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Influencers de quatro patas

Chico, à esquerda, Leo, à direita, se divertem juntos enquanto posam para fotos.

Daniela Cintra, Diogo Santos, Isabella Serena

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Foi na intenção de criar um álbum de fotos digital para Leo Capablanca, um cão da raça samoieda hoje com 8 anos, que a jornalista Simone Kanning deu início a um perfil no instagram destinado ao seu cão. Ela, que não fazia muita questão de estar envolvida com as redes sociais, acabou se empolgando ao perceber que a raça do seu cachorro era pouco conhecida no país, passando a utilizar a rede social dele com o objetivo de mostrar um pouco sobre o Leo e a sua raça.

A empolgação começou a tomar conta quando notou que o cão estava ganhando fãs a cada nova curtida, e também seguidores. No seu perfil, Leo está intitulado na categoria de “criador(a) de conteúdo digital”, com seus 11,5 mil seguidores, na qual “ele” alimenta seu feed com fotos e vídeos carregados de conteúdos geralmente engraçados, ou simplesmente para mostrar sua aparência e deixar os seguidores babando nos comentários. E como todo blogueiro tradicional, quase todas as legendas são em primeira pessoa, como a que é destinada à sua tutora Simone, na qual “ele” diz: “Você quer me vestir de Jade?”, fazendo uma comparação com a personagem da novela O Clone, devido ao fato de ele estar usando um pingente dourado pendurado descontraidamente na testa peluda.

A rotina do Leo como criador de conteúdo digital não para por aí. Ele também participa de eventos, e, antes da pandemia, Simone diz que a agenda do cão era lotada, chegando até mesmo a participar de vários eventos diferentes no mesmo dia. “Existem encontros dos Samoiedas CWB, um grupo de tutores desta raça que já existe há alguns anos. Quando fazemos isso no final do ano, costumamos nos encontrar para a tradicional foto com o Papai Noel. É uma fofura encontrar tantos ‘ursinhos’ juntos”,

Uma das consequências do álbum digital que Simone criou sem pretensões para o Samoieda, e que o tornou conhecido, são as tradicionais parcerias com empresas para divulgação de produtos ou marcas, que é algo semelhante ao que ocorre com os blogueiros(as). “Hoje nós temos cinco empresas parceiras. No ano passado, esse número era maior, mas não conseguíamos administrar todas, ou às vezes percebíamos que a marca não tinha muito a ver com o nosso perfil.”,

Diogo Santos

Redes sociais estão sendo tomadas por perfis de animais “blogueiros”

afirma Simone. Ela complementa, informando que quando surgiram as primeiras propostas, Leo sempre recebia serviços ou produtos como permuta para divulgações. Hoje, exceto por algumas parcerias antigas, pelo bem-estar do cão, a jornalista ressalta que a qualidade do produto ou do serviço é avaliada primeiramente, para que então as marcas com interesse possam fazer um investimento e ter uma divulgação no perfil do Leo.

Em um levantamento de dados realizado pela empresa de pesquisa por big data e inteligência de mercado Decode, mostrou que o Brasil ocupa o 2° lugar no mundo na busca por fotos e vídeos de bichos no Instagram. A fisioterapeuta Tassiane Batista, moradora da Paraíba, é uma destas pessoas que seguem até oito perfis de cães “blogueirinhos”, alguns fora do país. “Eu não posso ter cachorros ou qualquer outro animal de estimação peludo, pois o meu marido é alérgico, princi- palmente a gatos. Ver os vídeos e fotos desses bichinhos me ajuda a meio que suprir essa ausência de não poder ter um em casa”, comenta. Já para a médica veterinária e psiquiatra animal Fran Paese, essa posição é justificada pelo fato de que tais postagens funcionam como uma terapia em tempos difíceis: “Ver um vídeo divertido ou uma postagem bonita de um pet traz uma calma para alma e ameniza as dificuldades do dia a dia”, afirma ela, especialista em cuidar de cães considerados astros, como a Bolacha, uma simpática cachorra da raça golden retriever que já atuou em comerciais, e o Luigi, um cão da raça border collie, que não só já atuou em propagandas de produtos animais, mas também em um curta metragem.

No entanto, Paese ressalta que é preciso sempre estar de olho no bem-estar do animal, ao ponto de perceber até onde ele se diverte com toda esta atenção, e quando ela se torna incômoda. Bocejos, fugir de contato visual, se coçar com frequência, são alguns dos atos que podem traduzir um desconforto ou uma situação estressante pela qual o cão esteja passando.

Leo tem familiaridade com as câmeras e, para ele, tudo é diversão, às vezes nem chegando a notar que está sendo filmado ou fotografado, segundo sua tutora Simone. Mas, para tutores que pretendem fazer com que seu pet siga os mesmos passos de Leo, Pa- ese aconselha que os cães precisam ver fotos e vídeos como algo confortável e que os divirta, acrescentando também que treinamentos prévios podem ser uma ótima opção. “O treinamento ajuda para o dia da realização de alguma publicidade, pois o cão irá compreender que irá fazer apenas o que treinou, não sendo pego de surpresa ou se sentindo forçado a fazer algo que não goste, assim, evita-se um eventual desconforto.” O golden retriever Chico e o samoieda Leo, reúnem mais de 12 mil seguidores no instagram.

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Confira o drive com todas as fotos do ensaio fotográfico dos pet influencers Leo e Chico.

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É preciso sempre estar de olho no bemestar do animal, ao ponto de perceber até onde ele se diverte com toda esta atenção e quando ela se torna incômoda.

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