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Hábitos alternativos e saúde mental
from CDM 59
Terapeuta conta como hobbies e hábitos saudáveis ajudam no quadro emocional
Beatriz Artigas, Bernardo Gonzalez e Thamyris Candea
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Bernardo Gonzalez Naomi Isobe, de 21 anos, conta que todos os dias realizava caminhadas até a faculdade, onde cursa psicologia. Caminhava da faculdade até o estágio, no Tribunal Regional Eleitoral no Paraná, e, ao final do dia, também se deslocava a pé de volta para casa, no bairro Água Verde. No total, Naomi andava aproximadamente 6 km com esses trajetos. E, aos domingos, dançava no clube esportivo Nikkei das 14 às 19 horas.
Quando a pandemia do Covid-19 começou, assim como a quarentena, a estudante de Psicologia cessou todas as atividades “a gente achava que ia ficar só umas duas semanas em casa né, daí não achei problema em parar de me exercitar”, recorda com pesar. Com a nova rotina, teve que criar novos hábitos: corridas às 6 horas da manhã, antes da aula do ensino à distância começar. Mas essa motivação logo acabou, uma vez que as duas semanas de quarentena viraram meses.
Assim como Naomi, a professora Alesandra Ribas, 38, também tinha o hábito de se exercitar antes da pandemia: fazia academia e fit dance pelo menos quatro vezes por semana. Parada em casa, a professora percebeu que precisava se exercitar e se movimentar de alguma maneira. Então, decidiu comprar uma esteira para fazer caminhadas. A meta é caminhar, por dia, cinco quilômetros. Ribas também acompanha uma influenciadora fitness nas redes sociais, seguindo o plano de exercícios funcionais dela.
Praticar exercícios e se adaptar durante a quarentena não é a única semelhança entre a professora e a
estudante de Psicologia. Ambas procuraram fazer atividades alternativas em casa pelo bem da saúde mental: a pandemia piorou os estados de ansiedade e estresse.
Além da ajuda no lado psicológico, a prática de exercícios físicos nesses tempos de colapso na saúde: estudos divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em janeiro de 2021, afirmam que a população no Brasil se exercita menos do que deveria. Dados apontam que um em cada dois adultos não faz atividade física. Os danos do sedentarismo são inúmeros: aumento de peso, apneia do sono, doenças cardiovasculares e diabetes são alguns deles. E, com a pandemia, as comorbidades citadas podem levar um paciente com o Covid-19 para um estágio mais grave. Um estudo feito na França confirma que o risco de hospitalizações foi 32% maior para pessoas que não praticavam nenhum tipo de atividade física.
Ainda na tentativa de conciliar trabalho, convivência familiar, estudo e o estado emocional, Naomi Isobe conversou com sua terapeuta sobre algo que ela poderia fazer para aliviar os nervos. “Pensei sobre fazer meditação e minha psicóloga achou uma boa. Iniciei no começo da manhã e no fim da noite, é como se desligar do mundo e dos pensamentos do dia”, relata a estudante.
Para a psicóloga Gisele Souza, a pandemia trouxe uma abertura ainda maior para a prática dessas atividades, até mesmo para terapias alternativas. “Processos de terapia que se ampliaram além da terapia tradicional para tratamentos holísticos, alternativos, como costumamos falar, mas que já não estavam sendo considerados desta maneira”. Terapias alternativas, como cristais, reiki, thetahealing, barra de access, espiritualidade, tarot, astrologia, florais, acupuntura e constelação ficaram mais famosas nos tratamentos clínicos, segundo a terapeuta. Hobbies também estão sendo mais adquiridos pelos pacientes, como o bordado, crochê, pintura e culinária.
A psicóloga também conta que os relatos sobre a busca por atividades tem se tornado cada vez mais comuns, visto que o estado emocional - daqueles que permanecem fazendo o isolamento social - é cada vez mais delicado e estes buscam mudar o estilo de vida em busca da melhora emocional.
Segundo dados retirados da ferramenta Google Trends, pesquisas na plataforma de pesquisa sobre ioga, hobby e exercícios em casa tiveram um aumento significativo.
Os benefícios da adoção de práticas mais saudáveis e alternativas para o bem da saúde mental são imensos, e, como a própria terapeuta descreve, “muitas vezes não tem como nem mensurar”.
Não espere estar motivado para começar uma atividade, use o exercício para criar uma motivação. Criar hábitos saudáveis aos poucos e começar uma atividade devagar para o corpo e mente irem se acostumando com a nova rotina. Ter o auxílio de um especialista é fundamental para ajudar e evitar problemas. E por fim, celebre cada objetivo alcançado.
Bernardo Gonzalez