REVISTA PORTUGAL JUNHO 109

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ponto de vista COVID-19 e a Medicina Dentária: um desafio do outro mundo Desde o início de março que estamos a viver uma realidade completamente impensável há uns meses.

Paulo Ribeiro de Melo

Médico dentista. Coordenador da Comissão de Acompanhamento COVID-19 da Ordem dos Médicos Dentistas.

No seguimento dos desenvolvimentos relacionados com a disseminação mundial das infeções originadas pelo coronavírus SARS-COV-2, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente que estávamos perante uma pandemia a 12 de março de 2020. De acordo com a OMS, uma pandemia é a disseminação mundial de um vírus, sobre o qual a maior parte das pessoas não tem imunidade. Estamos, por isso, num tempo de vivências únicas, em que fomos obrigados a ficar confinados à nossa habitação e, para a grande maioria da população, parando o seu trabalho e meio de subsistência. Todos podemos observar que as medidas foram sendo uniformes e bastante semelhantes em vários pontos do globo. Portugal e a Medicina Dentária não foram uma exceção. Portugal tem seguido as recomendações da OMS e gerido a pandemia, do ponto de vista de saúde pública, de uma forma que tem permitido, até ao momento, limitar as repercussões negativas desta ameaça. Também a Medicina Dentária foi fustigada de forma implacável por esta pandemia, ao ser obrigada a encerrar as suas clínicas e consultórios, atendendo apenas situações urgentes e inadiáveis durante cerca de sete semanas. A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), através da Comissão de Acompanhamento da COVID-19 criada, seguiu atentamente os desenvolvimentos da pandemia e foi ema-

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nando um conjunto de recomendações/ informações baseadas em dados provenientes da OMS, Centro Europeu das Doenças (ECDC), Direção-Geral da Saúde (DGS) e em artigos científicos e documentos institucionais disponíveis sobre a experiência dos médicos dentistas de outros países que vivenciaram a situação antes de Portugal. Numa outra vertente da COVID-19, a OMD tem apresentado as suas reivindicações e preocupações à tutela, relativamente à necessidade de contemplar a Medicina Dentária com o apoio necessário para minimizar as repercussões desta crise no setor. Ao mesmo tempo, tem acompanhado as medidas de apoio económico à crise que o Governo tem lançado e que vão sendo alteradas e adequadas em conformidade com o que vai sendo necessário. Voltando à análise do que se está a passar em termos de saúde pública, nós não temos informação epidemiológica sobre o comportamento do vírus e esse conhecimento está a ser adquirido à medida que os países vão sendo confrontados com ele. É a análise epidemiológica dos dados que estão a ser recolhidos que permite a definição das estratégias a adotar. O principal objetivo em termos de saúde pública, nesta primeira vaga do vírus, foi tentar limitar a sua disseminação maciça e, assim, evitar a saturação do sistema hospitalar com casos que necessitariam de cuidados intensivos. Mas, como se trata de uma ameaça de saúde pública, houve também a necessidade, desde o primeiro momento, de adequar os procedimentos realizados aos riscos inerentes à atividade de Medicina Dentária. Por isso, todas as formas de


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