE MACAU
ASSEMBLEIA GERAL CONVOCATÓRIA
Nos termos do Artº 34º, nº 1, al. a) dos Estatutos em vigor, convoco a Assembleia Geral Ordinária para reunir na sua sede, sita na Avenida Doutor Mário Soares, nº 25, 3º andar (4º piso) do Edifício “Montepio”, no próximo dia 30 de Março de 2023, pelas 17H15, com a seguinte ordem de trabalhos:
1º – Discussão e votação do relatório e Conta de Gerência do ano de 2022 e do parecer do Conselho Fiscal; e
2º - Outros assuntos de interesse da Associação.
No caso de não comparecer nesse dia e hora indicados, o número de associados mencionado no nº 1 do Artº 36º, considera-se desde já convocada nova reunião, que se realizará no mesmo local decorrida uma hora, com qualquer número de associados.
Montepio Geral de Macau, aos 9 de Março de 2023.
A Presidente da Assembleia Geral, Rita Botelho dos Santos
CONVOCATÓRIA
Nos termos e para os efeitos do artigo 14° dos Estatutos, é por este meio convocada a Assembleia Geral Ordinária da TRANSMAC – TRANSPORTES URBANOS DE MACAU, S.A.R.L., matriculada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.° 3053, a fls. 164 do livro C-8, para se reunir no dia 31 de Março de 2023, pelas 11 horas, na respectiva sede social, sita em Macau, na Avenida da Amizade, n.ºs 918, Edifício “World Trade Centre Macau”, 09.º andar,com a seguinte ordem de trabalhos:
1. Considerar e aprovar o relatório do Conselho de Administração, as contas auditadas, a utilização do excedente e a opinião do Comitê de Fiscalização no exercício findo em 31 de dezembro de 2022;
2. Destituição e nomeação dos membros do Conselho de Conselho Fiscal da Sociedade
3. Discutir e deliberar sobre o aumento do capital social e a alteração dos respectivos estatutos;
4. Resolução de outros assuntos de interesse da sociedade.
Macau, aos 8 de Março de 2023
A Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Liu Hei Wan
Anúncio
Faz-se saber que no concurso público n.o 2/P/23 para a «Concepção e Execução de Obras de Remodelação da Sala de Tomografia Axial Computarizada do Edifício de Especialidade de Saúde Pública, bem como Fornecimento e Instalação de Equipamentos», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 7, II Série, de 15 de Fevereiro de 2023, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.º do programa do concurso público, e foi feita clarificação complementar conforme as necessidades, pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo.
Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, e também estão disponíveis na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo).
Serviços de Saúde, aos 9 de Março de 2023
O Director dos Serviços de Saúde, Substituto Cheang Seng Ip
Eu, Antonio João Siqueira Madeira de Carvalho (馬東尼), nos termos da alínea 5) do n.º 1 e dos n.os 2 e 3 do artigo 26.º-A do Regulamento Administrativo n.º 37/2003, alterado pelo Regulamento Administrativo n.º 22/2019, apresento o pedido relativo à junção das cinzas de Maria Rita de Azevedo Siqueira Madeira de Carvalho, que era cônjuge Augusto Henriques de Almeida Madeira de Carvalho, inumado na sepultura n.º SM-11002J do Cemitério de São Miguel Arcanjo, nessa sepultura.
Venho por este meio informar as pessoas indicadas no n.º 1 do artigo 26.º-A do Regulamento Administrativo acima referido de que podem apresentar objecção por escrito no prazo de 30 dias, contados a partir da data da publicação do aviso, ao IAM. A objecção escrita deve ser entregue no escritório dos assuntos de cemitérios da Divisão de Higiene Ambiental do IAM, sito no 3.º andar do Edifício Comercial Nam Tung, na Avenida da Praia Grande n.º 517.
Se o IAM não tiver recebido objecção por escrito dentro do prazo determinado, o pedido de junção pode ser autorizado.
Aos 15 de Março de 2023
Antonio João Siqueira Madeira de Carvalho
ÁSIA, FILMES & AMOR
A CERIMÓNIA DE entrega dos Óscares tem um peso demasiado grande na avaliação de bom cinema. Aceitamo-lo como um barómetro de cinema popular, dos temas e cinematografia que interessam no ethos contemporâneo. Avalia-se o cinema das massas que, parecendo que não, influencia as culturas. Na última cerimónia assistiu-se a um momento atípico. Um filme de criação asiática, arrasou a maioria dos prémios. É um filme de ficção científica que faz uso de uma contestada ideia da física quântica: a possibilidade de existir o multiverso, vários universos paralelos. Mas mais que um exercício das muitas versões que podemos ser, o filme explora tradição, migração, família e o amor. Uma ficção científica cómica, certamente escrita durante uma viagem de ácidos, acompanhada por uma profunda reflexão sobre aquilo que é humano.
As questões culturais e de género estão irremediavelmente presentes. O que é ser um homem, mulher e menina numa família asiática, num país como os Estados Unidos da América, sofrem uma desconstrução profunda. Muito mais do que utilizar estereótipos, o filme oferece uma visão dura da dificuldade em navegar a complexidade da família entre culturas. A representação do homem asiático em Hollywood tende a ser assexualizada, ingénua e frágil. Ao invés, o filme mostra que a bondade e a empatia,
Michelle Yeoh foi a primeira mulher asiática a ganhar um Óscar de melhor actriz. Sonhos realizados que precisaram muito mais do que a capacidade de sonhar. São precisas oportunidades para gerar conquistas como estas
essa que parece mais uma vulnerabilidade do que uma virtude, consegue fazer face aos desafios do dia a dia.
A popularidade do filme mostrou receptividade para olhar as personagens asiáticas com toda a complexidade que elas merecem, em vez dos sidekicks a que estavam frequentemente sujeitos. A personagem
mais velha do filme, interpretada pelo actor James Hong com 94 anos, falou dos seus 70 anos de carreira na entrega dos (vários) prémios que o filme recebeu. Na altura, os actores asiáticos nem eram precisos, bastava pôr um tipo branco com fita cola nos olhos para uns olhos em bico. Num universo de produção cultural dominado pela cultura caucasiana, os asiáticos tiveram com este filme uma exposição e reconhecimento nunca vista. Michelle Yeoh foi a primeira mulher asiática a ganhar um Óscar de melhor actriz. Sonhos realizados que precisaram muito mais do que a capacidade de sonhar. São precisas oportunidades para gerar conquistas como estas. Os efeitos especiais, a produção estonteante, o amor e empatia foram o cocktail para o sucesso. Esse amor, um clichê que é atirado ao ar, não se mostrou completamente vazio ou superficial. Este filme mostrou o amor de uma forma mais ressonante ainda que num contexto absurdo de universos paralelos de dedos de salsicha. A ingenuidade e a simplicidade foram as armas secretas destes super-heróis que conseguiram conquistar o mal dentro e fora do ecrã. Pode ser que todo o processo não tenha sido tão bonito, empático e cooperante da forma como descrevo. Mas por hoje, fica-se com a alegria do triunfo de uma produção asiática numa indústria maioritariamente branca, que usou o amor como bastão de batalha.
uso da força é seguido pela perda da força.”
Lao-TséANÁLISE XI PÕE FIM A ERA REFORMISTA COM ÊNFASE NA AUTO-SUFICIÊNCIA E CONTROLO
Um novo paradigma
ANALISTAS internacionais consideram que a segunda década de Xi Jinping no poder representa o fim da ‘reforma e abertura’ da China, com Pequim a privilegiar agora a auto-suficiência, controlo político e elevação do estatuto global do país.
Durante a sessão plenária da Assembleia Popular Nacional (APN), que terminou na segunda-feira, Xi reforçou a liderança do Partido Comunista (PCC) em vários aspectos da governação do país e alargou o seu domínio nos sectores financeiro e tecnológico.
“A separação entre Partido e Estado foi uma característica fundamental da Era de reformas na China”, observou Richard McGregor, investigador do Lowy Institute, um grupo de reflexão (‘think tank’) com sede em Sydney, citado pelo The Wall Street Journal. “Xi há muito que considera essa separação redundante. Agora, estamos a ver a sua visão a ser posta em prática”.
O órgão máximo legislativo da China aprovou também uma reformulação do ministério de Ciência e Tecnologia, depois de Xi ter pedido um aumento das capacidades do país, face às crescentes tensões com Washington, que passou a restringir o fornecimento de ‘chips’ semicondutores avançados ao país asiático.
“A chave (…) é a integração”, apontou Xi, num encontro com representantes do Exército, na semana passada. “O êxito de uma alocação integrada de recursos e coordenação sob uma liderança unificada vai decidir se podemos maximizar as nossas capacidades estratégicas gerais”, disse.
No discurso de encerramento da sessão anual da APN, o líder chinês afirmou que a “segurança é a base do desenvolvimento” e que a “estabilidade é um pré-requisito para a prosperidade”.
Isto contrasta com a retórica oficial das últimas décadas, que apontava o desenvolvimento económico como a “tarefa central”. O termo “reforma e abertura” era então omnipresente nos discursos oficiais, que destacavam ainda a importância de atribuir às forças de mercado um “papel decisivo” na alocação de recursos.
A “segurança e controlo” parecem agora orientar as decisões políticas de Pequim, numa altura de crescentes tensões com os Estados Unidos e vários países vizinhos, suscitadas por disputas territoriais, comerciais e tecnológicas.
“A China deve trabalhar para alcançar maior auto-suficiência tecnológica”, apontou Xi, na segunda-feira.
Testes rápidos Nova ronda de venda sexta-feira
Na próxima sexta-feira arranca uma nova ronda de venda subsidiada de testes rápidos antigénio, de acordo com um comunicado emitido ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Os testes vão estar à venda até 30 de Março em 55 farmácias convencionais dos Serviços de Saúde e 10 postos de serviços
da Associação Geral das Mulheres de Macau e da Federação das Associações dos Operários de Macau. Cada pessoa pode comprar uma embalagem com 10 testes com um preço de 40 patacas, bastando para tal a apresentação do BIR, blue card ou cartão de estudante não-residente de instituição de ensino superior de Macau.
quarta-feira 15.3.2023
FUTEBOL RÚSSIA PARTICIPA NO CAMPEONATO DA ÁSIA CENTRAL ARússia
vai participar no campeonato inaugural da Associação de Futebol da Ásia Central em Junho, juntamente com outras sete selecções nacionais masculinas, anunciou na segunda-feira a Associação de Futebol do Tajiquistão.
As equipas russas têm sido impedidas de participar em competições europeias e da FIFA desde a invasão da Ucrânia, em Fevereiro do ano passado.
Citada pelo portal japonês Nikkei Asia, Mary Gallagher, professora de ciências políticas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, afirmou que o líder chinês está a fazer duas coisas ao mesmo tempo: centralizar o poder dentro do Partido Comunista e expandir o poder do Partido, em detrimento dos órgãos do Estado.
“É algo sem precedentes na Era da reforma”, notou.
Posição exterior
A nível externo, o país asiático passou também a reclamar a posição de grande potência. Em 2017, Xi anunciou já o início de uma “Nova Era”, em que a China “erguer-se-á entre todas as nações do mundo”. Reflectindo o crescente papel da China em questões externas, Irão e Arábia Saudita anunciaram, na sexta-feira, em Pequim, um acordo, mediado pela diplomacia chinesa,
para restabelecer as relações diplomáticas cortadas por Riade em 2016, após os ataques às suas sedes diplomáticas no país persa.
Xi Jinping vai visitar Moscovo na próxima semana para um encontro com o homólogo russo, Vladimir Putin, e depois terá um encontro virtual com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“A China vai trazer para o mundo moderno a sua sabedoria milenar e recuperar a grandeza de outrora. Vai oferecer ao mundo uma solução chinesa”, disse à agência Lusa David Kelly, director de pesquisa do grupo de reflexão China Policy, sobre a nova narrativa do regime chinês.
“Isto vai ser atribuído a Xi, por ter criado o seu próprio pensamento” afirmou. “A ele será atribuído uma inovação teorética ao nível de Mao Zedong, ou mesmo superior”, referiu.
EUA Biden falará com Xi quando novo Governo tomar posse
A Casa Branca anunciou na segunda-feira que o Presidente norte-americano, Joe Biden, falará por telefone com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, quando os novos membros do Governo chinês tomarem posse.
O conselheiro de Segurança
Nacional da Casa Branca, Jake
Sullivan, não forneceu uma data específica para a conversa telefónica, dizendo apenas que ocorrerá depois de ser encerrada a legislatura da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China e o novo Governo entrar em funções. Durante a ANP, Xi, secretário-geral do Partido Comunista Chinês
(PCC), consolidou o seu poder ao ser nomeado para um terceiro mandato presidencial de cinco anos, algo inédito entre os seus antecessores. A continuidade de Xi não estava em causa, mas havia expectativas sobre a remodelação do executivo e dos principais órgãos estatais.
A selecção russa vai participar no novo torneio regional juntamente com as antigas repúblicas soviéticas Tajiquistão, Uzbequistão, Turquemenistão e Quirguistão. Afeganistão, Irão e outro país, ainda por confirmar, completam o alinhamento para os jogos agendados para Bishkek, Quirguistão, e Tashkent, Uzbequistão.
A Associação de Futebol da Ásia Central foi formada em 2014 como uma das cinco regiões da confederação de futebol asiática e tem a sede no Tajiquistão. De acordo com a Associação de Futebol do Tajiquistão, a Rússia já aceitou o convite para o evento em Junho.
A iniciativa pode reacender o debate sobre uma possível entrada russa na Confederação Asiática de Futebol (CAF, na sigla em inglês), com o país a procurar regressar às competições internacionais de futebol.
A selecção nacional masculina da Rússia jogou apenas três amigáveis internacionais em 2022, contra o Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão. A selecção tem jogos agendados com Irão e Iraque no final do mês.
“O
PALAVRA DO DIA