MEMÓRIAS AINDA VIVAS


Depois de receber associações de matriz portuguesa e face às queixas apresentadas, o novo cônsul português, Alexandre Leitão, questiona se as mudanças dos últimos anos nos apoios às entidades lusas correspondem a uma agenda política, ou se se devem apenas a questões financeiras ou administrativas.
LAI
NÃO é fácil chegar a Lai Chi Vun. Quando se chega a Coloane, a poucos metros do centro da vila, uma pequena estrada de terra batida subitamente leva a um sítio à espera de ser descoberto pela voraz indústria do turismo. Nessa povoação restam estaleiros onde outrora se construíram juncos de madeira e uma pequena comunidade de moradores que trabalharam nessa indústria já desaparecida, um pequeno café e um ou outro estabelecimento de comidas ali bem junto ao rio que já deu trabalho a tanta gente. Há vários anos que a degradação progressiva dos estaleiros de Lai Chi Vun é tema de debate público. O Instituto Cultural (IC) promete que, no próximo trimestre, deverá abrir ao público, um projecto turístico e cultural, no valor de 42 milhões de patacas, com alguns dos antigos estaleiros renovados a fim de atrair visitantes para um lugar esquecido. O assunto voltou a ser abordado na última reunião do Conselho do Património Cultural, decorrida no passado dia 8 de Fevereiro.
Há muito tempo que se fala no risco de desaparecimento progressivo daquilo que resta da povoação de Lai Chi Vun, em Coloane, um retrato vivo da antiga indústria naval no território. Agora que o Governo se prepara para abrir os estaleiros renovados ao público no próximo trimestre, recordamos os episódios de um projecto cheio de avanços e recuos
Com a chegada daquele que parece ser o capítulo final de uma história que esteve para ser infeliz, o HM recorda os principais episódios de uma saga rumo à classificação e preservação de um sítio histórico que, no entanto, não entrava nas linhas protegidas pela UNESCO e que corria o risco de pura e simplesmente deixar de existir.
Depois de vários alertas e estudos públicos que ficaram pelo caminho, o IC recebeu, a 22 de Março de 2017, um pedido para iniciar o procedimento de classificação dos estaleiros como património digno de protecção, tendo em conta a entrada em vigor, em 2013, da lei de salvaguarda do património cultural. De frisar o plano de desenvolvimento para Lai Chi Vun apresentado em 2012 pelo então Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos, já extinto.
Só no Verão de 2018 o IC avançou com um projecto delineado para a classificação dos estaleiros, dividindo o local em cinco zonas de protecção. Um dos detalhes do projecto visava a preservação completa de três antigos estaleiros e da fábrica de Calafete, onde se vedavam as juntas dos navios. O objectivo do IC era preservar a fisionomia do lugar e garantir a protecção de uma colina que ali existe. Desta forma, ficou assegurado que os edifícios a construir não podem ir além dos 8.9 metros de altura.
No entanto, a preservação dos estaleiros de Lai Chi Vun demorou a atingir consenso no Conselho do Património Cultural, pois em Junho de 2018, 14 dos seus 17 membros chegaram a estar contra, argumentando com os elevados custos de preservação daquelas estruturas.
Entre Janeiro e Março desse ano, o Governo avançou com uma con-
sulta pública sobre a preservação do local, em que 82 por cento dos participantes, ligados à população, se mostravam a favor da reabilitação. Foi então que os membros do Conselho mudaram de opinião, apoiando o plano do Executivo.
Complexidades costeiras
Muito antes do pedido de classificação e do projecto delineado pelo Executivo, já os moradores temiam o pior a cada tufão que assolava Macau. O Governo ia reconstruindo os estaleiros aos poucos, mas era claro que o risco de desaparecimento total era iminente.
Em 2017, num ano em que dois estaleiros foram demolidos pelas autoridades por apresentarem grande risco para a segurança de quem ali vive, David Marques, porta-voz da Associação dos Moradores da Povoação de Lai Chi Vun, dava entrevistas a vários meios de comunicação social a exigir uma actuação rápida para a preservação da história do local. Em Lai Chi Vun sempre foi complexa a propriedade dos estaleiros, conforme contou ao HM nesse ano. No total, a zona alberga 16 estaleiros, mas o Governo apenas intervém directamente em três.
Os estaleiros começaram a ser construídos em Lai Chi Vun a partir de 1950, constituindo hoje um dos maiores legados da indústria naval do sul da China
“Em primeiro lugar, não há documentos. O Governo disse que poderia recuperar três estaleiros a partir dos proprietários e, segundo os contratos, estão apenas como gestores dos estaleiros e esse contrato está assinado com apenas uma pessoa que tem o direito de usar o terreno com aquela finalidade. Mas com a transferência de soberania essa pessoa decidiu vender o terreno a outra para receber dinheiro. O dono vendeu ao cliente A. Esse cliente acreditou que o terreno lhe pertencia e vendeu ao cliente B, que depois vendeu ao cliente C. O cliente C ainda está vivo. Este vai ao Governo porque quer reabilitar a zona, mas o Governo pergunta: ‘quem é o senhor’?’”
Instituto de Estudos Europeus de Macau, foram propostos às autoridades, mas nunca saíram da gaveta. Alguns foram mesmo recusados.
Destaque para a iniciativa do residente Henrique Silva, mais conhecido entre a comunidade portuguesa como Bibito, designer e apaixonado por barcos, que se juntou a uma empresa dedicada à construção de empreendimentos navais virados para o turismo. A proposta chegou a ser apresentada ao Executivo em 2016, mas nunca avançou. Ao HM, Henrique Silva explicou, na altura, que o projecto “contemplava a existência de oficinas, que é uma coisa que não existe em Macau para quem precisa de manutenção de barcos, um museu e um clube para iates. E ainda uma escola de vela”. Junto à marina existiriam algumas moradias térreas e criava-se “uma zona privilegiada” para um turista que iria chegar no seu barco e que, assim, teria acesso privilegiado ao Cotai.
Desde os anos 50
As expectativas são agora elevadas num espaço que quer preservar mostrar a história e cultura tão próprios de um lugar. David Marques foi novamente contactado pelo HM para prestar declarações, tendo-se revelado muito satisfeito com o
facto de o Governo avançar com uma data de abertura do projecto ao público. No entanto, e numa altura em que a associação local se prepara para ir a eleições, não quis prestar, para já, declarações, mas enviou-nos fotografias recentes do projecto de requalificação.
Do lado dos operadores turísticos existem ainda algumas reservas sobre a verdadeira eficácia, em termos de atracção de turistas, de Lai Chi Vun. É o caso de Bruno Simões, ligado à empresa SmallWorldExperience e presidente da associação Macau Meetings, Incentives and Special Events (MISE).
“Sou um operador na área do MICE [exposições, convenções e conferências] e para esse tipo de eventos interessa-nos poder usar esse espaço para eventos privados, porque aí Macau pode ter uma oferta diferenciada para os tais eventos relacionados com negócios. Se esse projecto não tiver essas características, para a minha área não tem muito interesse. Vou aguardar pela chegada do projecto e ver as possibilidades que tem na área do turismo de negócios.”
BRUNO SIMÕES EMPRESÁRIO
No meio de um longo processo cheio de complexidades e burocracias, houve projectos privados de requalificação do local que ficaram pelo caminho. Vários estudantes de arquitectura desenharam esboços sobre a zona, e que contemplavam infra-estruturas como edifícios multiusos, ligações à zona do Cotai, a criação de museus ou de um parque temático ligado à indústria naval. Os projectos, que contaram com a participação dos macaenses Carlos Marreiros, arquitecto, e José Luís Sales Marques, presidente do
Em Lai Chi Vun sempre foi complexa a propriedade dos estaleiros. No total a zona alberga 16 estaleiros, mas o Governo apenas intervém directamente em 3
Os estaleiros começaram a ser construídos em Lai Chi Vun a partir de 1950, constituindo hoje um dos maiores legados da indústria naval do sul da China. Segundo informações disponibilizadas pelo IC, os estaleiros de Coloane “apresentam técnicas e métodos relacionados com a construção naval no final do século XX, revelando igualmente a organização e o modo de vida da comunidade da Vila de Lai Chi Vun e as influências que tiveram do sector da indústria naval”.
A envolvente paisagística é também tida em conta, pois os estaleiros sempre tiveram uma forte ligação com a água, ali tão perto, e com a colina existente na povoação. Andreia Sofia Silva
“Sou um operador na área do MICE e para esse tipo de eventos interessa-nos poder usar esse espaço para eventos privados, porque aí Macau pode ter uma oferta diferenciada.”
Vários membros de Macau do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) estiveram em Shenzhen a participar numa sessão de preparação para reuniões magnas, que decorrem no próximo mês em Pequim. A informação foi revelada pelo Comité Nacional da CCPPC, que não divulgou os membros de Macau presentes. Segundo o comunicado, a reunião foi conduzida por Zou Jiayi, vice-ministra da Finanças, que
sublinhou a importância de os membros do CCPPC perceberem a responsabilidade inerente ao cargo e fazerem os preparativos necessários, para chegarem às reuniões “num bom estado mental” e desempenharem “um papel positivo”. Além disso, os membros foram ainda incentivados “a estudar profundamente” o espírito do 20.º do Congresso Nacional, que confirmou o terceiro mandato do presidente Xi Jinping.
O Governo admite que alguns terrenos recuperados sejam ocupados temporariamente com instalações recreativas, culturais ou desportivas. No entanto, não avançou qualquer plano nesse sentido
E
Os problemas de poluição e objectos abandonados nos terrenos devolutos eram uma da preocupação da deputada, que alertava para os efeitos a nível da higiene pública. Porém, Lai Weng Leong garante que o IAM não tem ficado parado em relação ao problema: “No que se refere aos problemas sanitários dos terrenos devolutos, o IAM procederá, em articulação com os Serviços de Saúde, no âmbito do mecanismo criado
Se forem encontrados “problemas sanitários ou de águas estagnadas [nos terrenos recuperados], o IAM procederá à sua limpeza e tratamento”Além disso foi garantido que em relação aos terrenos recuperados pelo Governo se forem encontrados “problemas sanitários ou de águas estagnadas, o IAM procederá à sua limpeza e tratamento”.
Utilização temporária
Face ao problema crónico de falta de espaço no território, a deputada Ella Lei também interrogou o Executivo sobre a possibilidade de vários terrenos serem ocupados temporariamente com instalações para a população.
A legisladora perguntou ainda se havia planos em curso para aproveitamentos temporários. Anteriormente, o Governo chegou a ponderar instalar um parque infantil com a temática de pneus num destes terrenos, na Taipa, mas acabou por desistir da ideia.
O director da DSSCU admite a possibilidade, mas frisa que as propostas têm de partir
dos diferentes serviços. “Caso haja pedidos apresentados pelos serviços competentes para o seu aproveitamento provisório, com o fim de servir instalações públicas de carácter de lazer, recreativo, desportivo ou cultural, irá proceder-se à respectiva análise e estudo e, caso estejam reunidas todas as condições para tal, os mesmos serão entregues aos serviços competentes, até que a sua finalidade definitiva esteja definida”, foi explicado.
Em relação à ocupação de terrenos para estacionamento de máquinas de construção de grande dimensão, o Governo admite que “vários terrenos considerados aptos na Zona E2 dos Novos Aterros e na Zona Industrial do Aterro Sanitário de Seac Pai Van, em Coloane” têm sido utilizados para esse propósito. Porém, ressalva que é aplicado um regime de “licença de ocupação temporária”.
João Santos Filipe
(AR), que permite acrescentar elementos de forma electrónica às ruas, e explicar melhor a história de cada rua. Para o deputado esta seria uma forma de tornar mais atractivas para os turistas outras vias da cidade.
BARRAGEM DE MARÉS LEONG HONG SAI QUER SABER CUSTOS
Face ao custo suportado pelo erário público, Leong considera há a obrigação de tornar toda a informação pública para que a sociedade possa tomar uma decisão. No início do mês, numa sessão de apresentação dos resultados preliminares aos deputados, Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas,
admitiu que o Governo está inclinado a desistir do projecto.
“Quando as autoridades vão anunciar a informação relevante para que a população possa participar de forma informada na discussão, e avaliar se vale apena construir a barragem de marés, ou se é preferível apostar numa solução alternativa?”, questiona Leong Hong Sai.
Por outro lado, o legislador recorda que um dos motivos para desistir do projecto são os elevados custos de construção e de manutenção para um projecto “que raramente vai ser utilizado”.
Apesar desta justificação, o Governo não apresentou dados concretos com as contas. Antes de ser tomada uma decisão final, Leong Hong Sai espera que os custos sejam apresentados. Em relação a este aspecto, o legislador recorda que os custos podem ser relativos, uma vez que os comerciantes do Porto Interior têm acumulado perdas enorme ao longo dos anos, devido às cheias.
NTRE Janeiro e Outubro do ano passado, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) removeu cerca de 143 toneladas de lixo e outros objectos de terrenos devolutos. A revelação foi feita por Lai Weng Leong, responsável da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei.para o efeito, à limpeza do lixo existente no terreno”, escreveu Lai. “Neste contexto, de Janeiro a Outubro do corrente ano, o IAM enviou pessoal para colaborar com os Serviços de Saúde nos trabalhos de limpeza de 60 pontos negros de problemas sanitários, tendo sido removidos cerca de 143 toneladas de lixo e objectos diversos”, acrescentou.
No segundo dia de alegações finais, a defesa de Li Canfeng argumentou que faltam provas na acusação do Ministério Público. Também o defensor de Jaime Carion, João Miguel Barros, acusa o MP de violar a lei por imputar nas alegações finais um novo crime ao ex-director, impedido a produção de prova ou contraditório
Ojulgamento do caso das Obras Públicas, que entre os arguidos Li Canfeng Jaime Carion, e os empresários Sio Tak Hong, William Kuan e Ng Lap Seng, está na recta final.
O Tribunal Judicial de Base foi ontem palco do segundo dia de alegações finais, com destaque para a intervenção da defesa de Li Canfeng, que apontou a falta de provas apresentadas pelo Ministério Público (MP) para acusar o ex-director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). A mesma tese foi defendida por advogados de outros arguidos, com todos a negaram o envolvimento em qualquer actividade ilegal.
Um dos casos em abordados ontem, foi o processo de junção de dois lotes de terreno na Taipa, junto à Avenida Dr. Sun Yat Sen, que no final de 2017 acabou por ser vendida pela empresa de William Kuan a um grupo do Interior a adquirir a concessão por um preço recorde à altura (627,1 mil dólares de Hong Kong por metro quadrado).
A tese do MP é que a junção destes lotes, que acabaram por ser bastante rentáveis para o
empresário que também é arguido, resultaram de um favor de Li Canfeng. A advogada de Lau Pou Fong, que era secretária da empresa de William Kuan, alegou
que os testemunhos recolhidos em tribunal a pessoal técnico da DSSOPT não apontam para uma realidade em que Li Canfeng tenha pressionado funcionários para
João Miguel Barros acusou o MP de violar a lei ao acrescentar ao rol de acusações que recaem sobre Jaime Carion um novo crime já nas alegações finais, impossibilitando a produção de prova e negando o direito ao contraditório por parte da defesa
Che Sai Wang considera que os comerciantes das bancas de rua devem fazer formação em segurança contra incêndio. A ideia foi defendida numa interpelação escrita, sobre os incêndios de Janeiro passado. Na altura, um incêndio na Avenida do General Castelo Branco, no Fai Chi Kei, com origem na avaria de um dos aparelhos eléctricos, destruiu cerca de 19 bancas de vestuário, fruta e incenso. Agora, o
aprovar a junção dos terrenos.
Raimundo atento
Na quarta-feira, o MP argumentou que Li Canfeng terá “tinha aproveitado a desculpa da tradução do documento e assim pedido para entregar um novo parecer ao Executivo”, acabando por fazer alterações “secretas” no conteúdo do parecer, segundo o Ponto Final. A tese da acusação incide sobre o uso da tradução como ferramenta para enganar
deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de (ATFPM) quer saber se o Governo vai organizar periodicamente formações para os vendilhões do território. Além disso, Che questiona se há intenção de fazer um novo planeamento das zonas com bancas, de forma a garantir que há espaço para os comerciantes poderem guardar em segurança os diferentes equipamentos.
Chui Sai On e Raimundo do Rosário, que teriam assinado e aprovado a junção dos terrenos por engano, por pensarem que o novo documento seria apenas a mesma versão traduzida.
Segundo o jornal Ou Mun, a defesa da secretária de William Kuan alegou que a tese do MP contraria, por exemplo, o testemunho da chefe do Departamento Jurídico da DSSOPT que salienta a seriedade de Raimundo do Rosário e que seria impossível enganar o secretário e o Chefe do Executivo a aprovar um acto com o qual discordavam.
A defesa de Jaime Carion apresentou também ontem as suas alegações finais. O advogado
João Miguel Barros acusou o MP de violar a lei ao acrescentar ao rol de acusações que recaem sobre Jaime Carion um novo crime já na fase de alegações finais, impossibilitando desta forma a produção de prova e negando o direito ao contraditório por parte da defesa, indicou ontem o Canal Macau da TDM.
O crime em questão é o enriquecimento injustificado, razão pela qual a acusação pediu a apreensão de mais de 40 imóveis de que são proprietários o ex-director das Obras Públicas e familiares.
João Luz com
ano passado, realizaram-se 460 reuniões, conferências, exposições e eventos de incentivo, que representam mais 11, face a 2021. O número de participantes e visitantes (1.421.000) aumentou 1,4 por cento. Os dados foram publicados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).
Em 2022, realizaram-se 385 reuniões e conferências (menos uma, em termos anuais), nas quais estiveram 42.000 participantes (menos 1,1 por cento), 64 exposições (mais nove, em termos anuais), nas quais estiveram 1.376.000 visitantes (mais 1,5 por cento). Decorreram ainda 11 eventos de incentivo (mais 3, em termos anuais), nos quais marcaram presença 2.193 participantes (menos 11,1 por cento). Já em termos
financeiros, o ano foi de perdas, com um prejuízo de 21,64 milhões de patacas, contando com os apoios do Governo. Sem os apoios do Executivo, o buraco da indústria sobre para 55,40 milhões de patacas.
Ainda segundo a informação oficial, no ano passado as receitas das entidades organizadoras das exposições realizadas foram de 78,72 milhões de patacas (mais 2,7 por cento, em termos anuais) e as despesas corresponderam a 199 milhões de patacas (mais 15,9 por cento). As receitas das 57 exposições organizadas por entidades não governamentais situaram-se em 68,67 milhões de patacas (menos 3,9 por cento, em termos anuais) e as despesas foram de 90,31 milhões de patacas (mais 19,2 por cento).
JULIETA AYRES DA SILVA JORGE VALENTE
Informamos a todos, Familiares e amigos que no passado dia 8 de Fevereiro de 2023, faleceu a nossa mãe, avó e bisavó.
O velório realizar-se no dia 25 de Fevereiro de 2023 (sábado) a partir das 18:00, seguida de missa ás 20:00, na Casa Mortuária da Diocese de Macau.
O corpo será transladado no dia 27 Fevereiro, para a China onde se realizará a cremação.
A Polícia Judiciária desmantelou uma rede que se dedicava ao tráfico de ice, entre o Interior e Macau tendo detido seis locais. A informação foi divulgada ontem, citada pelo jornal Ou Mun. A investigação foi conduzida em conjunto com as autoridades do outro
lado da fronteira. O modo de operar da rede, passava por três membros comprarem o produto no Interior que traziam depois para Macau. No território, três outros criminosos procuravam a quem vender as drogas, utilizando mesmo habitações no Norte,
Centro da Península e Taipa como “salas de consumo” para os toxicodependentes. Com as detenções, as autoridades apreenderam ainda 8,41 gramas de Ice, avaliado em 27.700 patacas. O caso foi encaminhado para o Ministério Público.
O Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais afirma ter passado 11 multas a 9 pessoas que auxiliaram “delinquentes” a ter acesso a contactos telefónicos na região. Numa nota de imprensa publicada ontem, o GPDP “considera, em geral, que os autores que ajudam os delinquentes no
registo do número telefónico são também responsáveis”, pelo que defende a aplicação de multas. Neste sentido, o gabinete revelou que as multas foram aplicadas a ajudantes de Macau, Interior e Hong Kong num total de 182 mil patacas. Nos vários casos, houve uma pessoa cujo nome
deputada e co-presidente da SJM Holdings. A quarta mulher de Stanley Ho subiu para o 32.º lugar, o ganho de uma posição em comparação com o 33.º posto do ano passado. Contudo, a sua riqueza pessoal caiu de 2,9 mil milhões de dólares para 2,7 mil milhões de dólares.
Ainda com ligações a Stanley Ho, surge Lawrence Ho, filho do magnata falecido e presidente da concessionária Melco. Ho viu a sua fortuna crescer de 1,25 mil milhões de dólares para 1,4 mil milhões, Esta alteração não teve impacto no seu ranking que permaneceu no 46.º lugar, o mesmo do ano passado.
surgiu mais do que uma vez, e que, em pelo menos uma das situações, foi multada em 70 mil patacas. Noutro caso, um auxiliante ajudou uma rede de “delinquentes” a obter “até 700 números telefónicos” e foi punido com uma multa de 40 mil patacas.
VÁRIOS empresários com ligações ao jogo em Macau surgem na lista das 50 pessoas mais ricas de Hong Kong, elaborada pela revista Forbes. A lista para este ano foi revelada ontem e apresenta Lui Che Woo, empresário ligado à Galaxy, como o melhor colocado.
Apesar de o ano passado ter sido o pior desde o início da pandemia para os casinos de Macau, os efeitos não se fizeram sentir na fortuna pessoal do multimilionário que preside à concessionária Galaxy. Segundo os números da Forbes, a riqueza de Lui Che Woo cresceu para 14,9 mil milhões de dólares americanos no início de 2023, um ganho de 2,1 mil milhões de dólares face ao valor de 12,8 mil milhões do ranking 2022.
Lui Che Woo é o empresário com ligações ao jogo de Macau mais bem
posicionado, ocupando o 7.º lugar, uma subida de um lugar face ao ano passado, quando ocupava a 8.ª posição do top 50.
Pansy Ho é a segunda personalidade de Macau mais bem posicionada ao aparecer no 22.º lugar da lista. A filha de Stanley Ho, que é co-presidente da MGM China, tem a fortuna avaliada em 3,8 mil milhões de dólares,
um crescimento, face aos 3,4 mil milhões do ano passado. O facto de ter ficado mais rica permitiu-lhe subir seis
posições em relação ao 28.º lugar de 2022.
Quem também subiu no ranking, foi Ângela Leong,
Lui Che Woo é o empresário com ligações ao jogo de Macau mais bem posicionado, ocupando o 7.º lugar, uma subida de 1 lugar face ao ano passado, quando ocupava a 8.ª posição do top 50
Finalmente, no 49.º lugar, aparece Pollyanna Chu, empresária que controla o grupo Kingston Financial com participações nos casinos Casa Real, na Península de Macau, e Grandview, na Taipa. Com uma fortuna avaliada em 900 milhões de dólares, os bens da empresária têm perdido valor a ritmo acelerado. Em 2018, a fortuna de Chu estava avaliada em 7 mil milhões de dólares.
Outros famosos
Além das figuras ligadas ao jogo, a lista dos 50 mais ricos de Hong Kong tem outros nomes bem conhecidos de Macau.
Joseph Lau, magnata do imobiliário, ocupa o oitavo lugar com uma fortuna de 13,8 mil milhões de dólares americanos. Impedido de entrar na RAEM, onde arrisca ser preso, Lau foi condenado no âmbito do caso La Scala, que levou o ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas, Ao Man Long, para a prisão de Coloane, onde ainda permanece.
Or Wai Sheun, empresário ligado à Polytech, responsável pela construção de vários edifícios em Macau, surge no 28.º lugar, com uma fortuna de 3,15 mil milhões de dólares.
João Santos Filipe
Judiciária (PJ) lançou ontem mais um alerta depois de ter recebido “várias denúncias sobre chamadas telefónicas de origem desconhecida”. Segundo as autoridades, a táctica dos burlões passaria por afirmar que um familiar da vítima “teve um conflito com alguém (por causa de problema passional, de agressão ou de acidente de viação)”, para depois pedir dinheiro “para resolver o tal assunto”.
Apesar da armadilha montada pelos burlões, a PJ afirma que as potenciais vítimas que apresentaram queixa “conseguiram contactar os respectivos familiares e esclarecer a situação, descobrindo que tinham sido vítimas de uma tentativa de fraude”.
Assim sendo, a polícia alerta a população para que recuse proceder a transferências bancárias ou entrega de remessas de dinheiro e desligar a chamada telefónica quando do outro lado alguém afirmar que um “familiar está envolvido em qualquer conflito, a ser sequestrado, agredido ou detido”.
Além de recomendar a não revelação de dados pessoais, a PJ apela a quem receber estas chamadas para contactar as autoridades. J.L.
Apesar de um ano difícil para os casinos, vários milionários com ligações a Macau acumularam mais milhões e subiram no ranking das 50 pessoas mais ricas de Hong Kong
O projecto de construção de um hotel de cinco estrelas no centro da cidade do Porto, desenvolvido por uma sociedade onde o empresário local Kevin Ho detém uma participação de 30 por cento, está a dar novos passos. Isto porque, segundo o jornal “Notícias Maia” e o “Porto Canal”, o Jornal de Notícias (JN), publicação instalada na “Torre JN” onde irá ser construído o hotel, vai deixar as instalações, na rua Gonçalo Cristóvão, até 30 de Abril. Inês Cardoso, directora do JN, nada adiantou de concreto ao “Porto Canal” por “não se tratarem de questões editoriais, mas sim de gestão”. A venda da “Torre JN” aconteceu antes da pandemia, tendo ficado acordada a construção de um hotel do grupo Marriott com um investimento de 35 a 40 milhões de euros. O empreendimento deverá ter 213 quartos com alusões ao jornalismo e à actividade histórica do JN.
Ma Io Fong apelou à sociedade para prestar mais atenção aos crimes de fraude e recrutamento de menores. A opinião foi defendida num artigo enviado ao Jornal do Cidadão, depois de ter sido revelado que dois estudantes do ensino secundário participaram numa tentativa de burla a um idoso de 90 anos. Segundo Ma, há cada vez mais fraudes e com meios mais sofisticados que até passam pelo recrutamento de menores, que são aliciados com quantias elevadas de dinheiro. Por isso, o deputado e vice-presidente da Associação para a Construção de um Bom-Lar pediu mais atenção a toda a comunidade. Ao mesmo tempo, pediu às autoridades para que façam mais campanhas de sensibilização sobre este assunto. Segundo os números citados pelo deputado, durante o ano judicial 2021/2022 foram contabilizadas 1.528 fraudes.
A operadora de jogo em Macau Galaxy anunciou ontem receitas líquidas de 11,5 mil milhões de dólares de Hong Kong, em 2022, uma quebra de 42 por cento em termos anuais. No ano passado, o EBITDA (lucros antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) ajustado foi de 600 milhões de dólares de Hong Kong, contra 3,5 mil milhões de dólares de Hong Kong em 2021, disse o grupo Galaxy Entertainment (GEG), em comunicado. No último trimestre de 2022, o GEG registou receitas líquidas de 2,9 mil milhões de dólares de Hong Kong, ou menos 39 por cento em relação aos três últimos meses de 2021, mas a subir 43 por cento em relação ao terceiro trimestre do ano passado. O presidente do grupo, Lui Che Woo, indicou estar prevista para o segundo trimestre deste ano a abertura do Centro de Convenções Galaxy Internacional, da Galaxy Arena [um recinto para espectáculos] e do hotel Raffles.
A empresa que tem gerido a Cinemateca Paixão nos últimos três anos vai a jogo e apresentará uma proposta ao concurso público para continuar a operar o espaço na Travessa da Paixão. Ao HM, a gestora de operações da cinemateca garantiu que se mantém a inspiração para oferecer ao público de Macau um programa diverso e de qualidade
QUANDO a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura
In Limitada ganhou o concurso público para a gestão da Cinemateca Paixão em Junho de 2020, o sector local do audiovisual foi apanhado de surpresa em relação ao novo player que surgiu, aparentemente do nada.
O repúdio pela decisão gerou mesmo a entrega de duas petições à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Leong U, por um grupo de cineastas
autodenominado “Macau Cinematheque Matters”.
Volvidos cerca de três anos, e face a um novo concurso público para gerir o espaço da Travessa da Paixão, os ânimos serenaram
e voltam a preparar-se candidaturas. Em declarações ao HM, Jenny Ip, responsável pela gestão das operações da Cinemateca Paixão nos últimos três anos, confirma que a Companhia de
Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada voltará a participar no concurso público.
“Vamos ter uma discussão interna para analisar as condições do concurso público. Mas a nossa inspiração para o futuro continua a ser a mesma que tivemos nestes três anos, que é proporcionar ao público de Macau um programa diversificado e de qualidade. Mas uma coisa posso garantir, temos a certeza de que vamos apresentar uma nova proposta”, contou ao HM a gestora de operações da Cinemateca Paixão, Jenny Ip.
Questão de milhões
A direcção da Associação Audiovisual CUT, que esteve à frente da Cinemateca Paixão nos primeiros anos de existência do espaço, indicou ontem ao HM estar a analisar as condições do concurso público e a “considerar seriamente” apresentar uma candidatura.
No concurso público anterior, as duas candidatas apresentaram propostas de orçamento para gerir a Cinemateca Paixão bem díspares. Enquanto o montante apresentado pela companhia In foi de 15,24 milhões de patacas, a Cut Limitada colocou em cima da mesa uma proposta de 34,8 milhões de patacas. João Luz
“A nossa inspiração para o futuro continua a ser proporcionar ao público de Macau um programa diversificado e de qualidade. Mas uma coisa posso garantir, temos a certeza que vamos apresentar uma nova proposta.”
XUNZI
Xunzi que interpretou cuidadosamente a realidade do seu tempo (nas vésperas da fundação do império), reelaborou as doutrinas de Confúcio e de Mêncio à luz das principais ideias de outras escolas do pensamento, que ele, no entanto, não cessou de criticar. Antes de analisar as suas doutrinas, contudo, talvez valha a pena considerar a questão controversa da autenticidade do Capítulo 23 atribuido a Xunzi, dedicado à natureza humana. Alguns estudiosos expressaram, de facto, dúvidas no que respeita à paternidade do capítulo inteiro, alguns apenas a algumas das suas partes e outros muito simplesente a algumas afirmações feitas no capítulo--e sobretudo aquela [ren zhi] [xing e] [人之][性惡] (a natureza humana é má) que dá o nome ao próprio capítulo, uma espécie de estribilho que é usado de forma quase monótona, como se fosse uma antífona, perto do fim das principais partes.
Segundo a minha perspectiva, Xunzi é o autor da maior parte das secções contidas no Capítulo 23, em que a maioria das ideias expressas são compatíveis com as encontradas no resto da obra. Algumas passagens são, simplesmente, a repetição de outras encontradas noutras partes, outras, ainda são paráfrases de passagens encontradas no resto do trabalho; e por vezes temos o “eco” da terminologia usada por Xunzi. No seu todo, o capítulo é um verdadeiro ensaio sobre o tema da natureza humana, deliberadamente elaborado como crítica a Mêncio e às suas teorias. É quase certo que não foi compilado por Xunzi na sua forma actual. Foi habilidosamente construido por Liu Xiang [劉向] (79-6 a. C.) editor da primeira edição do trabalho de Xunzi, o Xunzi [荀子] que “coseu” todos os textos que eram homogéneos no estilo, terminologia e conteúdos, tentando dar uma forma lógica e sistemática às diferentes partes. O ensaio é constituido de duas partes distintas (partes 32.1-5 e 23.6-8, respectivamente), em que a segunda, como alguns estudiosos referiram, é considerada espúria já que não é tão homogénea se comparada com a primeira.44 Isto não significa que as últimas três partes não tenham sido escritas por Xunzi: É o facto de elas terem sido colocadas no fim do Capítulo 23 que parece inapropriado, ou pelo menos questionável. Do mesmo modo, outras passagens e partes podiam ter sido colocadas mais apropriadamente no Capítulo 23, tal como a parte 19.6, que aparece inapropriadamente colocada no capítulo entitulado Lilun [禮論] (Discurso sobre os Princípios Rituais).
Os chamados estribilhos que aparecem no fim de algumas partes principais parecem ser meras interpolações. Não são coerentes com o estilo ou a retórica de Xunzi e, de facto, não são encontrados no resto da obra nem nas secções espúrias inseridas no fim do ensaio. É, por isso, muito plausível que tenham sido escritas por outra pessoa--se não por Liu Xiang ou outro comentador, certamente por um discipulo da ala Legalista mais “fundamentalista”, como propôs Kanaya Osamu [金 谷治].45 Em minha opinião, esta é mais provável do que a asserção de que Xunzi o teria escrito já tarde na vida, quando a sua desilusão e pessimismo o tinham conduzido a posições extremistas. Sem estes estribilhos, o capítulo inteiro pareceria mais em consonância com o tom do resto da obra. Na literatura filosófica do período clássico há uma forte tendência para reduzir as doutrinas dos adversários a fórmulas simplificadas, resumindo os seus pensamentos de forma esquemática mas efi-
ciente e sugestiva. É, por esta razão, legítimo duvidar que os estribilhos que sublinham as diferenças entre as teses de Xunzi e Mêncio sejam realmente a expressão do pensamento de Xunzi.46
Por fim, devemos considerar a questão terminológica, muitas vezes invocada para minimizar o “conflito insolúvel” entre as teses de Xunzi e de Mêncio sobre a natureza humana. Deve ser referido que, em oposição ao ocidente, o conceito de mal na China não foi compreendido nem tratado em termos “totalizantes”. Assim, parece que a noção de “mal absoluto” ou “mal radical”, como foi apresentado na nossa cultura, está absolutamente ausente da cultura chinesa. Na tradição chinesa, o mal é concebido mais como uma incapacidade, parcialidade, desvio de princípios naturais, trangressão das normas ou rebelião. Quer, muitas vezes, significar repugnante, com uma marcada caracterização estética, ou perigoso e, neste caso, corresponderia ao que temos definido como “mal natural”. Nunca é, contudo, representado como uma força cósmica ou uma entidade absoluta, em oposição à bondade, nem como uma de duas divindades opostas e incompatíveis. As forças do mal nunca aparecem figuradas como tendo força propulsiva; nunca são ocultas, nem são comparáveis às concepções nitzcheanas dos Cíclopes, os arquitectos e pioneiros da humanidade. A noção de pecado original está ausente. E mais, a própria ideia de pecado, tal como foi introduzida na China, por Confúcio, é radicalmente diferente das noções de pecado, culpa e arrependimento, conforme a tradição judaico-cristã. A palavra usada em chinês, e, que geralmente é traduzida por “mal”, não tem, certamente, a carga que “mal” e os seus derivativos e sinónimos têm nas línguas e culturas ocidentais. Nunca Xunzi seria capaz de imaginar ou teorizar a existência de um mal ontológico, ou da possibilidade de se ser atraído para o mal como um caminho para o conhecimento de si próprio, ou de uma relação subserviente ou dedicação ao mal de per si. 47 Donald Munro explicou o conceito de mal de Xunzi em termos de um xing, natureza humana inacabada. Fez um grande esforço para indicar as áreas em que Xunzi
e Mêncio concordam e foi o primeiro no ocidente a expôr claramente o problema: As interpretações tradicionais envolvem, muitas vezes grandes simplificações da descrição do xing na obra, geralmente suportadas por algumas citações da primeira parte do capítulo «Sobre a Maldade da Natureza Humana» (Xing e pian [性惡篇]). O estudo detalhado do texto de Liu Xiang sobre o Xunzi, feito por Kanaya Osamu, trouxe à luz do dia argumentos interessantes a examinar, pelo menos na primeira parte daquele capítulo, conforme foi composto por discípulos mais tardios de Xunzi, trabalhando sob a influência da escola legalista de Han Fei. Mesmo nesse excerto a repetição da afirmação de que o xing é mau, é feita para, em parte, enfatizar a crítica a Mêncio. Outros factos para além do testemunho textual discutido detalhadamente por Kanaya, deram grande importância à noção de natureza humana má em qualquer estudo do pensamento de Xunzi. Primeiro, não há outras referências ao xing como mau, no resto da obra, o que seria estranho se fosse algo de tão importante no pensamento de Xunzi. Segundo, o tema com que Xunzi está preocupado é óbvio: como atingir um equilíbrio das virtudes, que são poucas, e dos desejos humanos, que são extremamente numerosos, sem exigir o ascetismo de ninguém. Finalmente, no resto do trabalho, xing aparece, claramente, não como algo de mau, mas como qualquer coisa pouco desenvolvida.48 Chad Hansen faz referência ao vazio existencial que conduz o homem a desejar a bondade, uma aspiração que não brota do mal, mas antes de um desejo de preencher um vazio interno de que o homem é prisioneiro: Faltam-nos provas de que Xunzi tenha um ponto de vista cristão de um mal positivo na natureza humana. Qualquer que tenha sido o papel da ideia (a natureza humana é má) na distinção da sua opinião da de Mêncio, nós caracterizámo-la ao dizer que a natureza humana é neutra. É neutra no que diz respeito à moral a adoptar, e naturalmente adopta uma. A interpretação coerente mais forte que podemos dar ao conceito é de que o homem viveria no caos e na desordem sem uma moral socialmente condutora. [...] Todo o ser humano tem uma tendência natural para aprender linguagens, rituais e partilhar opiniões. Somos uma espécie com uma tendência natural para a conformidade numa doutrina comum, ou seja a moralidade. Desejamos o bem porque temos aquele potencial não preenchido, um vazio natural na nossa estrutura. Não o desejamos porque somos maus, mas porque estamos ocos. Esse potencial não preenchido é tudo o que Xunzi pode querer significar por mal, se, na realidade, ele for o autor daquele conceito.49 É a esta espécie de vazio existencial a que Xunzi parece referir-se quando, numa das definições de natureza humana que ele caracteriza em termos de e «mal», ele afirma:
Em geral, os homens querem ser bons porque a sua natureza é má. Os medíocres desejam ser excelentes, os feios desejam ser bonitos, os que vivem em espaços exíguos desejam os espaços amplos, os pobres desejam ser ricos, o inferior deseja ser superior-o que lhe falta dentro dele o homem vai procurar fora.50 Deste ponto de vista, o mal não é algo que seja por si próprio positivo e independente; é antes uma ausência, uma falta, uma lacuna estrutural dentro do homem devida à sua imperfeição natural.
Mesmo o termo chave, em debate, xing, normalmente traduzido como “natureza, natureza inata, natureza original” origina grandes problemas. Um, de natureza transcultural: suspeito que é praticamente impossível encontrar, nas línguas ocidentais, termos correpondentes que sejam tão exigentes e comprometidos como os normalmente usados. Há também, um problema dentro do próprio debate chinês. Como diferentes estudiosos referiram, Xunzi parece ter interpretado mal a posição de Mêncio sobre a natureza humana devido a um significado diferente atribuido a xing. 51 Muitos estudiosos parecem concordar neste ponto -- desde D. C. Lau, de acordo com o qual «Mêncio procurava o que é distintivo enquanto que Xunzi procurava o que é inseparável nela»,52 para A. C. Lau, de acordo com quem «Xunzi critica a doutrina da bondade inata a partir de uma definição de natureza humana que não é a de Mêncio, de tal modo que as suas objecções embora argumentadas de forma lúcida, não vão directas ao ponto. Não é fácil localizar os pontos de discórdia».53 Na base destas considerações, vamos examinar a posição assumida por Xunzi. Apoiante convicto de um modelo ideal de universo que vê o homem em perfeita unidade com o Céu e a Terra, ele enfatiza o papel da cultura e da educação e reafirmou vigorosamente a importância dos ritos e das convenções sociais (li). Para Xunzi, os ritos (ou normas tradicionais de bom comportamento, como parece ser preferível traduzir li, na maior parte dos casos) não são mais nada do que uma extensão da ordem presente na natureza: tal como o são as leis e princípios que governam naturalmente o mundo; assim o mundo dos homens é, por seu turno, governado por modelos e regras. Os sábios descobriram-nos e compreenderam-nos e traduziram-nos para um sistema orgânico de normas formais, de modo a que a harmonia entre o mundo natural e o terreno fosse assegurado: [禮者,治辦之極也,強国之本也,威行之道 也,功名之總也。王公由之,所以得天下也;不 由,所以隕社稷也。]
Os ritos e as normas tradicionais de conduta são a expressão mais elevada de ordem e discriminação, raiz da força do estado, o Caminho através do qual se cria a autoridade e o foco no mérito e na fama. Governantes e nobres que procedem de acordo com a sua condição ganharam o mundo, enquanto que aqueles que não o fizeram trouxeram ruína para os seus altares de solo e grão.54
Scarpari*
[天地以合,日月以明,四时以序,星辰以行, 江河以流,萬物以昌,好惡以節,喜怒以當,以 為下則顺,以為上則明,萬物變而不亂,貳之則 喪也。禮豈不至以哉!]
Através dos ritos, o Céu e a terra estão em harmonia, o sol e a lua brilham, as quatro estações observam o seu ritmo natural, as estrelas e os planetas movem-se ordenadamente, os rios e as correntes fluem e enormes quantidades de coisas florescem. Através dos ritos e normas tradicionais de conduta, as paixões dos homens são temperadas e encontram o seu próprio equilíbrio, os inferiores são obedientes e os superiores iluminados. Através de uma miríade de transformações, todas as coisas adquirem a sua ordem; só aquele que volta as costas aos ritos trará a ruína. Não são eles maravilhosos?55
Estudar diligentemente os ritos e as normas tradicionais de conduta, segui-las com devoção, pondo-as em prática com persistência, estes são, de acordo com Xunzi, os passos fundamentais no processo educacional a que cada indivíduo se deve submeter. Nem todos, no entanto, têm o que é necessário para prosseguir, da mesma maneira, ao longo do caminho. Pelo contrário, para a maioria dos homens é um caminho extremamente difícil de prosseguir, e em alguns casos quase impossível. Em contraste com o que Mêncio defendeu, em que, graças ao pensamento e à reflexão, qualquer um podia comprender-se a si próprio e entender, concretamente, o Caminho indicado pelos Reis Sábios do passado, 56 e de acordo com Confúcio em que [ 民可使由之,不可使知之] “o homem comum pode seguir o Caminho, mas não o pode compreender”, 57 Xunzi afirmou que apenas um pequeno número de pessoas particularmente dotadas era capaz de ser bem sucedido onde outras não eram: [齊明不而不竭,聖人也]:
“Só aquele cujo entendimento é de uma agudeza sem limites é um sábio”. 58
Só o sábio pode apreciar o significado e valor profundo dos ritos e das normas tradicionais de conduta e seguir o Caminho. Estes objectivos não podem ser atingidos pelo desenvolvimento da natureza inata de cada um, mas antes através de um longo e conscencioso processo de estudo e aprendizagem. Tal como Confúcio que tendo [終日 不食,終夜不寢,以思,無益] “passado o dia inteiro sem comer e a noite inteira sem ir para a cama, sempre a pensar, sem receber nada em troca” de tal modo que para ele [ 不如學也] “teria sido melhor ter passado o tempo a aprender”, 59 também Xunzi [嘗終 日而思矣,不如須臾之所學也] “passou o dia inteiro a pensar, mas foi de menos valor do que um momento de estudo”. 60 Pensamento e reflexão, apenas, de acordo com o Mestre, são de pouco valor. É no estudo e na aprendizagem dos rituais e dos Clássicos da tradição que nos devemos concentrar. Por outras palavras, os princípios morais não são inatos no nosso coração, nem eles estão presentes quando nascemos, conforme Mêncio acreditava. São antes um factor ex-
terior ao coração [聖人之所生也] “criações dos sábios”, para usar as palavras de Xunzi, [人之所學而能,所事而成者也]”coisas que as pessoas devem estudar para serem capazes de os seguir e às quais os sábios se devem aplicar para se tornarem perfeitos”. 61 Estas ideias são reminiscências de outras, muito mais antigas, postas por Gaozi [吿子] (420-350 d. C.). 62 Ele manteve a tese da indiferença moral, uma espécie de neutralidade da natureza humana, que ele viu como condicionada essencialmente por algumas necessidades primárias que têm que ser satisfeitas [食色,性也] “comida e sexo”, para usar as suas palavras, “caracterizam a natureza humana”. 63 Ele considerou que humanidade (ren) era um sentimento inato ao coração, e a justeza (yi), o elemento base da moralidade exterior. 64 Ele concordou com Confúcio no facto de que cada indivíduo tem uma predisposição natural para amar os membros da sua própria família, mas considerou que este sentimento era insuficiente para definir o homem como bom. Tal como Xunzi faria mais tarde, Gaozi defendeu que a capacidade de avaliar e escolher o comportamento mais apropriado para cada circunstância depende da interiorização de factores externos, tais como as convenções sociais baseadas nos ritos e as normas tradicionais de conduta aprendidas através da educação.
Xunzi atribuiu um papel importante aos Clássicos. Estes, apesar de tudo, descrevem, de forma admirável, a idade de ouro da humanidade e os feitos lendários dos Reis Sábios, do passado. A leitura dos Clássicos permite perceber as regras daqueles homens excepcionais, dar forma concreta aos seus ensinamentos, tentando adaptar a visão idealizada daquela época mitificada à moral crescente e à degradação social. O modelo ideal de sociedade pode ser, assim, estudado, aprendido e reproduzido no presente:
[況夫先王之道,仁義之統,詩、書、禮、樂之
分乎。彼固天下之大慮也,將為天下生民之屬長 處顧後而保萬世也,其流長矣,其溫厚矣。“…”
以治情則利,以為名則榮,以群則和,以獨則足 樂,意者其是邪?]
A grande importância dos Reis Sábios do passado, os princípios orientadores da hu-
manidade e justiça, o padrão de vida dado em Classic of Odes, Classic of Documents, Books on Ritual, e Record on Music; estes contêm, certamente, os pensamentos mais importantes do mundo. Motivam, quem nasceu para o mundo, a ter em considerção uma visão alargada das coisas e a pensar nas consequências, protegendo assim, as gerações futuras. A sua infuência é eterna, a sua sabedoria acumulada e pronta a ser reanimada é substancial, e os seus actos e realizações espalham-se por toda a parte. [...] Se os usarmos para trazermos ordem à nossa natureza emocional, beneficiamos com isso. Se os usarmos para fazer nome, ganharemos honra. Se os usarmos na companhia dos outros ficaremos em harmonia com eles. Se os usarmos quando estivermos sós, ficaremos satisfeitos. Que maior alegria pode vir para o nosso intelecto do que isto! 65
(Continua)
NOTAS
44 Yang Junru, «Guanyu Xunzi benshu de kaozheng» (Philological Issues Concerning the Text of the Xunzi), Gushibian, 6,1938, pp. 120-146. A numeração de John Knoblock tem sido usada para indicar os capítulos e secções de Xunzi (ver John H. Knoblock, Xunzi: A Translation and Study of the Complete Works, Stanford, Stantford University Press, 1988, vol. I, bks 1 -- 6; 1990, vol. II, bks 7 — 16;1994, vol. III, bks 17 -- 32
45 Kanaya Osamu [金谷治], “Junshi no bunkengakuteki kenky [荀子?文獻學的研究] (A Textual Study of the Xunzi), Nihon gakushi-in kiy [ 學士院记要] 9,1951, pp. 19-33:31.
46 Eis o que A. C. Graham tem a dizer sobre o argumento: «Não está em questão se Mêncio e Xunzi têm teorias distintas e complexas sobre o homem que surgem de atitudes opostas de confiança ou desconfiança na espontaneidade. Contudo, já que usam os seus respectivos preceitos como rótulos e base de debate, pode-se suspeitar que eles perceberam que as fórmulas simplificavam, indevidamente, o que tinham para dizer. No caso de Xunzi, há boas razões para duvidar que a fórmula que ele utilizou para o distinguir de Mêncio dê uma ideia exacta da sua posição. De acordo com Xunzi, o Céu e a terra são moralmente neutros, e o curso espontâneo das coisas não joga nem contra nem a favor do homem; os desejos contraditórios com que o Céu nos dotou, tal como os ciclos das estações e recursos da terra, são factores neutros com os quais temos de lidar. A natureza do Homem, tal como o seu meio ambiente, tem de ser convertida a uma ordem se ele quiser satisfazer os seus desejos; mas não pode haver cultura sem algo para cultivar, e à parte «A Nossa Natureza é Má» a tendência de Xunzi é pensar na natureza e na cultura, cada uma delas contribuindo para uma vida melhor» (A. C. Graham, Disputers of the Tao: Philosophical Argument in Ancient China, La Salle, I11., 1989, p.251).
47 Para uma visão global sobre as diferentes posições assumidas pelas principais escolas do pensamento, durante o período clássico, sobre o problema do bem e do mal, ver o meu trabalho Xunzi e il problema del male.
48 Donald J. Munro, The Concept of Man in Early China, Stanford, 1969, p.78. Munro voltou,
recentemente, ao assunto, reiterando as suas reservas sobre a autoria do capítulo Xing›e. Ele também sublinhou as numerosas contradições encontradas no tema sobre a natureza humana em Xunzi, de uma maneira geral, e reforçou que a disputa entre Xunzi e Mêncio foi tão enfatizada que obscureceu o assunto principal da crítica de Xunzi, o filósofo Mo Di (Donald J. Munro, «A Villain in the Xunzi», em Chinese Language, Thought and Culture: Nivision and His Critics, editado por Philip J. Ivanhoe, Chicago e La Salle, I11., 1996, pp. 320-323)
49 Chad Hansen, A Daoist Theory of Chinese Thought: A Philosophical Interpretation, New York and Oxford, 1992, p.337. Hansen não é o único a considerar que a posição de Xunzi sobre o tema da natureza humana é «neutra». Sobre as implicações interessantes a que conduzem esta leitura dos pensamentos de Xungzi, ler o meu trabalho «Gaozi, Xunzi e I capitoli 6A1-5 del Mengzi», em Studi in onore di Lionello Lanciotti, editado por S. M. Carletti, M. Sachetti, e P. Santangelo, Napoli, 1996, pp. 1275-1294, onde se constata que os capítulos 6A1-5 de Mengzi, que dizem respeito ao debate sobre a natureza humana que, presumivelmente, teve lugar entre Mêncio e Gaozi no sec. IV a. C., foram possivelmente escritos após a morte Xunzi (mais ou menos na segunda metade do sec. III a. C.) talvez durante a Dinastia Han, na primeira metade do sec. II a. C. Esta hipótese explicaria a razão pela qual toda a literatura pré-Qin, excepto no que diz respeito a Mengzi e de uma passagem discutível em Mozi [墨子], ignora, completamente Gaozi e, mais particularmente, por que é que Xunzi o faz. Nem mesmo quando Mêncio é duramente criticado pela sua doutrina da bondade da natureza humana, alguma vez Xunzi se refere a Gaozi ou à sua filosofia, apesar das evidentes e substanciais afinidades das suas ideias sobre o assunto, como pode ser inferido de uma comparação directa das teorias de Gaozi e Xunzi, onde a posição de Xunzi deve ser reconsiderada à luz de uma leitura abrangente do seu trabalho (que é uma tendência actual entre os estudiosos do pensamento Chinês Clássico) e não apenas do Capítulo 23 de Xunzi.
50 Xunzi, 23.2b.
51 Sobre este ponto, ver os estudos de Kanaya Osamu, «Junshi no bunkengaketuki kenky_», pp 30-31; D. C. Lau, «Theories of Human Nature in Mencius and Shyuntzyy», Bulletin of the School of Oriental and African Studies, 15, 1953, pp. 541-565; A. C. Graham, «The Background of the Mencian Theory of Human Nature», Qinghua xuebao [清華學報] (Tsing Hua Journal of Chinese Studies), 6,1-2,1967, pp. 215-217 (reeditado em Studies in Chinese Philosophy & Philosophical Literature, editado por A. C. Graham, Singapore, 1986, pp. 7-68); Id., Disputers of the Tao, p. 249; Xu Fuguan [ 徐復觀], Zhongguo renxing lun shi [中國人性論 史] (A History of Theories of Human Nature in China), Taizhong [台中], Donghai daxue [東海 大學], 1963, pp. 237-238; Roger T. Ames, “ The Mencian Conception of Ren Xing: Does it Mean “Human Nature”? em Chinese Texts and Philosophical Contexts: Essays Dedicated to Angus C. Graham, editado por Henry Rosemont, Jr., La Salle, I11., 1991, pp. 143-175; Irene Bloom, “Mencian Arguments on Human Nature (Jen-hsing)”, Philosophy East and West, 44, 1994, pp. 19-53; Id., “Human Nature and Biological Nature in Mencius”, Philosophy East and West, 47,1997, pp. 21-32; Kwong-loi Shun [信廣來], “Mencius on Jen-hsing”, Philosophy East and West, 47,1997, pp. 1-20.
52 D. C. Lau, Mencius, Harmondsworth, 1970, p.21
53 A. C. Graham, Disputers of the Tao, p.250.
54 Xunzi, 15.4. Pensa-se que esta passagem é parte do capítulo 19.
55 Ibid., 19. 2c.
56 Mengzi, 6A. 6.
57 Lunyu, 8.9
58 Xunzi, 2.10.
59 Lunyu, 15.31.
60 Xunzi, 1.3.
61 Ibid., 23. lc.
62 Pouco é sabido sobre este filósofo, mas há um debate interessante à volta da sua figura e do papel que ele desempenhou no debate filosófico do sec. IV a. C. Para uma análise detalhada da sua doutrina, ver o meu trabalho La concezione della natura umana in Confucio e Mencio, pp. 105-122 passim., e o estudo recente de Kwong-loi Shun, Mencius and Early Chineses Thought, 1997, pp. 87-126. Sobre a relação entre a sua doutrina e a de Xunzi, ver o meu trabalho «Gaozi, Xunzi e I capitoli 6A1-5 del Mengzi».
63 Mengzi, 6A. 4.
64 Ibid.
65 Xungzi, 4.11.
Considerando que não se revela possível notificar os interessados, pessoalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, para o efeito do regime procedimental nos respectivos processos administrativos sancionatórios, nos termos do artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, e do artigo 68.º e n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, o signatário notifica, pela presente, ao abrigo do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, os infractores constantes das tabelas anexas a esta notificação, do conteúdo das respectivas decisões sancionatórias:
Nos termos do n.º 4 do artigo 36.º, n.º 1 do artigo 37.º, artigo 38.º, artigo 39.º e n.os 1 e 2 do artigo 55.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, aprovado pelo Regulamento Administrativo n.º 28/2004, e em conjugação com o n.o 2 do artigo 5.º do Código do Procedimento Administrativo, o Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais do Instituto ou seus substitutos exararam despachos nas respectivas informações, tendo em consideração as infracções administrativas comprovadas e a existência de culpa confirmada. Assim:
1. Foram aplicadas ao infractor constante da Tabela I, as multas previstas no n.º 1 do artigo 45.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 1.º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 106/2005, no valor de MOP 300,00 (cada infracção), sendo definido para o pagamento que este seja efectuado nas seguintes prestações:
1) Primeira prestação: no valor de MOP 150,00 – no prazo de 10 (dez) dias, contados a partir da publicação e afixação da presente notificação;
2) Última prestação: no valor de MOP 150,00 – no prazo de 40 (quarenta) dias, contados a partir da publicação e afixação da presente notificação.
O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 2) do n.º 4 do artigo 7.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no n.º 3 do artigo 1.º do Catálogo das Infracções, porquanto resulta da prática de actos de “pescar ou praticar qualquer actividade aquática de acto ilegal em locais não autorizados”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (Cfr.: Tabela I)
2. Foram aplicadas aos infractores constantes das Tabelas II a VIII, as multas previstas no n.º 2 do artigo 45.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 2.º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP 600,00 (cada infracção), sendo definido para o pagamento que este seja efectuado nas seguintes prestações:
1) Primeira prestação: no valor de MOP 300,00 – no prazo de 10 (dez) dias, contados a partir da publicação e afixação da presente notificação;
2) Última prestação: no valor de MOP 300,00 – no prazo de 40 (quarenta) dias, contados a partir da publicação e afixação da presente notificação.
Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no n.º 7 do artigo
2.º do Catálogo das Infracções, porquanto resultam da prática de actos de “nos espaços públicos, abandonar resíduos sólidos fora dos locais e recipientes especificamente destinados à sua deposição”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (Cfr.: Tabela II)
Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no n.º 1 do artigo 4.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no n.º 23 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, porquanto resultam da prática de actos de “colocar ou abandonar no espaço público quaisquer materiais ou objectos”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (Cfr.: Tabela III)
Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto na alínea 1) do n.º 1 do artigo 2.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no n.º 13 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, porquanto resultam da prática de actos de “cuspir escarro ou lançar muco nasal para qualquer superfície do espaço público, de instalações públicas ou de equipamento público”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (Cfr.: Tabela IV)
Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracção administrativa ao disposto na alínea 1) do n.º 1 do artigo 2.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no n.º 14 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, porquanto resultam da prática do acto de “urinar ou defecar nas instalações públicas ou nos espaços públicos”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações (Cfr.: Tabela V)
Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto na alínea 1) do n.º 1 do artigo 14.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no n.º 3 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, porquanto resultam da prática de actos de “despejar, derramar ou deixar correr líquidos poluentes, nomeadamente águas poluídas, tintas ou óleos, em espaços públicos”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (Cfr.: Tabela VI)
O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 1) do n.º 1 do artigo 14.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no n.º 8 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, porquanto resulta da prática de actos de “lançar ou soltar líquidos pelas janelas ou varandas”, tendo sido a infractora notificada do conteúdo da acusação. (Cfr.: Tabela VII)
O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 3) do n.º 1 do artigo 14.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no n.º 5 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, porquanto resulta da prática de actos de “lançar em sarjetas, nos colectores do sistema de drenagem de águas pluviais ou residuais, na barragem, no reservatório, nos lagos, nas lagoas, em poço ou em linha de água quaisquer detritos, objectos, águas poluídas, tintas ou óleos”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (Cfr.: Tabela VIII)
3. Foi aplicada aos infractores reincidentes constantes da Tabela IX a multa prevista nos artigos 40.º e 46.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 3.º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP 1.400,00 (cada infracção), sendo definido para o pagamento que este seja efectuado nas seguintes prestações:
1) Primeira prestação: no valor de MOP 700,00 – no prazo de 10 (dez) dias, contados a partir da publicação e afixação da presente notificação;
2) Última prestação: no valor de MOP 700,00 – no prazo de 40 (quarenta) dias, contados a partir da publicação e afixação da presente notificação.
Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no artigo 19.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no n.º 8 do artigo 3.º do Catálogo das Infracções, porquanto resultam da prática de actos de “colocar objectos que ocupem espaço público sem a licença válida”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (Cfr.: Tabela IX)
4. Além disso, os infractores podem apresentar reclamação contra os actos sancionatórios para o autor do acto, no prazo
de 15 (quinze) dias, a contar da data da publicação da presente notificação, nos termos dos artigos 145.º, 148.º e 149.º do Código do Procedimento Administrativo, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 123.º do mesmo código. Para efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 150.º do referido código, a reclamação não tem efeito suspensivo sobre o acto.
5. Quanto aos actos sancionatórios, os infractores podem apresentar recurso contencioso no prazo estipulado nos artigos 25.º e 26.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro, ao Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau.
6. Sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 75.º do Código do Procedimento Administrativo, para efeitos do disposto n.º 2 do artigo 55.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, os infractores deverão efectuar o pagamento das multas aplicadas, dentro do prazo de pagamento das prestações acima referidas, na Divisão Jurídica e de Notariado do IAM (Núcleo Operativo do IAM para a Execução do Regulamento Geral dos Espaços Públicos), sita na Rua do Dr. Soares, n.º 6, Edifício Soares (Casa Amarela, junto do Edifício do IAM, sito na Avenida de Almeida Ribeiro), Macau.
7. Nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 55.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, a falta de pagamento de uma prestação implica o vencimento de todas as outras, caso em que, se o pagamento do valor global em dívida não for feito nos 30 (trinta) dias subsequentes à data do vencimento da primeira prestação em falta, submete o IAM o processo à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças, para cobrança coerciva, nos termos do artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M e do artigo 29.º do Decreto-Lei n.º 30/99/M.
8. Não é de atender a esta notificação, caso os infractores constantes das tabelas anexas tenham já saldado, aquando da presente publicação, as respectivas multas, resultantes da acusação. Para informações mais pormenorizadas, os interessados poderão ligar para o telefone n.º 8399 3248, ou dirigir-se presencialmente ao referido Núcleo Operativo deste Instituto.
Aos 08 de Fevereiro de 2023
Tabela I
O Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais José Tavares
NomeSexo N.º do Bilhete de Identidade de Residente de Macau N.º da acusação Data da infracção
Data em que foi exarado o despacho de aplicação da multa
Tabela II
NomeSexo N.º do Bilhete de Identidade de Residente de Macau N.º da acusaçãoData da infracção Data em que foi exarado o despacho de aplicação da multa
Tabela III
NomeSexo N.º do Bilhete de Identidade de Residente de Macau N.º da acusaçãoData da infracção Data em que foi exarado o despacho de aplicação da multa
CHEONG SENG M 7243***(*)2-000064TL/20222022-01-31
CHEONG SENG M 7243***(*)A002203/20222022-01-26
張成 CHEONG SENG M 7243***(*)2-000443UN/20212021-12-09
許金華 HOI KAM WA F 1273***(*)2-02310WB/20212021-08-22
Tabela IV
NomeSexo N.º do Bilhete de Identidade de Residente de Macau N.º da acusaçãoData da infracção
NomeSexo N.º do Bilhete de Identidade de Residente de Macau N.º da acusaçãoData da infracção Data em que foi exarado o despacho de aplicação da multa
Tabela VI
NomeSexo N.º do Bilhete de Identidade de Residente de Macau N.º da acusaçãoData da infracção Data em que foi exarado o despacho de aplicação da multa
吳浩輝 NG HOU FAI M 5114***(*)2-000093TV/20222022-03-16
CHEANG PUI KAN M 7352***(*)2-03180WB/20212021-10-06
MAK MEI HONG F 7396***(*)2-02663WB/20212021-09-12
葉騰勇 IP TANG IONG M 7361***(*)2-02106WB/20212021-07-23
Tabela VII
2022-08-25
2022-09-26
2022-09-26
2022-01-24
NomeSexo N.º do Bilhete de Identidade de Residente de Macau N.º da acusaçãoData da infracção Data em que foi exarado o despacho de aplicação da multa MAK MEI HONG F 7396***(*)2-02751WB/20212021-09-17
2022-09-26
Tabela VIII
NomeSexo N.º do Bilhete de Identidade de Residente de Macau N.º da acusaçãoData da infracção Data em que foi exarado o despacho de aplicação da multa
伍時岳 NG SI NGOK M 1668***(*)A022725/20212021-03-13
Tabela IX
張小玲
2021-07-30
NomeSexo N.º do Bilhete de Identidade de Residente de Macau N.º da acusaçãoData da infracção Data em que foi exarado o despacho de aplicação da multa
ZHANG XIAOLING F 1356***(*)2-00673WB/20222022-01-31
盧盛光 LOU SENG KUONG M 7352***(*)2-03362WB/20212021-11-28
2022-09-20
2022-09-26
mada para o dia 28 de Março uma visita de Lula da Silva à China.
Na terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse à agência Lusa que aguarda a visita de Lula da Silva o “mais cedo possível”, considerando que o Presidente do Brasil é um “velho amigo” do povo chinês. O ministério chinês disse que a China “dá as boas-vindas” a uma visita do Presidente brasileiro, assim que “seja conveniente para ambos os lados”.
OPresidente enviou uma mensagem de condolências ao Presidente brasileiro Luiz Inácio
Lula da Silva pelas vítimas das fortes chuvas que causaram 48 mortos e
57 desaparecidos no litoral do estado de São Paulo.
De acordo com a agência de notícias oficial chinesa Xinhua, Xi Jinping expressou “profundas condolências pelas vítimas” e solidariedade “às famílias
enlutadas e às pessoas na área atingida pelo desastre, além de desejar aos feridos uma rápida recuperação”.
Os temporais começaram no sábado, quando quase todo o Brasil se dedicava às festividades do Carnaval, e causaram um nível de precipitação recorde no país, com mais de 680 milímetros em 24 horas.
Segundo dados oficiais, quase três mil pessoas tiveram de deixar as casas por medo de novos deslizamentos de terra em todo o litoral de São Paulo, rodeado por montanhas que nas últimas décadas foram ocupadas de forma irregular e onde ainda restam centenas de residências em risco.
Os trabalhos de salvamento concentram-se sobretudo na cidade de São Sebastião, onde se registou a grande maioria das vítimas.
A Marinha do Brasil anunciou que vai instalar um hospital de campanha em São Sebastião e também que vai deslocar para aquela área um porta-aviões, que servirá de base para helicópteros que participam em operações de resgate e apoio a vítimas.
Reencontro no horizonte
No fim de semana passado, vários órgãos de imprensa afirmaram que está progra-
Segundo dados oficiais, quase três mil pessoas tiveram de deixar as casas por medo de novos deslizamentos de terra em todo o litoral de São Paulo
Pequim “atribui grande importância à parceria estratégica abrangente entre China e Brasil”, acrescentou a mesma fonte, numa resposta por escrito.
Durante os primeiros dois mandatos de Lula da Silva, entre 2003 e 2011, a relação comercial e política entre Brasil e China intensificou-se, marcada, em particular, pela constituição do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul.
A relação entre Pequim e Brasília arrefeceu, no entanto, durante o mandato de Bolsonaro, que assumiu o poder com a promessa de reformular a política externa brasileira, com uma reaproximação aos Estados Unidos, e pondo em causa décadas de aliança com o mundo emergente.
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil Ernesto Araújo adoptou mesmo uma retórica hostil face à China.
OS trabalhos de resgate de pelo menos 50 pessoas que ficaram soterradas sob os escombros de uma mina a céu aberto que ruiu no norte da China foram suspensos após a ocorrência de novo deslizamento de terras.
Segundo a imprensa estatal chinesa, pelo menos duas pessoas morreram e outras seis ficaram feridas, na sequência do desastre, que ocorreu na quarta-feira, na região da Mongólia Interior, extremo norte do país asiático.
Pelo menos 50 pessoas continuam desaparecidas. A agência de notícias oficial Xinhua informou que o segundo deslizamento ocorreu às 18 horas, cerca de cinco horas depois de uma das paredes da mina ter cedido. Trabalhadores e
camiões de mineração ficaram soterrados sob cerca de 3,5 milhões de toneladas de areia e pedra.
Cerca de 900 equipas de resgate foram enviadas para o local, incluindo funcionários do Ministério de Gestão de Emergências, que está a desenvolver um plano de resgate, de acordo com a imprensa estatal.
No início de quinta-feira, o trabalho permaneceu suspenso, devido a preocupações com a segurança, noticiou a Xinhua. Não se sabe quando os trabalhos vão ser retomados.
O Presidente chinês, Xi Jinping, exigiu “esforços completos nas operações de busca e resgate”, visando “garantir a segurança da vida e da propriedade das pessoas e manter a estabilidade social”.
Opresidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, defendeu ontem em declarações à agência Lusa que a República Popular da China deveria ser “menos ambígua” em relação à agressão da Rússia contra a Ucrânia.
“A China lucraria se fosse menos ambígua, a China é um Estado que deveria perceber bem que a integridade territorial de um país é um critério essencial para as relações internacionais e que ninguém tem o direito de alterar pela força as fronteiras internacionalmente reconhecidas e de invadir territórios que não são seus”, disse Augusto Santos Silva à Lusa, quando questionado sobre as últimas iniciativas diplomáticas de Pequim.
“A China diz que está a trabalhar na paz, todos aqueles que estão a trabalhar na paz devem ser ouvidos, mas eu insisto que para que a paz seja possível na Ucrânia é preciso que a agressão russa termine e a agressão deve ser condenada”, acrescentou Santos Silva à margem de uma conferência sobre a Ucrânia, em Lisboa.
O presidente da Assembleia da República abriu ontem os trabalhos da Conferência Internacional “Um Ano de Guerra na Ucrânia” que decorre na Universidade Lusíada, em Lisboa.
À margem dos trabalhos, Santos Silva disse que - tendo em conta os princípios das Nações Unidas -, Portugal é “absolutamente claro” na defesa de quem está a ser agredido e condenando quem está a agredir.
A Cinemateca Paixão exibe hoje o filme “Império de Luz”, realizado por Sam Mendes e tido como um dos favoritos aos Óscares. A película conta com a actriz inglesa Olivia Colman como protagonista. O cartaz dos filmes de Março inclui ainda duas produções asiáticas
OLIVIA Colman tem vindo a tornar-se numa actriz cada vez mais conhecida do grande público sobretudo desde que interpretou o papel da rainha Isabel II na série “The Crown”. Mas a actriz inglesa tem vindo a dar cartas no cinema. O seu mais recente papel, como protagonista de “Império de Luz”, do realizador Sam Mendes, pode muito bem dar-lhe um novo Óscar. Para já, a actriz foi nomeada para a edição deste ano dos Globos de Ouro, cujos prémios foram entregues em Janeiro, mas não ganhou.
“Império de Luz” estreia hoje na Cinemateca Paixão e terá uma segunda exibição no dia 1 de Março. O papel de Hilary, uma gerente de um cinema situado no litoral de Inglaterra, terá sido escrito especialmente para Olivia Colman, que se entregou totalmente à personagem. Hilary é uma mulher deprimida que inicia uma amizade especial com Stephen, funcionário do cinema, interpretado por Michael Ward, que sonha sair da pequena cidade onde se sente preso.
“Império de Luz” promete, assim, ser um filme sobre diferentes estados emocionais e a complexidade e o poder das relações humanas.
Ecrã asiático Com o mês de Fevereiro a terminar, a Cinemateca
Paixão já tem também no cartaz de Março duas produções asiáticas. “GAGA”, produção taiwanesa de Laha Mebow, será exibido nos dias 5 e 23 de Março. O público poderá assistir a uma comédia dramática centrada em torno do regresso de uma
mulher do estrangeiro e da forma como o retorno desta figura traz consigo uma série de eventos que mudará para sempre a história da sua família.
Laha Mebow, conhecida por explorar no grande ecrã histórias contemporâneas e, sobretudo, as que contam a génese do povo indígena Atayal, de Taiwan, em “GAGA” aborda todos estes elementos num argumento com uma forte carga realista.
A Cinemateca apresenta também, nos dias 4 e 13 de Março, o filme “A Man” [Um Homem], do realizador japonês Kei Ishikawa. Girando em torno das temáticas do drama e mistério, “A Man” conta a história do advogado Kido que se depara com um estranho pedido de Rie, uma antiga cliente, que pede que Kido averigue o misterioso caso da morte do seu ex-marido, Daisuke, uma vez que, no dia do seu funeral, o seu próprio irmão não o reconhece numa fotografia. É então que Rie percebe que esteve casada com uma outra pessoa, e se dedica a tentar desvendar o seu passado misterioso.
OConjunto Patrimonial do Bussaco e a Ponte Romana de Trajano e Termas Medicinais Romanas de Chaves foram escolhidos como candidatos portugueses à Marca do Património Europeu, anunciou a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).
Iniciativa da União Europeia, do Parlamento Europeu e Conselho, as duas candidaturas serão agora enviadas para apreciação do júri europeu, depois de pré-seleccionadas para atribuição da Marca do Património Europeu.
“Entre os 60 locais seleccionados até ao momento, incluem-se sítios naturais,
subaquáticos, arqueológicos, industriais ou urbanos, monumentos, paisagens de interesse cultural, memoriais, produtos e bens culturais e ainda sítios associados a património imaterial, através dos quais se celebram os princípios da liberdade, democracia, respeito pelos direitos humanos, diversidade cultural e linguística, tolerância e solidariedade”, pode ler-se no comunicado da DGPC.
Em Portugal, os quatro sítios distinguidos com a marca até ao momento são a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, a Carta de Lei da Abolição da Pena de Morte conservada no Ar-
quivo Nacional da Torre do Tombo, o Promontório de Sagres e o Património Cultural Subaquático dos Açores.
A Mata do Bussaco é também candidata a Património Mundial da UNESCO, tendo a candidatura sido actualizada em Janeiro, segundo o presidente da Fundação Mata do Bussaco, Guilherme Duarte.
“A candidatura à classificação de Património Mundial da UNESCO foi reformulada e actualizada, tendo sido remetida no dia 13 de Janeiro.Acandidatura aposta agora mais na passagem, presença e trabalho dos carmelitas enquanto elemento diferenciador”, explicou.
“STRANGE Tales of Old Macao” [Estranhos Contos de uma Antiga Macau], da autoria do escritor Paul French, será apresentado na próxima sexta-feira, dia 3 de Março, na Livraria Portuguesa. Segundo um comunicado, neste livro o autor explora estórias intrigantes de Macau ao longo do século XX, como é o caso do contrabando com
Xangai nos anos 30 gerido por portugueses, cujo dinheiro seria investido no jogo, ou a possibilidade de o Japão ter tentado comprar Macau em 1936. Paul French é o autor de dois livros que se tornaram bestsellers, reconhecidos pelo jornal New York Times, intitulados “Midnight in Peking” e “City of Devils: The Two Men Ruled the Underworld of Old Shanghai”, os quais estão a ser adaptados para cinema. O escritor está ainda a trabalhar num livro sobre Wallis Spencer, a americana que casou em segundas núpcias com Eduardo VIII, que devido a casamento abdicou do trono britânico. O livro versa especificamente sobre os anos 1924 e 1925, quando Wallis esteve na China. A obra deverá ser lançada no próximo ano.
Aviso sobre pedido de junção de restos mortais em sepultura perpétua
Eu, Julieta Xavier de Sousa(蘇雲霞), nos termos da alínea 3) do número 1 e dos números 2 e 3 do artigo 26.º-A do Regulamento Administrativo n.º 37/2003, alterado pelo Regulamento Administrativo n.º 22/2019, venho requerer a junção de ossadas e cinzas dos falecidos Pedro Frederico de Sousa e Antonio Guerreiro de Souza(蘇華生), respectivamente, na sepultura n.º SM-1-1294 do Cemitério de S. Miguel Arcanjo. As pessoas que pretendem ser juntas são netos do primeiro inumado na sepultura referida, Valentina Jesus dos Passos.
Venho por este meio informar as pessoas indicadas no n.º 1 do artigo 26.º-A do Regulamento Administrativo acima referido de que podem apresentar objecção por escrito no prazo de 30 dias, contados a partir da data da publicação do aviso, ao IAM. A objecção escrita deve ser entregue no escritório dos assuntos de cemitérios da Divisão de Higiene Ambiental do IAM, sito no 3.º andar do Edifício Comercial Nam Tung, na Avenida da Praia Grande n.º 517.
Se o IAM não tiver recebido objecção por escrito dentro do prazo determinado, o pedido de junção pode ser autorizado.
Aos 24 de Fevereiro de 2023
Julieta Xavier de Sousa
Este é o relato cru e real de uma adolescente de 18 anos que um dia decidiu abandonar a vida confortável que levava, como filha adoptiva de uma família de classe média no Brasil, para ser independente, ganhando a vida como prostituta. Raquel Pacheco tornou-se Bruna Surfistinha e acabou por se transformar numa celebridade no seu país à conta do blogue que criou. Contudo, depressa a vida de luxo se transformou num circulo de dependência de drogas e infelicidade. Andreia Sofia Silva
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo
NÃO HÁ como uma terça-feira de carnaval para viajar confortavelmente nas autoestradas. Como temos um feriado tácito e governamentalmente prodigalizado ou apenas consentido, milhões de portugueses ficaram em casa de manhã e à tarde vão assistir aos desfiles e outros desmandos langorosos dentro das localidades carnavaleiras.
E, como nada rende carnavalar nas estradas e autoestradas, hoje até os camiões eram raros e rápidos no asfalto.
Resultado: nunca percorri 200 km sobre rodas com tanta generosidade viária, apesar de quase não haver indícios de sol na atmosfera toldada de pó esbranquiçado trazido por ventos provenientes de desertos africanos. É caso para se pensar que rejubilam as nossas almas em dias como este, já que nem sequer temos de descer a pala para nos defendermos do sol nos olhos e até descobrimos que uma paisagem mortiça pode ter os seus encantos.
Nada mais falso, porque as nossas vidas nunca estiveram tão perto do precipício, aquele terrível barranco para onde nos querem levar os cegos que conduzem outros cegos.
Talvez por ser tempo de folia carnavalesca, Joe Biden foi ontem a Kiev acirrar Zelensky ainda mais. Só que, por sorte nossa, seis horas antes de o seu avião presidencial levantar o voo para a Polónia, ele teve a inaudita valentia de telefonar a Putin para, debaixo de maior secretismo, o informar da sua viagem, não fosse este seu inimigo de estimação detetar as movimentações militares no ciberespaço e no espaço físico do planeta.
É que isso faria o líder russo pensar que era desta que vinha aí o apocalipse e que, inesperadamente, não teria mais que seis minutos para também ele pôr o dedo no gatilho e premir com toda a força.
Já na capital da Ucrânia mártir, onde a toda a hora morrem ucranianos e russos, foi depois de uma viagem de comboio, por entre paisagens flageladas, que Biden caminhou até ao muro dos caídos em combate para aí colocar uma coroa de flores e, talvez, pensar sem o dizer: “Sorte a vossa! No Vietname e nos outros países que bombardeámos, matámos mil vezes mais! E não nos vamos ficar por aqui…”
Já com muita gente a ouvi-lo, Biden disse: “Considerei que seria determinante que não restassem dúvidas nenhumas sobre o apoio dos EUA à Ucrânia na guerra. (O objetivo desta visita é dizer que) “os EUA estão aqui para ficar. Não nos vamos embora.”
Por cá, António Costa, servil e bem-educado como de costume, fez logo eco das palavras do patrão, jurando a pés juntos: “A paz é uma vontade universal, mas todos temos consciência de que essa paz só é possível com a vitória da Ucrânia e a
Biden caminhou até ao muro dos caídos em combate para aí colocar uma coroa de flores e, talvez, pensar sem o dizer: “Sorte a vossa! No Vietname e nos outros países que bombardeámos, matámos mil vezes mais! E não nos vamos ficar por aqui…”
derrota da Rússia.” Ao mesmo tempo, no Parlamento Europeu, a maltesa que é sua presidente, Roberta Metsola, confessava: “Há muito dinheiro para a reconstrução da Ucrânia.” O que equivale a recomendar: “Partam, arrasem, derrubem, não deixem pedra sobre pedra, que o negócio vive disso, até na família de Joe Biden.”
Hoje, ainda perplexo, pus-me a ouvir Putin em direto na CNN e dei comigo a pensar na desgraça daquele goraz colorido
que fica com a cabeça apertada entre as pinças aceradas de uma mandíbula inalargável de um caranguejo gigante, porque é assim que a Rússia está, do Báltico ao Mar Negro, entalada entre a Finlândia, a Noruega, a Suécia, a Dinamarca, a Letónia, a Estónia, a Lituânia, a Polónia, a Alemanha, a Hungria, a Roménia, a Bulgária a Moldova, a Ucrânia e a Turquia, todos natistas e com a dentuça afiada.
E ouvi Putin dizer que suspendia a participação da Rússia no tratado START II, que limita os arsenais nucleares dos dois signatários, os EUA e Federação Russa, embora ele logo acrescentasse que nunca o seu país iniciaria um conflito de tal natureza.
Só que não deixou de repetir, pela enésima vez, que a intenção da NATO quanto à natureza soberana do seu país é simplesmente existencial e que a resposta russa a tal ameaça não admite limites.
Depois historiou detalhadamente o começo e a atuação do inimigo para concluir que “Eles querem a guerra e rejeitaram todas as nossas propostas de paz.”
Imagino que nunca uma catástrofe dessas vai acontecer, porque até o vencedor estaria morto, ainda antes da vitória final, mas o que o momento presente me indicia é o empobrecimento de milhões e milhões de pessoas em todo o planeta, a compressão das liberdades e um ciclo perigosíssimo de retrocesso civilizacional.
E acho mesmo que carnavais destes são absolutamente indesejáveis.
Cordeiro Guerreiro deverá substituir Maria João Bonifácio no cargo de delegada em representação de Portugal no Fórum Macau. A notícia foi avançada ontem pela TDM Rádio Macau e confirma-se pela publicação do despacho da nomeação em Diário da República esta quarta-feira consultado pelo HM.
A responsável passa, assim, a exercer funções de delegada já a partir de 15 de Março por um período de três anos em regime de exclusividade. No despacho de 14 de Fevereiro, assinado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, refere-se “a importância económica e política para Portugal do Fórum Macau enquanto instrumento complementar de cooperação, nomeadamente a cooperação bilateral com a República Popular da China, a ligação à RAEM e a promoção da língua portuguesa e das relações com o mundo lusófono”.
Maria João Bonifácio deixou o cargo de delegada em Dezembro, posição onde estava desde Fevereiro de 2019, tendo regressado a Portugal. Antes do Fórum Macau a responsável foi delegada da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) durante quase seis anos.
Márcia Cordeiro Guerreiro veio para Macau no âmbito do programa de estágios INOV Contacto, em 2012, tendo sido depois contratada para a AICEP, onde esteve até Novembro de 2017. Depois passou a exercer funções na área internacional do Banco Nacional Ultramarino, onde ainda se encontra.
Afalta de espaço da Escola Portuguesa de Macau (EPM) e o formato e montante dos subsídios atribuídos pelo Governo a associações locais foram questões levadas ontem ao cônsul-geral de Portugal por entidades de matriz portuguesa.
Mais de uma dezena de entidades reuniram-se com o novo cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, que iniciou funções este mês, em substituição de Paulo Cunha Alves.
Ao auditório do consulado-geral de Portugal voltaram antigos dilemas enfrentados pelas associações, nomeadamente a redução do montante ou o formato adoptado para a entrega dos subsídios governamentais. “Entretanto não há fundos e tem de se trabalhar com crédito do banco”, disse à Lusa a presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM), lamentando a demora na atribuição dos subsídios “que não tem em conta as associações com actividade permanente e sistemática”. “Houve uma diminuição muito grande [do montante] durante este tempo da covid-19”, acrescentou Maria Amélia António.
Alexandre Leitão considerou esta matéria, “transmitida por al-
AChina apresentou à Rússia a sua visão para “a solução política” do conflito na Ucrânia, que deve ser tornada pública ainda esta semana, informou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
“Os aliados chineses partilharam connosco os seus pensamentos sobre as causas profundas da crise ucraniana, bem como as suas abordagens para uma solução política”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, em comunicado, após a viagem a Moscovo do chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi.
A diplomacia russa adiantou que o plano chinês deve ser conhecido ainda esta semana.
gumas entidades”, uma “questão importante”. E questionou: “É muito importante perceber - isto dito com toda a abertura - se há uma agenda que vise reduzir a expressão e a visibilidade destas entidades, aí temos um problema de natureza política. Pode ser, no entanto, um problema de natureza financeira (...) ou pode ser uma questão administrativa”.
Sobre a falta de espaço da EPM, o presidente da direcção, Manuel Machado, descreveu “uma situação de esgotamento” e sublinhou que a escola “não pode continuar a crescer, sob pena de diminuir a qualidade do seu serviço educativo se não houver condições”.
“Intervim no sentido de, junto das autoridades portuguesas, poder fazer sublinhar este aspecto que é a necessidade do aumento das instalações, da melhoria dos equipamentos que estão envelhecidos e também da melhoria das instalações existentes. A escola é portuguesa e Portugal tem de dar um passo importante nesse sentido”, notou.
Para Alexandre Leitão, o tema EPM “é uma prioridade absoluta”, pelo que o diplomata assegurou que fará “tudo o que puder” para intervir junto das autoridades
competentes em Portugal, prometendo o mesmo em relação a outros assuntos locais.
No encontro, o académico Adérito Fernandes Marcos, que esteve na sessão em representação do reitor Stephen Morgan, da Universidade de São José (USJ), transmitiu ao diplomata a preocupação sobre o número “completamente insuficiente” de alunos oriundos da China na instituição.
A USJ, a “única universidade católica de todo o território da China”, recebeu luz verde de Pequim para admitir alunos do interior da China a partir de 2021. No entanto, foi estabelecida uma quota de 30 estudantes para o ano lectivo 2022/2023.
Adérito Fernandes Marcos apontou a necessidade de agilizar a “angariação de estudantes da Lusofonia enquanto não existir abertura plena para a angariação de alunos da China continental”, que considerou, por sua vez, um “’handicap’ muitíssimo difícil”.
Também presente no encontro, a conselheira das Comunidades Portuguesas para a região Rita Santos deu voz a preocupações sentidas há muito no consulado-geral de Portugal em Macau, lembrando “a falta de pessoal” e os “baixos salários que afectam o moral dos
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo esclareceu ainda que não se trata de “um plano de paz separado”. País aliado da Rússia, a China nunca apoiou, nem criticou publicamente, a invasão da Ucrânia, embora tenha expressado repetidamente o seu apoio a Moscovo face às sanções ocidentais.
Contudo, ao mesmo tempo, Pequim sempre pediu respeito pela integridade territorial da Ucrânia, enquanto Moscovo reivindica a anexação de cinco regiões ucranianas.
O Governo ucraniano já reagiu a este anúncio de Moscovo, dizendo que Pequim não consultou Kiev na preparação deste plano de paz para o conflito.
“A China não nos consultou”, disse uma fonte do Governo ucraniano. Contudo, na terça-feira, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, que se encontrou com o seu homólogo chinês na Alemanha, revelou em Bruxelas que este último o “informou sobre os elementos-chave do plano de paz chinês”.
“Aguardamos pelo documento para o estudar em pormenor, para não tirarmos conclusões com base na apresentação oral”, explicou Kuleba.
“Génio: 1% de inspiração e 99% de transpiração.”
Thomas Edison PALAVRA DO DIAtrabalhadores”.