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Agroalimentar italiano: qualidade certificada

Em seu significado amplo, a palavra “qualidade” expressa o nível de satisfação em relação às expectativas de quem compra e, ao mesmo tempo, a capacidade de um produto ou serviço em satisfazê-las. Nesse sentido, trata-se de um conceito que se veste e se desveste, com diferentes significados, dependendo do ponto de vista do observador e do contexto considerado.

Atribuir uma definição a “qualidade” nem sempre é fácil. Ao longo do tempo, o termo foi enriquecido com novos conteúdos. Enquanto no passado a qualidade era reconhecida como uma atribuição subjetiva de “bom” ou “ruim”, ela assumiu, recentemente, uma conotação cada vez mais precisa. Desde a década de 1990, como resultado da globalização, o consumo de alimentos tradicionais diminuiu, sendo substituído pela demanda por produtos industrializados. É nesse contexto que alguns fabricantes começam a se destacar por atender ao consumo de um número cada vez maior de pessoas atentas ao valor nutricional, à salubridade dos alimentos e, ao mesmo tempo, sensíveis às questões de sustentabilidade. Com isso, surgiu um diferencial na produção, que passou a cuidar de aspectos dos produtos, até então, pouco considerados, tais como a ligação com o território de origem e tradição, a genuinidade, o respeito ao meio ambiente,no processo produtivo e a capacidade de geração de serviços ecossistêmicos.

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Devido à difusão dessa questão por parte dos consumidores e graças ao empenho dos produtores e técnicos, o conceito de qualidade está em constante evolução, assim como as regras que visam a regulamentá-lo. Para que a qualidade de um produto seja garantida, ela deve ser mensurável na forma de requisitos concretos e verificável com base em um regulamento nacional ou supranacional (europeu), que garanta uma avaliação unívoca. Em poucas palavras, esse é o significado da certificação de um produto.

No setor agroalimentar, as certificações são voluntárias: é o próprio produtor que, ao optar por fazer parte de uma cadeia de abastecimento certificada, aceita, sem reservas, o compromisso com o autocontrole constante da própria atividade, além das verificações da autoridade competente. O processo de aquisição de um certificado ocorre quando um organismo controlador autorizado verifica, por definições imparciais e independentes, que o produtor cumpre as regras específicas, e, apenas após o resultado positivo das verificações,

o fabricante será autorizado a apresentar no mercado o produto com tal denominação.

As marcas e logotipos de qualidade europeus (DOP, IGP, STG e produção orgânica) são uma importante ferramenta de comunicação direta com o consumidor, uma vez que visam a informá-lo de forma visual e sintética sobre as características do produto, como origem, tipicidade, segurança alimentar, métodos de produção, escolha de fornecedores e matérias-primas. As marcas de qualidade, indicadas nos pacotes ou nas embalagens, atestam a certificação e devem ser interpretadas como: “Este oferece o que promete”.

Em um mercado globalizado, quando um produto é conhecido além das fronteiras nacionais, ele provavelmente encontra a concorrência de outros, que não são igualmente genuínos, mas que talvez ostentem o mesmo nome. Isso pode resultar em danos econômicos para os produtores e em uma mensagem enganosa aos consumidores, que são induzidos a comprar cópias baratas e de má qualidade, em comparação com o produto original.

A União Europeia (EU), para salvaguardar e apoiar a excelência agroalimentar dos países membros no mercado global, aprovou a primeira legislação para a proteção de produtos agroalimentares com indicação geográfica e estabeleceu as marcas DOP, IGP e STG, em 1992. Desde 2008, o regime da UE pode ser, também, aplicado a vinhos. De 1992 até hoje, o registro de qualidade da UE cresceu exponencialmente, e a Itália é líder em produtos reconhecidos. Dos 1.400 alimentos registrados oficialmente, 315 são italianos. Dos cerca de 1.600 vinhos, 526 vêm da península. As três denominações (DOP, IGP e STG) conferem proteção jurídica aos produtos em virtude das características particulares ligadas à origem em um determinado território.

Nella Cerino

Sommelier, diretora-executiva e professora da Associação Brasileira de Sommelier (ABS) – Minas Gerais. Graduada em Enogastromia, pela Universidade dos Estudos de Ciências e Culturas Gastronômicas de Pollenzo (Itália), atua como palestrante e consultora em enologia e gastronomia.

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