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Piratas do céu
Piratas no céu
Voos clandestinos ameaçam segurança do espaço aéreo brasileiro
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Yuri Bascopé
Oacidente aéreo que vitimou o cantor Gabriel Diniz no fim de maio de 2019 trouxe à tona um assunto aos noticiários: a segurança na aviação brasileira privada e executiva. Enquanto a aviação comercial do Brasil não tem um acidente com vítimas desde julho de 2007 (Voo TAM 3054), a aviação privada e executiva teve de 2008 a 2017, 1.187 acidentes e 513 incidentes investigados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), uma média de 118,7 acidentes por ano.
Até a data de fechamento desta reportagem (12 de junho de 2019), o que se sabe sobre a queda é que o cantor estava em um voo pirata e que a aeronave pertencente ao Aeroclube de Alagoas só tinha permissão para voos de instrução e não de táxi-aéreo. Por um vídeo postado no dia anterior no Instagram de Gabriel Diniz, também é possível notar que alguns dos instrumentos da aeronave não estavam operando corretamente. oferecendo o “taca”, nome pelo qual é chamado o transporte aéreo irregular, com um custo muito menor para o contratante.
A falta de fiscalização adequada para a aviação executiva e privada é um fator que contribui muito para o grande número de acidentes em aviões de pequeno porte. Como as empresas de táxi-aéreo precisam pagar taxas de operação e investir no treinamento adequado de seus pilotos, o valor da viagem para o passageiro fica alto e isso abre espaço para o surgimento de empresas piratas
Yuri Bascopé
“Tudo na aviação é muito caro, não tem quem faça milagre. A pessoa que contrata esse serviço vai gostar, porque está pagando mais barato que o outro, só que ele não vê os perigos”, diz o piloto Renan Procópio.
“Os aviões de pequeno porte não são inseguros, mas eles têm o seu limite, assim como o ser humano que está o operando. Se você não instrui o piloto corretamente para o voo naquela aeronave, ou em simuladores que criarão situações adversas, o risco de acidente aumenta. Não é apenas um fator que derruba um avião, são vários elos de uma corrente. Aí junto com a má instrução do profissional, tem a má manutenção adequada da aeronave, a falta de CRM (sigla em inglês para Gerenciamento de Recursos de Tripulação), que no fim, causam a tragédia”, completa.
“Se você não instrui o piloto corretamente para o voo naquela aeronave, ou em simuladores que criarão situações adversas, o risco de acidente aumenta.” Renan Procópio, piloto de avião
O alto número de acidentes que tomam os jornais praticamente todo o mês no Brasil não desmotiva o estudante Thiago dos Santos a continuar voando executivamente. Ele voa desde criança e prefere os aviões privados, porque eles não têm as mesmas burocracias de embarque dos voos comerciais. Segundo ele, o avião também é mais reservado e mais confortável. denúncias. Além dessas atividades de fiscalização in loco, a ANAC investe fortemente em ações de inteligência, como a intensificação da campanha “Voe seguro, não use táxi- -aéreo clandestino”, realizada em conjunto entre a ANAC e o Ministério da Infraestrutura. O objetivo da campanha é conscientizar os usuários sobre os riscos de contratar um serviço irregular de táxi-aéreo. Nas ações de fiscalização, somente em 2019 a ANAC interditou 49 aeronaves e suspendeu sete pilotos após apuração da prática de táxi-aéreo irregular. Em 2018, foram 23 aeronaves interditadas e 19 pilotos suspensos. “Eu sei que a minha vida está nas mãos dos pilotos e na segurança da aeronave, mas não me preocupo quanto a isso pois confio no serviço oferecido.” Thiago dos Santos, passageiro
“Eu sei que a minha vida está nas mãos dos pilotos e na segurança da aeronave, mas não me preocupo quanto a isso, pois confio no serviço oferecido. Tenho um histórico de pilotos na família, então eu sei mais ou menos como funcionam as coisas. Com essa experiência, fica fácil de identificar quando tem algo estranho”, disse ele.
Via assessoria de imprensa, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) disse que a fiscalização das aeronaves e pilotos da aviação civil brasileira é feita de forma programada, não programada e sempre que há Além das ações de fiscalização, a ANAC considera importante que o contratante e o operador também tenham ciência da responsabilidade de contratar e operar um serviço autorizado pela ANAC, por isso, o órgão realiza campanhas educacionais que os incentivam a consultarem a regularidade da empresa e aeronave contratadas. A agência lançou, em abril deste ano, o aplicativo VOE SEGURO-táxi aéreo, que permite aos usuários consulta on-line da empresa e aeronave e possibilita a contratação de um transporte legal e regular, autorizado e fiscalizado pela mesma.
Yuri Bascopé