JornalCana 319 (Setembro/2020)

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AGRÍCOLA

Setembro 2020

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USINAS E FORNECEDORES DE CANA SE UNEM NO COMBATE AO FOGO FOTOS DIVULGAÇÃO

Áreas atingidas por incêndios apresentam uma perda de massa de cana (toneladas) da ordem de 15% ANDRÉIA VITAL

As diversas ocorrências de incêndios registradas durante o inverno exigiram investimentos expressivos de usinas e fornecedores de cana para proteger o canavial. Considerado o seu maior ativo, as lavouras de cana representam 60% dos custos de produção de açúcar e etanol. De acordo com a Raízen, de forma geral, as áreas atingidas por incêndios apresentam uma perda de massa de cana (toneladas) da ordem de 15%. Isso gera uma necessidade de 1,3 a 2,3 R$/tc de custo pra repor a biomassa perdida. Levando esses fatores em conta, a estimativa da companhia é de um prejuízo na ordem de R$ 25/toneladas de cana queimada. Na última safra, o valor do impacto na Raízen em função da perda de cana gerada pelos incêndios agrícolas superou os R$ 40mm. “É importante contextualizar que esse cálculo é complexo e é impactado por diversos fatores externos que são difíceis de serem isolados do custo total de produção. Fatores como o tipo produto que a indústria está fabricando, variedade e mês de colheita da cana, idade do canavial, localização da fazenda atingida pelo incêndio e variações nos custos de insumos”, explicou Rodrigo Morales, gerente corporativo de Logística da Raízen. A companhia faz um investimento anual em prevenção e combate a incêndios de R$ 28 milhões. Possui uma grande estrutura de brigada, com 80 caminhões pipas e 23 frotas leves para fiscalização, sendo que o plano para 2021, é ter 171 caminhões, 28 veículos e investimentos em automação. Além disso, a empresa conta com um protocolo interno de combate a incêndios em coberturas vegetais e tem 315 colaboradores dedicados à área de proteção e combate e 1.100 brigadistas nas operações agrícolas. Recentemente, a companhia promoveu um webinar para debater o

tema com representantes da Polícia Ambiental e Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. O evento teve como objetivo discutir as melhores práticas do setor, apresentar dados do Governo do Estado no enfrentamento às queimadas e à evolução do setor em ações preventivas, como impactos ambientais e toda a cadeia sustentável do processo, além das principais técnicas de combate ao fogo, entre outros. Na ocasião, Sérgio Marçon, coordenador de Fiscalização e Biodiversidade da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, mostrou os eixos de atuação do governo estadual e ressaltou a parceria de longa data com o setor sucroenergético. O coordenador destacou as diretrizes do Protocolo Agroambiental Etanol Mais Verde, cujo objetivo é a produção com sustentabilidade e o comprometimento em realizar a colheita mecanizada, além de efetuar restauração de suas áreas de preservação permanente. Assim, atualmente, aproximadamente 99,6% de toda cana-de-açúcar cultivada em São Paulo é colhida sem queima. Nesta temporada, a iniciativa conta com 1806 brigadistas, 208 caminhões-pipa, 20 PAM (Plano de Auxílio Mútuo); 2 RINEM (Rede Integrada) e Manutenção de Aceiros e comentou que desde o início do protocolo, a redução das autorizações para queima evitou a emissão de mais de 10,6 milhões de toneladas de CO2 eq e de 64 milhões de toneladas de poluentes atmosféricos. A parceria com o setor sucroenergético na Operação Corta Fogo

também foi ressaltada pelo TTenente Coronel PM Fabiano Ferreira do Nascimento, do Policiamento Ambiental no Estado de São Paulo. Ele mencionou que o trabalho conjunto com usinas na prevenção, fiscalização, conscientização e controle de incêndios florestais tem contribuído para amenizar a situação, que proporciona prejuízos imensuráveis. Na ocasião, o Tenente Coronel falou sobre as técnicas de controle, entre elas, o “Fogo Contra Fogo”, que consiste em aceirar um trecho do canavial ou floresta e atear fogo de forma controlada na direção do incêndio para que os dois se encontrem e as chamas cessem. Neste esforço conjunto, as usinas investem em equipes treinadas, tecnologia e equipamentos para prevenir incêndios. Como o caso da BP Bunge Bioenergia, que suas 11 unidades possuem monitoramento por imagens de satélite em tempo real. A empresa possui um Programa de Prevenção e Combate a Incêndios, com centenas de brigadistas treinados; dispõe de 108 caminhões pipas e em três unidades já foram implementados em 100% da frota caminhões equipados com jato de água automatizados, controlados pelo operador por joystick de dentro da cabine do caminhão, o que evita a exposição do brigadista “Temos um sistema de monitoramento de incêndios por imagens de satélite, com acompanhamento em tempo real. Dispomos ainda de um projeto piloto na unidade Pedro Afonso, no Estado do Tocantins, onde instalamos torres de observação equipadas com câmeras de alta definição para monitoramento do ca-

navial”, explica Nadia Gama, diretora de HSSE da BP Bunge Bioenergia. Em Minas Gerais, a Usina Santo Ângelo, localizada em Pirajuba, mantém um programa permanente de Prevenção e Combate a Incêndios no canavial. Recentemente, a usina iniciou o treinamento do Senar e Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, com o objetivo de ampliar as técnicas de enfrentamento e fazer uma prevenção e combate mais rápido e eficaz. Para o combate das ocorrências, a usina conta com equipes de brigadas com treinamentos anuais, simulados periódicos, possui caminhões pipas e equipamentos de prevenção e combate ao fogo. “Agir de forma objetiva em situações preventivas e emergenciais, com métodos e materiais que tragam segurança aos envolvidos são fundamentais”, destaca. o coordenador de Segurança do Trabalho Agrícola da Santo Ângelo, Antônio Carlos Campos. Em Goiás, as usinas também desenvolvem uma ação com os profissionais do campo e da indústria para conscientizar todos sobre a importância de prevenir e evitar focos de incêndio para garantir a saúde do trabalhador. É o caso da CRV Industrial e Cooper-Rubi, usinas do Vale do São Patrício. “Desenvolver um trabalho educativo com as comunidades locais próximas às áreas florestais para evitar atitudes que levem ao risco de incêndios, além disso, incentivar as denúncias às autoridades sobre atividades suspeitas é importante”, explica o engenheiro de segurança do trabalho, Valdeir Sena. Já a Tereos, desde 2018, conta com um sistema de monitoramento feito por meio de 13 satélites meteorológicos operados por agências governamentais (entre elas a Nasa), que enviam alertas automáticos das ocorrências de incêndio diretamente à Central de Controle da empresa, o que permite respostas ágeis e controle imediato nas áreas atingidas. Para o controle rápido de focos de incêndio, a empresa adquiriu caminhonetes leves, equipadas com todos os aparatos necessários para combater focos iniciais, e com tração nas quatro rodas, conferindo agilidade no deslocamento e em todo o processo. O Grupo implantou o aplicativo Checklist de Aceiros para monitorar e avaliar a limpeza e metragem desta barreira contra a propagação do fogo.


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