REVISTA PORTUGAL JUNHO 109

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Junho 2020 no 109 P

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Tema de capa

Ciência e atualidade do setor dentário - ano XV

Periodontologia e Implantes Crónica

Dossier

A atualidade em periodontologia e implantes é o tema de capa desta edição, onde se incluem casos clínicos da autoria de Vanessa Rocha Rodrigues e João Mouzinho

Falamos com...

Eleições para os órgãos da OMD com cabeças de lista inéditos publicidade

Maria Grego Esteves, médica dentista: “Impacto da pandemia de COVID-19 na atividade dos profissionais de saúde oral”

Gonçalo Assis, médico dentista especialista em Periodontologia



Junho 2020 no 109 P

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destaques

Ciência e atualidade do setor dentário - ano XV

CRÓNICA

PONTO DE VISTA Paulo Ribeiro de Melo, médico dentista e coordenador da Comissão de Acompanhamento COVID-19 da OMD.

Faculdades de Medicina Dentária retomam gradualmente atividade letiva presencial. Ricardo Faria e Almeida, médico dentista e Professor Catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto.

Tema de capa PERIODONTOLOGIA E IMPLANTES A atualidade em periodontologia e implantes é o tema de capa desta edição, onde se incluem casos clínicos da autoria de Vanessa Rocha Rodrigues e João Mouzinho.

Eleições para os diversos órgãos da OMD celebram-se este mês com cabeças de lista inéditos. Dossier

FALAMOS COM...

Gonçalo Assis, médico dentista especialista em Periodontologia.

Maria Grego Esteves, médica dentista: “Impacto da pandemia de COVID-19 na atividade dos profissionais de saúde oral”.

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Tema de capa

sumário

Periodontologia e implantes

❏ Falamos com...

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❏ Crónica

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❏ Ciência e prática

Médicos dentistas retomam atividade sob apertadas orientações técnicas.

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Faculdades de Medicina Dentária retomam gradualmente atividade letiva presencial.

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Eleições para os diversos órgãos da OMD celebram-se este mês com cabeças de lista inéditos.

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João Mouzinho: “Reabilitação total com implantes dentários em zircónia: passo a passo do laboratório à clínica. Caso clínico – follow up de 10 anos”.

52 Agenda de cursos para os profissionais e calendário de congressos,

Paulo Ribeiro de Melo, médico dentista e coordenador da Comissão de Acompanhamento COVID-19 da OMD.

simpósios, jornadas, encontros e exposições industriais.

Ricardo Faria e Almeida, médico dentista e Professor Catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto.

❏ Novidades

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❏ DOSSIER

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Vanessa Rocha Rodrigues: “Enxerto gengival livre – considerações clínicas”.

❏ Calendário

❏ Ponto de vista

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Gonçalo Assis, médico dentista especialista em Periodontologia: “Vejo a implantologia a evoluir num sentido de resultados mais previsíveis e com menos complicações”.

Produtos e equipamentos.

❏ Indústria

Maria Grego Esteves, médica dentista: “Impacto da pandemia de COVID-19 na atividade dos profissionais de saúde oral”.

60 Notícias do foro empresarial.

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Editorial

O passado mês de maio marcou o início da faseada (e particularmente precavida) retoma da atividade económica no rescaldo do inédito período de confinamento a que o país foi sujeito no contexto da pandemia de COVID-19. O lento regresso a uma certa normalidade – ainda que excessivamente “mascarada” pela necessidade de reduzir ao mínimo o risco de propagação do vírus – abrange uma série de setores que sofreram de forma especialmente dura as consequências da súbita crise de saúde pública. É o caso da Medicina Dentária, que esteve paralisada (salvo casos urgentes) durante o estado de emergência decretado pelo governo a 12 de março e que se prolongou até ao início de maio. O facto de lidarem com a cavidade oral do paciente em proximidade torna os médicos dentistas um grupo de profissionais de especial risco. A necessidade de encerramento dos consultórios e clínicas do foro dentário foi, por isso, inevitável no contexto de pandemia, como forma de evitar uma fonte de contágio e limitar a disseminação maciça nesta primeira vaga do novo coronavírus. Um mês depois do condicionado regresso à prática clínica e à atividade académica e científica do setor, o presente e o futuro da classe são encarados com compreensíveis doses de incerteza, nomeadamente quanto às repercussões e possíveis réplicas da pandemia na fragilizada profissão liberal. Em contrapartida, surgem também claros sinais de que a profissão começa a recuperar o seu dinamismo e uma certa vontade de reinventar-se. A prová-lo está o reagendamento para o dia 27 deste mês da eleição para os diversos órgãos da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), que esteve prevista para setembro próximo. Numa altura em que o processo de candidaturas já se encontra totalmente encerrado, há um fator neste ato eleitoral que não passa despercebido: pela primeira vez, em quase duas décadas, conta apenas com caras novas no que respeita à candidatura ao cargo de bastonário, tal como a MAXILLARIS detalha em outras páginas desta edição. Neste contexto, aproveitamos a oportunidade para desejar ao bastonário cessante, Orlando Monteiro da Silva, muito êxito e as maiores felicidades na nova etapa que se avizinha no seu já longo (e destacado) percurso profissional. Nesta nova fase pós-confinamento, a profissão alicerça-se nas recomendações do grupo de trabalho (para a COVID-19) da OMD em sintonia com as orientações técnicas da Direção-Geral de Saúde. Espera-se uma gradual retoma do setor, mas estamos longe de alcançar o velho conceito de normalidade, tendo em mente que ainda não existe uma solução definitiva e integral para a pandemia. Os próximos tempos vão, portanto, continuar a ser exigentes e de permanente cautela.

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Retoma faseada



Coordenador Edição Espanhola: Julián Delgado. julian.delgado@maxillaris.com Diretora Comercial: Verónica Chichón. publicidad@maxillaris.com

índice

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Redatores: María Santos e Diego Ibáñez. redaccion@maxillaris.com

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Edição online espanhola: www.maxillaris.com Comissão Editorial: Nacho Rodríguez Ruiz Miguel Roig Cayón Raúl Ferrando Cascales Beatriz Giménez González Rafael Flores Ruiz Daniel Rodrigo Gómez

Gnathos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Mundo A Sorrir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Comissão Científica (edição espanhola): Javier García Fernández Armando Badet de Mena Marcela Bisheimer Chemez Luis Calatrava Larragán Manuel Cueto Suárez Germán Esparza Gómez Carlos Fernández Villares Rui Figueiredo Baoluo Gao Jaume Janer Suñé Jaime Jiménez García Juan López Palafox Rafael Martín-Granizo López María Rosa Mourelle Martínez José Manuel Navarro Martínez. Esther Nevado Rodríguez Blas Noguerol Rodríguez Emilio Serena Rincón Héctor Tafalla Pastor Francisco Teixeira Barbosa Manuel V. de la Torre Fajardo

Ortocervera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Roland DG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Systhex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

SPEMD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

VOCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

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crónica Médicos dentistas retomam atividade sob apertadas orientações técnicas A classe dos médicos dentistas retomou, na primeira semana do passado mês de maio, a atividade em Medicina Dentária, ao abrigo da fase de mitigação da pandemia de COVID-19. A reabertura das clínicas e consultórios dentários, que durante o periodo de emergência só funcionaram para casos de urgência, obedece a várias condicionantes associadas a uma série de orientações técnicas que visam assegurar a proteção dos pacientes e dos próprios profissionais do setor. O primeiro-ministro António Costa anunciou, no pasado dia 30 de abril, a transição do estado de emergência para o estado de calamidade. Tal como a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) divulgou amplamente, a suspensão da atividade de Medicina Dentária (permitida apenas em situações de urgência e inadiáveis) cessou com o fim do estado de emergência. Esta decisão viria a ser confirmada pelo Ministério da Saúde, que informou a OMD de que a atividade de medicina dentária seria permitida a partir de dia 4 de maio, mas de forma condicionada. As orientações técnicas da Direção-Geral da Saúde (DGS) foram remetidas posteriormente à OMD, criando assim as condições para a reabertura das clínicas e consultórios. Após verificar que as orientações técnicas iam de encontro às recomendações entretanto preparadas pelo grupo de trabalho interno da OMD, seguiu de imediato para a classe o comunicado com todos os detalhes para a retoma da atividade. As guidelines para esta nova fase resultam do “trabalho de grande valia e que foi realizado em tempo recorde, para que as orientações da DGS e da própria Ordem fossem devidamente compatibilizadas, incluindo os contributos do Conselho Diretivo”, indica o bastonário Orlando

Monteiro da Silva, acrescentando ainda que a OMD “continuará a acompanhar a situação de perto, nesta fase de retoma condicionada, atualizando se necessário as suas próprias recomendações” e explica que “os médicos dentistas e as clínicas e consultórios de Medicina Dentária estão devidamente orientados, seguindo como não podia deixar de ser a estratégia de saúde pública de quem de direito”. Os médicos dentistas têm, de resto, ao dispor 13 vídeos que descrevem os conteúdos dos capítulos das recomendações da OMD para a retoma da atividade durante a fase de mitigação da pandemia. Entretanto, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, transmitiu à Ordem que a Resolução do Conselho de Ministros nº 33-A/2020, de 30 de abril, na qual consta a definição dos horários de atendimento presencial não têm aplicabilidade no funcio-

namento dos consultórios e clínicas de Medicina Dentária. Assim, os médicos dentistas não têm obrigação de iniciar o atendimento a partir das 10 horas, nem têm horário de encerramento limitado. Outra lei (nº 13/2020) recentemente publicada em Diário da República estabelece medidas fiscais no âmbito da aquisição de bens necessários para prevenir o contágio por COVID-19. Entre elas, “determina, com efeitos temporários, a aplicação da taxa reduzida de IVA às importações, transmissões e aquisições intracomunitárias de máscaras de proteção respiratória e de gel desinfetante cutáneo”. O artigo 1º da referida lei “consagra, com efeitos temporários, uma isenção de imposto sobre o valor acrescentado (IVA) para as transmissões e aquisições intracomunitárias de bens necessários para combater os efeitos do surto de COVID-19 pelo Estado e outros organismos públicos ou por organizações sem fins lucrativos”.

Os médicos dentistas e as clínicas e consultórios do setor estão devidamente orientados para a atual fase de mitigação da pandemia.

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Crónica

CED manifesta a sua apreensão face ao impacto da pandemia na saúde oral dos europeus O Conselho Europeu de Médicos Dentistas (CED) remeteu uma carta ao Parlamento Europeu e à Comissão Europeia, em que alerta para as repercussões da COVID-19 no setor da Medicina Dentária e consequente impacto na saúde oral dos europeus. A ausência de apoio financeiro para a classe dos médicos dentistas constitui uma das principais preocupações do CED e foi transmitida na missiva enviada a David Maria Sassoli, presidente do Parlamento Europeu, Stella Kyriakides e Paolo Gentiloni, comissária para a Saúde e Segurança Alimentar e comissário para a Economia Comissão Europeia, respetivamente. Na carta, intitulada “A saúde oral na Europa não pode ser um dano colateral da COVID-19”, o

CED expressa a sua apreensão face ao impacto da pandemia nos cuidados de saúde oral e solicita o apoio destes organismos. “A Medicina Dentária europeia enfrenta uma verdadeira ameaça de colapso com consequências catastróficas para a saúde oral dos europeus, a menos que sejam tomadas medidas imediatas e decisivas para apoiar os médicos dentistas a nível nacional e europeu”. O CED pede ao Parlamento e à Comissão Europeia a aplicação das seguintes medidas: • Garantir que em todos os Estados-Membros, as clínicas e consultórios de Medicina Dentária tenham acesso aos equipamentos de proteção individual necessários e a outras medidas que contribuam para a segurança nos tratamentos médico-dentários.

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O CED pede ao Parlamento e à Comissão Europeia a aplicação de uma série de medidas.

• Apelar ao Estados-Membros que incluam os médicos dentistas nos instrumentos gerais de apoio a emergências nacionais – incentivando-os a desenvolverem medidas compensatórias de rendimentos e apoios financeiros destinados especificamente à Medicina Dentária. • Confirmar junto dos Estados-Membros a disponibilidade de financiamento fornecido através de instrumentos de resposta a crises da UE.


Crónica

Faculdades de Medicina Dentária retomam gradualmente atividade letiva presencial A retoma gradual da atividade letiva presencial nas universidades com ensino de Medicina Dentária iniciou-se em maio, com as devidas reservas e orientações associadas à fase de mitigação da pandemia de COVID-19. A MAXILLARIS tentou apurar de que forma estão a gerir a presente crise de saúde pública as três faculdades públicas (Lisboa, Porto e Coimbra), sendo que a palavra de ordem dos respetivos diretores é a de que as questões que colocámos “são de difícil resposta, dado estarmos numa fase de grandes incertezas”. Isso mesmo declara a esta revista Luís Pires Lopes, diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL), que adianta, no entanto, que a faculdade lisboeta “tem estado a disponibilizar algum equipamento de proteção individual, máscaras e viseiras, para as escolas da Universidade de Lisboa de modo a estas poderem retomar a atividade presencial”. Luís Pires Lopes adianta que também foi cedido, a título de empréstimo, “algum equipamento do nosso bloco operatório, nomeadamente marquesas e equipamentos de monitorização de sinais vitais de doentes, para o hospital de campanha que a Universidade de Lisboa montou no estádio universitário”.

A direção da FMDUL emitiu, entretanto, um despacho com as indicações para a retoma gradual, a começar pela obrigatoriedade do uso de máscara nas instalações da Faculdade por todos os membros da comunidade académica e utentes; desinfeção mandatória das mãos com solução desinfetante à entrada das instalações, dos serviços, dos laboratórios, das salas de aulas, e dos espaços de utilização comum; obrigatoriedade do distanciamento social em todos os espaços da Faculdade, nomeadamente nos destinados às aulas de índole laboratorial e de pré-clínico.

Luís Pires Lopes, diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa.

Miguel Pinto, diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto.

A retoma da atividade letiva presencial na FMDUL iniciou-se no passado dia 11 de maio, para as situações consideradas não passíveis de ser substituídas por ensino à distância pelos docentes responsáveis pelas unidades curriculares, exceto ao nível do ensino clínico que se encontra suspenso até ao mês de setembro. O segundo semestre termina no próximo dia 31 de julho, para todos os cursos ministrados na Faculdade, exceto para o quarto e quinto anos do Mestrado Integrado em Medicina Dentária e para os cursos de pós-graduação, sendo para estes a atividade letiva de índole clínica estendida aos meses de setembro e outubro.

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Confiança e tranquilidade na Universidade do Porto Na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) o processo de reabertura gradual obedece a critérios semelhantes em termos de procedimentos para a redução do risco de transmissão do novo coronavírus. De acordo com o diretor da FMDUP, Miguel Pinto, as atividades letivas presenciais de todos os cursos ministrados, que tinham sido interrompidas em 12 de março (e substituídas por aulas a distância), “foram retomadas no passado dia 4 de maio, devendo prolongarem-se até dia 31 de julho”. Neste contexto, foi criado um grupo de trabalho na Universidade do Porto com o objetivo de recomendar a estratégia geral relativamente aos possíveis cenários de recuperação da atividade institucional, formalizando um modelo de retoma. Tendo em consideração a necessidade de se adotarem de imediato medidas para a redução do risco de transmissão do vírus e para a abordagem dos casos suspeitos de infeção, o grupo de trabalho, em articulação com a task-force da Universidade do Porto para a COVID-19, elaborou o conjunto de recomen-

Francisco do Vale, coordenador da Área de Medicina Dentária da Universidade de Coimbra.


Crónica

dações que se baseiam no melhor conhecimento científico existente atualmente e nas recomendações das instituições nacionais e internacionais de defesa da saúde pública. De acordo com o diretor da FMDUP, estas recomendações “vão de encontro à necessidade de preservar a segurança e a saúde da comunidade académica” e assegurar um clima de confiança e tranquilidade indispensável para o bom funcionamento da Universidade do Porto. Universidade de Coimbra com atuação rápida e ágil Também na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) se antecipa um derradeiro periodo letivo sem grandes “danos colaterais” associados à atual conjuntura. Em declarações à MAXILLARIS, o coordenador da Área de Medicina Dentária, Francisco do Vale, afirma que “tudo tem sido feito para que o percurso académico dos nossos estudantes não seja prejudicado para terminarmos o ano letivo nas melhores condições possíveis”. Desde o início da crise provocada pela pandemia que

houve uma notável preocupação, de todas as unidades orgânicas da Universidade de Coimbra, em atuar de forma rápida e ágil na implementação de várias medidas preventivas, para evitar os efeitos da suspensão das aulas presenciais nos planos curriculares, no calendário escolar e na avaliação dos alunos. “Os mecanismos que foram criados e as ferramentas que foram disponibilizadas para o ensino à distância, para além de terem permitido o seu acesso a todos os alunos, têm funcionado com enorme sucesso, fruto da capacidade de adaptação, entreajuda, dedicação e empenho de todos os docentes, discentes e pessoal técnico. Apenas não foi possível substituir, por motivos óbvios, a atividade de prática clínica e laboratorial. Contudo, já estão pensados mecanismos de compensação para serem implementados aquando a retoma progressiva dessas atividades”. Por outro lado, foi decidido precocemente a transição de todos os regimes da avaliação que estava por realizar, para meios digitais. Exemplo desta dinâmica reflete-se na realização de testes piloto para simulação dos exa-

mes, com o apoio técnico da FMUC, “para testar e evitar a possível ocorrência de erros e imprevistos durante o exame real”, refere o também professor coordenador do Mestrado Integrado em Medicina Dentária e diretor do Instituto de Ortodontia da FMUC. Há um conjunto de outras medidas que estão a ser implementadas para a retoma da atividade dos serviços e das clínica universitárias e da presença gradual dos docentes, alunos, funcionários e doentes. Francisco do Vale esclarece que estas medidas “visam essencialmente assegurar o cumprimento das recomendações das autoridades de saúde competentes e das normas técnicas em vigor, ou que venham a ser emitidas, nomeadamente ao nível higio-sanitário e das normas de orientação clínica, garantindo também as condições de distanciamento social e assegurando a utilização de equipamentos de proteção individual por todos, mas adaptado a cada circunstância da atividade letiva (e caso esta seja em ambiente clínico, o equipamento de proteção individual será adaptado a cada ato médico-dentário)”.

Centros de investigação de Coimbra, Lisboa e Porto publicam trabalho científico no contexto da pandemia O grupo de trabalho constituído por investigadores do Centro de Investigação e Inovação em Ciências Dentárias (CIROS), da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), da Unidade de Investigação em Ciências Orais e Biomédicas (UICOB), da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa e do Centro de Investigação Bone Lab da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, e que também teve a participação da Universidade Complutense de Madrid e de outros profissionais, efetuou a publicação de um trabalho científico intitulado “Normas de orientação clínica para Medicina Dentária”, dirigido ao contexto da pandemia.

boas práticas nos locais onde se exerça a atividade de Medicina Dentária, em todas as suas vertentes, no atual contexto e com particular enfoque no reinício para uma plena atividade.

Disponível no site www.covid19md.pt, este trabalho teve como objetivo a elaboração de orientações baseadas no conhecimento científico disponível visando a disseminação de

Esta publicação, além da divulgação junto dos profissionais da área, foi também enviada à Ordem dos Médicos Dentistas e à Direção-Geral de Saúde.

Este trabalho, segundo os coordenadores do CIROS e do UICOB, Fernando Guerra e António Mata, respetivamente, pretende a “apresentação e difusão de normas de orientação clínica para a segurança nos procedimentos clínicos e no espaço de exercício profissional de Medicina Dentária” e que “se trata de uma contribuição científica para dilatação do conhecimento sobre o exercício profissional no contexto da COVID-19 pretende servir os seus destinatários”.

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Crónica

Mundo A Sorrir inaugurou clínica social na Guiné-Bissau A Mundo A Sorrir, organização não governamental portuguesa para o desenvolvimento, inaugurou recentemente na cidade de Bissau (Guiné-Bissau) a Clínica Médica e Médico Dentária Social Mundo A Sorrir, numa parceria com a Missão Semide e a empresa ODLO. Num país onde o acesso a cuidados de saúde oral é escasso, a infraestrutura pretende de forma estruturada e, em parceria com os setores social, privado e público, disponibilizar cuidados médicos e médico-dentários de qualidade a toda a população da Guiné-Bissau. “Construímos a clínica a pensar no povo guineense, nas suas necessidades e no direito universal do acesso a cuidados de saúde. É um orgulho enorme ver o que a Mundo A Sorrir, com tão poucos recursos financeiros para os projetos em África, conseguiu fazer. Um agradecimento ao Júlio Paiva, empresário nortenho, que garantiu a verba para a construção da infraestrutura, à UTrade que montou todos os equipamentos e ao grupo de voluntários e colaboradores que se envolveu no projeto”, destacou Mariana Dolores, presidente da Mundo A Sorrir.

A clínica contará com uma equipa multidisciplinar de profissionais locais e expatriados, mas também com o apoio de voluntários internacionais.

A clínica social, que surgiu no seguimento de 15 anos de trabalho da ONG no país, funcionará através de parcerias diversas com entidades sociais que irão encaminhar as pessoas que já apoiam nos seus projetos e que serão atendidas por um valor simbólico. Por sua vez, qualquer pessoa poderá aceder à clínica a custo de tabela. Universalização da saúde oral Mariana Dolores mostrou-se satisfeita por ter ao seu lado os atores locais que lutam com o mesmo empenho pela universalização da saúde oral e saúde global, “o melhor de tudo é ver que há pessoas que partilham os nossos valores, a nossa missão e que acreditam nesta solidariedade que promove o desenvolvimento de forma estruturada. Sozinhos dificilmente conseguimos criar uma mudança, mas em parceria com os interlocutores locais, num trabalho coeso do setor público, privado e social conseguiremos criar os ganhos em saúde que a população guineense merece e precisa”, afirmou. A clínica contará com uma equipa multidisciplinar de profissionais locais e expatriados, mas também com o apoio de voluntários internacionais. Encontra-se integrada no projeto “Saúde a Sorrir” na Guiné-Bissau, desenvolvido pela Mundo A Sorrir desde 2005, com o objetivo de promover a saúde, bem-estar e qualidade de vida da população desfavorecida do país, através da assistência médica, prevenção, capacitação e investigação. O projeto beneficiou 61.124 pessoas na Guiné-Bissau, realizou 10.911 tratamentos médico dentários, ofereceu 30.027 escovas e pastas e promoveu 763 ações de capacitação.

Mariana Dolores, presidente da Mundo A Sorrir (ao centro na foto), mostrou-se satisfeita por ter ao seu lado os atores locais que lutam pela universalização da saúde oral.

A clínica foi projetada a pensar no povo guineense, nas suas necessidades e no direito universal do acesso a cuidados de saúde.

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Crónica

Expodental de Madrid adiada para 2022

A organização da Expodental 2022 decidiu manter a mesma estrutura que a prevista para este ano.

O Salão Internacional de Equipamentos, Produtos e Serviços Dentários (Expodental), que se realiza de dois em dois anos em Madrid, adiou para 2022 a edição que estava prevista para março deste ano. Esta decisão foi tomada após recente reunião mantida na capital espanhola pela Comissão Organizadora da Expodental no contexto atual gerado pela pandemia de COVID-19 em todos os quadrantes sociais, assistenciais e económicos. Neste sentido, e dada a conjuntura que se vive a nível global, foi considerado que a nova data prevista no calendário deste ano (de 2 a 4 de julho) não oferece as garantias necessárias para assegurar um ambiente de celebração favorável e de absoluta normalidade que permita oferecer à indústria dentária uma ferramenta para impulsionar a sua atividade comercial. A edição deste ano tinha Itália como país convidado e, como habitualmente, Portugal era um dos representantes estrangeiros da indústria dentária

no certame de Madrid, entre várias dezenas de outras nações dos quatro cantos do mundo. A Feira de Madrid (IFEMA) e a Federação Espanhola de Empresas de Tecnologia Sanitária (Fenin), entidades responsáveis pela organização da Expodental, agradecem aos expositores e profissionais do setor dentário a sua compreensão e apoio nesta difícil decisão e esperam continuar a trabalhar para que a edição de 2022 seja um grande sucesso como tem acontecido em todas as suas edições. A organização da Expodental 2022 decidiu manter a mesma estrutura que a prevista para este ano. Após realizar um inquérito aos expositores do certame, sobre a adjudicação de espaços e a superficie ocupada, 79% por cento manifestaram a sua preferência a favor da manutenção dos pavilhões, pelo que a feira celebrar-se-á nos pavilhões 2, 4, 6 e 8. À partida, também se manterá a misma distribuição e atribuição de espaços de 2020.

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Em 2022, os reponsáveis do certame esperam atrair a atenção dos profissionais do setor, dentro e fora de Espanha, e superar os 31.000 visitantes da última edição. Em recentes declarações a esta revista, María José Sánchez, diretora da feira, observou que “a experiência diz-nos que todos os anos se alcança um aumento de público e entendemos que, com a melhoria da oferta e de espaço disponível, esses resultados vão continuar a surgir”. IFEMA colabora ativamente no combate à pandemia No atual contexto de pandemia, vale a pena destacar que a IFEMA está a desenvolver um trabalho muito importante pondo à disposição do governo espanhol todos os recursos necessários para a produção das infraestruturas e serviços do hospital de campanha que construiu com a colaboração das empresas com as quais trabalha, para poder atender a mais de 5.000 afetados, assim como para albergar 1.500 lugares para pessoas sem habitação, em linha com o seu compromisso com a sociedade e com as empresas. Um compromisso que permita recuperar a normalidade o mais cedo possível, e que contribua para reativar as feiras como instrumento e plataforma de apoio a restaurar e fortalecer as, tão necessárias, relações comerciais, pessoais e internacionais.


Crónica

Eleições para os diversos órgãos da OMD celebram-se este mês com cabeças de lista inéditos A classe dos médicos dentistas vai a votos, no dia 27 deste mês, para eleger os novos órgãos sociais da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Com Orlando Monteiro da Silva fora da “corrida” por opção pessoal – o anúncio foi feito através de vídeo divulgado nas redes sociais –, o ato eleitoral celebra-se pela primeira vez, em praticamente duas décadas, com caras novas no que respeita à candidatura ao cargo de bastonário. A Comissão Eleitoral confirmou à MAXILLARIS que foram admitidas duas das três listas que se apresentaram à eleição: as encabeçadas por Miguel Pavão e Artur Lima, tendo sido excluída a lista apresentada por João Neto devido a várias inconformidades legais e regulamentares.

fim, restruturar a OMD para uma lógica de maior proximidade. Acompanham Miguel Pavão nesta investida eleitoral várias figuras relevantes do setor, designadamente Manuel Neves, Carlos Silva, António Ginjeira, Teresa Canadas, Manuel Nunes, Maria João Ponces, Gonçalo Assis, Rui Paiva, Mónica Lourenço, entre outros. Sob o Lema “Renovar com confiança. Honrar o Passado. Garantir o Futuro”, a lista liderada por Artur Lima pretende implementar um conjunto de medidas, tais como a isenção do pagamento de quotas nos primeiros três anos após a inscrição, benefícios para os médicos

dentistas seniores que contratem a termo os colegas mais jovens, e garantir apoios por ser uma profissão de desgaste rápido. A lista encabeçada por Artur Lima integra igualmente figuras de relevo do setor, tais como Sampaio Fernandes, Helena Rebelo, Inês Guerra Pereira, Ricardo Faria Almeida, Cristina Manso, Ana Mano Azul, Francisco Vale e Filomena Salazar. Ainda no âmbito do ato eleitoral do próximo dia 27, o médico dentista Luís Filipe Correia apresenta-se como candidato (lista única) a presidente do Conselho Deontólogico e de Disciplina.

A lista que ficou de fora poderá sempre reagir à decisão de exclusão na forma legalmente prevista, o que não se tinha verificado (pelo menos formalmente) à data do fecho desta edição. “Se tal vier a acontecer, e analisados os fundamentos invocados, caberá ao órgão estatutariamente competente decidir sobre a pertinência e validade dos argumentos apresentados pelo recorrente”, esclareceu a esta revista a Comissão Eleitoral. Vontade de mudar Concorrem, portanto, ao cargo de bastonário os médicos dentistas Miguel Pavão, fundador e antigo presidente da organização não governamental Mundo A Sorrir, e Artur Lima, atual membro do Conselho Diretivo da OMD e representante da Ordem no Grupo de trabalho do Ministério da Saúde para criação da carreira especial de Medicina Dentária.

Concorrem ao cargo de bastonário os médicos dentistas Miguel Pavão (à esquerda), fundador da Mundo A Sorrir, e Artur Lima, atual membro do Conselho Diretivo da OMD.

A candidatura encabeçada por Miguel Pavão nasceu do desejo de grande número de médicos dentistas que decidiram dar voz à vontade de mudar a OMD assente em quatro pilares: defender a classe profissional, valorizar a profissão pelo ensino e formação, defender melhores políticas de saúde oral e por

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ponto de vista COVID-19 e a Medicina Dentária: um desafio do outro mundo Desde o início de março que estamos a viver uma realidade completamente impensável há uns meses.

Paulo Ribeiro de Melo

Médico dentista. Coordenador da Comissão de Acompanhamento COVID-19 da Ordem dos Médicos Dentistas.

No seguimento dos desenvolvimentos relacionados com a disseminação mundial das infeções originadas pelo coronavírus SARS-COV-2, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente que estávamos perante uma pandemia a 12 de março de 2020. De acordo com a OMS, uma pandemia é a disseminação mundial de um vírus, sobre o qual a maior parte das pessoas não tem imunidade. Estamos, por isso, num tempo de vivências únicas, em que fomos obrigados a ficar confinados à nossa habitação e, para a grande maioria da população, parando o seu trabalho e meio de subsistência. Todos podemos observar que as medidas foram sendo uniformes e bastante semelhantes em vários pontos do globo. Portugal e a Medicina Dentária não foram uma exceção. Portugal tem seguido as recomendações da OMS e gerido a pandemia, do ponto de vista de saúde pública, de uma forma que tem permitido, até ao momento, limitar as repercussões negativas desta ameaça. Também a Medicina Dentária foi fustigada de forma implacável por esta pandemia, ao ser obrigada a encerrar as suas clínicas e consultórios, atendendo apenas situações urgentes e inadiáveis durante cerca de sete semanas. A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), através da Comissão de Acompanhamento da COVID-19 criada, seguiu atentamente os desenvolvimentos da pandemia e foi ema-

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nando um conjunto de recomendações/ informações baseadas em dados provenientes da OMS, Centro Europeu das Doenças (ECDC), Direção-Geral da Saúde (DGS) e em artigos científicos e documentos institucionais disponíveis sobre a experiência dos médicos dentistas de outros países que vivenciaram a situação antes de Portugal. Numa outra vertente da COVID-19, a OMD tem apresentado as suas reivindicações e preocupações à tutela, relativamente à necessidade de contemplar a Medicina Dentária com o apoio necessário para minimizar as repercussões desta crise no setor. Ao mesmo tempo, tem acompanhado as medidas de apoio económico à crise que o Governo tem lançado e que vão sendo alteradas e adequadas em conformidade com o que vai sendo necessário. Voltando à análise do que se está a passar em termos de saúde pública, nós não temos informação epidemiológica sobre o comportamento do vírus e esse conhecimento está a ser adquirido à medida que os países vão sendo confrontados com ele. É a análise epidemiológica dos dados que estão a ser recolhidos que permite a definição das estratégias a adotar. O principal objetivo em termos de saúde pública, nesta primeira vaga do vírus, foi tentar limitar a sua disseminação maciça e, assim, evitar a saturação do sistema hospitalar com casos que necessitariam de cuidados intensivos. Mas, como se trata de uma ameaça de saúde pública, houve também a necessidade, desde o primeiro momento, de adequar os procedimentos realizados aos riscos inerentes à atividade de Medicina Dentária. Por isso, todas as formas de


ponto de vista

contágio deveriam ser evitadas, o que originou a necessidade de encerramento das clínicas e consultórios de Medicina Dentária durante o estado de emergência decretado pelo Governo. É essencialmente o facto de lidarmos com a cavidade oral do paciente em proximidade, que faz desta profissão uma atividade especialmente de risco. Estamos mais expostos às gotículas de saliva e existe ainda a possibilidade da aerossolização de gotículas de saliva que podem ser inaladas, entrar em contacto com a pele ou mucosas. Outra questão relevante é que essas gotículas, ou aerossóis, podem alojar-se nas superfícies do consultório onde são colocadas as mãos, ou alojar-se noutros materiais utilizados durante a consulta. No entanto, durante todo este tempo, a evidência de que esses aerossóis, contendo o vírus, se consigam manter no ar por períodos de tempo significativos e que possuam uma carga virulenta importante, continua a ser muito fraca ou inexistente. Apesar da sensibilidade da situação, até ao momento, todas as recomendações da OMD têm saído atempadamente e de forma sensata. As recomendações têm sido adequadas às fases epidemiológicas identificadas pela DGS e à medida que alterava a fase, as recomendações iam sendo ajustadas, tendo em conta a escassez de equipamentos de proteção individual (EPI) existentes, o grau de risco e o que se sabia da experiência dos outros países. Também a escassez de EPI não foi uma situação exclusiva de Portugal. Este foi, e continua a ser, um problema mundial que fustigou todos os países e obrigou os profissionais de saúde a trabalhar com doentes COVID sem as proteções adequadas. Ao sairmos do estado de emergência em Portugal, as clínicas e consultórios de medicina

As fases seguintes vão exigir de igual forma um acompanhamento muito de perto da evolução da situação por parte da OMD

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podem agora, gradualmente, retomar a atividade até chegar a uma situação de funcionamento quase normal. Para esta nova fase, a OMD divulgou atempadamente as recomendações para a retoma da atividade, em perfeita sintonia com a Orientação Técnica publicada pela DGS. A este propósito, convém recordar que, apesar do despacho ministerial ligar a suspensão da atividade de Medicina Dentária ao estado de emergência, existiram algumas incertezas quanto à data da reabertura das clínicas e consultórios, uma vez que esta estava condicionada à publicação da orientação técnica da DGS. As recomendações da OMD saíram com a informação necessária e suficiente para todos poderem retomar a sua atividade, pois estavam em linha com o recomendado na fase anterior. A única preocupação da OMD foi realizar um documento mais sólido e completo do ponto de vista de informação e de base científica. Por esse motivo, foi criado um segundo grupo de trabalho COVID-19 – fase 2 que, num curtíssimo espaço de tempo, conseguiu publicar um documento de qualidade e com uma perspetiva eminentemente prática. Estas recomendações têm como grande objetivo de saúde pública garantir a assistência médico-dentária, preservando a saúde dos pacientes, especialmente aqueles em maior risco, protegendo a saúde do pessoal auxiliar que trabalha nos consultórios e clínicas de Medicina Dentária, e a saúde do médico dentista, da sua família e dos seus amigos mais próximos. Gostaria aqui de dizer que, infelizmente, penso estarmos muito longe de voltar à normalidade dos nossos dias. Ainda muito está para acontecer até surgir um tratamento ou uma vacina eficaz ou chegarmos à imunidade de grupo. E sem isso, não conseguimos controlar esta pandemia. Até lá, as fases seguintes vão exigir de igual forma um acompanhamento muito de perto da evolução da situação por parte da OMD, que continuará a sair com as recomendações adequadas, de forma a que em todo o processo o médico dentista esteja sempre aconselhado com a melhor evidência possível num contexto de uma pandemia.


ponto de vista COVID-19: e agora? Parece um pesadelo, mas infelizmente não é. Desde o princípio do ano que o mundo parou, entrou em stand by. Argumento de um filme futurista e de terror, cuja imaginação fomos alimentando em diversas longas metragens, mas sem nunca acreditar que algum dia seria realidade. E agora?

Ricardo Faria e Almeida

Médico dentista. Prática privada de Periodontologia e Implantes. Professor Catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Professor convidado de Periodontologia na Faculdade de Odontologia da Universidade Complutense de Madrid (Espanha).

A causa, todos a conhecemos, o risco de contaminação e, ao que parece, também as vias de transmissão. Mas muito falta ainda saber e, pior, sem um prazo definido para as ansiadas respostas definitivas, cientificamente fundamentadas e que nos permitam, não somente entender melhor o vírus, mas também encontrar uma vacina e/ou tratamento, no fundo, uma solução. Em Portugal, como no mundo, tudo isto infundiu receio e medo que facilmente se propagou. A primeira reação foi acreditar que se tratava de mais um vírus e que com o tempo chegaríamos a um tratamento, uma vacina e/ou à chamada “imunidade de grupo”. Ora, a rapidez de transmissão e a célere sobrelotação dos sistemas de saúde, que afetou diversos países, fez as autoridades recuarem nesta abordagem, propondo e executando o chamado lockdown. Uma vez implementado, aparentemente reduziu o óbvio, ou seja, a

Os consultórios de Medicina Dentária foram dos primeiros a cumprir com um conjunto de regras de licenciamento, o que nos coloca na linha da frente na eficácia e adaptação a novas realidades

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rapidez de transmissão e de contágio, mas não a sua erradicação e, por consequência, o problema que vivemos. Assim sendo, a questão agora é o que fazer? Mantermo-nos em casa com graves prejuízos para a economia e a médio/longo prazo, indiretamente para a saúde de cada um? Levantar o lockdown? E se assim for, de que forma e baseado em quê? Que resultados terá? Não deitará tudo a perder? Passados alguns meses dos primeiros casos em Portugal, várias dúvidas me assaltam o espírito no que diz respeito à nossa atividade. Foi o caminho que seguimos o mais correto? Uma vez seguido esse caminho, qual a abordagem que devemos ter depois de terminado o estado de emergência? Como conseguiremos trabalhar a partir de agora? Entre muitas outras questões. Em Portugal, o Governo entendeu, desde do dia 15 de março (e bem a meu ver), que as clínicas de Medicina Dentária deveriam suspender a sua atividade, apenas efetuando tratamentos de situações comprovadamente urgentes e inadiáveis. Convém referir que, logo após esta decisão prévia ainda ao estado de emergência, outras atividades foram também suspensas.


ponto de vista

Enquanto médico dentista, com quase 25 anos de prática clínica, docente universitário e sócio-gerente da minha própria clínica, este foi e será talvez o maior desafio que tenho pela frente. É um desafio que inclui pelo menos dois aspetos fundamentais, um de saúde pública, com toda a responsabilidade daí inerente, e outro de natureza económica. Do ponto de vista da saúde pública, parece-me óbvio que a nossa atividade é de alto risco pela curta distância a que trabalhamos dos doentes, associada também a uma grande produção de aerossóis. É, portanto, uma atividade com elevado risco de contágio, razão que motivou a suspensão da mesma. Sabemos hoje que os cuidados que deveremos ter para reduzir esse risco são vários, obrigando-nos a reinventar protocolos e procedimentos, algo que enquanto médicos dentistas faremos seguramente de forma consciente e eficaz. Aliás, convém lembrar que os consultórios de Medicina Dentária foram dos primeiros a cumprir com um conjunto de regras de licenciamento, o que nos coloca na linha da frente na eficácia e adaptação a novas realidades, em especial no cumprimento das normas de assepsia e biossegurança. Relativamente a este ponto, como referi, acredito que o faremos de forma capaz e exemplar, devendo também cada um de nós assumir a responsabilidade de saber transmitir isso à população, de forma séria e consciente, sem aproveitamentos pessoais ou de outro tipo. Risco e responsabilidade No entanto, outros problemas e riscos estarão presentes e com os quais teremos que lidar. Um dos mais importantes, será seguramente o medo, o receio que todos nós, enquanto profissionais de saúde oral e conscientes do risco que teremos pela frente, certamente sentiremos. E refiro-me não somente aos médicos dentistas, mas a todos os que connosco trabalham. E aqui, gostaria de dizer que nós, enquanto líderes dessas equipas, temos também responsabilidade acrescida. Refiro-me à necessidade de assumirmos, todos, uma consciência coletiva que enquanto profissionais de saúde não devemos nunca facilitar e devemos dar o primeiro exemplo, ao adequar os protocolos e as condições

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das nossas clínicas às recomendações vigentes. Para bem das nossas equipas e dos pacientes. É nossa a responsabilidade! Outro desafio é, sem dúvida, o desafio económico. Não podemos dissociar este fator da saúde pública. Como atrás referi, foi a atividade da Medicina Dentária a primeira a ser suspensa. Fomos nós os primeiros a assumir a nossa responsabilidade enquanto agentes de saúde pública. No entanto, e apesar de algumas medidas governamentais, tentando reduzir o impacto de natureza económica que diretamente nos afeta, está claro, que são escassas e em nenhum momento permitirão de forma cabal suprimir o esforço que todos fizemos/ fazemos. Acresce ainda que com o reinício da atividade, algo que se avizinha, e com a necessidade de adequação aos novos protocolos, tal exigirá um esforço financeiro considerável, não somente agora devido aos preços especulativos, mas para sempre. Está claro que sofreremos, e muito, com tudo isto. Todos estamos conscientes das responsabilidades que recaem sobre nós, mas não tenho dúvidas que saberemos estar à altura das mesmas. Enquanto classe profissional saberemos honrar os nossos compromissos e responsabilidades. Quisera eu, não ter dúvidas sobre os demais agentes... Nota: o presente artigo foi escrito no mês de abril de 2020.


Impacto da pandemia de COVID-19 na atividade dos profissionais de saúde oral

Maria Grego Esteves Médica dentista. Licenciada pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa. Diretora clínica da clínica Évora Saúde.

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D

ossier

Introdução Em dezembro de 2019 surgiu em Wuhan (China) o novo coronavírus, responsável pelo aparecimento da doença COVID-19, que rapidamente se espalhou por todo o mundo e se tornou numa situação de emergência internacional, estabelecendo-se como pandemia (Gupta et al., 2020; Xiang et al., 2020). Segundo o New York Times, os profissionais de saúde oral são os profissionais mais expostos à COVID-19 devido à produção de aerossóis (Gamio, 2020). Devido a este risco elevado de propagação, decretou-se em Portugal a suspensão temporária de toda e qualquer atividade de Medicina Dentária, com exceção de situações comprovadamente urgentes e inadiáveis, estabelecida no Despacho nº 3301 - A/2020 e prorrogada pelo Despacho nº 3903 - E/2020. O novo coronavírus não trouxe apenas consequências na saúde das pessoas. Este vírus terá repercussões severas na economia a curto, médio e longo prazo (Laing, 2020). Estabeleceu-se assim como objetivo deste estudo avaliar o impacto da COVID-19 na atividade dos profissionais de saúde oral.

A população-alvo do estudo foram todos os profissionais de saúde portugueses, nomeadamente médicos dentistas, higienistas orais, assistentes dentários e protésicos. A recolha de dados realizou-se entre 26 de março e 13 de abril de 2020. Os dados foram recolhidos através da aplicação de um questionário online*, após ser enviado a alguns colegas via email e divulgado através das redes sociais. O questionário foi desenvolvido especificamente para este estudo e permitiu obter informação acerca do perfil dos profissionais de saúde oral e do impacto da COVID-19 nestes profissionais, sendo constituído exclusivamente por questões de escolha múltipla. Para a análise dos dados foi utilizado o Microsoft® Excel® para Office 365 MSO. A autora do estudo introduziu neste programa a informação recolhida através do questionário. Realizou-se a análise descritiva de todas as variáveis, sendo calculadas as frequências absolutas e relativas. Resultados Caracterização da amostra

Materiais e métodos

A maioria dos profissionais da amostra eram médicos dentistas (57%), sendo os restantes assistentes dentários (32%), higienistas orais (7%) e protésicos (4%), (fig. 1), sendo a maioria do sexo feminino (86%), (fig. 2).

Para atingir os objetivos propostos desenvolveu-se um estudo descritivo transversal.

Foram ainda identificados alguns profissionais que contabilizavam mais do que uma profissão.

*Disponível em: https://forms.office.com/Pages/ResponsePage.aspx?id=DQSIkWdsW0yxEjajBLZtrQAAAAAAAAAAAANAAdGjuIFUQ0dLQUhYQlk2MUtPU0dCTFpKRU5OWENEQS4u

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Ciência e prática

Qual é a sua profissão? (n=1.016)

Figura 1.

Género (n=1.016)

Apesar da grande maioria da amostra não trabalhar em clínica própria ou laboratório próprio (65%), é de salientar a elevada percentagem de profissionais de saúde oral a trabalhar na sua própria clínica ou laboratório (35%), (fig. 3). A maioria dos profissionais de saúde oral trabalha na região de Lisboa e Vale do Tejo (39%) e na região Norte (36%), (fig. 4). Figura 2.

Trabalho em clínica própria/laboratório de prótese próprio? (n=1.016)

Figura 3.

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Ciência e prática

Qual é a região em que exerce a sua atividade? (n=1.016) Impacto na atividade dos profissionais de saúde oral Quando questionados sobre a disponibilidade de equipamentos de proteção individual que consideram necessários (fig. 5), tendo em conta a situação atual da COVID-19, a grande maioria dos

Figura 4.

Tem disponível no seu local de trabalho todos os equipamentos de proteção individual que considera necessários, tendo em conta a situação atual de COVID-19? (n=1.016)

Figura 5.

Neste momento como está a realizar a sua atividade? (n=1.016) profissionais de saúde oral respondeu que não (78%). Devido à situação da COVID-19, a maioria dos profissionais de saúde oral não está a exercer neste momento (47%), para além disso 43% está apenas a realizar consultas de urgência (fig. 6).

Figura 6.

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Ciência e prática

Em que regime profissional se encontrava? (n=1.016)

A maioria dos profissionais de saúde oral da amostra são empresários em nome individual (33%). No entanto, é de salientar que 24% da amostra está a trabalhar a recibos verdes e apenas 16% tem contrato a tempo incerto e 26% tem contrato a termo certo (fig. 7). Apenas 17% da amostra refere que não teve nenhum corte no vencimento, tendo a maioria (37%) referido que teve um corte no vencimento, pois este tem por base a comissão de trabalhos realizados. Saliento ainda que 34% desta amostra referiu que entrou em lay-off e 12% da amostra foi totalmente dispensado de funções (fig. 8).

Figura 7.

Teve algum corte no seu vencimento devido à COVID-19? (n=1.016)

Figura 8.

Tem receio de perder o seu emprego devido à COVID-19? (n=1.016) A maioria da amostra (73%) tem receio de perder o emprego (fig. 9) e 77% dos profissionais de saúde oral que possuem clínica própria ou laboratório próprio tem receio de ter que encerrar a sua empresa devido a esta situação (fig. 10).

Figura 9.

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Ciência e prática

A grande maioria da amostra (92%) considera os apoios do governo insuficientes tendo em conta o contexto atual (fig. 11). A grande maioria dos profissionais de saúde oral (95%) sente-se angustiada ou nervosa nos últimos dias devido ao novo coronavírus (fig. 12), sendo que a maioria se sente assim a maior parte do tempo (48%), (fig. 13).

Tem receio de ter que encerrar a empresa devido à COVID-19? (n=386)

Discussão de resultados A nossa responsabilidade enquanto profissionais de saúde é antes de mais proteger os nossos pacientes, a nossa equipa, as nossas famílias e a sociedade, tomando as medidas disponíveis ao nosso alcance para diminuir a propagação do vírus. A nível governamental foram também tomadas medidas de controlo da pandemia nomeadamente a imposição de isolamento social, a instituição do estado de emergência que levou ao encerramento de algumas empresas ou à redução da sua atividade (Decreto do Presidente da República nº 14 A/2020; Decreto do Presidente da República nº 17 - A/2020) e ainda à instituição do Despacho nº 3301 - A/2020 e prorrogado pelo Despacho nº 3903 E/2020 que impôs o encerramento das clínicas dentárias, com exceção para consultas urgentes e inadiáveis.

Figura 10.

Sente que os apoios propostos pelo governo são suficientes, tendo em conta a situação atual? (n=1.016)

Foi ainda necessário a adequação dos equipamentos de proteção individual (EPI) necessários à realização de consultas urgentes. Apesar disto, a grande maioria dos profissionais de saúde oral respondeu não ter disponíveis os EPIs que considera necessários. Devido à alta virulência, apenas a utilização de máscaras respiratórias N95 ou FFP2, proteção ocular e cobertura capilar e corporal podem reduzir a transmissão, o que irá aumentar os

Figura 11.

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Ciência e prática

Nos últimos dias, sentiu-se angustiado ou nervoso devido a esta situação? (n=1.016)

custos indiretos na consulta de Medicina Dentária. Esta pandemia irá exigir uma adaptação do ambiente de trabalho, tornando-o mais seguro para os pacientes, funcionários e para os profissionais de saúde oral. Isto conduzirá a um aumento das despesas gerais dos consultórios e reduzirá ainda mais a margem de lucro (Ferneini, 2020). É importante ainda referir que a propagação desta pandemia gerou maior utilização de EPI, o que conduziu a uma rotura de stocks dificultando a aquisição dos mesmos pelos profissionais de saúde oral, simultaneamente com um aumento exponencial do custo de aquisição destes equipamentos. Este estudo mostra a necessidade de uma intervenção que permita a aquisição de EPI aos profissionais de saúde oral, aquando da retoma da atividade, de forma a não colocar em causa a assistência em saúde oral.

Figura 12.

Se respondeu sim, com que frequência? (n=969)

As medidas tomadas para minimizar a propagação do vírus levaram a que a maioria dos profissionais de saúde não esteja a exercer a sua atividade. Trata-se de uma atividade que requer ser executada em consultório no caso dos médicos dentistas, higienistas orais e assistentes dentários ou em laboratórios no caso dos protésicos, sendo praticamente impossível alterar a atividade para um regime de teletrabalho. De salientar que a elevada percentagem de médicos dentistas que está neste momento a assegurar as consultas de urgência reforça a importância da Medicina Dentária, bem como a necessidade de uma rede de clínicas dentárias, ao assegurar tratamentos médicos de urgência. A maioria dos profissionais de saúde oral são empresários em nome individual ou trabalham em regime de prestação de serviços, sendo importante ainda referir que muitos dos profissionais de saúde oral com contrato de

Figura 13.

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Ciência e prática

trabalho poderão ser os sócios-gerentes da sua própria empresa. A saúde oral em Portugal é assegurada essencialmente por profissionais liberais e por uma rede de clínicas privadas que se foi estabelecendo, permitindo assegurar os cuidados de saúde oral à população, graças ao empreendedorismo destas classes profissionais. As consequências económicas da COVID-19 nos profissionais de saúde oral são trágicas, com a esmagadora maioria destes profissionais a sofrerem cortes salariais, não apenas por entrarem em lay-off, como por terem um vencimento baseado em comissão de trabalhos realizados ou até por terem sido completamente dispensados das suas funções. Nesta questão é ainda importante referir que os dados poderão ser ainda mais dramáticos, do que aquilo que já demonstram, já que sendo muitos profissionais de saúde oral sócios-gerentes das suas empresas não estão, até à data da realização deste inquérito, abrangidos pelo regime de lay-off ou qualquer outro tipo de apoio, o que faz com que, em teoria e por terem um contrato de trabalho, continuem a receber o mesmo salário [IPSS, 2020]. Esta situação é, no entanto, uma situação completamente irreal, sendo que estes profissionais estão sem traba-

lhar, sem receber qualquer apoio e com despesas consideráveis relacionadas com as suas empresas.

proteger a saúde e a segurança dos cidadãos e conter a expansão da pandemia (Spagnuolo et al., 2020).

Esta pandemia poderá ser o evento económico e social mais marcante em décadas (Laing, 2020) e quanto mais o vírus se propaga, mais o desempenho económico é afetado, levantando preocupações sobre a capacidade de sustentação financeira (Gupta et al., 2020).

A grande maioria dos profissionais de saúde oral considera os apoios do governo insuficientes no contexto atual. Eventuais políticas e pacotes de apoio a profissionais de saúde oral deverão permitir uma capacidade económica capaz de assegurar a assistência em saúde oral, já que esta área da saúde dos portugueses é essencialmente assegurada por esta rede de clínicas privadas.

Verifica-se um enorme receio por parte dos profissionais de saúde oral em perder o emprego e por parte daqueles que possuem clínica própria ou laboratório próprio em ter que encerrar a sua empresa devido a esta situação. Segundo Ferneini (2020), o novo coronavírus poderá conduzir ao desemprego de alguns médicos dentistas, o que pode inclusive levar a uma escassez aguda destes profissionais. À medida que a pandemia começa a diminuir, muitos médicos dentistas podem não ser capazes de reiniciar a sua prática. Este autor defende ainda que muitos médicos dentistas já estão a enfrentar uma crise financeira e que a situação tende a piorar. Ainda assim, apesar da limitação significativa das atividades clínicas e cirúrgicas no setor médico e odontológico ter representado uma medida muito impactante na economia do setor, esta intervenção drástica tornou possível

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O novo coronavírus terá um impacto negativo na saúde mental da população (Xiang et al., 2020), já que as pessoas tendem a sentir-se ansiosas e inseguras quando o meio se altera (Usher et al., 2020). A grande maioria dos profissionais de saúde oral sente-se angustiado ou nervoso a maior parte do tempo, o que se verificou também no estudo de Zhang et al. (2020) realizado em populações afetadas pela pandemia, que revelou níveis elevados de ansiedade e angústia nestas pessoas. Segundo Usher et al. (2020) após recuperarmos dos impactos negativos desta pandemia, devem ser instauradas medidas de saúde pública direcionadas à saúde mental da população em geral e em particular dos profissionais de saúde.


Ciência e prática

Conclusões A grande maioria dos profissionais de saúde oral não tem disponíveis os equipamentos de proteção individual que considera necessários para assegurar a proteção dos profissionais e pacientes, tendo em conta o surto de COVID-19. Apesar de grande parte dos profissionais de saúde oral estar a trabalhar apenas em regime de urgências, a maioria não está a exercer neste momento. A maioria dos profissionais de saúde oral são empresários em nome individual e grande parte destes profissionais tiveram cortes no vencimento, sobretudo por trabalharem por comissão de trabalhos realizados. A grande maioria dos profissionais de saúde oral considera os apoios do estado insuficientes, tendo receio de perder o emprego, ao mesmo tempo que a maioria dos profissionais de saúde oral que apresentam clínica ou laboratório próprio também revelam receio de ter que encerrar a própria empresa. A quase totalidade dos profissionais de saúde oral sente-se angustiada ou nervosa a maior parte do tempo devido à situação do novo coronavírus.

Bibliografia 1. Presidência da República. Decreto do Presidente da República n.º 14 - A/2020 de 18 de março.

8. Instituto da Segurança Social, IP. Guia prático regime de lay-off, 2020.

2. Presidência da República. Decreto do Presidente da República n.º 17 - A/2020 de 2 de abril.

9. Laing T. The economic impact of the coronavirus 2019 (COVID-2019): Implications for the mining industry, The Extractive Industries and Society, 2020.

3. Presidência da República. Despacho n.º 3301 - A/2020.

10. Spagnuolo G, De Vito, Rengo S et al. COVID-19 outbreak: an overview on dentistry. International Journal of Environmental Research and Public Health, 2020.

4. Presidência da República. Despacho n.º 3903 - E/2020. 5. Ferneini EM. The financial impact of COVID-19 on our practice. J Oral Maxillofac Surg, 2020.

11. Usher K, Durkin J, Bhullar N. The COVID-19 pandemic and mental health impacts. International Journal of Mental Health Nursing, 2020.

6. Gamio L. The workers who face the greatest coronavirus risk. Disponível em: https://www.nytimes.com/interactive/2020/03/15/ business/economy/coronavirus-worker-risk.html?action=clic&module=Top+Stories&pgtype=Homepage.

12. Xiang YT, Yang Y, Li W et al. Timely mental health care for the 2019 novel coronavirus outbreak is urgently needed. Lancet Psychiatry, 2020; 7, 228-229.

7. Gupta M, Abdelmaksoud A, Jafferany M et al. COVID-19 and economy. Wiley Periodicals, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1111/ dth.13329.

13. Zhang J, Lu, H, Zeng H et al. The differential psychological distress of populations affected by the COVID-19 pandemic, Brain, Behavior, and Immunity. Elsevier, 2020.

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tema de capa PERIODONTOLOGIA E IMPLANTES

Falamos com...

Gonçalo Assis

médico dentista especialista em Periodontologia

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PERIODONTOLOGIA E IMPLANTES TEMA DE CAPA

Vejo a implantologia a evoluir num sentido de resultados mais previsíveis e com menos complicações”

O médico dentista Gonçalo Assis considera que mais do que integrar novas soluções do foro implantológico, “o futuro imediato passa por consolidar transversalmente na nossa prática as que já existem”. Em entrevista à MAXILLARIS, este especialista em Periodontologia, que exerce a sua atividade na zona de Lisboa, faz o ponto da situação desta vertente da Medicina Dentária, recordando que os implantes não são necessariamente tratamentos vitalícios e essa informação “tem que ser passada de forma sistemática aos doentes”. Constata, por outro lado, que a previsibilidade dos tratamentos periimplantares tem aumentado bastante nos últimos anos, “mas isso não tem sido acompanhado de uma maior adesão por parte dos colegas a esses tratamentos”. A propósito da pandemia gerada pelo novo coronavírus, vaticina que nada será como dantes, se a classe não se unir em torno de políticas novas para a saúde oral.

Como comenta a atual prática implantológica ao nível global. Acha que existe um excessivo recurso aos implantes no contexto da Medicina Dentária? Depende da perspetiva. Eu, como periodontologista e com uma prática de Medicina Dentária conservadora, posso achar que não temos levado, tanto quanto seria desejável, os tratamentos conducentes à manutenção das peças dentárias a toda a sua extensão possível. E podemos não estar ainda tão despertos para identificar o prognóstico dentário e periodontal de um dente comprometido e assim considerar que o melhor tratamento é a extração e a reabilitação com implantes dentários. Por outro lado, continuamos a ter uma população com um alto nível de edentulismo e que beneficiaria muito de tornarmos os implantes num tratamento mais transversal. Para isso, precisamos de políticas de acesso a tratamentos de saúde oral diferentes.

Na sua opinião, como irá evoluir a reabilitação com implantes? A evidência científica na implantologia tem evoluído bastante. Há mais e melhores estudos e aquelas que eram as controvérsias clássicas, que colocavam dilemas na nossa área, existem cada vez menos. O melhor exemplo é que há 10 anos não existia um congresso onde não existisse uma controvérsia entre prótese cimentada e prótese aparafusada e hoje é quase consensual que a prótese aparafusada é uma modalidade de tratamento melhor para a maior parte dos casos. Há mais informação relativamente à necessidade de otimização dos tecidos moles e duros circunjacentes aos implantes, mais informação sobre a macrogeometria e sobre as superfícies dos implantes. Vejo a implantologia a evoluir num sentido de resultados mais previsíveis e com menos

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Felizmente, deixámos de ver a colocação cirúrgica do implante como o alfa e o ómega da reabilitação com implantes em que, de forma quase ingénua, acreditávamos que um implante muito estável em osso denso era garantia de sucesso complicações, com menos mas melhores opções à medida que temos menos dúvidas, e privilegiando fases de tratamento cirúrgicas e prostodônticas mais conservadoras: com menos consultas, menos intervenções e mais rápidas até ao resultado final. Numa perspetiva de novas soluções no âmbito implantológico, a curto ou médio prazo, que vertentes lhe parecem ser mais cruciais: regeneração de tecidos, biomateriais, superfícies dos implantes ou técnicas cirúrgicas? Todas são importantes. Felizmente, deixámos de ver a colocação cirúrgica do implante como o alfa e o ómega da reabilitação com implantes em que, de forma quase ingénua, acreditávamos que um implante muito estável em osso denso era garantia de sucesso. Hoje sabemos que o sucesso em implantologia é multifatorial e envolve muito mais fatores do que aqueles que pensávamos. Sabemos que os tratamentos prévios como a estabilização de doença periodontal ativa é fundamental; sabemos que perioperatoriamente há uma gestão de tecidos moles e duros a realizar e que não é indiferente se temos boa ou má disponibilidade

de osso, boa ou má disponibilidade de tecidos moles com adequada quantidade e qualidade; sabemos mais sobre as superfícies que funcionam a médio prazo e quais causam complicações. Mais do que integrar novas inovações, o futuro imediato passa por consolidar transversalmente na nossa prática as que já existem. Implantes curtos e estreitos mas mais resistentes, com conexões estáveis que minimizem a infiltração bacteriana, e com métodos de colocação assistidos como a cirurgia guiada, apoiada em workflows digitais, será a realidade transversal a curto prazo. O futuro a médio prazo poderá reservar-nos o aparecimento e afirmação de novos materiais ou até da integração e comercialização das fases iniciais de inovações que já existem na área da biotecnologia, primeiro na reconstrução de tecidos moles e duros e numa segunda fase explorando engenharia de tecidos dentários. Qual é o retrato atual do implantólogo em Portugal e, do seu ponto de vista, que perfil seria o ideal ou mais desejável? É difícil traçar o perfil do implantologista porque não é uma especialidade em si, mas antes uma área científica e uma

Gonçalo Assis tem formação nacional e internacional nas áreas de especialidade da Periodontologia e da Cirurgia Oral, que pratica em exclusividade.

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tecnologia de reabilitação que é usada no contexto de várias especialidades. As áreas da periodontologia, cirurgia oral, prostodontia e endodontia - que usam esta tecnologia - todas têm valores de base, correspondentes aos princípios de tratamento de cada uma delas. Umas serão mais ou menos conservadoras, mais ou menos interventivas, mais ou menos ambiciosas do ponto de vista da extensão do tratamento. Esses valores são aportados à implantologia que cada uma delas pratica, correspondendo também a perfis de implantologistas diferentes, com filosofias de tratamento com pequenas variações entre si. É difícil identificar um perfil mais desejável em valor absoluto, mas acredito que existem perfis de doentes que se adaptarão melhor a diferentes perfis clínicos e de tratamento. Partilha da opinião de que a periimplantite é um forte entrave à reabilitação com implantes? Prefiro acreditar que é mais um dos desafios. Existem muitos fatores que podemos controlar e que podemos mudar para minimizar a incidência de periimplantite nos nossos casos. A começar pela seleção do doente candidato a uma reabilitação de implantes e dando a conhecer os riscos envolvidos e as necessidades futuras de manutenção através de um programa de monitorização da saúde periodontal e periimplantar, realizada por um médico dentista ou higienista oral, previamente ao início do tratamento. A otimização da escolha dos materiais usados, da técnica cirúrgica e prostodôntica envolvidas, poderão resultar em níveis de casos de periimplantite fáceis de gerir; principalmente se também tivermos feito uma adequada gestão das expectativas dos doentes. Os implantes não são necessariamente tratamentos vitalícios e essa informação tem que ser passada de forma sistemática aos doentes. Que requisitos fundamentais deve ter em mente o profissional no tratamento da periimplantite? Toda a filosofia de tratamento atual da periimplantite baseia-se muito nos valores de tratamento da periodontite. E esses são os de tratar as causas da doença antes ou enquanto tratamos as consequências. É fundamental identificar os fatores locais e sistémicos predisponentes e precipitantes da periimplantite. Hoje em dia, tendo a achar que, tal como temos extraído demasiados dentes tratáveis, também temos explantado implantes com condições tratáveis, tanto biológicas, como a periimplantite, como com defeitos dos tecidos moles. Portanto, há um caminho a percorrer na identificação dos implantes nos quais vale a pena esse esforço terapêutico e isso ainda não é consensual entre nós e tem que ser mais discutido. A previsibilidade dos tratamentos periimplantares tem aumentado bastante nos últimos anos – não só porque há tratamentos novos mas também porque os que já existem têm reports de follow-ups mais longos e com sucesso –, mas isso não tem sido acompa-

O médico dentista considera que existem muitos fatores que se podem controlar e mudar para minimizar a incidência de periimplantite.

nhado de uma maior adesão por parte dos colegas a esses tratamentos. Pode ser tentador explantar um implante com periimplantite ou com défices de tecidos moles, mas essa opção corresponde a um esforço de tempo, maior número de tratamentos e maior investimento financeiro tanto do doente como do médico dentista. Por isso, essa pode não ser a opção de tratamento mais conservadora. O paciente deve assumir um papel mais preponderante na prevenção dos problemas do foro periimplantário? Sem dúvida. O doente deve ser colocado no centro do tratamento e deve ser um verdadeiro facilitador e promotor da sua própria saúde oral. Os médicos dentistas podem promover os meios do tratamento, mas não poderão prometer os fins. A otimização das taxas de sucesso dos nossos tratamentos dependem de uma participação ativa do doente e isso deve ser informado. Por exemplo, ajudando no controlo de doenças sistémicas do próprio, aderindo às indicações de tratamento, cuidados pós-operatórios e consultas propostas, e cumprindo um programa rigoroso de controlo e manutenção, que previna a ocorrência de complicações periimplantares. É arriscado para o médico dentista comprometer-se com resultados dos seus tratamentos sem a colaboração do doente. Que importância assumem as novas tecnologias na sua prática clínica? O princípio de poder esclarecer o doente de todos os passos que envolvem o tratamento antes de o começar, para que este possa tomar uma decisão informada, é para mim fundamental.

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O planeamento reverso digital assente em imagiologia tridimensional permite fazê-lo de forma rápida e precisa; assim sendo as novas tecnologias também são ferramentas de comunicação com os pacientes.Neste momento,para mim é impensável colocar qualquer implante, mesmo em casos teoricamente simples, sem pelo menos um CBCT. Desta forma estas tecnologias são cada vez mais centrais e são um excelente aliado para, conhecendo e planeando de antemão, possamos realizar uma cirurgia o mais rápida e precisa possível, e também por isso mais conservadora. Os processos de produção de componentes de prostodontia digitalmente também vieram tornar o processo mais ágil e corresponder às expectativas de celeridade dos doentes em casos específicos. Numa época em que o exercício da profissão cada vez mais se associa a fatores multidisciplinares, é a favor de uma permanente formação e/ou reciclagem dos médicos dentistas? Considero que a crescente especialização dos médicos dentistas tem a grande vantagem de melhorar a qualidade dos tratamentos oferecidos nas respetivas áreas de especialidade, mas pode desviar o foco da perspetiva geral do doente e do interesse de conhecer o doente e a sua saúde oral como um todo. É importante que apostemos em formação interdisciplinar para, pelo menos, conhecermos como é que a nossa área de especialidade se relaciona do ponto de vista do diagnóstico e da terapêutica com outras áreas da Medicina Dentária, mas também é preciso uma verdadeira formação multidisciplinar. No geral, os médicos dentistas têm correspondido, através do esforço e investimento no seu desenvolvimento pessoal e profissional, às necessidades de saúde oral da população e temos hoje dos médicos dentistas mais qualificados do mundo.

Gonçalo Assis encara as novas tecnologias também como ferramentas de comunicação com os pacientes.

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A otimização da escolha dos materiais usados, da técnica cirúrgica e prostodôntica envolvidas, poderão resultar em níveis de casos de periimplantite fáceis de gerir Como antevê o panorama da classe dos médicos dentistas no rescaldo da pandemia de COVID-19? Neste momento, as clínicas deixaram de estar encerradas por despacho ministerial e estamos sob alçada de uma norma de reabertura e de orientações por parte da Direção-Geral da Saúde (DGS) e da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Da mesma forma que os médicos dentistas foram responsáveis,o suficiente para fechar as suas clínicas antes das diretrizes destas entidades no início desta crise, também serão responsáveis o suficiente para não retomar a sua atividade clínica até que as condições mínimas de biossegurança para eles próprios e os seus doentes estejam asseguradas. Seria expectável que fossem divulgadas as normas para a reabertura com o tempo suficiente para a classe se preparar antes desta se efetivar e que fosse garantida a disponibilidade de equipamento necessário ao seu cumprimento. A forma como este assunto foi gerido pela OMD coloca uma pressão enorme em todos os colegas que queiram cumprir escrupulosamente as normas emanadas. Simultaneamente foi dado o estímulo para retomar a atividade clínica e criada essa expectativa na população e, ainda num contexto de falta de material de proteção obrigatório ou de prática de preços especulativos, são retirados alguns apoios como o lay-off ou várias obrigações financeiras. Na ausência total de regulação do mercado da Medicina Dentária em Portugal por demissão de responsabilidades das entidades que tinham essa competência, é preocupante como dois grupos em particular irão sobreviver: os jovens médicos dentistas que optaram por não emigrar e já tinham vínculos precários – muitos auferiam menos retribuição que o salário mínimo nacional – e os pequenos empresários, que têm sido fustigados com muitas taxas e impostos inúteis, e têm visto a tesouraria das suas empresas piorar ano após ano. Nada será certamente como dantes, principalmente se não nos unirmos todos em torno de políticas novas para a saúde oral.


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Enxerto gengival livre - considerações clínicas

Vanessa Rocha Rodrigues Médica dentista. Aluna da Especialização em Periodontologia e Implantes na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). Aluna do Doutoramento na FMDUL. Pedro Lopes Otão Médico dentista. Aluno da Especialização em Periodontologia e Implantes na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). Aluno do Doutoramento na FMDUL. Ana Rita Fradinho Médica dentista. Aluna da Especialização em Periodontologia e Implantes na FMDUL. Rita Lamas Médica dentista. Aluna da Especialização em Periodontologia e Implantes na FMDUL. Pedro Rocha Médico dentista. Aluno da Especialização em Periodontologia e Implantes na FMDUL. Tiago Rodrigues Médico dentista. Aluno da Especialização em Periodontologia e Implantes na FMDUL. Francisco Brandão de Brito Médico dentista. Docente da Especialização em Periodontologia e Implantes na FMDUL.

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Ciência e prática

Introdução A importância da gengiva queratinizada perspetiva histórica Antigamente considerava-se que era necessária uma zona ampla de gengiva aderida e queratinizada em torno de dentes para a manutenção da saúde periodontal e prevenir a perda de inserção e a recessão de tecido mole (Nabers, 1954; Ochsenbein, 1960; Friedman e Levine, 1964; Hall, 1981; Matter, 1982). Durante vários anos, foi predominante o conceito de que uma banda estreita de gengiva: • Era insuficiente para proteger o periodonto de dano causado pelas forças de fricção da mastigação e dissipar os golpes na margem gengival criados pelas inserções musculares da mucosa alveolar adjacente (Friedman, 1957; Ochsenbein, 1960). • Facilitava a formação de placa subgengival devido ao encerramento impróprio da bolsa devido à mobilidade do tecido marginal (Friedman, 1962). • Favorecia a perda de inserção e recessão de tecido mole, devido à menor resistência do tecido à propagação apical das lesões gengivais associadas à placa bacteriana (Stern, 1976; Ruben, 1979). • Quando associado a um fundo de vestíbulo plano, pode favorecer a acumulação de restos alimentares durante a mastigação e impede corretas medidas de higiene oral (Corn, 1962; Carranza & Carraro, 1970). As opiniões acerca da quantidade “adequada” ou “suficiente” de gengiva variam. De um ponto de vista biológico, Friedman (1962) e De Trey e Bernimoulin (1980) consideram que uma quantidade adequada é aquela que seja compatível com a saúde gengival ou previna recessão gengival durante os movimentos da mucosa alveolar.

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Lang e Loe (1972) avaliaram o significado da dimensão de uma determinada zona gengival na manutenção da saúde periodontal. Avaliaram estudantes de Medicina Dentária sujeitos a controlo de placa bacteriana profissional uma vez por dia, durante seis semanas. Todas as localizações vestibulares e linguais/palatinas foram examinadas relativamente à presença de placa, condições gengivais e altura de gengiva. Verificaram que todos os locais, com menos de 2 mm de gengiva, mesmo na ausência de placa bacteriana, apresentaram sinais clínicos persistentes de inflamação. Wennstrom e Lindhe (1983 a,b) avaliaram a quantidade mínima de gengiva aderida para uma adequada proteção do periodonto, em cães Beagle. Nestes estudos, as unidades dento-gengivais com diferentes características clínicas foram experimentalmente estabelecidas: 1. Unidades com uma zona estreita e móvel de tecido queratinizado. 2. Unidades com gengiva aderida firme e ampla. Concluíram que, com medidas de controlo de placa bacteriana realizadas diariamente, as unidades podem manter-se livres de sinais de inflamação clínicos ou histológicos, independentemente da presença ou ausência de uma porção de gengiva aderida. Quando era permitida a acumulação de placa bacteriana (durante 40 dias), desenvolviam-se sinais clínicos de inflamação (eritema e edema) que eram mais pronunciados em regiões dentárias com gengiva móvel do que em zonas com uma banda larga e firme de gengiva aderida. No entanto, a análise histológica revelou que a dimensão do infiltrado celular inflamatório e a sua extensão em direção apical era similar nas duas unidades analisadas. Assim, os resultados de que os sinais clínicos da inflamação gengival não correspondem ao tamanho do infiltrado inflamatório ilustra as dificuldades inerentes à interpretação dos


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dados obtidos a partir das observações clínicas, em diferentes condições de largura de gengiva. Isto deve ser tido em conta quando se interpretam os estudos de Lang e Loe (1972), que consideraram que os sinais clínicos observáveis de inflamação são mais frequentes em áreas com menos de 2 mm de gengiva do que em zonas com uma larga banda de gengiva.

al., 1992). A perda localizada de inserção com recessão gengival está localizada principalmente nos espaços interproximais em pacientes com inflamação periodontal induzida por placa e na superfície vestibular dos dentes em pacientes com altos padrões de higiene oral, podendo afetar superfícies radiculares simples ou múltiplas (Loe et al., 1992), (figs. 1 a 4).

Da análise dos estudos realizados até à data, conclui-se que a saúde gengival pode ser mantida independentemente das suas dimensões. Na presença de placa, áreas com uma banda estreita de gengiva apresentam um grau similar de “resistência” à contínua perda de inserção semelhante a áreas com uma larga banda de gengiva. O tradicional dogma da necessidade de uma adequada largura de gengiva (em mm) ou uma porção aderida de gengiva, para a prevenção de perda de inserção não é cientificamente suportada (Lindhe e Lang, 2015).

Enxerto gengival livre – indicações

Enxerto gengival livre – considerações clínicas

Enxerto gengival livre – técnica cirúrgica

A recessão gengival é definida como o deslocamento da margem do tecido mole para uma posição apical à junção amelocimentária (JAC) (American Academy of Periodontology. Glossary of Periodontal Terms) e é uma característica clínica frequente em populações com bons e maus padrões de higiene oral (Loe et

Preparação do leito recetor

Segundo a literatura, o enxerto gengival livre está indicado para aumento de banda de gengiva queratinizada à volta de dentes (Aguido et al., 2009) e à volta de implantes (Roccuzzo et al., 2016). Alguns autores afirmam ainda que esta técnica pode ser usada para recobrimento radicular (Cortellini et al., 2012; Zuchelli e De Sanctis 2013) e aumento da profundidade do vestíbulo (Yadav et al., 2014).

O procedimento cirúrgico inicia-se com a preparação do leito recetor, permitindo um período de tempo adequado para a hemóstase do leito e minimizando o intervalo de tempo

Figs.1 a 4. Recessões gengivais.

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Figs. 5 e 6. Preparação do leito recetor.

Preparação do local dador

Os nervos e vasos sanguíneos palatinos maiores e menores entram no palato através do orifício palatino maior e menor. A localização destes orifícios varia, mas normalmente pode ser identificado apicalmente ao terceiro molar na junção da porção horizontal e vertical do osso palatino. A banda neuro-vascular pode estar localizada de 7 a 17 mm da JAC dos pré-molares e molares maxilares. Dada a variabilidade de posicionamento, antes de se proceder à incisão inicial para recolha de um enxerto do palato, o clínico deve tentar palpar o sulco ósseo, que é mais facilmente palpável na sua extensão posterior. Quando o palato é raso, as estruturas neurovasculares estão localizadas mais proximamente da JAC e pelo contrário, num palato alto (forma-de-U), as estruturas neurovasculares encontram-se mais afastadas da JAC (Raiser et al., 1996).

A mucosa palatina é a zona mais utilizada, mas tem limitações anatómicas. A submucosa do palato anterior é rica em tecido adiposo, que se é inadvertidamente incluída no enxerto pode atuar como barreira à difusão e vascularização e, por isso, deve ser removida antes da colocação do enxerto. Por outro lado, no palato posterior existe o orifício palatino maior e os vasos que o acompanham, o que pode limitar a abordagem cirúrgica (Sullivan e Atkins, 1968).

O ramo terminal da artéria palatina maior estende-se até ao orifício incisivo, onde passa acima do canal incisivo para o septo nasal, na área Kiesselbach. Por esta razão, é aconselhável limitar a extensão anterior de recolha de enxertos, à linha ângulo distal do canino, devido ao percurso ascendente da artéria palatina maior e uma aproximação a JAC dos dentes adjacentes. Por sua vez, se ocorrer lesão desta banda neurovascular, pode ocorrer anestesia, parestesia ou hemorragia (Raiser et al., 1996), (figs. 7 a 9).

entre a remoção e colocação do enxerto. O epitélio, tecido conjuntivo e fibras musculares do local recetor são dissecadas até ao periósteo. A camada de tecido mole remanescente forma a base imóvel, que permite a imobilização do enxerto e reduz a contração pós-operatória do mesmo (Sullivan e Atkins, 1968), (figs. 5 e 6). A superfície do leito deve ser plana para prevenir a acumulação de sangue e a formação de um coágulo nas zonas irregulares. Após a preparação, uma gaze embebida com solução salina deve colocar-se sobre o leito para controlar a hemorragia (Sullivan e Atkins, 1968).

Figs. 7 a 9. Preparação da zona dadora.

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Antes de recolher o enxerto, um template com uma folha de estanho/cera pode ser feito e posteriormente transferido para o local dador. O template assegura um adequado contorno do tecido para que este seja compatível com a zona recetora. (figs. 10 e 11). Para minimizar o trauma e a desidratação, coloca-se o enxerto no leito recetor previamente preparado tão cedo quanto possível. Por qualquer atraso devido a uma inadequada hemóstase, o enxerto deve colocar-se numa gaze com solução salina (Sullivan e Atkins, 1968). Espessura do enxerto Soehren et al. (1973) relataram que a espessura do epitélio palatino variou de 0,1 a 0,6 mm com uma espessura média de 0,34 mm. Esses autores recomendam o uso de enxertos com pelo menos de 0,75 a 1,25 mm de espessura para garantir que haja um componente de tecido conjuntivo adequado (figs. 12 e 13). Tratamento da superfície radicular exposta Antes do procedimento de recobrimento radicular, a superfície radicular exposta deve estar livre de biofilme bacteriano,

o que pode ser alcançado pelo uso de uma taça de borracha com pasta de polimento. Um alisamento radicular extenso, apenas deve ser realizado, quando uma proeminência radicular reduzida é considerada benéfica para a sobrevivência do enxerto. Alguns autores, preconizam o uso de agentes de desmineralização da superfície radicular, não apenas para a remoção de smear layer, mas também para facilitar a formação de uma nova adesão fibrosa. No entanto, com base em uma revisão sistemática sobre a eficácia do condicionamento da superfície radicular, Oliveira e Muncinelli (2012) concluíram que não há evidências de que a biomodificação da superfície radicular, por exemplo, ácido cítrico, EDTA ou laser antes do recobrimento radicular melhore o resultado clínico dos procedimentos (figs. 14 e 15) Imobilização do enxerto Após a sua remoção, o enxerto imobiliza-se num leito recetor não sangrante, o que é fundamental para a sobrevivência do enxerto. Os passos para a imobilização incluem a sutura e a formação do coágulo de fibrina. Durante a sutura, deve-se minimizar o trauma, prevenindo dano desnecessário à vascu-

Figs. 10 e 11. Template.

Figs. 12 e 13. Avaliação da espessura do enxerto.

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Figs. 14 e 15. Preparação da superfície radicular.

Fig. 16. Adaptação do enxerto à zona recetora.

larização do enxerto. Deve usar-se um número mínimo de suturas (Sullivan e Atkins, 1968), (fig. 16). Após a sutura, deve-se realizar pressão contra o enxerto durante cinco minutos para eliminar o coágulo sanguíneo que se encontra entre o enxerto e a zona recetora. A deslocação total de coágulo sanguíneo é difícil, se existirem irregularidades da superfície recetora/dadora. Estas irregularidades atuam como reservatórios de sangue que levam à formação de coágulos localizados entre o enxerto e o leito recetor. Na ausência de irregularidades de superfície, a pressão resulta no deslocamento do coágulo sanguíneo e uma aproximação íntima do enxerto com o leito (Sullivan e Atkins, 1968), (figs. 17 a 20).

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Cicatrização dos enxertos gengivais livres A sobrevivência de um enxerto colocado sobre uma superfície radicular desnudada, depende da difusão do plasma e da revascularização das partes do enxerto, que repousam no leito do tecido conjuntivo. A quantidade de tecido que pode manter-se sobre a superfície radicular é limitada pelo tamanho da área avascular (Oliver et al., 1968; Sullivan e Atkins, 1968). Outro fenómeno de cicatrização frequentemente observado, após procedimentos de enxertos gengivais livres, é o creeping attachment, relatado por Matter (1980), que consiste na migração coronal da margem do tecido mole. Este fenómeno ocorre entre um mês e um ano após a cirurgia.


TEMa DE CaPa PERIODONTOLOGIA E IMPLANTES Ciência e prática

Figs. 17 a 20. Sutura do enxerto à zona recetora.

Figs. 21 a 23. Cicatrização do enxerto.

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A cicatrização de enxertos gengivais livres, estudada por Oliver et al. (1968) • Fase inicial (de zero a três dias), (fig. 21): – Uma fina camada de exsudado está presente entre o enxerto e o leito recetor. – Degeneração e descamação da camada superficial do epitélio. – Circulação plasmática por difusão. – Não há vascularização do enxerto. • Fase de revascularização (de dois a 11 dias), (fig. 22):

– Tecido conjuntivo torna-se normal. – Reabsorção óssea mínima. – Novo epitélio a recobrir o enxerto ao dia 11. – Vascularização densa a partir do dia sete. • Fase de maturação do tecido (de 11 a 42 dias), (fig 23): – Tecido conjuntivo não se altera desde o dia 14. – Aumento da espessura do epitélio com tecido queratinizado (dia 28). – Menor número de vasos, mas de maior diâmetro.

Conclusão Segundo a literatura, o enxerto gengival livre ainda é considerado o gold standard para aumentar a espessura dos tecidos moles e aumentar o tecido queratinizado à volta de dentes e implantes, aumentar a profundidade do vestíbulo e corrigir problemas relacionados com freios proeminentes (Zucchelli et al., 2019).

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Reabilitação total com implantes dentários em zircónia: passo a passo do laboratório à clínica. Caso clínico - follow up de 10 anos

João Mouzinho Médico dentista. mouzinhojoao@gmail.com Mestre em Periodontologia pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte (CESPU). Docente da Pós-graduação de Reabilitação Oral Biomimética avançada (CESPU). Ex-coordenador clínico e docente da Pós-graduação de Implantologia (CESPU). Curso de Capacitação em Implantologia e Enxertos ósseos pela Faculdade de São Leopoldo Mandic (Brasil). Pós-graduado em Reabilitação Intra e Extra Oral com Implantes Osteointegrados pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Pós-graduado em Reabilitação Oral Biomimética Avançada pelo Instituto Universitário Egaz Moniz. CEO da Molar Clinic. André Quelhas Técnico de prótese dentária. Formado pela Escola de Prótese Dentária da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (desde 1986). Soma 34 anos de dedicação à prótese fixa e implantologia laboratorial. Colaborou durante 12 anos (1990-2012) com a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, na disciplina de Prótese Fixa Clínica do sexto ano do curso de Medicina Dentária.

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PERIODONTOLOGIA E IMPLANTES tema de capa

Ciência e prática

Introdução A zircónia foi descoberta numa pedra semi-preciosa pelo químico alemão Martin Heinrich em 1789. Duzentos anos depois as indústrias de alta tecnologia exploraram as suas potencialidades. Devido à sua alta força e longevidade está a ser usada na tecnologia aeronáutica, nos motores de veículos, medicina e Medicina Dentária. Fig. 1. Foto inicial intraoral em 2009.

A solicitação crescente dos pacientes pela estética tem suscitado um aumento nas possibilidades terapêuticas de reabilitação oral. Estes altos padrões levaram a um uso de novos materiais para um resultado estável, duradouro e de aparência natural. Objetivos Os autores pretendem demonstrar passo a passo a construção laboratorial e reabilitação oral total clínica, e seus erros, com uma prótese total implantossuportada totalmente em zircónia com estratificação vestibular.

Fig. 2. Estudo da reabilitação em 2009.

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TEMa DE CaPa PERIODONTOLOGIA E IMPLANTES Ciência e prática

Materiais e métodos Paciente do sexo feminino, de 42 anos, sem antecedentes clínicos relevantes, que compareceu à clínica com o objetivo de “mudar por algo mais estético” a sua reabilitação total fixa implantossuportada. Tinha seis implantes dentários no maxilar superior que foram reabilitados com uma prótese total fixa em zircónia monolítica com estratificação vestibular. Fez-se adicionalmente uma pesquisa na PUBMED desde 2001 até 2020 para um estado de arte sobre o tema com as seguintes palavras chave: zircónia, prótese fixa, implantes dentários.

Fig. 3. Estudo da estratificação em 2009.

Resultados A utilização da reabilitação implantossuportada com zircónia monolítica com estratificação vestibular é uma técnica alternativa na reabilitação oral com implantes osteointegrados, com vantagens como ausência de cracks na cerâmica, alta translucidez, elevada força de flexão por omissão da cerâmica estratificada na face oclusal e bordos incisais, com um follow up de 10 anos. Fig. 4. Prótese fixa em zircónia em 2009.

Fig. 5. Aspeto da prótese no modelo em 2009.

Fig. 6. Aspeto intraoral em 2009.

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PERIODONTOLOGIA E IMPLANTES tema de capa


TEMa DE CaPa PERIODONTOLOGIA E IMPLANTES Ciência e prática

Fig. 7. Trabalho final intraoral em 2009.

Fig. 8. Aspeto extraoral em 2009.

Fig. 9. Aspeto oclusal em 2009.

Fig. 10. Foto da face em 2009.

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PERIODONTOLOGIA E IMPLANTES TEMa DE CaPa Ciência e prática

Figs. 11 a 15. Controlo do trabalho aos 10 anos (2020).

Conclusões O conhecimento das várias técnicas de reabilitação oral permite obter resultados estéticos e funcionais satisfatórios devolvendo a harmonia do sorriso e o bem estar do paciente. A zircónia monolítica é um material alternativo nas reabilitações implantossuportadas, mas necessita de mais estudos a longo prazo para mostrar a sua eficácia, mesmo após 10 anos de funcionamento.

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Calendário

ENDODONTIA

ENDODONTIA

Título de experto em endodontia

Que sistema de limas usar na prática clínica?

CEOdont organiza este curso orientado por Juan Manuel Liñares Sixto e dirigido a todos os pós-graduados que queiram iniciar-se ou aperfeiçoar o seus conhecimentos no mundo da endodontia. Trata-se de uma interessante oportunidade para conhecer os últimos avanços neste domínio, tanto no campo do diagnóstico como do tratamento, instrumental, técnicas e materiais. Eis os módulos que compõem o programa que se iniciará no próximo mês de novembro: • 1. Abertura cameral e preparação de condutos; de 1 a 3 de novembro. • 2. Instrumentação mecânica; de 17 a 19 de dezembro. • 3. Obturação de condutos radiculares; de 21 a 23 de janeiro de 2021. • 4. Restauração após a endodontia; de 4 a 6 de março de 2021. • 5. Retratamento e endodontia cirúrgica; de 1 a 3 de abril de 2021.

O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) tem agendado para o dia 13 de julho, na Guarda, um curso subordinado ao tema “Que sistema de limas usar na prática clínica? Que evidência científica?”, que terá como orientador o médico dentista Hugo Sousa Dias, com prática clínica exclusiva em endodontia e microcirurgia endodôntica. Pretende-se com este curso de final do dia mostrar o que existe, em termos de evidência científica, que possa auxiliar o clínico aquando a sua seleção do(s) sistema(s) para cada situação clínica, bem com apresentar algumas dicas que promovam a segurança desta etapa do tratamento endodôntico.

(0034) 915 530 880 - cursos@ceodont.com - www.ceodont.com

DESTAQUE

SPPI realiza reunião anual em fevereiro de 2021

Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes Centro de Congressos de Aveiro www.sppi.pt

226 197 690 - formacao@omd.pt

A reunião anual da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI), que estava agendada para os dias 20 e 21 de março passado, foi alterada para os dias 5 e 6 de fevereiro do próximo ano, devido à atual conjuntura de pandemia global, provocada pelo surto do novo coronavírus. O Centro de Congressos de Aveiro mantém-se como cenário da reunião e o programa científico também se prevê sem alterações, focado nos principais desafios da prática clínica atual da periodontologia e da implantologia. O primeiro dia da reunião será dedicado a cursos hands-on, enquanto a segunda jornada será preenchida com palestras de oradores de renome, tais como Sofia Aroca, que é uma das referências mundiais em cirurgia plástica periodontal e, nomeadamente, no tratamento de recessões gengivais. Da Universidade Complutense de Madrid (Espanha) virão Ignacio Sanz Sánchez e Ana Molina Villar. De França, e em representação da Sociedade Francesa de Periodontologia e Implantologia Oral, espera-se a presença de Frédéric Gadenne. Os oradores portugueses serão António Mano Azul e Pedro Moura.

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Calendário

ESTÉTICA

ESTÉTICA

Recubrimento cuspídeo: indicações e técnicas

Título de experto em estética dentária

O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) agendou para o dia 7 de setembro próximo, em Viseu, um curso de fim de dia subordinado ao tema “Recobrimento cuspídeo: indicações e técnicas”, ministrado pelo médico dentista Cristiano Pereira Alves. O orientador é pós-graduado em Competências Clínicas Profissionalizantes em Medicina Dentária, pela Universidade Fernando Pessoa (Porto), e em Reabilitação Oral Protética, pela Universidade de Coimbra, onde é também assistente convidado da disciplina de Prótese Fixa e da pós-graduação em Reabilitação Oral Protética.

A CEOdont anuncia mais uma edição deste curso orientado, em Madrid, por Mariano Sanz, José A. de Rábago e Rafael Naranjo. Eis os módulos (existe a opção de fazer módulos soltos) do programa agendado para 2021: • 1. Capas de porcelana I; de 11 a 13 de fevereiro. • 2. Capas de porcelana II; de 11 a 13 de março. • 3. Coroas de recubrimento total e incrustrações; 9 e 10 de abril. • 4. Periodontia clínica na prática geral; 4 e 5 de junho. • 5. Cirurgia plástica periodontal; 9 e 10 de julho. • 6. Cirurgia mucogengival e estética; 17 e 18 de setembro. • 7. Restauração com compósitos I; 23 e 24 de outubro. • 8. Restauração com compósitos II; 27 e 28 de novembro. • 9. Curso teórico-prático em Nova Iorque (EUA); de 14 a 18 de junho.

226 197 690 - formacao@omd.pt

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IMPLANTOLOGIA

IMPLANTOLOGIA

Elevação de seio maxilar

Título de experto em cirurgia e prótese sobre implantes

O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) tem prevista para o dia 21 de setembro próximo, em Faro, uma formação subordinada ao tema “Elevação de seio maxilar por abordagem crestal com osseodensificação”, ministrada pelo médico dentista João Gaspar. A osseodensificação representa claramente uma mudança de paradigma na preparação do leito implantar. Nesta apresentação, será abordada a evidência científica sobre este conceito e irão ser apresentados vários casos clínicos ilustrativos do potencial da técnica no âmbito da elevação do seio maxilar.

A CEOdont levará a cabo em 2021, em Madrid, mais uma edição deste curso, orientado por Mariano Sanz Alonso, José A. de Rábago Vega e Rafael Naranjo Mota. O programa consta dos seguintes módulos: • 1. Diagnóstico e plano de tratamento; de 28 a 30 de janeiro. • 2. Cirurgia sobre implantes; de 25 a 27 de fevereiro. • 3. Prótese sobre implantes; de 18 a 20 de março. • 4. Curso de enxerto ósseo e elevação de seio; de 15 a 17 de abril. • 5. As novas tecnologias digitais em implantologia; de 20 a 22 de maio.

226 197 690 - formacao@omd.pt

A Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) decidiu suspender algumas das ações de formação presenciais que tinha previsto realizar nos próximos tempos, designadamente a iniciativa “Noites da SPEMD”, que se traduz em sessões formativas organizadas alternadamente em Lisboa, Porto e Coimbra, devido à atual conjuntura e à necessidade de cumprirmos o isolamento social decorrente da pandemia causada pela COVID-19. Em alternativa, as sessões das “Noites da SPEMD” foram convertidas numa série de webinários, de inscrição online obrigatória, que vão decorrer ao longo deste mês e em julho. Eis os oradores e as datas das próximas sessões: Paulo Carvalho, dia 16 deste mês; Vítor Brás, dia 30 deste mês; Helena Francisco, 9 de julho, e Tiago Fonseca, 14 de julho.

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SPEMD organiza este mês e em julho uma série de webinários

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária www.spemd.pt

DESTAQUE

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Calendário

ORTODONTIA

ORTODONTIA

Pós-graduação em ortodontia

Desenho e desenvolvimento de alinhadores

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, prevê para os dias 24 a 26 de setembro próximo o início, em Madrid, de mais uma edição da pós-graduação em ortodontia “Experto em ortodontia funcional, aparatologia fixa estética e alinhadores”, orientada por Alberto Cervera. O programa divide-se em oito módulos e inclui a tecnologia de alinhadores como alternativa ao tratamento de más oclusões, avaliação estética do caso e confeção de aparelhos de ortodontia. Abrange as seguintes áreas: protocolo de diagnóstico e tratamento, estudos de síndromas clínicos, práticas em tipodontos com brackets metálicos, estéticos e alinhadores, e práticas clínicas tutorizadas.

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza em Madrid, em data por confirmar, o curso de formação “Desenho de alinhadores”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação complementa o programa “Experto em ortodontia”, também com a chancela da ORTOCERVERA, e tem como finalidade transmitir conhecimentos na área do desenho e desenvolvimento das distintas fases de tratamento com alinhadores. Inclui práticas com simulador de alinhadores.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

VÁRIOS

ORTODONTIA Desenho de alinhadores para técnicos de prótese

Congresso da SPEMD regressa a Coimbra em 2021

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza regularmente, em Madrid, o curso de formação “Desenho de alinhadores para técnicos de prótese”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação destina-se tanto a técnicos de prótese que já estão familiarizados com a área da ortodontia como a profissionais sem experiência neste domínio, que pretendem conhecer as possibilidades que as técnicas com alinhadores oferecem.

O XL congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) foi adiado, devido à pandemia de COVID-19. O próximo encontro anual da centenária sociedade científica, por sinal a mais antiga do setor dentário na Península Ibérica, deverá celebrar-se no segundo fim de semana de outubro de 2021, em Coimbra. O congresso da SPEMD voltará a reunir no emblemático Convento de São Francisco da cidade dos estudantes cerca de um milhar de participantes, entre oradores e profissionais de todas as áreas da saúde oral, bem como algumas dezenas de representantes da indústria dentária.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

www.spemd.pt

DESTAQUE

SPE realiza em setembro o seu terceiro congresso

A Sociedade Portuguesa de Endodontologia (SPE) tem previsto organizar o seu terceiro congresso nos dias 18 e 19 do próximo mês de setembro, nas instalações do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). De acordo com a organização, trata-se de um evento de excelência para a endodontia e Medicina Dentária em Portugal, com palestrantes nacionais e estrangeiros de grande destaque. O programa, que inclui variados cursos pré-congresso, tem um grande potencial em termos de conhecimentos teóricos e práticos em endodontia para todos os participantes.

Sociedade Portuguesa de Endodontologia Instituto Universitário de Lisboa congresso2020@spendo.pt

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Calendário

VÁRIOS

VÁRIOS

WCDT Lisboa adiado para junho de 2021

Congresso da APHO reagendado para janeiro de 2021

O 21º World Congress in Dental Traumatology (WCDT), que estava agendado para este mês no Centro de Congressos de Lisboa, mas foi adiado devido à pandemia de COVID-19, já tem nova data confirmada: vai realizar-se de 2 a 5 de junho do próximo ano no mesmo recinto lisboeta. A organização local deste evento internacional está a cargo da Sociedade Portuguesa de Endodontologia, presidida por António Ginjeira, em parceria com a International Association of Dental Traumatology (IADT) e a European Society of Endodontology (ESE).

Com os recentes desenvolvimentos que afetam o normal panorama de saúde pública, a Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO) analisou o assunto globalmente, atendendo às recomendações nacionais e internacionais, tendo decidido adiar o seu XX congresso nacional, previsto para os dias 17 e 18 de abril, em Lisboa. A direção da APHO e a comissão organizadora do congresso tomaram esta decisão com o objetivo de assegurar as melhores condições de segurança e a saúde de todos os intervenientes. A nova data prevista será os dias 29 e 30 de janeiro de 2021, mantendo-se o local da sua realização (Lisboa) e o programa científico.

www.wcdt2021.com

www.apho.pt

VÁRIOS

VÁRIOS

29o congresso da OMD mantém-se em novembro

Aplicação clínica do avanço mandibular para o tratamento do SAHS

O congresso anual da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) regressa ao Porto este ano, estando agendado para os dias 5 a 7 de novembro. A edição nortenha do maior encontro nacional da área da saúde oral (e da saúde em geral) voltará a ter como cenário as amplas instalações da Exponor, em Matosinhos, onde decorrerá, paralelamente ao programa científico, mais uma edição da Expodentária. A integração da Medicina Dentária com o ambiente, com a saúde geral e setorial e ainda com a qualidade de vida dos utentes e sobretudo dos profissionais da saúde oral, será a missão e o foco do próximo congresso.

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza este curso personalizado, ministrado por Mónica Simón Pardell, em Madrid (Espanha), para o correto enfoque terapêutico dos transtornos respiratórios obstrutivos do sono. Este curso obedece ao seguinte programa: introdução ao SAHS (conceitos básicos e definições), protocolo diagnóstico odontológico do SAHS, tratamento do SAHS, algoritmo do tratamento do SAHS, toma de registos e individualização de parâmetros para a confeção de um dispositivo de avanço mandibular (DAM), aplicação com casos práticos e curso personalizado e “a la carta”.

www.omd.pt

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

VÁRIOS

VÁRIOS

IV congresso da SPDOF realiza-se em maio de 2021

3Shape celebra este mês Global Symposium online

Face à situação originada pela pandemia do novo coronavírus, a Sociedade Portuguesa de Disfunção Oro-Facial (SPDOF) decidiu adiar o congresso que tinha marcado para o passado mês de maio. A quarta edição do encontro transita, mantendo programa e local, para os dias 13 a 15 de maio de 2021, na Fundação Bissaya Barreto, em Coimbra. Todos os compromissos da SPDOF serão mantidos no que toca a palestrantes, patrocinadores, colaboradores e congressistas. A plataforma e o site do congresso continuarão ativos, a receber inscrições e resumos para as novas datas.

O Global Symposium da 3Shape converte-se este ano numa maratona de webinários para profissionais do setor dentário. Trata-se de uma oportunidade única para que os profissionais se liguem entre si, mantenham o seu negócio bem encaminhado e partilhem aprendizagem online. O seu programa de formação em direto, no qual participarão grandes especialistas, abrirá as suas portas virtuais no dia 19 deste mês, às 13 horas, e prolongar-se-á durante 24 horas seguidas. Inclui 30 seminários ao vivo, a título gratuito, com um amplo leque de temas, desde o desenvolvimento do negócio até aos fluxos de trabalho numa clínica dentária, passando por questões relacionadas com a pandemia.

www.spdof.pt

www.3shape.com

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Novidades

Nova versão do programa Implant Studio 20.1

Sistema de aspiração extraoral VacStation

A 3Shape acaba de apresentar a atuawww.3shape.com lização do programa Implant Studio 20.1, que inclui a criação de guias com suporte ósseo para os profissionais de Medicina Dentária que trabalham com casos edêntulos mais avançados. Este programa facilita o diagnóstico e a planificação de implantes com um novo sistema de notificações e sugestões.

O sistema de aspiração extraoral VacStawww.douromed.com tion, cuja distribuição está a cargo da Douromed, foi projetado para reduzir o risco de infeção pela transmissão de vírus e germes em consultórios dentários. Graças ao uso do VacStation, é possível impedir a propagação de sangue, saliva, bactérias, vírus e outras substâncias durante os tratamentos dentários. O sistema de filtros HEPA do VacStation garante a remoção de pelo menos 99,97% das partículas. Nos dias de hoje, este produto é uma boa aposta para diminuir o risco de contaminação pelo novo coronavírus.

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Novidades

Chaves de inserção para XDrive recto e Basic

3Shape Real View e IvoSmile inovação em ortodontia

A ZIACOM lançou um novo desenho para www.ziacom.es as chaves de inserção para os pilares transepiteliais Basic e XDrive recto. Estas chaves permitem realizar a fixação ao pilar, através de um parafuso posterior, para dar o torque recomendado de 30 Ncm ao implante fazendo uso da chave de fendas dinamométrica. Por este motivo, o novo desenho consta de uma chave de inserção com maior comprimento na sua parte ativa, o que garante uma ótima fixação e oferece ao profissional uma manipulação mais cómoda em espaços interdentários estreitos e em zonas edêntulas posteriores.

3Shape Real View e IvoSmile é uma www.3shape.com clara inovação no domínio da realidade aumentada que permite oferecer aos pacientes uma ideia realista do resultado final do tratamento de ortodontia sobre a sua própria imagem. A visualização em 3D realiza-se em tempo real para criar uma ferramenta muito poderosa, que permite a participação do paciente e conseguir a aceitação dos tratamentos.

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DESTAQUE

Indústria

Malo Clinic alarga atividade a sete clínicas

Edição virtual do Global Symposium atraiu mais de 10.000 participantes

A Malo Clinic decidiu alargar a sua atividade em Portugal para além dos cuidados de Medicina Dentária de emergência que prestava aos portugueses desde o início da situação de pandemia. As suas clínicas de Lisboa, Porto, Coimbra, Alvor, Funchal, Leiria e Faro passam a servir a população que necessita de realizar consultas não urgentes, assentes em fortes protocolos de segurança que visam defender a saúde dos clientes, dos médicos dentistas e das várias equipas colocadas ao serviço dos pacientes. A realização de consultas e tratamentos foi retomada no passado dia 11 de maio, estando sujeita a marcação prévia e ao cumprimento de todos os protocolos de segurança previstos.

Com mais de 10.000 inscrições individuais, a edição online do Nobel Biocare Global Symposium, levada a cabo pela Envista, não foi apenas um evento formativo extraordinário, mas também um exemplo de como as equipas de trabalho à distância conseguem adaptar-se rapidamente às novas circunstâncias. “Eu esperava poder encontrar pessoalmente os participantes em Las Vegas (EUA), mas as circunstâncias alteraram-se para todos nós”, observou Patrick Eriksson, presidente da Nobel Biocare Systems, que se mostra extremamente agradecido aos conferencistas e à sua equipa pela forma como “transformaram subitamente o simpósio deste ano no nosso evento online mais bem sucedido de sempre”.

https://maloclinics.com/marcacoes

www.nobelbiocare.com

Nova plataforma de formação online E-learning Hub

www.3shape.com

A 3Shape deu a conhecer uma nova plataforma em linha para a formação, designada por E-learning Hub. A plataforma apresenta-se como uma “janela única” em que os profissionais podem inscrever-se nos seminários web diários da 3Shape, assistir às sessões já realizadas e conservadas em arquivo, unir-se às aulas virtuais de instrução e reservar sessões individuais com expertos da 3Shape Academy Iberia. As inscrições podem ser feitas através do seguinte link: www.3shape.com/en/academy/online-learning-hub.

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Aspeto da nova plataforma de formação da 3Shape.



Indústria

DVD organiza barómetro europeu sobre setor dentário e COVID-19 A DVD Dental participa no primeiro barómetro europeu sobre os médicos dentistas e o novo coronavírus, junto com as restantes empresas, em outros países do continente, do grupo Stemmer, o maior grupo do setor dentário à escala europeia. Com este estudo procura-se apurar como encaram os médicos dentistas europeus esta crise de saúde pública, que fatores os preocupam e como planeiam o regresso à prática clínica. O estudo da DVD inicia-se com a fase de recolha de datos, que se pretende que seja o mais exaustiva e ampla possível. Para isso foi disponibilizado aos profissionais do setor um inquérito que requer apenas 10-12 minutos a completar. www.dvd-dental.com

The Dental Advisor premeia sistema Composi-Tight 3D Fusion O sistema de matriz seccional Composi-Tight 3D Fusion, da Garrison Dental Solutions, recebeu o prémio Top Sectional Matrix da The Dental Advisor. Este produto destacou-se por melhorar os resultados das restaurações de resina composta em classes II e reduzir o tempo total de procedimento. A Garrison introduziu em 1996 o sistema de matriz seccional Composi-Tight para o procedimento das restaurações compostas da classe II, e em 2017 lançou a inovação 3D Fusion, que pode usar-se a distal do canino, em dentes com coroas clínicas curtas, no paciente infantil e pediátrico e em preparações extremamente largas, com o anel verde para cavidades grandes. www.garrisondental.com

Grupo Phibo doa recursos à investigação sobre a COVID-19 O Grupo Phibo destinou recursos de computação para ajudar na luta contra a pandemia de COVID-19 através de Folding@House, um projeto de investigação internacional sobre doenças. Folding@House, com sede em Washington (Estados Unidos), centra os seus estudos no comportamento das proteínas e sua interação com as células humanas com a vista posta no desenho de fármacos, e para realizar os cálculos complexos que requer este trabalho são precisos enormes recursos de computação. O Departamento de IT do Grupo Phibo reconfigurou e doou 50% dos recursos de computação da empresa (até 15 servidores) para o projeto. www.phibo.com

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Junho 2020 no 109 P

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Tema de capa

Ciência e atualidade do setor dentário - ano XV

Periodontologia e Implantes Crónica

Dossier

A atualidade em periodontologia e implantes é o tema de capa desta edição, onde se incluem casos clínicos da autoria de Vanessa Rocha Rodrigues e João Mouzinho

Falamos com...

Eleições para os órgãos da OMD com cabeças de lista inéditos publicidade

Maria Grego Esteves, médica dentista: “Impacto da pandemia de COVID-19 na atividade dos profissionais de saúde oral”

Gonçalo Assis, médico dentista especialista em Periodontologia


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