Hoje Macau 28 ABRIL 2023 #5239

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Regresso aos testes

Quem quiser ir ao Interior do país e tenha estado nos últimos sete dias no estrangeiro ou em Taiwan, volta a ter de apresentar um teste negativo à covid-19. O anúncio chegou ontem, após o surgimento de casos ligeiros, logo seguidos pela revelação de duas novas ocorrências também em Macau, onde continuam a ser detectadas variantes da Ómicron com baixo nível de transmissão.

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10-11 ANORMAL
OBRAS PÚBLICAS MP DESCARTA RECURSO PAUL CHAN WAI CHI PÁGINA 5
PÁGINAS
CASO
A BÚSSOLA MARÍTIMA CHINESA José Simões Morais
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DIOGO CARDOSO ENTREVISTA PUB.
ROTAS DA SAÚDE

DIOGO CARDOSO

AUTOR DE “OS EFEITOS DA COVID-19 NA TRANSFORMAÇÃO DA HEALTH SILK ROAD”

“Covid zero teve custos

Acaba de ser lançado, com a chancela da editora brasileira “Novas Edições Académicas”, o livro “Os efeitos da covid-19 na transformação da Health Silk Road”, resultado da tese de mestrado do doutorando Diogo Cardoso, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. O trabalho conclui que a China teve melhores resultados na chamada diplomacia da máscara do que na da vacina, além de que o país é ainda “incipiente” na liderança mundial na área da saúde

Uma das conclusões do seu estudo é que a chamada “diplomacia da máscara” teve bons resultados no país, mas a “diplomacia da vacina” não tanto. Em que sentido?

Dividi a pandemia em quatro fases. Numa primeira fase, no início da pandemia, alguns países mobilizaram ajuda, com o envio de máscaras e materiais médicos para ajudar a China quando ainda se pensava que a covid seria um problema interno do país. A segunda fase foi marcada pela diplomacia da máscara e, depois, a terceira fase com a diplomacia da vacina. A quarta fase, que desenvolvo menos no livro, é a do pós-covid, com a política de covid zero e a guerra na Ucrânia. A diplomacia da máscara foi um conceito para descrever a ajuda que a China prestou a todo o mundo, e surge pela escassez que existia de materiais médicos e ventiladores, que, em grande

parte, eram produzidos no país. Esta diplomacia da máscara acabou por ser mais desenvolvida do ponto de vista bilateral com os países.

Ao invés de multilateral. Para compreendermos a questão da diplomacia da máscara é necessário ir além das duas posições antagónicas em que, por um lado, temos algumas pessoas que falaram em propaganda da parte da China e, por outro, pessoas mais cépticas que falavam em oportunismo por parte do país. A diplomacia da máscara deve ser vista, a meu ver, como uma adaptação das práticas diplomáticas contemporâneas que, em conjunto com a pandemia, deram à China uma oportunidade para o país provar as suas capacidades de mobilização e cooperação internacional. Permitiu também provar a flexibilidade da Rota da Seda

da Saúde. Deve-se reconhecer, neste período, todas as conquistas conseguidas pela China no que diz respeito à rápida activação de todos os actores envolvidos [no processo de ajuda durante a pandemia].

Como é que se passou depois para a diplomacia da vacina?

Posteriormente, quando já não havia escassez de materiais, dá-se

a transição de necessidades para a tal diplomacia da vacina, com a produção e entrega de vacinas como um bem de saúde pública. Este é um campo onde a China tem vindo a dar cartas de forma positiva, com apoios e desenvolvimento de campanhas internacionais em vários países. Segundo alguns dados públicos, até Março de 2021 a China produziu 170 milhões de doses e em Junho desse ano havia fornecido mais de 350 milhões de doses a mais de 80 nações e exportando para 40 países. Apesar da falta de alguns dados públicos, as vacinas chinesas ofereciam diversas vantagens para os países em desenvolvimento, com fornecimentos da Sinovac e Sinopharm prontamente disponíveis, numa altura em que as alternativas ocidentais eram escassas. Falamos de uma altura em que os EUA saem

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“Deve haver, de facto, uma maior concertação entre os actores envolvidos para eventuais respostas a emergências globais.
Neste campo a China fez um óptimo trabalho.”

muitos elevados”

temporariamente da Organização Mundial de Saúde (OMS), em que os líderes pedem vacinas como bens públicos globais, mas, de forma egoísta, compraram mais vacinas do que necessitavam, dando origem a um vazio que a China consegue preencher. Nesta fase, houve uma grande fragmentação nas respostas na diplomacia global da saúde, como, por exemplo, os mecanismos de saúde da União Europeia (UE) ou a venda prioritária da venda de doses da Pfizer e Moderna. Com a chegada da variante Ómicron percebe-se que, no caso das vacinas chinesas, a imunidade passa para valores demasiado baixos, o que faz com que alguns países que tinham adquirido vacinas chinesas passem a fazer o reforço com uma vacina ocidental.

Na diplomacia da vacina questionou-se, da parte de alguns países ocidentais, a eficácia das vacinas chinesas, mas a UE acabou por aprovar o licenciamento da Sinovac. Os laboratórios chineses vão, um dia, liderar mais neste campo?

Vale a pena realçar que a diplomacia da vacina diz mais respeito à ajuda humanitária, em que a vacina é vista como um bem de saúde pública global. Além disso, a China já está envolvida nas questões da saúde global desde os anos 60 quando o país começou a enviar equipas médicas para África, o que, na altura, foi uma prática inovadora para fomentar a cooperação Sul-Sul, e em 1963 foi enviada a primeira equipa para a Argélia. A abordagem chinesa à cooperação mundial na área da saúde tem vindo a evoluir no sentido positivo. O envolvimento da China na diplomacia da vacina não é algo novo, mas com a pandemia foi reavivado. A menor eficácia das vacinas chinesas em relação às novas variantes da covid foi o factor que desencadeou estes desenvolvimentos na diplomacia da vacina chinesa, que surgem no período covid, e que fizeram com que a China, em parte, tenha perdido algum do espaço ganho neste período. O país tem uma grande parte dos ingredientes químicos e naturais necessários para as vacinas e cada vez mais investe em investigação. Não será de todo impossível que, com o passar dos anos, e com a China a demonstrar maior credibilidade neste campo, com mais tecnologias e equipamentos, que a UE

não aprove novos medicamentos ou vacinas chinesas. As questões de saúde devem ser concertadas a nível mundial. Os resultados serão melhores se partilhados. O caminho, nas questões de saúde, é mesmo a globalização.

O livro aponta que o papel da China na chamada “governança global da saúde” é ainda “incipiente”. O que pode ser feito para o país reforçar a sua influência nesta área?

A retirada dos EUA da OMS e o facto de se ter isolado, em parte, para tratar internamente da pandemia, sem concertar uma resposta global, deu à China espaço para mostrar as suas capacidades e liderar, em parte, a luta contra a pandemia. O programa “Healthy China 2030” é muito abrangente, define metas de desenvolvimento para o sistema de saúde interno

do país e é aqui que está a grande chave. Há notícias que referem o facto de o país já investir mais em investigação do que os EUA, e é aqui que percebemos que a China está a investir fortemente nas questões da saúde e na construção de um “agenda-setting” da saúde internacional. O país investe na ideia de que não basta apenas aplicar as melhores práticas, mas é necessário também ter um papel activo na definição dos padrões internacionais. O investimento na investigação e capacitação do sistema de saúde interno, bem como o papel que tem tido na definição dos padrões globais de saúde, podem preparar melhor a China para adquirir uma posição mais activa nesta área. Por outro lado, está a investir na dinamização da medicina tradicional chinesa que, em parte, pode alavancar uma diferenciação em algumas práticas médicas que outros países não têm.

Outra das conclusões é que a pandemia permitiu à China mostrar uma posição de liderança numa primeira fase, mas depois revelou algumas fragilidades internas do país. Olhamos para a China e temos de perceber que em Portugal somos dez milhões, mas na China são

1.4 biliões de pessoas. Há uma escala populacional completamente diferente. Existiu, de facto, uma posição inicial de liderança, porque a maior parte dos materiais médicos era produzida no país. Muito rapidamente a China desenvolveu os trâmites de ajuda e os mecanismos de logística. Com os confinamentos, a covid estava controlada e a China mostrou ao mundo que era capaz de construir grandes hospitais em tempo recorde. Com a covid zero, [a situação] foi certamente muito complicada para a população chinesa, inclusivamente a de Macau. Teve custos económicos, políticos e sociais muito elevados. A economia chinesa pagou fortemente por isso. Fazendo uma ligação com as vacinas, falamos de uma

enorme produção de doses tendo em conta a população chinesa. A capacidade de produção é grande, mas não infinita, e houve escolhas que tiveram de ser feitas.

Diz que a Rota da Seda da saúde ganhou uma maior institucionalização nos últimos anos, com a criação de fóruns com diversos países, e estando mais global, com presença em novos mercados. É uma política que vai ter maior desenvolvimento?

A iniciativa “uma faixa, uma rota” foi apresentada em 2013, e a Rota da Seda da Saúde foi-o em 2016 no Uzbequistão. Esta, antes da pandemia, já apresentava um bom nível de desenvolvimento, em grande parte devido às décadas de experiência da China no combate às doenças infecciosas e na posição que tinha no fornecimento de ajuda a países em desenvolvimento. A Rota da Seda pretende institucionalizar estes mecanismos não como uma alternativa à OMS, mas sim como um complemento. Com a pandemia, este mecanismo acaba por ganhar um novo ímpeto, e com a criação de alguns fóruns multilaterais com outros países a China pôde desenvolver ainda mais esta iniciativa diplomática. Acredito que, no futuro, estas bases lançadas desde 2016 possam alavancar ainda mais a Rota da Seda da Saúde com mais participantes, iniciativas e desenvolvimentos favoráveis a todo o mundo.

Defende que deve ser dada maior importância à governança global da saúde com uma maior cooperação com a OMS e ONU, mas, ao mesmo tempo, a China deve desenvolver o seu sistema de saúde interno. A OMS e ONU estão dispostas a esta colaboração?

Deve haver, de facto, uma maior concertação entre os actores envolvidos para eventuais respostas a emergências globais. Neste campo a China fez um óptimo trabalho e demonstrou, à partida, que queria que a Rota da Seda da Saúde estivesse ligada a todos os outros mecanismos existentes, como a OMS e a Agenda de Desenvolvimento Sustentável da ONU de 2030. Isso mostra que a China pretende continuar a integrar a ordem internacional liberal, onde participa activamente, e a Rota da Seda da Saúde começa a afirmar-se como uma iniciativa “win-win” [ganhos para as duas partes] que permite à China alcançar um lugar mais preponderante a nível mundial na área da saúde e a todos os outros Estados o desenvolvimento dos sistemas de saúde e práticas médicas. Parece-me que há vontade das instituições internacionais em cooperar com a China. Andreia Sofia Silva

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“O país investe na ideia de que não basta apenas aplicar as melhores práticas, mas também ter um papel activo na definição dos padrões internacionais [na saúde].”
“A Rota da Seda pretende institucionalizar estes mecanismos não como uma alternativa à OMS, mas sim como um complemento.”

DE MAIO ASSOCIAÇÃO DESISTE DE MARCHA PARA GARANTIR ESTABILIDADE

As ruas de ninguém

ontem, o CPSP apenas tinha recebido um aviso para manifestação no Dia do Trabalhador, mas o organizador cancelou o pedido. Wong Wai Man, que chegou a candidatar-se a deputado, desistiu da manifestação por temer que fosse desvirtuada por outras forças

PELO quarto ano consecutivo, não haverá em Macau desfiles das tradicionais manifestações do Dia do Trabalhador. Após três anos em que a pandemia e a defesa da saúde pública justificaram o cancelamento dos cortejos reivindicativos, este ano o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) confirmou ao HM apenas ter recebido um aviso de manifestação para o dia 1 de Maio, que viria a ser cancelado pelo organizador.

“O CPSP recebeu um aviso de organização de manifestação para o dia 1 de Maio, mas o organizador confirmou o cancelamento da actividade. Até agora, o CPSP não recebeu outro aviso”, indicaram ontem à noite as autoridades ao HM.

Wong Wai Man, presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço e ex-candidato a deputado, reconheceu ao

BRUXELAS HO SUBLINHA SUCESSO DE “UM PAÍS, DOIS SISTEMAS”

HM ter feito o pedido que foi retirado, por temer que a manifestação fosse aproveitada para outros propósitos.

“Depois de considerar os interesses gerais de Macau e o impacto para a sua imagem, optei pela estabilidade [para o território]”, contou Wong Wai Man, ao HM. “Se fizesse uma manifestação estava a entrar em conflito com o interesse público, e o interesse público deve prevalecer sobre os interesses privados”, acrescentou.

No entanto, o ex-candidato a deputado, que deixou a sua marca por se vestir de soldado

comunista, também confessou temer que a manifestação fosse aproveitada por pessoas com outros propósitos, embora sem concretizar quem poderia “infiltrar-se” ou com que interesses. “Tive medo que a manifestação fosse aproveitada para outros propósitos”, admitiu.

Sempre a encolher

Caso se confirme a ausência de qualquer manifestação, este é o quarto ano consecutivo sem demonstrações por ocasião do Dia do Trabalhador.

A última vez que houve saídas à rua foi em 2019, quando a União Geral dos Proprietários do Pearl Horizon entregou uma carta na sede do Gabinete de Ligação do Governo Central e a Associação da Reunião Familiar de Macau se deslocou à sede do Chefe do Executivo. Nenhuma das manifestações esteve relacionada com a covid-19.

Em 2020, numa altura em que a pandemia assolava o território há quase cinco meses, não foram submetidos pedidos de manifestação por receio do vírus. No ano seguinte, o CPSP recebeu três avisos de manifestação. Por pressões das autoridades ligadas às medidas de controlo da pandemia, duas manifestações foram canceladas pelos promotores, a Federação das Associações dos Operários de Macau e Associação dos Direitos dos Trabalhadores de Jogo, e a manifestação da Associação Poder do Povo foi proibida. No ano passado, e depois da proibição de manifestações e pressões contra a organização, as associações optarem por não voltar a fazer pedidos, como confessou, no ano passado Cloee Chao, presidente da Nova Associação dos Direitos de Trabalhadores da Indústria de Jogos a este jornal. Nunu Wu (com J.S.F.)

do Executivo reuniu em Bruxelas com a secretária-geral adjunta do serviço europeu para a acção externa (SEAE) para os Assuntos Económicos e Globais, Helena König, a quem sublinhou o sucesso do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ em Macau”, enquanto “salvaguarda dos direitos fundamentais da população previstos na Lei Básica”, salientando também “a estabilidade e harmonia da sociedade” de Macau.

OChefe

o reforço da cooperação comercial entre Macau e União Europeia (UE) e a recuperação económica pós pandemia.

O Chefe do Executivo salientou ainda que a UE é o segundo maior parceiro de Macau em termos comerciais, e referiu que as empresas europeias são bem-vindas na Grande Baía e na Zona de Cooperação Aprofundada de Hengqin.

Segundo um comunicado divulgado ontem pelo Gabinete de Comunicação Social (GCS), durante a reunião que decorreu na terça-feira, Ho Iat Seng e Helena König abordaram também

Helena König reiterou que Macau é um dos mais importantes parceiros comerciais da União Europeia, segundo o GCS, e espera que ambas as partes reforcem continuamente a cooperação comercial, alargando-a às restantes cidades da Grande Baía. J.L.

DSA Representantes de Macau foram a seminário em Xangai

Representantes da Direcção dos Serviços de Auditoria (DAS) de Macau participaram num seminário, em Xangai, sobre actividade de auditoria em investimentos financeiros. Apesar de ter decorrido entre os dias 17 e 20 de Abril, o Governo apenas anunciou o evento ontem. Durante o seminário o director dos Serviços de Auditoria do Comissariado da Auditoria, Neoh Hwai Beng, reuniu com representantes da delegação do Gabinete de Auditoria Nacional em Xangai e com o responsável da delegação, Peng Huazhang. Em cima da mesa estiveram temas como a prática de auditoria no âmbito de fundos de investimento do Governo, títulos e fundos de participação privados. Além disso, a comitiva da DSA teve um encontro com representantes da Bolsa de Valores de Xangai e visitou também a Shanghai Urban Planning Exhibition Hall.

Cartão de consumo Termina hoje prazo de carregamento

O prazo de carregamento do cartão de consumo no valor de 8 mil patacas no âmbito do plano de subsídio de vida termina hoje, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico e da Autoridade Monetária de Macau. Os interessados, e que preenchem os requisitos exigidos, podem deslocar-se aos 170 postos de instalados em bancos e outras instituições para fazer o respectivo carregamento do cartão de consumo. Para fazerem o carregamento, o cartão precisa de ter um saldo igual ou inferior a 10 patacas.

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GCS
Até à noite de
“Tive medo que a manifestação fosse aproveitada para outros propósitos.”
WONG WAI MAN EX-CANDIDATO A DEPUTADO
HOJE MACAU
Wong Wai Man, ex-candidato a deputado

Vales de saúde Apoio pode começar a ser usado na segunda-feira

Os vales de saúde do programa de comparticipação de 2023 podem começar a ser usados a partir de segunda-feira, e têm validade até 30 de Abril de 2025. Como tem sido habitual “os vales continuam a ser distribuídos por via electrónica e a comparticipação por beneficiário é de 600 patacas”, indicaram ontem

os Serviços de Saúde. O Governo sublinha que o programa de vales de saúde tem como objectivos “apoiar médicos do sector privado no exercício da sua actividade, promover o sistema de medicina familiar, consciencializar os residentes para a importância da protecção da saúde e reforçar a colaboração entre a saúde

OMinistério Público (MP) optou por não recorrer da decisão que condenou os ex-directores das Obra Públicas, Li Canfeng e Jaime Carion com penas efectivas de prisão de 24 anos e 20 anos, respectivamente. Segundo o HM apurou, o prazo para apresentar o recurso terminou no dia 20 de Abril, mas a instituição liderada por Ip Son Sang não fez entrar no tribunal qualquer recurso.

A decisão não é uma surpresa, uma vez que o colectivo de juízes liderado por Lou Ieng Ha deu praticamente como provados todos os factos que constavam da acusação, que esteve a cargo dos delegados coordenadores Lai U Hou e Sio In Ha.

Até ontem, apesar do envio por parte do HM de mais de três emails, o MP recusou sempre revelar o sentido da decisão sobre um eventual recurso do acórdão de 31 de Março.

A menos de 12 horas da data limite para a apresentação do recurso, [...] a instituição liderada por Ip Son Sang ainda estava a “analisar a sentença em causa”

A menos de 12 horas da data limite para a apresentação do recurso, e quando já tinham passado mais de 19 dias da leitura de sentença, a instituição liderada por Ip Son Sang ainda estava a “analisar a sentença em causa”. O HM voltou a tentar esclarecer junto do MP, por mais duas vezes, se tinha havido recurso, mas as questões levantadas ficaram sem resposta.

Outros recursos

Apesar de os delegados do MP terem optado por não recorrer, o mesmo não aconteceu com os defensores de vários arguidos que vão levar o caso para o Tribunal de Segunda Instância (TSI).

Após ter sido conhecida a sentença de condenação de Li Canfeng a pena de 24 anos de prisão, pelos crimes de associação ou sociedade secreta, corrupção passiva para acto ilícito, branqueamento de capitais e falsificação e inexactidão de documentos, o defensor do arguido, João

pública e privada, além disso pretende promover o desenvolvimento dos recursos médicos comunitários”. O programa de 2023 apenas será aceite por profissionais de saúde que não recebam subsídios do Governo e o vale de saúde pode ser transmitido pelo titular a parentes, como pai, mãe, filhos e cônjuge.

Móveis Instalados 60 postos de recolha

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) vai instalar, entre os dias 1 a 7 de Maio, 60 postos de recolha de móveis, seis deles na Taipa e quatro em Coloane. As mobílias que já não sejam utilizadas podem ser colocadas nestes locais entre as 20h e as 23h. O IAM

JUSTIÇA MP ACATA CONDENAÇÕES DE JAIME CARION E LI CANFENG

Equipa que ganha

Com os principais arguidos condenados a penas de prisão entre 15 e 24 anos, o Ministério Público não viu necessidade de apresentar recurso. A decisão não surpreende, uma vez que a juíza Lou Ieng Ha deu como provados praticamente todos os factos da acusação

faz ainda um apelo para que “os residentes descartem os móveis usados de grande dimensão nas datas e no horário acima referidos e não os deixem nas vias públicas, de forma a não prejudicar a salubridade ambiental e a mobilidade dos peões e o trânsito”.

JOGO MACAU

CENTRAL NA RECUPERAÇÃO NOS MERCADOS DA ÁSIA-PACÍFICO

Aagência de rating Moody’s prevê que o sector do jogo na região da Ásia-Pacífico, onde Macau se inclui, irá beneficiar do facto de os consumidores destes países e territórios “continuarem, selectivamente, a gastar dinheiro no entretenimento” depois de um longo período de restrições no contexto da pandemia.

Segundo o portal GGRAsia, os analistas apontam que o jogo “vai ser impulsionado pela recuperação de Macau”, enquanto a expansão do mercado dos casinos nos EUA será “moderada, tendo em conta os recordes de receitas obtidas em 2021 e 2022”.

Varela, anunciou que iria apresentar recurso. O mesmo aconteceu com Leonel Alves, advogado do empresário Ng Lap Seng, condenado a 15 anos de prisão, pelos crimes de associação ou sociedade secreta e branqueamento de capitais.

Quem também anunciou imediatamente recurso foi Rui Sousa,

representante legal do empresário Sio Tak Hong, condenado a 24 anos de prisão, pelos crimes de associação ou sociedade secreta, corrupção activa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.

Quanto a Jaime Carion, até ao fecho da edição, o prazo para

apresentação do recurso ainda não tinha começado a contar, uma vez que o arguido não foi notificado. O macaense foi condenado pelo crime de sociedade secreta, cinco crimes de corrupção passiva para acto ilícito e seis crimes agravados de branqueamento de capitais. João Santos Filipe

“A China tem registado impedimentos na recuperação do jogo, mas vai agora ajudar à recuperação do sector hoteleiro no estrangeiro, que tem sido demorada”, aponta a Moody’s, que fala ainda do caso de Macau e dos crescimentos previstos ao nível dos ganhos EBITDA [ganhos antes do pagamento de impostos, juros ou amortizações]. “O EBITDA do sector do jogo vai crescer de 20 para 25 por cento nos próximos 12 ou 18 meses, comparando com os 17 por cento de 2022. Estima-se que a esperada recuperação de Macau e a continuidade da recuperação de Singapura, e outras localizações na região do sudeste asiático, poderão levar a uma expansão do crescimento, tendo em conta os níveis depressivos registados desde 2020.”

Pelo contrário, o sector do jogo norte-americano deverá “crescer num ritmo mais moderado nos próximos meses”.

sociedade 5 sexta-feira 28.4.2023 www.hojemacau.com.mo
MP

COVID-19 TESTES EXIGIDOS PARA ENTRAR NO INTERIOR

A voltar atrás

Após o anúncio da subida do número de casos de covid-19, quem quiser entrar no Interior e tenha estado no

Apartir de amanhã, as pessoas que pretendam entrar no Interior a partir de Macau, e tenham um histórico de viagem nos últimos sete dias ao estrangeiro e Taiwan, estão obrigadas a apresentar o resultado negativo de um teste rápido ou de ácido nucleico. O apertar das restrições de viagem para o Interior surge depois de, na quarta-feira, as autoridades terem admitido o surgimento de novos surtos de “pequena dimensão”.

“As pessoas com idade superior a 3 anos que tenham histórico de viagem/residência na Região de Taiwan ou em países estrangeiros nos últimos 7 dias, quando se deslocam pela primeira vez ao Interior da China através da RAEM, devem exibir o certificado de resultado

negativo do teste rápido de antigénio ou do teste de ácido nucleico, emitido nas últimas 48 horas, após a data de amostragem”, foi indicado pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

A reboque do Interior, como tem sido a política de covid-19 dos Serviços de Saúde, também na quarta-feira, a RAEM admitiu pela primeira vez em meses a existência de dois casos de covid-19.

No entanto, ao contrário da prática do passado, o centro de contingência respeita agora os dados pessoais do infectados, pelo que apenas se sabe que os dois infectados foram levados para “instalações de isolamento”.

Restrições em vigor Além da nova restrição para quem quer entrar no Interior a partir de Macau, mantêm-se em vigor várias outras limitações.

Quem entrar no Interior vindo de Macau e que tenha passado por qualquer país do resto do mundo, à

FERIADOS ASSOCIAÇÃO PREVÊ ENCHENTES NAS RUAS E HOTÉIS

Opresidente

da Associação

dos Hoteleiros de Macau, Lou Chi Leong, estima que a taxa de ocupação hoteleira atinja os 90 por cento durante a Semana Dourada do Dia do Trabalhador.

Citado pelo canal chinês da Rádio Macau, Lou Chi Leong indicou que no passado os quartos apresentavam preços irracionais, porque as plataformas de venda online aumentaram artificialmente os montantes. Contudo, Lou acredita que depois da intervenção da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), o cenário não se vai repetir este ano. Em relação ao preço de mil patacas por noite nos hotéis mais baratos, como pensões, o presidente da

associação considerou que se trata do mercado a funcionar e que os preços foram comunicados antecipadamente à DST. Para o responsável, desde que os clientes concordem com o preço, também não devem ser levantados problemas.

Por seu turno, o presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau, Paul Wong, indicou que se regista um aumento de 30 por cento do número de excursionistas durante os dias úteis.

Sobre os dias da Semana Dourada, o dirigente associativo acredita que devem ficar acima de 80 mil por dia.

excepção de Hong Kong, está obrigado a utilizar um canal específico para passar a fronteira e não pode usar a via para veículos.

Por sua vez, os passageiros que façam escala em Macau com destino ao Interior, devem ainda apresentar um certificado de resultado negativo do novo tipo de

coronavírus (teste rápido de antigénio ou teste de ácido nucleico), antes de embarcar no voo para Macau ou no Aeroporto Internacional de Macau.

No entanto, esta exigência é dispensada para crianças com idade igual ou inferior a 3 anos e os membros das tripulações

HOTELARIA OCUPAÇÃO SUBIU MAIS DE UM TERÇO NO PRIMEIRO TRIMESTRE

NOS primeiros três meses de 2023, a taxa de ocupação média dos hotéis de Macau foi de 74,7 por cento, valor que representa uma subida de 33,9 pontos percentuais, relativamente ao mesmo trimestre de 2022.

Entre Janeiro e Março deste ano, os estabelecimentos hoteleiros hospedaram 2.699.000 indivíduos, mais 96,3 por cento, face ao idêntico trimestre do ano passado. Segundo informação divulgada ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o período médio de permanência dos hóspedes correspondeu a 1,7 noites, menos 0,2 noites em relação aos primeiros três meses de 2022.

Em relação ao número de visitantes que chegaram a Macau em excursões nos primeiros três meses do ano, a DSEC contou 110 mil turistas. Já o número de residentes da RAEM que compraram pacotes turísticos em agências de viagem para férias no exterior, atingiu 64 mil no primeiro trimestre, o que representou uma subida de 486,4 por cento face ao mesmo período de 2022.

Analisando apenas o último mês de Março, a DSEC refere que existiam em Macau 126 estabelecimentos hoteleiros, mais seis em relação a Março de 2022, disponibilizando um total de 39.000 quartos de hóspedes, mais 0,7 por cento em termos anuais. J.L.

de aeronaves portadores do cartão válido de uso exclusivo.

A declaração de resultado do teste rápido de antigénio e a consulta do resultado de teste de ácido nucleico podem ser efectuadas através do portal https://app.ssm.gov.mo/gene ralrat. João Santos Filipe

Gongbei Esperadas 340 mil passagens

A Administração Nacional de Imigração refere que hoje, amanhã e dia 3 de Maio serão os dias mais movimentados no posto fronteiriço de Gongbei durante os feriados do 1 de Maio. Durante estes três dias, a autoridade nacional estima que sejam feitas 340 mil travessias diárias, uma enorme fatia das saídas e entradas previstas pela Administração Nacional de Imigração para o todo o país. As autoridades esperam que no dia de maior tráfego nas fronteiras, se registem mais de 1,3 milhões de entradas e saídas a nível nacional, o que representa o dobro do registado no ano passado, e 57 por cento do verificado no mesmo período de 2019.

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estrangeiro enfrenta de novo mais restrições
O apertar das restrições de viagem para o Interior surge depois de, na quarta-feira, as autoridades terem admitido o surgimento de novos surtos de “pequena dimensão”
28.4.2023 sexta-feira

Tribunais Máscara obrigatória para quem tiver sintomas de gripe

A partir de hoje, quem tiver sintomas de gripe, tais como febre, dores musculares, dores de garganta, tosse e corrimento nasal, ou tiver resultado positivo em testes à covid-19, tem de usar máscara para entrar nos tribunais das várias instâncias de Macau. Segundo um comunicado emitido ontem pelo gabinete do presidente do Tribunal de Última Instância, a todas as restantes pessoas que “entrarem nas instalações dos tribunais das três instâncias para participar as actividades processuais ou assistir às audiências de julgamento”, é recomendado o uso de máscaras, apesar de não ser obrigatório.

Gripe Pais de alunos preocupados com exames

A vogal do Conselho de Juventude, Chan Peng Peng, apelou ao Governo para adoptar uma postura flexível durante o período de exames nas escolas. Em causa, estão os vários surtos recentes de gripe, causados pela excessiva utilização de máscara durante a covid-19, que reduziu a capacidade do sistema de imunidade dos alunos. Segundo o jornal Ou Mun, Chan Peng Peng revelou que recebeu muitas queixas de pais que estão preocupados com as medidas contra a gripe aplicadas nas escolas, que fazem com que as crianças não possam fazer os exames de avaliação. Actualmente, quando os alunos faltam ao primeiro exame, podem ir a uma segunda chamada, mas são penalizados na nota. Agora, Chan Peng Peng pede ao Governo para que no caso de falta motivada por gripe a penalização de nota na segunda chamada se deixe de aplicar.

Autocarros Uso de máscara ao critério de passageiros

Depois de o Governo passar para as empresas a responsabilidade de decidir se devem ou não obrigar o uso de máscaras em transportes públicos, as companhias Transmac e TCM deixaram a decisão para os passageiros e motoristas. Numa publicação partilhada ontem no Facebook, a Transmac diz que, a partir de hoje, “motoristas e passageiros de transporte público são recomendados a usar máscara, mas cada indivíduo pode decidir se deve ou não usar, de acordo com a situação”. A Transmac apela aos “passageiros para seguirem as orientações das autoridades e trabalhar em conjunto para criar um ambiente confortável e saudável nos autocarros”. Também a TCM respondeu às orientações do Governo apelando aos cidadãos para “prestarem atenção à higiene pessoal quando viajarem nos autocarros, usando máscara se precisarem”. A empresa reforça que irá continuar a cooperar com o Governo da RAEM, “seguindo as actualizações das autoridades”.

FORAM identificados em Macau vários subgéneros do tipo XBB da variante da Ómicron.

“Actualmente, as estirpes mutantes detectadas em Macau são semelhantes às das regiões vizinhas, incluindo as diversas estirpes mutantes do tipo XBB, tais como XBB.1.5, XBB.1.9, etc., bem como a XBB.1.16, que foi recentemente incluída na lista de monitorização pela Organização Mundial de Saúde” (OMS), relevaram ao HM os Serviços de Saúde (SS).

Os serviços liderados por Alvis Lo acrescentam que “o nível actual de transmissão de covid-19 em Macau ainda é relativamente baixo”, devido à “imunidade adquirida pela população de Macau após a administração da vacina bivalente e a infecção durante o mês de Dezembro do ano passado”, que resultou “numa certa imunidade contra esta estirpe mutante”.

Na semana passada, as autoridades de Hong Kong anunciaram a descoberta de “sete casos da subvariante da Ómicron altamente infecciosa que tem feito soar alarmes no estrangeiro”, de acordo com os média da região vizinha.

O Departamento de Saúde da RAEHK vincou que os casos locais de infecção não são motivo de sobressalto.

Sem surpresas, também no Interior da China

VARIANTE XBB TRANSMISSÃO RELATIVAMENTE BAIXA

Elas andam aí

Foram detectadas em Macau várias estirpes mutantes do tipo XBB da variante Ómicron. Os Serviços de Saúde disseram ao HM que “o nível actual de transmissão de covid-19 em Macau ainda é relativamente baixo”. Face ao previsível enfraquecimento imunológico, as autoridades estão a reforçar a reserva de medicamentos antivirais. Alvis Lo revela que foram detectados 10 casos, mas diz que não é motivo para alarme

foram detectadas infecções com estirpes mutantes do tipo XBB, em particular a XBB.1.16 que foi declarada pela OMS, no dia 22 de Março, como uma nova variante a monitorizar.

Defesa em linha Sem especificar números de infectados, os SS garantiram ao HM que têm monitorizado “de forma

contínua o tipo de estirpes mutantes de covid-19 em Macau”, e que “os dados mostram que a fuga imunológica da estirpe mutante XBB.1.16 é um pouco maior do que as outras estirpes da variante Ómicron, mas não há diferenças quanto à capacidade patogénica”. Ou seja, a XBB.1.16 consegue iludir mais facilmente as

“O nível actual de transmissão de covid-19 em Macau ainda é relativamente baixo”, devido à “imunidade adquirida (...) após a administração da vacina bivalente e a infecção durante o mês de Dezembro”, que resultou “numa certa imunidade contra esta estirpe mutante”

defesas imunológicas, mantendo baixo risco de complicações severas das anteriores estirpes da variante Ómicron.

Porém, cerca de oito horas depois da resposta enviada ao HM, o director dos SS detalhou a informação ao jornal Ou Mun e à TDM, revelando que dos testes laboratoriais recolhidos na sequência de doenças respiratórias, 0,5 a 0,8 por cento acusam infecção de covid-19. Destes, 10 são da estirpe XBB.1.16. Ainda assim, Alvis Lo salientou que esta estirpe representa baixas probabilidades de causar doenças severas e apelou à população para não se preocupar demasiado. Isto, no dia em

que o Governo voltou a anunciar a necessidade de apresentar testes à covid-19 para quem entra através de Macau no Interior da China, e tenha estado antes em Taiwan ou no estrangeiro (ver pág.6).

Paletes de medicamentos

Apesar de a população de Macau ainda gozar de relativa imunidade, “com o passar do tempo, esta vai enfraquecendo”. Tendo esse facto em consideração, os SS vão “monitorizar a situação epidemiológica do vírus e preparar-se bem para a resposta, incluindo a reserva de medicamentos antivirais”.

Também neste ponto, Alvis Lo detalhava ao Ou Mun e à TDM a parca informação que havia sido prestada ao HM apenas oito horas antes. O director dos SS referiu que a RAEM tem um stock de medicação contra a covid-19 em quantidades suficientes, prazo de validade até 18 meses, para medicar mais de 20 mil pacientes.

Além disso, os SS indicaram ao HM que tanto “a vacina monovalente inactivada da estirpe original [Sinopharm] como a vacina monovalente de mRNA da estirpe original têm um efeito preventivo muito baixo contra a variante Ómicron XBB”. Como tal, as autoridades apelam à inoculação com a vacina bivalente de mRNA. João Luz

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sexta-feira 28.4.2023

A bússola marítima

CRIADA A partir da bússola magnética, originária do século IV a.n.E., também a bússola marítima foi, na dinastia Song, uma invenção chinesa do século XI. Era uma bússola feita num vaso de madeira com água onde se encontrava a boiar um caniço atravessado por uma agulha magnética a apontar sempre a direcção Sul. Gravados no bordo superior do vaso encontravam-se num círculo as 24 direcções, determinadas segundo a ordem de Tian Gan (天干) (10 Caules Celestes), Di Zhi (地支) (12 Ramos (12 Ramos Terrestres), Ba Gua (八卦) (8 Trigramas), Wu Xing (五行) (5 Elementos) e entre os 12 Zhi (Ramos Terrestres) intercalam-se 8 Gan e 4 Gua. Assim se determinavam as posições das 24 direcções, cada uma separada por 15°. Explicação de Zheng Yi Jun dada n’ “As técnicas de navegação nas armadas de Zheng He e a sua contribuição para a ciência náutica”, de onde nos socorremos para este artigo.

A teoria dos Cinco Elementos ((Wu Xing, 五行): Madeira (木, Mu), Fogo ( 火, Huo), Terra (土, Tu), Metal (金, Jin) e Água (水, Shui)) partiu da ideia das cinco direcções (Leste (东, Dong); Sul (南, Nan); Centro/Meio (中, Zhong); Oeste (西, Xi); e Norte (北, Bei)), que conjugados são a base da composição de todas as coisas.

Os dez Caules Celestes (Tian Gan, 天干), combinação do yin e yang nos Cinco Elementos, dão: Jia (甲) Madeira, Leste – yang; Yi (乙), Madeira, Leste – yin; Bing (丙) Fogo, Sul – yang; Ding (丁) Fogo, Sul – yin; Wu (戊), Terra, Centro – yang; Ji (己) Terra, Centro – yin; Geng (庚) Metal, Oeste – yang; Xin (辛), Metal, Oeste – yin; Ren (壬), Água, Norte – yang; Gui (癸), Água, Norte – yin. Zheng Yi Jun refere, “Como Wu e Ji pertencem ao elemento Terra e a sua situação é, portanto, no centro, não indicando qualquer posição de direcção, desprezam-se, e daí serem utilizados apenas oito Gan (干) em vez dos dez.”

Os doze Ramos Terrestres (Di Zhi, 地支): o rato Zi (子), Água, Norte, yang; o boi Chou (丑), Terra, Centro/ NorteNordeste, yin; o tigre Yin (寅),

Madeira, Leste/LesteNordeste, yang; o coelho Mao (卯), Madeira, Leste, yin; o dragão Chen (辰), Terra, Leste/LesteSudeste, yang; a serpente Si (巳), Fogo, Sul/SulSudeste, yin; o cavalo Wu (午), Fogo, Sul, yang; o carneiro Wei (未), Terra, Centro/SulSudoeste, yin; o macaco Shen (申), Metal, Centro/OesteSudoeste, yang; o galo You (酉), Metal, Oeste, yin; o cão Xu (戌), Terra, Centro/ OesteNoroeste, yang; e o porco Hai ( 亥), Água, Norte/Nortenoroeste, yin; correspondem a 12 posições de direc-

ção do círculo no Feng Shui, usando-se aqui o nome dos animais apenas a sintonizar o leitor ao reconhecê-los nos anos do calendário chinês. Serviam estes caracteres também para a marcação da duração do tempo que o Sol levava para dar uma volta à Terra. Quando o Sol se encontrava a Sul (180°) era a posição Wu, pelo contrário, quando se encontrava na posição 0/360°, era a posição Zi. Os caracteres ordenavam-se a partir de Zi, segundo o movimento dos ponteiros do relógio. Entre os 12 Zhi intercalavam-se 8 Gan (干) e 4 Gua (卦). “Para completar as 24 direcções, faltam as correspondentes aos quatro pontos colaterais (Noroeste, Nordeste, Sudeste e Sudoeste) designados com quatro posições de direcção de entre os 8 Gua (八卦): Qian (乾, simboliza o Céu), Gen (艮, montanha), Xun (巽, vento) e Kun (坤, Terra). As outras posições de direcção dos restantes 8 Gua são, Kan (坎, água), Li (离, o fogo), Zhen (震, o trovão) e Dui (兑, lago), a corresponder às posições

de direcção Zi (Norte), Wu (Sul), Mao (Leste) e You (Oeste). Esta combinação deu as 24 direcções.

As 24 direcções

Quando o Sol se encontrava na direcção Norte (0/360°) é a posição Zi (子, Água, Norte, yang), correspondendo também ao gua Kan (坎, água). Já na direcção Leste (90°) está Mao (卯, Madeira, Leste, yin), onde ainda se posiciona o gua Zhen (震, trovão). Com o Sol a Sul (180°) está a posição Wu (午, Fogo, Sul, yang) ocupada também por o gua Li (离, fogo). Na direcção Oeste (270°) está You (酉, Metal, Oeste, yin), posição de Dui (兑, lago) do baguá. Entre cada uma das quatro direcções cardinais estão registadas posições separadas por 15° e assim, após a direcção Norte nos 0° marcada por Zi (子), (Água, Norte, yang), aparecia nos 15° a posição de Gui (癸), (Água, Norte – yin), seguindo na posição 30° Chou ( 丑), (Terra, Centro NorteNordeste, yin).

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marítima chinesa (XIII)

Na dinastia Song, já as cartas de navegação indicavam as direcções da bússola marítima para levar a vários lugares, e daí chamadas Guias de Agulha, a significar ser um guia de navegação feito a partir da agulha magnética da bússola. Tinham registadas as direcções a tomar desde a saída do porto chinês até ao destino final e seu retorno, os tempos de navegação em cada direcção e quando na rota mudar de direcção

Vem depois a direcção do Nordeste, a 45° marcada por o gua Gen (艮, montanha). Aos 60° encontra-se Yin (寅), (Madeira, Leste/LesteNordeste, yang); aos 75° Jia (甲), (Madeira, Leste –yang); aos 90° na posição Leste, Mao (卯), (Madeira, Leste, yin), com o gua Zhen (震, trovão). A marcar os 105° aparece Yi (乙) (Madeira, Leste – yin) e aos 120° Chen (辰), (Terra, Leste/LesteSudeste, yang). Estando Jia entre Mao e Yin; Yi entre Mao e Chen; Jia e Yi, assim colocados, significam Madeira do Leste.

A direcção Sudeste em 135° com o gua Qian (乾, Céu); na marca de 150° está Si (巳), (Fogo, Sul/SulSudeste, yin) e a 165°, Bing (丙), (Fogo, Sul – yang).

A 180° Wu (午) (Fogo, Sul, yang) marca a direcção Sul, tal como o gua Li ( 离, fogo). Já Ding (丁), (Fogo, Sul – yin) está nos 195° e Wei (未), (Terra, Centro/SulSudoeste, yin) nos 210°. Bing situa-se entre Wu e Si; Ding encontra-se entre Wu e Wei. Bing e Ding, assim colocados, significam o Fogo do Sul.

A 225°, direcção Sudoeste o gua Kun (坤, Terra); a 240° está Shen (申), (Metal, Centro/OesteSudoeste, yang); a 255° Geng (庚), (Metal, Oeste – yang); na direcção Oeste a 270° está You (酉), (Metal, Oeste, yin) e ocupando a mesma posição Dui (兑, lago) do bagua; a 285° encontra-se Xin (辛), (Metal, Oeste – yin); e a 300° Xu (戌), (Terra,

Centro/OesteNoroeste, yang). Estando Geng colocado entre You e Shen e Xin entre You e Xu indicam o Metal do Oeste

A direcção Noroeste marcada nos 315° é conhecida por o gua Xun (巽, vento). Na seguinte posição, a 330° aparece Hai (亥), (Água, Norte/Nortenoroeste, yin); a 345° Ren (壬), (Água, Norte – yang); a 360° Zi (子) (Água, Norte, yang), que marca a posição Norte (0/360°); segue a 15° Gui (癸), (Água, Norte – yin) e a 30° Chou (丑), (Terra, Centro/NorteNordeste, yin). Ren colocado entre Zi e Hai, Gui, entre Zi e Chou, indicam a Água do Norte Este tipo de bússola, embora denominada de 24 direcções, na prática tinha 48 direcções, pois divididos a meio os 15° tinha-se as direcções nos 7,5°. Utilizada para estabelecer “os rumos, se estes coincidissem com uma das 24 direcções da bússola, dava-se-lhes o nome de ‘rumo exacto’ ou ‘directo’. Se o rumo fosse definido numa posição não coincidente com uma das 24 direcções dava-se o nome de ‘rumos remendados’, significando uma direcção entre duas das 24.”

A importância da bússola marítima ser lida com precisão e correctamente para manter inalterada a rota definida, exigia para as bússolas um quarto especial, denominado Zhen Fang, e um experiente marinheiro, o Huo Zhang, com a específica função de as observar e ver o rumo a seguir.

Na dinastia Song, segundo Yan Dunjie, já as cartas de navegação indicavam as direcções da bússola marítima para levar a vários lugares, e daí chamadas Guias de Agulha, a significar ser um guia de navegação feito a partir da agulha magnética da bússola. Tinham registadas as direcções a tomar desde a saída do porto chinês até ao destino final e seu retorno, os tempos de navegação em cada direcção e quando na rota mudar de direcção.

Assim, com céu limpo ou nevoeiro se conseguia ter sempre o posicionamento dos barcos através das cartas náuticas e a ajuda da bússola marítima ligada a um relógio de água.

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Simões Morais

UCRÂNIA CONVERSA ENTRE XI E ZELENSKY MOSTRA RESPONSABILIDADE DA CHINA

Diálogos pela paz

O Presidente chinês a conversou ao telefone com o seu hómologo ucraniano na busca de caminhos que levem a uma solução pacífica para o conflito desencadeado pela Rússia

Aconversa por telefone entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, “demonstra responsabilidade” e o “sincero desejo da China” de promover uma “solução política” para a guerra, defendeu ontem um jornal oficial.

Em editorial, o Global Times, jornal oficial do PC Chinês, considerou que o diálogo prova que a China, “como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e como grande potência responsável, deseja promover uma solução política com sinceridade e sem interesses próprios”.

MONTEPIO GERAL DE MACAU ANÚNCIO

RECOLHA DOS OBJECTOS DO DESPEJO DA LOJA, SITUADA NA AVENIDA DOUTOR MÁRIO SOARES N.º 21, RÉS-DOCHÃO, MACAU, ARRENDADA À AGÊNCIA DE VIAGENS LOUIS CHOU, LDA.

Em cumprimento do mandado de despejo ordenado na Acção Proc. n.º CV1-22-0027-CPE do 1.º Juízo do Tribunal Judicial de Base, contra Aquela Agência, em 23 de Fevereiro de 2023, realizou-se a entrega judicial da loja acima referida ao senhorio MONTEPIO GERAL DE MACAU.

Não tendo comparecido no acto de despejo qualquer representante da referida inquilina, não foi possível proceder à remoção dos objectos ali existentes, identificados nas fotografias tiradas na realização da diligência do despejo anexadas ao respectivo auto, podendo ser consultadas no referido processo.

Não tendo sido possível, até à presente data, contactar qualquer representante da inquilina para proceder à retirada dos referidos objectos, avisa-se quem a eles tenha direito para proceder à sua recolha, sob pena de, decorrido o prazo de 15 dias a contar da publicação deste anúncio, proceder este Montepio à respectiva remoção, nomeadamente, entregando-os ao serviços de recolha do lixo.

Geral de Macau, aos 24 de Abril de 2023.

AChina

pediu ontem à Coreia do Sul e aos Estados Unidos que não “provoquem um confronto” com Pyongyang, depois de os líderes dos dois países advertirem o regime norte-coreano de que enfrentará “o fim” se usar armas atómicas.

“Todas as partes devem encarar o cerne da questão da península [coreana] e desempenhar um papel construtivo na promoção de uma solução pacífica”, alertou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning.

Pediu também às partes para não “inflamarem tensões deliberadamente, provocarem confrontos e fazerem ameaças”.

Numa cimeira em Washington com o homólogo sul-coreano Yoon Suk Yeol, o Presidente norte-americano, Joe Biden, alertou que o “lançamento de um ataque nuclear pela Coreia do Norte contra os Estados Unidos ou

os seus aliados (...) significaria o fim do regime norte-coreano”.

Os dois líderes também concordaram em fortalecer significativamente a sua cooperação na área da Defesa, inclusive em matéria nuclear, e prometeram “responder prontamente” no caso de um ataque norte-coreano.

Pequim condenou ontem a medida, dizendo que Washington “ignora a segurança regional e insiste em explorar a questão da península [coreana] para criar tensão”.

“O que os Estados Unidos estão a fazer é causar um confronto entre os campos, minando o regime de não-proliferação nuclear e os interesses estratégicos de outros países”, disse Mao.

As acções dos EUA “aumentam as tensões na península, minam a paz e a estabilidade regionais e o objectivo de desnuclearizar a península”, apontou.

“A China está firmemente do lado da paz e do diálogo” e “está sempre do lado correcto da História”, defendeu o jornal. “Tanto a Rússia como a Ucrânia saudaram os nossos esforços para promover a paz, e as potências europeias também esperam que desempenhemos um papel maior”, lê-se no editorial.

Xi Jinping reclama um papel maior para a China na resolução de questões internacionais. Num triunfo para o líder chinês, o Irão e a Arábia Saudita anunciaram, no mês passado, em Pequim, um acordo para restabelecerem as relações diplomáticas, cortadas por Riade em 2016.

Vários líderes europeus, incluindo o Presidente francês, Emmanuel Macron, a líder da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, visitaram Pequim, nas últimas semanas, visando encorajar a China a usar a sua influência junto de Moscovo para pôr fim ao conflito.

Referindo que “até a Casa Branca saudou o telefonema [entre Xi e Zelensky]”, o Global Times lembrou que o reconhecimento internacional “ressalta o valor especial dos esforços da China numa situação tão complexa e em mudança”

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Montepio A Presidente do C.A., Maria de Fátima Salvador dos Santos Ferreira PUB.
PYONGYANG PEQUIM PEDE A SEUL E WASHINGTON
QUE NÃO “PROVOQUEM UM CONFRONTO”

Referindo que “até a Casa Branca saudou o telefonema [entre Xi e Zelensky]”, o Global Times lembrou que o reconhecimento internacional “ressalta o valor especial dos esforços da China numa situação tão complexa e em mudança”. “A China pode comunicar directamente com todas as partes envolvidas, procurar consenso e receber respostas positivas”, apontou.

A mediação de Pequim é possível porque a “China sempre aderiu a uma posição objectiva e justa, e demonstrou a sua responsabilidade como grande potência”, acrescentou. “Este papel e influência não podem ser substituídos no mundo de hoje”.

Primeiro passo

Foi a primeira vez que Xi falou com Zelensky desde o início da invasão russa da Ucrânia, apesar de ter reunido por várias vezes com o homólogo russo, Vladimir Putin.

Xi disse ao líder ucraniano que a China vai enviar um representante especial para os assuntos da Eurásia para a Ucrânia e outros países, com o objectivo de “lançar uma comunicação profunda com todas as partes visando encontrar uma solução política para a crise”.

O Presidente chinês explicou ao homólogo ucraniano que o “respeito pela soberania e integridade territorial” é a “base política” das relações entre Pequim e Kiev

Destacou também que a “evolução complexa da ‘crise’ na Ucrânia” teve um grande impacto na situação internacional, ao mesmo tempo que garantiu que o seu país “sempre esteve do lado da paz”.

O Presidente chinês explicou ao homólogo ucraniano que o “respeito pela soberania e integridade territorial” é a “base política” das relações entre Pequim e Kiev e transmitiu o seu desejo de “promover o desenvolvimento da parceria estratégica entre os dois países”.

Mundo feito de mudança

MNE chinês pede unidade entre China e Ásia Central face a transformações globais

homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky, “que visou pôr fim ao conflito [na Ucrânia] e retomar o diálogo para a paz”.

Os países da Ásia Central desempenham um papel – chave na iniciativa ‘Faixa e Rota’, o gigantesco projecto internacional de infraestruturas lançado pela China, que prevê a construção de autoestradas, portos ou ligações ferroviárias, visando abrir novas vias comerciais entre o leste da Ásia e a Europa.

A Rússia, que desde meados do século XIX é a principal potência na Ásia Central, vê assim o seu papel ameaçado, com os seus tradicionais aliados regionais a serem cobiçados pela China, Turquia e países ocidentais. Esta tendência acelerou desde a invasão russa da Ucrânia, embora Moscovo mantenha forte influência.

Nos últimos meses, além de Xi Jinping, os presidentes da Rússia e da Turquia, Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, respectivamente, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, visitaram a Ásia Central.

Oministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, defendeu ontem a unidade e cooperação entre China e países da Ásia Central, face a um cenário internacional complexo e em “profunda transformação”.

Num encontro na cidade chinesa de Xi’an com representantes do Uzbequistão, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Turcomenistão, para preparar a cimeira China - Ásia Central, que se realiza em Maio, Qin lembrou que o mundo entrou num “novo período complexo e de transformações”, segundo um comunicado citado pela imprensa estatal.

“Quanto mais complexa é a situação, mais devemos manter a nossa unidade”, frisou.

“A China e os países da Ásia Central são bons vizinhos, amigos, parceiros e irmãos. A nossa cooperação já alcançou uma série de conquistas históricas e importantes. O desenvolvimento regional atravessa um período de vitalidade sem precedentes”, disse o ministro chinês.

Qin pediu a continuação da “construção conjunta” de projetos de infraestrutura vincu-

lados à iniciativa “Faixa e Rota”, com “altos padrões e mais intercâmbio”.

“Também devemos opor-nos a quaisquer forças estrangeiras que interfiram nos assuntos dos países regionais sob qualquer pretexto”, acrescentou Qin Gang. O objectivo é “tornar a Ásia Central um local para a cooperação com benefícios mútuos, em vez de uma [arena] para jogos geopolíticos”, frisou.

Preparar terreno

O encontro em Xi’an visou acertar os preparativos para a próxima Cimeira China - Ásia Central, que se vai realizar naquela cidade, no próximo mês, a fim de “consolidar a confiança mútua entre todas as partes e promover a conectividade, segurança e desenvolvimento”.

“Esperamos que a cimeira abra um novo capítulo nas relações e traga novas oportunidades”, disse Qin.

O comunicado sublinhou ainda que os diplomatas reunidos na cidade chinesa “elogiaram” a conversa telefónica de quarta-feira entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o

XANGAI POLÍCIA INTERROGOU FUNCIONÁRIOS DE CONSULTORA AMERICANA

AS autoridades chinesas interrogaram esta semana funcionários da Bain & Company em Xangai, o principal centro económico da China, disse ontem a empresa norte-americana, que presta serviços de consultoria de estratégia e gestão.

O jornal britânico Financial Times noticiou anteriormente que a polícia chinesa fez uma visita surpresa às

instalações da empresa há duas semanas.

Especializada em consultoria estratégica e de gestão, a Bain & Company confirmou que os funcionários foram de facto questionados, mas não especificou os motivos.

“Estamos a cooperar com as autoridades chinesas conforme foi exigido”, disse o grupo, em comunicado. “Não

temos mais nada a dizer neste momento”.

A polícia apreendeu telefones e computadores, mas ninguém foi detido, segundo o Financial Times, que cita fontes próximas ao caso.

De acordo com o diário, a notícia preocupa algumas empresas norte-americanas presentes na China, que temem medidas retaliatórias de Pequim, após vá -

rias sanções impostas por Washington contra empresas e entidades chinesas, em particular no sector tecnológico, em nome da “segurança nacional”.

No mês passado, a empresa de auditoria norte-americana Mintz Group disse que tinha encerrado o seu escritório em Pequim, após a polícia chinesa ter detido cinco dos seus

funcionários locais. O ministério dos Negócios Estrangeiros da China esclareceu então que a empresa é “suspeita de operações ilegais”.

Poucos dias depois, o regulador chinês para o ciberespaço anunciou uma “revisão” dos produtos da tecnológica norte-americana Micron, a fim de prevenir possíveis “riscos” para a “segurança nacional”.

Uma cimeira ‘online’ no formato 5+1 foi organizada por Xi, em Janeiro de 2022, por ocasião do 30.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e os diferentes estados da região após a desintegração da União Soviética.

ESTIMADOS CLIENTES

No dia 1 de Maio de 2023, voltaremos a estar FECHADOS, como há várias décadas fazemos.

Nos últimos 2 anos não o fizemos por solidariedade para com os nossos clientes locais, reduzidos à prisão local e/ou domiciliária, consequência da trágica e aterrorizante (campanha de Covid 19).

REABRIMOS NO DIA 2 DE MAIO

A quem for apanhado de surpresa, pedimos as devidas DESCULPAS

Restaurante Fernando

china 11 sexta-feira 28.4.2023 www.hojemacau.com.mo
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LÍNGUA PORTUGUESA “LER EM REDE” INTEGRA PROJECTO DE DIGITALIZAÇÃO

Aprender online

Plataforma “Ler em Rede”, com conteúdos em português para estudantes não nativos, e desenvolvida pelo Instituto Português do Oriente e o Camões I.P., passa a integrar o projecto de Digitalização do Ensino Português no Estrangeiro, financiado com fundos públicos e apresentado na última sexta-feira na Alemanha

CRIADO em Macau, o plano “Ler em Rede”, desenvolvido pelo Instituto Português do Oriente (IPOR), o Camões I.P. e a empresa de tecnologia OMNI, passa a integrar o projecto de Digitalização do Ensino Português no Estrangeiro (EPE), desenvolvido pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua e financiado com fundos públicos do Plano de Resolução e Resiliência [PRR]. Integrada no “Ler em Rede” encontra-se a plataforma “Viagem nas Palavras”, criada pelo IPOR e que já é utilizada em várias escolas de Macau.

O projecto Digitalização do EPE arrancou no dia 21 de Abril em Hamburgo, Alemanha, com a entrega dos primeiros equipamentos a professores e alunos. Esta iniciativa tem como objectivo a qualificação da rede EPE através da disponibilização de equipamentos a todos os alunos e professores para a utilização de plataformas digitais de conteúdos em língua e cultura portuguesa.

“Ler em Rede” pretende ser uma ferramenta para proporcionar a todos os jovens que aprendem português no âmbito da rede EPE a possibilidade de desen -

Esta plataforma incentiva o percurso de autoaprendizagem, podendo também ser utilizada em contexto de sala de aula, como um recurso adicional à disposição dos docentes

PARIS JOANA VASCONCELOS INAUGURA “ÁRVORE DA VIDA”

Ainstalação “Arvore da Vida”, de Joana Vasconcelos, abre hoje ao público, na Capela do Castelo de Vincennes, Paris, revelando uma estrutura de 13 metros, representação das emoções vividas no confinamento, com a expectativa de um recomeço mais harmonioso.

“Este projecto começa como um projecto pequeno, a partir do mito de Dafne, para a villa Borghese, em Roma, que nunca aconte-

ceu. A equipa foi para casa no confinamento, a bordar folhas, porque era a única coisa que eu podia mandar para toda a gente. E eu pensei, o que é que vamos fazer? Vamos bordar as folhas da dita árvore e Jean-François Chougnet [comissário da exposição] achou que seria um bom projecto para a Capela. E então nasceu a ideia de transformar a árvore de Dafne em ‘Arvore da Vida’, associada a esta ideia de recomeço”, afirmou Joana

Vasconcelos em entrevista à agência Lusa, em Paris. Esta obra nasce assim da inspiração intemporal de um mito grego, em que Dafne, primeiro amor de Apolo, o rejeita e pede ao pai que a ajude a fugir à insistência deste deus, acabando por transformá-la num loureiro, e do contexto em que a peça foi concebida, a data original da Temporada Cruzada entre Portugal e França, que coincidiu com a pandemia de covid-19.

volverem competências através de experiências pedagógicas de “qualidade, diversificadas, atractivas e criativas”, sempre dentro dos moldes definidos para o ensino do idioma de Camões a estrangeiros. Esta plataforma incentiva o percurso de autoaprendizagem, podendo também ser utilizada em contexto de sala de aula, como um recurso adicional à disposição dos docentes.

Três níveis, 60 unidades Organizada em três níveis etários e com 60 unidades didácticas, o “Ler em Rede” incorpora “recursos tecnológicos inovadores” que visam promover uma aprendizagem centrada nas compet ê ncias de leitura, mas que potencia também as áres da compreensão do oral e da escrita.

O projecto Digitalização EPE beneficia cerca de 22.000 alunos da rede de cursos extracurriculares promovidos pelo Camões, I.P. em Espanha, Andorra, França, Reino Unido, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica, Países Baixos e África do Sul, bem como na Austrália, Canadá, EUA e Venezuela. O investimento PRR do Camões, I.P., inserido na Medida TD-C19-i01m13, representa um investimento global de 18,9 milhões de euros.

“Foi algo produzido em plena pandemia, a partir de reciclagem de materiais e tecidos que tinha no ateliê. Foi a ocupação de muita gente durante muitos meses e foi o foco das emoções - até o desespero e ansiedade - e a pergunta ‘o que será o futuro?’. Todas essas emoções fazem parte deste projecto. Disse à equipa e a mim própria, que tinha de fazer algo positivo e fantástico para comemorar a saída desse período”, explicou a artista.

Joana Vasconcelos criou uma “árvore luxuosa e sensual” em tons de vermelho, castanho e dourado, com um intrincado tronco de tecido, com várias técnicas artesanais com lãs e outros materiais, que se propaga depois na copa em dezenas de ramos que acolhem cerca de 140 mil folhas, algumas em bordado de Castelo Branco, outras cobertas de lantejoulas, e ainda folhas de couro, onde foram instaladas milhares de luzes LED.

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FOTOS INSTITUTO CAMÕES
28.4.2023 sexta-feira

Ventos de Moçambique

Aescritora moçambicana

Paulina Chiziane vai receber o Prémio Camões, atribuído em 2021, no próximo dia 5 de Maio, numa cerimónia a decorrer no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, anunciou o Ministério da Cultura.

O prémio será entregue à autora de “Balada de Amor ao Vento” e “Ventos do Apocalipse” pelas mãos do primeiro-ministro, António Costa. A entrega do galardão acontece 10 dias depois da cerimónia de entrega do Prémio Camões a Chico Buarque, vencedor em 2019.

Para o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, “a entrega do Prémio Camões à escritora moçambicana Paulina Chiziane é um momento de enorme significado e enorme simbolismo para a cultura em português. É a primeira mulher negra a receber aquele que é o prémio de maior prestígio da língua portuguesa”.

Na altura da atribuição do prémio, o júri, que elegeu por unanimidade a escritora moçambicana, justificou a escolha com a “sua vasta produção e recepção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra”.

O júri referiu também a importância que Paulina Chiziane dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana, e sublinhou o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes.

Para as mulheres

Após receber a distinção, Paulina Chiziane dedicou o prémio às mulheres, considerando que este serve para valorizar o papel do sexo feminino numa altura em que o seu trabalho ainda é subvalorizado.

LÍNGUA PORTUGUESA “PELÉ” INCLUÍDO NO DICIONÁRIO MICHAELIS “PELÉ”

tornou-se a mais recente palavra da língua portuguesa, ao ser incluída como um novo adjectivo no dicionário Michaelis, como sinónimo de “excepcional, incomparável, único”. “Aquele que é fora do comum, que ou quem em virtude de sua qualidade, valor ou superioridade não pode ser igualado a nada ou a ninguém, assim como Pelé, apelido de Edson Arantes do Nascimento (1940-2022), considerado o maior atleta de todos os tempos; excepcional, incomparável, único. Ele é o pelé

do basquete. Ela é a pelé do ténis. Ela é a pelé da dramaturgia brasileira”, lê-se no texto da Michaelis. A inclusão de “Pelé” no dicionário foi o resultado de uma campanha da Fundação Pelé, que recolheu 125.000 assinaturas na Internet em poucos meses. A campanha foi apoiada pelo Santos, o clube onde “O Rei” jogou a maior parte da sua carreira desportiva, e pelo grupo de comunicação social Globo. A Academia Brasileira de Letras (ABL), que rege a língua no país onde vivem dois terços dos falantes de português,

lançou o seu próprio dicionário em 2021, mas ainda não inclui a palavra “Pelé”.

Edson Arantes do Nascimento ‘Pelé’, considerado por muitos como o maior jogador de futebol de todos os tempos, morreu a 29 de Dezembro de 2022 aos 82 anos de idade, como resultado da falência de múltiplos órgãos devido ao cancro do cólon de que sofria desde o ano anterior. Até agora, é o único jogador a ter ganhado três Taças do Mundo com a sua equipa nacional: Suécia 1958, Chile 1962 e México 1970.

Alguns dos seus livros foram publicados em Portugal e no Brasil, e estão traduzidos em inglês, alemão, italiano, espanhol, francês, sérvio, croata.

Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo. Actualmente, vive e trabalha na Zambézia.

Ficcionista, publicou vários contos na imprensa.

O seu primeiro romance, “Balada de Amor ao Vento” (1990), foi publicado após a independência do país, e é também o primeiro romance publicado de uma mulher moçambicana.

“Ventos do Apocalipse”, concluído em 1991, saiu em Maputo, em 1993, como edição da autora e foi publicado em Portugal, pela Caminho, em 1999, antecedendo “Balada de Amor ao Vento”, em Portugal, pela mesma editora, em 2003.

A Caminho possui aliás os títulos da autora publicados em Portugal: “Sétimo Juramento” (2000), “Niketche: Uma História de Poligamia” (2002), “O Alegre Canto da Perdiz” (2008). Da sua obra fazem igualmente parte “As Andorinhas” (2009), “Na mão de Deus” e “Por Quem Vibram os Tambores do Além” (2013), “Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento” (2015), “O Canto dos Escravos” (2017), “O Curandeiro e o Novo Testamento” (2018).

HK 21 Days ao vivo amanhã

A banda local 21 Days vai actuar amanhã à noite no 17 Fenwick em Hong Kong, em Wan Chai. A partir das 22h, começam a soar as guitarradas e os clássicos de grunge e rock. Os 21 Days são compostos pelo vocalista Miguel Falé, Jeremy Artan na guitarra solo, Herris Kocibelli na guitarra rítmica, Pedro Lagartinho no baixo e Glenn McCartney na bateria. No dia 13 de Maio, a banda actua no Happy Monk, em Guangzhou, a partir das 21h.

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Paulina Chiziane recebe prémio em Lisboa a 5 de Maio
sexta-feira 28.4.2023

O oitavo filme da série de horror “Saw”, que chegou às salas de cinema em 2017, vê-se bem, sem ser uma obra-prima, digamos que cumpre a função de preencher a quota sanguinária. Longe vão os dias de surpresa perante o gore e os requintes de malvadez e sadismo sanguinário do primeiro filme. “Jigsaw” traz de volta o sentido de justiça bem distorcido de um dos mais imaginativos serial killers nascidos da ficção de Hollywood. Corpos vão aparecendo numa morgue com sinais contrários a morte natural, mas avançar detalhes do filme arruína o propósito de o ver. Não é fenomenal, mas também não é vergonhosamente mau. João Luz

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

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um grito no deserto Paul Chan Wai Chi*

NORMALIDADE ANORMAL

EM MATEMÁTICA, quando multiplicamos dois números negativos, o resultado é sempre positivo, ao passo que se multiplicarmos um número negativo por um positivo, o resultado será sempre negativo. Os princípios éticos ensinam-nos que as más intenções nunca podem produzir bons resultados. Em situações que saem da norma, tudo é razoavelmente anormal. Se considerarmos que algo é “normal”, em situações anormais, estamos apenas a racionalizar e a normalizar a anormalidade. É lamentável que o hábito de racionalizar fenómenos anormais esteja a ser cada vez mais bem aceite nas nossas sociedades. De acordo com os jornais de Hong Kong, Ingrid Yeung Ho Poi-yan, Secretária da Administração Pública de Hong Kong, respondeu recentemente a questões relacionadas com a demissão de funcionários públicos, durante a sessão do Comité de Finanças do Conselho Legislativo. Ingrid Yeung Ho Poi-yan declarou que estas demissões eram “normais dentro de uma situação irregular e que toda a Hong Kong está a viver um período anormal”. Admiro a coragem que Mrs. Yeung precisou de ter para dizer a verdade. Mas se a situação anormal não for resolvida, mesmo que o processo de recrutamento de funcionários públicos seja acelerado, ou se for seguido o exemplo da Polícia de Hong Kong, que flexibilizou os requisitos de admissão dos novos recrutas, mesmo assim não se resolve o problema da saída de Hong Kong de pessoal altamente especializado.

Desde a implementação da Lei de Segurança Nacional para Hong Kong em Junho de 2020, a frase “do caos à ordem, da estabilidade à prosperidade” tornou-se um jargão político muito popular. Passados quase três anos, e de acordo com o Relatório de Situação da População Mundial divulgado pelo Fundo de População das Nações Unidas em Abril deste ano, Hong Kong tem a taxa de natalidade mais baixa do mundo, nascendo apenas 0,8 crianças por cada mulher, seguido de perto pela Coreia do Sul com uma taxa de 0,9. Nos últimos anos, as relações entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul têm sido tensas, com a existência de tempos a tempos de conflitos militares e de ameaças nucleares, conduzindo assim a uma taxa de natalidade sistematicamente baixa, e isto pode ser considerado um fenómeno natural. Mas em Hong

Infelizmente, a sociedade de Macau habituou-se a aceitar em silêncio certos fenómenos anormais como sendo normais

Kong, após quase três anos de transição “do caos à ordem, da estabilidade à prosperidade”, de acordo com o princípio orientador de “Hong Kong governado por patriotas”, a taxa de natalidade não só não cresceu como diminuiu. As autoridades de Hong Kong deviam reflectir profundamente sobre as causas deste problema e encontrar formas de permitir Hong Kong volte verdadeiramente à normalidade!

Há uma expressão chinesa que diz “quem recuou 50 passos ri-se de quem recuou 100. Fala sobre dois desertores que abandonaram o campo de batalha, o que recuou 50 passos ri-se do que recuou 100 e chama-lhe cobarde, e o último responde que todos têm medo da morte.

Macau e Hong Kong são ambas Regiões Administrativas Especiais

e passaram por vários problemas nos últimos anos, embora a situação em Macau seja aparentemente menos grave do que em Hong Kong. Tomemos como exemplo a obra de construção do novo estabelecimento prisional de Macau (Fase III). Em Fevereiro deste ano, a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa declarou num dos seus pareceres que se fariam todos os esforços para que a Fase III estivesse concluída em Fevereiro ou Março de 2023. Mas num anúncio da Direcção dos Serviços de Obras Públicas, feito em Abril, o empreiteiro da Fase III declarou que o seu progresso tinha sido afectado pela pandemia e que a conclusão estava prevista para o fim deste mês, O progresso e as custas da obra de construção do novo estabelecimento prisional de Macau (Fase III) deveriam ser eficazmente monitorizadas pela Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas. No entanto, em Macau, não é surpreendente encontrar atrasos e derrapagens de custos nos projectos governamentais devido diversas causas, incluindo tanto as catástrofes naturais como os factores humanos. Infelizmente, a sociedade de Macau habituou-se a aceitar em silêncio certos fenómenos anormais como sendo normais. Para restaurar verdadeiramente a normalidade na sociedade de Macau, é crucial eliminar os elementos anormais.

vozes 15 sexta-feira 28.4.2023 www.hojemacau.com.mo
*Ex-deputado e antigo membro da Associação Novo Macau Democrático

Uma bela caldeirada

Julgamento de rede luso-chinesa adiado devido à greve dos funcionários judiciais

liados num valor superior a um milhão de euros.

Espécie protegida

Durante a operação foram realizadas várias buscas a residências em Aveiro e Coimbra, bem como a um viveiro de aquacultura, tendo sido encontrados 28 tanques com quase 500 quilos de meixão vivo, mais de 100 quilos de meixão congelado divididos em vários sacos, cerca de 32 mil euros em dinheiro e mais de uma centena de malas de viagem.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), consultada pela Lusa, o cabecilha da rede era um empresário chinês a residir na Gafanha da Nazaré, em Ílhavo, que se dedicava à compra de meixão a apanhadores/pescadores, que depois era colocado em viveiros e enviado para o mercado asiático por via aérea, no interior de malas de viagem.

A rede envolvia ainda três homens de nacionalidade portuguesa que colaboravam com o principal arguido na recolha do meixão junto dos apanhadores, transporte e colocação em viveiros, além de tratarem de questões logísticas.

O MP diz ainda que o principal arguido procedeu à angariação de pessoas em países asiáticos a quem pagava todas as despesas de deslocação para Portugal e estadia em território nacional tendo como único objectivo fazerem o transporte do meixão vivo.

AIRBUS ABERTO PRIMEIRO CENTRO DE MANUTENÇÃO FORA DA EUROPA

Afabricante aeronáutica europeia Airbus inaugurou ontem em Chengdu, cidade situada no sudoeste da China, o seu primeiro centro de manutenção de aeronaves fora da Europa, de acordo com a imprensa estatal chinesa.

As instalações, com capacidade para acolher até 125 aviões, vão prestar serviços de estacionamento, armazenamento, manutenção, atualização, modificação, desmontagem e reciclagem de todo o tipo de unidades, segundo uma nota da Airbus citada pela agência noticiosa oficial Xinhua. O centro, que ocupa 717 mil metros quadrados, é o resultado da colaboração entre a empresa aeronáutica TARMAC Aerosave e o grupo chinês Aerotropolis Xingcheng, com sede em Chengdu, a capital da província chinesa de Sichuan.

Para manter o meixão vivo durante o tempo necessário à organização das referidas viagens e até acumularem as quantidades necessárias, os arguidos utilizavam um viveiro de aquacultura e várias habitações

Oinício do julgamento de uma rede luso-chinesa de tráfico e comércio ilegal de meixão (enguia bebé) para o mercado asiático foi ontem adiado no Tribunal de Aveiro devido à greve dos funcionários judiciais.

A primeira sessão do julgamento estava marcada para ontem de manhã, mas acabou por não se realizar devido à paralisação convocada pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais, que se iniciou na

quarta-feira e se prolonga até 05 de Maio.

Esta é a terceira vez que o início do julgamento é adiado. Na primeira vez, o adiamento ficou a dever-se à impossibilidade de notificar dois dos três arguidos de nacionalidade chinesa e, na segunda, ao facto de ter sido nomeado um novo advogado para um dos arguidos que pediu prazo para preparar a defesa.

No banco dos réus iriam estar sentados quatro arguidos, incluindo um cidadão chinês, que estão

acusados dos crimes de associação criminosa, contrabando e dano contra a natureza.

O processo tem ainda mais dois cidadãos chineses como arguidos que vão ser julgados à parte por não terem sido localizados.

O caso resultou da operação “Saragaço”, levada a cabo pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) em Março de 2018, que culminou com a maior apreensão de meixão registada até então em Portugal, cerca de 600 quilogramas, ava-

Por forma a manter o meixão vivo durante o tempo necessário à organização das referidas viagens e até acumularem as quantidades necessárias, os arguidos utilizavam um viveiro de aquacultura e várias habitações onde montaram ou construíram tanques com água.

O meixão vivo é uma espécie protegida pela convenção CITES em virtude de nos últimos anos as suas populações terem diminuído em mais de 70 por cento, tendo elevada procura nos mercados asiáticos, quer na gastronomia, quer para fins agrícolas, onde chega a atingir um preço elevadíssimo.

Sudão China retira cidadãos

O Exército chinês enviou navios da Marinha para retirar cidadãos chineses do Sudão, face aos combates que se desenrolam há 11 dias entre o exército e os paramilitares, anunciou ontem o Ministério da Defesa da China. Em conferência de imprensa, o porta-voz do ministério Tan Kefei explicou que a China procura proteger a vida e os bens dos seus cidadãos no país africano, onde as “condições de segurança continuaram a deteriorar-se” nos últimos dias. A China começou esta semana a retirar grupos de cidadãos para os países vizinhos. Segundo dados difundidos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, mais de mil cidadãos chineses viviam no Sudão, na altura em que os combates começaram.

No início de Abril, durante a visita oficial do Presidente francês, Emmanuel Macron, à China, a Airbus anunciou a construção de uma segunda linha de montagem de aeronaves do modelo A320 de corredor único na sua fábrica em Tianjin, no nordeste da China.

A linha deve entrar ao serviço no segundo semestre de 2025, o que lhe permitirá duplicar a capacidade de produção do consórcio no país asiático, disse então o diretor- executivo da Airbus, Guillaume Faury, que integrou a delegação empresarial que acompanhou Macron na visita à China. A actual fábrica em Tianjin não chega para responder à procura do país asiático, que representa cerca de 20 por cento das entregas da fabricante europeia.

A Airbus prevê que o tráfego aéreo chinês cresça a uma taxa de 5,3 por cento ao ano nos próximos 20 anos, em comparação com um aumento de 3,6 por cento, a nível mundial. A visita do Presidente francês à China também resultou na aprovação pelas autoridades chinesas para formalizar um pedido de 150 aeronaves do modelo A320 de corredor único e dez do modelo A350, de corredor duplo e de longo alcance. O consórcio aeronáutico assinou ainda um memorando de entendimento (MoU) com a China National Aviation Fuel Group (CNAF) para cooperar com vista a um maior desenvolvimento do chamado combustível de aviação sustentável (SAF), visando diminuir as emissões de carbono do sector.

sexta-feira 28.4.2023
“Um homem com fome não é um homem livre.”
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Stevenson PALAVRA DO DIA

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