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AGRÍCOLA
Setembro 2020
INCÊNDIOS DEVASTAM CANAVIAIS CAUSANDO MUITOS PREJUÍZOS FOTOS DIVULGAÇÃO
Queimadas têm exigido a antecipação da renovação das lavouras ANDRÉIA VITAL
Os incêndios criminosos ou acidentais nos canaviais são motivos de preocupação para o setor sucroenergético, pois são grandes os prejuízos financeiros e ambientais causados pelas queimadas. A chuva, que chegou com a primavera, ajudou a amenizar os focos de incêndios, mas os danos foram enormes, sendo que mais de 11 mil hectares de cana foram atingidos pelo fogo, o equivalente a 0,2% da área de cultura no estado de São Paulo, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA). Em geral, a maioria dos focos de fogo nas plantações tem origem nas áreas próximas as rodovias ou que tenham acesso fácil da população. Bitucas de cigarro, fogueiras, limpeza de terrenos, soltura de balões, latas ou vidros, até mesmo garrafas pet, que com a ação do sol podem iniciar o fogo, são as principais causas dos incêndios. “Infelizmente o dano causado por essas ações atinge não só o produtor de forma direta, mas a perda ocorre também para a sociedade, prejudicando ainda mais a qualidade do ar, além de uma perda irreparável ao meio ambiente”, afirma a Associação Rural Vale do Rio Pardo (ASSOVALE), que atende fornecedores da região de Serrana (SP). Em se tratando dos produtores rurais, além dos prejuízos econômicos e riscos à vida no combate aos incêndios, por diversas vezes, são acionados criminalmente, administrativamente e civilmente, até comprovarem ausência de responsabilidade na ocorrência do incêndio. Os agricultores também se tornam alvo direto de acusação por vezes infundadas, pela sociedade que desconhece os transtornos causados pelo incêndio criminoso. Para se ter uma ideia, de acordo com um levantamento feito pelo Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) e Polícia Ambiental os focos contabilizados totalizam 12,9 mil hectares entre matas e canaviais e motivaram R$ 1,037 milhão em autos de infração. Segundo a ASSOVALE, a maioria
“A campanha é realizada durante o período mais seco do ano, quando historicamente a ocorrência de focos de incêndio é maior”, explica Mônika Bergamaschi, presidente do Conselho da ABAG/RP. O mapa do estado com as áreas com maior suscetibilidade à ocorrência de incêndios, o “Indicativo de Incêndios”, será também divulgado no hotsite da Campanha: www. incendiosprevina.com.br, e nas mídias sociais da ABAG/RP e dos parceiros.
QUEIMADAS EXIGIRAM A REFORMA DE CANAVIAIS
Rogério Consoni Bonaccorsi, com fazenda localizada em Luiz Antonio (SP), também sofreu os impactos dos incêndios que atingiram a região. “Na minha propriedade tivemos prejuízos na brotação do canavial, portanto foi preciso antecipar a reforma de 20 hectares”, contou. Bonaccorsi explica que o fogo atingiu sua lavoura no dia 27 de julho e a causa foi o descuido e/ou negligência de um caminhoneiro que jogou uma bituca de cigarro, embora tiveram todos os tipos de incêndios na região. A região de Jaboticabal (SP) também foi muito afetada pelos incêndios. “Independente da causa, os prejuízos agrícolas e ambientais são enormes. Os produtores e usinas têm trabalhado muito com suas brigadas de incêndio para chegar rápido aos focos e minimizar os problemas causados por incêndios acidentais ou criminosos”, comenta Paulo Rodrigues, do Condomínio Agrícola Santa Izabel. Para evitar maiores prejuízos, campanhas de conscientização e orientações são feitas regularmente. “Há quase uma década, a ASSOVALE orienta seus associados, enfatizando a importância da metragem e da manutenção dos aceiros, principalmente de divisa com as vegetações nativas, que devem ser superiores a seis metros. Por isso é feita periodicamente laudos periciais preventivos nas áreas dos associados objetivando documentar essas ações”, afirma a entidade. É o caso também da campanha de Campanha de Conscientização, Prevenção e Combate aos Incêndios, uma iniciativa da ABAG/RP, Usinas e Produtores Rurais, que já está em sua 6ª edição. A iniciativa traz dessa vez, diariamente, desde julho, informações sobre as áreas mais suscetíveis aos incêndios em todo o estado de São Paulo, que são divulgações nos telejornais da EPTV, durante a previsão do tempo. O "Indicativo de Incêndios” é feito pela Somar Meteorologia para todo o território paulista. Foi desenvolvido um modelo no qual são correlacionados dados de condições observacionais, e de previsão de chuva em curto e médio prazo, além de umidade relativa, balanço hídrico, e outras variáveis meteorológicas que permitem indicar, com maior precisão, as áreas e regiões com maior potencial de risco de ocorrência e propagação de incêndios. Neste ano, os parceiros da Campanha são: ABAG/RP; Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba (Socicana); Grupo Biosev; Grupo Pedra Agroindustrial; Grupo São Martinho; Grupo Tracan; Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana; Sindicato Rural de Morro Agudo; Tereos Grupo Empresarial; Ipiranga Agroindustrial; Usina São Francisco – Grupo Econômico Balbo; Usina Santa Fé e Usina Santo Antônio – Grupo Econômico Balbo.
dos acionamentos recebidos por sua Brigada foi para atender incêndios em área com cana colhida, envolvendo assim um empenho conjunto com produtores para o controle rápido e eficaz do fogo para evitar que atingisse a vegetação nativa existente ao
redor. Mas, em muitos casos, são matas fechadas que dificultam o acesso o que compromete o combate ao fogo e aceleram a sua propagação. Como exemplo, recentemente, em um final de semana, a Brigada foi acionada para controlar o foco
de incêndio próximo a Serrana, que se alastrou por áreas de associados e não associados. Mesmo com o intenso esforço para conter a queimada, por mais de 72 duas horas no seu combate, o fogo atingiu três municípios.