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O microfone também é delas
O microfone também é delas! Mulheres vêm conquistando cada vez mais um espaço que antes era predominantemente masculino
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Não é novidade para ninguém, as mulheres conquistaram seu espaço no jornalismo esportivo, ainda mais após a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, quando a Fox Sports Brasil transmitiu algumas partidas do torneio com uma equipe de reportagem inteira composta por mulheres. passos desses ícones radialistas, vozes femininas começam a ganhar espaço nas transmissões regionais. Quem gosta de futebol, provavelmente, já ouviu a respeito de uma negociação de jogadores, sobre bastidores do esporte ou a informação de um gol na voz de Monique Vilela, atualmente repórter na Rádio Banda B.
“O rádio faz parte da minha vida, antes mesmo de eu me formar jornalista e trabalhar com esporte no rádio.” Monique Vilela, repórter na Rádio Banda B
No Paraná, o rádio esportivo sempre foi marcado por homens à frente dos microfones. Nomes como Lombardi Junior, Carneiro Neto, Edgard Felipe e vários outros eternizaram seus gritos de gol na memória de muitos torcedores paranaenses. Seguindo os
Monique iniciou sua trajetória no rádio em 2008, na Rádio Mais, de São José dos Pinhais, onde trabalhou tanto no jornalismo quanto no esporte. Foram dois anos na Rádio Mais até que sua qualidade a levou para a Rádio Banda B, em dezembro de 2010. “O rádio faz
Arquivo pessoal
O gosto pelo rádio é de infância e, agora, Monique pode aliar esta paixão com a profissão.
O Futebol é uma paixão que Tabata cultiva desde pequena, já que com uma família ligada ao esporte, a jornalista cresceu em estádios.
parte da minha vida, antes mesmo de eu me formar jornalista e trabalhar com esporte no rádio. O costume de escutar rádio o dia inteiro vem da infância e, agora, poder juntar esta paixão com a profissão me deixa realizada profissionalmente”
Após mais de uma década participando das transmissões como repórter de campo, Monique relata que apesar de enfrentar um ambiente masculino, nunca sofreu com preconceito. “Vejo muitos relatos de colegas de trabalho que sofrem com o preconceito. Eu, felizmente, nunca sofri nenhuma situação dessas. O que acontece, às vezes, é uma parte da torcida proferir ofensas, mas isso não é exclusivamente direcionado ao fato de eu ser mulher. A maioria das vezes é porque damos uma notícia que a torcida não gosta”, afirma a repórter.
A vida de repórter de campo apresenta dificuldades, mas também traz momentos bons para a profissional. Um exemplo disso fica por conta do relato de Monique Vilela sobre a cobertura da Copa Sul-Americana de 2018, que resultou na primeira conquista internacional por uma equipe do Estado do Paraná, o Athletico Paranaense. “Acompanhei toda a trajetória do time na competição, do começo ao fim, em uma década de trabalho. Esse foi o momento mais marcante.” Apesar de a maioria dos nomes do rádio esportivo paranaenses ser de homens, as jornalistas da área também podem se inspirar em outras mulheres. Tabata Viapiana assumiu os microfones como repórter de campo em 2010, também na Rádio Banda B, onde exerceu até 2013 a função, quando foi contratada pela Rádio CBN, para cobrir as equipes visitantes nos jogos das equipes da capital e se estabeleceu cada vez mais no departamento de jornalismo.
Tabata tem como grande inspiração alguém com uma proximidade muito grande. Sua tia, Sônia Nassar, foi a primeira mulher a cobrir futebol no Paraná. “Ela entrava no vestiário e entrevistava os jogadores junto com os demais jornalistas da época. Trabalhou 30 anos na Tribuna do Paraná, tinha até uma coluna: ‘Plumas e paetês’. Era atleticana fanática e não escondia o time do coração, mas, mesmo assim, era respeitada pelos adversários e discutia futebol de igual para igual com qualquer homem, em mesas redondas na TV”.
A influência da tia, se reflete diretamente no desenvolvimento de Tabata como jornalista. O fato de fazer parte de uma família que sempre frequentou estádios fez da repórter uma profissional apaixonada pelo rádio paranaense. “Cresci em estádio de
futebol, com uma família muito ligada ao esporte. Acompanho e me interesso por várias modalidades para além do futebol, joguei vôlei quando era adolescente. Futebol é uma grande paixão que cultivo desde pequena.
A PIONEIRA NO RÁDIO ESPORTIVO PARANAENSE (TETÊ MOTA)
A história do rádio esportivo paranaense teve um importante capítulo em agosto de 2018, quando a ex-repórter
de campo, Ana Tereza Mota, a “Tetê”, narrou uma partida de futebol válida pela 26ª rodada da Série B deste ano. Tetê assumiu o comando da transmissão na Rádio Coritiba, se tornando a primeira mulher a narrar futebol no Rádio paranaense. Após formada, Ana começou a trabalhar com rádio e televisão. Deixou os microfones de lado e foi dedicar-se às telinhas, e vinte anos depois, está novamente no rádio paranaense mas dessa vez como narradora, primeira do Estado. “Fui procurada pela
“Os machistas que me desculpem, mas terão que admitir que mulher entende sim de futebol e já provamos que somos capazes de trabalhar neste meio.” Ana Tereza Mota “Tetê”, narradora da Rádio Coxa
Ana conta que, desde os 15 anos, ela já pensava em trabalhar com o futebol e foi na faculdade de Jornalismo que encontrou o caminho para realizar seu sonho de ser repórter de campo. “Comecei a fazer estágio e aprender na prática logo no primeiro ano da faculdade. Um dos meus primeiros estágios foi na Rádio Educativa FM, onde eu apresentava o Programa Educativa nos Esportes todos os dias. Na época, o estágio em jornalismo não era remunerado, mas eu via todas as chances como aprendizado”.
Comunicação do Coritiba em 2018. Eles queriam reformular a Rádio Coxa, mas quando me falaram que eu seria a narradora tive um choque pois era algo que eu nunca tinha feito e nunca tinha pensado em fazer. Como faltavam ainda dois meses para a estreia da rádio, comecei a treinar em casa, onde ligava a TV e gravava a narração dos jogos no meu celular. Coitado dos meus vizinhos (risos), pois eu soltava o grito de gol tarde da noite. Depois eu ouvia gravação na íntegra para me avaliar, e mostrava o áudio para a família e amigos para ter uma opinião de fora também”.
Apesar do cenário ainda dominado pelo público masculino, “Tetê” vê com otimismo a ascensão das mulheres a novos cargos no rádio esportivo paranaense. “A presença das mulheres no futebol é irreversível. Os machistas que me desculpem, mas terão que admitir que mulher entende sim de futebol e já provamos que somos capazes de trabalhar neste meio sem diferença alguma. Acho que já passou da hora de pensarem que mulher que trabalha com futebol é Maria Chuteira, que quer ‘pegar’ jogador. Meu desejo é que as mulheres estudantes de Jornalismo, que amam futebol como eu, lutem pelo seu espaço e não desistam desta batalha. Espero que eu seja a primeira de várias narradoras que o Paraná poderá ter”.
Inspirada em Renata Silveira da Fox Sports e Isabelly Morais da Rádio Inconfidência de MG, a narradora recebeu aceitação por grande parte do público que ouve as transmissões na rádio e atualmente, é o principal canal de comunicação do Coritiba.
“ELA FOI A PRIMEIRA MULHER A COBRIR FUTEBOL NO ESTADO.” (SONIA NASSAR)
Sonia Regina Nassar, repórter de campo fez história no jornalismo esportivo paranaense ao cobrir partidas de futebol no jornal Estado do Paraná, fato inédito para uma mulher, até então. Nascida em 1951, Sonia começou sua carreira como repórter aos 17 anos, antes de concluir sua formação como jornalista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) no início dos anos 1970. Ingressou no jornal Tribuna do Paraná, onde se estabeleceu como repórter de campo, mostrando toda sua ousadia nas entrevistas dentro dos vestiários e compromisso com a informação.
Arquivo pessoal
Sonia entrevistando o técnico Telê Santana.
A revolução do pop
Como Oliver Tree e Billie Eilish estão quebrando o estigma de que a música pop é um produto genérico e sem personalidade
Yuri Bascopé
De umas décadas para cá, o pop internacional tem sido sinônimo de música genéricas, com artistas em roupas apelativas (não todos) e sem grande inovação musical. Os anos 2000 e 2010 despejaram no cenário artistas como Backstreet Boys, Justin Timberlake, Britney Spears, Beyoncé, Rihanna, Taylor Swift, Nelly Furtado e etc, que apesar de seus talentos vocais inegáveis, pareciam todas terem as suas músicas compostas pelos mesmos produtores, algo sem muita personalidade.
Felizmente o fim desta década trouxe uma luz no fim do túnel, com o surgimento de dois artistas inovadores no cenário. Billie Eilish e Oliver Tree são um alento para um estilo musical que estava desgastado e sempre tendo o mais do mesmo. Eilish e Tree representam o sucesso dos excluídos durante a fase escolar, aqueles que não se enquadravam no perfil do menino musculoso e com potencial para colírio da Capricho, ou a menina que precisava se vestir com roupas sensuais apelativas (a là Pussycat Dolls) para conseguir algum tipo de atenção dos demais. São as suas peculiaridades que dão o charme da coisa.
“Ipsuntio. Et hariasi nvellab iur, non prae Tree trabalha muito bem a sua estética, ao usar uma peruca tigelinha bizarra, com um óculos que esteve na moda no início dos anos 2000, roupas coloridas e com in
fluências do Vaporwave e por incrível que pareça, um patinete! Nas letras, versos raivosos e batidas que trazem referências do rock, pop, rap e trap.
Eilish possui um talento vocal tão grande que algumas de suas músicas dispensam instrumentos que reproduzem acordes. Uma batida eletrônica basta. Ela faz as suas notas e dá vida a melodia. O talento da americana é tão reconhecido que até o Bring Me The Horizon, que há anos está ligado com o cenário do metal, fez um cover de When The Party’s Over, sem alterar a sua melodia bruscamente a melodia.
Cheia de energia, dona de cabelos coloridos, olhos verdes hipnotizantes e uma expressão corporal que a sociedade conservadora facilmente rotularia como “não tão feminina”, Eilish quebra padrões de moda. O recado é simples: seja você mesma, vista o que quiser.
Depois de anos de mesmice e falta de personalidade, o pop encontrou os seus revolucionários. E que o exemplo desses artistas sirva para a próxima geração como inspiração e não um modelo a ser copiado.
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