REVISTA PORTUGAL JUNHO 109

Page 20

ponto de vista COVID-19: e agora? Parece um pesadelo, mas infelizmente não é. Desde o princípio do ano que o mundo parou, entrou em stand by. Argumento de um filme futurista e de terror, cuja imaginação fomos alimentando em diversas longas metragens, mas sem nunca acreditar que algum dia seria realidade. E agora?

Ricardo Faria e Almeida

Médico dentista. Prática privada de Periodontologia e Implantes. Professor Catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Professor convidado de Periodontologia na Faculdade de Odontologia da Universidade Complutense de Madrid (Espanha).

A causa, todos a conhecemos, o risco de contaminação e, ao que parece, também as vias de transmissão. Mas muito falta ainda saber e, pior, sem um prazo definido para as ansiadas respostas definitivas, cientificamente fundamentadas e que nos permitam, não somente entender melhor o vírus, mas também encontrar uma vacina e/ou tratamento, no fundo, uma solução. Em Portugal, como no mundo, tudo isto infundiu receio e medo que facilmente se propagou. A primeira reação foi acreditar que se tratava de mais um vírus e que com o tempo chegaríamos a um tratamento, uma vacina e/ou à chamada “imunidade de grupo”. Ora, a rapidez de transmissão e a célere sobrelotação dos sistemas de saúde, que afetou diversos países, fez as autoridades recuarem nesta abordagem, propondo e executando o chamado lockdown. Uma vez implementado, aparentemente reduziu o óbvio, ou seja, a

Os consultórios de Medicina Dentária foram dos primeiros a cumprir com um conjunto de regras de licenciamento, o que nos coloca na linha da frente na eficácia e adaptação a novas realidades

20

junho 2020

rapidez de transmissão e de contágio, mas não a sua erradicação e, por consequência, o problema que vivemos. Assim sendo, a questão agora é o que fazer? Mantermo-nos em casa com graves prejuízos para a economia e a médio/longo prazo, indiretamente para a saúde de cada um? Levantar o lockdown? E se assim for, de que forma e baseado em quê? Que resultados terá? Não deitará tudo a perder? Passados alguns meses dos primeiros casos em Portugal, várias dúvidas me assaltam o espírito no que diz respeito à nossa atividade. Foi o caminho que seguimos o mais correto? Uma vez seguido esse caminho, qual a abordagem que devemos ter depois de terminado o estado de emergência? Como conseguiremos trabalhar a partir de agora? Entre muitas outras questões. Em Portugal, o Governo entendeu, desde do dia 15 de março (e bem a meu ver), que as clínicas de Medicina Dentária deveriam suspender a sua atividade, apenas efetuando tratamentos de situações comprovadamente urgentes e inadiáveis. Convém referir que, logo após esta decisão prévia ainda ao estado de emergência, outras atividades foram também suspensas.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.