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Depressão e ansiedade no ambiente acadêmico

Depressão e ansiedade no ambiente acadêmico Transtornos emocionais como depressão e ansiedade causam afastamento da vida acadêmica e social

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Se você é universitário ou conhece alguém que seja, provavelmente já sentiu, presenciou ou ficou sabendo sobre um caso de depressão e ansiedade no ambiente acadêmico. Quem acha que esses problemas são as mesmas coisas, deve estar ciente de que a depressão é uma doença descrita pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V) em que a pessoa pode apresentar os seguintes sintomas: humor deprimido na maior parte do dia ou irritável, anedonia (perda de capacidade de sentir prazer), perda ou ganho de peso sem a pessoa estar fazendo dieta, insônia ou hipersonia, agitação ou perda psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa exagerada, diminuição na capacidade de concentração ou indecisão, pensamentos de morte. do da faixa etária. Como exemplo, podemos citar que crianças e adultos - jovens muitas vezes são incapazes de identificar os sintomas ansiosos ou depressivos e por essa razão acabam sofrendo com dores sem que haja uma causa orgânica que justifique essa sensação.”

Já a ansiedade é uma reação do organismo frente a uma situação de estresse ou tensão. Apesar de ser uma condição natural do corpo humano e ser benéfica em pequena escala, a ansiedade se torna prejudicial para a saúde mental assim que se instala no quadro generalizado, tendo sintomas como: preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, acompanhada de inquietação, taquicardia, fadiga, irritabilidade, tensão muscular, perturbações do sono e dificuldades de concentração.

Segundo o psiquiatra Luis Felippe de Camargo Abagge, tanto a ansiedade como a depressão não têm um momento específico ou mais propício para se manifestar no corpo humano e pode ocorrer em qualquer fase da vida. “Não existe idade para ter esses problemas, o que pode acontecer é que as causas e os sintomas desses transtornos podem variar dependenatividades físicas, respeito a rotinas) e com fatores de proteção, como ciclo de amizades ou apoio familiar.”

“Quando não conseguia cumprir um compromisso ou entregar um trabalho, ficava me culpando, como se fosse um remédio pra curar minha dor.” Damaris Pedro, estudante de Jornalismo

Abagge ainda ressalta que o estudantes universitários representam uma boa parcela das pessoas que buscam auxílio médico para tratar distúrbios psicológicos. “Durante a graduação, as exigências do próprio curso e expectativas em relação à profissão escolhida podem gerar muitos sintomas ansiosos e algumas vezes depressivos. Claro que o desenvolvimento desses problemas terão relação direta com traços de personalidade pré-mórbidos, com hábitos de vida do paciente (uso de drogas, realização ou não de

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o Brasil é um dos países com maior índice de pessoas com depressão, tendo mais de 5,5% da população sofrendo com a doença, enquanto que 9,3% dos brasileiros sofrem de transtornos de ansiedade. O relatório divulgado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) em 2016, analisou mais de 900 mil estudantes de universidades federais do Brasil e apontam que a maioria dos graduandos que sofrem com esses transtornos são mulheres, em maior parte na faixa etária de 17 anos ou menos, representando quase 23% dos entrevistados, enquanto que entre os homens a maior procura por tratamento acontece após os 25 anos, sendo quase 20% dos universitários.

ansiedade e depressão. “O maior pico de ansiedade que eu tive veio com a faculdade, que se tornou um grande compromisso a mais na minha agenda diária. Minha depressão se acentuou quando percebi que sempre estava atrás dos meus colegas, não tinha o mesmo desempenho que eles. Cada vez que não consigo cumprir um compromisso, entregar um trabalho, fico me culpando depois, como se fosse um remédio pra curar minha dor de ser assim.”

A jovem relata que apesar de sofrer com esses transtornos, obteve uma melhora significativa após o início do tratamento. “Eu procurei ajuda médica para tratar a ansiedade e a depressão, mas o que foi fundamental para mim foi toda a preocupação que dois professores tiveram comigo. Eles me orientaram a buscar a mentoria com a psicóloga da Escola de Comunicação e Artes da universidade, que foi soa. Exercício físico, aeróbico, alimentação saudável, relações sociais, estar mais no agora do que no futuro, contemplar coisas simples, como uma flor bonita, respirar mais profundamente sempre (ansiosos respiram pouco), podem ajudar no tratamento e aliviar as tensões causadas por esses distúrbios.”

excelente para mim, uma profissional muito bem preparada que uma vez por semana me ajudava a controlar meus problemas naquela altura da graduação.”

A psicóloga Renata Morelli afirma que o ambiente acadêmico contribui para o desenvolvimento de transtornos psicológicos pelo fato de ser um lugar com exigências específicas, tanto de desempenho, quanto da demanda social. Segundo Morelli, se a pessoa lida bem com as exigências e consigo mesmo, geralmente, não tem muitos problemas. Porém, se a pessoa tem dificuldades no enfrentamento de problemas, autoestima baixa e auto exigência, aparecem os problemas. “O tratamento nesses casos devem ser feitos por profissionais especializados (tratamento médico e psicológico), se for apenas um desconforto de uma ansiedade constante, existem outras atividades que podem auxiliar a pesde e dormia até o dia seguinte.”

“Desde que comecei a ter crises de ansiedade, perdi totalmente a vontade de sair de casa.” Juliana Santos, estudante de Educação Física

Juliana Santos é estudante de Educação Física, e atualmente, está no último período do curso. Jovem e ativa, ela conta que com o desenvolvimento da doença foi deixando de lado atividades que faziam do seu cotidiano dias mais produtivos e animados. “Desde que comecei a ter crises perdi totalmente a vontade de sair de casa, justamente pelo fato de ter medo de ter crise na frente de outras pessoas. Na época reprovei em várias disciplinas, seja por faltas ou por não ter ânimo nenhum pra estudar e fazer os trabalhos, já que chegava da faculda

Após um longo período sofrendo com ansiedade e depressão, Juliana procurou ajuda profissional no início de 2018, antes disso, a estudante considerava algo ineficiente procurar ajuda médica, e somente após o conselho de sua melhor amiga procurou o psicólogo da universidade. “O psicólogo me indicou a medicação, porém continuei relutando contra o tratamento, porém, após algumas crises que tive meus pais decidiram pagar um psiquiatra para mim, contra a minha vontade, mas foi o melhor para mim, e hoje vejo como me ajudou, desde as consultas com o profissional da universidade até o apoio dos meus professores que se disponibilizaram a me ajudar sempre que eu precisasse.”

“Eu deixei de sair, deixei de viajar, deixei de ir a festas, até para a aula eu não ia.” Rafaela Fernandes, 22, estudante de Biologia, antes de aprender a lidar com ansiedade.

“Parece que perco o controle. O peito dói, falta ar, só consigo pensar em coisas ruins.”

Suelen Coriolano, 21, estudante de Direito, procurou ajuda após o contato da reportagem.

“Eu larguei a faculdade e minha vida pessoal ficou de ‘pernas para o ar’ em todos os aspectos. Algumas coisas causadas por ansiedade, outras foram ocasionadas pela depressão.”

Camila Marchini, 20, estudante de Zootecnia, faz tratamento para depressão.

“Eu fiquei bem mal, fui até parar no hospital, mas hoje, estou muito bem.” Rita Vidal, 19, estudante de Jornalismo, faz tratamento para ansiedade.

“Teve uma vez em que estava em um momento de descontração com duas amigas, e de repente me bateu um sentimento de desespero e medo. Hoje, não consigo mais sentir aquela sensação ruim.”

Thalita Cardoso, 21, estudante de Educação Física, faz tratamento para depressão e ansiedade.

“Sabe aquela sensação de ‘preciso estudar mas não estou estudando pois estou preocupada com o que preciso estudar’? Tenho bastante disso.”

Isabela Leonor, 19, estudante de Educação Física, procurou tratamento após contato da reportagem.

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