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Os verdadeiros remédios
from CDM 59
Alimentação, ansiedade, exercício físico e isolamento - como adquirir hábitos melhores para salvar vidas.
André Festa, Guilherme Kruklis, Laura Luzzi, Rafael Coelho e Romano Zanlorenzi
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Apandemia, somada ao distanciamento social e à necessidade de permanecer dentro de casa, trouxe uma preocupação ainda maior em relação à saúde e ao bem estar. Além de todas as dificuldades intrínsecas às condições impostas pelo momento, problemas econômicos têm assolado a grande maioria dos brasileiros. Sendo assim, manter uma alimentação saudável virou uma necessidade para superar esses obstáculos e conseguir manter a saúde mental em meio a esse turbilhão de emoções. Dentro de casa e, muitas vezes, com restaurantes fechados e/ou menos acessíveis - já que pedir delivery ainda é um luxo no país - muitas pessoas se viram obrigadas a cozinhar. Ademais, a ansiedade é despertada de maneira mais intensa diante desse cenário caótico e, geralmente, é descontada na alimentação, seja na qualidade ou na quantidade dos alimentos ingeridos. Sofia Frischenbruder, estudante de Medicina, é um exemplo claro da situação. Ela conta que, desde o início da pandemia, notou que a cada refeição passava a ingerir mais alimentos, e que a qualidade desses produtos só diminuía. Ela chegou a engordar oito quilos desde o início do ano passado e, por isso, decidiu buscar ajuda profissional para lidar com os problemas de sua alimentação. Frischenbruder está desde março de 2021 recebendo o acompanhamento de uma nutricionista e relata que, desde então, já pode perceber as mudanças, não somente no seu corpo - após perder seis quilos nesse curto período - mas também na sua saúde mental. Ela destaca que um dos benefícios de se sentir saudável é o aumento na sua autoestima.
Gabriela Tsuchiya, nutricionista
Segundo a nutricionista Gabriela Tsuchiya, uma alimentação saudável é fundamental para manter uma boa imunidade contra doenças que não podem ser tratadas no momento, em razão da lotação máxima dos leitos nos hospitais. Ela comenta que o mais importante é escutar o próprio corpo e que uma alimentação saudável não se baseia apenas em quantidade. “Se
você gosta de tal comida, por que não comer? Ser saudável é poder consumir de tudo um pouco.” Tsuchiya ainda ressalta que seguir dietas da moda é extremamente prejudicial para saúde física e psicológica, e relembra que o nutricionista é o único profissional capacitado para indicar o plano alimentar adequado para cada indivíduo.
A nutricionista ainda explica que há diversas diferenças entre os produtos in natura, industrializados, os minimamente industrializados e os ultraprocessados. Os primeiros não contém modificação na sua essência, como fruta, legumes, e verduras. Processados são os que passam por uma industrialização produtiva. Já os minimamente processados são passados por uma limpeza ou moagem no caso de grãos, como feijão, lentilha e outros. Ultraprocessados, por sua vez, são os alimentos que passam por alta dosagem de adição de aditivos para auxiliar na textura, sabor e aroma dos produtos. Gabriela reafirma que, durante o período da pandemia, é necessário que as pessoas mantenham uma alimentação balanceada, regada a fibras, minerais e vitaminas.
Milena Camila Maia, de 22 anos, passou por um processo parecido com o de Sofia. Ela é personal trainer e muito ativa fisicamente desde antes da pandemia. Contudo, neste período de isolamento, percebeu que ingeria alimentos de baixo valor nutricional, o que a atrapalhava, inclusive, nas sessões de treinamento. Em apenas um mês, a profissional de Educação Física engordou dois quilos e percebeu que não poderia continuar agindo da mesma forma se quisesse manter a saúde em dia, já que, em casa, o gasto energético cai muito se comparado a um cotidiano agitado de professora, que ela tinha antes desse cenário.
Para Maia, uma alternativa foi começar a cozinhar suas refeições, o que era impossível antes, já que dificilmente estava em casa. Milena relata que esse período de trabalho remoto a auxiliou no processo de mudança, uma vez que passou a ter mais tempo para se planejar. A personal trainer explica que o exercício e a alimentação têm uma relação bastante direta e que os benefícios de levar uma vida saudável vão muito além da estética.
“Melhorei meu sono 100%. Aumentou minha disposição, autoestima, autocontrole, sensação de eficácia. A vida agora é outra”, relata Milena.
Mas as mudanças não foram percebidas só de maneira individualizada. A engenheira de alimentos, na Stival Alimentos, Aline Cosmo comenta sobre o aumento da produção e da procura dos mercados por comidas mais saudáveis ou de produtos que possam ser entregues via delivery. “Como as pessoas estão cozinhando
mais, percebemos um aumento da procura por alimentos nos mercados. As compras estão sendo mais voltadas para o que pode ser cozinhado dentro de casa’ ‘Outro ponto percebido pela profissional foi o aumento da procura por mercados de bairro, mais próximos das residências, uma vez que acredita-se que haja menor chance de aglomeração de pessoas dentro desses estabelecimentos.
Milena Maia, personal trainer
Acervo Pessoal