MARANHAY REVISTA LAZEIRENTA (REVISTA DO LÉO) EDITADA POR LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536 TOK
“ÁGUAS REVOLTAS QUE CORREM CONTRA A CORRENTE” TOK
“PRESIDENCIA”
“DIRETORIA”
“SÓCIOS-ATLETA EM CAMPO”
NUMERO 67 – NOVEMBRO - 2021 MIGANVILLE – MARANHÃO
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE MARANHAY REVISTA LAZERENTA Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 CHANCELA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IFMA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 365 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sóciocorrespondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019), hoje MARANHAY – Revista Lazeirenta. Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
EDITORIAL
A “MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA” é sucessora da “REVISTA DO LÉO”, e continua em seu formato eletrônico, disponibilizada através da plataforma ISSUU – https://issuu.com/home/publisher. Dedicada ao LAZER – por isso Lazeirenta, expressão cunhada por Antonio Carlos Bramante -, dividida em seus dois eixos: ESPORTE & CULTURA. Do esporte, aquele desenvolvido preferencialmente no/do Maranhão, no resgate de sua Memória, dentro da proposta de Lamartine Pereira da Costa, quando da construção do Atlas do Esporte no Brasil – e em consequencia, o do Maranhão, organizado este por mim -; da Cultura, também, em especial a literatura ludovicense/maranhense... Contando com colaboradores fixos, daqui e d´além mar, a Diretoria, e colaboradores eventuais, quando seus escritos buscam divulgação e são pertinentes ao ‘espírito da revista’... D´além mar, Jorge Bento, nordestino de Trás-os-Montes, e de espírito nortista, e de vez em sempre o Manuel Constantino; D´aquém mar, algumas figuras carimbadas; a maioria, sócios e/ou membros do Instituto Histórico e/ou da Academia Ludovicense e/ou da Poética, e/ou FALMA... Outros, free-lancers... Mas todos autorizando a ‘captura’, o copiar-e-colar de seus escritos, seja qual plataforma tenham aparecido... Difícil manter/construir uma revista com periodicidade mensal, com um limite de 400 páginas na plataforma que uso para a publicação. Mas está dando resultados... o problema maior é a paciência para coloca-la no ar, antes do prazo que eu mesmo estabeleci: ultimo final de semana do mês; geralmente, sai antes... dai... Uma nova mudança: Sobre Educação Física, Espiortes e Lazer no Maranhão, a chancela do CEV... Sobre as notas e notícias da literatura maranhense, a chancela da Academia Poética Brasileira & FACETUBES, e o que acontece na Academia Ludovicense de Letras e Instituto histórico e Geográrfico do Maranhão...
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
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EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
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ESPORTE(S) & EDUCAÇÃO FÍSICA & LAZER FOLCLORE ANGOLANO – O FOLCLORE, FACTOR SOCIAL INDÍGENA JOSÉ REDINHA ALBUM E PAPAGAIO LEO LASAN A PRIMEIRA PARTIDA DE FUTEBOL OCORRIDA EM SÃO LUÍS !!! EXPEDITO GONÇALVES: DAS PELADAS NA PRAÇA DA MATRIZ EM VIANA MA PARA O GRAMADO DO ESTÁDIO URBANO CALDEIRA - VILA BELMIRO ÁUREO VIEGAS MENDONÇA ACRÍSIO MENDONCA, O DESBRAVADOR ÁUREO VIEGAS MENDONÇA ATLAS DO ESPORTE EM VIANA-MA ÁUREO VIEGAS MENDONÇA MARLON MODOLO ZANOTELLI E CARTARO 2 VENCERAM NO HUBSIDE JUMPING O MISERABILISMO ORÇAMENTAL JOSÉ MANUEL CONSTANTINO AGORA TUDO QUE MEXE É DESPORTO JOSÉ MANUEL CONSTANTINO PELADA NO CAMPINHO. LEO LASAN "NÃO VAI TER TRANSMISSÃO DO JOGO DO FLAMENGO NO JAPÃO "...OBRIGADO CREDINORTE. LEO LASAN O HANDEBOL NO MARANHÃO E TIÃO – VERDADES E MITOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
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NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO ACONTECENDO... ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA/FACETUBES
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O CURITIBANO FREDERICK CHARLES TATE OU “O TENENTE RUI E OS POLONESES”, POR RICARDO BÜRGEL LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ O MARANHÃO NO PREMIO JABUTI LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Sobre a BATALHA DE GUAXENDUBA, por R.A. LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
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ACONTECENDO: ALL & IHGM
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A DANÇA DAS LETRAS FERNANDO BRAGA ROMPENDO O SILÊNCIO!!! JEAN -PIERRE ALVIM FERREIRA POÇO DO PARÁ EM VIANA – MARANHÃO E O SEU VALOR HISTÓRICO ÁUREO VIEGAS MENDONÇA A BALAIDA EM TUTÓIA KENARD KRUEL FAGUNDES O ACUADO DE VAL DE GATOS FERNANDO BAGA O BICENTENÁRIO DA IMPRENSA MARANHENSE- (1821- 2021) EUGES LIMA O ANTROPONAUTA VIRIATO GASPAR RAIMUNDO FONTENELE O SENSO ESTÉTICO DE OSWALDINO MARQUES FERNANDO BRAGA 407 ANOS DA BATALHA DE GUAXENDUBA (1614-2021)
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EUGES LIMA O SIMBOLISMO E O POETA MARANHÃO SOBRINHO FERNANDO BRAGA JOÃO DE DEUS DO REGO EDMILSON SANCHES PRIMEIROS REGISTROS DA POESIA NA IMPRENSA DO MARANHÃO – DÉCADA DE 1820 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
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NOVIDADES
FRAN PAXECO: MEMÓRIAS & RECORTES NUMEROS PUBLICADOS
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EDUCAÇÃO FÍSICA ESPORTE(s) LAZER NO MARANHÃO
FOLCLORE ANGOLANO – O FOLCLORE, FACTOR SOCIAL INDÍGENA JOSÉ REDINHA Folclore angolano – O folclore, factor social indígena - Folclore.PT
I Congresso de Etnografia e Folclore – Resumos
“Para além dos aspectos mais comuns, populares e externos, como sejam as manifestações artísticas, coreográficas, corais, musicais e outras, o folclore indígena necessita ser visto e considerado em uma sua feição, de longe a mais importante, que é a social. Nela se inscrevem quatro grandes sectores de folclore, a saber: o do trabalho, o didáctico, o recreativo e o religioso. No primeiro é evidente o seu emprego pelos indígenas como elemento abstractivo e amenizador da monotonia e do esforço penoso das actividades humanas, mediante o ajustamento de músicas e cantares aos movimentos de variadas tarefas, aos esquemas biomecânicos das diversas actividades profissionais, constituindo, a bem dizer, uma psico-técnica natural do trabalho, facto este da maior importância na sua fisiologia. No segundo ou didáctico encontramos uma fonte tradicional, perene, instrutiva e educativa, de alcance cívico e moral, de significação jurídica, teológica e outras, largamente sociais. No folclore recreativo, nomeadamente no batuque indígena, é evidente, entre outros, a actuação dum curioso fenómeno psico-orgánico derivado da influência do ritmo sobre o temperamento ritmo-sensivel dos indigenas, facto muito importante na sua vida sexual e afectiva, e em outras manifestações físicas e morais dai derivadas. Quanto à importância do folclore religioso, bastará dizer que, entre os indígenas, não há rito sem ritmo. Nestes termos, como factor fisiológico, psico-orgânico, lúdico, instrutivo, educativo, cívico, ético e espiritual, o folclore é um importantíssimo elemento sociológico, em muitos casos vital. Pela sua alta função na vida do homem e da comunidade indígena, o folclore angolano merece estudo cuidado, não apenas cultural, mas também biológico, ecológico, económico e outros. Ele exige, finalmente, medidas tendentes a protegê-lo e a exortá-lo.” Pelo Prof. Doutor José Redinha, do Instituto Superior de Estudos Ultramarinos Fonte: “Guia oficial do I Congresso de Etnografia e Folclore” – Braga e Viana do Castelo – 22 a 25 de Junho de 1956 (texto editado e adaptado) | Imagem encontrada na net, de site desativado
ALBUM E PAPAGAIO LEO LASAN Duas fotos das antigas. A primeira dos Escoteiros de Paraibano criado pelo espanhol Padre Santiago (in memoriam). Da foto só conhecir o Teim, o Evanaldo e Neto do Bastim. Na segunda foto, dois dos maiores botafoguenses que já vi em Paraibano. O primeiro fico na dúvida se é o Ariosto Fernandes de Queiroz ou o Chichico do Bento Vermelho, que eram muitos amigos do outro da foto, o famosíssimo e inesquecível Sebastião Barbosa o "Mangapilha", apelido dado pelo Chico Dias, por causa daquele papagaio que o velho "Manga" vendeu para jogar roleta e baralho no Oséias. O papagaio 'delatou' o dono, que levou uma surra inesquecível do Cazuza que tinha o papagaio como alegria da casa. Quem souber quem são os escoteiros faça a escalação nos comentários. A primeira foto é do amigo Ze Luís e a segundo é do album da Família Anastácio.
A PRIMEIRA PARTIDA DE FUTEBOL OCORRIDA EM SÃO LUÍS !!!1 A primeira partida oficial de futebol ocorrida na capital maranhense aconteceu em 1907 em uma área que hoje compreende a Igreja Universal do Reino de Deus e o Cejol. O evento, destinado às pessoas de maior poder aquisitivo, foi organizado pelas equipes internas do Fabril Athletic Club. Fotos/Via: Hugo Enes
“Como prevíamos, foi uma festa de extraordinário brilho a inauguração official do Fabril Athletic Club. Não havia archibancadas; mas, em torno do ground, dispostas, pitorescamente, em vários grupos, á sombra das arvores, estavam colocadas numerosas capeiras, ocupadas, quazi todas, por senhoras e senhoritas, cujas toilettes, de cores variegadas, davam um tom de alacridade ao bello festival. Diversas charangas, acommodadas tambem aqui e ali, sob as arvores, completavam, com os seus accordes muzicaes, a vida e animação de que estava cheio todo aquelle recinto.
Teve começo a luta pouco antes das 4 1/2 , batendo-se ambos os partidos com galhardia, em meio das aclamações enthuziastas dos seus respectivos partidários, entre as quaes já se notava distinctas senhoritas. No primeiro half-time, apezar da brilhante investida dos Black and White, foram os seus competidores mais afortunados, pois os Red and White conseguiram fazer um goal, contra zero por parte dos Black.[...] Coube-lhes a palma da victoria, que foi symbolisada por um bouquet oferecido ao seu ilustre Captain, Sr. E. Dobler.” (Jornal Pacotilha, Outubro, 1907)
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Enviado por JOSÉ MÁRCIO LEITE SOARES
EXPEDITO GONÇALVES: DAS PELADAS NA PRAÇA DA MATRIZ EM VIANA MA PARA O GRAMADO DO ESTÁDIO URBANO CALDEIRA - VILA BELMIRO ÁUREO VIEGAS MENDONÇA
A cidade de Viana sempre se destacou no esporte, em especial no futebol sendo Bi-campeã do Torneio Intermunicipal de Futebol 1966 e 1967 e duas vezes vice-campeão do mesmo torneio - 1965 e 1989, craques como Chucho, considerado o Pelé da baixada maranhense, Djalma Campos, Dario, Marcial, Soeiro e mais recente Tica são exemplos de bons jogadores vianenses que marcaram época no futebol, além do Esporte Clube Viana, o leão da baixada fundado em 1995 que teve o saudoso presidente José Carlos Pereira Costa e que disputou o campeonato maranhense da primeira divisão e a série C do campeonato brasileiro de futebol e o saudoso João Barros que prestou grande contribuição ao time do Esporte Clube Viana. No inicio da década de 1930 três times de futebol dividiam a preferencia dos torcedores da Cidade dos Lagos, sendo eles o Dom Francisco Sport Club, o Democrata Sport Club e o Vitória. Expedito de Jesus Gonçalves, nasceu na cidade de Viana em 31 de dezembro de 1920 era filho do casal Genésio Gonçalves e Maria Raimunda Gonçalves, ainda garoto expedito jogava futebol com os colegas na Praça de Matriz, num time chamado Maguari Esporte Clube e aos 14 anos já fazia parte do time titular do Vianense Futebol Clube. Em julho de 1939, o jovem desportista vianense Acrísio de Sousa Mendonca, futuro prefeito de Viana na década de 1960, organizou uma seleção de futebol com jovens vianenses para uma turnê em São Luís, o primeiro jogo na capital do Vianense Futebol Clube foi acompanhado com expectativa pelos torcedores vianenses e teve a divulgação nos principais meios de comunicação da época, os jornais e rádios da capital. Na primeira apresentação, contra o MAC - Maranhão Atlético Clube, O Time organizado e patrocinado por Acrísio Mendonça, entrou nos gramados do então estádio Santa Izabel e alguns de seus atletas se destacaram como o zagueiro Expedito Gonçalves que nessa rodada de jogos na capital teve oportunidade de mostrar seu talento, surgindo daí o convite para jogar no Maranhão Atlético Clube e, posteriormente, em dois dos maiores clubes brasileiros: o Vasco da Gama e o Santos. Em 31 de dezembro de 1939, no dia em que completava 19 anos, foi escalado pelo treinador do MAC para jogar contra o time do Sampaio Corrêa, na época maior arqui-rival do Maranhão Atlético Clube. Sua atuação foi impecável e o MAC venceu a partida. Expedito iniciou o ano de 1940 como titular absoluto do MAC. O jogador passou a ser escolhido nesse ano, pela crônica esportiva maranhense, como o melhor jogador em campo por várias partidas e tornou-se Bi-campeão Maranhense pelo MAC no ano de 1941 ganhando a final do Sampaio Corrêa e 1943, na grande final contra o Moto Clube. Em 1944 o Flamengo e o Botafogo se mostraram interessados pelo jogador, mas foi o Vasco da Gama quem primeiro tomou a iniciativa de contratar, inicialmente atuou como reserva no time do Vasco até o final do ano, jogando como titular apenas em partidas amistosas. Sua estreia com a camisa do Vasco da Gama aconteceu em Juiz de Fora (MG), quando o Vasco jogou contra o Tupi, o clube de maior torcida da cidade, depois foi emprestado para um time de Niterói, o Canto do Rio, atuou como titular durante todo o ano de 1945. Em 1946, foi novamente cedido pelo clube carioca, desta vez para o Santos, quando passou a receber um salário de oitocentos mil réis, um dos maiores naquela época, após quatro meses de experiência, a diretoria do Santos decidiu comprar seu passe em definitivo do time carioca. A partir de então, o clube passou a fazer boa campanha no campeonato paulista, nesse período o Santos, conquistou dois vice-campeonatos, em 1948 na final contra o São Paulo e 1950 quando o Palmeiras Sagrou-se campeão, ficando como vice-campeão duas equipes São Paulo e Santos, foram oito anos consecutivos jogando pelo Santos, onde disputou um total de 161 jogos, sua estreia pelo Santos foi no jogo Santos x CA Ypiranga e sua última partida foi no jogo Santos x Juventus, Expedito foi
escolhido como um dos melhores zagueiros do campeonato Paulista nos anos de 1946, 1947 e 1948, sendo cinco anos como titular. Em uma excursão por várias capitais do país fazendo jogos amistosos o Santos disputou 15 jogos conquistando 12 vitórias e 3 empates. O experiente zagueiro deixou os gramados do futebol encerando sua vitoriosa carreira em 1954 aos 34 anos de idade, passando a residir no bairro Boqueirão na cidade de Santos no litoral paulista. Expedito Gonçalves esteve em Viana para rever seus parentes, pela última vez, em 1992, quando tinha 71 anos de idade. O jogador Expedito morreu aos 91 anos, em 04 de julho de 2012, em Santos, vítima de complicações respiratórias causadas por uma pneumonia e foi sepultado no Cemitério do Saboó na cidade de Santos/SP. O lateral-direito Expedito que iniciou batendo peladas na praça da Matriz na Cidade de Viana, teve passagens pelo Maguari Esporte Clube, Vianense Futebol Clube, Maranhão Atlético Clube, Seleção do Maranhão,Vasco da Gama, Canto do Rio de Niterói e pelo Santos Futebol Clube. (*) Fonte da pesquisa: Raposo, Luiz Alexandre. Memória de América Dias. São Luís: Edições AVL, 2012. Raposo, Luiz Alexandre. Anos Dourados em Viana: Artigos e crônicas. São Luís: gráfica e editora Sete Cores, 2018. Jornal o Renascer Vianense, edições nº 07 e 32. Programa de TV 3º Tempo, que fim levou. www.globoesporte.globo.com www.netvasco.com.br Museu da pessoa. Acervo histórico do Santos FC. Fotos: Luiz Alexandre Raposo Programa de TV 3º Tempo, que fim levou
ACRÍSIO MENDONCA, O DESBRAVADOR ÁUREO VIEGAS MENDONÇA Acrísio de Souza Mendonça nasceu no povoado Ibacazinho, em 21 de novembro de 1910, filho de Mariano de Souza Mendonça (Nhonhô) e Maria José de Souza Mendonça (Sinhá), pertenceu a uma das famílias mais tradicionais de Viana a família Mendonca, era proprietário da fazenda Nazaré. Segundo Reis (2019) “Os Mendonça formavam uma grande família, unida pelos laços de sangue e também distante pelo poder aquisitivo...Os ricos habitavam a Palmela, o Fojo, o Nazaré e o Marimar, quatro grandes fazendas, que tinham em Bidi, Velho Boa, Acrísio e Nhonhô, seus maiores patriarcas”. Acrísio Mendonça foi casado com Maria José Penha Mendonça (Zezé) e pai de 14 filhos, era sobrinho do meu avô Áureo de Sousa Mendonça, foi um grande desportista e um entusiasta do esporte e tinha uma paixão pelo futebol, com o seu apoio em 1939 e também como técnico do time organizou o Vianense Futebol Clube para realizar uma turnê com alguns jogos na capital e a primeira apresentação foi contra o MAC – Maranhão Atlético Clube, e depois enfrentou os demais clubes da capital, onde o time vianense realizou boas apresentações nos gramados do estádio Santa Izabel. Acrísio foi quem lançou o zagueiro Expedito na vitrine do futebol nessa excursão de jogos em São Luís, o jovem vianense que batia peladas na praça da matriz, se destacou e foi contrato pelo MAC - Maranhão Atlético Clube, onde foi Bi-Campeão Maranhense em 1941 ganhando do Sampaio Corrêa e 1943, o MAC conquistou seu 3º título na história da competição, esse campeonato foi a 22º edição da divisão principal do campeonato estadual do Maranhão, o MAC venceu o Moto Clube na grande final, além do MAC Expedito ainda teve passagens por grandes clubes do futebol brasileiro como Vasco da Gama, Canto do Rio de Niterói e pelo Santos Futebol Clube onde brilhou no estádio (Urbano Caldeira) a Vila Belmiro. Na política Acrísio foi vereador de Viana em 1947, foi candidato a chefe do poder executivo municipal, na eleição de 1950 quando perdeu a eleição para o seu concorrente Luis de Almeida Couto, e foi eleito prefeito de Viana nas eleições do dia 3 de outubro de 1965 e seu mandato foi de 01/09/1966 a 31/10/1970 tendo como vice prefeito Ananias Castro, elegeu-se com 1.320 votos de um total de 3.248 votos apurados. Na sua administração em 1970 ultimo ano da gestão, época em que Viana não dispunha de energia elétrica da hidrelétrica de Boa Esperança, adquiriu um grande gerador de energia com motor a óleo diesel. Na década de 1960 os únicos meios de deslocamento de Viana para São Luís eram de lanchas, ou de aviões o chamado teco-teco, na sua gestão foi o responsável pela abertura e inauguração da primeira via terrestre ligando Viana a São Luís, conforme fontes consultadas um sonho almejado há muito pelos vianenses, mas na verdade a estrada foi ligando Viana a Vitória do Mearim, até chegar a BR-222 que liga Vitória do Mearim até Miranda do Norte e via BR 135 até São Luís. Na década de 1970 e também em parte da década 1980, o trajeto de Viana para São Luís era muito demorado, pois nessa época ainda não existiam as pontes sobre o Igarapé do Engenho e sobre o Rio Pindaré no povoado Cachoeira, o percurso de 16 quilômetros ligando a Viana à Cachoeira, era realizado no veículo chamado de pau-de-arara ou jardineira, os passageiros utilizavam canoas para a travessia do rio, no outro lado da margem já tinha um ônibus à espera e os carros precisavam atravessar o rio Pindaré no pontão de ferro (balsa) puxado por cordas e a viagem seguia em ônibus na estrada de piçarra até Vitória do Mearim para alcançar finalmente a estrada pavimentada em direção a São Luís e em tempos remotos quando ainda não existia a ponte sobre o Rio Mearim na cidade de Arari a travessia era realizada também em balsa e a viagem durava em torno de sete horas. Acrísio Mendonça teve uma árdua empreitada de ligar Viana à capital São Luís e por enfrentar esse desafio foi considerado um desbravador. Acrísio foi o proprietário da primeira empresa de transporte de passageiros por via terrestre no trecho Viana/São Luís, Empresa Nossa Senhora de Nazaré, depois vendida para a Empresa Florêncio, nessa época em Viana não possuía rodoviária e chamávamos agência o local onde e embarcava com destino a São Luís, e a agência funcionava num casarão colonial denominado "Porão" na Rua dos Canudos, atual Rua Celso Magalhães, de propriedade da família
Mendonça, por trás da antiga igreja de São Sebastião, que foi demolida, onde hoje funciona a escola normal Nossa Senhora da Conceição, atual Centro de Ensino Nossa Senhora da Conceição, após alguns anos a agência passou a funcionar no casarão da família Coelho na Praça da Matriz, que foi demolido e no local foi construído o Hotel Vianense, foi nessa casa que nasceu a cantora e compositora vianense Dilú Melo. Na minha infância o motorista do pau-de-arara era o Senhor Deoclécio e tinha as pessoas que trabalhavam com ele que eram Bigurilho e Chico de Edite. As viagens para São Luís eram realizadas duas vezes por dia saindo da agência de Viana às 6h e 13h. No ano de 1982, antes de se desincompatibilizar do governo para concorrer ao senado, o que ocorreu em maio de 1982 o então governador João Castelo inaugurou o primeiro asfalto na MA-014, ligando Vitória do Mearim até o povoado três Marias em Pinheiro passando por Viana. E em 1987 o então governador Cafeteira construiu todas as pontes de concreto e asfalto novo em toda a MA-014, a partir de entao se viajou de ônibus direto de Viana para São Luís. O Terminal Rodoviário de Viana, que foi construído na Administração Djalma Campos, e por iniciativa do então vereador Ismael Abreu, autor do projeto que foi aprovado pela Câmara Municipal de Viana, na gestão do prefeito Chico Gomes, recebeu o nome de Terminal Rodoviário de Viana Prefeito Acrísio de Souza Mendonça, uma homenagem mais do que justa pelos relevantes serviços prestados à Cidade de Viana na construção da primeira via terrestre Viana - São Luís. Acrisio Mendonça faleceu em 23 de maio de 2005. (*) Áureo Viegas Mendonça, é geógrafo, servidor publico federal e pesquisador. Fonte da pesquisa: Jornal o Renascer Vianense, edição nº 30 e 44. Raposo, Luiz Alexandre. Memórias de América Dias. São Luís: Edições AVL, 2012. Raposo, Luiz Alexandre. Anos Dourados em Viana: artigos e crônicas. São Luis, Gráfica e Editora Sete Cores, 2018. Reis, Nonato. A Fazenda Bacazinho. São Luís MA: Viegas Editora, 2019. Reis, Nonato. Os Sinos da Matriz: contos e crônicas São Luís: Viegas Editora, 2021. Fotos: Arquivo família Mendonça.
ATLAS DO ESPORTE EM VIANA-MA ÁUREO VIEGAS MENDONÇA
DÉCADA DE 1930 - três times de futebol dividiam a preferência dos torcedores da Cidade dos Lagos, sendo eles o Dom Francisco Sport Club, o Democrata Sport Club e o Vitória. - o futebol era jogado na Praça da matriz pelos jovens da época, havendo um dos clubes de nome Maguari Esporte Clube - o Vianense Futebol Clube já existia em 1934 1939 - Em julho: o jovem desportista vianense Acrísio de Sousa Mendonca, futuro prefeito de Viana na década de 1960, organizou uma seleção de futebol com jovens vianenses para uma turnê em São Luís, o primeiro jogo na capital do Vianense Futebol Clube foi acompanhado com expectativa pelos torcedores vianenses e teve a divulgação nos principais meios de comunicação da época, os jornais e rádios da capital. Na primeira apresentação, contra o MAC - Maranhão Atlético Clube, O Time organizado e patrocinado por Acrísio Mendonça, entrou nos gramados do então estádio Santa Izabel e alguns de seus atletas se destacaram como o zagueiro Expedito Gonçalves que nessa rodada de jogos na capital teve oportunidade de mostrar seu talento, surgindo daí o convite para jogar no Maranhão Atlético Clube e, posteriormente, em dois dos maiores clubes brasileiros: o Vasco da Gama e o Santos. ACRÍSIO MENDONCA 1910 -Acrísio de Souza Mendonça nasceu no povoado Ibacazinho, em 21 de novembro de 1910, filho de Mariano de Souza Mendonça (Nhonhô) e Maria José de Souza Mendonça (Sinhá), pertenceu a uma das famílias mais tradicionais de Viana a família Mendonca, era proprietário da fazenda Nazaré. Foi casado com Maria José Penha Mendonça (Zezé) e pai de 14 filhos. 1939 - Foi um grande desportista e um entusiasta do esporte e tinha uma paixão pelo futebol, com o seu apoio em 1939 e também como técnico do time organizou o Vianense Futebol Clube para realizar uma turnê com alguns jogos na capital e a primeira apresentação foi contra o MAC – Maranhão Atlético Clube, e depois enfrentou os demais clubes da capital, onde o time vianense realizou boas apresentações nos gramados do estádio Santa Izabel. Acrísio foi quem lançou o zagueiro Expedito na vitrine do futebol nessa excursão de jogos em São Luís. 2005 - Acrisio Mendonça faleceu em 23 de maio de 2005. EXPEDITO DE JESUS GONÇALVES 1920 - nasceu na cidade de Viana em 31 de dezembro de 1920 era filho do casal Genésio Gonçalves e Maria Raimunda Gonçalves, DÉCADA 1930 - ainda garoto expedito jogava futebol com os colegas na Praça de Matriz, num time chamado Maguari Esporte Clube 1934 - aos 14 anos já fazia parte do time titular do Vianense Futebol Clube. 1939 - Em julho, o jovem desportista vianense Acrísio de Sousa Mendonca, futuro prefeito de Viana na década de 1960, organizou uma seleção de futebol com jovens vianenses para uma turnê em São Luís, o primeiro jogo na capital do Vianense Futebol Clube foi acompanhado com expectativa pelos torcedores vianenses e teve a divulgação nos principais meios de comunicação da época, os jornais e rádios da capital. Na primeira apresentação, contra o MAC - Maranhão Atlético Clube, O Time organizado e patrocinado por Acrísio Mendonça, entrou nos gramados do então estádio Santa Izabel e alguns de seus atletas se destacaram como o zagueiro Expedito Gonçalves que nessa rodada de jogos na capital teve oportunidade de mostrar seu talento, surgindo daí o convite para jogar no Maranhão Atlético Clube e, posteriormente, em dois dos maiores clubes brasileiros: o Vasco da Gama e o Santos.
- Em 31 de dezembro, no dia em que completava 19 anos, foi escalado pelo treinador do MAC para jogar contra o time do Sampaio Corrêa, na época maior arqui-rival do Maranhão Atlético Clube. Sua atuação foi impecável e o MAC venceu a partida. 1940 -Expedito iniciou o ano como titular absoluto do MAC. O jogador passou a ser escolhido nesse ano, pela crônica esportiva maranhense, como o melhor jogador em campo por várias partidas e 1941 - tornou-se Bi-campeão Maranhense pelo MAC ganhando a final do Sampaio Corrêa e 1943, na grande final contra o Moto Clube. 1944 - o Flamengo e o Botafogo se mostraram interessados pelo jogador, mas foi o Vasco da Gama quem primeiro tomou a iniciativa de contratar, inicialmente atuou como reserva no time do Vasco até o final do ano, jogando como titular apenas em partidas amistosas. Sua estreia com a camisa do Vasco da Gama aconteceu em Juiz de Fora (MG), quando o Vasco jogou contra o Tupi, o clube de maior torcida da cidade, depois foi emprestado para um time de Niterói, o Canto do Rio,
1945 - atuou como titular durante todo o ano de 1945. 1946 - foi novamente cedido pelo clube carioca, desta vez para o Santos, quando passou a receber um salário de oitocentos mil réis, um dos maiores naquela época, após quatro meses de experiência, a diretoria do Santos decidiu comprar seu passe em definitivo do time carioca. A partir de então, o clube passou a fazer boa campanha no campeonato paulista, nesse período o Santos, conquistou dois vice-campeonatos, em 1948 na final contra o São Paulo e 1950 quando o Palmeiras Sagrou-se campeão, ficando como vice-campeão duas equipes São Paulo e Santos, foram oito anos consecutivos jogando pelo Santos, onde disputou um total de 161 jogos, sua estreia pelo Santos foi no jogo Santos x CA Ypiranga e sua última partida foi no jogo Santos x Juventus, Expedito foi escolhido como um dos melhores zagueiros do campeonato Paulista nos anos de 1946, 1947 e 1948, sendo cinco anos como titular. Em uma excursão por várias capitais do país fazendo jogos amistosos o Santos disputou 15 jogos conquistando 12 vitórias e 3 empates.
1954 - O experiente zagueiro deixou os gramados do futebol encerando sua vitoriosa carreira em 1954 aos 34 anos de idade, passando a residir no bairro Boqueirão na cidade de Santos no litoral paulista. 1992 - Expedito Gonçalves esteve em Viana para rever seus parentes, pela última vez, em 1992, quando tinha 71 anos de idade.
2012 - O jogador Expedito morreu aos 91 anos, em 04 de julho de 2012, em Santos, vítima de complicações respiratórias causadas por uma pneumonia e foi sepultado no Cemitério do Saboó na cidade de Santos/SP. O lateral-direito Expedito que iniciou batendo peladas na praça da Matriz na Cidade de Viana, teve passagens pelo Maguari Esporte Clube, Vianense Futebol Clube, Maranhão Atlético Clube, Seleção do Maranhão,Vasco da Gama, Canto do Rio de Niterói e pelo Santos Futebol Clube.
1965 vice-campeão do Torneio Intermunicipal de Futebol 1966/67 - Bi-campeã do Torneio Intermunicipal de Futebol 1989 vice-campeão do Torneio Intermunicipal de Futebol 1995 – fundação do Esporte Clube Viana, o leão da baixada que teve o saudoso presidente José Carlos Pereira Costa e que disputou o campeonato maranhense da primeira divisão e a série C do campeonato brasileiro de futebol e o saudoso João Barros que prestou grande contribuição ao time do Esporte Clube Viana. (*) Fonte da pesquisa: Raposo, Luiz Alexandre. Memória de América Dias. São Luís: Edições AVL, 2012; Raposo, Luiz Alexandre. Anos Dourados em Viana: Artigos e crônicas. São Luís: gráfica e editora Sete Cores, 2018; Jornal o Renascer Vianense, edições nº 07 e 32; Programa de TV 3º Tempo, que fim levou; www.globoesporte.globo.com; www.netvasco.com.br; Museu da pessoa; Acervo histórico do Santos FC; Fotos: Luiz Alexandre Raposo; Programa de TV 3º Tempo, que fim levou; Jornal o Renascer Vianense, edição nº 30 e 44; Raposo, Luiz Alexandre. Memórias de América Dias. São Luís: Edições AVL, 2012; Reis, Nonato. A Fazenda Bacazinho. São Luís MA: Viegas Editora, 2019; Reis, Nonato. Os Sinos da Matriz: contos e crônicas São Luís: Viegas Editora, 2021. Fotos: Arquivo família Mendonça.
PELADA NO CAMPINHO. LEO LASAN A manchete acima não é nada do que você está pensando! Com a diminuição da pandemia, os adolescentes e jovens voltam a ocupar os campinhos de bola em vários bairros da cidade, onde a partida com bola de couro gasto e velha se chama 'pelada". A famosa "pelada" mostra que o esporte continua a ser a paixão nacional e serve como atividade saudável e meio de sociabilização tão essencial ao ser humano. E mais ainda, afastam adolescentes e jovens de práticas ilícitas e lícitas, o que contribui para melhor convivência familiar e social. O esporte se confirma como a melhor forma de educação e saúde popular. Faltam apenas maior apoio. -" A gente precisa de mais campinhos, ou um trator pra limpar aqui e botar umas traves melhor, a bola a gente faz uma vaquinha e compra...mas se tiver uma nova nós fica feliz", disse Érique o goleiro falante do campinho no Residencial. É relevante ressaltar, que o Residencial João Furtado, se tornou o maior bairro de Paraibano, e antes onde havia um campo, conhecido como Barrajão, não existe mais e os jovens do bairro ficaram sem um espaço para práticas de esportes. Os terrenos que ainda não foram comercializados, são utilizados pelos adolescentes e jovens para práticas de esportes, comprovado cientificamente que ajuda no tratamento de problemas como déficit de atenção e dislexia, reduz as chances do desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão. Os exercícios físicos também colaboram para uma melhor qualidade do sono, a controlar posturas agressivas e estimulam o raciocínio. Precisa falar mais, ou se faz um gol contra? Alô vereador e vereadora do Residencial, que tal um Projeto de Lei requerendo apoio ao esporte no bairro?
"NÃO VAI TER TRANSMISSÃO DO JOGO DO FLAMENGO NO JAPÃO "...OBRIGADO CREDINORTE. LEO LASAN Já pensou se isso acontecer hoje em dia? Pois foi o que aconteceu em Paraibano, no início da noite daquele dia 13 de Dezembro de 1981, quando o Flamengo jogaria contra o Liverpool pela Copa Toyota que decidiria o melhor time do mundo. Quando o sinal da torre de TV que ficava na serra, saiu do ar, e os aparelhos ficaram em preto e branco e chuviscando, bateu o desespero nos flamenguistas do Brejo... E agora? O Lins Braga torcedor fanático e "diplomata" fantástico juntou a galera e seguiu pra "Loja A Credinorte" para encontrar a solução, afinal faltava poucas horas para o jogo começar e quando o sinal de TV em Paraibano faltava, só voltava depois de uma semana e olhe lá... Seu João gerente da Credinorte, vascaíno doente, não gostou da ideia dos flamenguistas... mas era boa gente... ajudou! nessa hora alguns foguetes, dos rubro negros, que estavam reservados para o jogo arrocharam o céu do BREJIM de açúcar... "Uma vez Flamengo, Sempre Flamengo...Flamengo até morrer", o hino do time nunca foi tão real naquela noite de Paraibano e região... Nós do Brejo quase morremos sufocados, igual imigrantes clandestinos... mas teríamos um desgosto profundo se faltasse a transmissão do campeão do mundo... Só após à meia-noite, depois de falta de ar, confusão, barulheira e polícia, que esbaldamos toda a felicidade de sermos flamenguistas campeões do mundo, vendo o jogo em São João dos Patos, onde em um bar na praça foi transmitido o jogo de 3 a 0 com gols do nordestino Nunes e de Adilio e tendo Zico como melhor em campo. Na manhã que nos encontramos, já no Brejo, é que fomos lembrar de termos ido à São João dos Patos dentro de um caminhão baú todo fechado sem ventilação, alguns torcedores com falta de ar e a polícia parando e nos revistando achando que éramos um bando de assaltantes...mas como viram que éramos apenas FLAnáticos nos liberaram. Essa meninada de hoje, que assiste os jogos nos celulares e tvs de tantas polegadas, não sabem o que é "...Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer"... Quem foi naquele jogo de 81 nos Patos, nunca vai esquecer....eu fiquei marcado...minha mãe que torcia pelos filhos, deixou marcas de chinelas onde deveria estar o número da camisa do time, afinal eu não tinha avisado a ela que eu ia...foi um erro de passe que resultou numa péssima "marcação". fiz um gol contra... Hoje 35 anos depois não existe mais a loja de A Credinorte em Paraibano, mas existe a gratidão.Obrigado Flamengo, Obrigado A Credinorte.
O HANDEBOL NO MARANHÃO E TIÃO – VERDADES E MITOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Ludovicense de Letras Academia Poética Brasileira Recebi duas mensagens, recentes, perguntando-me sobre “Tião”, jogador de Handebol, chamado de ‘o maravilha negra’i, que surgiu em São Luís nos anos 1970, época em que, supostamente, essa modalidade foi implantada por aqui. Para esclarecer essa questão, volto à introdução dessa modalidade de esportes no Maranhãoii: O Handebol teve uma primeira apresentação, no Maranhão, em 1960, pelos professores Luiz Gonzaga Braga, e o professor José Rosa, ambos do hoje IF-MA. José Geraldo de Mendonça participou dessa apresentação e deu o seguinte depoimento:
“... a primeira exibição de Handebol no Maranhão foi realizada na quadra da Escola Técnica em 1960, por dois grupos de atletas que o prof. Braga treinou, no dia 23 de setembro. Prof. Braga foi participar de um treinamento de professores das Escolas Técnicas fora do estado e quando veio trouxe uma bola de handebol, selecionou dois grupos de atletas alunos dele de educação física. Marcou na quadra interna aqui onde hoje é o prédio grande, com esparadrapo no chão as áreas de gol do handebol e fez no dia 23 de setembro uma exibição; até então era desconhecido no Maranhão, mas só ficou nisso; ele trouxe a ideia, treinou dois grupos de educação física, e no dia 23 de setembro... eu estava nesse grupo; lembro, Edil (Edir Muniz, sobrinho do Prof. Braga); Edir (Carvalho) estava mais Abdoram era do grupo, Abdoram, Frazão, parece que Walmir também estava, parece que o Macário (da Costa) também era deste grupo” (in Entrevistas)iii Ainda em 1967, é ministrado um curso, através de convênio entre os estados do Maranhão e São Paulo, pelo Prof. Nelson Gomes da Silva, com 120 horas de duração, com uma turma de 25 candidatos. Após o término do curso, foi realizado um jogo de Handebol entre os participantes. De acordo com o Prof. José Maranhão Penha, foi o primeiro jogo disputado no Maranhão, na modalidade. Participantes do curso: Ana Rosa de Souza Silva; Benedita Duailibe; Clarice Barros Rosa; Dinorah Pacheco Muniz; Elena da Conceição Pereira; Florileia Tomasia de Araújo; Felicidade Mendes de S. Nascimento; Ivete D´Aquino Castro; Ivone da Costa Reis; Julio Elias Pereira (Major Julio); Maria José Reis Maciel; Maria das Graças R. Pereira; Maria da Conceição Sá Melo; Maria da Glória Castro Fernandes; Maria de Jesus Carvalho de Brito; Maria do Rosário Silva Maia; Maria do Rosário Silva; Maria da Conceição Santos Souza; Neide Moreira da Silva; Odinéia Trompa Falcão; Pedro Ribeiro Sobrinho; Reginaldo Heluy; Sebastiana de Carvalho Pires; Sonia Maria dos Santos Resende. Em 1970, o Handebol já era disputado quando da realização do 3º. Campeonato Intercolegial, organizado pelo Serviço de Educação Física, Recreação e Esportes, sob a direção de Mary Santos. O Batista foi o campeão de Handebol (randedebol); nas demais modalidades disputadas: Liceu Maranhense (Basquetebol e Futebol de Salão); São Luís (Voleibol Masculino) e a Escola Normal (Voleibol Feminino). Os municípios cujas equipes foram campeãs de suas chaves são: Pedreiras, Esperantinópolis, Timon, Chapadinha, Itapecuru, Guimarães, Cururupu, Pinheiro, Peri-Mirim, Codó, Zé Doca, Colinas, Paço do Lumiar, Primeira Cruz, e Humberto de Camposiv. Ainda havendo dúvidas quanto à data, segundo José Maranhão Penha, houve um curso foi em 1970 pelo Prof. Wilson Carlos dos Santos; Laércio Elias Pereira o dá como 1971. Em 1971, chega ao Maranhão o Professor piauiense Jamil de Miranda Gedeon Filho; veio ministrar um curso de atualização em Handebol; como consequência deste curso, o Handebol começou a ser difundido no Estado; o Prof. Jamil coordenou a modalidade de Handebol nos IV Jogos Intercolegiais, tendo participado dessa competição 11 (onze) escolas da Capital: Liceu Maranhense, Escola Normal, Santa Teresa, Conceição de Maria, Cardoso Amorim, Nina Rodrigues, São Luís, Luís Viana, CEMA, SENAC, além de 82 (oitenta e dois) municípios do interior, dentre estes, Imperatriz, Balsas, Barra do Corda, Passagem Franca, Timon, Coroatá, Pedreiras, Bacabal, Santa Inês, Chapadinha,
Itapecuru-Mirim, Humberto de Campos, Rosário, São José de Ribamar, Viana, Pinheiro, Carutapera, Guimarães; sendo que este último Município, foi o campeão feminino da competição. Também em 1971, no Governo Pedro Neiva de Santana os Jogos Intercolegiais foram substituídos pelos FEJ – Festival Esportivo da Juventude, idealizado por Cláudio Vaz dos Santos, que substituíra Mary Santos na direção dos esportes tanto no Município quanto no Estado; em 1972, a realização do 2º. FEJ. Cláudio Alemão contou com a colaboração de Antônio Maria Zacharias Bezerra de Araújo – o Prof. Dimas; nesse ano, também, foi ministrado um curso pelo MEC antigo Curso de Suficiência, para formação de professores - em que o maranhense Ary Façanha de Sá era o Coordenador. Diversos professores e técnicos participaram desses cursos e foram dadas aulas das mais variadas modalidades esportivas. Um dos professores não veio e um antigo jogador de basquetebol - ex-seleção brasileira ministrou as aulas de Handebol (Laércio afirma que esse curso pode ter sido dado antes deste ano). Em um outro curso, no Governo Nunes Freire, sendo Coordenador de Esportes Cláudio Vaz dos Santos, veio uma equipe do Rio de Janeiro com três professores para ensinar Basquete (Rui); Atletismo (José Teles da Conceição); e Handebol (um professor de nome Wilson (sic, Maranhão diz que esse professor esteve aqui em 1970, Laércio, em 1971). A memória do esporte no Maranhão credita a Antônio Maria Zacharias Bezerra de Araújo, o Prof. Dimas, a introdução do Handebol no Maranhão, após assistir a modalidade nos JEB´s de Belo Horizonte, em 1971. Ao retornar a São Luís, começa a ensinar a modalidade e a introduz a partir dos II FEJ, idealizados por ele e Cláudio Vaz dos Santos, o Cláudio Alemão. A segunda escola a praticar o Handebol, segundo essa versão, foi o Colégio Batista “Daniel De LaTouche”, do qual Dimas era professor, muito embora o Prof. Rubem Goulart (também professor da ETFM, nessa época) já houve feito uma apresentação da modalidade naquela escola. Logo a seguir, o Colégio Maranhense, dos irmãos Maristas (Dimas também era professor), e foi organizada uma Escolinha no Ginásio Costa Rodrigues. No ano de 1973, o Prof. Laércio Elias Pereira faz sua primeira visita ao Maranhão: tendo voltado da Olimpíada com vários cursos de Handebol e sendo treinador da General Motors EC, da Seleção Paulista Feminina que iria para os JEBs, e da Escola Superior de Educação Física de São Caetano; convidado a dar cursos pelo Brasil pela ODEFE, houve um circuito de cursos que incluía Maceió, São Luís e Manaus. Em São Luís, enquanto dava o curso, ajudava o Prof. Jamil Gedeon a treinar o time de Handebol que ia para os JEBs. Deu problema no curso de Manaus e o Cláudio Vaz pediu que ficasse treinando no tempo que estaria em Manaus. Depois, pediu para que acompanhasse a equipe nos JEBs em Brasília. Acertou a ida para Brasília, conseguindo classificar a equipe para as quartas de finais; mas no dia que ia começar essa fase, o Basquete levou todos os atletas para jogar o Campeonato Brasileiro em Fortaleza; o Maranhão ficou em oitavo. Quando da realização dos – agora - JEM´s -, Laércio veio para arbitrar os jogos, tendo apitado uma memorável partida entre Batista e Marista, ambos treinadas pelo Prof. Dimas; Laércio trouxe um seu atleta da GM para auxilia-lo na arbitragem: Edivaldo Pereira, o Biguá,; além do Handebol, Biguá apitou várias outras modalidades. Terminado os JEM´s, Biguá se estabelece no Maranhão – primeiro, como atleta, a seguir como técnico, depois como jornalista e dirigente esportivo; acabou virando cidadão maranhense. Em 1974, em janeiro, o Prof. Laércio Elias Pereira volta para morar no Maranhão; é estabelecida a “Missão” do Handebol, com a chegada posterior de Horácio e Viché (Vicente Calderoni Neto); o Projeto Handebol – a “Missão do Laércio” - foi estabelecida pelo Cláudio Vaz e apoiada pelo Secretário de Educação Magno Bacelar. Além do Handebol, o objetivo era implantar um curso de Educação Física na então FESM (hoje, UEMA) sendo aprovada a Lei de no. 3489, de 10 de abril de 1974, que “cria a Escola Superior de Educação Física do Estado do Maranhão e dá outras providências”; foi publicada no Diário Oficial do Estado do Maranhão de 10 de maio de 1974 – ano LXVII, num. 88, pg. 1). Dimas, compreendendo suas limitações na modalidade, se afasta, passando a dar todo o apoio aos “paulistas” que estavam chegando, e se dedicando a sua outra paixão, a Ginástica Olímpica. É dessa época a grande rivalidade do Handebol Maranhense, era entre o Batista e a Escola Técnica (IF-MA), nascida de um jogo entre o Batista - base da seleção maranhense que foi aos JEB's - e a Escola Técnica - no final dos JEM's. O primeiro técnico da ETFM foi Aldemir Carvalho de Mesquita, posto assumido depois pelo Prof. Juarez Alves de Sousa e a seguir, pelo Laércio Elias Pereira; com a sua saída assumiu a equipe o Prof. José Maranhão Penha. O Maranhão participa do Campeonato Brasileiro Adulto Masculino, realizado em Fortaleza, conseguindo um terceiro lugar; com Álvaro Perdigão e Raimundo Nonato Vieira (Vieirinha) (goleiros); Luís Fernando Figueiredo, Vicente Calderoni Filho (Viché), EdiValdo Pereira da Silva (Biguá), Sebastião Sobrinho Pereira (Tião), Phillipe Moses Camarão (Phil), Rubem Goulart Filho (Rubinho), Manoel de Jesus Moraes, Antonio Luis Amaral Pereira, Joel Gomes da Silva, José
Maria (Zeca); o técnico era Laércio Elias Pereira. Além do Adulto Masculino, o Maranhão participa do Juvenil Feminino – o primeiro brasileiro – em São Paulo, contando com reforços do time da GM. No ano de 1975, surge a Federação Maranhense de Handebol – FMAH -, tendo como primeiro presidente Laércio Elias Pereira; a federação não era legalizada. No ano seguinte, 1976, em agosto, a Federação Maranhense de Handebol convoca para treinamento visando o II Campeonato Brasileiro Adulto Masculino, Belo Horizonte - 2ª quinzena de outubro; Apresentação: Domingo, 8 de agosto de 1976 – 7:00 horas, Ginásio Charles Moritz: convocados os seguintes atletas:
SAMPAIO CORREA Futebol Clube - Luis Carlos Ribeiro – BOI; Sebastião Pereira Sobrinho – TIÃO; José MURILO; João DAMASCENO; Manoel de Jesus Moraes; José LOPES Neto; FERNANDO Souza; IVAN Soares Telles; CLUBE RECREATIVO JAGUAREMA - Francisco de ARRUDA; Louis Phillip Camarão – PHIL; Fernando Antonio Lima – TONHO; ALEXANDRE Nonato Moraes; José Castelo Branco – TADEU; GRÊMIO LÍTERO RECREATIVO PORTUGUÊS - ALVARO Perdigão; LUIS FERNANDO Figueiredo; Vicente Calderoni Filho – VICHÉ; Luis Verônico DUGUEIRA; ANTONIO CARLOS Pereira; MOTO CLUBE DE SÃO LUÍS - José Henrique Azevedo – MANGUEIRÃO; José GILSON Caldas; Rubem Teixeira Goulart – RUBINHO; José Carlos R Santos – BAGAGE; Antonio ZACHARIAS Castro; MARCIO Vasconcellos; MARANHÃO ATLÉTICO CLUBE: JOEL Gomes Costa; LUIS HENRIQUE Neves; Sérgio Abreu – SERGIO ELÉTRICO; DEMERVAL Viana Pinheiro; Técnico: Laércio Elias Pereira. O Maranhão sagrou-se campeão do II CAMPEONATO BRASILEIRO DE HANDEBOL; a equipe era formada por: Luis Fernando, Mangueirão, Álvaro, Gilson, Rubinho, Ricardo, Joel, Moraes, Tião, Viché, e Ivan; o técnico foi o prof. Laércio Elias Pereira, tendo como auxiliar o Prof. José Maranhão Penha. O Prof. Laércio só pode chegar para os últimos jogos, e a equipe foi dirigida até então pelo prof. Maranhão. No ano seguinte, 1977 – JEB´S – Brasília – Maranhão vice-campeão masculino e vice-campeão no feminino. Oo Prof. Marco Antonio Gonçalves (Marcão), substitui o prof. Laércio na presidência da FMHA. Em 1978 – JEB´S – João Pessoa-PB – 3º. Lugar masculino.
Vamos então à trajetória de Tião: a primeira busca é na Wikipédiav: e lá está o ‘verbete’ “Sebastião Rubens Pereira”: Sebastião Rubens Pereira (ou Sebastião Rubens Sobrinho Pereira, conforme algumas fontes vi conhecido como Tião (São Luís, 20 de janeiro de 1957 — São Luís, 9 de novembro de 2005) foi um jogador de handebol brasileiro. Trajetória Esportiva: Sua carreira como atleta teve início nos Jogos Escolares Maranhenses (JEM's), onde foi revelado na década de 1970. Em competições, Tião fez parte das equipes do CEMA, Liceu e do Colégio Marista e Batista. Sua estreia na Seleção Maranhense de Handebol Juvenil aconteceu em dezembro de 1973, no Estádio Caio Martins, em Niterói, no Rio de Janeiro; na ocasião, a seleção conquistou o quarto lugar no campeonato brasileiro. No ano seguinte, Tião voltou à competição com a equipe juvenil, em Osasco, em São Paulo, onde chegaram ao pódio com o terceiro lugar. Também em 1974, Sebastião Pereira jogou na seleção maranhense adulta pela primeira vez, conquistando mais uma vez o terceiro lugar.
O reconhecimento nacional veio em 1976, quando Tião, foi considerado o melhor jogador de handebol do país. No campeonato brasileiro disputado no Rio de Janeiro, a seleção maranhense foi campeã na categoria adulto. Primeiro maranhense a participar da seleção brasileira de handebol, Tião foi reconhecido internacionalmente como um grande armador central, posição em que jogava com mais frequência, embora dominasse todos os postos específicos do jogo de handebol. Durante sua passagem pela Europa, Tião foi objeto de estudo de diversos pesquisadores do esporte das melhores universidades europeias, como as da Romênia, Espanha, Alemanha, França, Hungria e das antigas universidades da Iugoslávia, Alemanha Oriental e União Soviética, que dominavam o cenário internacional naquela época: os cientistas queriam compreender a corporeidade do negro maranhense em seus atos de exibição de gala, da sua técnica corporal, nos principais palcos do esporte europeu e mundial. Morte e homenagens - Tião faleceu aos 48 anos por complicações de cirrose hepática. Como homenagem, Antônio Isaías Pereira, então presidente da Fundação Municipal de Desportos e Lazer, conseguiu mudar o nome do ginásio de esportes do Parque do Bom Menino para Ginásio Tião. Na França, em Nice, durante uma edição da Copa Latina de Handebol, ele foi intitulado como o “Maravilha Negra do Handebol Mundial” pelo jornal francês L'Équipe, e homenageado com um monumento. José Carlos Ribeiro – mais conhecido como Canhoto, contemporâneo de Tião no início de carreira e das seleções, escreveu em 2007vii: 2.2.3.7 Tião e o L’ Equipe O atleta de maior destaque do handebol maranhense, Sebastião Rubens Sobrinho Pereira, o Tião, a estrela do handebol, encantou o mundo e conquistou vários títulos nacionais para o Maranhão. Tião deixou a expressão do handebol arte. Seu Amadeu João Silva Pereira, pai de Tião, declarou, em conversas informais, que sempre teve muito orgulho do filho com o handebol. Assim, de acordo com informações fornecidas pelo pai, Sebastião Rubens Sobrinho Pereira, o Tião, nasceu em São Luís, em 20 de janeiro de 1957. Sua carreira como atleta de grande destaque teve início nos Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s), onde foi revelado na década de 1970. Em competições, Tião fez parte das equipes do CEMA, Liceu e do Colégio Marista e Batista. Sua estreia na Seleção Maranhense de Handebol Juvenil aconteceu em dezembro de 1973, no Ginásio Caio Martins, em Niterói, Rio de Janeiro. Na ocasião, a seleção conquistou o quarto lugar no campeonato brasileiro. No ano seguinte, Tião voltou à competição com a equipe juvenil, em Osasco, em São Paulo, onde chegaram ao pódio com o terceiro lugar. Também em 1974, Sebastião Pereira jogou na seleção maranhense adulta pela primeira vez, conquistando mais uma vez o terceiro lugar. (AROUCHE, 2005)viii O reconhecimento nacional veio em 1976, quando Tião, foi considerado o melhor jogador de handebol do país. No campeonato brasileiro disputado no Rio de Janeiro, a seleção maranhense foi campeã na categoria adulto. Primeiro maranhense a participar da seleção brasileira de handebol. Tião foi reconhecido internacionalmente como um grande armador central, posição em que jogava com mais frequência, embora dominasse todos os postos específicos do jogo de handebol, são os chamados, atualmente, de jogador universal. Jogava bem basquete, voleibol, futsal e magnífico no futebol, além do atletismo, como afirmam seus antigos companheiros do
Bermudão (equipe maranhense) de esporte. Isso se deve, pois os atletas participavam de vários campeonatos em modalidades esportivas diferentes. Na França, em Nice, durante uma edição da Copa Latina de Handebol, ele foi carinhosamente intitulado como o Maravilha Negra do Handebol Mundial pelo Jornal Francês L’Équipe e homenageado com um monumento. Durante sua passagem na Europa, Tião foi sujeito e objeto de estudo de diversos pesquisadores do esporte das melhores universidades europeias, como as da Romênia, Espanha, Alemanha, França, Hungria e das antigas universidades da Iugoslávia, Alemanha Oriental e União Soviética, que dominavam o cenário internacional na quela época. Os cientistas queriam compreender a corporeidade do negro maranhense em seus atos de exibição de gala, da sua técnica corporal, nos principais palcos do esporte europeu e mundial. [...] O estilo Tião de jogar handebol constitui uma expressão humana repleta de valores e significados culturais, que, ao mesmo tempo em que expressa comportamentos, constrói e reconstrói um universo de valores sociais, significados e ressignificados em atitudes; enfim, agindo e representando socialmente seu meio ambiente natural e sociocultural. Compreendido como um elemento da cultura corporal maranhense, Tião manifesta um movimento dialético entre os movimentos padronizados, as técnicas, regras e sua contextualização num determinado momento particular e num grupo específico, estabelecendo formas diferentes para se jogar o handebol. A forma de jogar handebol como o de Tião expressa a maneira de como o jogador compreende o mundo, que é determinado em função do tempo, espaço e valores próprios de cada grupo. No sitio Tordesilhas, portal de notíciasix, encontramos a seguinte reportagem: “Canhoteiro e Tião dois esportistas maranhenses que se tornaram lendas dos esportes no Brasil” Sebastião Rubens Pereira mais conhecido como "Tião", foi um jogador de handebol maranhense que iniciou sua carreira nas quadras de São Luís no início dos anos 70. Desde muito cedo Tião chamou a atenção de professores e técnicos, iniciando no CEMA depois LICEU de onde foi contratado para jogar no time do Colégio Marista. O jogador estreou na seleção maranhense em 1973 em Niterói no Rio de Janeiro, na ocasião o Maranhão ficou em quarto lugar o campeonato brasileiro de handebol. Nesse período o Maranhão sempre chegava nas finais do campeonato brasileiro sempre estando entre as quatro melhores equipes do país.
Em 1976 a seleção maranhense adulta finalmente chegava ao topo do campeonato brasileiro de handebol, com uma equipe recheada de grandes jogadores como Phil Camarão, Mangueirão e claro Tião, que se destacou como armador central foi considerado o melhor jogador brasileiro de handebol de 1976. Daí logo em seguida saiu sua convocação para seleção brasileira onde sempre se destacou entre os melhores, Tião sem dúvidas está entre os três melhores jogadores de handebol do país de todos os tempos. Chegou a jogar na Europa sempre encantando a todos com sua técnica bastante apurada, existe na cidade de Nice na França um monumento em homenagem ao jogador. Universidades da Romênia, França, Hungria e Alemanha desenvolveram estudos na tentativa de compreender a corporeidade do jogador maranhense algo que o ajudava bastante na incrível técnica que apresentava em quadra. Os Franceses o chamaram de Maravilha Negra do Handebol Mundial depois dele se destacar com um dos melhores jogadores de uma Copa realizada em Nice. Tião veio a falecer no ano de 2005 por conta de problemas de saúde ocasionados por uma cirrose hepática.
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Esporte introduzido no Brasil ainda nos anos 30, permaneceu restrito ao estado de São Paulo até 1960, quando, a partir dessa década, ele se difundiu no país graças aos esforços de Augusto Listello, professor da cidade de Santos, que apresentou o esporte a colegas de outros estados de forma didática. Sua popularização definitiva adveio com a sua inclusão nos III Jogos Estudantis Brasileiros realizado em Belo Horizonte - MG em julho de 1971.xi Quanto ao título, verdades e mitos, não encontramos em parte alguma, até o momento, qualquer referencia à atuação de Tião na Europa, diz-se que em Nice, e aos estudos realizados por pesquisadores europeus sobre as características de jogo de Tião. Mesmo seus contemporâneos conseguem informar sobre o assunto, sempre ‘por ouvir dizer’, e Ribeiro (2007) chegou a me consultar se tinha alguma coisa sobre essa participação. Laércio Pereira, mesma coisa: onde estão esses estudos e/ou reportagens do L´Equipe... Biguá, seu companheiro, em consulta recente, após as de Laércio, disse-me que muito do que se fala, em especial sua passagem pela Europa, é imaginação do próprio Tião, já tomado pela bebida... Mito? Ainda não sabemos, mas ao que parece...
AROUCHE, T. Morre Tião, o “Maravilha Negra”. O Imparcial, São Luís, 11 nov. 2005. Esporte, p. 13 Canhoteiro e Tião dois esportistas maranhenses que se tornaram lendas dos esportes no Brasil (tordesilhas.net) DELGADO, Leonardo. HANDEBOL. Handebol (slideshare.net); Microsoft Word - Unidade_02_Handebol (aquabarra.com.br) Grandes talentos no esporte de São Luís | O Imparcial Handebol no Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Jornal Pequeno Online (21 de dezembro de 2011). «São Luís – a frieza e esquecimento dos seus ídolos» MEMORIA TIÃO ESPORTE 10 - YouTube Morre Tião, ex-jogador da seleção maranhense handebol - Imirante.com RIBEIRO, José Carlos. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA FRANCESA EM ESPORTE ESCOLAR: interfaces socioculturais franco-maranhenses como sugestões para o Programa Segundo Tempo local. Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Prof. Dr. Paulo da Trindade Nerys Silva. São Luis, 2007. Disponível em [PDF] Universidade de Brasília JOSÉ CARLOS RIBEIRO - Free Download PDF (silo.tips) SANTOS, Mary. Educação (Crônicas). São Luís: SIOGE, 1988, p. 111-112) Sebastião Rubens Pereira – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Sebastião Rubens Pereira - wikiant.org VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TIÃO, O MARAVILHA NEGRA. In MARANHAY: revista Lazeirenta 47, AGOSTO 2020 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - Issuu, p. 19/20 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (org.) ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO/HANDEBOL. São Luís: SEDEL, 2014 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PENHA, José Maranhão. Atlas Mundial do Handebol: História do Handebol do Maranhão (campeoesestaduaisdehandebol.blogspot.com) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; PENHA, José Maranhão. Handebol no Maranhão: biografias de treinadores e atletas pioneiros. Maranhão.pmd (atlasesportebrasil.org.br) VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (org.) ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO/HANDEBOL. São Luís: SEDEL, 2014
NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO "As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram".
A consagração do direito a uma vida digna, realizada no caminho de perseguição da felicidade, implica a presença acrescida do desporto, a renovação das suas múltiplas práticas e do seu sentido. Sendo a quantidade e qualidade do tempo dedicado ao cultivo do ócio criativo (do qual o desporto é parte) o padrão aferidor do estado de desenvolvimento da civilização e de uma sociedade, podemos afirmar, com base em dados objetivos, que nos encontramos numa era de acentuada regressão civilizacional. Este caminho, que leva ao abismo, tem que ser invertido urgentemente.
TÉCNICA E VIRTUOSISMO Presta atenção: tu cuidas que, sem tecnicidade aprimorada, é possível obter índices magnificentes de criatividade e expressividade?! Imaginas que o aperfeiçoamento de qualquer aptidão, capacidade e habilidade se alcança sem necessidade de treinamento intenso, longo e sistemático?! Em que árvore foste colher semelhantes parvoíces? Aprendeste-as ou alguém te ensinou tais asnices? Dãote jeito para justificar a atitude de indolência, não é verdade?! Tira-as da cabeça e deixa de as proclamar. A inspiração não é dom espontâneo ou gratuito, nem cai do céu como a chuva; é um fruto que nasce, cresce e amadurece na terra lavrada pela persistência da ação e regada pela abundância da transpiração. PS: Em louvor da ginasta Filipa Martins e da sua equipa técnica. CIVILIZAÇÃO: CONTROLO DA BARBÁRIE, FEALDADE E INJUSTIÇA O Código de Hamurábi (rei babilónico, 1810-1750 a.C.), escrito provavelmente em 1772 a. C., é o mais antigo documento legislativo e civilizacional que se conhece. Trata-se de um monumento monolítico, talhado na pedra; contém 282 leis formuladas em escrita cuneiforme ao longo de 3 600 linhas. Firmado no Princípio do Talião (‘olho por olho, dente por dente’), determina que a pena seja proporcional à ofensa. O seu propósito era o de “proteger os mais fracos dos mais fortes.” Continua atualíssimo! O esforço de controlar a barbárie, a fealdade e injustiça não tem fim. ENTARDECER… Passas por mim, jovem altivo, como se estivesses montado no cavalo da vida sem idade. Nem sequer me olhas; não pertenço ao teu mundo. Bem o sei e sinto, ando curvado; carrego o peso dos anos, dos conhecimentos, das experiências, alegrias e tristezas, das ilusões e dos desenganos, dos desafios assumidos, dos sonhos cumpridos e dos ideais por realizar. Mas não sou velho. Velha é a Terra que nos alimenta e a Lua que ilumina a noite, velho é o Sol que nos aquece e o Mar que nos embala, velha é a Humanidade que nos acolhe e a Sabedoria que nos alenta. Cheguei ao entardecer; também cá chegarás, se não viveres no crepúsculo e levantares voo sempre que anoitece. REPRESENTÓRIO TRÁGICO O país tem dois milhões de pobres. Acrescem centenas de milhar de jovens em situações de exclusão e precariedade laboral que não lhes permitem constituir família, ser fatores de regeneração social e garantes do futuro da Nação. Haverá urgência mais merecedora de atenção e esforços coerentes para a enfrentar? A política é a arte do possível. Será impossível eliminar aquelas chagas que envergonham o presente e hipotecam o porvir? Não é! Se as forças partidárias não têm sensibilidade civilizacional, humana e patriótica para combater tamanha obscenidade, sem manobras e palavras ardilosas, destinadas a manter e até reforçar o escabroso panorama vigente, então de nada servem para os cidadãos decentes. Precisamos de outras, de renovar o sentido da ‘democracia’ e as regras do jogo da representatividade. O que está em cena é trágico; fere a essência da Constituição da República. JOGAR À POLÍTICA E ÀS NOSSAS VIDAS Outrora a corte morava nos Paços da Ribeira. O monarca atual mora no Palácio Nacional de Belém e ostenta a patusca designação de Presidente da República. Foram os órgãos mediáticos e os jornalistas que o propuseram aos eleitores; estes elegeram-no. É na capital que se urdem os jogos de poder. Os vencedores são os herdeiros das velhas oligarquias e os membros das novas. O povão fica de fora; contenta-se em bater palmas às onzenas, figurar nas selfies e ser iludido por palavras não traduzidas em atos políticos. As vítimas da pobreza e precariedade devem esperar sentadas, porque dali não vem o milagre esperado. Tirem a venda dos olhos; verão que o rei vai nu! Quem
exclama assim, corre o risco de ser execrado e apedrejado; mas desobriga a consciência cívica. Não há pachorra para assistir impávido às baixas jogadas de jogadores tão venais. ÉTICA DAS CONVICÇÕES E ÉTICA DA RESPONSABILIDADE A primeira dita os fins que me comprometo a servir e tentar realizar. A segunda aponta os passos que devo dar para lá chegar; e os que não posso dar, sob pena de inverter o sentido da marcha e trair a meta para onde quero caminhar. As duas éticas não são opostas, mas complementares. Quem, em nome da primeira, vira as costas ao possível e abre a porta ao que considera péssimo, falta à responsabilidade e ateia o fogo onde as convicções se vão queimar. Prejudica assim os que nele confiam e cava a sua ruína. Eis, a meu ver, o que fizeram o BE e o PCP na votação do Orçamento de Estado. Votaram no inseticida e estenderam a passadeira vermelha para o rececionar. Estarei enganado? É só esperar para tirar a prova dos nove. DOS VIVOS E DOS MORTOS Celebro os mortos que vivem e florescem na nossa recordaçação. Metem dó muitos sujeitos que cuidam estar vivos; e não estão, não! Canto os que têm a coragem de se erguer, para dar asas e voz à indignação. Pintam o céu na terra, e o sol no rosto e nos olhos com as tintas da exclamação. Reclamam a Paz e o Pão, semeiam no vento trovas de alteridade e fraternidade com palavras que rasgam a escuridão. Mas há tanta gente que prefere andar açaimada e curvada, com a vista sempre voltada para o chão! Morre um pouco todos os dias, sem dar conta, esmagada pela comiseração. É da sua cobardia que se alimentam os energúmenos e a opressão. DOS MEUS FRACASSOS Quando examino o caminho andado, vejo muitos fracassos. Sim, fracassei muitas vezes! Alguns deixaram mágoa e sentimento de culpa. A lembrança de outros e das posições assumidas tranquiliza a consciência. Todos eles estão vivos em mim. No último terço da carreira académica acumulei uma série de insucessos. Perdi várias batalhas. Contra o RJIES-Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior. Contra o SIADAP-Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho na Administração Pública. Contra a passagem da Universidade do Porto a Fundação. Contra o garrote orçamental aplicado ao ensino superior. Contra o roubo do direito de a comunidade universitária eleger o Reitor. Contra a entrega dessa escolha a um Conselho Geral, de portas abertas a interesses alheios à missão da instituição. Contra a aplicação dos rankings às escolas e universidades, e contra a demência das métricas e da ‘papermania’. Enfim, fracassei na luta contra a captura e perversão da educação e formação por uma ideologia que vem empurrando o mundo para o abismo. Obviamente, lamento estes desaires, mas detestaria estar com quem me venceu.
SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER! Os jornalistas e comentadores não apenas gostam de traçar cenários políticos; também exigem que os seus desígnios sejam seguidos pelos atores da política, tanto do governo como da oposição. Ora, é ostensivo o alinhamento da corte jornalística (e presidencial!) contra Rui Rio, visando destruí-lo. Qual a razão para esta ofensiva encarniçada? A resposta é muito simples: o político portuense não frequenta os salões mediáticos, nem vai ao beija-mão. Acresce que não é suficientemente devoto do neoliberalismo e da troika. Para os ‘cortesãos’ e lobistas Paulo Rangel é a sopa no mel!
PEDIDO Precisamos tanto de gente viva e vibrante! Somente ela pode acender a chama daquilo que se encontra apagado em nós: o apego à beleza, à verdade e integridade, à coragem de as afirmar e exigir. Não peço aos cantores e poetas que ponham cartazes ideológicos na testa. Peço apenas que cantem e digam as ‘coisas’ que as coisas não têm. E mostrem o brilho e a felicidade que elas irradiam. Talvez consigam, assim, contagiar os que apodrecem na fealdade e indecência e os que se afundam na cumplicidade da omissão e do silêncio, Somos mortais e passageiros; logo, interessa-nos a aproximação ao belo, ao bom e justo, enquanto estamos vivos. Quando partirmos, do resto não sobra nada, a não ser má fama e reprovação. POR LINHAS TORTAS?! O ditado está redondamente equivocado. Por linhas tortas é impossível escrever direito, porquanto os fins não purificam e salvam os meios. Duvidas disto? A tortuosidade das linhas do nosso tempo oferece sinais claros dos caminhos ínvios, onde o mundo se meteu, e do destino aonde eles nos levam. Para o abismo. DA CORRUPÇÃO E DA INGENUIDADE A corrupção reveste diversas formas. A material é condenável; a moral é desprezível. Também há vários tipos de corruptos. Os piores são os que se beneficiam com a injustiça cometida contra alguém. Alarga-se, assim, o império da putrefação. Para tanto contribui a ingenuidade. Esta, sendo na medida justa, como a das crianças cheias de perguntas inocentes, conserva em nós a candura e a simplicidade, propensas a descortinar o bem, e inibidoras de ver o mal naquilo que o não contém. Mas, quando é acrítica e dogmática, leva-nos a fechar os olhos e a razão à maldade, e a pactuar com o triunfo e alastramento da perversidade. PORQUE HOJE É SÁBADO! O tempo vazio passa depressa. Só têm duração os dias preenchidos com a contemplação e ponderação das circunstâncias. A falta de reflexão atirou esta era para maus caminhos. O privilégio da existência não nos foi concedido para o desbaratar numa competição infrene com o semelhante. Isso não constitui justificação e finalidade bastante. Estamos aqui para compartilhar e disfrutar a vida com os outros, para agir como Pessoas, para nos ajudarmos mutuamente a tecer milagres durante a passagem pela Terra. Não corras contra ninguém; é a ti mesmo, ao melhor de quem és, que tens de chegar, pouco a pouco, devagar, parando, medindo, andando de mãos dadas com a suavidade! TARDE ILUMINADA Na tarde de ontem, assisti à apresentação de um livro iluminado pela leveza das palavras e pela estética das imagens. A obra é “mais uma viagem, mais um voo clandestino” da Ana Rita Gomes (professora, treinadora e comentadora desportiva). A autora incentiva-nos a “avançar e a gritar sempre pelo nome de quem mais se ama”. Recordo-a desde a Faculdade, o seu “sorriso, genuíno, honesto”, a sua propensão para “amar os livros e as viagens”, para criar “uma nova geometria poética” com “a nostalgia da partida”. Ela é um coração que corre, uma cabeça que ama; em cada etapa ela é a poesia, a sensibilidade com asas que nos elevam ao espanto da luz.
RADIOGRAFIA DA ATUALIDADE: DO SONO E DO SONHAR O capitalismo voraz e selvagem anseia pela acumulação ilimitada: 24 horas por dia, 7 dias por semana. O tempo passado a dormir é a única barreira que lhe resiste. Mas o mercado insiste em abatê-la; almeja o
trabalhador e o consumidor sem sono. O alvo está, em parte, atingido: a internet já se apoderou de nós durante as madrugadas. Há um tipo de adormecimento que interessa sobremaneira aos tecelões neoliberais: enquanto dormimos, não acontecem só desastres naturais; também se cava a sepultura dos direitos individuais e das causas, princípios e valores sociais. Todavia, ainda nos resta uma dimensão e função do sono: a do descanso destinado a sonhar um mundo diferente e melhor. Foi isso que fizeram, em todas as eras, os pensadores e utopistas. Dos sonhos nasceu o avanço civilizacional. É urgente honrar esse legado. A PROPÓSITO DO DERRUBE DO MURO DE BERLIM A queda do muro de Berlim (09.11.1989) constitui prova eloquente de que a boa vontade e a lucidez conseguem triunfar sobre a insanidade. Ora a história ensina que, quando se resolve um problema, surgem outros a desafiar a atenção. Esta jamais pode entregar-se ao descanso. A euforia causada pelo fim da dita Cortina de Ferro adormeceu as consciências. O capital aproveitou para acrescentar um novo e sujo capítulo ao balancete de ardis e enganos; perdeu a vergonha, aumentou as fronteiras da exclusão, tornou-se selvagem, esfolador e esbulhador dos direitos das pessoas, sem quaisquer indícios de decência e escrúpulo. Devemos, pois, evocar e celebrar aquele evento, acordando a necessidade de regenerar a ordem social e a democracia. O paraíso hodierno da minoria está cheio de variados infernos para a maioria. Há muitos e altos muros à espera de ser derrubados. DO ÓBVIO Não tenho certeza de nada, apenas convicções. Somente conhecemos algo e peroramos sobre ele com exatidão e rigor, quando sabemos pouco. À medida que lemos e somamos conhecimento, aumentam as nossas dúvidas, interrogações e perguntas. É daí que nos advêm a acuidade do olhar, a segurança do caminhar e a ataraxia da alma e do pensar. E, porventura, alguma sabedoria, ou seja, a faculdade de ver o que está diante de nós e ao nosso redor, de saborear a caminhada, de compreender as margens e circunstâncias. Parece simples, mas a simplicidade é assaz difícil de enxergar; exige persistência para a alcançar, tornar fácil e naturalizar. DO PROCESSO E DO PRODUTO Determinante é partir. E se o plano, o roteiro e o destino não forem certos?! Parte e vai! Anda o caminho sem pressa e obsessão de chegar. Faz paragens para semear sorrisos, plantar saudades, dialogar com o entorno e rezar à Natureza. Surpreende-te com os rostos do Outro. Ignora a censura. Deita fora pesos e mágoas. Percorre a distância com lentidão e leveza, passo a passo, devagar, solto. Saboreia o aroma do tempo, do pão e do vinho. E a meta?! São os abraços, beijos e flores que colhes ao longo da caminhada. E a contemplação grátis da maravilha da Lua e do Sol iluminando o mundo. OUTONO: ESTAÇÃO DA ALMA A natureza tem propósitos. Oferece-nos as estações do ano para que sejam estações da alma, momentos de paragem, de admiração da diversidade e policromia da existência. Isto requer uma atitude mais ‘contemplativa’ e menos ‘ativa’. Talvez assim, sobrepondo a serenidade ao frenesim, as cores e funções da idade abracem a plenitude da vida. Esta não existe só no romper da primavera e no fulgor do verão; manifesta-se também no outono, na sua harmonia, no cobertor macio do sol, no azul do céu refulgente e límpido, nas folhas que caem e tingem a esperança da ressurreição. Nas horas crepusculares e matutinas, faz-nos bem sentir um friozinho e uma penumbra suficientes para arrefecer a euforia e nos inquietarmos com a dúvida. Durante o dia, há calor e luz ainda bastantes para nos aquecer e não ficarmos perdidos nos descaminhos e desatinos.
HISTÓRIA MAL CONTADA Diz o Génesis (primeiro livro da Bíblia) que Deus criou o mundo em seis dias. Ao sétimo descansou. Não há registo de que, dali em diante, tenha feito algo com relevante significado positivo. Dá a impressão de que o Criador só intervém para castigar a maldade dos humanos; e, mesmo assim, apenas uma fração mínima, porquanto a maor parte campeia à rédea solta e impune, destruindo a bel-prazer a maravilha por Ele criada. Não consigo entender e acreditar nesta história, por mais fascinante que seja. Está mal concebida e pior contada. Preciso de outra, que me insufle de esperança, tire do desamparo e não entregue aos títeres do abismo. ACORDEMOS, ENQUANTO É TEMPO! A natureza está cansada de avisar: não precisa de nós para nada; somos nós quem precisa dela para tudo! Se continuarmos a ser hipócritas e falsos como Judas, a chamar-lhe mãe e, ao mesmo tempo, a maltratá-la, ela não acabará; continuará a prosseguir o seu destino. Mas o nosso chegará ao fim, inexoravelmente, sem remissão possível. Depois, já era! COMERCIANTES DA FELICIDADE Olhemos o mundo e a triste realidade que afeta a maioria da população. Não é para nos contentarmos com a nossa sorte. É para sair da indiferença e agir em favor de todos. Os ‘comerciantes da felicidade’ apregoam a busca frenética desta em nós; e apontam inúmeras vias para a alcançar: jogging, fitness, cremes, dietética, medicinas alternativas, psicoterapias várias e coisas afins. Vendem a ‘ideologia do sucesso’: qualquer um pode ser o que quiser, desde que trabalhe arduamente. A falácia tiraniza assim o espírito e o corpo: nega a efemeridade e transitoriedade das horas felizes, impõe a ilusão esgotante e patogénica, e entranha a culpabilidade por não atingir o ideal vendido e comprado. Eis a perversão: quem não conseguir é perdedor e carrega essa vergonha! Haverá alegria e felicidade para a pessoa de bem num mundo repleto de gente triste e infeliz? Voltar as costas ao entorno, ser nele eremita, será essa a fórmula sábia para procurar a vida feliz? Não será recusa de (con)viver? O ‘cuidado de si’ expõe a egolatria hodierna, tão autodestrutiva e depressiva como a fictícia felicidade individual. Expulsemos a funesta ilusão do ‘felicismo’ (Luc Ferry) e usemos a lupa da lucidez para encontrar as pontes da amizade, compaixão e solidariedade com os habitantes da Terra. A interajuda e a partilha subjazem ao amor e à ideia da felicidade. ESCLARECIMENTO No recanto da solidão e do pensamento ouço nitidamente os clamores e vozes do Universo, o estertor das contradições e soluções gastas, o silvo urgente da radicalidade, os gritos desesperados por justiça social, as doridas súplicas de misericórdia, os pedidos pungentes de salvação da Terra, os últimos suspiros de quem parte, o choro inicial e jubiloso de quem nasce. É essa audição que procuro plasmar nas reflexões. Movo-me por causas, não contra alguém. QUEM QUER SER PROFESSOR? A pergunta anda no ar, com dados inquietantes e demonstrativos de que escasseia gente com vontade de ser professor. Causa-me estranheza. Atingi a jubilação e manifestei disponibilidade para continuar a dar aulas, sem nenhuma remuneração. A oferta foi ignorada; e não foi por imperativo de qualquer legislação.
REI MAGO Por mais que a inocência pergunte pelo comboio ou trem para um mundo melhor, ninguém lhe sabe ou quer responder. Nem os sábios da ciência, nem os detentores da verdade da religião, nem tampouco os mandarins do mercado, os corretores da bolsa e os pregadores da desinformação entendem o sentido da interrogação. A resposta está guardada, a sete chaves, na coragem de cada um de nós para dar forma à vontade e rumo decente à peregrinação. AA PRECISAMOS DE COMEÇAR AGORA MESMO! Não podemos pactuar mais com o negacionismo, com as mentiras, com os embustes, com as intrujices, com os mantras do crescimento, com a sujidade, com as hesitações. Ninguém pode invocar desconhecimento; as causas e as consequências estão sobejamente esclarecidas. Quem faltar à gravidade desta hora trai a humanidade, deserda os filhos, netos e bisnetos presentes e vindouros. Não há Humanidade II ou B. A insana competitividade não dá essa oportunidade. PÔR-DO-SOL... Quando o sol se põe, os sonhos vão para junto das estrelas. Eles precisam de luz sempre acesa, para não adormecer. Connosco ficam as dúvidas e interrogações. O que trará o dia de amanhã? Quem dera que viesse um novo começo para o mundo! Assim almejam o ânimo e a razão, mas receiam que a esperança não passe de uma ilusão. A CEGUEIRA MAIS CEGA A maior e mais cega cegueira é alguém ser cego e cuidar que o não é. Esta avaliação é da autoria do Padre António Vieira. Pois bem, a cegueira atingiu, faz tempo, Maria de Lurdes Rodrigues: "Perdi os professores, mas ganhei a população." Mesmo assim, não ficou satisfeita; após infernizar a escola e a função docente, quer agora ganhar a presidência do CRUP, para deitar a perder (ainda mais) as universidades públicas. Enfim, há quem procure a eternidade deste jeito. DESPORTO DE ALTO RENDIMENTO MONETÁRIO O dinheiro não gozou sempre do estatuto ‘virtuoso’ que hoje possui. No passado remoto nunca foi ocultado o seu potencial de corrupção e dissolução. Com o capitalismo deixa de ser visto como meio e atinge a categoria de fim existencial. No presente a visão financeira sobrepõe-se à económica (ao governo da casa comum da sociedade); aquele assume o desígnio de concentração sem limite e é elevado à categoria de divindade. Surge assim um ‘novo templo’, onde tudo é comprável e vendível, e todos ajoelham aos pés dos deuses ‘dinheiro’ e ‘mercado’, duas faces da mesma entidade. Esta involução é bem visível no desporto, sobretudo no futebol. As SADs, em que foram convertidos os clubes, visando desapossá-los dos sócios, contabilizam os atletas como ‘ativos’. O capital neles investido tem que gerar dividendos. A mutação é medonha; no entanto as suas implicações passam despercebidas à maioria dos olhares.
TAMBÉM SOU PESSOA! ‘Pessoa’ provém do vocábulo latino ‘Persona’ (máscara do personagem no teatro romano). Expressa o papel atribuído ao ator e a essência do seu desempenho. Em verdade, não nascemos com qualquer essência, nem possuímos só uma. Ela depende das ‘máscaras’ da existência, da conduta e dos papéis que nela assumimos.
Esta era mantém no palco e em alta a tragédia de três personagens: as 'pessoas', as 'não-pessoas' e as 'superpessoas'. Não seria, pois, despropositado se muita gente andasse com um letreiro pendurado ao pescoço, dizendo “eu também sou pessoa”, como outrora os negros norte-americanos. Talvez isto acordasse a razão. Os sem abrigo, sem trabalho e sem segurança social, os explorados, os excluídos e os marginalizados são o quê e servem para quê? São as não-pessoas; perfazem a multidão que carrega nos ombros o andor das super-pessoas nababescas. Quando será que a sociedade se tornará uma comunidade de pessoas, somente?! MANTRA DO CRESCIMENTO ECONÓMICO ‘Crescer, crescer, crescer’; produzir riqueza, para a distribuir! Esta lengalenga parece um lema olímpico, mas é só mais uma das muitas patranhas dos onzeneiros neoliberais. Já tiveram mil oportunidades para a praticar, porém desconhecem o ato de compartilhar; aproveitam todas as crises para acumular, esbulhar e esmifrar. Sabem apenas isso e a vasta teia de artimanhas para enganar e ludibriar. A Modernidade proclamou o direito universal à felicidade, e a garantia de condições propícias à busca individual da mesma. Após esse, outros direitos tiveram consagração constitucional e originaram programas políticos de estruturação da sociedade, visando supostamente realizar aquele fim. Todos os anos são publicados relatórios e rankings de países, mostrando os índices de satisfação com a vida, em paralelo com o acréscimo do PIB. Os dados revelam que a satisfação aumenta com a eliminação das várias formas da pobreza, da injustiça e corrupção; não sobe automaticamente com a acumulação da riqueza. Ainda bem! As ‘coisas’ cruciais para a felicidade (amor e amizade, cuidar dos entes queridos, ajudar os vizinhos e os concidadãos, o reconhecimento e a estima dos colegas de profissão, a proteção contra a afronta, o desrespeito e a humilhação) não são comercializáveis; não estão à venda nas lojas, ao lado dos produtos milagrosos para as depressões e os desvarios da tara ultraliberal. Nem sequer figuram no rol dos artigos preferidos pelos edis do mercado. Hoje continua em alta o mantra do crescimento. Há mesmo necessidade de ‘crescer’? Quais os benefícios disso? À custa do quê e de quem? É tempo de parar a corrida insana, de repensar o caminho, de nos tornarmos mestres da arte de viver. O mundo pede uma nova economia, que tire da gaveta a bandeira da decência e harmonia, balize com ela o trajeto existencial, o trato inter-humano e o uso da natureza extrínseca e intrínseca.
ACONTECENDO...
Atualizações no www.facetubes.com.br https://www.facetubes.com.br/.../leopoldo-vaz-participa... Leopoldo Vaz participa da secção "Textos Escolhidos", com: Relato do piloto TENENTE RUI MOREIRA LIMA
FACETUBES.COM.BR Leopoldo Vaz participa da secção "Textos Escolhidos", com: Relato do piloto TENENTE RUI MOREIRA LIMA
O CURITIBANO FREDERICK CHARLES TATE OU O TENENTE RUI E OS POLONESES O tenente Rui e os poloneses – Revista Ideias
RICARDO BÜRGEL Relato do piloto TENENTE RUI MOREIRA LIMA2 de uma das suas missões de ataque na área de Casarsa durante a Segunda Guerra :
2 Rui Barbosa Moreira Lima (Colinas, 12 de junho de 1919 — Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2013) foi um piloto militar de caça e Tenente-brigadeiro-do-ar brasileiro. Foi o criador do lema do 1º Grupo de Aviação de Caça (Senta a Púa). Até o início de 2013, era um dos três únicos pilotos veteranos da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial ainda vivos. Moreira Lima atuou ao lado dos militares legalistas que se opuseram ao Golpe de 1964, tendo sido perseguido e torturado pela ditadura militar que se seguiu. Rui Moreira Lima – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
"No dia 11 de março de 1945, decolaram duas esquadrilhas do 1º Grupo de Caça sob o comando do Capitão Lagares, com a finalidade de bombardear a muito conhecida ponte de Casarsa, localizada ao norte de Veneza. Completava eu a 59ª missão de guerra. A ponte era conhecida por motivos óbvios. Ali, alguns companheiros trouxeram a marca da acurada artilharia alemã. Um deles, o Ten Armando de Souza Coelho, teve seu avião atingido, saltando de pára-quedas em território amigo. O Ten Othon Correia Neto, que não teve a sorte do Armando, saltou sobre a área de Casarsa, sendo feito prisioneiro. Eu mesmo já havia recebido meu quinhão, quando o meu P-47 foi atingido na asa, por estilhaços de 88. A verdade é que esse não era o lugar mais aprazível para ser "visitado". Quando nos designavam para ir até lá, não havia entusiasmo de nossa parte. Casarsa soava, para nós pilotos, como Bolonha, Ferrara, Legnago, Udine, Lavis, Piacenza, Isola di Scala e mais uma dezena de bem defendidos alvos do Vale do Pó. Lançar bombas em alvos como esses, se bem que fôssemos voluntários - o 1º Grupo era constituído somente de voluntários - causava-nos profundo respeito. Decolaram as esquadrilhas Verde e Marrom. Na primeira, comandada pelo Cap Lagares, voavam o Ten Tormin, como nº 2, eu como líder de elemento, e o Ten Coelho como nº 4; a Marrom, também sob o comando de Lagares, formada pelo Cap Pessoa Ramos, o Ten Meira como nº 2, o Ten Perdigão como líder de elemento e o Ten Paulo Costa como nº 4. Todos veteranos. O menos experiente era o Tormin, mas que se tornou veterano nas suas primeiras missões, conquistando este título por bravura, precisão nos ataques, descontração no vôo sob o fogo antiaéreo e mais um punhado de qualidades que o tornaram um dos mais hábeis pilotos de caça de nossa Unidade. A rota escolhida até o alvo saiu da rotina, pois ao invés de voarmos diretamente para o objetivo, o Lagares, para evitar o Flak de Bolonha, voou sobre nossas linhas até Florença, rumando daí para Casarsa. Nessa ocasião, parte da "Estrada 9" tinha caído nas mãos do VIII Exército Inglês. Ao cruzá-la, deixamos à nossa esquerda a cidade de Forli, recentemente conquistada pelos ingleses, estando ocupada por um esquadrão de aviões de ataque A-20, formada de poloneses da RAF. Para esta história, este detalhe é importante. Chegamos a Casarsa na hora estabelecida, e iniciamos o ataque. Era uma ponte ferroviária sobre o rio Madunna, que só poderia ser considerado como tal na época das águas. Parecia um desses nossos rios do nordeste que, na seca, vira estrada. Mergulharam o Lagares e o garoto Tormin, vindo eu em seguida. No momento em que iniciava o mergulho, descobri uma bateria de 88 alemã, localizada a uns 200 metros da ponte. Avisei pelo rádio: - "Jambock Verde, de Jambock Verde, nº 3, localizei uma bateria, vou atacá-la, antes de lançar minhas bombas". - "Boa sorte", replicou o Lagares. Como era de esperar, fui recebido "festivamente", não somente pela bateria que estava atacando, mas por outras armas de menor calibre, inclusive canhões antiaéreos de 40 e 20 mm. Deixei tudo em volta e me fixei
na bateria. Mais ou menos a uns 3000 pés, fui atingido no motor, perdendo dois cilindros. O motor começou a pegar fogo. Novo aviso ao Lagares: - "Jambock Verde, fui atingido, o avião está pegando fogo, vou continuar o ataque sobre a bateria, saltando de pára-quedas em seguida". Sem aguardar a resposta, desci mais sobre o alvo, que somente parou de atirar quando o seu último artilheiro foi eliminado. Honra à memória daqueles bravos alemães. Tudo isso correu no relógio em segundos. A velocidade de mergulho andava pelas 420 mph. Transmiti nova mensagem: - "Jambock Verde, estou com fogo a bordo, vou agora lançar minhas bombas sobre a ponte, 'entregando-as a domicílio', e depois saltarei". Por sorte, no momento em que sobrevoávamos o alvo, estava parado sobre a ponte um trem alemão. As bombas dos setes aviões que me antecederam pegaram a aérea do alvo, mas não atingiram a ponte. Como fui fazer aquelas entregas, acertei em cheio. O trem era de munições. Uma festa pirotécnica. A explosão das duas bombas de 500 lbs do meu D-4, "o Poderoso" (eram esses o número e o nome do meu Thunderbolt), misturou-se à explosão da munição do trem. O dia 22 de abril de 1945 é uma data emblemática para a Força Aérea Brasileira, pois marcou o ápice da campanha do 1º Grupo de Aviação de Caça no Teatro de Operações europeu. Como ataquei a baixa altitude, fui atingido pelos estilhaços. Trouxe mais de 28 marcas no avião, sendo que em duas delas poderia passar uma bola de futebol de salão. Cumprida a missão, com a ponte destruída, transmiti nova mensagem: - "Jambock Verde, é o Jambock Verde 3, vou saltar, a visibilidade é zero, pois, além do fogo, há óleo sobre o pára-brisa, cobrindo também o canopy e fumaça na nacele". Com o excesso de velocidade, levantei o nariz do avião, atingindo a altura de 8000 pés. Agora, só saltar e esperar o bicho que ia dar. Nesse instante, ouvi a voz clara do Lagares: - "Não vai saltar coisa nenhuma, o fogo antiaéreo te pegará durante a queda, toma o rumo 150º que te avisarei quando deves saltar". - "E o fogo? Achas que devo virar churrasco ou explodir feito o trem lá embaixo?" - "É uma ordem, não salta agora, há Flak demais em torno do teu avião, estão te caçando, é burrice saltar agora". Outras vozes chegaram aos meus ouvidos. O estribilho era o mesmo, - "Não salta Arataca!" A solidariedade dos companheiros e a voz experiente do Lagares clarearam minha cabeça. - "Está bem, Jambock Verde, leva-me para outro local, que o canopy está começando a fundir, e eu estou vendo a hora de dar o último grito". Voei na reta, sempre subindo, seguindo as instruções do Lagares. Não se via nada para o exterior. A labareda que vinha do motor lambia o lado esquerdo do canopy. O óleo, a fumaça tudo impedia que eu visse o azul lá fora. O vôo era por instrumentos, coisa que, na época, não era meu forte. - "Agora salta, estás sobre o Adriático. Já pedi socorro. Dentro de duas horas terás um Catalina que te apanhará. Usa bem a cabeça e teu barco de emergência." Acontece que, naquele instante, meu ímpeto de saltar já estava bem arrefecido. Afinal de contas, não era pára-quedista. Iria tentar um meio de apagar o fogo. Avisei, caprichando no timbre de voz, dando a impressão de que estava calmo de que não iria saltar enquanto não tentasse uma manobra para apagar o fogo. Minha decisão caiu como uma bomba sobre o pessoal. Entre as palavras que me chegavam aos ouvidos, quase todos me chamavam de burro, xingavam minha mãe, diziam que eu iria virar churrasco, que eu estava era com medo de saltar, etc. Ouvi o diabo, mas não dei bola. Aproveitei um intervalo e entrei no ar declarando: - "Estou a 12000 pés, vou cortar a gasolina, mistura, bateria, gerador e magnetos. Picarei em seguida até atingir 350 mph. O fogo deve apagar. Darei partida no motor outra vez, se o fogo voltar, saltarei. Caso contrário voarei até onde der". Pararam de falar, naturalmente para observar-me. Executei a manobra planejada, a labareda extinguiu-se. Ao dar nova partida, ela não voltou. Aumentou a fumaça, talvez por ter aumentado o vazamento de óleo. Com o fogo apagado, o Lagares deu-me o rumo direto de Forli, a tal base de poloneses da RAF. Atendendo ao comando do Lagares, fui guiado até lá. Quando estava mais ou menos a um minuto da cabeceira da pista, em altura conveniente, o Lagares disse-me que estava alinhado com a pista, devendo cortar o motor à sua ordem.
Aí entrou São Tomé. Quis conferir. Pus o óculos de vôo, abri o canopy e estiquei o pescoço para fora. Um jato quente de óleo cobriu-me os óculos. Num gesto pouco inteligente, tirei os óculos e insisti. Desta vez paguei caro. A vista esquerda foi atingida com óleo quente. Já estava quase no chão. A ordem para cortar o motor veio rápida. Fazê-lo e deslizar de barriga sobre a pista foi questão de um piscar de olhos. Fiz uma aterrissagem sem rodas, pois tanto eu quanto o Lagares não queríamos correr o risco de "varar" a pista com uma possível explosão. O avião correu o suficiente para parar a uns dez metros do seu final. Depois daquele barulho infernal da lataria deslizando sobre uma pista de emergência feita de grades de ferro, e passado o susto momentâneo, chamei o Lagares, quase implorando que ele não me deixasse naquela base desconhecida, de aliados desconhecidos também, onde teria que me entender com poloneses falando inglês, língua cuja pronúncia arataca (sou nortista do Maranhão) não pegaria bem falando com gente da Polônia, que só conhecia através do rádio, quando Batatais engoliu 5 frangos e Leônidas e Hércules fizeram 6 gols em Majewski, no campeonato de futebol de 1938. Meus apelos foram em vão. As esquadrilhas retornaram a Pisa. Fiquei entregue à minha própria sorte e sabedoria. Deixei o avião às carreiras. Ainda havia o perigo de uma explosão. Afastei-me o quanto pude. Sentei-me sobre o pára-quedas a uns 100 metros, tremendo, mas tremendo mesmo, a vista esquerda no escuro, aguardando o socorro de um carro contra-incêndio, uma ambulância e um jipão. Quem me descobriu primeiro foi o jipão. Sobre o capô vinha sentado um oficial da RAF. Louro, 1,88 m, uniforme bem posto, com algumas condecorações que, de longe, me perguntou: - "Brasileiro?" Como não imaginava que àquela altura dos acontecimentos fosse encontrar um inglês da RAF falando português, dei uma de inteligente e respondi: - "Yes". - "Yes, coisa alguma, seu sacana, como vão as mulheres de Copacabana? Que é que houve contigo?" Caí das nuvens de alegria. Respondi-lhe com outra pergunta: - "E tu, que é que estás fazendo com esse uniforme da RAF?" - "Sou filho de inglês, nasci em Curitiba, e aqui estou nessa merda dessa guerra maluca". - "Mas por que estás aqui com os poloneses?" Aí veio a explicação. Na véspera, dois aviões Focke Wulf-190 fizeram um ataque de surpresa, matando alguns tripulantes de A-20 que assistiam a um cinema ao ar livre. Por solicitação do comando polonês, a RAF mandou uma esquadrilha de Spitfires para fazer a defesa aérea de Forli. Comandando essa esquadrilha, veio o Frederick C. Tate, de Curitiba, Paraná, filho de inglês e tão louco quanto a guerra louca que já estava chegando ao fim. O médico polonês que me atendeu foi gentilíssimo e eficiente. Ali mesmo fez a faxina no olho esquerdo. Com um chumaço de algodão embebido em líquido amarelo, limpou-me a vista. A impressão que tive é que ele usava um esfregão desses de encerar cerâmica S. Caetano. Doeu pra burro. Antes que eu visse qualquer coisa, pôs-me um tampão no olho esquerdo, ficando com aquela cara que tem hoje o Moshe Dayan. Meu pensamento voava nesse momento para o Brasil. Pronto, acabou-se minha guerra e vou ter que voltar caolho. Que falta de sorte, de tantas me livrei nessa missão e agora fico cego pela metade. Fui interrompido pela voz amiga do Fredy, que me declarou estar tudo bem, inclusive com minha vista esquerda. Talvez passasse a um grau menor de visão, mas estava salva. Respirei, mas sem tranqüilidade. Somente no primeiro curativo, no dia seguinte, no Hospital Central de Livorno, é que tive a certeza que não estava cego. Ainda foi o Frederick que me falou outra vez: - "Agora é que vai começar a tua guerra com esses poloneses. Toda a vez que alguém se safa de uma dessas como tu te safaste, é obrigado a tomar um pileque. E a bebida deles é vodka!" Entramos no Jipão, passamos pelo centro médico de emergência, para uma limpeza corporal rápida (ficara todo sujo de óleo ao deixar o avião) e levaram-me para a cidade de Forli, onde estava localizado o cassino de oficiais dos poloneses. Lembro-me que encheram de vodka um copo próprio para uísque, que foi tomado de um só fôlego, ao som de uma bela canção guerreira polonesa. Nessa hora meu estado moral era o pior possível: dor de cabeça, a tremedeira que ainda não havia passado, um tampão no olho esquerdo, com todas as características que estava cego, aqueles alegres companheiros de língua diferente, um copo de vodka já bebido, que caiu garganta abaixo sem uma interrupção, não há dúvida que minha tábua de salvação ainda era o mesmo grande gozador Frederick Tate, o brasileiro rafeano que Deus mandou para me salvar.
Bebido o primeiro copo, encheram outro. Nova canção e pimba! Tive que tomá-lo. Não adiantaram meus rogos ao Fredy. O bandido estava ali para ver o circo pegar fogo. Não teve um gesto de pena. Lembro-me só o que me disse ao iniciar o segundo copo: -"Agora, meu velho, estás..." Apaguei. Acordei no dia seguinte no Hospital Central de Livorno. Sofri uma coma alcoólica. Não morri por pura sorte." Fonte: Livro "Senta a Pua!" - Rui Moreira Lima - Editora Itatiaia.
Textos escolhidos: indicado por Leopoldo Vaz, imortal APB, secional MA.
Poeta e jornalista, Eduardo Júlio é maranhense de São Luís, onde reside. Passou a infância em Basra, no Iraque. Antes de O mar que restou nos olhos, publicou em 2005, o livro de poemas Alguma trilha além (prêmio da Secretaria de Cultura do Maranhão). Porto "Diante da eternidade deste cais O silêncio é sobra do abandono A ausência tem cor azul e dói Como se não fosse céu Aquele mar que pretendíamos O próximo silêncio parece leve
Mas por instantes Cala uma cumplicidade." (Poema do livro de poesia Alguma Trilha Além, Edição Secma, 2006, reproduzido em Suplemento Cultural & Literário JP Guesa Errante Anuário, São Luis (MA), n.7, 2009). GERMINA - REVISTA DE LITERATURA & ARTE (germinaliteratura.com.br)
A Câmara Brasileira do Livro (CBL) divulgou as obras finalistas do 61º Prêmio Jabuti, entre as 10 finalistas está um maranhense Ester Morgado - 9 de novembro de 2021 às 15:56 Os finalistas foram selecionados por meio das categorias de Literatura, Ensaios, Livros e Inovação. Para a edição deste ano, foram realizadas 3,4 mil inscrições, 31% a mais do que no ano passado. Entre os dez finalistas na categoria poesia, destaque para o jornalista, escritor e poeta maranhense, Eduardo Júlio,50, com o livro “O mar que restou nos olhos” (editora 7 Letras). O poeta Eduardo Júlio fala sobre a sua participação ” Estou muito feliz, não esperava. Entendo como um reconhecimento de um trabalho. Afinal, elaborei os poemas do livro com muita dedicação. O Mar que restou no olhos foi lançado pela editora 7 Letras, uma das principais de poesia do Brasil.” Eduardo disse sobre o que consiste a sua obra e o valor para si “O mar que restou nos olhos” é o meu segundo livro de poesia. Foi lançado exatamente há um ano e reúne um pouco mais 40 poemas, a maioria com temática sobre o mar, contendo vestígios da memória da infância e juventude. O primeiro se chama “Alguma trilha além” e foi publicado em 2005, após ganhar um prêmio editorial da Secretaria de Cultura do Maranhão.” O Prêmio Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Criado em 1959, foi idealizado por Edgard Cavalheiro quando presidia a CBL, com o interesse de premiar autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros que mais se destacassem a cada ano.
MATHEUS GATO DE JESUS MATHEUSGATODEJESUS@GMAIL.COM CURRICULO LATTES ARTIGOS DO PESQUISADOR (BIBLIOTECA VIRTUAL DO CEBPAP) NÚCLEOS DE PESQUISA AFRO CEBRAP SOBRE O PESQUISADOR Pós-doutorando pela Universidade de São Paulo (USP). Doutor (2015) e Mestre (2010) em Sociologia pela USP. Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Foi pesquisador visitante no Hutchins Center for African and African American Studies da Universidade de Harvard (2017-2018) e na Universidade de Princeton (2013). Seus temas de investigação são: relações raciais, sociologia política e da cultura, pensamento social brasileiro, sociologia histórica, dos intelectuais, da literatura, dos regionalismos e dos processos de racialização nos espaços urbanos. MATHEUSGATODEJESUS@GMAIL.COM CURRICULO LATTES ARTIGOS DO PESQUISADOR (BIBLIOTECA VIRTUAL DO CEBPAP) NÚCLEOS DE PESQUISA AFRO CEBRAP SOBRE O PESQUISADOR
O Massacre dos libertos: sobre raça e república no Brasil (1888-1889) Autor: Matheus Gato Apresentação: Antônio Sérgio Alfredo Guimarães A História é sempre o resultado de uma escolha. Iluminam-se certos episódios, nublam-se outros, há sempre um presente para se sustentar com os fatos do passado. O futuro porém, está irremediavelmente associado ao passado, que precisa ser revisto e reexplorado para que caminhemos adiante. O Massacre dos Libertos recupera aos brasileiros a violência histórica do racismo e da escravidão no Brasil a partir de dois fatos seminais: a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. E narra o massacre de negros que protestavam em São Luiz do Maranhão temendo que a República recém-constituída lhes retirasse a liberdade recém-conquistada. A partir desse episódio, o texto traça um panorama das reações racistas que se formavam e se incorporavam às estratégias dos senhores brancos para perpetuar o preconceito e a marginalização da população negra pelo mito da “fraternidade racial”. Uma multidão de negros, cerca de duas a três mil pessoas, se dirige à sede do jornal republicano O Globo em São Luís do Maranhão para protestar contra a proclamação da República que, dizia-se à boca pequena, revogaria a Abolição. Lá, a tropa postada para garantir a lei e a ordem abre fogo contra os manifestantes, matando – números oficiais – quatro pessoas e ferindo várias. O Massacre de 17 de novembro de 1889 articulou de modo singular os dois grandes eventos históricos do período – a abolição da escravatura e a proclamação da República –, revelando como a questão racial permeou as disputas durante a mudança de regime. Nesse contexto, do fim da ordem senhorial, as classificações de cor e outras categorizações de grupo, típicas do escravismo, foram ampliadas para incorporar as novas ideias raciais, e racistas, vigentes, redesenhando as fronteiras entre os grupos sociais. Matheus Gato aborda como o evento foi silenciado e contado ao longo dos anos. O Massacre dos Libertos desnuda as estratégias narrativas e ações políticas que visaram “apagar” as marcas da escravidão de nossa história em nome de um ideário de “fraternidade racial” que não abriu mão de hierarquizações codificadas pela cor. Um documento dos descaminhos da República, ontem como hoje. Texto escrito por Antônio Sérgio Alfredo Guimarães para o livro:
Do ponto de vista da gente comum, a República de 1889 não vai mais além da disseminação do trabalho livre, que a Abolição instituíra: a aspiração à liberdade vê-se mesmo ameaçada por várias outras formas de trabalho servil, semisservil, e pelos inúmeros constrangimentos legais, econômicos, políticos, sociais e culturais ao exercício livre da força de trabalho, principalmente no campo. A começar pela ausência de um mercado nacional de trabalho. Nesse sentido, a República representa para a massa de homens recémlibertos o perigo da reescravização, dada a ideologia das camadas sociais que chegam ao poder, ou, se não reescravização, ao menos abandono e exclusão social. Antônio Sérgio Alfredo Guimarães é professor titular e pesquisador da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
PARA SABER MAIS MARANHAY 58 - ANTOLOGIA: OS ATENIENSES, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - Issuu, p. 62
EspeciaisConvidados APB Artigo polêmico assinado provavelmente por Rubem Almeida* é reapresentado por Leopoldo Vaz Sobre a BATALHA DE GUAXENDUBA. *Rubem Almeida é um dos ícones da história maranhense, no século XX. 15/11/2021 às 11h37Atualizada em 15/11/2021 às 14h35 Por: Mhario Lincoln Fonte: Leopoldo Vaz Compartilhe:
google GUAXENDUBA: uma 'BATALHA' ou SIMPLES ESCARAMUÇA? LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão , Academia Ludovicense de Letras, Academia Poética Brasileira Aproxima-se a comemoração da 'Batalha de Guaxenduba', ocorrida entre 19 e 21 de novembro de 1614. Buscamos na Imprensa maranhense o que foi escrito sobre esse acontecimento e praticamente não encontramos nada: sete artigos, em três jornais, da coleção existente na Hemeroteca da Biblioteca Nacional: em A Pacotilha, 4; Diário de São Luís, 2; e Jornal do Maranhão: 1. O mais elucidativo - Na edição de 04 de setembro de 1938, da Pacotilha, aparece artigo: "Guaxeduba". Segundo o autor – R.A., seria Rubem Almeida? – houve umas simples escaramuça: "(...) Página ainda não criticada essa da história da colonização francesa em nossa terra. Quantos a versaram, nada mais fizeram de que, incondicionantes e ridículos, reeditar sobre novo estilo, o relato de seu historiador, sem se aperceberem de que, parte profundamente interessado nos sucessos, não podia esquivar-se à eira da parcialidade e do exagero. Testemunha ocular, é certo, conhecedor dos menores detalhes, coparticipe de primeiro plano, seu diário reverte-se entretanto de tantas quixotices que chega a estranhar ninguém até ao presente houvesse posto reparo. Nem atentaram ao significado oculto do qualitativo "milagrosa", imputada aos capuchinhos, pela dificuldade no preparo e cometimento, quando a verdade é ter advindo o apodo do êxito de escaparem mais ou menos ilesos ao ataque dos que vinham atacar. Compreende-se, e justifica-se a atitude de Diogo de Campos Moreno autor da "Jornada"... argumento, porém, oportuno para o estudo elaborado de sua personalidade e obra. Limitemo-nos por a apresentar o resultado resultado da análise empreendida, despido o relatório de toda a falsa moldura de retumbantes acontecimentos, mercê dos quais esperava
galardão. Sentimos ter de profundamente decepcionar aos maranhenses, ciosos dos feitos de seus maiores, assegurando-lhes, entre outros, que: Não houve a apregoada batalha de Guaxenduba. Não foram os franceses vencidos, senão os vencedores. Não foram expulsos.
Pesquisador Leopoldo Vaz, da APB. NÃO HOUVE BATALHA Somos os primeiros a reconhecer os escândalos desta afirmativa inicial. Então, não houve a batalha a que os historiadores têm dedicado os mais fortes adjetivos, colocando-a ao par dos máximos feitos de armas da história pátria?! Cada um, entretanto, e para isso basta o animo da boa vontade e do bom senso, que se der à tarefa de examinar com o devido cuidado, o livro em que primeiro foi relatada, e, não satisfeitos ainda relatam os copistas de agiganta-la, cada um verificará por si o que ora garantimos, e nossa recompensa será apenas a da prioridade da empresa de reconstituição histórica a que há dois bons decênios, nos vimos entregando. Não houve batalha! Houve, sim, um encontro, rusga, refrega, escaramuça ou sinônimo qualquer idêntico, aliás, a vários outros anteriores. Acompanhem-nos o leitor, neste exame à "Jornada"... Chegara a expedição a Guaxenduba no dia 26 de outubro de 1614, vinda da Ilha de Sant´Ana, aonde já os tinha ido inquietar os franceses de Du Pratz, ateando-lhes o quartel de S. Tiago. Mal se estabelecem no novo quartel de Santa Maria de Guaxenduba denominado, recomeçam os ataques dos franceses. Dia não se passa que não os venha molestar uma impertinência qualquer dos vizinhos, que ali mandam índios espiões acompanharem a marcha do estabelecimento. Na tarde de 2 de novembro investe-os Du Pratz, o mesmo que já assolara o quartel de N. S. do Rosário, no Ceará, e o da Ilha de Sant´Ana. Enviam os portugueses naus a Pernambuco, pedindo reforço; intercepta-lhes os franceses a correspondência. Novo assalto a 7. Resolvem mudar de sitio. Impossível! Estão inteiramente sitiados, laçando os franceses o ataque definitivo para o dia 19, e pensando nisso, adverti-los. A armada francesa, com 7 naus de alto bordo e 46 canoas, 400 soldados e 4.600 índios aliados, amanhece fundeada diante de Guaxenduba. Pesieux desembarca com 200 conterrâneos e 2.000 índios: divide-os em dois corpos, o da vanguarda confiado a Du Pratz, e o seu, na praia, onde arma 6 trincheiras, comunicando-se com as que La Fos Benart e De Canonville acabam de levantar no monte fronteiro ao forte. Ravardière, Rassily, Mallart, acompanham de bordo, o desembarque. Acantonados, não sabem os portugueses que partido tomar. Situação eminentemente critica. Desanimo na tropa. Murmúrios de sublevação. Conferencia de Jeronimo e Diogo. É quando, estabelecido o cerco por terra e mar, cerco a que os portugueses assistem impassíveis, chegam ao forte trombeta e tambor com uma carta de Ravardière, concedendo-lhes 4 horas para a
rendição. Era, como se vê, legitimo "ultimatum". Jeronimo e Diogo aventuram um ultimo recurso: surpreender os inimigos com um ataque decisivo inesperado. É o que sucede. Nesse ataque, inteiramente desprevenido, porque todos aguardavam a resposta, morrem Pesieux e uns tantos companheiros; 9, feridos, são aprisionados. A armada francesa entra em cena. Os 3 navios contrários, imprestáveis, varados, não podem responder. Bandeira branca no forte de Guaxenduba. Menos de uma hora durara a refrega. Não obstante, contada por interessado, tornou-se na imponente batalha de Guaxenduba. NÃO FORAM OS FRANCESES VENCIDOS. Sem duvida não no foram. E esta verdade todos a podem verificar, por mais que se esgote em torce-la o cronista ora apreciado. Pois bem! Assenta Felipe II, para cardeal de sua politica expansionista, a expulsão definitiva do Brasil, de quantos protestantes aqui estivessem estabelecidos, franceses, ingleses ou holandeses, continuando, aliás o plano debalde empregado pela nação de que se acabava de assenhorar; dá, a esse sentido, ordens terminantes a Manoel Telles Barreto, seu primeiro governador geral; Insiste junto aos sucessores, de Francisco de Sousa a Diego de Menezes; biparte novamente o governo para maior facilidade na empresa e com todas essas providencias gerais, a que agregavam inúmeras outras da politica europeia, apenas consegue desloca-los: eis a prova de quanto estavam fortes! Corram-se, de fato, as páginas d´ "A expansão colonial" (1581 – 1626) e apreciem os repetidos assaltos, sempre vitoriosos, de Cavendish, Lancaster, Venner, Pain de Mih, Pieter Zooil, Van Leijen, van Noord, Riffault, des Veaux, Ravardière, etc, etc. e conclua-se a situação de nossa terra. Gaspar de Sousa situa-se em Olinda. Expede a Jeronimo de Albuquerque; é malogrado. Idem a de Martim Soares Moreno, como também as de Pedro Coelho de Sousa, Luis Figueira e Francisco Pinto (este morto em combate com os franceses de Ibiapaba e jamais pelos índios). Estamos no tempo da 'jornada milagrosa'. Ainda no Ceará, já estaria seus componentes sendo hostilizados pelos franceses. Tornaram a sê-lo em Sta. Ana. Em Guaxenduba acabamos de mostrar como se portaram. E daí por diante? Pedem socorros meiocirúrgicos e farmacêuticos, entabulam uma correspondência que tanto tem de cavalheiresca para os franceses quanto para eles de humilhante, pois que nem sequer escrever em 'bom espanhol ou francês' sabiam; aceitam incondicionalmente e do mesmo modo cumprem o Tratado de tréguas; visitam as aldeias e os estabelecimentos onde são principescamente recebidos; observam os fortes; viajam os arredores; recebem mapas e demais informes, enfim, praticam com os inimigos as melhores demonstrações de boa paz. Pergunta-se a esta altura: é isto próprio de vencedor ou de vencido? NÃO FORAM EXPULSOS De fato. Quando se verificou a decantada expulsão? Em novembro de 1615. E para quando determinava o Tratado a sua retomada: Precisamente para novembro de 1615. E por que é asado perquirir, não se conservou Ravardière na colônia? Por várias razões entre as quais estas duas: a noticia de que fora demitido por Maria de Medicis, a pedido de Felipe II; e a do casamento de Luis XIII com Ana D´Áustria. Conquanto dispusesse do aporte da Inglaterra e da Holanda, que tinham armadas prontas para socorre-lo, preferiu cumprir a palavra empenhada, por isso deixou São Luis para amargar 3 anos de cativeiro na Torre de Belém. Estes os fatos na sua crua realidade. Meditem sobre eles os maranhenses estudiosos. R.A. (...)". Os outros artigos apenas fazem referência à Batalha. Em "Pacotilha" (MA) - 1910 a 1938, edição de 21/11/1917, sob o título de "A batalha de Guaxenduba", é lembrada a data, em comemoração aos 303 que "as forças portuguesas venceram as comandadas por La Ravardiére. Dessa memorável batalha resultou o desalojamento dos franceses, que se haviam instalado aqui, em 1612. Citando João Lisboa, que reproduz
opinião de Pereira do Lago, que julgava que o nome de enseada de Guaxenduba se perdera, e que corresponde à Baia de Anajatuba. Cita outros autores, que julgam que seja a Baia de São José. Após um breve relato das forças franceses no campo de lutas, considera ser momento supremo que para sempre decidiu os destinos da Pátria. Repudia as acusações injustas contra os nossos genuínos maiores. No ano seguinte, a 19 de dezembro, é lembrada que estava decorrendo o 306º aniversário desta luta, derivando-se a vitória das forças portuguesas sobre as francesas e a consequente posse do Maranhão pelos vencedores, confirmada em 1615. Informa ainda que, devido à falta de espaço, não se publicaria um artigo a respeito deste fato histórico, o que seria feito numa das próximas edições. O que não acontece... Em A Pacotilha de 04 de agosto de 1922, em matéria sobre o centenário da Independência, e referindo-se à reforma da Catedral, uma pequena nota lembrando de seu nome: Nossa Senhora da Vitória: "[...] A escassez de tempo inibe o eminente antítese de redigir uma narrativa das fases atravessadas pela catedral, desde o início, afim de comemorar a vitória dos portugueses sobre os franceses, na Batalha de Guaxenduba, ferida aos 17 de novembro de 1614. Mas, confiando nos eruditos da terra, acreditemos que se fará esse trabalho necessário" [...] Já no DIÁRIO DE SÃO LUIS - 1920 a 1949 -, edição de 30 de agosto de 1947, em entrevista dada pelo Cônego Bacelar, este diz ser necessária "[...] uma reparação histórica que se impõe: o feito de Guaxenduba [...]", e propõem mudar-se o nome de Morros para "Guaxenduba": Já à 17 de setembro de 1947, em artigo sobre a instalação do Município de Primeira Cruz há apenas uma referência à Batalha. E no Jornal do Maranhão: Semanário de Orientação Católica - Jornal a serviço da Família e do Povo (MA) 1954 a 1971, edição de 22 de maio de 1960: "A voz do Guaxenduba" , nome do jornalzinho do Centro Guaxenduba, destinado a jovens vindos do nada...
ACONTECENDO...
A DANÇA DAS LETRAS FERNANDO BRAGA in ‘Conversas Vadias’, antologia de textos do autor. Ilustrações: Foto de Franklin de Oliveira e da capa do livro comentado. À amiga, Dra. Ligia Franklin da Costa Seixas, filha de Franklin de Oliveira. Este livro de José Ribamar de Oliveira Franklin da Costa, ou simplesmente Franklin de Oliveira [São Luís, 12 de março de 1916 — Rio de Janeiro, 6 de junho de 2000] de há muito o tenho. Foi uma lembrança do meu velho e querido amigo, escritor e jornalista Milton Coura, que m’o deu numa certa tarde em seu gabinete de trabalho, no Ministério da Educação, em Brasília, já que alguns exemplares desta obra, patrocinada pela Biblioteca Nacional, em coedição com Universidade de Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo, encontravam-se ali destinados à doação. ‘A dança das letras’, na verdade, passou a ser meu livro de cabeceira pela importância filosófica e literária que ele encerra, um fascinante laboratório de arte exposto às consultas, já que em suas páginas convivemos com Thomas Mann, Hermann Hesse, Hermann Brock, Proust, Gorki, Van Gogh, Eça, Graça Aranha, Guimarães Rosa, Byron, Rilke, Drummond, Gullar... É preciso mais? Ora, além desses autores imortais, ainda tem ‘O universo verbal de Os Sertões’ e, para tirar o fôlego de quem contempla uma escrita em estilo refinado e culto ‘A morte da memória nacional’, um dos melhores e mais completos ensaios já escritos em língua portuguesa, sobre a vida, a arte e o sofrimento de António Francisco Lisboa, o ‘Aleijadinho’, a quem Franklin o chama carinhosamente de ‘O terceiro Profeta’. À guisa de ilustração informativa, o escritor e jurista Rossini Corrêa, na contracapa do livro ‘Clarindo Santiago – o poeta maranhense desaparecido no rio Tocantins’, da larva brilhante do jornalista Sálvio Dino, é textual em dizer que “Clarindo Santiago, poeta, jornalista e ensaísta, muito influenciou a juventude maranhense: foi quem aconselhou Franklin de Oliveira a ler tudo, até mesmo anúncio de jornal.” À propósito, e na sequência do comentário, Franklin migrou de São Luís para o Rio de Janeiro, a bordo do navio ‘Comandante Riper’, em 31 de março de 1938, para se tornar um dos maiores jornalistas e críticos de arte brasileiros...E viajou consigo, naquelas ondas de sonho, seu colega de Liceu, Manoel Caetano Bandeira de Mello, que viria também a ser um dos maiores poetas pátrios... E na prosaica descida atlântica, entre o mar e o céu, o que aqueles dois iriam tecendo na construção de suas fantasias? Só Deus sabe! Pensa-se, talvez, que por aquelas tantas alegorias, que se iam entre céus e mares, fosse também um quantum de lógica, dialética e retórica, a povoarem as sua admiração pelos “doktores” Fausto [de Goethe e Mann], pela genialidade dos judeus da ‘Carta a meu pai’ e das ‘Elegias de Duíno’, como também pelo criador do ‘Lobo da estepe’, que considerava o homem mais culto do século em que viveu, que fizeram Franklin auto adquirir através de muito estudo, um domínio incrível sobre os clássicos ocidentais, tanto os de origem grega como os latinos, com um foco muito forte dirigido para a literatura alemã, como para as do Leste Europeu, sobretudo a húngara e a checa, a alargar essa cosmovisão às estepes invernais, para encontrar-se com a magia delirante da Rússia, sobretudo com as sombras vagueantes e dostoieveskianas da velha e romântica São Petersburgo. Creio que esse intimismo de Franklin de Oliveira com a literatura universal, não foi somente adquirida em seus estudos, nas redações de jornais e revistas, oficinas onde o ilustre maranhense aprendeu desde os treze anos a trabalhar e a exercitar o pensamento, mas, com certeza, por conhecer a linguagem musical, vez que era de uma família de músicos e, particularmente, retentor de um ‘ouvido absoluto’ o que deve tê-lo impelido, com força e clareza, a incursionar não só na essência da palavra, mas no ritmo de todo o contexto que tinha sob sua análise, o que dissecava com a maestria de uma precisão cirúrgica. Nauro Machado, grande poeta brasileiro, meu querido amigo e conterrâneo de São Luís, como Franklin o era, a participar de um evento de intelectuais no Rio de Janeiro, onde estavam presentes, dentre outros,
Ferreira Gullar, Ivan Junqueira e José Guilherme Merquior, ouvira deste a confissão de que “Octávio Paz e Franklin de Oliveira eram sem dúvida nenhuma os dois maiores críticos mundiais de arte”. Sabemos nós que José Guilherme Merquior tinha condições intelectuais de sobra para dizer isso. O dançarino destas letras, trabalhou em quase todos os jornais do Rio de Janeiro, a deixar por onde passou sua marca de aferro na análise crítica, nos editoriais políticos e nos comentários literários... Esteve na revista ‘O Cruzeiro’, onde ocupou por longo tempo a página de crítica ‘Sete dias’ com raro brilhantismo, tendo sido demitido porque foi intransigentemente contrário à candidatura de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, a uma cadeira no Senado Federal, pelo Maranhão, depois de ser preparado para renunciar “o infeliz titular do assento”, por simples capricho do velho senador Vitorino Freire, que assim queria, para agradar o velho morubixaba paraibano, dono da maior rede de comunicações, ao tempo, da América Latina. Assis Chateaubriand ou ‘Chatô’, como chamado pelos íntimos, era um jornalista, empresário, mecenas e político a destacar-se como um dos homens públicos mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 a 1960, proprietário dos ‘Diários Associados’, de cujo grupo empresarial, a revista ‘O Cruzeiro’ pertencia. E assim foi! A pirraça do caudilho maranhense prevaleceu e Franklin perdeu o emprego... A bibliografia do nosso Franklin é esta: ‘Ad Imortalitatem’ (1935); Sete dias (1948); A fantasia ata (1959); Rio Grande do Sul, um novo Nordeste (1962); Revolução e contrarrevolução no Brasil (1963); Viola d’amore (1965); Morte da memória nacional (1967); A tragédia da renovação brasileira (1971); Literatura e civilização (1978);Euclides: a espada e a letra (1983); A dança das letras (antologia crítica, 1991);A Semana da Arte Moderna na contramão da história e outros ensaios (1993). Franklin de Oliveira pertenceu à Academia Maranhense de Letras, onde fundou a Cadeira nº 38, patroneada por Adelino Fontoura. Sucedeu-o o eminente professor José Maria Cabral Marques, até maio de 2020, sendo eleito para sua vaga o escritor e jurista Reynaldo Soares da Fonseca, ministro do STJ, o qual tomará posse em 18 de novembro deste ano de 2021, sendo recebido pelo ensaísta e também jurista Alberto José Tavares Vieira da Silva. Para Franklin de Oliveira a crítica é a estética da literatura cuja visão destrói o mito do leitor comum, “pois quem se debruça sobre um livro também o está escrevendo, embora sob perspectiva diferente da que assumiu o autor”. Defendia Franklin que, “se o crítico não for um escritor, isto é, se não possuir o domínio da arte da linguagem, não terá condições de penetrar o tecido mais íntimo da literatura, que é a suprema criação do dizer humano”. Por fim, ‘A dança das letras’ não é apenas uma antologia de ensaios, é antes de tudo a própria súmula do pensamento crítico e estético de Franklin de Oliveira.
ROMPENDO O SILÊNCIO!!! JEAN -PIERRE ALVIM FERREIRA
Moema de Castro Alvim, nasceu em 22/08/1942, na cidade de Pinheiro/MA, filha de José Paulo Alvim e de Inés Castro, numa família composta por mais quatro irmãos,meus tios a quem eu só tenho, muito orgulho,admiração,respeito e amor. Obrigado tios por tudo: Tatiana Loureiro Matias, Cleuber Cláudio de Castro Loureiro, Aymoré de Castro Alvim( Patriarca) e José Paulo Filho Alvim. Casada com Francisco Sousa Ferreira, o grande artista plástico Fransoufer, do qual foi sua companheira, além musa inspiradora e incentivadora em sua andança pela vida. Minha mãe colecionou vários títulos durante sua inesquecível existência aqui na Terra. Foi Farmacêutica,pesquisadora,sendo a primeira Professora da Universidade Federal do Maranhão a ter Mestrado em Parasitologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, fundadora da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências (APLAC), sendo também filha, irmã, esposa, madrinha, afilhada e mãe. E que Mãe! Algumas pessoas dizem que Deus manifesta-se através do outro. A maior experiência que tive na vida foi perceber a manifestação divina através da minha mãe, de uma maneira tão linda e genuína, que será para mim uma tarefa extremamente desafiadora traduzi-la em palavras neste momento em que a saudade aperta forte o meu peito. Mas eu tentarei resumir estes trinta e quatro anos da minha vivência com ela. Das coisas que soube sobre minha mãe antes de eu nascer, foi o fato de ela sempre ter sido uma aluna exemplar, e que minha avó tinha muito orgulho por ela ser a primeira da turma, destacando-se desde o início dos seus estudos, no Ginásio Pinheirense e no Colégio Santa Teresa, acompanhando-a em sua vida acadêmica e até os seus últimos dias de vida. Eu sou filho adotivo, fato este que nunca foi um empecilho ou algo negativo, que trouxesse algum tipo de dúvida para a nossa relação familiar. Pelo contrário, na verdade esta questão de eu ter sido adotado foi um grande trunfo que eu tive na vida, pois alguns do meus amigos presentes nesta cerimônia diziam: "Jean Pierre, tu és o mais amado de todos nós." Porque o amor dela por mim era algo sem precedentes. Dentre as minhas lembranças da infância, eu lembro que fui uma criança que sempre gostou muito de futebol. No dia do meu aniversário de oito anos, ela comprou um uniforme completo de um time (camisa, calção, meião e a bola) e falou: "Pronto, agora você é o dono do time." Era simplesmente fantástica a maneira como minha mãe me amava.
Eu lembro que tivemos que morar um período em Minas Gerais, pois ela foi fazer o seu Mestrado, sempre com muita excelência e louvor. E, como qualquer famílía de classe média, fomos ascendendo socialmente. Nasci e fui criado no bairro de Monte Castelo, um bairro de clásse média de São Luis, no final da década de 70, depois mudamos para Turu e, posteriormente, fomos morar numa casa no Alto do Calhau até chegarmos no resnasença.Nos meus 15 anos, maioria dos meus amigos ganhou uma viagem para os Estados Unidos, só que ela e meu pai decidiram dar-me um presente inusitado: uma casa. Além de já estarem pensando em assegurar minha moradia futura, como também em criar um ambiente propício para eu que recebesse os meus amigos. E por muitos anos esta casa foi o cenário de muita alegria, diversão e boas risadas. Ela conhecia todos os meus amigos pelo apelido, bem como os pais e a história da família de cada um, demonstrando mais uma vez a sua habilidade em criar e manter laços de afetividade e respeito com o outro ser humano, bem como revelava a sua memória invejável. Pois apesar de eu não ter tido irmãos biológicos, a vida me presenteou com os melhores amigos que um ser humano pode ter. Eu não vou citar nomes, para não cometer nenhuma indelicadeza, mas meus olhos conseguem enxergar muitos aqui presentes, sem a ajuda dos quais eu não poderia estar aqui hoje. O meu sentimento por vocês, meus queridos, é o da mais sincera gratidão. Juntamente com meu pai, ela sempre foi uma incentivadora para que eu despertasse para o universo da leitura e do conhecimento. Estudei no Colégio Marista de São Luis, um dos melhores da cidade, e posso dizer que tive acesso ao melhor que meus pais puderam fazer por um filho. Eu tive tudo o que uma criança pode querer, principalmente no que se refere ao amor e, dentro do possível, as questões materiais. Tive a oportunidade de estudar inglês em Londres, local onde pude manter contato com um outro tipo de educação e aspectos culturais. Fiz faculdade na cidade do Rio de Janeiro, onde morei durante quatro anos. Estudei também na PUC em Campinas/SP. Tudo isso porque minha mãe sempre acreditou que a educação era o único caminho para se fazer uma melhor trajetória pela vida. Infelizmente, eu não consegui na época entender e mesmo absorver todos os ensinamentos que ela quis me passar. E, por volta dos meus vite e poucos anos de idade, num determinado momento da minha vida, eu fiz escolhas que não estavam ligadas a todo esse amor e zelo que recebi dos meus pais. Não é segredo, tampouco motivo de vergonha, os problemas que tive com drogas desde a adolescência, e agravaram-se ao ponto de eu precisar de ajuda. Este momento foi talvez o mais difícil que enfretamos juntos. Lembro da minha mãe dizendo: “Filho, as únicas coisas que fiz na minha vida foram estudar e trabalhar, mas te confesso que eu não me preparei para este problema que se abateu em nossa família.” Mas, como não poderia ser diferente, ela recebeu todo o apoio que necessitava naquele momento para poder enfrentar a situação. Gostaria de agradecer ao Sr. Rui Luna e a Professora Regina Luna que na época foram as pessoas que estendera-na as mãos, pessoas a quais ela fora extremamente grata. Registro meu muito obrigado aos Tios Rui e Regina, bem como meu parinho Antonio Gaspar, Anrea Pires, Ozinete, Josilene meu estimado e amado primo Bruno Alvim. Estendo inclusive a todos os outros que direta ou indiretamente ajudaram-me na busca da recuperação. Minha mãe nunca se envergonhou de tudo o que passei ou mesmo desistiu de mim. Não era de sua natureza desistir. É evidente que foi muito doloroso para meus pais ver o único filho sofrer os terrores de uma adicção, tendo que lidar com o sentimento de impotência perante a esta situação. Aos 60 anos de idade, ela levantou esta bandeira e foi atrás de estudar e aprender sobre a dependência química, bem como as formas de tratamento existentes para poder ajudar-me. Meus pais gastaram o que tinham e o que não tinham para me salvar, desde a contratação de Tratamentos em São Paulo e Fortaleza, e tudo o mais que foi possível fazer para que passássemos esta fase juntos. Em meus piores momentos de crise e dor, ela olhava-me nos olhos e dizia que que iria me curar pela força do amor. Iria alimentar-me e manter-me vivo porque tinha certeza de que um dia ela me veria vencendo esta batalha. Só por hoje, ela viu. Estou vencendo as drogas um dia após o outro e encontro-me limpo. Sou um Técnico em Dependência Química e trabalho como terapeuta numa instituição de referência em Fortaleza/Ce. E se algo hoje pode reconfortar o meu coração é o fato dela ter vivido este momento da minha vida e poder ver minha vitória diária.
Posso não carregar em meu ser a contribuição genética dos meus pais, contudo herdei de Dona Moema a educação, a paixão pelos livros e pela cultura, o amor pela vida e o respeito ao próximo e, sobretudo, o humor. Em vários lugares em que fui e apresentei-me como filho da Professora Moema, deparei-me com as portas sempre abertas, em sinônimo de respeito à sua ombridade. Atualmente, destaca-se na mídia o fenômeno social da ostentação, que está muito ligado a uma forma de alguém exibir ao outro as suas posses materiais. Para a minha mãe, ostentação era utilizar corretamente a língua portuguesa, ter lido obras literárias, conhecer sobre a história e a cultura do seu povo. Era saber onde estava cada livro dos mais de mil livros constantes do seu acervo, e ela sabia a localização exata de cada um na prateleira. Era mais ser do que ter. Se eu puder citar um defeito, eu diria que era quando ela metia-se em política, ocasião em que atraía para si alguns bons debates sobre o assunto. Mas, até nisso, ela era sempre impecável no desenvolvimento dos seus argumentos e na sua sagacidade crítica. Mesmo estando aposentada há alguns anos, vivia recebendo alunos e professores que a visitavam no intuito de consultá-las sobre os mais diversos temas, bem como solicitar revisões ortográficas em livros e trabalhos acadêmicos. Nos últimos tempos, o termo que ela mais gostava de ser chamada era o de alfarrabista, que é aquela pessoa que compra e vende livros antigos. Ela destinava boa parte do seu tempo e dedicação ao Sebo Papiros do Egito, do qual era proprietária, e que virou referência para grandes escritores, tais como Josué Montelo e o ex-presidente da República José Sarney. Sempre conectada com seu tempo, virou uma figura pública na internet através das redes sociais e do blogg que mantinha sobre a história da cidade de Pinheiro/MA: Pinheiro em Pauta. Eu recebi muitas mensagens de apoio e condolências de várias partes do mundo, tais como Alemanha, Estados Unidos, Eslovênia, Inglaterra, Itália, como também de vários recantos do Brasil mais principalmente de sua terra natal pinheiro. São muitas lembranças boas da minha mãe e que carregarei comigo ao longo da minha Vida. A pessoa que sou hoje devo muito a ela e a meu pai. Minha mãe foi uma mulher que soube como ninguém conjugar o verbo amar. E para Dona Moema de Castro Alvim este verbo era de ação. Mais do que fazer moradia em seu peito, o seu amor era algo a ser compartilhado com o próximo. Talvez esse seja o seu maior legado. Eu não sei como será a minha vida agora na ausência dela. Mas seguirei grato por tudo o que vivi e aprendi com ela. E, se ela pudesse ouvir um única frase minha antes de partir eu diria: “Minha Rainha, muito obrigado por tudo. Faça uma boa viagem minha querida minha benção. Lembre-se de que “eu te amo”. Certaremente ela me sorriria com o olhar e diria: “Meu filho, não é ´eu te amo´ é ´ EU À AMO.
POÇO DO PARÁ EM VIANA – MARANHÃO E O SEU VALOR HISTÓRICO ÁUREO VIEGAS MENDONÇA
Durante o período colonial, o abastecimento de água nas cidades históricas eram feitos através dos chafarizes públicos, fontes ou poços, e as famílias tradicionais tinham poços nos quintais ou mesmo até dentro de suas residências para o abastecimento de água para o consumo. A cidade histórica de Viana, assim como outras cidades seculares eram abastecidas por poços individuais ou coletivos, escavados nos quintais das casas ou mesmo dentro das cozinhas das residências, como conheci na minha infância três casas no centro histórico de Viana, que tinham um aljibe (poço) na cozinha das residências, herança dos portugueses, pois na Europa mais precisamente na Espanha e Portugal ainda existem Aljibe, um dos poços está no Solar dos Lopes da Cunha, residência atual dos herdeiros do Sr. Joao Gouveia, um outro na casa que pertenceu a Ozias Mendonça e também conheci um na casa que pertenceu a Raimundo Cutrim, na praça da Prefeitura e creio que existem em outras residências. Em nossa casa em Viana ainda hoje existe o poço com estrutura construída de pedras, quando meu avô Áureo Mendonça adquiriu o imóvel no ano de 1939 que pertence a nossa família já havia esse poço, e lembro na minha infância desse poço no quintal da nossa casa que abastecia a nossa residência, nesse período quando a cidade não tinha energia elétrica da usina de Boa Esperança e não dispunha de água encanada, os poços eram comum para o abastecimento de água potável para o consumo da população, em Viana os poços do Pará, Mousinha, Ciroula, Moquiço que pertencia a uma fábrica de sabão e um outro por trás do antigo Alvorada Clube, quase nos fundos da casa de Ozias Mendonça, próximo onde morava Edinho Cutrim, abasteciam a cidade. Me recordo, que os poços do Ciroula e da Mousinha, eram os preferidos pela população em geral, pois forneciam as melhores água pura e saudável, os mesmos forneciam água potável para matar a sede da população, e os vendedores ambulantes de água retirada desses poços abasteciam diariamente as casas das famílias vianenses, as mesmas eram vendidas acompanhados por um animal que transportava o precioso líquido em potes ou latas, os vendedores percorriam toda a cidade, oferecendo o produto oriundo desses poços acima citados, os ambulantes vendiam a agua pela manhã e passavam a tarde para receber o pagamento, algumas pessoas vendiam aguá, porém me recordo de Manuel e Carlito entre outros, que eram os vendedores, e os que não compravam preferiam carregar na cabeça em latas ou potes até as suas residências, logo após a inauguração do sistema de água encanada, uma boa parte da população ainda continuou se abastecendo com a agua desses poços e com o passar do tempo foram deixando de usar para o consumo. O Histórico Poço do Pará, que na minha infância a população em geral não gostava de usar sua agua para matar a sede, possui 294 anos, ou seja, quase três séculos de existência, foi construído em 1727 na época dos jesuítas, quando da chegada dos primeiros colonizadores, está localizado na estrada velha do Caminho Grande, atualmente Avenida Messias Costa Neto, hoje bairro de Fátima, este poço é parte importante da história de Viana, por estar situado no local onde se iniciava a estrada que ligava Viana ao Pará, portanto trata-se de um monumento histórico de Viana e faz parte da memória e da cultura. Sua ultima reforma aconteceu em 28 de janeiro de 2006, o poço foi restaurado pela Fundação Conceição do Maracu e a obra de restauração recebeu o patrocínio da iniciativa privada pelo empresário vianense José Xexéu. Na foto em preto e branco está dona Neli que morou em frente ao poço do Pará, na época do antigo caminho grande. A historia do poço do Pará está em diversas fontes consultadas, Segundo Bernardino Lago(2001) As estradas eram chamadas caminhos da vizinhança, a estrada saindo de Viana ao Pará que fora aberta pelos padres da Companhia de Jesus, que atravessava o Rio Turiaçu junto ao laranjal, o poço do Pará serviu para fornecer água aos trabalhadores da estrada de Viana para o Pará.
Marques (1970) destaca que o Caminho Grande se chamava anteriormente Estrada da Companhia, o que é uma clara reminiscência dos jesuítas, no período das missões de Nossa Senhora da Conceição do Maracu, e que o Caminho Grande nada mais era, na sua origem, do que a estrada que os jesuítas abriram para a região entre o Pindaré, o Turiaçu e o Gurupi, visando chegar ao Pará. Marques informa também que o então governador do Pará D. Fernando de Ataíde, tentando solucionar o problema relacionado com o decréscimo da produção de gado na Ilha do Marajó determinou em 1768 a construção de uma estrada partindo da vila Ourém passando nas matas da vila do Maracu e indo até os campos do Mearim com o propósito de transportar gados do Maranhão e Piauí para a província do Grão Pará. E essa estrada passava pelo poço do Pará que existe em Viana. Marques indica importantes informações sobre a construção dessa via terrestre que ligava os dois Estados, reportando-se ao Caminho ou Estrada do Maranhão ao Pará, diz que: O governador D. Fernando Antônio de Noronha, em 1° de janeiro de 1794, informou para Lisboa que em consequência das ordens de Sua Majestade tinha mandado abrir uma estrada para a comunicação desta capitania com a do Pará, declarando-lhe agora o marechal-de-campo Antônio Correia Furtado de Mendonça, encarregado desta diligência, que a estrada estava concluída até o rio Turiaçu. Ordenou D. Fernando que a estrada aí parasse, por não dever continuá-la, visto ter entrado na capitania do Pará. Informa ainda, referindo-se ao trecho da mesma estrada, situada dentro dos limites territoriais do Estado vizinho, relata o seguinte: Caminho ou Estrada do Pará ao Maranhão. O governador do Pará, D. Fernando de Ataíde, com o rápido decrescimento da produção do gado em Marajó, e vendo a população necessitada de carne e farinha, resolveu, no ano seguinte, abrir uma estrada da vila de Ourém pela mata da aldeia de Maracu a findar nos campos do Mearim, para a expedição de gados do Maranhão e Piauí, sendo deste serviço incumbido um tal Albuquerque. Em 11 de junho de 1768 dizia o governador que aquela estrada estava já feita em metade de sua extensão. Raimundo Lopes (1970) segundo nota de rodapé: Os jesuítas exploraram o Pindaré lutando contra o mururu e descendo o gentio Guajajara; e abrindo uma estrada da sua missão do Maracu (Viana) através dos vales do Turi, do Maracaçumé e do Gurupi, até Ourém, no Guamá; e o “caminho grande” ou do Pará, cujo nome sobrevive num poço, em Viana, à entrada do mesmo caminho, dito ainda hoje “poço do Pará”, informa ainda que essa estrada ligando Viana ao Pará e também sobre o poço do Pará existe há muitos anos em Viana. Conforme informa (Mendonca) 2004 As selvas do Caru onde haviam os Seringais ficavam entre o Rio Pindaré e a Bacia do Gurupi, caminho para o Pará, e as minas de Turi e também da extração do látex naquela região. Na época a borracha representava uma das riquezas do país, nesse sentido que o poço é chamado de Poço do Pará porque abastecia as caravanas que seguiam para o Pará no tempo da província do Maranhão e GrãoPará. Conforme informa o Historiador Antônio Lopes, “… o Caminho Grande nada mais era, na sua origem, do que a estrada que os jesuítas abriram para atravessar a região entre o Pindaré, o Turiaçu e o Gurupi, visando chegar ao Pará ou à região aurífera dos limites desse Estado com o Maranhão. Sobre esta estrada há referências em documentos e crônicas dos tempos coloniais, principalmente jesuíticos.” Segundo, Furtado (2005) o Cel. de Engenhia A.P. do Lago informou que chegou a ver sinais dessa estrada ligando Viana ao Pará, em 1820, atravessando o Rio Turiaçu, nas proximidades do Laranjal. (*) Áureo Viegas Mendonça, é geógrafo, servidor público federal e pesquisador. Fonte da Pesquisa: Cordeiro, João Mendonça. Retrato de Viana – MA, 1683 a 2013. São Luís, Segraf, 2016. Furtado, Raimundo Nonato Travassos. Minha Vida, Minha Luta. Belo Horizonte (MG), Editora São Vicente, 1977. Jornal o Renascer Vianense, edição n° 28. Lago, Antonio Bernardino Pereira do. Estatística Histórico-Geográfica da Província do Maranhão. São Paulo: Siciliano, 2001. Lopes, Raimundo. Uma Região Tropical. Rio de Janeiro. Ed. Fon-Fon e Seleta, 1970.
Marques, César Augusto. Dicionário Histórico-Geográfico da província do Maranhão. Rio de Janeiro: Fon-Fon e Seleta, 1970. Mendonça, Sálvio de Sousa. A História de um menino pobre. 2ª Edição. São Luís, Gráfica e Editora Aquarela, Ltda. , 2004.
A BALAIADA EM TUTÓIA KENARD KRUEL FAGUNDES
Santo Antônio Soledade. Tudo era belo e grandioso naquela fazenda. Quanta paz e tranquilidade tinha a vida lá. Os escravos eram tratados como filhos. Bem alimentados, bem vestidos. Os barcos traziam tecidos e viveres da Europa. Barris de vinho português. Manteiga em grande quantidade, tecidos em profusão, bolachas etc.. À noite, todos se reuniam na Casa de Oração e, diante de Nossa Senhora da Soledade, cantavam o ofício, a salva e os benditos. Escravos e patrões, unidos e felizes, aos pés de Deus. A balaiada explodiu, lançado o desassossego nas fazendas e vilas. Os escravos se alarmam. Um dia surgem os balaios. Pânico geral. A prataria e os barris de pólvora são enterrados. – Conta, negro, onde enterraste a pólvora! O negro velho calado. – Conta, ou te mato. Mãe senhora vai buscar a imagem de Cristo e suplica que não matem seu velho. Para salvá-lo vai revelar o local do esconderijo da pólvora. O negro faz-lhe sinal que não fale. E é imediatamente retalhado à faca. Com ele, sepultou-se, para sempre, a prataria. Zuza, agora, ouve de sua avó estas histórias. O texto acima é do padre tutoiense Jocy Neves, neto do coronel Paulino Gomes Neves e de Maria José Gallas Almeida Neves, descendente do povo da fazenda Santo Antônio Soledade. Balaiada, em primeiro lugar não é um movimento do Maranhão, não se deu só no Maranhão, como estou a ler em alguns livros da história do Maranhão. Certo que o ponto de partida é no Maranhão, precisamente na Vila da Manga do Iguará (atual Nina Rodrigues, a 12 léguas de São Luís – MA). Mas, os personagens originais, na maior parte, são do Piauí, além do Negro Cosme, de Sobral (CE). Com respeito à relação escravos e patrões, o padre Jocy Neves afirma que “os escravos eram tratados como filhos. Bem alimentados, bem vestidos. Escravos e patrões, unidos e felizes, aos pés de Deus”. Pode, em princípio, haver romantismo religioso na afirmação dele. Escravo é escravo. Patrão é patrão. Aliás, li um contundente libelo de uma senhora negra dizendo que não descendiam de escravos, mas de homens e mulheres que foram escravizados. Ela descendia de pessoas. A verdade, é que existiam castigos desumanos. Mas, em diversas fazenda, como a referida, havia, sim, um tratamento mais humano. Mas, deixemos o padre Jocy Neves em paz, e passemos aos fatos. A balaiada foi um movimento social, ideológico e político. Assim como outros movimentos similares, ainda está a carecer de pesquisas mais apuradas e divulgações com olhares mais acadêmicos, com o rigor da ciência que rege as Universidades e Faculdades. Não eram bandidos os cabanos, mas opositores de dois governos – Maranhão e Piauí – ditatoriais, que eles queriam derrubar. Embora esta seja apenas uma das vertentes do movimento, como veremos a seguir. A 11 de dezembro de 1838, o cabano José Egito Pereira da Silva Coqueiro, subprefeito da Vila da Manga do Iguará (atual Nina Rodrigues, a 12 léguas de São Luís - MA), deu ordem de prisão para um grupo de vaqueiros, entre eles um irmão de Raimundo Gomes Vieira Jutaí, o Cara Preta, justificando as participações em um homicídio, e determinou que fossem escoltados, como recrutas forçados, para o Rio Grande do Sul, onde lutariam ao lado das tropas governamentais contra os “farrapos”. Raimundo Gomes, capataz do fazendeiro Bem-te-vi padre Inácio Mendes de Moraes Silva, pessoa influente e temida no sertão do Brejo, pároco da cidade de Arari, ao saber que o irmão estava entre os presos, procurou libertá-lo por intermédio da legalidade e da influência de velhos políticos liberais. Sem sucesso, dois dias depois, comandando dez homens, em plena luz do dia, adentrou a Vila da Manga do Iguará, defendida por 42 guardas-nacionais, que debandaram aos primeiros tiros, invadiu a cadeia e libertou os prisioneiros. O governo local iniciou perseguição. Raimundo Gomes lançou manifesto: “Ilmo. Sr. Capitão Manuel Alves d’Abreu, Vila da Manga, 15 de dezembro de 1838. Como Acho nesta Vila com a Reunião do Povo e bem do socego publico como consta do Artº sig Te. (1°) Que seja sustentada a Constituição e garantido dos cidadãos. (2°) Que seja admetido o Presidente de Província e em Tregue o governo Vice-Prezidente. (3°) Que seja abolidos os Prefeitos e Subs-
Prefeitos, Comissarios ficando som.tes em Vigor as Leis geraes e as Províncias que não forem de em contra a Constituição do Império. (4°) Que sejão espulcados empregos portuguezes e Dispejarem A Província dentro em 15 dias com exseção dos cazados com famílias brasileiras e os de 60 anos para sima. Raimundo Gomes Vieira - Comde da Força armada. Segeu a Cap. Alberto Gomes Ferreira evitar todos os Cidadoes Brasileiros e amigos da Patria e do sucego Publico para se acharem neste Quartel da forca Armada para o bem do Brazil. Quartel da Força. Manga 14 de Dr. o de 1838. Comde da Força. Fora feitores de escravos.” O manifesto ganhou a adesão de centenas de camponeses, vaqueiros, artesãos, negros - livres e escravos, inclusive do grupo liberal (Bem-te-vis). Raimundo Gomes manteve contatos, no Piauí, com alguns fazendeiros opositores do presidente da província Manuel de Souza Martins. Um dos primeiros a se engajar foi o caudilho Lívio Lopes Castelo Branco e Silva (Campo Maior). Vieram José Pereira da Silva Mascarenhas (Uruçuí), Manuel Lucas de Aguiar (Parnaguá) etc. Manuel de Souza Martins governava a província do Piauí de maneira ditatorial. Sua administração era conhecida pela diminuição da autoridade dos senhores pecuaristas dentro das zonas de influência. Fazia uso da exploração da força de trabalho da população rural, era conivente com a corrupção e praticava o nepotismo (toda a sua família estava alocada no governo). Nomeava prefeitos, quase todos parentes ou prepostos seus, recebendo, com isto, imediata reação dos líderes regionais, que eram, também, membros da elite econômica da província. A pecuária, a principal economia, estava em decadência. A produção agrícola não era suficiente para alimentar a maioria dos piauienses. Por questão pessoal - familiar, juntou-se Manuel Ferreira dos Anjos, conhecido como Manuel Balaio, ou Balaio, por ser fazedor de balaio, o Balaio, que queria vingar o defloramento da filha por um soldado, na chamada vingança pela honra da família. Na parte dos negros – livres e escravo, desponta Cosme Bento das Chagas, o Negro Cosme, que trouxe para o movimento mais de 3.000 homens a seu comando. Adotando o título de Dom Cosme Bento das Chagas, Tutor e Imperador da Liberdade Bem-te-vi, ele fundou, na Fazenda Tocanguira, o maior quilombo da história do Maranhão. O seu exército era formado principalmente de africanos, visto que no Maranhão tinha um grande contingente de negros naquela época. Neste período, o Maranhão era o terceiro estado com maior número de escravos, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro e do Espirito Santo, além de ultrapassar percentualmente São Paulo e Minas Gerais, regiões economicamente mais prósperas e importadoras de escravos naquela altura. Havia, também, o desejo de mudança no governo do Maranhão, com a derrubada do presidente da Província, como se dava também no Piauí. Durante o período regencial brasileiro, a província do Maranhão, região exportadora de algodão, passava por uma grave crise econômica, devido à concorrência com o gênero estado-unidense. Em paralelo, a atividade pecuária absorvia importante contingente de mão de obra livre nesta região. Estes fatores explicam o envolvimento de elementos escravos e de homens livres de baixa renda no movimento da Balaiada no Maranhão. O comércio, nas mãos dos portugueses e, depois, dos ingleses, colocava a situação dos proprietários rurais maranhenses em situação delicada, na medida em que os produtos importados eram muito mais caros do que os agrícolas exportáveis. No campo político, ocorria uma disputa no seio da classe dominante pelo poder, que se refletia no Maranhão, opondo, por um lado, os liberais (Bem-te-vis - republicanos) e os conservadores (Cabanos monarquistas). À época da Regência de Pedro de Araújo Lima, provocando o chamado regresso conservador, os Cabanos aproveitaram a oportunidade para alijar do poder os Bem-te-vis, tentando, ao mesmo tempo, debilitar ainda mais estes últimos pela contratação dos serviços de vaqueiros que, tradicionalmente, lhes davam apoio. A política no Maranhão era caracterizada pela sucessão dos governantes, através do processo eleitoral, e pela disputa política dos liberais e dos conservadores.
Os primeiros propagavam as suas ideias pelos jornais Bem-te-vis, Crônica Maranhense e Sentinela. Os segundos representavam o poder provincial, defendendo, nos jornais, O Constitucional e o Investigador Maranhense, as medidas tomadas pelos governos regencial e local, mas, contraditoriamente, ao mesmo tempo em que se opunham ao governo, os liberais classificavam os líderes da Balaiada como “bandidos”, “rebeldes” e “vândalos”. A 3 de março de 1838 Vicente Tomaz Pires de Figueiredo Camargo foi empossado no Governo do Maranhão. A 26 de julho sancionou a Lei dos Prefeitos, que dava condições para que nomeasse os prefeitos dentre as pessoas da sua confiança, ou seja, a colocação em cada município de um preposto da presidência da província, acabando, assim, com qualquer oposição ao governo, principalmente porque, além dos poderes administrativos, os prefeitos tinham também o de autoridade policial, atribuições anteriormente dos juízes de paz, que eram eleitos tradicionalmente pelas Câmaras Municipais, ou seja, constituíam-se em representantes dos interesses das famílias mais poderosas da região. Os conservadores, que estavam no poder, conseguiram, por meio da violência e da fraude, maior controle da província, nomeando seus partidários para o cargo de prefeitos, o que redundou em perseguição aberta aos liberais. No momento em que no Rio de Janeiro começava-se a discutir a conveniência de uma Lei Interpretativa do Ato Adicional, a fim de retornar ao centralismo, os Cabanos do Maranhão tomaram medidas para reforçar o próprio poder na província. A Assembleia Legislativa maranhense votou duas leis: a primeira deu ao presidente da província o poder de nomear os prefeitos, a segunda deu aos prefeitos o poder de organizar e comandar a Guarda Nacional. Deste modo, os Cabanos anteciparam-se ao movimento centralizador que se iniciava no Rio de Janeiro: tinham agora o controle das prefeituras e, por meio delas, o das forças armadas em toda a província. Os Bem-te-vis protestaram, inutilmente. Os Cabanos, para prejudicá-los, adotaram no interior da província o recrutamento indiscriminado de boiadeiros, feitores, entre outros agregados ligados aos adversários. Foi assim que a luta entre os membros da camada senhorial dominante acabou por atingir as camadas populares, que aderiram à revolta iniciada, a 13 de dezembro de 1838, pelo vaqueiro Raimundo Gomes Vieira Jataí, piauiense, mestiço, capataz do fazendeiro padre Inácio Mendes de Morais e Silva (Bem-te-vi), pessoa influente e temida no sertão do Brejo, tido como membro da oposição ao governo. Este recrutamento, utilizado de forma arbitrária pelos governos provinciais, atingia, especificamente, os mais humildes, o que causava forte reação e intensa resistência por parte dessa camada social. Em muitos casos os governos adotavam armadilhas para dar cumprimento às ordens vindas do Governo Central. Resumindo: O governo central enviou o experiente militar Duque de Caxias para eliminar, a qualquer custo, a rebelião no Piauí e no Maranhão, o que ele fez, com gosto e arte. Matou alguns dos principais líderes do movimento. Prometeu anistia aos demais. Lívio Lopes Castelo Branco, por exemplo, foi um dos que capitulou. Apenas um se mantinha na resistência, sem querer acordo, pois a luta dele, dizia, era para libertar todo negro cativo. Enquanto houvesse um, haveria luta. A 17 de setembro de 1842, o Negro Cosme, foi enforcado em frente a cadeia pública de Itapecuru-Mirim, hoje Casa da Cultura Professor João Silveira. Sua morte transformou-se em símbolo de luta contra a escravidão. À frente dos quilombolas, lutara para pôr fim à escravidão, junto com líderes como o índio Matroá, o vaqueiro Raimundo Gomes, o Cara Preta, e de Manoel Ferreira dos Anjos, o Balaio. Assim como os búzios de 1798, em Salvador, e tantos outros, o negro Cosme foi justiçado para servir de exemplo. Porém, a insurreição escrava teve continuidade mesmo após o fim da revolta dos balaios. Também, antigos e novos núcleos de quilombos se mantiveram ou foram criados, alguns concentrando cerca de 400 a 500 quilombolas. O governador Flávio Dino (PC do B do Maranhão) instituiu o 17 de setembro, data da morte do Negro Cosme, como o dia em homenagem ao líder quilombola. Há a data, mas não é lembrada, nem no dia. Padre Jocy Neves
O ACUADO DE VAL DE GATOS FERNANDO BAGA Na quinta de Val de lobos, na Póvoa de Santarém, em Portugal, vivia arredio Alexandre Herculano por questões de intrigas e perrices com alguns dos seus companheiros da Torre do Tombo. Nos Apicuns, em São Luís do Maranhão, na antiga quinta dos Frias, que prefiro chamar de Val de gatos, vivia acuado, junto a ‘krupskaia’ sua gata de estimação, José Erasmo Dias, a figura mais extraordinária que conheci na comédia humana, nesse todo de que nos recorda Balzac, apesar de sua figura representar, irremediavelmente, criações de Edgar Allan Poe, como se ele corporificasse ‘O Corvo’, ou aqueles personagens tétricos da ‘Rua Morgue’, ou ainda, os de Dostoievski, nos enredos misteriosos de ‘Crime e Castigo’. Era ao mesmo tempo este Erasmo autor e personagem. Tinha muito também do seu alterego, o de Roterdã, como se fosse uma sombra que monologava no ‘Elogio da Loucura’ contra deuses e demônios. Nasceu José, este Erasmo, em São Luís, no dia 2 de junho de 1916, e gerado no ventre da brilhante geração de 30 do Maranhão. E se fez jornalista, contista, polígrafo e panfletário, abandonando o curso de direito no terceiro ano; exercia influência literária nos jovens, por ser um homem de cultura feita, com metáforas didáticas e arranjos mímicos perfeitos, na sustentação discursiva com que orientava aos que lhe solicitavam ajuda artística. É este o olhar que tenho e recordo de José Erasmo Dias, a ratificar, sem mudar uma vírgula, o que escreveu Graça Aranha, n’O Meu Próprio Romance’, sobre a figura de Tobias Barreto, quando o conheceu na Congregação da Faculdade de Direito do Recife: “O mulato feio, desgracioso, transformava-se na arguição e nos debates; os seus olhos flamejavam; da sua boca escancarada, roxa, móvel, saía uma voz maravilhosa, de múltiplos timbres, a sua gesticulação transbordante, porém sempre expressiva e completando o pensamento. O que ele dizia era novo, profundo, sugestivo”. Erasmo Dias foi um homem honesto e honrado; viveu e sofreu numa pobreza franciscana. Foi Diretor do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado, Deputado Estadual e Prefeito interino de São Luís. Era aposentado pela Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, no cargo de Diretor de Debates. A grandeza de Erasmo, como político, como homem de cultura e, sobretudo, como uma figura marcante e marcada que lhe emolduraram a personalidade, quer emblemática, ou estigmatizada, ficou em todos nós ao longo de uma sofrida vida, que ele fingia alegre, mas que no íntimo, interpretou-a e se autodirigiu, inegavelmente sem nenhum retoque, mas com a legitimidade, por exemplo, estampada no seu, à Pirandello, ‘O Roubo dos Personagens’, que em síntese é ele, [ou era ele] por ele mesmo. Sobre essa figura singular, atentemos para o que escreveu a pena abalizada de Lago Burnett: “Erasmo Dias era contagiante. Intimava, empolgava, comprometia. Era difícil ouvi-lo sem um arrebatamento. Suas atividades convergiam para um só mecanismo propulsor e detonador de eventos. Erasmo, o escritor engajado, o polemista, era o elemento catalisador que impulsionava toda uma geração e fazia crescer o fermento do seu entusiasmo pelos grandes temas contemporâneos. Jornalista, foi no panfleto, na folha vibrante e desaforada dos grandes duelos políticos, que encontrou as melhores oportunidades para realizarse, dizendo com bravura e malícia o que a patuleia perplexa mal conseguia traduzir em sentimentos, quanto mais em palavras.”. Nessa esteira de análise, Carlos Cunha, no seu livro de memórias ‘Caçador da Estrela Verde’, disse sentimentalmente: “Não era do hábito de Erasmo Dias sentar-se à mesa para ensinar os iniciantes da arte. A conversa, com ele, ajudava-nos a aprender as coisas, ver uma luz no fundo do túnel. [...] Como político, alçou voo alto, tão brilhante quanto o intelectual e boêmio. Na tribuna da Assembleia Legislativa, Erasmo Dias fazia discursos brilhantes e eloquentes, arrebatando aplausos, fazendo as galerias delirarem. Com o seu dom para a ironia, conseguia, com rara sensibilidade, levar os interlocutores, deputados, ao ridículo. Sua passagem na política foi como a trajetória de um cometa, perdendo-se na vastidão de sua inteligência.
Defendia as causas dos humildes e dos desvalidos. Era político oposicionista de autenticidade. Admirado pelos adversários”. Confesso que em minhas incursões pela casa de Erasmo, direcionado sempre ao foco de curiosidades, que era uma velha cômoda de jacarandá, estilo Luís XVI, achei, certa vez, um bilhete de cunho histórico e sentimental que o ilustre médico e escritor Clarindo Santiago o presenteara pelo seu amoedo jocoso e lírico. Pois bem, esse bilhete fora escrito pelo intelectual Luso Torres que era General do Exército e também tinha sido Interventor do Maranhão em tempos difíceis, e que, numa noite, acometido de uma crise de hemoptise precisou do socorro profissional do médico Clarindo Santiago, poeta de fina estirpe e seu mais que amigo... Eis o bilhete: “Compadre Clarindo, estou a precisar com urgência dos teus cuidados. Vem depressa aqui em casa, pois estou botando todinho em um penico o sangue que um dia jurei derramar pela Pátria. Do teu de sempre, Luso Torres.” Quis surrupiar aquele pedacinho de papel. Ele me flagrou e arrebatou-me das mãos. O desmazelo, sem dúvida, deve tê-lo destruído. Que pena! Eu, modéstia à parte, teria dado melhor destino àquela lembrança histórica. Ali, naquela cômoda, ele dizia guardar também, envolto em pano de linho cru, os originais de ‘O Gasômetro’, um seu romance inacabado, uma sua visão íntima de São Luís, a pedir-me que, se por ventura o olhasse com olhos de malsinar, não o tocasse; mas só achei alguns papéis anotados com tais referências; o que achei mesmo, e de arrepiar a emoção, foi ‘A Rapsódia das muitas Teresas’, anotações dispersas de um conto, quase novela, que acredito ter sido um dos maiores que já se escrevera pelos nossos Maranhões, tendo ficado, pela incúria e desmazelo do próprio autor, na vala do ineditismo e se perdido na inexorabilidade do tempo. Era simplesmente um monólogo, onde um feto a se contorcer, narrava, dentro do tempo devido, sua infeliz fecundação, a lembrar-nos lances de ‘Coração revelador’, de Edgar Allan Poe, cujas miragens de alucinação e efeitos de terror, pareciam ter transpostos uma arte diferente, em meio àquelas lâminas agitadas, a erguerse serena e calma, numa figura de melancolia, numa atitude acabrunhada e triste. Para minha exultação, assisti-o, na varanda de sua casa, escrever a lápis, em folhas de papel soltas e sem pautas, com sua letra firme e bem talhada, a novela ‘Maria Arcângela’, pausando de vez em quando para a natural e devida leitura, e para um gole reparador de aguardente. ‘Maria Arcângela’ é uma das maiores novelas já escritas para o Cancioneiro Maranhense, onde se encontra, pela grandeza do estilo, ressonâncias de ‘A Peste’, de Albert Camus, vez que ‘Maria Arcângela’ fora escrita para um cenário da epidêmica varíola que um dia assolou São Luís. O texto é digno de estar enfeixado em antologias dos melhores contos ou novelas brasileiros. Charles Baudelaire, o tradutor em francês do poeta Edgard Allan Poe, nos diz em um belo ensaio sobre o autor de ‘O Corvo’ “... Que as notas, os costumes, os hábitos, o físico dos artistas e dos escritores sempre suscitou uma curiosidade bem legitima”, e era essa, bem se sabe, a intenção do jornalista e poeta Fernando Viana em fazer a caricatura em versos do nosso Erasmo, a qual foi publicada no Jornal ‘A Tarde’, de Salvador, Bahia, quando lá o nosso satírico Fernando estudava medicina, sendo depois publicada no seu ‘Passarela e outros perfis’: “Este, em São Luís, é o que se ufana / com seu timbre de voz desconcertante, / de em casa possuir toda uma estante/ sobre literatura americana. / Na Imprensa Oficial, onde é mandante, / percebe, mensalmente, gorda grana, / e, ali, como num plácido nirvana, / vai meditando e lendo para diante. / Desengonçado, anêmico, disforme, / no contraste do corpo, a cara enorme/ dá-lhe a ambígua aparência de boi manso... / Tem talento e cultura. É inteligente/ e escreve muito bem – principalmente / quando na vida alheia dá balanço...”. Erasmo, não o de Roterdã, mas o dos Apicuns, era um homem de apurado senso estético, orientador literário de quem o procurava nesse espinhento caminho; orador de peças memoráveis, panfletário e editorialista de artigos imorredouros, como ‘Boi Marrequeiro’, ‘Algodão de capoeira’, ‘Areias de aluvião’ e outros muitos; como escritor deixou legado à história literária do Maranhão, ‘Páginas de crítica’, um livro de ensaios, onde
comenta com vigor e técnica extraordinários, os estilos e características de James Joyce, Romain Rolland, Ernest Hemingway, Hermann Hesse, Thomas Mann e outros gênios da Literatura Universal. Foi eleito para a Academia Maranhense de Letras, ao suceder o professor Silvestre Fernandes na Cadeira nº 15, patroneada pelo humanista Manuel Odorico Mendes, em cujo discurso de posse transcendeu à eloquência ao falar do tradutor de Virgílio. Adveio à sua vaga, o jurista e historiador Milson Coutinho; e a este, o também jurista e poeta Daniel Blume, o qual será recebido no próximo dia 2 de dezembro deste 2021, pela acadêmica Sônia Almeida, mãe do recepiendário, fato este inédito na ‘Casa de Antônio Lobo’. Morreu José Erasmo [de Fontoura e Esteves] Dias, em São Luís, no dia 14 de maio de 1981, por ironia, numa segunda-feira, à luz do sol das onze horas, sem conseguir serenar-se com a madrugada, como gostaria; morreu sem aquele grito de ‘Qincas Berro d’água’, mas serenamente; seu corpo foi sepultado no velho cemitério do Gavião, debaixo de um cajueiro em flor, sem a cruz, como símbolo do cristianismo, mas com a Estrela de Davi, ou Signo de Salomão, já que se dizia judeu, a luzir à cabeceira de sua consciência, agora verdadeiramente imortal... __________
O BICENTENÁRIO DA IMPRENSA MARANHENSE (1821- 2021) EUGES LIMA
Hoje, 10 de novembro, comemora-se o Bicentenário da imprensa maranhense. Há exatos 200 anos, era publicado em formato impresso em São Luís, pela primeira vez, o primeiro jornal do Maranhão, intitulado de “O Conciliador do Maranhão”. Nascia assim, a imprensa no Maranhão. Esse jornal era oficial e noticioso do governo do Maranhão e surgiu no contexto do processo de emancipação política do Brasil e do Maranhão, onde as tensões entre portugueses e brasileiros estavam bastante acentuadas. Seu objetivo era divulgar as ações do governo e ao mesmo tempo defender sua posição política e ideológica em prol de Portugal e das Cortes portuguesas. Trazia resumo de notícias do exterior, transcrições, anúncios oficiais, balancetes de repartições e sempre que podia, falava mal dos adversários políticos, além de textos elogiosos a administração do governo. É importante esclarecer que os primeiros 34 números de O Conciliador do Maranhão foram manuscritos e que somente a partir do dia 10 de novembro de 1821, depois da chegada da primeira tipografia em São Luís, em 31 de outubro desse ano, importada de Londres a pedido do governador provisório, Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, o Dente de Alho, é que começaram a serem impressos os primeiros números. A partir do Número 77 de 6 de abril de 1822, teve seu título reduzido para "O Conciliador”. O jornal saia duas vezes por semana. O primeiro Diretor e Redator foi Antônio Marques da Costa Soares, oficial-maior da secretaria do governo, considerado o primeiro jornalista do Maranhão. O Conciliador teve um total de 210 edições e chegou ao fim em 16 de julho de 1823, mas inaugurou a saga da imprensa maranhense. Embora sendo um jornal oficial do governo maranhense, pro-Portugal, foi importante, porque trouxe a primeira tipografia para o Maranhão, inserido a então província na era da imprensa. A partir daí, foram surgindo outros jornais, tanto governistas como de oposição, a exemplo dos “Argos da Lei”, “O Censor", entre outros. Outras tipografias, com excelência na arte de impressão, não somente em relação a jornais, mas também em relação à impressão de livros, foram surgindo, durante o século XIX, tornando o Maranhão uma
referência não só para o nordeste, mas para o Brasil. Famosa eram a tipografia e as impressões de Belarmino de Matos, considerado um dos maiores expoentes dessa arte no século XIX. Várias gerações de grandes jornalistas surgiram a partir daí. Só para citar alguns nomes emblemáticos da história do nosso jornalismo do século XIX, temos João Lisboa, Sotero dos Reis, Odorico Mendes, Temístocles Aranha, etc. etc. enfim, tantos outros. Na verdade, nessa época, quase todo homem de letras, também militava no jornalismo. Tudo isso gerou um grande legado, uma grande tradição para as letras e o jornalismo maranhense.
O ANTROPONAUTA VIRIATO GASPAR RAIMUNDO FONTENELE Literatura Limite: O ANTROPONAUTA VIRIATO GASPAR
O Portal TORDESILHAS e o blog LITERATURA LIMITE (www.literaturalimite.blogspot.com.br) chegam nesta primeira semana de agosto com mais uma matéria para se inscrever nas páginas da atual literatura maranhense. Correndo o risco de tornar-me um blogueiro bissexto (bissexto porque tem sido um parto difícil parir uma postagem) fui à cata de alguma coisa essencialmente nova em termos de poesia e acabei chegando ao refúgio deste meu grande irmão e amigo Viriato Gaspar, o poeta tão essencial ao Movimento Antroponáutico quanto os outros 4 que lhe fizeram companhia: Cassas, Chagas Val, Valdelino Cédio e este escriba menor. Escrevo isso porque tomei conhecimento de que alguém cujo nome me escapa referiu-se a nós como a geração de Luís Augusto Cassas. É um tremendo erro, engano ou..., deixa pra lá, o próprio Cassas, de quem conheço a humildade humana e a honestidade intelectual refutaria tal assertiva. A nossa geração é a GERAÇÃO ANTROPONÁUTICA da qual todos nos orgulhamos. Nós afundamos navios de cascos avariados, detonamos velhas pontes de madeira a quem o cupim destroçava, e os grandes nomes da literatura maranhense naquele momento, Nauro, Zé Chagas, Arlete, Jomar, Nascimento de Moraes, Bandeira Tribuzi, Carlos Cunha, Domingos Vieira Filho, Alberico Carneiro e outros nos reconheceram os méritos e nos fizeram as honrarias merecidas, publicando 2 antologias e estendo um imaginário tapete voador por onde desfilamos a nossa tola vaidade juvenil. Portanto, o Soco no Muro nesse blog de hoje é o poeta Viriato quem dá.
CONVITE Dancemos. Agora, Quando a noite se espicha pelos dias E as trevas se enredam em cada alma, Dancemos. Dancemos, Agora, Quando o abraço se tornou uma ameaça E o beijo é quase uma condenação à morte, Dancemos.
Mais que nunca, Dancemos. Dancemos na varanda, no quintal, No banheiro, no quarto, na cozinha, No deserto de cada um preso em sua casa, Contra o vírus do medo que avança sobre nós, Dancemos! E cantemos. Agora, Quando há ódios espumando nas esquinas E mãos que fazem gestos nos matando, E há tanta raiva vindo pelas telas, Tecendo teias em cada celular e coração, Cantemos. Sim, cantemos! Mais que nunca, Cantemos. Até que o sol acorde e chame a aurora E possamos entregar nas mãos de nossos filhos Um mundo que consiga se abraçar E transmutar em canto, em dança e riso A dor que desabou em nossos dias E colocou ferrolhos em nossos gestos, E pôs medo em nossos braços e sorrisos E nos distanciou do que já foi nosso melhor: - O (n)osso humano. - O Hermano. Este é o que podemos chamar poema sobre fatos concretos, aí, sim, um poema verdadeiramente concreto, mas nada daquela estética que se chamou concretismo subsiste aqui. Na verdade o concretismo pouco deixou de concreto, em alguns casos soou como um verdadeiro engano, e momentos há em que nada mais abstrato do que muitos dos tais poemas concretos. E ao iniciar seu poema convidando-nos para a dança, convite repetido outras vezes durante o desenvolver do poema, noto naquilo que está implícito no poema e que é sua grande força, a insuspeitada metáfora invisível, que na verdade é uma dança dos desesperados em meio a um caos, não esqueçam, programada por mãos humanas e tiranas. Por isso, o poeta Viriato nos convida para a última dança, o último canto, uma vez que todas as outras manifestações foram suprimidas do encontro e do calor humano: o abraço forte e o beijo sincero entre irmãos, amigos, namorados, noivos, casais, companheiros. É como se o poeta repetisse Jesus com outras e novas palavras: Pai, afasta de mim esse vírus. E não é esse bichinho chinês, é um outro maior, do qual esse corona é apenas um filhote ou uma pequena larva: é o vírus que veio das trevas e das regiões mais sombrias e diabólicas da mente do homem. DIZER-TE Repara: A palavra que dizes não é a coisa dita. A pedra nunca é a própria dita,
pedaço de rocha, sílica, duramente petra, nunca rosa. O sol que encharca o céu de quanto dizes inunda de ouros velhos de outros trigos a lâmina que ocultas no que falas: - quintal de cicatrizes. A pedra de que falas voa, plana, pluma, flama. Aquece o coração de quem a chama. Sempre quando nos arvoramos em crítico ou ensaísta de uma grande arte, como sói acontecer com a poesia de Viriato Gaspar, geralmente nos tornamos menor do que já somos. E por isso costumamos chegar usando uma bengala metonímica na qual nos apoiamos, para, em se caindo, não cairmos sozinhos. Dei de cara logo com uma semelhança: o uso das palavras pedra e pluma neste poema remeteram-me direto para João Cabral de Melo Neto. Mas não foi só isso. A concisão da fala e dos versos, a dureza metafórica que imprime à linguagem no seu canto mais puro, mais lapidado, mais carregado de múltiplos significados faz deste poema do Viriato irmão dos melhores do poeta pernambucano. Mas é só isso: “O sol que encharca o céu / de quanto dizes / inunda de ouros velhos / de outros trigos / a lâmina que ocultas / no que falas: / - quintal de cicatrizes.”, embora João Cabral assinasse embaixo, é a quinta essência da excelência formal e conteudística que Viriato imprime em sua arte. Sempre foi assim. Um poeta que amadureceu no duro aprendizado da pedra e que chega à maturidade poética com a leveza da pluma que nos encanta. MUSEU DE ASSOMBROS Chegou-me o tempo de chorar por tudo. Olhar pra trás, doendo as mãos vazias. Gastar os olhos contra o umbreu dos dias. Rilhar os dentes, lagrimundo escuros. Sempre em tudo que amei nada foi cheio. Houve sempre uma nuvem, um pé de vento, Um fosco, uma voragem, um de entremeio, Uma casca entre o fora e o meu mais dentro. Eis-me chegado ao tempo dos remorsos. O longo correr-dor dos sonhos mortos, O re-moer dos rasgos e dos cortes. Um velho é um mar que foi, e hoje é deserto. Palpar nas sombras, cada vez mais perto, O caminhar sutil da Dona Morte. Não há desespero, nem saudade, nem remorso. Embora fale em remorso, não é um remorso a quem a culpa condena. Aqui Viriato Gaspar pode nadar de braçada numa praia que domina e da qual é um dos melhores do Brasil, o soneto.
“Nada foi cheio”, “um fosco”, “um pé de vento”, “uma voragem”, pois o poeta sempre soube por intuição desde a tenra infância e em sua juventude pelo fazer poético que a vida seria assim mesmo: essa incompletude que o amor humano preenche pela metade. Embora seja a meta de uma vida inteira, o poeta sabe e poderia e diz como outras palavras, ninguém é pleno. Plena é a vida, mas a vida é além do que é humano e por sermos apenas humanos jamais poderemos alcançá-las: a vida e a plenitude. Cumprir uma sina, realizar um projeto, é isso o que resta. E o nosso amigo Viriato Gaspar cumpre e realiza, não apenas este, mas sonetos e mais sonetos que o fazem ombrear-se com que há de melhor na língua portuguesa, neste mister que é a poesia, esta sim, plena e completa. A FLOR SEM ASAS Pensar em ti clareia as minhas sombras, esparrama quintais pelos meus cílios. Pensar em ti é resgatar um filho, dado por morto, ao fundo dos escombros. Pensar em ti às vezes é uma corda, que vai puxar-me lá, onde esmoreço. E se me amarga o azul, é o que me acorda e me molha de um sol que nem mereço. Teu nome é como chamo o que me aquece, como digo luar quando escurece, e consigo voar quando é só lastro. O que é belo no mundo traz teu rastro. Todo bem que consigo, e é diminuto, fala de ti, é a sombra do teu vulto. Neste belo soneto A FLOR SEM ASAS, cujo título por si só é um enigmático achado poético, o poeta Viriato Gaspar não esconde a condição humana de buscar constantemente o amor no e do outro. Invoca e chama e se desnuda ao revelar quanta dor se apaziguaria, como seria nutrido de uma nova força que tem o poder de fazer com que do sentimento humano e material brote uma metáfora de tal beleza e que é esta “que me acorda e me molha de um sol que nem mereço”. Luzidio, brilhante, escorregadio o poeta segue a senda e a sina dos grandes poetas, quanto mais dor, mais amor, quanto mais ausência mais poemas que nos fazem acreditar no renascimento e na cura. Evoé, Baco, habemos Poeta! Poemas de VIRIATO GASPAR Comentários de Raimundo Fontenele
O SENSO ESTÉTICO DE OSWALDINO MARQUES FERNANDO BRAGA in ‘Conversas Vadias’, antologia de textos do autor. Ilustração: Foto de Oswaldino Marques, do acervo do professor e escritor Antônio Miranda.
Oswaldino Ribeiro Marques nasceu em São Luís do Maranhão, em 17 de outubro de 1916 e faleceu em Brasília-DF, em 13 de maio de 2003. Abriu seu caminho a golpes de tenacidade, à mercê de inquebrantável adesão aos valores da inteligência. “Se não fosse escritor, gostaria de ser matemático ou físico nuclear”, dizia convicto com as exigências que tinha consigo. Ao falar-se de Oswaldino é bom que se diga qual foi ele o ponto de ligação que houve entre sua geração maranhense de 30, com os ecos da ‘Revolução de Arte Moderna de 22’, e é justamente sobre isso que o escritor Rossini Corrêa, em seu belo livro ‘Atenas Brasileira – A Cultura Maranhense na Civilização Nacional’, Thesaurus Editora, Brasília, 2001, à pág. 187, nos diz: “O ambiente cultural ludovicense não foi contemporâneo do eixo construtor do modernismo brasileiro, na década de 20: ‘os revoltosos assustam no Maranhão’, reconheceria Odylo Costa, filho. Sem movimentos, sem manifestos, sem revistas, sem articulação interativa e sem livro-marco de reconvenção estética inserto na moderna história literária do Brasil. São Luís, na realidade, ficou à revelia do itinerário imediato de expansão da mudança modernista em curso no País. São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, sim. Pernambuco, Paraíba, Rio Grade do Norte e Alagoas, também. No Pará, menos. No Maranhão, não. Se alguns poucos sonharam em ensaiar a luta renhida, perderam a batalha que, em visão crítica, não vingou em terras gonçalvinas. O principal modernista maranhense, jovem da década de 20, foi Nunes Pereira, uma espécie de Raul Bopp fugindo do passadismo, que estava diante do seu mestre Mário de Andrade, em Natal, vindo de Belém, onde frequentara tertúlias peripatéticas. E, no Maranhão, nada de Nunes Pereira”.
Avesso às academias e a ciclos literários, Oswaldino Marques, não sei por quê, pertenceu ao ‘Cenáculo Graça Aranha’, ao lado de alguns dos seus mais legítimos companheiros da geração de 30, como Josué Montello, Franklin de Oliveira, Manuel Caetano Bandeira de Mello, Amorim Parga, José Erasmo Dias, Sebastião Corrêa, Paulo Nascimento Moraes, Ignácio Rangel e outros, “a buscar o sonhado caminho’ apregoado pelos cânones do modernismo de 22, o qual no Maranhão, como se viu, foi “febril e transitório, enquanto que, para o ideal de glória da mitológica tribo timbira, sempre a eternidade foram deusa e rainha sedutora”, como nestes versos do próprio Oswaldino Marques: “E sinto quanto mais contraditória/ é a fortuna de minha realidade:/ ter por órbita a vida transitória/ e em torno a mim só ver eternidade”. Não procuraram e nem acharam ideia modernista nenhuma. Sobre o ‘Cenáculo Graça Aranha’, é Josué Montello que nos diz: “Éramos românticos, e não sabíamos. O Cenáculo não publicou livros, não promoveu conferências, não empossou nem enterrou ninguém. Na verdade, pensando bem, foi uma bela ficção. Cada um de seus membros fundadores tomou rumo próprio, ficando em São Luís ou dali saindo. Tão completa foi a sua extinção que dele não restou o livro de atas, nem o álbum de recortes. Apenas uma tabuleta”. Em 1936, Oswaldino zarpa de navio pra o Rio de Janeiro, onde já lá estavam Montello, Franklin e Bandeira de Mello. Na velha capital, o mais tarde tradutor de Whitman, se torna um dos fundadores da União Nacional de Estudante-UNE, onde trabalhou como bibliotecário e tradutor, tendo sido um dos responsáveis pela divulgação da poesia moderna estadunidense no Brasil. Em 1965, mudou-se para Brasília, como servidor do Ministério da Educação, transferido do Rio de Janeiro. Por concurso, assumiu a cátedra de Teoria da Literatura na Universidade de Brasília [UnB]. Com o agravamento da ‘posição militar no Brasil’, o mestre Oswaldino a trilhar pelos caminhos do marxismo, foi demitido do cargo, se auto exilando nos Estados Unidos, aonde foi professor visitante das literaturas portuguesa e brasileira, na Universidade de Madison, Wisconsin. Algum tempo depois, em 1991, via anistia, foi reintegrado à UnB pelo Reitor Cristovam Buarque. Oswaldino Marques era por temperamento retraído e viveu os últimos anos praticamente isolado em seu apartamento em Brasília, onde dedicava seus dias à leitura e a ouvir músicas. Quantas vezes, a seu convite, participei desses momentos silentes ao seu lado, entre clássicos e músicas de câmera de sua predileção, a degustar, por vezes, um delicioso ‘mingau de milho’, à moda maranhense, que em outras plagas chamam de ‘canjica’, preparado por Maria do Carmo, sua mulher. Infelizmente, Oswaldino se dizia agnóstico, mas não por isso, mas por outros, ‘caprichos’, deixou registrado em cartório, que não desejava qualquer tipo de cerimônia religiosa quando de seu sepultamento, nem discursos, e nem flores, e nem velas, o que foi seguido à risca por sua mulher e seus filhos, o gravador Igor Marques e o também escritor Ariel Marques. Sintamos o quanto o Padre António Vieira tinha razão quando proferiu o seu famoso sermão a ‘Quinta Dominga da Quaresma’ ou ‘Sermão das Mentiras’, Rossini Corrêa [op.cit.p.224], diz assim: “Tribo conflitada e desunida a maranhense, que, no passado, falava mal de si às escondidas, como Humberto de Campos a comentar livro de Coelho Neto, no ‘Diário Secreto’: “Recebi um livro de Coelho Neto. É um punhado de crônicas de jornal, em que seguem os lugares-comuns, se sucedem as expressões banais, os termos de gíria, as frases feitas, compondo páginas sem relevo, sem interesse, sem beleza, uma grande piedade, uma grande dó...” [...] Atualmente, porém o duelo travado em terra estranha é público e notório, à faca peixeira, com fratura exposta, massa cerebral perdida, hemorragia desatada e de vísceras caídas por terra, como o servido em Brasília-Rio, por Oswaldino Marques e por Josué Montello. Combate, este, que inspirou ao primeiro a corrosiva e inédita produção poética, que substitui, em sua concisão, todo um banquete psicanalítico. Em: ‘Auto-epitáfico’– “Osvaldino aqui jaz./ De vezo polêmico, /índole indomada. /Zero contumaz /na vida foi nada /nem mesmo acadêmico”. O que Rossini Corrêa atiça acima, esmiúço abaixo, como ilustração a este dedo de prosa, e para que o leitor entenda melhor essa ‘luta corporal’ que em nada espantaria Ferreira Gullar: Oswaldino e Josué foram colegas no Liceu Maranhense por todo o curso de humanidades; tinham precisamente a mesma idade; ambos intelectuais de fina linhagem; Oswaldino foi ‘eminência parda’ de Montello quando este exerceu a direção da Biblioteca Nacional, mas, infelizmente, um pelo outro nutria uma ‘rezinga figadal’.Oswadino era terno e generoso em gestos e delicadezas, mas quando se aborrecia, por qualquer coisa, perdia as
estribeiras, sem medir consequências e sem economizar adjetivos, o mesmo acontecendo com Josué Montello, o que fazia dos dois, apesar de adversos, mais que semelhantes. Um belo dia, pela década de 80, um ‘Macunaíma’ qualquer, à guisa de fuxico, instigou Oswaldino em relação a um ‘disse-me-disse’ que Josué Montello houvera verbalizado sobre sua pessoa, o que na linguagem cibernética de hoje seria traduzido como ‘fake news’. Pelo sim, pelo não, Oswaldino surtou com que ouvira do ‘herói sem nenhum caráter’, e foi às pressas para o ‘Correio Brasilenze’ onde abriu as ferramentas contra Josué, num artigo intitulado ‘Desmontele-se’, o que imediatamente, o autor de ‘Os Tambores de São Luís’ respondeu pelo ‘Jornal do Brasil’ ao tradutor de Blake, num outro artigo, intitulado ‘Arquive-se’. Foi uma ‘batalha romanesca e ensaística’ espetacular, o que me faz rir até hoje quando as leio; guardei esses artigos comigo, de duas páginas inteiras cada um, devidamente catalogados em hemeroteca; são duas preciosidades literárias, que em matéria de ‘agravos, em alto estilo’, nada existe semelhante em língua portuguesa, nem mesmo os terríveis epigramas trocados por Bocage e Caldas Barbosa na velha Arcádia Lusitana, ou as bandarilhas trocadas entre Alexandre Herculano e seus ‘indesejados’ colegas da Torre do Tombo, ou ainda, as fúrias contidas nas farpas de Eça e Ortigão contra uma comunidade inteira. Uma maravilha de batalha literário! De sua extensa bibliografia, eis aqui alguns livros e antologias de Oswaldino Marques: ‘Poemas quase dissolutos’, 1946; ‘Cantos de Walt Whitman’, 1946; ‘O poliedro e a rosa’, 1952; Cravo bem temperado, 1952; ‘Usina de sonho, 1954; ‘Videntes e sonâmbulos’, 1955; ‘Poemas famosos da língua inglesa’, 1956; ‘A seta e o alvo’, 1957; ‘Ensaios escolhidos’, 1968; ‘O Laboratório Poético de Cassiano Ricardo’, 1976; ‘A dançarina e o horizonte’, 1977, ‘Livro de sonetos’, 1986. “[...] Em seus poemas, onde a beleza formal jamais se afasta da substância, em seus ensaios críticos, onde a arguta percepção está informada do mais dignificante calor humano, em suas traduções exemplares, [William Blake, Walt Whitman, T.S. Eliot] onde a fidelidade ao espírito criador original não está contida pela inevitabilidade da redução, sendo antes recriações válidas e autônomas, o escritor maranhense oferece generosamente o melhor de si [...] “A sensualidade de nossos trópicos se torna evidente mesmo quando os temas são aparentemente intemporais e forâneos”, disse dele o amigo e editor Ênio Silveira. Escutemo-lo, em seguida, em ‘A dançarina e o horizonte’: “Em luz resplandeceu minha palavra/ e se fez sol interior, mental:/ sob seu calor agora torno à lavra/dos campos da sintaxe e do real”. Por fim, ouçamo-lo neste ‘Homo sum’, enfeixado em ‘Poemas quase dissolutos’: “Há nos meus ombros vestígios de asas,/Guardo zeloso uma rica herança de voos;/Não esqueci, de todo, os segredos da levitação,/E me vanglorio de flutuar ainda como leve paina no espaço!/Tem sua obscura razão este ingênuo amor pelas nuvens,/Esta infantil ternura pelas franzinas borboletas,/E o orgulho de atirar o rosto para as estrelas./Mas, ai! apalpo no meu cóccix também uma cauda atrofiada,/ Que em vão dissimulo e dissimulo com meu enganador manto celeste. /Besta e anjo — um meridiano me corta em zonas de luz e treva. /De um dos meus lados nasce a aurora, /O outro é a úlcera de onde jorra a noite. / Ai! Que desgraça ser o antípoda de si mesmo! / Viver se despenhando em violentas diagonais de contradições. / A mão pura e a impuras pendentes do mesmo tronco. /O olho cego e o são coexistindo na mesma face. /O lábio podre e o eterno modelando estranhas palavras híbridas.” A última vez que conversei com Oswaldino Marques, não preciso quando...Foi no gabinete em que ele dividia com Herberto Sales a direção do Instituto Nacional do Livro [INL] em Brasília. Tenho saudade de sua generosidade e de suas colocações discursivas, sempre em altíssimo nível. Ele foi, repito, um querido amigo e um escritor que honra a Literatura Brasileira!
12 POETAS BRASILEIROS DO MARANHÃO NA REVISTA PORTUGUESA INCOMUNIDADE. [Autor - Vários autores ; Carvalho Junior, org.] Adriana Gama de Araújo + Antonio Aílton + Bioque Mesito + Carvalho Junior + Celso Borges + Dyl Pires + Hagamenon de Jesus + Lindevania Martins + Luiza Cantanhêde + Neurivan Sousa + Ricardo Leão + Viriato Gaspar. http://www.incomunidade.com/v98/art_bl.php?art=401
PARA SABER MAIS
MARANHAY : Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, abril 2021 - Especial: ANTOLOGIA - ALHURES by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu MARANHAY - (Revista do Léo ) - 56 - março 2021 - EDUÇÃO ESPECIAL: ANTOLOGIA - MULHERES DE ATENAS by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu MARANHAY 57 - MARÇO 2021: EDIÇÃO ESPECIAL - OS ATENIENSES, VOL. III by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu MARANHAY 58 - ANTOLOGIA: OS ATENIENSES, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu ,
ADRIANA GAMA DE ARAÚJO Nasceu em São Luís. Historiador formada pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Escreve desde os 15 anos, quando começou a ter seu nome associado à poesia pelos mais próximos. Em 2010 criou o blog “Pólen Radioativo”, e passou a ter contato com poetas e escritores do Brasil e do mundo, hábito que mantém até hoje. Em 2017 venceu o III Festival Poeme-se de Poesia Falada e o I Festival Maranhense de Filosofia (categoria: aforismo/poema). Mora em Raposa, município da grande ilha de São Luís, é professora da rede pública municipal e estadual. Por meio de seus experimentos táteis, quase performance, a poeta Adriana Gama de Araújo incorpora um renascimento simbólico para pequenos objetos, miudezas, acúmulos, misturados, amalgamados ao corpo, criando uma silhueta reversa impressionante de tantas formas que testemunham uma experiência poderosamente vulnerável, livre e intuitiva de escrita. Corpo estranho. Por Adriana Gama de Araújo | by Ed Caliban | Revista Caliban
VOYEURISMO o gato comeu a borboleta bem na minha frente por um instante eu os vi reinando absolutos no incompreensível território da fome. * BAR CENTRAL dentro da caixa ficou o postal com a imagem do bimotor em preto e branco vendido aos clientes a noite que começou antes atravessou a pé as pontes até santo amaro centro do mundo sobre o postal plana o cheiro enfumaçado de motor que pifa em pleno ar lembro do susto a queda sobre a cidade corpos pesados de paixão uma catástrofe. *
PARA PINTAR UM AMOR IMPOSSÍVEL uma pá de cal não é suficiente. * CORPO ESTRANHO nesta casa cabe uma família eu não tem um quadro que ocupa muito espaço sua moldura de cabelos curtos vento na nuca um poema de schwitters uma flor carícia de gato um arrepio eu não sobra uma pergunta uma porta sem fechadura um coração antigo eu não. * AMOR eu mudo de lugar e acompanho a incidência da luz nos teus cabelos prefiro morrer ou que saibas? tu e tuas asas imantadas atraindo meu corpo inteiro ferro em brasa estou muito perto de ti sentes uma ânsia silenciosa no teu encalço? homem dos fios e rastros quando eu for palavra direi como a guerra parece contigo. * EXTRAVIO para Lilith no quadro de Anselm Kiefer te dou meus olhos acaso não consigas ver que roubaram o vestido da menina que sorria
jogaram terra no vestido e saíram correndo ficou para trás um grande buraco no céu a menina nua grita aos que passam seríssimos — olha ali meu vestido no varal do povo de deus! * MIUDEZA um astronauta lírico contou que da lua ninguém vê a muralha da china uma artesã circense gosta de coisas miúdas porque combate a miopia de longe, muralha é montanha e qualquer cidade, vazia no dialeto humano a olho nu é quase dentro daquilo que significa. * TEMPO a noite nunca se deitou sobre aquele lago a eternidade: uma deformação da existência e ainda estou lá com minhas raízes entre os pássaros. * AUSÊNCIA a ausência não tem vocação para relógio é um algo mais delicado que envolve os corpos vivos ou inanimados na lastimável compreensão das horas um lençol cobrindo os móveis da sala impondo o estático impedindo o sujo e os rasgos do tempo que não deve ser gasto – a ausência é o destino com os dois pés quebrados – é a fé sem oração toda palavra em vão é um poço sem água nada se move, evapora ou passa tudo demora infinitamente debaixo da dor que te esmaga. *
ABRIL OU O TEMPO É UMA FALÁCIA a porta o peito as pernas a boca o guarda-roupa nada mais cabia nada mais passava nada mais se pendurava só a folhinha amarela mofada tudo parado estreito vazio nada mais abril nada mais passava. ***
LINDEVANIA MARTINS Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Lindevania de Jesus Martins Silva, mais conhecida como Lindevania Martins (Pinheiro, 6 de setembro de 1972) é uma defensora pública e escritora[2] brasileira. Autora dos livros de contos Anônimos, Zona de Desconforto e Longe de Mim. Autora do livro de poesias Fora dos Trilhos. Iniciou seus estudos na cidade de Pinheiro, onde nasceu,
mudando-se para São Luís com a família no final da adolescência para ingressar no curso universitário. Chegou a iniciar os cursos de Engenharia Civil e Filosofia, mas não concluiu os mesmos. Bacharel em Direito, concluiu o Mestrado em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal do Maranhão com a dissertação Autoria e Dissenso na Internet:um estudo sobre participação e tecnologia. Atuou como delegada de polícia nos anos de 1999 a 2001, junto à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Maranhão. Em seguida, ingressou na Defensoria Pública do Estado do Maranhão, onde atuou no Núcleo Forense da Família e, posteriormente, no Núcleo de Defesa da Mulher e População LGBT. Seu primeiro livro de contos, Anônimos: invenções de amor, morte e quase morte, venceu o XXVII Concurso Literário Artístico na categoria contos, sendo publicado pela Prefeitura de São Luís no ano de 2003. O livro O Trio venceu a edição do concurso seguinte, optando a mesma por não publicá-lo. O livro Zona de Desconforto foi selecionado para publicação após o I Concurso de originais da Editora Benfazeja. Trata-se de uma obra composta por oito contos escritos num registro realista, a maioria narrados em primeira pessoa. Participou como jurada do Concurso Internacional Her Story, promovido pela Plataforma Sweek em conjunto com o Leia Mulheres e a Pólen Livros.
Tem poemas e contos publicados nas seguintes revistas eletrônicas: Gueto, Marinatambalo: crítica e literatura, Ruído Manifesto, Fluxo: revista de criação literária e Quatetê. Integra o coletivo literário feminista Mulherio das Letras. Obras Livros Publicados 2003 – Anônimos: invenções de amor, morte e quase morte (Prefeitura de São Luís) Este livro foi vencedor do XXVII Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, categoria contos, em 2003. O livro apresenta 16 contos, a respeito dos quais, o crítico e poeta Couto Correa Filho, na orelha do livro, afirma: “Ás vezes as narrativas são densas e transcorrem carregadas de tensão, com um desfecho dramático que choca a sensibilidade do leitor, tal como nos contos “Veia” e “Acerto de Contas”. Em outras ocasiões, o tema é simples e o relato se passa em grandes tensões emocionais, como em “Pescaria” e “A Velha”. Mas, em ambos os casos, fica registrado um modo pessoal e autêntico e narrar estórias”. 2018 - Zona de Desconforto (Editora Benfazeja) O livro apresenta oito contos que dialogam profundamente com as questões do nosso tempo e nos faz refletir sobre invisibilidades, pertencimentos e as possibilidades de se viver em conjunto. Os contos apresentem enredos e personagens bem construídos em que ideais de bondade e maternidade são postos em cheque, bem como são expostas as complexidades das relações amorosas e de critérios que valoram a vida humana a partir de perspectivas excludentes. “Na escrita do livro, estive muito preocupada em preservar essas contradições que nos constituem. As personagens circulam por espaços hostis, possuem a necessidade de se afirmar para resistir, porém, suas escolhas com frequências são desastrosas e produzem efeitos imprevistos, desafiando suas próprias crenças ou expondo facetas que lhe são indesejáveis”, diz a Autora. Zona de Desconforto foi vencedor do I Concurso Nacional de Originais da Editora Benfazeja, lançado em 2017. 2019 – Longe de Mim (Sangre Editorial) Terceiro livro da maranhense Lindevania Martins, tem como protagonista Josi, uma menina de 10 anos cuja vida está prestes a mudar. Fruto de uma gravidez na adolescência, se viu forçada a ingressar cedo demais no mundo adulto, cujas regras ela não compreende totalmente. A relação conflituosa que a menina estabelece com a mãe e com os homens que a rodeiam se torna cada vez mais acirrada, até que uma morte acontece. O texto recebeu menção honrosa no Concurso Nacional de Contos da Ordem dos Advogados do Brasil, lançado em 2006. 2019 – Fora dos Trilhos (Venas Abiertas) Neste quarto livro, a escritora apresenta 26 poemas atravessados por temáticas variadas, entre as quais se sobressai o mundo do trabalho, as questões de gênero e a infância, além de trazer aspectos lúdicos e experimentais. Integra uma "coleção de bolsa" composta por 20 volumes de obras individuais de integrantes do coletivo literário Mulherio das Letras. Trabalhos em Antologias 2001- Eros de Poesia (Org: Asta Vonzodas e Nalu Nogueira) 2006- O Advogado e a Literatura (Org: Francisco José Pereira - Ordem dos Advogados do Brasil) 2018- Antologia Internacional Mulheres pela Paz - Mulherio das Letras - (Org: Alexandra Magalhães Zeiner e Vanessa Ratton) 2018- Casa do Desejo - (Org: Eduardo Lacerda) 2018- Conexões Atlânticas Brasil Portugal - (Org: Adriana Mayrinck e Emanuel Lomelino) 2018- Antologia de Contos Ciclo Contínuo Editorial - (Org: Ciclo Contínuo) 2018- 2a. Coletânea de Prosa do Mulherio das Letras - (Org: Cleonice Alves Lopes-Flois) 2018- 2a. Coletânea Poética do Mulherio das Letras - (Org: Vanessa Ratton)
2018- Espantologia Poética Marielle em Nossas Vozes - (Org: Célia Reis, Maria Nilda de Carvalho Mota e Palmira Heine) 2019- Meus Primeiros Versos: poesias para crianças - (Org: Vanessa Ratton - Mulherio das Letras) 2019- Babaçu Lâmina - (Org: Carvalho Júnior) 2019- Entradas para Cotidianos - (Org: Karine Bassi) 2019- Eros das Eras: antologia erótica - (Org: Argemira de Macedo Mendes, Fábio Mário da Silva e Marleide Lins) 2019- O Livro das Marias - (Org: Jeovania Pinheiro) 2019- Antologia 32 - (Org: Leonardo Costaneto, Ana Paula sobrinho, Patricia Cacau e Tânia Diniz) 2019- Admiráveis Mulheres - (Org: Beatriz Santos) 2019- Mulherio das Letras Portugal: poesia - (Org: Adriana Mayrinck) 2019- Caravana Buenos Aires: literatura brasileira por las calles argentinas - (Org: Leonardo Costaneto) 2019- Sou Mulher, Logo existo: 3a. coletânea de prosa e poesia do Mulherio das Letras - (Org: Vanessa Ratton) 2019- Eu, Monstro! - (Org: Rafael Tsuchiya) Trabalhos Técnicos SILVA, Lindevania de J.M. Entre o Público e o Privado: questões sobre autoria a partir da internet. In: SEGATA, Jean; MÁXIMO, Elisa M; BALDESSAR, Maria J (Org). Olhares Sobre a Cibercultura. Florianópolis: CCE/UFSC, 2012. p. 17. Acessado em 21.12.2018 Prêmios e Menções 1º lugar no XXVII Concurso Literário Artístico Cidade de São Luís, Prêmio Odylo Costa Filho (contos) 1º lugar no XXVIII Concurso Literário Artístico Cidade de São Luís, Prêmio Odylo Costa Filho (contos) 5º lugar no I Concurso Eros de Poesia - categoria júri (poesia) Menção honrosa em I Concurso Nacional O Advogado e a Literatura, promovido pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (contos) Finalista no Concurso Nacional Paula de Brito, promovido pela Ciclo Contínuo Editorial (contos) 4 Poemas de Lindevania Martins – Revista Acrobata Game Over este corpo um dia será pó adubo da terra e da imaginação das minhocas todos os idiomas que aprendeu sepultados no ataúde das línguas mortas nenhum rastro ficará das assombrações nas madrugadas murmúrios vindos do que não tinha voz sem barganha nem troca perderão o brilho todos os sóis a memória terá sido um inútil apêndice daquilo que findou nada restará além da ilusão de que foi conhecido aquilo que se apagou Maquinaria sem referência estamos sempre replicando e o motivo porque precisamos replicar se apagou
replicamos porque é isso que fazemos há mais de cem anos replicamos porque nos aproximamos dos nossos ancestrais através do mesmo trabalho inútil e sem motivo replicamos porque precisamos de uma tarefa que nos ultrapasse e nos seja incompreensível replicamos para que nossos bisnetos e trinetos também o façam quando já tivermos ido replicamos para que através desses gestos automáticos que os mergulharão no meticuloso e no absurdo possamos deixar de viver para nos perder no labirinto impreciso da memória Pequena Adaptação seus sonhos domesticados não eram mais imensas feras sem educação amoldados ao contrato de transporte agora podiam caber na sua bagagem de mão Instruções para a Jovem Arqueóloga ouvidos e olhos atentos escavar além do chão explorar o subterrâneo e o sótão o fosso da memória é profundo os ossos ainda se decompõem na fria escuridão dos armários enquanto as gavetas da história oficial acumulam arquivos corrompidos o mal que sai da boca do homem não se equipara àquele que sai das trombetas do estado na disputa sobre qual voz será a mais aguda para contar nossa história só quem não olhar para trás se tornará estátua de sal
NEURIVAN SOUSA Poeta e professor da rede pública, formado em Filosofia. Maranhense, natural de Magalhães de Almeida (1974), mas radicado em Santa Rita/MA. É autor de Polifonia do Silêncio (Scortecci, 2012) e Lume (2013). Palavras sonâmbulas é seu terceiro livro de poesia (2016). (13) Neurivan Sousa | Facebook TODO O PESO carrego nos ombros curvados pelo pranto o peso de dores ófãs uma âncora oxidada um balde de água uma mala de chumbo todo o peso deste mundo não pesa um grão de areia do deserto que me habita.
»•« GÊNESE acaso eu teria voz acaso eu teria vícios acaso eu teria versos acaso eu teria sede acaso eu teria signos acaso eu teria safra se nas minhas veias não corresse escuridão?
»•« LENTES BINOCULARES O que captam os olhos de um poeta idólatra à beira de um poço ateu? O eco da pedra suicida,
o silêncio imo da água com sede de ver o sol? Ou um céu subterrâneo, onde morcegos são anjos aprisionados, e o Diabo é quem puxa o balde? O que avista um poeta debruçado numa janela escancarada para o nada? A falência da vida, a inércia dos mortos, um pássaro sem céu ou um céu sem pássaro?
»•« MÓBIL Escrevo. Escrevo... para não morrer de silêncio. Afogar-me neste mar, onde as palavras sempre nadam para o fundo, para o nada, seria morrer inultimente na exorbitância de ser eu.
»•« CONTRAPOSIÇÃO na beira do cais de costas viradas para o poente sem sigla partidária os barcos recusam o impeachment da tarde. AS PALAVRAS as palavras não dormem nas esquinas, nos bares, nos bancos das praças, pois não bebem cachaça. elas dormem no frio pó do túmulo das memórias,
para de lá ressurgirem fulgurantes de glórias. as palavras não ditas se tornam fantasmas daqueles que um dia cortaram as suas asas.
»•« MOEDA à luz do dia minha cidade é uma bela jovem vendendo jornais e livros no stop do semáforo. ao véu da noite essa mesma cidade é uma cadela no cio uma prostituta de luxo traficando AIDS a altos executivos.
»•«
SHOPPING CENTER uma visão espantosa, uma colmeia em festa. vitrines engenhosas, cada loja uma oferta. um redemoinho de fantasmas, famintos por peles e máquinas. um bando de sanguinários piratas, saqueando o porão do próprio ego um formigueiro medonho, alienados escravos da mo(e)da – indo e vindo enfileirados – em bandos, em zigue-zague. um rebuliço fantasista de queimar a retina de quem olha de fora o caldeirão do Diabo.
POLIFONIA DO SILÊNCIO / Neurivan Sousa Polifonia do silêncio é um desses livros que logo na primeira página faz o leitor cativo do prazer de lê-lo. É um verdadeiro leque de variedades poéticas que aguçam os sentidos, dando a quem o lê a sensação de que ele próprio é o poeta. Como na vida, o tema amor tem seu lugar de destaque, vai e vem é reverenciado com a grandeza que lhe é imanente. O livro, como o título bem sugere, tem a sonoridade de uma brisa em manhãs de outono, é preciso sensibilidade de alma, como diz o autor, para senti-lo e apreciá-lo.
A vida é uma perfeita poesia. Mas é preciso ter sensibilidade de alma para compreendê-la e amá-la sem se perder em seus versos, nem adormecer com suas rimas. Tal como é a poesia em sua essência, os poemas de Polifonia do silêncio são livres, não se prendem à rima e à métrica, preferem focar no mundo real ao ideal. Sua beleza consiste na sonoridade das verdades escondidas por trás das vestes (palavras) que são sutilmente utilizadas para dar forma às ideias e sentimentos que emanam de dentro do espírito humano. O meu passado é pó; o meu presente é água; o meu futuro é luz; a minha vida é vento. Enfim, é uma obra que ao ser lida, inevitavelmente ilumina os olhos da alma, fazendo-a ver o silêncio como a sublime melodia da vida, de onde ecoam aos corações apaixonados acordes e versos de amor em tons de elevadíssima poesia. Nossos olhos, às vezes ingênuos, outras vezes precipitados, têm no amor seu colírio refrescante nas cores enganosas do pecado. É quando se fecham que melhor enxergam. Porque quando abertos ficam Não enxergam nada.
MINGUANTE A infância perdida da memória. Os sonhos esquecidos numa gaveta. Os filhos – emancipados – mundo afora. A saudade lagrimando frente ao espelho. As horas que se esgotam no crepúsculo. As obras que se evaporam à luz dos olhos. A esperança navega sem bússola. A vida que se esgota a cada ciclo.
Tudo se prostra diante do tempo. Então uma dúvida salta do armário: Não seria a morte a perfeita vida para a qual ainda não nascemos? Ou seria a vida já a própria morte, sendo vivida de dentro para fora?
LUIZA CANTANHEDE Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Maria Luiza Cantanhede Gomes, mais conhecida como Luiza Cantanhede (Santa Inês, Maranhão) é uma escritora e poeta brasileira. Filha de lavradores, possui formação em Contabilidade[3]. É membra fundadora da Academia Piauiense de Poesia. Foi finalista do Concurso de Poesia “Professor Pedro Filho”, em Santa Inês – MA.Publicou os livros de poemas Palafitas Amanhã Serei uma Flor Insana e "Pequeno ensaio amoroso" pela Editora Penalux. Há tradução de sua poesia para o italiano e espanhol, Tem poemas publicados em antologias nacionais e internacionais. Participa com obras de poesia da Antologia Poética A Mulher na Literatura Latino-americana, lançada em 2018 pela Universidade Estadual do Piauí. Vive e trabalha em Teresina, no Piauí desde 1983. Obras Livro Publicados 2016 – Palafitas 2018 – Amanhã serei uma Flor Insana’’ 2019-"Pequeno ensaio amoroso" Antologias e Coletâneas 2018 - Antologia Poética A Mulher na Literatura Latino-americana "Antologia Brasil/Moçambique 4 poemas de Luiza Cantanhêde – QUATETÊ (wordpress.com) TREINAMENTO Na barriga de minha mãe Eu andava pelos babaçuais do Maranhão Não sabia ainda a função do machado O coco aberto e ferido O azeite Depois conheci a fome E a lâmina.
DEVOÇÃO AO DESCONHECIDO Eu rezo pela boca do tempo Inútil, todos os deuses estão surdos É o grito que me mostra o Improvável Meus olhos, devotos do Que não se revela Amordaçam o instante Que faz do imponderável A sua santa ceia Em fila indiana Passam as coisas desiguais Não fossem tão apressadas E tão indefinidas Eu pediria que abrissem os Meus olhos sujos. ARIDEZ Não sei sangrar Sem que antes toque O chão e os pés Sacralizem a ponte Sob a areia movediça Não sei morrer Sem que antes O sangue Banhe a terra E recomece o tempo Há em mim Um grito envenenado Uma areia que me arde E estes olhos santificados Pelo deserto TERRA NATIVA Longe do burburinho da Cidade grande Sou mineral Terra molhada Cheiro de chuva Roça queimada Sou terra nativa Me plantando utopias.
Dyl Pires Dyl Pires, poeta, ator, nascido em São Luís do Maranhão, radicado há uma década em São Paulo. Participou dos espetáculos: Roberto Zucco (2010), Satyros Satiricon (2012), Edifício London (2013), Édipo na Praça (2013), Não Vencerás (2014), Não Saberás (2014), Você Está Livre (2015), Terra dos Outros Felizes (2017), entre outros. Publicou os livros de poesias: O Círculo das Pálpebras (Func, 1999), O Perdedor de Tempo (Pitomba, 2012), O Torcedor (Pitomba, 2014) e Éguas (Pitomba, 2017). 4 poemas de Dyl Pires – QUATETÊ (wordpress.com)
Desartista que vive há uma década em São Paulo, entre ações teatrais e poéticas. Dele já disseram: misto de sátiro com coisinha ausente. Acreditou. São 26 anos de caminhada artística. Ainda em São Luís, participou dos espetáculos: Viva el rei D. Sebastião, Paixão segundo nós, Auto de natal, Auto do boi, Morte e vida severina, A bela e a fera, Baal, Torres de silêncio, Nós o fragmento que nos resta. Em São Paulo esteve em cartaz nos espetáculos: Roberto Zucco (2010), Satyros Satiricon (2012), Edifício London (2013), Édipo na Praça (2013), Não Vencerás (2014), Não Saberás (2014), Você Está Livre (2015), Terra dos Outros Felizes (2017), entre outros. Publicou os livros de poesia: O Círculo das Pálpebras (Func, 1999), O Perdedor de Tempo (Pitomba, 2012), O Torcedor (Pitomba, 2014), Éguas (Pitomba, 2017) e Queria falar do deserto dos dias apressados (Chiado books 2019). Tem, ainda, poemas publicados no Jornal Rascunho, Revista Pitomba, Acrobata e Germina – Revista de literatura e arte. Como ator, recebeu em 2014 da câmara municipal de São Paulo a Outorga de Salva de Prata pelos 25 anos da Cia de teatro Os satyros, da qual integrou o elenco de 2009 a 2014. Os textos que integram esta seleção foram extraídos do seu último livro de poemas publicado pela Chiado books, neste ano de 2019. .Outubro escorregadio de tudo, como ostra. A melancolia era uma rua de seis casas sem saída. Uma vila charmosa! A grande chuva veio à noite. Os móveis da infância não estão mais no lugar. A memória não os organiza mais como lembrança. A chuva altera o sentido de urgência das coisas. A chuva nos devolve à condição da espera, à partilha de pequenos nadas; como arrancar beleza na rua de alguém que simplesmente caminha, mas que pulsa nos fios invisíveis da corporeidade o espantamento da finitude de uma vida inteira. A chuva é um dos rastros mais antigos de humanidade. ..Uma cidade atravessada por um rio morto. Um cadáver permanente na sala. Um ar espectral soletrando um poema concreto. Uma cobra-metrô: Dodeskaden que carrega uma cidade despresente. Às vezes há um grande sol, um extraordinário entardecer, uma maravilhosa manhã. Como uma grande palavra esquecida que chega. Mas rapidamente as pessoas retornam à cobertura gris das pálpebras e o cavalo dos olhos volta a galopar a neblina dos dias. … Escalar o alfabeto do sonho. A sílaba alta do destino. Como um chapéu novo que se põe na vida. ….Os Bandeirantes são os mais fotografados. Por trás de cada click há o concreto. Por baixo de todo o concreto há uma floresta muda. Lá ainda ouço o som do rio a correr pela garganta dos últimos índios.
407 ANOS DA BATALHA DE GUAXENDUBA (1614-2021) EUGES LIMA A Batalha de Guaxenduba, completa hoje, 407 anos. Há mais de quatro séculos, na manhã do dia 19 de novembro de 1614, nas areias das praias do então sítio de Guaxenduba, no continente maranhense, hoje, as praias de Santa Maria, praia da Boca e praia de São Pedro, localizadas no povoado de Santa Maria, município de Icatu, Maranhão, franceses e portugueses se enfrentaram numa sangrenta guerra épica pela posse do Maranhão. As forças portuguesas estavam sob o comando do Capitão-Mor Jerônimo de Albuquerque, auxiliado pelo Sargento-Mor do Brasil Diogo de Campos Moreno e o exército francês, sob a liderança de Daniel de La Touche, o senhor de la Ravardière. Embora em superioridade numérica e bélica, mas por erros estratégicos, autoconfiança demasiada, além de fatores naturais, os franceses acabaram sendo derrotados pelas debilitadas forças portuguesas, que se utilizando de um estilo de guerra peculiar ao Brasil colonial, mesclavam estratégias de guerra europeia com indígena, ou seja, adotaram uma estratégia mais eficaz para o momento, sendo decisivo o taque surpresa e fulminante do português às tropas franceses que ainda estavam descansando do desembarque e tentando se fortificar. Ao contrário dos seus inimigos, lusos, os franceses que apesar de contar com um significativo contingente de mais de dois mil índios Tupinambás e duzentos soldados franceses, usaram um estilo de combate tipicamente europeu das guerras de Flandres. Uma das razões da derrota dos franceses na Batalha de Guaxenduba foi porque parte de suas forças, principalmente as que desembarcaram nas praias, não eram formadas por soldados profissionais, mas sim por gente de ofício, ou seja, carpinteiros, ferreiros, enfim, colonos, trabalhadores que vieram colonizar a França Equinocial e fazer a América e que acabaram sendo obrigados a lutarem improvisados de soldados,
enfrentando o maltrapilho exército português, porém, mais experimentado no campo de batalha e nessas guerras de sertão. Nos registros dos depoimentos dos prisioneiros franceses, capturados em Guaxenduba, onde eles relatam suas vidas de simples trabalhadores e contam como vieram parar no Maranhão com suas famílias, eles se queixam de terem sido enganados pelos comandantes franceses que venderam para eles um paraíso nos trópicos e quando chegaram aqui, não era nada disso, e ainda tiveram que pegar em armas, sendo muitos massacrados nessa guerra, sofrendo os franceses uma baixa entre 115 a 150 combatentes e 9 prisioneiros dos 200 que desembarcaram, ou seja, uma verdadeira carnificina, fora as centenas de índios tupinambás, aliados dos franceses que também tombaram. Essa guerra, como relata Diogo de Campos Moreno em sua “Jornada do Maranhão”, foi um verdadeiro "inferno na praia", sobretudo para as tropas francesas de la Ravardière que com sua política de já ganhou, acabou sendo fatalmente surpreendido. Números da Batalha Forças francesas que desembarcaram - 200 soldados (2 tropas) - mais de 2 mil índios flecheiros - 46/50 canoas Forças portuguesas em Guaxenduba - 234 índios flecheiros - 180 soldados Mortos 115 a 150 franceses 10 portugueses Feridos 18 portugueses Prisioneiros 9 franceses
O SIMBOLISMO E O POETA MARANHÃO SOBRINHO FERNANDO BRAGA in ‘Conversas Vadias’, antologia de textos do autor.Ilustração: Capa do livro: ‘Maranhão Sobrinho – O poeta maldito de Atenas’, do poeta e pesquisador Kissyan Castro, da Academia Barra-Cordense de Letras, referido neste texto. José Augusto Américo Olímpio Cavalcanti dos Albuquerques Maranhão Sobrinho, nasceu na cidade maranhense de Barra do Corda, em 20 de dezembro de 1879. Não era príncipe. Era poeta. Não tinha título nobiliárquico, mas uma eugenia tão ilustre e extensa quanto, e faleceu nos arrabaldes da cidade de Manaus, na madrugada de 25 de dezembro de 1915, com apenas 36 anos de idade. Por muito tempo, todos os estudos, como ensaios, monografias, artigos e que tais, sobre Maranhão Sobrinho, registravam seu nascimento e morte, numa feliz coincidência, no dia 25 de dezembro, foi quando o poeta e pesquisado Kissyan Castro, membro da Academia Barra-Cordense de Letras, estudioso da vida e obra do nosso simbolista, resolveu revirar documentos em cartórios e na Paróquia de Barra do Corda, onde o poeta nasceu, chegando a conclusão, em confrontando documentos como as Certidões de batismo e de nascimento, bem como outros “velhos papéis roídos pelas traças do simbolismo”, que o poeta nasceu de fato no dia 20 de dezembro de 1879 e não nos dias 25 e/ou 30 de dezembro daquele ano como eram registados anteriormente. Esse exaustivo trabalho de Kissyan Casto teve de logo o reconhecimento do também pesquisador e estudioso da literatura maranhense, escritor Jomar Moraes que, como Presidente da Academia Maranhense de Letras, à época, chancelou, em nome da Instituição, também cofundador por Maranhão Sobrinho, a autenticidade da data, ficando esta a prevalecer ‘ad eternum’. Conta-nos o Dr. Antônio de Oliveira, membro da Academia Maranhense de Letras e meticuloso no campo da pesquisa científica, in ‘Maranhão Sobrinho’ [notas biobibliográficas], separata nº 82 da ‘Revista das Academias de Letras’, Rio de janeiro, 1976, que o poeta estudou as primeiras letras no colégio do Dr. Isaac Martins, em sua cidade natal, educador de excepcionais qualidades, ardoroso propagandista republicano e abolicionista, cujos ideais pregava no jornal ‘O Norte’, de sua propriedade e muito divulgado na região. Em 15 de agosto de 1899, o poeta, com o auxílio do pai Vicente e do seu tio querido José, ambos, tios do nosso estimado amigo Monsenhor Hélio Maranhão, já falecido, fiel escudeiro de Jesus, incardinado a vida inteira na Arquidiocese de São Luís do Maranhão, escritor elegante e orador sacro, membro das Academias Maranhense e Barra-Cordense de Letras e Capelão da Polícia Militar do Estado. Em São Luís, Maranhão Sobrinho, nome pelo qual era conhecido e assinado em suas produções literárias, matriculou-se na tradicional Escola Normal, tendo para isso obtido a ajuda de uma pequena bolsa de estudo, naqueles tempos denominados ‘pensão’. Por rezingas com alguns professores, logo abandona o curso Normal e, sem emprego, ao invés de postar-se como autêntico simbolista, estilo que escrevia com brilhante inspiração, à moda, digamos, de Mallarmé, o poeta do ‘Après-midi d’um faune’ ou o ‘divino Estefânio’, como lhe chamava, não, entregara-se à boêmia descomedida, como uma personagem de Murger. O sábio e etnólogo Raimundo Lopes, autor de ‘O Torrão Maranhense’, escreveu sobre o poeta um estudo publicado in ‘Revista da Academia’, nº 1, São Luís, 1919: “A circunstância do lugar é sugestiva. Na Barra do Corda, atraindo o escol da mocidade sertaneja [...] este se haveria abeberado na poesia espontânea das bucólicas e rapsódias rudes dos vaqueiros, dos descantes selvagens das violas. Agitava-o talvez a ânsia de novas impressões, mercê das quais o seu espírito viveria uma vida mais alta, num mundo estranho e inédito de mistérios...” E continua o nosso querido e saudoso amigo, Dr. Antônio de Oliveira a nos contar, a seu modo, o que sintetizamos por questão de espaço, que “em 1903, impressionados com a desregrada vida boêmia que o poeta levava em São Luís, alguns amigos mais íntimos e dedicados, o embarcaram, quase à força, para Belém do Pará, na esperança de que ali ele mudasse de procedimento e, trabalhando, arranjasse meios de pelo
menos publicar seus livros. Na capital paraense começou a trabalhar no jornal ‘Notícias’ e passou a colaborar na tradicional ‘Folha do Norte’. Bem depressa se tornou popular nas rodas boêmias e nos meios intelectuais. Um dia, em Belém, sem se despedir de ninguém embarcou num navio e voltou para São Luís. Chegando ao velho ‘fortim dos franceses’, fundou com outros intelectuais de sua geração a ‘Oficina dos Novos’ que editava um boletim literário e fazia uma peregrinação todo dia três de novembro à estátua do poeta Gonçalves Dias [patrono da Instituição], em comemoração à data do naufrágio do ‘Ville de Boulogne’, nos baixios maranhenses, em que morreu o imortal Cantor de ‘Os Timbiras’. Foi iniciativa também da ‘Oficina dos Novos’ erguer em Praça Pública o busto do humanista Odorico Mendes, imortal tradutor de Virgílio, a qual, até hoje, solene e serena ilumina o largo que lhe dá o nome. Antônio Lôbo, um dos fundadores da Academia Maranhense de Letras e seu primeiro presidente traçou o perfil do nosso poeta nas páginas do seu livro ‘Os Novos Atenienses’: “Maranhão Sobrinho ressuscita entre nós o tipo clássico do boêmio. Possui, pelas coisas materiais da vida, a mais soberba das indiferenças. Desde que encontre, ao saltar da cama, a sua fatiota costumeira e o seu indefectível chapéu de palha, este último não para trazê-lo à cabeça como toda gente, mas, ao contrário dos outros, para carregar debaixo do braço, à guisa de um embrulho precioso, reputa-se o mais feliz dos homens”. O poeta, inesperadamente, como sempre fazia, embarcou para Manaus, via Belém, numa rota e num destino semelhante ao de Vespasiano Ramos [já anotado por nós nestes apontamentos]. E lá morreu, deixando para a história literária estes livros: ‘Papéis Velho’, 1908; ‘Estatuetas’, 1909 e ‘Vitórias Régias’, 1911. Ouçamo-lo neste antológico ‘Soror Teresa’, enfeixado em ‘Papéis Velhos’, onde o poeta explode todo o simbolismo em resgates a nuances românticas e realistas em contraposição às tendências cientificistas do positivismo estabelecidas na Europa na segunda metade do século XIX: Soror Teresa: “... E um dia as monjas foram dar com ela/morta, da cor de um sonho de noivado,/no silêncio cristão da estreita cela,/lábios nos lábios de um Crucificado.../somente a luz de uma piedosa vela/ungia, como um óleo derramado,/o aposento tristíssimo de aquela/que morrera num sonho, sem pecado../.Todo o mosteiro encheu-se de tristeza,/ e ninguém soube de que dor escrava/morrera a divinal soror Teresa.../Não creio que, de amor, a morte venha,/mas, sei que a vida da soror boiava/dentro dos olhos do Senhor da Penha...” O poeta é o patrono da Academia Barra-Cordense de Letras, da qual pertenço com muita honra; conhecida pelo epiteto ‘Casa de Maranhão Sobrinho’. A intuição de análise me leva a pensar de há muito que, se o poeta Maranhão Sobrinho não tivesse migrado para Belém e Manaus mas se dirigido para o Rio de Janeiro, a desenvolver e aplicar o seu talento poético, como ele mesmo escreve em “Papéis velhos... roídos pela traça do símbolo”, teria, juntamente com Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimarães, composto a brilhante trindade simbolista brasileira. ----------------------* ALL EM REVISTA - v. 6, n. 3 - JUL/SET 2019 - SUPLEMENTO: RECORTES & MEMÓRIA: MARANHÃO SOBRINHO by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - Issuu
JOÃO DE DEUS DO REGO
EDMILSON SANCHES
---- O poeta negro caxiense que influenciou um grande poeta cearense e é patrono de cadeiras nas Academias Caxiense, Maranhense e Paraense de Letras. ---- Em Caxias, sua mãe, Maria Bárbara Cunha Rego, foi amiga da mãe de Gonçalves Dias, Vicência Mendes Ferreira, como registrou Gilberto Freyre. *** No dia 22 de novembro de 1867 nasceu em Caxias João de Deus do Rego, jornalista e poeta. Em 20 de junho de 1902, com 34 anos, faleceu em Belém (PA). Em 2017, quando se completaram 150 anos de seu nascimento, não se soube de evento de vulto -- ou de evento qualquer -- em homenagem a esse escritor. Há 133 anos, em 1888, quando tinha 21 anos, João de Deus publicou dois livros: "Primeiras Rimas" e, depois, "Numa Pitada de Rosas". João de Deus do Rego também é autor de pelo menos dois folhetins, conforme pesquisa de Germana Maria Araújo Sales, da Universidade Federal do Pará, em seu trabalho "Folhetins: Uma Prática de Leitura do Século XIX", publicado em agosto de 2007 na revista "Entrelaces". Os dois folhetins são: "As Festas de Nazareth", publicado pelo jornal "A Folha do Norte" em 11 de outubro de 1896, e "A Quermesse Redentora", em 13 de maio de 1897. O jornal "A Folha do Norte", segundo anota Germana Maria, era "jornal de circulação diária, independente, noticioso, político e literário. Fundado por Enéas Martins, Cipriano Santos e outros, tinha por objetivo principal lutar pelo desenvolvimento político e social da região, defendendo o partido republicano federal, chefiado por Lauro Sodré e, depois, por Paes de Carvalho". O nome do governador paraense Lauro Sodré estará junto ao de João de Deus do Rego, neste texto, mais adiante. Praticamente desconhecido em Caxias, João de Deus do Rego foi uma grande influência para o poeta cearense Lívio Barreto, nascido no município de Granja, em 18/02/1870, e falecido em Camocim (CE), em 29/09/1895. Não se sentindo desafiado intelectualmente em sua terra, Lívio foi para Belém (PA) em junho de 1888, lá permanecendo até 1891. Na capital paraense (à época com cerca de cem mil habitantes), conheceu o caxiense João de Deus do Rego. Registros dizem que o poeta de Caxias "muito contribuiu para o aperfeiçoamento literário" do jovem poeta cearense. Lívio Barreto, embora tendo vivido apenas 25 anos e publicado apenas um livro ("Dolentes", poesias, republicado em 1970, pelo Governo do Ceará, e em 2009, pela Universidade Federal do Ceará), é considerado o maior poeta de sua cidade e um dos maiores do Ceará. Deve ter sido de muito valor o trabalho e a presença do caxiense João de Deus do Rego nos meios culturais de Belém. Veja-se:
a) Em sua dissertação "Entre Poéticas e Batuques: Trajetórias de Bruno de Menezes" (2012), apresentada à Universidade da Amazônia - Unama, como requisito para obtenção do título de Mestre em Comunicação, Linguagens e Cultura, Marcos Valério Lima Reis cita o escritor J. Eustáquio de Azevedo (autor de "Literatura Paraense"), que registra que a reunião para a fundação da entidade cultural "Mina Literária", às 9h da manhã de um domingo, 02 de dezembro de 1894, "contou com a presença dos principais intelectuais locais, desta última década do século XIX". E segue a lista dos "principais intelectuais" da capital paraense, 12 nomes: "Drs. Álvares da Costa, Paulino de Brito, Natividade Lima, Leopoldo Souza, Guilherme de Miranda, Acrísio Mota, Alcides Bahia, Manuel Lobato, JOÃO DE DEUS DO REGO, Theodoro Rodrigues, Euclides Dias e Luiz Barreiros". Depois desse encontro, que fundou a associação, a Mina Literária foi inaugurada em 1º de janeiro de 1895 (na dissertação consta "1894", por evidente lapso na digitação). A importância da Mina Literária é devidamente consignada na dissertação de Marcos Valério, citando o livro de J. Eustáquio de Azevedo: ela é definida como “associação de letras que constitui um dos fortes elementos da literatura no norte do Brasil”, e que “despertou o amor pelas letras no ânimo de nossos jovens patrícios e fez em prol de nossa literatura o que, até então, nenhuma associação fez até hoje”. E ainda, citando Marinilce Oliveira Coelho, no mesmo livro "Literatura Paraense": "O Pará precisava 'não apenas produzir borracha', mas sim ideias. Assim, a Associação Mina Literária constituiu-se numa forte representação no quadro literário local, pelo “esforço dos seus membros, pelos trabalhos que publicou, e pela propaganda tenaz que fez das letras nortistas (...)”. b) João de Deus do Rego é sócio fundador da Academia Paraense de Letras (criada em 03 de maio de 1900) e patrono da Cadeira 26. c) João de Deus do Rego integra o seleto grupo que foi retratado no quadro "Últimos Dias de Carlos Gomes" (também citado como "Últimos Momentos de Carlos Gomes" ou "A Morte de Carlos Gomes"). O grande músico brasileiro Antônio Carlos Gomes, autor da ópera "O Guarani", de 1870, era muitíssimo querido no Pará. Sem apoio em sua própria terra (São Paulo), foi contratado pelo Governo paraense. Antes de falecer, em Belém, em 16/09/1896, Carlos Gomes recebeu a visita do governador do Pará, Lauro Sodré, e um exclusivo grupo de políticos, jornalistas e intelectuais (contei umas 22 pessoas ao todo, entre as quais o caxiense João de Deus do Rego). Naqueles tempos, estavam na região os pintores italianos Domenico de Angelis e Giovanni Capranesi, que faziam trabalhos artísticos no Pará e Amazonas, contratados pela Igreja e por Governos. Eles pintaram o quadro "Últimos Dias de Carlos Gomes" em 1899. É um óleo sobre tela, com 224 cm x 484 cm, pertencente ao acervo do Museu de Arte de Belém. O quadro é objeto de estudos recorrentes. Só em 2006 pelo menos dois trabalhos foram apresentados: "História e Iconografia de Belém, em 'Últimos Dias de Carlos Gomes'", de Luiz Tadeu da Costa, mestre em Comunicação e Semiótica, especialista em Museologia, professor universitário e técnico do Museu de Arte de Belém, e “Últimos Dias de Carlos Gomes: Do Mito 'Gomesiano' ao 'Nascimento' de um Acervo ", de Emerson Dionísio G. de Oliveira, mestre em História da Arte. Emerson Dionísio analisa extensa e detalhadamente a pintura e relaciona os nomes de todos os que nela foram retratados. Em um parágrafo descreve: "No grupo seguinte, atrás dos dois políticos sentados, vemos um conjunto de quatro homens que fitam ou o músico ou o espectador: o senador e intendente Antônio José de Lemos; os jornalistas João Marques de Carvalho, Antônio Leite Chermont e JOÃO DO REGO." João de Deus do Rego é mencionado nos seguintes livros, entre outros. Mais uma vez confirma-se a forte presença do escritor caxiense na literatura paraense e nortista em geral: 1) "Na Rua (Papeis Avulsos)", de Raul de Azevedo (editora A. M. Pereira, 1902, 216 páginas). Aqui, o poeta cearense Antônio Salles é comparado ao caxiense: "(...) assim como talvez em terras paraenses o delicioso João de Deus do Rego". 2) "Estudos Afro-brasileiros", volume 2, de Gilberto Freyre e outros (editora Ariel, 1937), com trabalhos apresentados ao 1º Congresso Afro-brasileiro, reunido em Recife em 1934. Aqui, registra-se: "(...) a mãe de
Gonçalves Dias, mulata simplória (conta-nos o poeta João de Deus do Rego, cuja mãe, também mulata, era amiga daquela) (...)". A mãe de João de Deus chamava-se Maria Bárbara Cunha Rego; a de Gonçalves Dias, Vicência Mendes Ferreira. 3) "Introdução à Literatura no Pará", volume 4 (Cultural CEJUP, 1990). Ali, anota-se: "Diz Carlos Rocque, na 'Grande Enciclopédia da Amazônia', que João de Deus do Rego é uma das personalidades retratadas pelo pintor De Angelis, no quadro em que reproduz os 'Últimos Momentos de Carlos Gomes'." 4) "Antologia Amazônica: Poetas Paraenses", de José Eustáquio Azevedo (Conselho Estadual de Cultura, 1970, 323 páginas). Nesta obra João de Deus do Rego é relacionado entre 13 escritores, "dos círculos acadêmicos do Pará", nos "saudosos tempos, saudosos e magníficos". 5) "Teatro Nacional: Autores e Atores Dramáticos Baianos, em Especial - Biografias", de Silio Boccanera (Imprensa Official do Estado, 1923, 488 páginas). Neste livro, transcreve-se uma opinião literária de João de Deus do Rego, em 1896, acerca de um poema politico -- "O Espectro do Rei" --, de outro autor. 6) "Almanach Popular Brazileiro para o Anno de 1906", publicado em 1905. João de Deus do Rego está entre os escritores citados no livro. 7) "Relatório Apresentado ao Conselho Municipal de Belém". Trata-se de relatório da Intendência Municipal de Belém, publicado pela Typographia de Alfredo Augusto Silva, em 1902. Em determinado parágrafo, são listados os nomes de diversos jornais e jornalistas do Pará. Entre os jornalistas, o último citado no parágrafo é o caxiense, também o único a merecer um adjetivo, assim: "(...) e o mavioso poeta João de Deus do Rego, pela redacção da 'Folha do Norte'." "O Sr. Silvio Romero e a Literatura Portuguesa", de Fran Paxeco, publicado por A. P. Ramos d'Almeida em 1900, com 201 páginas. Nesta obra anota-se, após mencionados diversos escritores: "(...) e, alfim, João de Deus do Rego, poeta delicadíssimo, que ali vegeta no Pará (...)". 9) "Do Civismo e da Arte no Brasil", de Joaquim Leitão, publicado por Tavares Cardoso & Irmão em 1900, com 349 páginas. Nesta obra igualmente lista-se uma série de autores, o caxiense -- qualificado como "afamado" -- entre eles: "O jovem poeta paulistano Carvalho Aranha, o já afamado João de Deus do Rego, o amazonense Paulino de Brito, como o forte cearense Antônio Salles, toda essa família de poetas brasileiros, cujos nomes levariam centos de páginas (...)". No Maranhão, pelo menos o historiador coelho-netense Mílson Coutinho e os caxienses Quincas Vilaneto (Joaquim Vilanova Assunção Neto) e Arthur Almada Lima Filho, todos meus confrades na Academia Caxiense de Letras), documentaram em livro o poeta caxiense, tão bem-referendado em terras nortistas -- João de Deus do Rego. Em sua terra natal, João de Deus do Rego é patrono da cadeira 32 da Academia Caxiense de Letras.
O quadro "Últimos Dias de Carlos Gomes", de Domenico de Angelis e Giovanni Caparanesi, onde João de Deus do Rego está presente.
PRIMEIROS REGISTROS DA POESIA NA IMPRENSA DO MARANHÃO – DÉCADA DE 1820 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO
Tenho me dedicado ao resgate de escritores maranhenses esquecidos. Sirvo-me de comentários sobre este ou aquele autor, quando lembrado, em textos antigos, publicados em nossos jornais – sirvo-me da coleção de jornais da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional (Coleção Digital de Jornais e Revistas da Biblioteca Nacional (bn.br)). Esta semana, a confreira Dilercy Adler – ALL, IHGM – andou a consultar sobre poetas mulheres esquecidas, maranhenses, para indicação de patronato em alguma instituição literária a formar seu conjunto de homenageados com alguma cadeira.
Resolvi-me., então, a pesquisar mais a fundo as poesias publicadas em jornais daquela coleção, além do já levantdo. Segundo Bruno Brasil (2018)3: Entre 1821 e 1831, circularam em São Luís cerca de 13 periódicos de matizes políticas distintas, propensos ao debate à medida em que serviam aos interesses de grupos políticos locais. Tais entraves políticos, afinal, davam-se na imprensa a partir de diferentes interpretações que as elites políticas e intelectuais faziam do liberalismo, sempre adaptado de acordo com seus interesses de classe ou grupo social. Alguns dos principais interlocutores desses debates foram, além d’A Cigarra, O Censor Maranhense, Farol Maranhense, Minerva, A Bandurra, O Amigo do Homem, O Argos da Lei e A Estrela do Norte do Brasil: folhas que debatiam temas ligados à Independência e à monarquia constitucional, bem como aos direitos políticos dos cidadãos.[...] Assim, creio até prova em contrário, neste momento em que a Imprensa Maranhense completa seus 200 anos de existência, serem estas as primeiras poesias publicadas, comreçando pelo jornal “O CONCILIADOR DO MARANHÃO”4, que veio lume em 15 de abril de 1821 em São Luís (MA): [...] pouco após a abolição da proibição de circulação de impressos que não fossem da Impressão Régia, O Conciliador do Maranhão foi o primeiro periódico lançado em sua província. De orientação política estritamente áulica, não era nada “conciliador”, posto que acatasse apenas aos interesses portugueses no contexto do processo político que levou o Brasil à Independência. A razão para isso era simples: foi lançado pelo governador maranhense, o marechal português Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, que importara de Londres a prensa que o imprimia, mostrando, afinal, a força da presença lusitana no Maranhão, já que a ruptura entre a colônia e a metrópole traria desvantagens para a elite local. Tendo como redatores Antônio Marques da Costa Soares (então oficial-maior da secretaria do governo e secretário da Junta da Administração da Imprensa) e o padre José Antônio da Cruz Ferreira Tezinho, o jornal foi fortemente influenciado pela Revolução do Porto, crendo fielmente na Constituição portuguesa 3 4
BNDigital por Bruno Brasil 24 MAIO 2018 Artigo arquivado em Hemeroteca e marcado com as tags Censura e repressão, Crítica política, Dom Pedro I, Imprensa Áulica, Imprensa oficial, Liberalismo, Maranhão, Portugueses no Brasil, Primeiro Reinado.
BNDigital
de 1822, de caráter liberal – mas esse marco inspirava, na verdade, o grupo cujos interesses eram defendidos pelo jornal: a elite provinciana. Tendo abordado os conflitos em torno da adesão forçada do Maranhão ao reino independente sob essa perspectiva, acabou deixando de ser publicado em sua 210ª edição, de 16 de julho de 1823, poucos dias depois da queda de São Luís para as tropas fiéis a Dom Pedro e cerca de duas semanas antes da efetiva inclusão da província ao recém-fundado Império do Brasil. [...] Conciliador do Maranhão (MA) - 1821 a 1823: ano 1821,
a 17 de fevereiro:
em 1822, no Suplemento ao número 64, uma ode “por hum anonymo”, que se identifica como o autor, quando de uma nota publicada em 1828, a 28 de julho, em O Farol Maranhense5: Odorico Mendes:
5 FAROL MARANHENSE, por Bruno Brasil 28 MAIO 2018 Artigo arquivado em Hemeroteca e marcado com as tags Censura e repressão, Crítica política, Dom Pedro I, Liberalismo, Maranhão, Primeiro Reinado: Redigido pelo jovem educador José Cândido de Moraes e Silva, o Farol Maranhense foi um proeminente periódico durante os últimos momentos do Primeiro Reinado. Vindo a lume a 26 de dezembro de 1827, exercia verdadeiro ativismo político pela causa liberal exaltada, ou
seja, a considerada mais radical do liberalismo, sendo o primeiro órgão de sua vertente política no Maranhão. Defendendo os princípios constitucionais, conseguindo, aliás, grande sucesso junto ao público leitor da elite maranhense, foi, muito por isso, combatido por diversos jornais ideologicamente opostos e perseguido pelas autoridades da época: em linguagem afiada, atacava violentamente tanto os desmandos do poder provincial quanto o lusitanismo – lembrando-se que força de comerciantes e funcionários públicos portugueses no Maranhão de então, dado seus laços com a metrópole nos tempos coloniais, impôs dificuldades à adesão da província à Independência. Tal posicionamento, ademais, onde portugueses eram chamados pejorativamente de “corcundas”, aproximava o Farol, afinal, do levante conhecido como Setembrada, eclodido em dezembro de 1831. Com publicação finda em 15 de abril desse ano, possivelmente por conta da instabilidade causada pela iminência da revolta e da morte de Moraes e Silva, um de seus líderes, o periódico teve uma curta segunda fase, quando, entre 1832 e 1833, foi dirigido por João Francisco Lisboa. No total, o Farol Maranhense lançou 351 edições. BNDigital
Nesse mesmo suplemento, mais adiante:
Ano 1823
Minerva 6: Folha Politica, Litteraria, e Commercial (MA) - 1828 a 1829
6 MINERVA – FOLHA POLITICA, LITERARIA E COMMERCIAL (MARANHÃO, 1827) por Bruno Brasil 28 MAIO 2018 Artigo arquivado em Hemeroteca e marcado com as tags Conservadorismo, Crítica política, Dom Pedro I, Imprensa Áulica, Imprensa oficial, Maranhão, Portugueses no Brasil, Primeiro Reinado Redigido por David da Fonseca Pinto, Minerva foi um periódico lançado a 29 de dezembro de 1827, em São Luís (MA), em meio ao Primeiro Reinado. Seu surgimento se deu em paralelo ao de outras folhas maranhenses, geradas a partir da adesão da província à Independência. Frente ao ativismo político pela causa liberal, à época, onde a observação aos princípios constitucionais e a rejeição ao absolutismo tinham grande expressão, algumas vinham defender, contrariamente, os interesses da colônia portuguesa no Maranhão: comerciantes e funcionários públicos lusitanos, na província, tinham fortes laços com a metrópole desde os tempos coloniais, algo que dificultou mesmo a integração da província ao Império. Minerva, que trazia o brasão imperial em seu cabeçalho, acabou se enquadrando num gênero governista, pró-Dom Pedro, mas que no contexto local o aproximava mais do segundo do que do primeiro grupo: isso fez com que defendesse o governo provincial de Manoel da Costa Pinto (que durou de fevereiro de 1828 a janeiro de 1829) e fizesse apologia ao ex-presidente maranhense Pedro José da Costa Barros (que teve mandato de setembro de 1825 a março de 1827), publicando matéria oficial e pedindo, afinal, o retorno do Brasil à condição de colônia. Em consequência a essa postura conservadora, foi muito atacado por folhas liberais, sobretudo O Farol Maranhense. Minerva, todavia, acabou tendo vida curta: durou, possivelmente, até sua 51ª edição, de 5 de março de 1829.
A Cigarra (MA)7 - 1829 a 1830
7 A CIGARRA (MARANHÃO, 1829) por Bruno Brasil 25 MAIO 2018 Artigo arquivado em Hemeroteca e marcado com as tags Crítica política, Liberalismo, Maranhão, Primeiro Reinado Lançado a 12 de outubro de 1829, em São Luís (MA), A Cigarra foi um periódico político veiculado durante os últimos momentos do Primeiro Reinado. Redigido por Antônio Joaquim de Picaluga, em linguagem furiosa, estava inscrito no ativismo político pela causa liberal, à época, onde a observação aos princípios constitucionais e a rejeição ao absolutismo tinham grande expressão, indo contra os interesses da colônia portuguesa no Maranhão: comerciantes e funcionários públicos lusitanos, na província, sobretudo durante o governo de Manoel da Costa Pinto, tinham fortes laços com a metrópole desde os tempos coloniais, algo que dificultava a adesão maranhense à Independência. Denunciando, assim, os abusos cometidos pelo poder local e rivalizando com folhas maranhenses de interesses políticos distintos, A Cigarra tinha periodicidade mensal, sendo vendida a 160 réis a edição, primeiro na escola do capitão José Martins e depois no estabelecimento comercial de José Pereira de Sá. Foi editado por Picaluga até sua 19ª edição, de 17 de abril de 1830.
Autores e autoras que participam do livro em homenagem a Helena Barros Heluy: Agostinho Ramalho Marques Neto, Alan Paiva, Alberto Tavares Vieira da Silva, Ana Luiza Almeida Ferro, Arlete Nogueira da Cruz, Benedito Buzar, Cecília Amin, César Teixeira, Clara Pentagna Bruno, Claudett Ribeiro, Conceição Andrade, Dalme Schmitt Frohlich, Denise Albuquerque, Douglas De Melo Martins, Eliza Brito dos Santos, Erina Moreira, Fátima Leite, Ironildes Vanderlei, Jacqueline Heluy, Joaquim Haickel, José Márcio Leite, Juarez Medeiros Filho, Laura Amélia Damous, Luiz Vila Nova, Marcelo Dias Pinto, Márcio Endles, Márcio Thadeu Silva Marques, Maria Isabel Castro Costa, Mario Macieira II, Maria Ozanira da Silva e Silva, Nonato Reis, Osvaldo Marinho Fernandes, Reynaldo Soares da Fonseca, Ribamar Araújo, Robison Pereira, Sylvia Parga, Sálvio Dino Junior. Para adquirir este livro em pré-lançamento, acesse: https://caravanagrupoeditorial.com.br/.../helenabarros.../
Este projeto foi iniciado há uns dez anos e contou com textos em homenagem a Arlete Nogueira, Nauro Machado, Luís Augusto Cassas,. Carvalho Junior, Ferreira Gullar, Mário Quintana e muitos outros autores que fazem parte de minhas leituras. Agora retorno com uma homenagem ao poeta amigo Antonio Ailton. Ainda hoje terá um outro a outra pessoa muito especial para mim.
JOSÉ NERES
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
FRAN PAXECO:
recortes & memórias
SÃO LUÍS – MARANHÃO – 2021
Livro do General maranhense Gomes de Castro dedicado a Fran Paxeco.
NÚMEROS PUBLICADOS:
VOLUME 67 – NOVEMBRO 2021 VOLUME 66 – OUTUBRO DE 2021
MARANHAY - Revista Lazeirenta 66, OUTUBRO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 65 – SETEMBRO DE 2021
MARANHAY - Revista Lazeirenta - 65: SETEMBRO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 64 – AGOSTO DE 2021
MARANHAY - Revista Lazeirenta - 64 - AGOSTO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu
VOLUME 63 – JULHO DE 2021
MARANHAY - Revista Lazeirenta - 63: JULHO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 62 – JUNHO DE 2021
MARANHAY - Revista Lazeirenta - 62 - JUNHO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 61 – MAIO DE 2021
MARANHAY - Revista Lazeirenta 61 - MAIO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 60 – ABRIL DE 2021
MARANHAY - Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 60 - ABRIL 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 59 – ABRIL DE 2021
MARANHAY : Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, abril 2021 - Especial: ANTOLOGIA - ALHURES by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 58 – MARÇO DE 2021
MARANHAY 58 - ANTOLOGIA: OS ATENIENSES, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 57 – MARÇO DE 2021
MARANHAY 57 - MARÇO 2021: EDIÇÃO ESPECIAL - OS ATENIENSES, VOL. III by Leopoldo Gil Dulcio Vaz issuu VOLUME 56 – MARÇO DE 2021
MARANHAY - (Revista do Léo ) - 56 - março 2021 - EDUÇÃO ESPECIAL: ANTOLOGIA - MULHERES DE ATENAS by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 55 – MARÇO DE 2021
MARANHAY - Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 54 – FEVEREIRO DE 2021
MARANHAY (Revista do Léo) 54 - FEVEREIRO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 53 – JANEIRO 2021 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_53_-_janeiro_2021 VOLUME 52 –DEZEMBRO – 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maaranhay_-_revista_lazerenta_52__2020b VOLUME 51 –NOVEMBRO – 2020 https://issuu.com/home/published/maaranhay_-_revista_lazerenta_51__2020b/file VOLUME 50 – OUTUBRO – 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_50_-_2020b VOLUME 49– SETEMBRO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_49_-__2020_VOLUME 48– AGOSTO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_48_-__2020_bVOLUME 47– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_47_-__2020_VOLUME 46– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_46_-__2020_VOLUME 45– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_45_-__2020_-_julhob VOLUME 44 – JULHO - 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_44_-_julho__2020 VOLUME 43 – JUNHO /SEGUNDA QUINZENA - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_43_-segunda_quinzen VOLUME 42 – JUNHO 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_42_-junho__2020/file VOLUME 41-B – MAIO 2020
https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41-b_-_maio___2020 VOLUME 41 – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41_-_maio__2020 VOLUME 40 – ABRIL 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_40_-_abril___2020.d VOLUME 39 – MARÇO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_mar_o___2020 VOLUME 38 – FEVEREIRO DE 2020 – EDIÇÃO ESPECIAL – PRESENÇA AÇOREANA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_fevereiro___2020
REVISTA DO LÉO - NÚMEROS PUBLICADOS A PARTIR DESTE NÚMERO, CORRIGIDA A NUMERAÇÃO, COM SEQUENCIAL, DOS SUPLEMENTOS E EDIÇÕES ESPECIAIS:
VOLUME 37 – edição 24.1, de setembrp de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: I. XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 36 – edição 23.1, de agoto de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 35 – edição 22.1, de julho de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 34 - edição 20.1, de maio de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 33 – edição 16.1, de janeiro de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 32 – edição 15.1, de dezembro de 2018 ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/126ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 31 – edição 8.1, de maio de 2018 EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 30 – edição 6.1, de março de 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 29 – FEVEREIRO 2020 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo_-_maranhay__29-_fevereiro___2020b VOLUME 28 – JANEIRO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__28_-_janeiro____2020b VOLUME 27 – DEZEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27_-_dezembro___2019 VOLUME 27.1 – DEZEMBRO DE 2019 – suplemento – OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27.1_-_dezembro___2019 VOLUME 26 –NOVEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__26_-_novembro__2019 VOLUME 25 –OUTUBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019 VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 24.1 – SETEMBRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 23 – AGOSTO DE 2019
https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23-_agosto_2019 VOLUME 23.1 – AGOSTO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 22 – JULHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__22-_julho_2019 VOLUME 22.1 – JULHO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 21 – JUNHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__21-_junho_2019 VOLUME 20 – MAIO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 VOLUME 20.1 - MAIO 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019 VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20? VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/127ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 12 – SETEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 10 – JULHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 8 – MAIO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 6 – MARÇO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – MARÇO 2018
https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017
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