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Meninos, eu vi

A memória levanta questões complexas e inerentes a nós, humanos, demasiadamente humanos. Por meio dela, o pensamento se renova no curso da própria vida. A minha, a sua, as nossas lembranças fazem parte de um caldeirão cultural coletivo. Quando o tempo passa, restam apenas as impressões deixadas nos vagões do nosso ser. A memória é épica, é narração, é vida lapidada nos grotões do nosso espírito.

Chegamos ao segundo número da revista Memórias Cariri e, mais uma vez, remexemos no baú de lembranças de muita gente. Descobrimos e refletimos, junto aos nossos entrevistados, sobre suas vidas, suas andanças, suas tensões, dores e alegrias – tudo que a memória lembra, guarda ou apenas esquece. Através dela, muito aprendizado e uma luz no fim de cada túnel da lembrança, afinal, o passado empurra o presente.

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Célia Rodrigues encanta com suas histórias. Radialista e feminista, ela conta a sua rica trajetória. Nas ondas do rádio, Célia começou a falar de questões feministas numa terra até hoje permeada pelo machismo e encabeçou a primeira passeata do dia oito de março – Dia Internacional da Mulher - no Cariri .

A história do rádio caririense confunde-se também com a história de João Hilário Coelho Correia, 64 anos. Radialista há quase 50, ele conhece como ninguém cada peça dessa narrativa, pelo menos desde o Século XX. João fala dessa rica trajetória e também de suas andanças pela política da região: ele foi prefeito duas vezes de Barbalha.

Xico Sá lança seu novo livro - “Sertão Japão”, uma viagem literária que explora, com muito humor, as semelhanças entre o oriente e o Cariri. O livro conta com a colaboração de José Lourenço, da Lira Nordestina, que fez xilogravuras especialmente para a edição. Aproveitamos o gancho para contar a história, ou as memórias, desse D. Quixote da literatura brasileira. O estudante Breno Arlet, do curso de Jornalismo da UFCA, escreveu uma bela crônica em homenagem a Xico, uma cortesia de um fã de carteirinha e conterrâneo do autor de Big Jato”.

Viajamos ao tempo da contracultura, da Ditadura Militar, dos festivais de música, de teatro e de muita resistência através do Xá de Flor, uma espécie de aguardente temperada com ervas. O Xá de Flor puxou um movimento cultural que se es-

04 praiou por Crato, Juazeiro e Barbalha nos anos de chumbo. Confira essa história através dos depoimentos de Blandino Lobo, de Abidoral Jamacaru e de João do Crato.

Confira também a história Cícero Bento de Mendonça, 65 anos, Técnico de Laboratório em Joias, do curso de Design da Universidade Federal do Cariri. Seu Ciço é ourives de primeira linha e narra os segredos da sua profissão no mundo das joias desde São Paulo – ele trabalhou em várias capitais do país. Explicita o seu trabalho no laboratório da UFCA da complicada, mas delicada tarefa de modelar jóias.

No compasso da memória e da vida reconstruímos o passado em diversos campos do conhecimento por meio de entrevistas em profundidade, com personagens singulares da nossa região. São vestígios do passado que entram pelo nosso presente e projetam saberes para o nosso futuro. Como no famoso poema I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias, hoje um bordão popular: meninos, eu vi.

Boa leitura!

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Célia Rodrigue hilário de flor

30 Dona Dôra

Expediente

Índice Expediente

Texto e fotografia:

Andressa Figueiredo

Anna Carla de Morais

Beatriz Morais

Breno Árleth

Caio Botelho

Edla Ribeiro

José Anderson Sandes

Professor orientador:

José Anderson Sandes

60 xico sá

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C Cero

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Revisão:

Andressa Figueiredo

Projeto gráfico:

Isaac Brito Roque

Diagramação:

Hanna França Menezes

Edição 2

Juazeiro do Norte, Outubro 2018 Revista experimental do projeto “Memórias Kariri” vinculado à Pró-reitoria de Extensão da Universidade Federal do Cariri.

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