Gazeta Rural nº 412

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Director: José Luís Araújo | N.º 412 | Periodicidade Quinzenal | 31 de julho de 2022 | Preço 4,00 Euros

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Edição Especial

sumário 06

Áurea e Clemente são atrações no Ver Paiva - Festas do Município de Vila Nova de Paiva

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Feira do Pinhal decorre em Oleiros de 10 a 14 de agosto Festas da Vila e do Concelho de Torre de Moncorvo regressam com novidades

GAZETA RURAL 18 ANOS

Foi a 1 de agosto de 2004 que chegou a edição 0 da Gazeta Rural. Naquela altura os sonhos e as perspetivas eram muitas. Ao fim de 18 anos os sonhos mantêm-se e as perspetivas foram em parte atingidas.

FICHA TÉCNICA Ano XIX | N.º 412 Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 4803 A) E-mail: jla.viseu@gmail.com | 968 044 320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda

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Opinião: Júlio Sá Rego | Gabriel Costa Departamento Comercial: Ana Pinto

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E-mail : gazetarural@gmail.com Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546 Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unip. Lda Administrador: José Luís Araújo

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CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339 Detentor de 100% do Capital Social: José Luís Araújo Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica e Impressão: Novelgráfica, Lda R. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299 Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/estatutoeditorial/ Tiragem Média Mensal: 2000 exemplares Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.

Seca está a prejudicar a produção de leite na região da Serra da Estrela Quintas de Sirlyn lançaram dois novos vinhos brancos Produtores da região do Dão preocupados com os efeitos da seca Mogadouro “tem condições para passar de vila a cidade” Aldeias Históricas de Portugal vão otimizar o uso da água e da energia Estudo europeu propõe estratégia agroambiental para proteção

Murtosa organiza festa dedicada ao emigrante Agricultura familiar quer estar no centro das compras públicas

Quintas de Tondela ou a resiliência de quem recusa “atirar a toalha ao chão”

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Produção de cereais é uma das mais baixas dos últimos 35 anos Turismo Centro de Portugal apresentou apostas para 2023 Bárbara Bandeira e Noble são cabeças de cartaz nas Festas do Castelo 2022

Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Capital Social: 5000 Euros

Concelho de Vila Verde celebra os saberes e sabores locais

de alimentos

Sede de Redacção: Lourosa de Cima 3500-891 Viseu | Telefone: 232 436 400

Festival no Douro Superior mostra as tradições de oito municípios

dos polinizadores

Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Redacção: Luís Pacheco

Feira de São Bartolomeu 2022 com cartaz musical de luxo

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Festival da Tigelada decorre em 20 restaurantes de Proença-a-Nova Tony Carreira, Ana Moura e Agir em destaque no Summer Fusion 2022 Viagem Medieval em Terra de Santa Maria recria nove reinados da Primeira Dinastia

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‘Arrebita’ celebra o melhor que a gastronomia portuguesa


18 anos


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18 anos

Editorial

Atingir a maioridade num tempo novo Foi a 1 de agosto de 2004 que chegou a edição 0 da de bois que puxavam o arado, que lavrava a terra onde os meus Gazeta Rural. Naquela altura os sonhos e as perspetipais iriam semear o centeio e o trigo, nas terras onde não havia vas eram muitas. Ao fim de 18 anos os sonhos manágua, ou o lameiro junto ao rio onde se semeava o milho e o têm-se e as perspetivas foram em parte atingidas. feijão. Os quintais, junto de casa, eram cavados à enxada, onde É verdade, passaram 18 anos e quase não dávamos se plantavam as batatas, a horta e os ‘mimos’ que haveriam de por isso, não fossem as várias dificuldades e vicissitunos alimentar ao longo do ano. des que encontrámos pelo caminho. E foram muitas. Tratávamos das vinhas, que produziam o vinho que se bebia Desde logo derrubar a barreira de que o setor primário, lá em casa ou aquele que o Dimas vendia na taberna de Douro a agricultura e os territórios rurais do interior, não é ‘pasCalvo. Havia a junta de bois, para os trabalhos do campo, as to’ de boas notícias. Volvidas quase duas décadas, para ovelhas e as cabras para o leite e para o queijo, que a minha alguns, é ‘chique’ escrever sobre gastronomia, sobre as mãe fazia, mas também os porcos, que, após a ‘matação’ no qualidades e propriedades sensoriais de um vinho, falar início do inverno, haveriam de dar os enchidos, os presuntos de produtos endógenos ou de eventos setoriais a que nae a carne que se comia durante o inverno. quela altura se dava pouca importância. Naturalmente que os tempos são outros e tornamo-nos A Gazeta Rural nasceu numa época de dificuldades, que dependentes das grandes superfícies, onde há quase tudo, aliás se foram mantendo ao longo do tempo. O arranque do mas não é a mesma coisa. Que o diga quem pode cultivar projeto numa região do interior, a crise alimentar de 2007, a uma pequena horta junto de casa ou quem vai a casa dos crise financeira de 2011 e a pandemia foram algumas das pais, na aldeia, e pode saborear as batatas, o feijão e hortícolas que por ali ainda se produzem. ‘pedras’ que nos foram sendo colocadas pelo caminho. De Mas, a agricultura vive uma nova crise, talvez a mais grauma maneira ou de outra conseguimos contorná-las. ve de sempre, com a falta de mão de obra, que se faz sentir Os novos desafios em muitas regiões onde a máquina não chega para substituir o homem. Para piorar a situação, as populações das Aqui chegados, no setor primário há novos desafios a enzonas rurais estão envelhecidas e o tão propalado rejuvefrentar. O mais grave é, sem dúvida, a crise climática, que nos nescimento do setor não acontece por falta de perspetivas. Este só pode acontecer se houver uma real mudança afeta a todos e a que todos temos de dar resposta. Não vale a de estratégia política, que passe por incentivos a quem pena pontar o dedo aos decisores políticos se cada um de nós se quer instalar em territórios rurais, mas posteriormennão fizer a sua parte e isso é fundamental. te apoiando o produtor em razão da produtividade efetiO outro grande desafio é o mesmo de 2007, mas com novos va, mas também criando condições para o ajudar a cocontornos. A pandemia veio demonstrar que importar produtos locar os produtos no mercado a um preço justo. Talvez alimentares de outras regiões ou continentes é um duplo erro. assim se consiga atrair gente nova para a agricultura e Há é pegada ecológica, que entronca nas questões climáticas, ter uma perspetiva diferente para um setor fundamenmas mostra também a necessidade de olhar de forma mais tal para o nosso futuro comum. cuidada para os territórios rurais. De outro modo, a situação só pode piorar. José Luís Araújo Recordo-me dos tempos em que andava à frente de uma junta

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Edição Especial

De 8 a 14 de agosto

Áurea e Clemente são atrações nas Festas do Município de Vila Nova de Paiva

nossas terras, para o interior, - e a Áurea é uma artista de enorme talento, - e todos nós temos direito a ouvir boa música. O Clemente é outro artista que está no coração de todos, especialmente dos nossos emigrantes.

Vão decorrer de 8 a 14 de agosto as tradicionais GR: Como tem sido a chegada dos emigrantes ao conVer Paiva - Festas do Município de Vila Nova de Paicelho? va, que este ano têm Áurea e Clemente como caPM: Tem sido uma chegada tranquila e aos poucos. Neste beças de cartaz. O programa inclui a XIII Mostra de último fim de semana de julho espera-se a chegada de muita Artesanato, Gastronomia e Artes Decorativas de gente. Cá estamos à sua espera, cheio de vontade de com Vila Nova de Paiva, que irá decorrer de 12 a 14 de eles conviver ao longo das próximas semanas. Agosto é um agosto. mês muito vivo no nosso concelho, um momento alto na vida Em conversa com a Gazeta Rural, o presidente da Câmara de Vila Nova de Paiva saúda o “regresso” do Ver Paiva, numa altura em que a população do concelho quase duplica. Paulo Marques diz que o mês de agosto, por via da chegada de muitos emigrantes, “é o momento alto na vida de quem vive nestas terras”. Gazeta Rural (GR): Que expetativa tem para a edição deste ano do Ver Paiva? Paulo Marques (PM): Depois de dois anos em que estivemos limitados, olho para o Ver Paiva como o ‘regresso’, o que é de saudar. Temos de brindar os habitantes do nosso concelho, residentes ou emigrantes, com umas boas festas, com muito convívio, mas também com música, cultura, gastronomia, exposições e toda uma panóplia de atividades culturais que nos enriquem, a nós e a quem nos visita. GR: Com dois nomes, de peso e diferentes, no cartaz musical? PM: Naturalmente. A Áurea era uma artista que nós contratámos, ainda no ano passado. Foi uma decisão pensada, pois é uma artista que dispensa apresentações. Temos de trazer qualidade para as 6

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de quem vive nestas terras.

Dia do Emigrante acontece na Queiriga O município de Vila Nova de Paiva retoma a comemoração do Dia do Emigrante, após dois anos de pandemia de COVID-19, em que a mesma não foi realizada. Queiriga acolhe esta festividade a 4 de agosto, inserida nas suas festas que decorrem de 3 a 6 de agosto. Do programa do Dia do Emigrante consta uma Missa ao ar livre, seguido de um lanche convívio, que conta com a animação do DJ Nekas, em frente à Associação “Os Queiriguenses”. Pelas 22 horas, Quina Barreiros e as suas bailarinas prometem muita animação, música e boa-disposição. A Festa do Emigrante é uma iniciativa do município Vila Nova Paiva, com o apoio da Junta de Freguesia de Queiriga e da Associação “Os Queiriguenses”.


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Porque os vinhos não são todos iguais


Edição Especial Em Oleiros de 10 a 14 de agosto

Syro e Os Quatro e Meia são cabeças de cartaz na Feira do Pinhal A Feira do Pinhal, que se realiza em Oleiros, entre os dias 10 e 14 de agosto, tem como cabeças de cartaz os artistas Syro, Tiago Silva, Os Quatro e Meia e a DJ Zanova.

A XX edição da Feira do Pinhal regressa após dois anos de interregno devido à pandemia da COVID-19 e conta com cerca de 120 expositores presentes. “Dá-se continuidade a toda uma estratégia de apoio ao turismo e economia local. Queremos também valorizar o artesanato, os nossos artesãos e muitos dos que vêm de vários pontos do país”, salientou o autarca. Os visitantes do certame podem este ano desfrutar dos sabores locais, tais como o tradicional cabrito estonado, as aguardentes de medronho, os licores e o vinho Callum, que já está no mercado com

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marca certificada. Os grupos musicais do concelho de Oleiros, no distrito de Castelo Branco, contam com um espaço próprio para as suas atuações (o Palco Raízes), situado no centro da feira. Estão ainda asseguradas várias surpresas dentro do recinto ao longo dos dias que vão surpreender os visitantes e para os mais pequenos estão criadas várias zonas de animação infantil. A Feira do Pinhal de 2022 volta a realizar-se no Parque de Feiras e Mercados, “com a excelência do costume”, afirmou Fernando Marques Jorge. O autarca diz que “é graças à qualidade que a Feira do Pinhal atingiu que uma boa parte dos expositores nos procuram”. Fernando Jorge realça que “os funcionários da autarquia são zelosos, porque Oleiros é terra acolhedora e o evento dá garantia de público, com os que cá moram e muitos dos que nos visitam nesta altura de férias grandes”, afirmou o presidente da Câmara de Oleiros.


18 anos De 12 a 15 de agosto

Festas da Vila e do Concelho de Torre de Moncorvo regressam com novidades

Torre de Moncorvo recebe de 12 a 15 de agosto as Festas da Vila e do Concelho, que contam com as habituais festividades religiosas e, nesta edição, com a realização da ExpoMoncorvo - III Exposição de Empresas, que engloba várias temáticas como turismo, emprego, empreendedorismo, agricultura, pecuária, caça, pesca e biodiversidade. Quanto à animação musical, salientam-se os espetáculos com os D.A.M.A, Cláudia Martins e os Minhotos Marotos e David Carreira.

A ExpoMoncorvo decorre de 12 a 14 de agosto, no Lar- rístico da Pesca em Torre de Moncorvo”, levado a cabo go da Corredoura, e é promovida pela Câmara Municipal pelo Clube Pesca Norbass, que decorrerá no dia 13 de de Torre de Moncorvo em parceria com o CLDS Moncor- agosto. Ambos os eventos vão realizar-se na sede da Junta de Freguesia de Torre de Moncorvo. vo 4G. Vai contar com uma exposição de empresas, arteEm complemento, decorrem workshops de prova sanato, concursos, máquinas agrícolas e equipamentos, de vinhos e de prova de produtos regionais, nos dias workshops, palestras, animação infantil e animação mu- 12 e 13 de agosto, respetivamente. No decorrer dos sical. três dias terão ainda lugar vários concursos, como de A feira conta com cerca de 74 expositores, entre artesãos, proPesca ao Achigã Embarcado, de Raças Autóctones e dutores de produtos regionais, tasquinhas, expositores de máquide Matilheiros. Ao nível da animação destaque para o nas e equipamentos, produtores agrícolas e pecuários, que estaIV Passeio Motard e espetáculo Motard – Freestyle, rão situados no Pavilhão Municipal de Torre de Moncorvo e no Largo que acontecem no dia 14 de agosto. da Corredoura. No dia 15 de agosto têm lugar as festividades reDo vasto programa destaque para um colóquio sobre a “Agriculligiosas com missa e procissão em Honra de Nossa tura em Trás-os-Montes – Vitivinicultura e Produção de Frutos de Senhora da Assunção, esta última acompanhada Casca Rija”, promovido pela CONFAGRI e pela CAP, que se realiza no pela Cavalaria da GNR e Bandas Filarmónicas de dia 12 de agosto, e um colóquio sobre o “Potencial Económico e TuFelgar e Carviçais pelas ruas da vila. www.gazetarural.com

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Edição Especial Em Trancoso, de 12 a 21 de agosto

Feira de São Bartolomeu 2022 com cartaz musical muito atrativo A mais antiga feira franca do país, que se realiza desde 1273, regressa a Trancoso de 12 a 21 de agosto, com vários concertos de artistas de primeiro plano do panorama musical nacional. A Feira de São Bartolomeu “continua a colocar Trancoso no mapa dos grandes eventos de Verão do nosso país”, refere o presidente da Câmara, Amílcar Salvador.

do ano, numa altura em que milhares de emigrantes voltam ao concelho. É um evento organizado pela Câmara de Trancoso e a AENEBEIRA, onde não faltam diversões, exposições, artesanato, sector automóvel, maquinaria agrícola, gastronomia, nos restaurantes e tasquinhas típicas, sem esquecer o importante sector agropecuário e os espetáculos com artistas portugueses de renome. Trancoso é uma terra histórica, cheia de monumentos, memórias, lendas, tradições e mitos galvanizadores. É a terra onde se realizaram as bodas reais de D. Dinis e da Rainha Santa Isabel, em 1282. É terra de batalhas, nomeadamente a Batalha de Trancoso, travada entre trancosenses e castelhanos em 29 de maio de 1385. É a terra do sapateiro e profeta Bandarra e do nascimento do sebastianismo. Mas Trancoso é, também, sinónimo de Feiras. “A nossa cultura mercantil vem desde o início da nossa história”, pois “as pessoas vêm a Trancoso para comprar e vender desde há muitos anos”, diz o presidente da Câmara de Trancoso, salientando que a Feira de S. Bartolomeu é um certame “tradicional de comercialização, mas é, também, uma forma peculiar de convívio que os trancosenses e as gentes da Beira sempre apreciaram”, diz Amílcar Salvador.

A Feira de São Bartolomeu deste ano recebe Tony Carreira, Resistência, Augusto Canário, Marco Rodrigues, Karetus, Minhotos Marotos, Zé Amaro, Pedro Abrunhosa e Carolina Deslandes, que irão atuar sempre pelas 22 horas. No plano de animação referência também para a Programa da Feira de São Bartolomeu 2022 realização do XXXIII Festival de Folclore ACRT 12 de agosto - Tony Carreira que terá lugar no dia 21 de agosto, pelas 15 13 de agosto - Resistência horas. Para além da animação musical, o cer14 de agosto - Augusto Canário + Marco Rodrigues tame terá as tradicionais tasquinhas e venda 15 de agosto - Rouxinol Faduncho de produtos regionais. É também uma mos16 de agosto - Digavando + Roconorte tra do potencial económico do concelho, 17 de agosto - Cláudia Martins & Minhotos Marotos com a presença de expositores das diversas 18 de agosto - Zé Amaro 19 de agosto - Pedro Abrunhosa áreas do setor produtivo do concelho. A Feira de São Bartolomeu é considerada o maior cartaz da cidade de Trancoso nesta época

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20 de agosto - Carolina Deslandes 21 de agosto - XXXIII Festival Folclore ACRT


18 anos

De 4 a 7 de agosto, centrada no Cais do Bico

Município da Murtosa promove festa dedicada ao emigrante De 4 a 7 de agosto a Murtosa recebe a Festa do Emigrante, uma iniciativa organizada pelo Município da Murtosa, que congrega um conjunto diversificado de acontecimentos, de cariz cultural, social, histórico e identitário e que pretende homenagear os nossos emigrantes, num período em que, tradicionalmente, visitam a sua terra natal.

A programação inicia-se no dia 4, com um concerto da conceituada fadista murtoseira Rosalina Silva, às 21,30 horas, no auditório exterior da Oficina da Artes (antiga Escola Primária Pardelhas-Monte). Na sexta-feira, dia 5, pelas 21,30 horas o artista plástico José de Oliveira inaugura, na Galeria Municipal da Torreira, uma exposição em nome próprio, que poderá ser apreciada até ao dia 16 de agosto. No sábado, dia 6, a partir das 10 horas, haverá tasquinhas de comes-e-bebes no Cais do Bico, dinamizadas pelas coletividades locais e, às 14 horas, será dada a partida para a tradicional corrida de bateiras à vela. À há arraial popular com a banda “Bate o Pé”. No domingo, dia 7, há missa na Igreja Matriz da Murtosa, pelas 9,30 horas, e no Cais do Bico, a partir das 10 horas, haverá Feira Franca e tasquinhas. Às 14 horas terá lugar a espetacular Regata de Barcos Moliceiros.

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Edição Especial

O festival “Douro Superior com Vida em Movimento” vai percorrer o território da região. Começou em Freixo de Espada à Cinta, segue para Vila Nova de Foz Côa em agosto e Miranda do Douro em setembro. “Vamos trazer o que de melhor temos em cada concelho e assim desmontar o que é a verdadeira cultura popular”.

Eventos itinerantes vão percorrer todo o território

Festival no Douro Superior mostra as tradições de oito municípios vo), Banda Filarmónica de Freixo de Espada à Cinta, entre A Associação de Municípios do Douro Superior outros. promove ao longo de 2022 um festival cultural que “Trata-se de um festival cultural, onde se cruzam as tradienvolve os oito concelhos que integram aquele terções e a cultura, através da participação e envolvimento das ritório, onde cada concelho mostra o melhor das suas associações culturais e recreativas desta sub-região, suas tradições. onde se mistura a cultura transmontana com a beirã ou a do

“A ideia passa por se fazer um intercâmbio entre as Alto Douro. Contudo, entre elas há um elemento de ligação diferentes associações culturais e recreativas que inteque é o rio Douro”, explicou Nuno Trigo. gram uma bolsa de cada um dos oito municípios desta O responsável destaca a “especificidade” de cada grupo associação intermunicipal. Assim, estão programados como o caso dos Pauliteiros de Miranda do Douro ou Bandas sete festivais itinerantes que vão percorrer todo o terFilarmónicas “em conexão” com os Ranchos Folclóricos. ritório do Douro Superior até ao final do ano”, explicou o António Pimentel, presidente da câmara de Mogadouro e o secretário-geral da associação, Nuno Trigo. mentor desta iniciativa intermunicipal, disse que “por vezes se O Festival Cultural “Douro Superior com Vida em Modesperdiçam recursos próprios das autarquias com incidência vimento” é um projeto intermunicipal que começou em da realização de eventos em detrimento de outros elementos Freixo de Espada à Cinta, seguindo para Vila Nova de externos”. “A proposta é simples: cada um dos concelhos escoFoz Côa no dia 11 de agosto e Miranda do Douro a 24 lhe um dia para a realização do festival e os outros concelhos de setembro. enviam os grupos culturais e musicais”, concretizou o autarca. Em Mogadouro a iniciativa está agendada para 15 Para o autarca, esta é uma forma de otimizar recursos e trabade outubro (feriado municipal) e em Torre de Moncorlhar em rede dentro deste território do Douro Superior. “Aproveitar vo a 22 do mesmo mês. Meda e Carrazeda de Ansiães, os recursos que cada concelho tem e disponibilizá-los aos outros ainda com datas por definir. concelhos de abrangência” da associação de municípios, vincou. As associações que integram este intercâmbio O autarca anfitrião da primeira edição e presidente da câmara cultural incluem o Rancho Folclórico de Vila Nova de Freixo de Espada à Cinta, Nuno Ferreira, indicou que “este fesde Foz Côa, o Rancho Folclórico de Carrazeda de tival prima pela qualidade da região do Douro Superior como um Anciães, Grupo de Pauliteiros de Palaçoulo (Mirantodo”. “Vamos trazer o que de melhor temos em cada concelho e da do Douro), Gaiteiros de Bemposta (Mogadouro), assim desmontar o que é a verdadeira cultura popular”, frisou. Para Rancho Etnográfico do Centro Social da Coriscada os autarcas, é uma forma de colocar uma região a “falar a uma só (Meda), Banda Filarmónica de Carviçais (Moncorvoz em termos culturais e musicais”. 12

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Edição Especial Rota das Colheitas conta com mais de 50 eventos

Concelho de Vila Verde celebra os saberes e sabores locais trações de práticas agrícolas e de seis atividades ligadas ao desporto/natureza. “A malhada de centeio, a espadelada de linho, a desfolhada de milho, a vindima e pisada de uvas, a apanha da azeitona, os trajes da época, as alfaias agrícolas, as merendas fartas e a alegria da música popular” são algumas das atrações. A autarquia destaca ainda “os arraiais à moda do Minho, as festas e as romarias, as iniciativas de índole gastronómica, os espetáculos musicais e a beleza das paisagens verdejantes”, associados “à riqueza da cultura popular e à excelência do património natural e edificado”. “As tradições são recriadas com rigor e minúcia, garantindo a representação fiel dos hábitos e costumes de outrora. Com esse intuito foram estabelecidas parcerias estratégicas com diversos agentes (como casas de lavoura, produtores agrícolas, artesãos, associações culturais e sociais, centros paroquiais, restaurantes, casas de turismo rural, juntas de Na Rota das Colheitas regressa a Vila Verde freguesia, instituições e comércio local) que a dar corpo a um após dois anos de interregno devido a covid-19, programa que se estende ao longo de quatro meses”, sublinha “com mais de 50 eventos ligados aos sabores e o município. saberes das tradições e da actividade agrícola”. Para a presidente da Câmara de Vila Verde, Júlia Fernandes, A programação da décima primeira edição Na Rota o evento “representa também uma importante mais-valia para das Colheitas, que vai decorrer entre agosto e novemo setor económico da região, reavivando tradições que se vão bro, em 26 freguesias do concelho, foi apresentada afirmando como novos motivos de atracção turística, promovenpela presidente da Câmara de Vila Verde, Júlia Fernando os diferentes agentes de turismo associados e consolidando a des, na Quinta de Mouriz, na vila de Pico de Regalados. divulgação e comercialização de produtos regionais”. “São mais de 50 eventos ligados aos sabores e saA “XXX Feira Mostra de Produtos Regionais”, que decorre de 5 beres das tradições e da actividade agrícola que mara 9 de outubro, é um dos momentos altos, onde os visitantes pocam a identidade do concelho e das suas freguesias. dem apreciar o que Vila Verde e a região “têm de melhor para ofeÉ um roteiro turístico-cultural que está de regresso, recer”, com destaque para a “tradição agrícola, a música popular, a depois de dois anos de interregno devido à crise pangastronomia regional e o artesanato local”. démica, e que marca a agenda do concelho durante “É uma aposta clara na valorização das tradições rurais e dos os próximos quatro meses, de agosto a novembro”, hábitos do povo vilaverdense, perpetuando-os através dos tempos refere o município. e assegurando, assim, a preservação de uma herança cultural de Criado há 13 anos pela autarquia, o evento prevê riqueza ímpar. Uma programação ampla e diversificada, que incide este ano a realização, nomeadamente, de 17 iniciana preservação, divulgação e valorização das tradições genuínas e tivas gastronómicas, de uma dezena de demonsda riqueza da cultura popular do Minho”, frisa a Câmara de Vila Verde.

Na Rota das Colheitas regressa com mais de 50 eventos por todo o concelho de Vila Verde. dedicados aos saberes e sabores locais. A malhada de centeio, a espadelada de linho, a desfolhada de milho, a vindima e pisada de uvas, a apanha da azeitona, mas também festas e arraiais e celebrações musicais e gastronómicas fazem parte do programa.

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18 anos

Revela o presidente da ANCOSE

Seca está a prejudicar a produção de leite na região da Serra da Estrela A ausência de chuvas e as elevadas temperaturas estão a prejudicar os pastores na região da Serra da Estrela, que estão a encontrar cada vez mais dificuldades, pois para além da dificuldade em encontrar água para dar de beber aos animais, acresce o facto de os pastos estarem secos. Com a escassez de água e alimento, a produção do queijo da Serra da Estrela está ameaçada. O presidente da Associação Nacional de Criadores de Ovinos Serra da Estrela diz que “a situação é muito preocupante, pois não há humidade nos solos e, com isso, não há pastos para alimentar os animais”, refere Manuel Marques, salientando que os pastores, “para suprir a situação, estão a recorrer a rações, - nomeadamente palhas, cada vez mais caras, para alimentar os animais”. O dirigente diz que neste cenário “há uma quebra na produção de leite, o que prejudica a situação, já de si difícil, dos pastores”. Manuel Marques mostra-se bastante preocupado, pois “a continuar esta seca extrema, não haverá pastos verdejantes para alimentar os animais em novembro e dezembro”, altura em que começa o período de maior produção de queijo Serra da Estrela.

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Edição Especial

Ate final do ano chegam dois tintos

Quintas de Sirlyn lançaram dois novos vinhos brancos O produtor Quintas de Sirlyn, de Santa Ovaia de Cima, no concelho de Tondela, lançou dois novos vinhos brancos, que têm vindo a despertar enorme interesse junto do consumidor e da crítica. Foram dados a conhecer no ‘Tondela Brancos’, evento promovido pela Câmara de Tondela.

O produtor Quintas de Sirlyn, da região Demarcada do Dão, lançou recentemente dois novos vinhos brancos. Até final do ano vão chegar dois tintos, um ‘blend’ de vinhas velhas e um monovarietal Touriga Nacional.

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“Os dois brancos são de colheitas de anos diferentes”, referiu Augusto Teixeira, salientando que o Reserva Branco 2019 “foi produzido, parcialmente, com ligeira maceração pré-fermentativa. A fermentação do mosto obtido foi feita em cuba inox, tendo posteriormente o vinho sido colocado em cuba inox até ao engarrafamento, feito no início de 2022”. O Reserva Branco 2019 tem um teor alcoólico de 13,5%, uma acidez viva e alguns taninos, oriundos da maceração pré-fermentativa, contribuíram para um vinho equilibrado, aromático onde se nota a fruta fresca. Já o Reserva Branco 2017 tem também uma ligeira maceração pré-fermentativa. “Foi fermentado na fase final em barrica, de carvalho francês e americano, onde estagiou 12 meses. Antes do engarrafamento, feito este ano, foi colocado em cuba inox”, referiu o produtor. Este branco de 2017 tem uma graduação alcoólica de 15% e, por isso, muito gastronómico. É um vinho muito complexo, intenso, com alguns aromas terciários. Entretanto, o lançamento de novos vinhos das Quintas de Sirlyn não fica por aqui. Até final do ano está previsto o previsto o lançamento de dois vinhos tintos: um ‘blend’ com oito castas, provenientes de vinhas velhas, com estágio parcial em barricas de carvalho francês e americano, e um monovarietal de Touriga Nacional, com estágio de 24 meses em barricas novas de carvalho húngaro e de carvalho francês, de segunda utilização.


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Edição Especial

Quebra da produção pode chegar aos 15%, relativamente a 2021

Produtores da região do Dão preocupados com os efeitos da seca ção”. Os produtores de vinho do Dão estão preocupados com O presidente da CVR Dão diz que “nas zonas mais os efeitos da seca, situação que é transversal a outras secas, nomeadamente nas encostas mais altas, onde regiões do país. As vinhas sofreram stress térmico, com não há rega, as videiras estão a sofrer um stress hídrias temperaturas acima de 40 graus que se fizeram senco muito grande, além do stress térmico que tiveram tir durante semana e meia, e agora sofrem de stress híe este é determinante na sobrevivência das videiras”. drico por falta de água no solo. É que, acrescenta Arlindo Cunha, “as vinhas na região O que se pode dizer nesta altura é que se não chover durante o mês de agosto, a situação pode ser bastante difícil para os produtores, que já se debatem com a subida dos fatores de produção, para além dos efeitos da guerra.

Quebra da produção pode chegar aos 15% O presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVR Dão) estima uma quebra de produção de 10 a 15% na região, relativamente a 2021, ainda que esta situações se possa alterar se, entretanto, houver chuva, que a meteorologia não prevê para as próximas duas semanas. Questionado acerca de uma afirmação de um produtor que dizia: “se as videiras não secarem é uma sorte”, Arlindo Cunha não se mostra “tão pessimista”, mas “pelas informações que temos dos produtores da região, - e eu também sou produtor, - temos que ter a noção de que aquela semana e meia de calor elevadíssimo, como três ou quatro dias com temperaturas acima de 40 graus, vão causar um impacto muito negativo sobre as plantas e sobre a produ-

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não estão preparadas para aguentar, muitos dias seguidos, com temperaturas acima dos 40 graus, o que pode fazer, nas vinhas mais expostas, que algumas videiras possam secar”. O dirigente tranquiliza os produtores, salientando que “não estamos a falar numa escala catastrófica”. Contudo, lembra que o stress térmico “tem um impacto negativo sobre as plantas, que terão mais dificuldades na altura da maturação das uvas, juntando-se aqui o stress hídrico, que tem a ver com a humidade no solo”. Esclarece que o stress hídrico “tem sido uma situação normal em verões muito secos, sobretudo quando não há muita pluviosidade na primavera, e este ano está a ter efeitos consideráveis”. Em consequência das duas situações, Arlindo Cunha estima que “a produção deste ano seja inferior a 2021 na ordem dos 10 a 15%”, mostrando-se, contudo, “preocupado com o impacto da seca na maturação das uvas, pois as videiras estão a recompor-se destas situações e a vindima poderá ser mais tarde”. O dirigente da CVR Dão espera que as chuvas possam che-


18 anos gar durante o mês de agosto e início de setembro “para que as videiras recuperem e alimentem as uvas que têm. Tudo isto são perceções daquilo que vemos, mas não podemos ser taxativos”, concluiu.

As reservas de água na região “estão fracas”, alerta o enólogo Carlos Silva

Já o enólogo Carlos Silva admite que, para já, “a preocupação dos produtores da região ainda não é grande, mas “Há alguns efeitos do escaldão nas videiras”, pode vir a agudizar-se”. Na região, diz, “o efeito das elevadiz Fernando Figueiredo das temperaturas ainda não é significativo”, contudo, “a grande dúvida é se haverá água nos solos quando a videira O presidente da Adega Cooperativa de Silgueiros diz que “há mais precisa, que é na altura da maturação das uvas”. alguns efeitos do escaldão nas videiras” e se “chover nas próCarlos Silva diz que as reservas de água na região “esximas semanas, a produção ainda se pode compor e ser boa”. tão fracas e as temperaturas têm sido elevadas”, pelo que Contudo, Fernando Figueiredo acrescenta que “se o tempo se “quem tem sistemas de rega tem a situação controlada mantiver como até agora, vamos ter um problema de maturae minimiza o problema, mas quem não tem está muito ção das uvas e, por consequência, de qualidade, mas também preocupado”. de quantidade”, diz Fernando Figueiredo. No atual quadro, “as vinhas mais antigas, que têm raíO também presidente da UDACA diz que “nas zonas onde as zes mais profundas, estão a suportar melhor este temvideiras estão mais expostas, os efeitos da seca poderão ser po quente, mas as videiras mais novas, com raízes mais fatais para algumas videiras. A nossa esperança é que a humisuperficiais, têm mais dificuldades em aguentar estas dade noturna aumente bastante, o que pode vir a ajudar, mas se elevadas temperaturas”. O enólogo revela ainda que “as isso não acontecer, podemos dizer que não vai ser um bom ano vinhas viradas a norte estão melhores, enquanto as de vinho”, admite Fernando Figueiredo. que estão voltadas para sul/sudoeste são mais ‘castigadas’ com o valor”.

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Edição Especial

Presidente da Câmara em entrevista à Gazeta Rural

Mogadouro “tem condições para passar de vila a cidade” Encravada entre os rios Douro e Sabor, Mogadouro tem vindo a posicionar como um concelho central naquela sub-região e com boas condições ao nível das infraestruturas. Neste sentido, o presidente da Câmara, em entrevista à Gazeta Rural, justifica a aposta em passar de vila a cidade. Para além disso, António Joaquim Pimentel diz que a agricultura “é o motor da economia do concelho”, mas olha para o turismo como um setor com futuro.

como a central de camionagem, o aeródromo, a Casa das Artes, a biblioteca, o complexo desportivo, -que será um dos mais bonitos e completos do norte do país, - o Parque do Juncal, que vai ter uma segunda fase, entre outras. Isto para dizer que de 2002 a 2012 o concelho sofreu investimentos de 161 milhões de euros. Devo dizer que durante os últimos oito anos verifiquei alguma degradação e algum desleixo, e isto não é uma critica a ninguém, mas sim uma constatação e essa foi uma das razões por que decidi candidatar-me nas últimas eleições, porque gosto de Mogadouro e não estava a gostar do que estava a acontecer. Entendi que era necessário dar um novo impulGazeta Rural (GR): Lançou o repto aos seus concidaso e creio que volvido quase um ano temos os instrumentos dãos para que Mogadouro seja cidade. Uma cidade no criados para que o slogan que costumo usar, “Mogadouro em meio rural transmontano? Movimento”, seja uma realidade em todas as vertentes. António Joaquim Pimentel (AJP): Foi um repto que lanPara o efeito definimos um conjunto de regulamentos, que cei aos mogadourenses e aos meus colegas de executivo, mais nenhum concelho no país dispõe, abrangente e em diporque entendo que Mogadouro é uma vila muito bonita, ferentes áreas. Por exemplo, os nossos idosos não pagam aberta, bem cuidada e com infraestruturas, que podem medicamentos até 300 euros, as creches e os infantários são servir mais que o concelho, como por exemplo a Diálise, a gratuitos, os alunos do ensino básico não pagam almoço, no Unidade Básica de Saúde, o matadouro, cuja obra vamos secundário as fichas são gratuitas, os doentes têm à disposição lançar, bem como na cultura, com a biblioteca, a Casa um mecanismo em que basta telefonar para os serviços sociais das Artes e a Casa da Cultura. da câmara e serão transportados, gratuitamente, para consulSendo Mogadouro um concelho central nesta subtas da especialidade, a unidades de saúde dos distritos de Bra-região entre o Douro e o Sabor temos condições para gança, Vila Real e Porto. almejar vir a passar de vila a cidade, porque as que conheço, e algumas vizinhas, não reúnem, nem de perto GR: Como é que isso chega ao meio rural do concelho? nem de longe, as nossas condições. Nessa medida, AJP: Exatamente da mesma maneira. Desenvolvemos um regaranto todo o meu empenhamento, no sentido e tragulamento de apoio naquilo que entendemos deve ser o caminho mitarmos toda a parte burocrática para conseguimos que os agricultores devem seguir. Por isso, achamos que devemos passar a cidade. apoiar a agricultura em quatro setores: olival, frutos secos, - nomeadamente a amêndoa, - vinha e pecuária. GR: Mogadouro transformou-se nos últimos anos. Nesta medida, após a entrada em vigor do regulamento, os agriSente essa responsabilidade? cultores do concelho deixaram de a pagar pela sanidade animal, AJP: Fui vereador das obras públicas de 2002 a nos bovinos, ovinos, caprinos e cunicultura; a câmara assume uma 2012 e acho que durante esse período o concelho percentagem dos projetos de investimentos financiados, isto é, se o deu um salto enorme, ao nível das freguesias, das IFADAP financiar um projeto em 50%, a câmara apoia em mais 15%. condições básicas de água e saneamento, de arruaPara além disso, financiamos também a instalação de pomares de mentos, mas também de infraestruturas culturais macieira, olival, amendoal e vinha, com limites definidos no regulae vias de comunicação. A vila foi alvo de remodemento, nomeadamente na preparação dos terrenos, com um finanlação, com a criação de infraestruturas de vulto, 20

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18 anos ciamento substancial aos agricultores que se candidatem a financiamento. Aos mais pequenos, que não têm dimensão para apresentar projetos a financiamento, damos uma pequena majoração. Tudo isto está definido em regulamentos e as primeiras candidaturas já deram entrada nos serviços da câmara.

que permitiram avançar com esses setores, mas também porque houve um que entrou em declínio e que tinha grande relevância no concelho, que é a produção de leite.

GR: A pandemia mudou hábitos e os grandes centros urbanos deixaram de ser o destino preferencial, com muitas pessoas a procurarem locais mais tranquilos “O setor primário do concelho é o motor da nossa e com boa qualidade de vida. Mogadouro tem sentido economia” esta mudança? AJP: Tocou num ponto que me é muito caro e isso tem GR: Tem uma estimativa de quanto vale hoje o setor primário a ver com o turismo. Uma das lacunas que Mogadouro do concelho? tem é a ausência de uma ou mais unidades hoteleiras AJP: O setor primário do concelho é o motor da nossa econode qualidade, que consigam dar suporte a esse setor. mia e que sustenta isto. Não só por aquilo que resulta da venda Temos um conjunto de pequenas unidades de turismo dos produtos, mas também pelos subsídios, que é uma compolocal, mas que não dão a resposta que desejamos a nente do rendimento dos agricultores. quem nos procura. Creio que a agricultura é o sustentáculo do concelho, embora Nesse sentido, estamos a trabalhar em dois projetos deva dizer que começa a despontar um outro setor importante, e junto ao rio Sabor, que são ‘eco resorts’, com os quais que estamos a apoiar, que é o turismo. Este será, certamente, um pretendemos suprir algumas dessas carências. Estão setor a ter em conta no concelho, para além do comércio. Nesta na fase de elaboração dos projetos para posteriores medida, não tenho dúvidas de que o setor agrícola continuará a ser candidaturas. a trave-mestra do concelho. Pretendemos dotar os dois locais, o Medal e a Ponte de Remondes, com praia, piscina, bungalows GR: O olival e o amendoal são as culturas com maior expressão e cais de atracagem de barcos, para desenvolver o no concelho? setor de passeios turísticos no rio, a pesca, e outros. AJP: Sim. Ganharam preponderância, quer pelos quadros de apoio,

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Edição Especial Em parceria com a Agência Nacional de Energia

Aldeias Históricas de Portugal vão otimizar o uso da água e da energia Em linha com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e com o Pacto Ecológico Europeu (Green Deal), a Rede Aldeias Históricas de Portugal pretende, assim, tornar-se a primeira Rede, a nível europeu, a beneficiar de um estatuto de eficiente nos domínios hídrico e energético, assente na visão estratégica: “Aldeias Históricas de Portugal: uma rede urbana sustentável e pioneira no seu contributo para o crescimento verde dos territórios de baixa densidade”.

xos de atuação. A parceria com a Agência Nacional de Energia (ADENE) é decisiva para a corporização de algumas destas medidas, assumindo-se, assim, como a base de um trabalho contínuo e coletivo.

A “primeira pedra” deste ambicioso, mas necessário caminho conducente à competitividade territorial e ao fortalecimento do seu posicionamento como território sustentável no contexto nacional e europeu, foi dado com uma visita de técnicos da ADENE. No terreno, foram avaliados os passos necessários para a eficiência hídrica e energética da Rede Aldeias Históricas de Portugal. Joaquim Felício, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e Jorge Brandão, do Plano Operacional Centro 2020 (POCENTRO2020), também marcaram presença. No âmbito da visita, foi promovida uma reunião com os 10 autarcas das 12 aldeias que integram a rede, onde a ADENE avançou com o eventual quadro operacional de transformação das Aldeias nestes domínios e sublinhou o interesse na formalização da parceria, não apenas pela sua natureza excecional, mas por se tratar de uma intervenção inovadora e em estrito alinhamento De facto, as eficiências energéticas e hídricom as premissas de salvaguarda e de preservação da identidade cas integram o Plano de Ação para a Agenda patrimonial. Igual posição foi evidenciada pelos representantes das 10 auClimática e Energia Local, tratado no âmbitarquias, que, de forma inequívoca, assumiram o compromisso de to do Programa Pacto de Autarcas, no qual a contribuírem para que as Aldeias Históricas de Portugal se tornem AHP-ADT e os municípios, enquanto signauma rede urbana ainda mais sustentável. tários, assumiram a redução de 45% de CO2 Sobre a parceria, Carlos Ascensão, presidente da Aldeias Históriaté 2030. Um plano que contempla um total cas de Portugal, comentou: “Este é mais um projeto que evidencia de 23 medidas associadas aos diferentes eia estratégia e o dinamismo da Aldeias Históricas de Portugal - As22

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sociação de Desenvolvimento Turístico, sempre na vanguarda da inovação. É também uma nova prova do nosso compromisso com a sustentabilidade, numa época em que se impõe cada vez mais dar prioridade a uma gestão inteligente e responsável dos nossos recursos hídricos e energéticos, e à conservação da natureza. E num território tão rico em paisagens de serra e agrícolas, planícies, zonas ribeirinhas, parques naturais, reservas protegidas e zonas de lazer, isso ganha uma importância ainda maior”. Para o presidente da ADENE, Nelson Lage, “a ADENE pode ter um contributo importante neste objetivo de tornar as Aldeias Históricas de Portugal uma rede urbana sustentável e pioneira, no seu contributo para o crescimento verde dos territórios de baixa densidade”. Já Jorge Brandão, do programa de investimento Centro 2020, disse: “O trabalho que é aqui feito marca um patamar muito elevado de dinamização do território, de valorização dos recursos e do património, e é nessa perspetiva que sentimos que vale a pena apoiar este projeto”. Joaquim Felício, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) acrescentou ainda: “Tratar de questões de eficiência hídrica e energética é falar de futuro. Por isso, num território repleto de património, esta é uma aposta certa”. Esta parceria afirma-se como instrumental e estratégica para a concretização do desígnio de desenvolvimento sustentável e crescimento verde definido como basilar na estratégia da rede. Acelerar a descarbonização das 12 Aldeias Históricas de Portugal, fortalecer a sua capacidade para se adaptarem aos impactos inevitáveis das alterações climáticas e permitir que os cidadãos tenham acesso a uma energia segura, sustentável e acessível são objetivos que se esperam alcançar.

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Edição Especial Para além da melhoria da produção agrícola

Estudo europeu propõe estratégia agroambiental para proteção dos polinizadores Em regiões com vegetação natural e seminatural, a implementação de bordaduras florais é uma estratégia de sucesso para promover os polinizadores e a produtividade do girassol, conclui um estudo liderado por duas investigadoras da Universidade de Coimbra (UC). Os resultados foram publicados na revista Journal of Applied Ecology, especializada em Biologia da Conservação. Este estudo contribui para mitigar os efeitos da intensificação das paisagens agrícolas, de modo a satisfazer a crescente procura por alimentos, na

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biodiversidade e nos serviços dos ecossistemas, especialmente os vários grupos de polinizadores, vitais para a manutenção das culturas dependentes de polinização. As bordaduras florais são pequenas zonas, junto a campos agrícolas, que têm recursos florísticos, “por exemplo, plantas com flor, com o objetivo de, entre outros, fornecer alimento – pólen e néctar – aos insetos polinizadores, especialmente quando a cultura agrícola não está em flor e os recursos alimentares são escassos”, explica Lucie Mota, primeira autora do artigo científico e investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). Neste estudo em particular, que visou avaliar o efeito da implementação de bordaduras florais junto de campos de girassóis em


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duas regiões de agricultura intensiva e quantificar ção de bordaduras florais ou a manutenção de habitats seminaturais próximos de campos de girassol “mostraram o seu impacto nas taxas de visita e na produtividade do girassol, Sílvia Castro, coautora do estudo efeitos dependentes do contexto paisagístico nas taxas e também investigadora da FCTUC, esclarece que de visita e na produtividade da cultura. Em agroecossistemas fortemente simplificados, estas intervenções podem não as bordaduras florais foram obtidas “pelo semeio ser suficientes ou necessitam de mais tempo para produzirem de uma mistura de sementes de espécies de plantas selecionadas. Assim, os insetos polinizadores efeitos significativos. Mas, em regiões onde existe vegetação natural e seminatural, a implementação de bordaduras florais foi alimentam-se do pólen e néctar destas flores, que uma estratégia de sucesso para promover os polinizadores e a florescem antes do girassol, transitando depois produtividade do girassol”, destacam. para a cultura agrícola quando esta se encontrar em Segundo as duas investigadoras, este estudo chama a atenção floração”. para a importância da conservação de zonas verdes, naturais ou O trabalho foi realizado em duas regiões de Espanha (Burgos e Cuenca), em campos de girassol com seminaturais, numa paisagem agrícola. “Estas infraestruturas vegetação seminatural associada, com bordaduras verdes constituem habitats para os insetos polinizadores, que florais implementadas e sem vegetação. Ao longo de são fundamentais à produção de alimentos. Neste caso específico, a cultura do girassol permite, principalmente, a obtenção dois anos, a equipa da Universidade de Coimbra, em de óleos, mas isso só é possível através de uma polinização eficolaboração com parceiros da Universidade Autónoma de Madrid e da Universidade de Burgos (Espanha), ciente”, afirmam Lucie Mota e Sílvia Castro. Isto significa que, registou as taxas de visita de polinizadores, através de notam, “a conservação de habitats naturais permite a manutenção das comunidades de insetos polinizadores na zona observações diretas, e quantificou, quer a produção agrícola e, assim, uma maior e melhor produção agrícola. Em quer o peso das sementes, em 52 campos por ano. zonas cujos recursos florísticos disponíveis não sejam sufiOs resultados obtidos, relatam Lucie Mota e Sílvia cientes, a implementação de bordaduras florais parece ser Castro, “revelaram variação regional e interanual nas uma boa estratégia agroambiental, combinada com a vetaxas de visita, provavelmente devido às diferenças getação natural já existente. Contudo, em zonas agrícolas estruturais existentes nas paisagens estudadas. Em em que exista pouca (ou nenhuma) vegetação natural, esta Cuenca, região caracterizada por paisagens mais heterogéneas e mais ricas em recursos florísticos, os efeitos estratégia por si só parece não ser suficiente; daí a importância da preservação de algumas infraestruturas verdes das bordaduras florais foram significativos no segundo naturais próximo dos campos agrícolas”. ano de implementação, com taxas de visita e valores de Estre trabalho faz parte de um projeto mais vasto, o Pollprodutividade maiores em campos com esta infraestrutura verde, em comparação com os campos sem vege-Ole-GI SUDOE, financiado pelo Programa Europeu Intertação. Contrariamente, na região de Burgos, não foram reg-Sudoe e pelo Programa de Apoio da União Europeia observados efeitos entre tratamentos porque as comupara a Investigação e a Inovação Horizonte 2020 (Ecostanidades de polinizadores já estavam muito depauperadas ck). Além da UC, participam no projeto a Universidade de e a simples implementação das bordaduras não foi sufiBurgos, instituição líder do projeto, a Universidade Autónociente para promover os polinizadores nem a produção do ma de Madrid (Espanha), o Institut Nationale de Recherche pour l’Agriculture, l’Alimentation et l’Environment e o girassol”. Centre National de la Recherche Scientifique (França). As conclusões do estudo evidenciam que a implementa-

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Edição Especial

Plano de Ação para a Década foi apresentado em Viseu

Agricultura familiar quer estar no centro das compras públicas de alimentos

organizações e capacidades, inclusão, sustentabilidade e resiliência, multidimensionalidade, inovação e funções da agricultura familiar. Este plano de ação é composto por sete pilares, nomeadamente desenvolver um ambiente político e políticas públicas que fortaleçam a agricultura familiar, apoiar os jovens a garantir a sustentabilidade geracional, promover a equidade de género e o papel de liderança das mulheres, fortalecer as organizações e capacidades dos agricultores familiares para gerar conhecimento, melhorar a sua representatividade nos vários órgãos de governança, fortalecer os vínculos rural-urbano e providenciar serviços inclusivos, melhorar a inclusão O setor agrícola quer ver alterada a legislação socioeconómica, a resiliência e o bem-estar dos agricultores, sobre as compras públicas de alimentos, de promover a sustentabilidade da agricultura familiar e fortalemodo que a agricultura familiar seja privilegia- cer a multidimensionalidade. Para cada pilar são apresentados da, em vez dos alimentos processados e impor- objetivos, resultados a alcançar e medidas indicativas. O PADAF propõe também ao Governo a criação de circuitos tados. Esta é uma das medidas que integra o curtos, defendendo que estes vão beneficiar a alimentação, a Plano de Ação para a Década da Agricultura Fa- saúde, o ambiente e a economia. Paralelamente, é sugerida a miliar (PADAF), cuja versão final foi apresenta- criação de um selo que permita aos consumidores identificar produtos oriundos da agricultura familiar. da num seminário, em Viseu. De acordo com dados do recenseamento agrícola de 2019 e Entre as metas definidas neste plano, encontra-se do Instituto Nacional de Estatística (INE), a agricultura familiar “fornecer as instituições de utilidade pública com alimentos da agricultura familiar”. Nesse sentido, é representa mais de 90% da agricultura mundial e produz 80% dos proposto o desenvolvimento e implementação de alimentos do mundo, contabilizando-se mais de 500 milhões de um programa de compras públicas. Para o setor, agricultores familiares. A proposta do PADAF que esteve em consulta pública resultou não faz assim sentido continuar a apostar em alide uma parceria entre a organização não-governamental (ONG) mentos processados e, muitas vezes, importados. Actuar, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a DireçãoO PADAF, que esteve em consulta pública em ju-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural e a Escola Superior nho, está organizado tendo por base um conjunto Agrária de Viseu. de áreas prioritárias — políticas, jovens, mulheres,

Plano resultou de uma parceria entre a organização não-governamental (ONG) Actuar, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural e a Escola Superior Agrária de Viseu.

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Edição Especial Com um rebanho de 400 cabras Serranas Jarmelistas

Quintas de Tondela ou a resiliência de quem recusa “atirar a toalha ao chão” ‘Resistir e seguir em frente’ são as palavras de ordem de António Vicente Ferreira Alves, da esposa Madalena Fonseca e do filho Tomás. Na quinta de cerca de 70 hectares, encravada entre as freguesias de Ferreirós, Nagosela e Vila Nova da Rainha, no concelho de Tondela, pastoreiam cerca de 400 cabras Serranas Jarmelistas, o maior núcleo na região desta raça considerada em vias de extinção, e cerca de seis dezenas de ovelhas Bordaleira Serra da Estrela.

O grande incendio de 2017, que assolou a região, “levou tudo”, mas António Alves recusou “atirar a tolha ao chão”. Deitou mãos à obra, contruiu uma queijaria nova, licenciada em 2021, e hoje a Quintas de Tondela é a marca com que os seus queijos de 28

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cabra, produzidos com leite cru, cardo e sal, chegam ao mercado. Em entrevista à Gazeta Rural, diz que é altura de diversificar o projeto, para que se torne sustentável, como a vida que pretende levar.

Gazeta Rural (GR): Iniciou este projeto, disse, como uma brincadeira, que se tornou séria depois de 2008? António Vicente Ferreira Alves (AVFA): Começou do bichinho que ganhei no sítio onde cresci. Nasci numa exploração agrícola que era do meu avô, em Mouraz, onde havia ovelhas, vacas, cabras e outros animais. Mais tarde decidimos, eu e a minha mulher, avançar com uma exploração de cabras. Como sou adepto de raças autóctones e daquilo que é nosso, enveredámos pelas cabras Serranas Jarmelistas, uma raça em vias de extinção, que nós contrariamos. Temos cerca de 400 cabras Serranas, o maior núcleo na região. Começámos por produzir e vender leite, mas não era economicamente viável, pelo que começamos a pensar numa queijaria, cujo


18 anos ve emparcelamento, mas não há grandes incentivos, nem organização, tampouco facilidades nesse sentido. Deste modo, este é o nosso espaço, a nossa quinta. Tondela era uma zona de quintas, onde as pessoas sobreviveram ao longo de séculos. O nome “Quintas de Tondela” nasce à volta desta história. GR: Estando inseridos na Região Demarcada de Queijo Serra da Estrela, alguma vez colocaram nos pratos da balança a opção entre a cabra Serrana ou a Ovelha Bordaleira ou Churra Mondegueira? VF: Primeiro tivemos ovelhas, numa quinta que temos em Tonda. A cabra Serrana é um pequeno ruminante que tem um comportamento completamente diferente das ovelhas, como o atrevimento e a traquinice, que nos cativou. Daí a nossa opção. GR: É também chamada “cabra sapadora”? VF: Não gosto do termo, pois prefiro chamar-lhe cabra jardineira, pois o que ela faz é espontar, atrasando o crescimento dos matos. Agora, o que é importante dizer, quando se usa o termo “sapadora”, é que terá de haver sempre mão humana, como maquinaria ou não, a fazer o complemento da limpeza dos matos. GR: Quantos litros de leite produzem por dia? VF: Temos produções sazonais, embora tentemos ter leite todo o ano. Temos três cobrições e parições controladas, em períodos diferentes do ano, pelo que transformamos só o leite dos nossos animais. Estamos a falar em média cerca de 250 litros de leite por dia. Gastamos 12 litros de leite para produzirmos um quilo de queijo. Sabemos que é possível fazer mais, com outros modos de produção, com a utilização processo de licenciamento começou em 2015, concluído, de algumas substâncias que são permitidas, e menos leia muito custo, em meados de 2021. Entretanto, tivemos te, mas nós é assim que queremos que o consumidor nos “uma ajuda grande”, com os incêndios de 2017… veja. Os nossos queijos são feitos com leite cru, cardo e sal. GR: …Que vos destruiu tudo? GR: A produção de queijo é a única fonte de rendimenVF: Tudo. Não ficou um palmo por arder na quinta. Ficamos to? sem estabulo, equipamentos, entre outros materiais, mas VF: É importante referir que nós somos produtores de conseguimos dar a volta. leite. Neste momento temos que vender uma parte para outras queijarias, porque não temos ainda forma de esGR: Depois de uma tragédia, de onde vem a força para recoar todo o queijo que podemos produzir com o leite das começar? nossas cabras. VF: Eu não estava cá na noite do incêndio, cheguei de madruTemos outros produtos, como requeijão e o cabrito, gada, e a primeira coisa que me veio à cabeça é que não valia que vamos tentar valorizar, para além da carne de caa pena continuar. Já, nessa altura, o nosso filho Tomás trababra. Temos algumas ideias em mente para acrescentar lhava connosco na quinta, nos tempos livres, e entendi que era valor a estes dois produtos, mas tem que ser uma coisa um mau exemplo, à primeira dificuldade, atirar com a toalha ao de cada vez. chão. Já tínhamos feito um determinado investimento na quinta e não conseguíamos fazer mais nada que gostássemos com GR: Isso quer dizer que o projeto ainda só vai a ele. Podíamos plantar eucaliptos, mas não era a nossa praia. Demeio? cidimos arregaçar as magas e reconstruir tudo outra vez. VF: Esperamos que sim. Tem de ser um projeto O núcleo central da quinta tem 70 hectare, onde temos a queimais abrangente, até porque já nos apercebemos jaria, divido por três freguesias (Ferreirós, Nagosela e Vila Nova da que, em termos de sobrevivência do mesmo, temos Rainha) e temos outros terrenos arrendados onde semeamos as que diversificar as atividades, pois com o aumento forragens para alimentar os animais durante o inverno. dos custos de produção é difícil viver só do queijo. GR: Entretanto lançaram a marca “Quintas de Tondela”? GR: Têm também ovelhas? VF: Há vários motivos e justificações para o nome. Como disse VF: Temos cerca de 60 ovelhas bordaleiras. Fazeatrás, o núcleo central onde temos a queijaria é um conjunto de vámos alguns queijos, que ainda não são certificados. rias quintas. Vivemos numa região de minifúndio, que existe e tem as suas características. Este é o nosso espaço. Era bom que hou-

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Edição Especial

Segundo estatísticas do Instituto Nacional de Estatística

Produção de cereais em 2020/2021 é uma das mais baixas dos últimos 35 anos de agrícola (+3,2%). Quanto ao comércio internacional, indicam que o défice da balança comercial dos “Produtos agrícolas e agroalimentares (exceto bebidas)” totalizou 3.845,9 milhões de euros em 2021, um agravamento de 401,6 milhões de euros face ao ano anterior. Os cereais foram o grupo que mais contribuiu para esta evolução, segundo o instituto, tendo aumentado o défice em 154,6 milhões de euros, o segundo maior défice (depois das “carnes e miudezas, comestíveis”) no conjunto dos produtos agrícolas e agroalimentares exceto bebidas. Os dados registam recordes de produção de kiwi, cereja e amêndoa: a produção de kiwi ultrapassou pela primeira vez as A produção de cereais de outono/inverno no ano 55 mil toneladas, a campanha da cereja foi a mais produtiva agrícola 2020/2021, de 189,2 mil toneladas, foi dos últimos 49 anos, enquanto a entrada em produção de noapenas superior às campanhas de 2005, 2011 e vos amendoais intensivos contribuiu para um aumento de pro2012, segundo as estatísticas agrícolas divulgadas dução de 31,1%, atingindo as 41,5 mil toneladas de amêndoa. pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que as- Já a produção de maçã alcançou as 368,2 mil toneladas, tendo sinalam aumentos na produção de cereais de prisido a segunda colheita mais produtiva dos últimos 35 anos, semavera/verão de 10,3% no milho e 32,5% no arroz. gundo as estatísticas. Em 2021, refere o INE, o défice da balança comerA produção de azeite disparou para um máximo histórico de cial dos produtos agrícolas e agroalimentares totalizou 2,29 milhões de hectolitros (+49% que em 2019, o segundo me3.845,9 milhões de euros, traduzindo um agravamento lhor registo desde 1915) em resultado de condições meteorode 401,6 milhões de euros face ao ano anterior, que o lógicas favoráveis, conjugadas com o aumento da importância atribui principalmente à evolução dos cereais (aumento dos olivais intensivos de regadio. A produção de vinho aumentou do défice em 154,6 milhões de euros). 14,7%, alcançando os 7,2 milhões de hectolitros, superior à média O grau de autoaprovisionamento dos cereais (excedos últimos cinco anos (6,4 milhões de hectolitros). to arroz) ficou-se pelos 19,4%, refletindo os decrésQuanto às produções de carne de bovino (103 mil toneladas), cimos verificados na produção de grão (-8,1%) e nas ovino (15,9 mil toneladas) e caprino (1,3 mil toneladas), os dados exportações (-4,5%), uma vez que as importações se revelam acréscimos de 5,3%, 9% e 14,8%, respetivamente, face a mantiveram ao mesmo nível da campanha anterior. 2020. “A diminuição na produção e nas exportações e a maEm 2021, o rendimento da atividade agrícola, em termos reais, nutenção nas importações, agravaram ainda mais o por unidade de trabalho ano, aumentou 9,6%, em consequência dos grau de autoaprovisionamento dos cereais (exceto acréscimos de 7,1% no Valor Acrescentado Bruto (VAB) e de 12% dos arroz)”, destaca o INE. outros subsídios à produção, após uma quase estagnação (-0,1%) Os dados do instituto registam aumentos do índice em 2020. de preços de produção dos bens agrícolas (+5,6%), Sobre o número de incêndios rurais em 2021 em Portugal, num do índice de preços dos bens e serviços de consumo total de 8.230, o INE recorda que significaram menos 15% de ocorcorrente na agricultura (+14,2%) e do índice de prerências face a 2020, enquanto a área ardida, de 28,47 mil hectares, foi ços dos bens e serviços de investimento da atividaa segunda mais baixa da última década.

A produção de cereais no ano agrícola 2020/2021 foi uma das mais baixas dos últimos 35 anos, em reflexo da redução quase generalizada em todas as espécies, agravando o grau de autoaprovisionamento, segundo estatísticas do INE.

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Edição Especial Assembleia Geral Ordinária decorreu no Teatro-Cine de Pombal

Turismo Centro de Portugal apresentou apostas para 2023 -presidente da Câmara de Coimbra. Depois de Pedro Pimpão, presidente da Câmara de PomConseguir que a região cresça na probal, ter dado as boas-vindas aos participantes, Pedro Macura turística, acima dos resultados chado, presidente da TCP, informou os parceiros presentes que a Turismo Centro de Portugal é o destino nacional convide 2019, e que reforce a sua presença dado da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa 2023, uma distinnos 28 mercados internacionais emisção que disse ser “um ponto alto” na estratégia da entidade. sores de visitantes são as apostas Pedro Machado sublinhou também as ambições para o ano de 2023, nomeadamente conseguir que a região cresça na da Turismo Centro de Portugal para procura turística acima dos resultados de 2019, ano referên2023. As propostas foram aprovadas cia até agora, e que reforce a sua presença nos 28 mercados em Assembleia Geral Ordinária, que internacionais emissores de visitantes. Seguiu-se a apresentação das linhas gerais do Programa decorreu no Teatro-Cine de Pombal. Regional de Ecoturismo da Região Centro de Portugal. Este é um projeto liderado pelo TCP e que se encontra na fase de recrutamento dos vários intervenientes. O programa pretende A Entidade Regional de Turismo do Centro sistematizar os casos de sucesso e boas práticas na estruturade Portugal (TCP) reuniu em Assembleia Geral ção de programas ecoturísticos, assim como identificar os prin(AG) ordinária, que teve como pontos princicipais ativos turísticos a este nível. pais a apresentação do Plano de Atividades e Nos pontos seguintes da ordem de trabalhos, a AG apreciou do Orçamento de 2023, entre outros assune aprovou a Revisão Orçamental n.º 2/2022 e o Plano de Atividades de 2023, bem como o Orçamento e o Mapa de Pessoal do tos. próximo ano. A reunião decorreu no Teatro-Cine de Pombal, A terminar foi também aprovada a adesão da TCP à “Cortiçada tendo os participantes aprovado por unanimidade Art Fest – Laboratório para a Gestão Integrada de Arte na Paisae/ou maioria todos os pontos da ordem de trabagem”, associação de direito privado sem fins lucrativos, cujo tralhos. A Assembleia Geral foi dirigida por Leopoldo balho em prol da arte nos territórios da região foi enaltecido por Rodrigues, presidente do município de Castelo Carlos Miranda, presidente da Câmara da Sertã. Branco, e secretariada por Francisco Veiga, vice-

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Edição Especial Realizam-se de 3 a 8 de agosto em Vouzela

Bárbara Bandeira e Noble são cabeças de cartaz nas Festas do Castelo 2022 concerto “Do clássico ao jazz”, no dia 3 de agosto, da Sociedade Musical Vouzelense, que conta com a participação da soprano Rita Martins Álvaro, no dia 4, o Grupo de Cantares de Carvalhal de Vermilhas, o Grupo de Trajes de Cantares de Loumão, o Grupo de Cantares do Rancho Folclórico de Fornelo do Monte e o projeto de canto polifónico “Canto a Vozes”, com a participação de Joana Negrão. No dia 5 a arruada da Sociedade Musical Cultura e Recreio de Paços de Vilharigues, no dia 6 o concerto de Yannik Gross, no dia 7 o grupo Vozes da Terra que irá partilhar o palco com o grupo Sons da Tradição da ilha da Madeira e no dia 8 a atuação da banda de covers Acoustica. Os ranchos do concelho irão também marcar presença no Festival Internacional de Folclore, no domingo dia 7 de agosto, com a atuação do Rancho Folclórico de Vilar de S. Miguel do Mato e do rancho Recordações de Campia, juntando-se ao Grupo de Entre os dias 3 e 8 de agosto, Vouzela volta a Danças e Cantares de Perre (Viana do Castelo), Gero Axular Dantviver as festas mais emblemáticas do concelho zaTaldea (País Basco – Espanha) e Zagreb Folk Dance Ensemble e cujo programa de 2022 inclui ainda a edição (Croácia). De sublinhar ainda a atuação do grupo Tricôt, de Oliveira de Fra50 do Concurso Pecuário, no dia 3 de agosto, o grupo GM em Tributo aos Xutos & Pontapé, des, no dia 5 de agosto e a animação dos Djs, que se espera que encerrarem em grande as noites de sexta, sábado e domingo. Na no dia 5 de agosto, o tradicional Festival Internoite de 5 animam as Festas do Castelo os Djs The Fucking Basnacional de Folclore e o espetáculo piromusi- tards e Louizt, no sábado os Djs Overule e Miguel Martins e no docal no dia 7 de agosto, e a feira de artesanato mingo o Dj Reazzon. Para além do vasto programa musical, o evenque decorre entre os dias 5 e 7, na Av. João to oferece ainda tasquinhas, bares e insufláveis. As Festas do Castelo são uma organização da Câmara de Vouzela de Melo. e irão realizar-se na Alameda D. Duarte de Almeida, em Vouzela. A Em 2022 mantém-se a aposta, diária, nas atuaentrada no recinto é gratuita. ções de grupos do concelho, como é o caso do

As centenárias Festas do Castelo, em Vouzela, estão de volta, depois de dois anos suspensas devido à pandemia. A centésima quinta edição da iniciativa conta com um cartaz musical muito diversificado e com os cabeças de cartaz Bárbara Bandeira, que sobe ao palco a 5 de agosto, a fadista Sara Correia e o cantor Noble, que atuam ambos no dia 6 de agosto.

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18 anos De 12 a 28 de agosto

Festival da Tigelada decorre em 20 restaurantes de Proença-a-Nova e variada, mas com uma forte ligação aos produtos com origem na pastorícia, nomeadamente na caprinocultura, e é desta forma, com a grande adesão da restauração, que procuramos fazer uma divulgação deste doce de excelência”. Os clientes que pedirem uma tigelada, nos restaurantes aderentes, ficam habilitado a vencer um dos prémios, após preenchimento de cupão e depósito na tômbola presente no restaurante. Posteriormente serão sorteados na primeira semana de setembro. Os prémios a concurso são um fim-de-semana para duas pessoas, a usufruir O Festival da Tigelada de Proença-a-Nova vai decornuma unidade hoteleira do concelho; uma refeição para quatro pessoas num restaurante do concelho; oferta de rer de 12 a 28 de agosto nos 20 restaurantes aderentes que se comprometem a apresentar diariamente cabazes da marca Proença-a-Nova Origem e uma entraesta sobremesa na sua ementa. Para a realização do da livre no Centro Ciência Viva da Floresta. Os interessados em participar no Festival pode desloFestival da Tigelada, a autarquia de Proença-a-Nova irá car-se a qualquer um dos restaurantes aderentes: A Caoferecer aos restaurantes aderentes caçoulos persotraia, A Gruta, A Rotunda, Cafetaria Spítimou; Casa Ti’ nalizados para a venda e exibição deste doce típico do Augusta, Churrasqueira Sobreirense, Despensa-a-Noconcelho. va, Devesa, Noite e Dia, O 29, O Gostinho da Aurora, O Para o vice-presidente da Câmara de Proença-a-Nova, João Pereira, Os Amigos, Pizzaria Ti-Zé, Restaurante Bar da Manso, “a tigelada de Proença-a-Nova já é dos produtos de doFróia, Rosa, Suites do Pinhal, Zona Balnear do Alvito çaria que melhor nos identifica, como região de gastronomia rica da Beira, Täscá Aldeia Ruiva e Täscá Proença-a-Nova.

De 12 a 28 de agosto o Festival da Tigelada de Proença-a-Nova vai decorrer em 20 restaurantes aderentes. Os clientes que pedirem este doce típico habilitam-se a vencer prémios, que serão sorteados na primeira semana de setembro.

Tlf.: 232 411 299 Tlm.: 918 797 202 www.gazetarural.com 35 Email: novelgrafica1@gmail.com


Edição Especial

De 3 a 5 de agosto, em Sernancelhe

Tony Carreira, Ana Moura e Agir em destaque no Summer Fusion 2022 O Summer Fusion é uma iniciativa do município de Sernancelhe que pretende proporcionar ao concelho e à região uma oportunidade única de assistir a atuações dos mais destacados intérpretes da música nacional. Por outro lado, pretende-se continuar a afirmar Sernancelhe como um concelho onde a cultura é aposta estratégica, no trabalho diário de posicionamento deste território no todo nacional.

Os artistas Tony Carreira, Ana Moura e Agir são destaques do cartaz do Summer Fusion, que decorrerá de 3 a 5 de agosto, em Sernancelhe. Os concertos decorrerão no Expo Salão e a programação para os três dias incluirá momentos musicais, espaços de convívio e muitas atuações com Dj's.

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No dia 3 de agosto o ponto alto do cartaz é a atuação de Ana Moura, considerada a fadista mais bem-sucedida a iniciar carreira no século XXI. A artista já vendeu mais de um milhão de discos no mundo todo, sendo uma das recordistas de vendas de discos em Portugal. Atuarão ainda nesse dia a Banda Os Red, que continuará pela noite dentro. Dia 4 AGIR subirá ao palco do Expo Salão. A sua música foi conquistando um número imenso de fãs através da sua divulgação nas redes sociais, com destaque para o Youtube. O primeiro grande sucesso de Agir, nomeadamente entre o público adolescente, foi o tema “Wella”. Em 2016 foi-lhe atribuído um Globo de Ouro, na categoria de Melhor Intérprete Individual. Antes da atuação de Agir será a vez de o Grupo Ousadia Portugal subir ao palco. No dia 5 de agosto, pelas 23 horas, o Expo Salão assistirá ao concerto de Tony Carreira, um artista que dispensa apresentações, com dezenas de sucessos em Portugal e em França, país onde é muito popular entre as comunidades portuguesas. Entre os muitos prémios arrecadados, destaque para a condecoração pelo governo francês com a medalha de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras. Os bilhetes estão já à venda e os preços são simbólicos: 3 euros para ver Ana Moura e Agir, 7 Euros para o Tony Carreira. O bilhete geral, para os três concertos, custa 10 euros.


18 anos Vigésima quinta edição decorre de 3 a 14 de agosto

Viagem Medieval em Terra de Santa Maria recria nove reinados da Primeira Dinastia Transportando-nos para uma época passada e marcante Mais de mil dias depois da última edição, em da nossa História, os três espetáculos de grande forma2019, a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria regressa à cidade de Santa Maria da Feira, de 3 a 14 to, inéditos, têm como palco privilegiado as margens do rio Cáster. Com novas bancadas e uma maior lotação, os de agosto, celebrando a sua vigésima quinta edição agora cerca de 1 600 espetadores podem assistir à “Dicom uma viagem única não por um reinado, mas penastia de Borgonha”, pelas 18h00, “Do Amor à Vingança”, los 9 reinados da Primeira Dinastia. Durante 12 dias, às 21h30, e “Da Revolta ao Último Reduto, às 23h30. 80 espetáculos diários, 20 áreas temáticas e 6 pra“Era Uma Vez… a Primeira Dinastia”, um espetáculo que conta a história dos primeiros reis de Portugal de forma ças de animação proporcionarão experiências ímpadescontraída e hilariante, mas, ao mesmo tempo, pedares e verdadeiras aulas vivas deste período da Histógógica a um público especial: o infantil. A Floresta Mária de Portugal.

gica é outro dos locais imperdíveis para miúdos e graúCom características únicas no país, cruzando a história, dos, na floresta do Castelo, onde “habitam” Elfos, Fadas património, animação e gastronomia, esta edição centra-se e Gnomos. A oferta para os mais novos surge, este ano, na recriação de episódios históricos da Primeira Dinastia, reconcentrada na zona do Carvalhal e dividida por faixas visitando os reinados que estiveram na origem da fundação e etárias. No Terreiro dos Infantes podem aprender o consolidação do reino de Portugal, contando com a presença, saber-fazer dos ofícios mais antigos da história ligaem vários momentos, dos 12 reis e rainhas que protagonizados ao quotidiano, mas também à guerra; a prática de ram este período. tiro com arco desenvolve-se nos Arqueiros D’El Rei; e O recinto da Viagem Medieval continua a crescer e, em 33 os jogos medievais e inúmeras outras aventuras conhectares, há mais uma entrada para a Idade Média (pela nova centram-se no Treino dos Escudeiros. ciclovia do Cáster, junto à Escola Básica 2,3 Fernando Pessoa) “Construímos memórias” é a assinatura que tem e um novo espaço de animação, a Praça dos Choupos (junto acompanhado a Viagem Medieval em Terra de Santa à Entrada do Carvalhal). Com o crescimento do espaço, toda a Maria neste cerca de um quarto de século. No regreszona verde da Mata das Guimbras e envolvente permitem uma so deste grande evento que se distingue pelo rigor maior fruição das diferentes áreas temáticas e, simultaneahistórico, dimensão e envolvimento da população mente, minimiza possíveis aglomerados. Há, portanto, mais ese associativismo local, é tempo de celebrar as mepaços verdes para descontrair e usufruir, mais zonas de estar e mórias coletivas. As cerca de 2000 pessoas que para refeição. diariamente trabalham no recinto serão o garante A animação diária e permanente concentra-se, este ano, em de uma inesquecível viagem de 12 dias pelos sons, seis praças distintas: a Praça Nova, a Praça dos Choupos, o Largo aromas e imagens de outros tempos. do Castelo, o Rossio, a Capela do Castelo e o Claustro do Convento A XXV Viagem Medieval em Terra de Santa Maria dos Loios. Dos espetáculos agendados, destaque para os Momené organizada pela Câmara de Santa Maria da Feira, tos da Vida D’El Rei, todos os dias às 19h00, com início no Convenempresa municipal Feira Viva e Federação das Coto dos Loios, recriando diariamente momentos da vida de um rei letividades de Cultura e Recreio do Concelho. da Primeira Dinastia. www.gazetarural.com

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Edição Especial A 20 e 21 de agosto em Portimão

‘Arrebita’ celebra o melhor da gastronomia portuguesa O Arrebita prepara-se para regressar a Portimão naquela que será a terceira edição do festival gastronómico com assinatura Amuse Bouche que já se tornou um clássico de verão a sul.

Lisboa), Maurício Vale (Soi, Lisboa), Charlotte Nunes (Rua, Lisboa), Guilherme Sousa (Terroir, Lisboa), Francisco Tomaz (Trinca, Lisboa) ou Paulo Carvalho (O Zagaia/O Batel, Sesimbra); assim como vários chefs internacionais que trabalham no nosso país, caso de Shay Ola, a “mente criativa por trás do No fim de semana de 20 e 21 de agosto, mais de 25 Queimado”, na Costa da Caparica, ou de Alessandra Borsato, chefs vindos de diferentes pontos do país irão ocupar sous chef no restaurante lisboeta Senhor Uva. as principais ruas comerciais do centro histórico da O Mercado de Produtores é uma novidade desta terceira edicidade e servir deliciosos pratos de street food, num ção. Em ambos os dias será possível conhecer e comprar alguns evento com o apoio da Câmara de Portimão. Ao longo dos melhores produtos sazonais e regionais, num esforço de vade dois dias, mais de 25 chefs de todo o país serão os lorização da rica cultura gastronómica algarvia. responsáveis pelas mais aliciantes propostas gastroA entrada no festival faz-se a partir da Praça da República nómicas. (Alameda), onde será possível adquirir os cartões de consumo, Num festival que celebra o melhor que a gastronodigitais ou físicos. Já o evento desenvolve-se entre as ruas do Comia portuguesa tem para oferecer, a cozinha algarvia mércio e Vasco da Gama, entre as 18 e as 23 horas, tanto no sámerece um lugar de destaque, com a representação bado como no domingo, e desta vez sem restrições de circulação de vários chefs da região, como Louis Anjos, Wilson devido à pandemia. Costa (Amendoeira Clubhouse, Alcantarilha), João O Arrebita Portugal foi criado em contexto de pandemia pela Viegas (Atlântico, Vila Vita Parc Resort, Porches), Amuse Bouche “com a missão de estimular a economia e o comérJoão Marreiros (Loki, Portimão), Alípio Branco (Casa cio locais, dinamizar as cidades e as regiões e incentivar o turismo Velha, Quinta do Lago, Almancil), Nuno Martins nacional”, tendo vencido o Grande Prémio da Academia Portuguesa (Numa, Portimão) e João Dias (À Mesa, Tavira). de Gastronomia em 2020. Desde o primeiro ano de pandemia foram Há também nomes consagrados do panorama realizadas cinco edições em Portimão (2020 e 2021), Idanha-a-Nogastronómico nacional e também jovens talenva (2020 e 2021) e Altitudo Guarda (2021). tos em ascensão, como António Galapito (Prado, 38

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‘Arrebita’ celebra o melhor que a gastronomia portuguesa

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Festival da Tigelada decorre em 20 restaurantes de Proença-a-Nova

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Seca está a prejudicar a produção de leite na região da Serra da Estrela

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Festival no Douro Superior mostra as tradições de oito municípios

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