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VESTIR · Nº 82 · edição anual · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Diretor: José Manuel Castro · 2021 · Distribuição Gratuita

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10 ANOS MODATEX

EDITORIAL MARIA HELENA CHAVES Presidente do Conselho de Administração do MODATEX O 82º número da revista Vestir (re)veste-se de uma especial importância: é a edição que assinala o 10º aniversário do Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confeção e Lanifícios – o nosso MODATEX, que é celebrado num tempo de contornos e desenhos únicos. Resultante da fusão de três centros de formação - o CITEX, o CIVEC e o CILAN – o MODATEX viu o seu percurso de sucesso ser abruptamente interrompido por uma pandemia que assolou o Mundo e nos desafiou a Todos. O nosso setor, tão relevante (para a recuperação) da nossa economia e exportações nacionais, exige-nos hoje, mais ainda, Recursos Humanos altamente qualificados e preparados para um mercado profissional extremamente desafiador e ávido de profissionais com conhecimentos técnicos aprofundados e munidos de uma visão 360º. Neste novo contexto, tão atípico, o MODATEX manteve-se na vanguarda do ensino e da formação, lançando uma plataforma de ensino à distância, ajustando as suas dinâmicas de aprendizagem habituadas a uma proximidade física para o remotamente impensável (pelo menos até março de 2020), que proporcionaram, rapidamente, o retomar da atividade formativa a um

novo normal, mesmo junto das empresas do setor. No corolário de um último ano tão particular, o MODATEX conquistou a acreditação Erasmus dando a possibilidade aos seus formandos de poderem usufruir de um estágio internacional. Continuou a somar prémios nos mais diversos palcos, através dos seus alunos que constantemente dão cartas em concursos de moda aquém e além-fronteiras. O talento MODATEX não perdeu o seu brilho e continuou a embelezar as passerelles virtuais dos principais eventos de moda nacionais e internacionais. Qualificar os Recursos Humanos e Valorizar os Agentes do Têxtil e do Vestuário contribuindo para o desenvolvimento das atividades económicas e da competitividade do Setor é a missão a que o MODATEX se propôs na sua fundação e que ao longo dos últimos 10 anos tem cumprido com um profissionalismo e uma dedicação exemplares. Os desafios foram, são e continuarão a ser imensos! Estou certa, que com a resiliência, perseverança e competência elevada - características da nossa Organização, acompanhadas pelo profissionalismo de uma equipa de colaboradores e formadores - , o sucesso das empresas do ITV, no que ao papel do MODATEX diz respeito, está assegurado. 01 / 80


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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS DE LANIFÍCIOS PORTUGUESE WOOL TEXTILE ASSOCIATION Avª da Anil – Apartado 528 – S. Lázaro 6201 907 Covilhã Portugal T: + 351 275319140 F: + 351 275319144 geral@anil.pt www.anil.pt

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Maria Helena Chaves · Presidente do Conselho de Administração do MODATEX 10 anos MODATEX José Manuel Castro · Diretor do MODATEX Miguel Cabrita · Secretário de Estado Adjunto, do Trabalho e da Formação Profissional Sónia Pinto · Primeira Diretora do MODATEX António Leite · Vice-Presidente do Conselho Diretivo do IEFP José Alberto Robalo · ANIL César Araújo · ANIVEC Mário Jorge Machado · ATP Katty Xiomara Paulo de Oliveira Maria Carlos Baptista Ana Rita de Sousa Ensino 4.0 MODATEX na vanguarda academia.mx · Inovação e Aprendizagem MODATEX “ganha” mobilidade internacional O impacto da pandemia na atividade do MODATEX MODATEX com nova montra online MODATEX Lisboa com novas instalações MODATEX em Notícia Manuel Serrão · Associação Seletiva Moda InterColor Design de Moda · MODATEX Porto · Finalistas 2019 Design de Moda · MODATEX Porto · Finalistas 2020 Cartaz · Maria Curado

Propriedade

MODATEX Centro de FormaçãoProfissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios Sede do Editor / Sede da Redação Rua Professor Augusto Nobre, 483 4150-119 Porto Registo ERC Inscrição Nº 113412 NIPC (509906478) Editor MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário,Confecção e Lanifícios Diretor José Manuel Castro Coordenação técnica José Manuel Castro, Rosário Araújo, Ricardo Moura e Porto de Ideias Conselho Editorial José Manuel Castro, Maria Helena Chaves, Isabel Barrau, Jaime Regojo, João Costa, José Robalo

Redação e Publicidade Porto de Ideias Design Gráfico Ricardo Moura @ Sketch From Scratch Colaboração Porto de Ideias, técnicos e formandos do MODATEX. Capa: Modelo: Xiaodi @ Karacter Agency Fotógrafo: Ugo Camera Publicação Periódica Periodicidade Anual Tiragem 2.200 Exemplares Impressão GRECA Rua José Maria Baptista Valente 194 Armazém A 4465-260 S. Mamede de Infesta Depósito Legal 345913/12 Estatuto Editorial https://www.modatex.pt/article/publicacoes.html

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JOSÉ MANUEL CASTRO Diretor do MODATEX

“… fazermo-nos ao caminho, adentrarmo-nos no desconhecido, sempre com grande humildade. Face ao insondável que nos habita, não há outra forma. Somos beleza, beleza irrepetível, da qual não temos o direito de nos privarmos nem de privarmos os outros” (Carlos Maria Antunes, 2011 )

Celebrar esta primeira década do MODATEX será sempre um exercício que nos levará mais longe do que revisitar o somatório dos quatro mil e dezoito dias deste projeto exemplar. Seguramente não nos recordaremos de todos esses momentos, pois como escreveu Saramago (2008) “…, memória no interior da qual vivemos, como uma ilha entre dois mares: um que dizemos passado, outro que dizemos futuro”. Ainda que hoje muitas dessas memórias nos assomem desbotadas pela desventura das perdas, dos insucessos e das impossibilidades, sentimos que a jornada de (re)construção deste novo Centro foi uma extraordinária viagem, onde tivemos a capacidade de religar, a partir do fundo, as pontas soltas e dispersas e os opostos indizíveis do passado. Percurso de ação e de visão por um todo, em que todos se envolveram, potenciando o projeto exemplar que enobrece o legado histórico do MODATEX e a excelência e profissionalismo da sua missão e da sua visão: Liderar na Qualificação para o Sector do Têxtil e Vestuário! Não parecerá oportuno ocupar este espaço só com relances da história (e de estórias) dum processo vivido e protagonizado por muitos dos atuais trabalhadores e formadores do MODATEX, num momento VESTIR 82 · MODATEX · 2021

que nos obrigamos, com temor, a olhar para o futuro da nossa “casa comum”, ameaçado pelas alterações climáticas e onde a pandemia Covid-19 colocou a descoberto e de modo radical a vulnerabilidade de todos e de tudo. O futuro do MODATEX terá de passar pela nossa capacidade de compreender os sinais que a Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa vai esboçando, procurando pressentir o impacto de fugazes centelhas que alumiam a evolução das competências e saberes do sector. Preocupa-nos (e pré-ocupa-nos…) sobretudo conseguir compreender e antecipar os modos e modelos de intervenção que o Centro de Formação adotará para construir as respostas às urgências que certamente o futuro nos demandará. Para isso estamos ativamente envolvidos em projetos de modernização tecnológica, reequipamento dos espaços formativos e antecipação das exigências da propalada revolução digital. Obviamente que o “investimento” nos saberes intangíveis e nas competências das pessoas que trabalham no (e pelo) MODATEX, se situará noutros planos (…), mas ele será absolutamente imprescindível para um futuro com futuro, num centro de formação de um sector dito tradicional, mas que todos os dias é confrontado com formidáveis desafios de modernização e inovação. 07 / 80


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MIGUEL CABRITA Secretário de Estado Adjunto, do Trabalho e da Formação Profissional

“ O MODATEX é uma das referências de qualidade e de excelência na formação setorial.”

Mensagem integral (YouTube)

“ 2011 foi um ano de viragem para a formação na área têxtil. A fusão dos diferentes centros – O CITEX, o CIVEC e o CILAN - deu a este imenso setor, uma dinâmica, uma pujança, uma qualidade na formação que é admirável e que honra todos os que participaram neste processo e levaram para a frente o projeto de refundar a formação setorial, dando-lhe um novo rosto e aprofundando a sua missão.” “ O MODATEX afirmou-se e tem crescido, tem várias delegações de proximidade, e inequivocamente constitui-se como um polo agregador e dinamizador das competências ao serviço do setor da indústria têxtil e do vestuário.” “ O MODATEX é conhecido dentro e fora do setor e é cada vez mais procurado por empresas, por formandos que procuram qualificar-se e procuram ter uma formação de qualidade que sirva de base ao seu portfólio de competências, mas também às oportunidades profissionais que pode proporcionar.”

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“ É decididamente um dos centros protocolares que tem maior interação com a dinâmica global das políticas públicas na área da formação, mas também nas parcerias orientadas para o setor quer na ótica nacional, quer internacional.” “ Vivemos um momento determinante para a formação profissional em que se discute em sede de concertação social um acordo estratégico para perspetivar a formação ao longo da próxima década, tirando partido da interação com a programação de fontes de financiamento renovadas.” “ O MODATEX é uma referência inquestionável no panorama da formação setorial em Portugal.”


VESTIR · Nº 79 · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Janeiro de 2018 · Publicação Semestral · Distribuição Gratuita

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VESTIR81 VESTIR · Nº 78 · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Setembro 2017 · Publicação Semestral · Distribuição Gratuita

Vestir · Nº 73 · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Janeiro 2015 · Publicação Semestral · Distribuição Gratuita

VESTIR · Nº 72 · MODATEX · CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DA INDÚSTRIA TÊXTIL, VESTUÁRIO, CONFECÇÃO E LANIFÍCIOS · JANEIRO 2013 · PUBLICAÇÃO SEMESTRAL · DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

VESTIR · Nº 71 · MODATEX · CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DA INDÚSTRIA TÊXTIL, VESTUÁRIO, CONFECÇÃO E LANIFÍCIOS · JULHO 2012 · PUBLICAÇÃO SEMESTRAL · DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

VESTIR · Nº 75 · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Janeiro 2016 · Publicação Semestral · Distribuição Gratuita

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VESTIR · Nº 81 · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Diretor: José Manuel Castro · 2019 · Distribuição Gratuita

VESTIR 76 VESTIR · Nº 77 · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Janeiro 2017 · Publicação Semestral · Distribuição Gratuita

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VESTIR · Nº 81 · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Diretor: José Manuel Castro · 2019 · Distribuição Gratuita

VESTIR 74 VESTIR · Nº 76 · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Julho 2016 · Publicação Semestral · Distribuição Gratuita

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VESTIR · Nº 80 · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Diretor: José Manuel Castro · 2018 · Distribuição Gratuita

VESTIR · Nº 74 · MODATEX · Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios · Agosto 2015 · Publicação Semestral · Distribuição Gratuita

SECÇÃO

REVISTA VESTIR

O título da revista Vestir foi cedido graciosamente à APIV, em 1987, por Mestre Manuel Guilherme de Almeida, professor de corte e criador do sistema Maguidal. A primeira revista Vestir, originalmente editada pela Academia de Corte Sistema Maguidal, foi publicada em Setembro de 1939 (n.º 1) e a última em Janeiro de 1985 (n.º 178).

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SÓNIA PINTO FOI A PRIMEIRA DIRETORA DO MODATEX O relato, na primeira pessoa, de quem viu nascer e afirmar-se um centro único, universalmente reconhecido pelo valor que agrega ao setor ITV.

No ano em que se assinala o 10º aniversário do MODATEX, é obrigatório olhar para o longo caminho percorrido desde 2011. Um percurso que enche de orgulho a equipa desta entidade, já que foram cumpridos os principais objetivos que levaram à criação do centro. A missão do novo centro está a ser realizada com maior eficácia e eficiência, crescendo em horas de formação e em número de formandos e formadores, com uma maior articulação com as empresas e com os serviços locais de emprego, incrementando a oferta formativa alargada agora a outros pontos do país. O elevado índice de empregabilidade dos formandos, os prémios alcançados e o reconhecimento nacional e internacional mostram claramente que o MODATEX é, hoje, uma instituição de referência na formação vocacionada para um sector que está em permanente crescimento e evolução. A história do MODATEX mistura-se naturalmente com a minha própria história, pelo que o seu sucesso faz parte do meu próprio sucesso profissional. O processo de fusão, bem como toda a estratégia de crescimento e afirmação do MODATEX, não foi linear, mas em Equipa procurou-se sempre focar num Centro de âmbito nacional, digno do setor de atividade para o qual foi criado, parceiro de outras entidades com objetivos comuns e, acima de 10 · VESTIR 82 · MODATEX · 2021

tudo, a valorização dos seus colaboradores como parte integrante desta mudança. O MODATEX surge como uma nova entidade sucedânea a três centros de formação, tendo dois deles mais de 29 anos de história dedicados à qualificação de Recursos Humanos para a Indústria Têxtil e do Vestuário (ITV). Neste processo de restruturação, foi possível potenciar o que de melhor as entidades extintas possuíam. Nesta reestruturação foi visível o papel relevante dos colaboradores no alinhamento estratégico e na procura constante de uma nova identidade, focada nos objetivos e rentabilizando os recursos públicos ao dispor. Inserido no sector da ITV, que atualmente enfrenta desafios sem precedentes, o MODATEX, enquanto centro de formação, assume a qualificação dos recursos humanos do sector, procurando colmatar necessidades formativas de perfis profissionais mais flexíveis e ajustados às atuais exigências. Perante a realidade de um centro único, com dispersão geográfica nacional, durante o período da minha Direção foram encetadas duas estratégias que, em complementaridade, produziram ganhos de eficiência com resultados operacionais visíveis a curto prazo, mas também com consequências a médio e longo prazo.

Uma dessas estratégias foi encetada logo na fase inicial de implementação do novo centro, e que estendeu ao MODATEX o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), beneficiando assim do investimento já concretizado e da experiência e conhecimento já existente no CIVEC. Este processo permitiu assegurar que as atividades já programadas, e as que se viessem a desenvolver no futuro, seriam cuidadosamente analisadas de forma a garantir o cumprimento dos princípios da competência, responsabilidade, transparência, confidencialidade, objetividade, imparcialidade e independência. Uma outra vertente, complementar à anterior, foi procurar implementar uma gestão do conhecimento, que permitisse envolver as atividades relativas à apreensão, ao uso e à partilha de conhecimentos pela organização. A gestão do conhecimento envolve as interações externas, os fluxos internos e o estabelecimento de relacionamentos mais estreitos com outras empresas (fornecedores, concorrentes), consumidores ou instituições de pesquisa. E por fim, mas não menos determinante no sucesso deste Centro, foi o legado de trabalhar com todos e para todos, respeitando as naturais diferenças de conhecimento, mas sob o princípio de um bem maior – o MODATEX.


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O MODATEX é um dos 24 centros a nível nacional protocolados com o IEFP e que desenvolve a sua atividade na área do têxtil, da moda e da confeção. É aquilo que consideramos uma parceria público-privada virtuosa, na medida em que funciona no ponto de cruzamento entre o que é o serviço público de emprego e formação profissional e as necessidades do setor, seja de ativos empregados, seja de desempregados ou de candidatos ao primeiro emprego. Ao longo destes 10 anos, o MODATEX conseguiu juntar o melhor dos três centros que lhe deram origem e ainda melhorar, sem aniquilar nenhuma das áreas que incorporou. Mesmo a escolha do nome foi cuidadosa: não deixa dúvidas sobre qual a área de atuação – Tex - mas, ao mesmo tempo, faz um refrescamento da mensagem ao juntar ao nome Moda. Que é um excelente chamariz para os mais jovens. Temos de ter a capacidade de conseguir aproveitar a particular disponibilidade e apetência dos jovens para a Moda e trazê-los para o setor. O MODATEX teve também a extraordinária competência de conseguir manter a qualidade em todas as áreas que incorporou, sempre com um foco muito claro nas necessidades do setor. A mudança é uma das “palavras sagradas” com que somos frequentemente confrontados. Mudar por mudar não faz sentido. A mudança só deve ocorrer se for para melhor. E no caso específico do MODATEX, o que este Centro tem de fazer é continuar o trabalho que tem feito até agora de enraizamento no setor, procurando chegar, para além das maiores e mais modernas também a empresas que não sendo as mais vistosas, ou as mais significativas, são as que têm maior necessidade de apoio. É também essencial não perder o comboio da modernização. O plano de investimento ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência é imperdível e está centrado sobretudo na renovação do parque de maquinaria e na possível instalação do MODATEX em locais onde não está presente ou cuja presença é mais frágil. Atualmente são vários os desafios que se colocam à formação profissional. O mais significativo é a crescente incorporação de tecnologia e conhecimento no processo produtivo, e consequentemente nas profissões. Estas mudanças tecnológicas em áreas e setores onde, à partida, não associaríamos grandes alterações, foram acontecendo de uma forma muito rápida, aliás uma das caraterísticas mais marcantes da atual revolução industrial, para além da globalização. VESTIR 82 · MODATEX · 2021

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ANTÓNIO LEITE Vice-Presidente do Conselho Diretivo do IEFP

O tempo que necessitamos para responder às necessidades, ao nível dos equipamentos que temos de adquirir para que os formandos aprendam nas máquinas onde vão trabalhar nas empresas, é verdadeiramente desafiante. Outro grande desafio é o do setor conseguir vencer uma certa imagem de mão-de-obra pouco qualificada, e como tal barata. Este combate só se consegue fazer mostrando que o têxtil já não é assim e que os trabalhadores têm boas condições de trabalho. A captação dos mais jovens para o ITV não é um problema fácil de resolver e não é exclusivo deste setor, é multissetorial. Muitos têm em casa o exemplo do têxtil do antigamente – as mães, as tias, as avós. Vidas inteiras dedicadas ao trabalho que não as conseguiu tirar do limiar da pobreza. As empresas, sobretudo as maiores, têm a responsabilidade de mostrar que esta não é uma realidade predominante Temos de ser capazes de mostrar que esse têxtil não é de todo a realidade atual. Os jovens têm uma particular apetência para serem conquistados pelas tecnologias. Temos que ter a capacidade de demonstrar que a presença das tecnologias, dos gadgets e dos computadores é o dia-a-dia das empresas. A subida dos níveis salariais e as melhorias das condições de trabalho são essenciais, num país que aspira a ter melhores condições de vida.

Quando se fala de educação e de formação há três fatores essenciais a ter em conta: o tempo; é preciso tempo para aprender alguma coisa, sobretudo no caso de aprendizagens tecnicamente exigentes; os conteúdos são o segundo fator e o terceiro são as pessoas para quem a formação é planeada e desenvolvida. A formação deve ter sempre um caráter adaptativo. Obviamente há um objetivo que temos de atingir, mas a forma como o fazemos pode e deve ser adaptado às pessoas que estão à nossa frente. E tem sempre como propósito a integração das pessoas no mercado de trabalho. O MODATEX tem um foco muito claro no serviço público. É o ponto do IEFP mais próximo da nossa atividade formativa e das necessidades que as empresas nos colocam. 10 anos MODATEX Gostaria de deixar uma mensagem de profundo reconhecimento pelo extraordinário trabalho desenvolvido ao longo destes 10 anos. Um trabalho que é feito por pessoas. A qualidade dos Recursos Humanos que asseguram a formação do MODATEX é de louvar. Aliada a esta característica está a crescente qualidade dos formandos e formandas que mantêm o MODATEX vivo. Desejo que os próximos 10 anos sejam tão exemplares como foram estes que agora terminam. 11 / 80


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No ano em que o MODATEX assinala o 10º aniversário da sua fundação, a Revista Vestir interpelou os dirigentes das três associações do setor, e que estão na base da criação do Centro, sobre os desafios e as oportunidades que se colocam a cada um dos subsetores e à formação de recursos humanos, bem como a importância do MODATEX no crescimento e adaptação de um setor que é estratégico para a economia do país num momento crucial e de grande incerteza dos mercados.

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MÁRIO JORGE MACHADO · ATP

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CÉSAR ARAÚJO · ANIVEC

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JOSÉ ALBERTO ROBALO · ANIL


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JOSÉ ALBERTO ROBALO · ANIL

O MODATEX está a celebrar 10 anos. Que balanço faz desta década? Ao fim de 10 anos de atividade, o trabalho do MODATEX é reconhecido pelas empresas e pelos formandos. O MODATEX é procurado também por jovens com formação superior, por reconhecerem as valências complementares deste Centro de Formação. Os formandos do MODATEX têm-se destacado em eventos nacionais e internacionais com trabalhos de primeiro plano. Tudo isto é motivo de orgulho para o MODATEX, mas por outro lado, cria grandes responsabilidades para o futuro, que não poderão ser descuradas para que a fasquia da qualidade formativa seja cada vez maior. Qual a importância do MODATEX para o setor? O sector da Indústria Têxtil e Vestuário tem na Formação Profissional um dos alicerces mais importantes para enfrentar os novos desafios a que a nossa indústria está sujeita no âmbito da concorrência global dos mercados. Desta forma, a importância do MODATEX para o sector é indiscutivelmente de enorme relevância. Quais considera serem as principais oportunidades e as principais dificuldades que se colocam atualmente ao setor? Que papel está reservado ao MODATEX? A Industria Têxtil Portuguesa tem passado por várias “revoluções” desde a qualidade de Produtos e Serviços, a Inovação/Investigação, Moda/ Design, etc.. Hoje colocam-se outros desafios, como a Sustentabilidade, a Indústria 4.0, a Economia Circular, entre outros. O MODATEX, como um Centro de Formação Profissional em constante evolução, deverá adaptar-se a esta nova realidade, de forma a que a sua oferta profissional seja adaptada às atuais exigências, continuando a ser um parceiro essencial da ITV nacional. Quais considera serem as prioridades do ponto de vista da formação para os próximos anos? Como é do conhecimento geral e, particularmente das nossas empresas, a educação ministrada nas nossas escolas é, maioritariamente, desadequada à realidade, não preparando os jovens para a inserção numa vida de trabalho com formação adequada. Assim, enquanto este estado de coisas prevalecer, a Formação Profissional ministrada pelo MODATEX não poderá dedicar-se exclusivamente ao core business da Indústria Têxtil, mas terá também de preencher algumas lacunas educativas. Os próximos anos vão trazer novos desafios às empresas. A sustentabilidade do nosso planeta passou a ser uma preocupação constante do século XXI. Desta forma, a formação em Sustentabilidade, Economia Circular, Gestão de Resíduos, etc., serão os novos desafios para a formação. O MODATEX terá de se equipar com recursos humanos, e outros, adequados a uma formação de qualidade elevada. VESTIR 82 · MODATEX · 2021

A indústria 4.0 identificou necessidades adicionais de formação? De que forma o MODATEX ajudou a colmatar estas necessidades? A Quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0, não é um processo recente. Já começou há alguns anos, a nível mundial, com o desenvolvimento das tecnologias informáticas e robóticas, adquirindo uma importância maior atualmente, pelos últimos avanços tecnológicos postos à disposição das empresas. Todo este processo evolutivo cria novas necessidades de formação a que o MODATEX tem vindo a responder. Há ou não falta de mão-de-obra no setor? Neste momento, devido à pandemia, e consequentes alterações de mercado, há falta de mão-de-obra em alguns subsectores, enquanto noutros, existe mão-de-obra disponível. O que pode ser feito para captar recursos humanos qualificados para esta indústria? É um problema de captação ou de fixação de recursos? O problema da captação/fixação de recursos humanos qualificados para a nossa indústria varia muito de região para região. As empresas de Lanifícios, por exemplo, estão situadas, na quase totalidade, em zonas do interior, afastadas dos grandes centros urbanos do litoral, zonas essas, que têm vindo a perder população de forma dramática, ao longo das últimas décadas. Este problema não pode ser deixado exclusivamente nas mãos das empresas, pelo que tem de haver políticas públicas de descriminação positiva para quem quiser investir ou fixar-se nestas zonas de menor densidade populacional, existindo todo um leque de incentivos económicos que poderão ser aplicados, como benefícios fiscais, isenção de portagens, isenção de taxas, etc. Além disso, deveria ser feita uma campanha a nível nacional de divulgação dos diferentes benefícios que as pessoas/empresas iriam usufruir, não só a nível económico, como também, a nível de qualidade de vida. O recrutamento de trabalhadores estrangeiros pode ser uma alternativa? Devido à baixa de natalidade que o nosso país apresenta é natural verificar-se uma diminuição na mão-de-obra disponível, problema que tenderá a agravar-se, segundo os estudos existentes. Assim, considero perfeitamente natural o recrutamento de trabalhadores estrangeiros, desde que adquiram as competências adequadas ao trabalho na ITV portuguesa. Esta formação de mão-de-obra estrangeira é uma atividade perfeitamente adequada às competências do MODATEX e enquadrada nos seus objetivos. Qual o impacto da pandemia no setor ITV? O impacto da pandemia não foi sentido da mesma forma nos diversos subsectores que compõem a nossa Indústria Têxtil. Por exemplo, o sector de Têxteis-Lar teve um aumento anormal de procura, provavelmente, devido ao facto de as pessoas ficarem mais tempo em casa. Por outro lado, o sector de Lanifícios e Confeções sofreu uma quebra substancial,

em alguns casos, superior a 60%, nas suas encomendas. Para esta quebra concorreu, seguramente, o encerramento dos espaços comerciais, assim como a proibição de eventos culturais, sociais e de entretenimento, que levam as pessoas a investir em vestuário e na moda. Quais são as expetativas de recuperação do setor? A recuperação do setor está, obviamente, diretamente relacionada com a evolução da pandemia, tanto a nível interno, como a nível externo. Esta crise provocou desequilíbrios económicos e financeiros graves, na grande maioria das empresas portuguesas. Por isso, uma das grandes preocupações da ANIL é a utilização dos fundos do PRR. Será gravíssimo, e com prejuízos irreversíveis a nível de encerramento de empresas, aumento do desemprego, recessão e correspondentes custos sociais, se as verbas do PRR forem canalizadas para os “vampiros” do costume, como, TAP, BES, BPN, CP, etc. Igualmente grave será o investimento excessivo em projetos megalómanos como a produção de hidrogénio anunciada, novos aeroportos, investimentos públicos não prioritários, e de duvidosa utilidade social, só eventualmente rentáveis em esquemas de monopólio, com custos incomportáveis para as empresas privadas e para os contribuintes em geral. Estou certo de que esta será uma preocupação partilhada por todos os portugueses conscientes da debilidade económica e social em que a nosso país está mergulhado. Por outro lado, se o PRR for um apoio efetivo, sério e expedito, na recuperação do tecido empresarial português e, consequentemente, da nossa Economia, as expectativas de recuperação serão muito elevadas, nomeadamente a Indústria Têxtil portuguesa, que é, desde há muitos anos, um vetor fundamental da economia nacional. Uma curta mensagem para celebrar o aniversário MODATEX A ANIL e os seus associados estão conscientes do trabalho do MODATEX no apoio à Indústria de Lanifícios, esperando que os próximos anos sejam de evolução positiva para o sector e para o MODATEX. Aproveitam esta oportunidade para publicamente reconhecerem o trabalho e a dedicação dos trabalhadores deste Centro de Formação ao longo desta década.

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CÉSAR ARAÚJO · ANIVEC

O MODATEX está a celebrar 10 anos. Qual o balanço desta década? O MODATEX é um fantástico centro de formação profissional dedicado às necessidades das indústrias do têxtil e do vestuário. A componente técnica e tecnológica do ensino desta instituição responde à necessidade de formar pessoas e, simultaneamente, de as preparar para ingressar no mercado de trabalho. Não existem muitos modelos de ensino que promovam competências com base na necessidade real do nosso mercado empresarial pelo que, o balanço, só pode ser muito positivo. Enquanto presidente da Direção da ANIVEC, associação que representa milhares de empresas do Setor do Vestuário, considero cada vez mais relevante este tipo de ensino e essenciais as competências técnicas que os formandos adquirem. Qual a importância do MODATEX para o setor? Os setores do Têxtil e do Vestuário são tradicionalmente de cariz familiar e muitas das competências dos seus trabalhadores eram transmitidas de geração em geração, sempre no contexto familiar. Grande parte dos atuais trabalhadores ingressaram muito jovens no mercado de trabalho e não têm, muitas vezes por falta de oportunidade e por necessidade, o acesso à devida formação. O MODATEX está a ter a importante responsabilidade de ajudar a formar esta parte da população. O nosso país tem uma dívida geracional para com estes trabalhadores. É fundamental consciencializarmo-nos que o MODATEX promove instrumentos insubstituíveis para a formação dessas pessoas. Quais considera serem as principais oportunidades e as principais dificuldades que se colocam atualmente ao setor? Que papel está reservado ao MODATEX? O setor do vestuário está em permanente mudança. Hoje somos mais inovadores e sofisticados quer nos recursos tecnológicos, quer no produto final. Os clientes são também eles cada vez mais exigentes e é fundamental o contributo dado por instituições como o MODATEX para a competitividade do setor e para a adaptabilidade dos seus recursos humanos às novas práticas. Com novas máquinas, novas matérias-primas e novos processos, é necessário qualificar os nossos quadros. Quais considera serem as prioridades do ponto de vista da formação para os próximos anos? Para além do investimento em tecnologia, que sempre pautou as nossas empresas, é necessário investir em áreas fundamentais como a transição digital, o marketing, a modelação 3D, a manipulação em avatar ou a vertente da sustentabilidade e da economia circular. Estas transformações estão já a acontecer no setor e cada vez mais empresas estão a redirecionar o investimento para estas áreas. A Europa é referência mundial no setor da moda, e Portugal, que tem já um ecossistema propício 14 · VESTIR 82 · MODATEX · 2021

para as indústrias da moda, tem de adaptar-se rapidamente às novas exigências do mercado, de forma a posicionar-se na vanguarda do mercado Europeu. A indústria 4.0 identificou necessidades adicionais de formação? De que forma o MODATEX ajudou a colmatar estas necessidades? A dinâmica da indústria 4.0 está a acontecer. Além das necessidades já mencionadas, e para as quais o MODATEX já apresentou vários planos de formação, redirecionando muitos dos conteúdos formativos para as referidas áreas, é fundamental sermos dinâmicos e estarmos preparados para a constante evolução e até mudança nos mercados. Há ou não falta de mão-de-obra no setor? A falta de mão-de-obra não é um problema exclusivo dos setores do Têxtil e do Vestuário. A população portuguesa está, na generalidade, envelhecida. As políticas que estimulam a natalidade são escassas e essa será outra “dívida” com que Portugal se deparará dentro de algumas décadas, quando não houver suficiente população ativa para assegurar o custo da população aposentada. Os setores estão todos a padecer do mesmo mal e na última década houve, inclusivamente, um incentivo à emigração. É claro que, setores como os das indústrias do Têxtil e do Vestuário, que requerem mão-de-obra mais intensa, ressentem-se mais com a falta de trabalhadores, principalmente dos segmentos mais jovens o que significa que não há, de forma adequada, a renovação dos quadros de pessoal. O que pode ser feito para captar recursos humanos qualificados para esta indústria? É um problema de captação ou de fixação de recursos? O futuro passará pela abertura do país à imigração e consequente investimento nessa população e na sua qualificação. A baixa natalidade é um problema europeu, não sendo exclusivo de Portugal. No entanto, é um problema especialmente grave para um país de 10 milhões de habitantes com recursos limitados. É urgente a implementação de medidas que promovam a natalidade, à semelhança do que alguns países do norte da Europa já estão a fazer. O recrutamento de trabalhadores estrangeiros pode ser uma alternativa? Sim, a curto prazo esta é a melhor solução. Devem ser criadas condições para captar e fixar fluxos migratórios em Portugal, havendo já o histórico de Portugal enquanto país de emigrantes. Para isso é essencial apostar na qualificação dessa população. Qual o impacto da pandemia no setor ITV? A chegada da Covid-19 afetou profundamente a indústria do Têxtil e do Vestuário, em especial as empresas que se dedicam ao vestuário mais formal. Com os confinamentos nos principais destinos de exportação, as empresas viram-se obrigadas a recorrer a apoios e estratégias alternativas para continuarem no mercado. A seguir aos sectores das viagens, do turismo e da restauração, o sector do vestuário foi aquele que mais sofreu com o impacto da pande-

mia, principalmente o subsector dedicado ao vestuário formal. As empresas tinham os seus modelos de negócio assentes numa economia de mercado e esta pandemia foi uma “guerra” que veio colocar um ponto de interrogação em tudo, e as empresas com mais trabalhadores sofreram mais e estão a sofrer. Expetativas de recuperação do setor? Este setor pauta-se pela resiliência, no entanto, por muita resiliência e vontade que se tenha, vão ser necessários mais apoios para proteger os trabalhadores e garantir a manutenção dos postos de trabalho. A adaptação a esta nova etapa já está em prática e a vacinação é uma lufada de ar, depois de meses em que estivemos completamente parados. No entanto, é importante compreender que somos um setor que trabalha por estações e, neste momento, já perdemos as encomendas relativas ao inverno de 2020 e ao verão de 2021. As lojas continuam cheias de stock de produtos porque, mesmo com a reabertura dos mercados e do comércio, a incerteza do amanhã está a inibir o consumo na escala que conhecíamos. As encomendas que as nossas empresas possuem têm pouca expressividade. Contudo, se os mercados não voltarem a encerrar, acreditamos que dentro de duas estações, haverá uma retoma consistente e normalização, mas até lá, as empresas vão continuar a ser geridas ao “minuto” e cada empresário vai continuar a ser um “general” na linha da frente. Uma curta mensagem para celebrar o aniversário do MODATEX O trabalho que o MODATEX tem vindo a desenvolver na formação de trabalhadores durante a última década tem sido fundamental para a competitividade e para colocar a indústria portuguesa na vanguarda. É essencial apoiar centros de competências para que Portugal consiga consolidar o seu lugar no mercado europeu e ainda conquistar mais mercados a nível mundial, enquanto “motor” de sofisticação e de qualidade. A próxima década será, sem dúvida, crítica para que isto aconteça, e serão instituições como o MODATEX que irão ajudar a alavancar as nossas indústrias.


10 ANOS MODATEX · PESSOAS

MÁRIO JORGE MACHADO · ATP

O MODATEX está a celebrar 10 anos. Qual o balanço desta década? Um balanço muito positivo. O MODATEX nasceu da fusão dos diversos centros protocolares da têxtil e do vestuário com o objetivo de ganho de eficiência e ambição renovada, de modo a corresponder melhor aos desafios que o sector colocava, mormente na capacitação dos recursos humanos da fileira. A última década foi um período de profunda mudança para o sector, em que ascendeu na cadeia de valor e se posicionou superiormente face à concorrência global, o que não teria sido possível sem quadros qualificados que interpretassem a exigência da transformação em curso, o que para tal muito contribuiu o MODATEX. Não há empresas sem pessoas e não há boas empresas sem quadros qualificados e motivados. A produtividade depende assim diretamente da formação, pois não há resultados sem investimento direto no capital humano, que é, aliás, o maior ativo de qualquer organização. Como atrás disse, o sector não se teria desenvolvido da mesma forma se não existisse o MODATEX, do mesmo modo que o futuro do sector depende muito daquilo que o MODATEX possa continuar a ser e a ambicionar. Esperemos que esta mensagem seja igualmente compreendida pelos responsáveis públicos, contraparte do centro protocolar com as associações sectoriais, para que o MODATEX possa continuar a dispor dos recursos suficientes para cumprir os objetivos que se colocam e que serão cada vez mais desafiantes. Quais considera serem as principais oportunidades e as principais dificuldades que se colocam atualmente ao setor? Que papel está reservado ao MODATEX? A grande oportunidade está na reindustrialização da Europa e na reconstrução das cadeias de fornecimento em proximidade, satisfazendo assim duplamente o imperativo da não dependência externa em produtos e serviços críticos, como a pandemia amplamente provou, do mesmo modo que vai de encontro a uma produção mais sustentável, nos produtos e nos processos, desde logo reduzindo a pegada carbónica no transporte. Portugal está aqui bem posicionado, até porque domina tecnologias limpas e goza de boa reputação quer na inovação, quer na proteção ambiental e social: agora há que tornar tudo isto em negócio. Como dificuldades temos a escassez de mão-de-obra, o incremento da concorrência e os custos de contexto a pesarem, sendo que, no primeiro dos constrangimentos, o MODATEX será essencial para nos fazer ganhar em produtividade o que iremos perder na oferta de recursos humanos, que será mais escassa e a necessitar de qualificações cada vez maiores. Quais considera serem as prioridades do ponto de vista da formação para os próximos anos? Formação nos domínios digitais e na “servitização” da atividade, em paralelo com a conVESTIR 82 · MODATEX · 2021

servação das competências nos domínios de maior tradição produtiva, que não podem ser automatizados e que qualquer descontinuidade ameaça a integridade da fileira e a vantagem comparativa desta enquanto “cluster”. Igualmente a formação específica no domínio dos têxteis de alta tecnicidade e da economia circular será determinante para o sector se posicionar como “trendsetter” mundial e não regressar ao pelotão dos “followers”. A indústria 4.0 identificou necessidades adicionais de formação? De que forma o MODATEX ajudou a colmatar estas necessidades? Já na pergunta anterior tocamos este tema. A indústria 4.0 necessita de formação especializada, cruzada com a digitalização e a automação, domínios em que o MODATEX não tem tradição nem competências especiais, pelo que deve encontrar as parcerias e alianças estratégicas para satisfazer este domínio, que considero crítico. Há ou não falta de mão-de-obra no setor? Há falta de mão-de-obra no sector. E aquela que porventura existe com mais abundância não está qualificada para os desafios que aqui apontamos. É aqui que o MODATEX vai ter que atuar com mais intensidade: formando recursos escassos e com competências inadequadas ou insuficientes para as necessidades das empresas, atuais e futuras. Se falharmos isto, falhamos o futuro do sector como um todo e irreversivelmente. O que pode ser feito para captar recursos humanos qualificados para esta indústria? É um problema de captação ou de fixação de recursos? Não há uma solução única e muito menos milagrosa. Temos de melhorar a comunicação do sector e da sua valia, recuperar o respeito do poder e dos media (hoje já muito melhor que antes, mas ainda assim aquém do que deveria ser), apresentar a ITV como uma atividade atrativa para os jovens, pois é fortemente tecnológica, tem moda, design e “glamour”, e pode oferecer carreiras profissionais sólidas e com futuro (mais do que a maioria dos restantes sectores). É simultaneamente um problema de captação e de fixação de recursos. Teremos de competir com outros sectores industriais e com os serviços, sem medo de dizer que podemos – e somos – mais interessantes e atrativos, até porque, como uma indústria com tradição, temos passado e com base nele o nosso futuro está mais garantido. O recrutamento de trabalhadores estrangeiros pode ser uma alternativa? Também pode. Termos um sector cosmopolita e diverso é uma riqueza e não um “handicap”, mas estou convencido que o cerne da solução será encontrado no capital humano que temos, nas suas competências e virtualidades, com o ADN nacional. Qual o impacto da pandemia no setor ITV? A pandemia teve um fortíssimo impacto no sector. Especialmente o segundo trimestre do ano passado, com o confinamento geral e obrigatório, condicionou dramaticamente

a atividade, registando-se verdadeiras quebras históricas na produção e nas exportações. O resto do ano foi marcado pela incerteza e instabilidade, algo que começa a estar algo mitigado este ano, mas ainda sem um sinal de firme recuperação. Além disso, dependendo dos sectores, convivem diferentes realidades: o têxtil-lar e as malhas melhor, a confeção de tecido a sofrer mais duramente os efeitos da pandemia. Há que dizer que, apesar da pandemia, o sector evidenciou uma extraordinária resiliência, como já tem sido apanágio em outros momentos históricos de dificuldade, conservando, apesar de tudo, grande parte dos postos de trabalho e tendo-se reconvertido, mesmo que temporariamente, para produzir equipamentos de proteção individual, como máscaras e batas, em alguns casos com elevadíssimo nível de inovação tecnológica e tudo num tempo recorde. Seja como for, passado ano e meio de pandemia, com altos e baixos no comportamento dos mercados, e sujeitos agora à falta de matérias-primas e ao aumento escandaloso dos preços destas e dos transportes, há muitas empresas profundamente debilitadas económica e financeiramente, algumas no limiar da sobrevivência. Simultaneamente estamos perante uma profunda alteração do mercado, que a pandemia acelerou, em que os “drives” emergentes são a sustentabilidade e a tecnologia (digitalização e indústria 4.0), para os quais uma parte substancial do nosso sector não está preparada para enfrentar e que não tem apoio necessário e suficiente nas políticas públicas para fazer a transformação. A pandemia continua a preocupar pelos impactos imediatos, mas esta mudança estrutural, que já estava em curso, poderá ter ainda mais efeitos no sector a medio prazo que a própria pandemia. Expetativas de recuperação do setor? As expetativas são positivas, pois esperamos que o setor consiga recuperar para os níveis de 2019 ainda durante o corrente ano, caso não sobrevenham mais surpresas, o que não é de descartar no quadro de imprevisibilidade, incerteza e volatilidade que vivemos. Contudo, há que o dizer, o nosso objetivo deverá ser ultrapassar o momento pré-Covid, que já nos sinalizava fragilidades na sustentabilidade do modelo de negócio que a ITV portuguesa desenvolvia, pelo que uma nova ambição terá de ser construída com o objetivo de termos um setor mais forte, mais produtivo, mais rentável e mais internacional, no final desta década, tal como está proposto no Plano Estratégico que apresentamos recentemente e que estamos determinados em cumprir. Uma curta mensagem para celebrar o aniversário MODATEX Uma mensagem breve, mas sentida, de agradecimento reconhecido por tudo que o MODATEX tem feito pelo setor, incluindo a sua competente equipa dirigente e todos os seus quadros e formadores, e de encorajamento face aos desafios que se lhe colocam e que são comuns a toda a indústria, pois o sucesso futuro do MODATEX, como acreditamos que aconteça, será o sucesso de todos que dele beneficiam, esperando que, daqui a 10 anos, estejamos a confirmar este voto e renovar a nossa expectativa, desejando sempre mais. 15 / 80


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KATTY XIOMARA “ Aliar a simplicidade à criatividade é o mais difícil. Mas é possível e o MODATEX trabalha muito nesse sentido”

Katty Xiomara dispensa apresentações! É uma referência na moda nacional e internacional e, para além disso, possui uma longa ligação ao MODATEX. Tudo começou em 1997 como formanda, frequentando o curso de Design de Moda no ainda CITEX, no qual se formou, e depois como formadora, lecionando atualmente a formação de Streetwear. A estilista conversou com a Revista Vestir e partilhou quais são, para si, as oportunidades e os desafios que se colocam ao ensino da Moda e às profissões ligadas ao ITV.

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Como é que surge o MODATEX na vida da Katty Xiomara? Vim para Portugal com 18 anos e tinha algumas ideias sobre o que poderia estudar. Uma delas era a moda, embora não a encarasse, na altura, como uma profissão. Também me interessava a arquitetura e o design gráfico. Já tinha ouvido falar do MODATEX, que na altura era CITEX. Dizia-se que o processo de candidatura era um pouco complexo, mas mesmo assim arrisquei e, com alguma surpresa, acabei por entrar. Na altura o curso era diferente. Tínhamos um mês intensivo de confeção. O mês da desmotivação. Quem conseguisse sobreviver estava preparado para o curso. O certo é que acabou por ser uma ótima base e depois foi uma aventura fantástica. Comecei a dar formação no ainda CITEX e depois no MODATEX, alguns anos depois de ter terminado o curso. Foi um desafio interessante. No início achei que não ia ser capaz, já que sou uma pessoa muito tímida, mas fui-me desafiando. Na altura as disciplinas que lecionava eram diferentes e estavam mais ligadas ao design gráfico - “Logotipos e Etiquetas”, “Vestuário Infantil” e “Vestuário Feminino”. Entretanto fui evoluindo para “Streetwear”, que contém um conteúdo algo histórico que sempre me interessou muito. Quais é que considera serem as principais dificuldades e facilidades com que os alunos se deparam hoje? Acho que as facilidades também colocam as próprias dificuldades. É contraditório, mas faz todo o sentido. Neste momento, o acesso à informação é muitíssimo mais célere. Anteriormente passávamos por um processo de investigação longo e moroso. Atualmente a realização dos projetos também se torna muitíssimo mais rápida e não tem um custo tão elevado. Na altura, se não quiséssemos destruir revistas tínhamos de fotocopiá-las para cortar, fazer uma colagem e depois fotocopiar essa colagem para não se notarem imperfeições. Não havia entregas de trabalhos digitais. Investíamos imenso na embalagem do projeto. O projeto físico tinha uma importância enorme. Tínhamos de tornar a capa do livro, assim como o conteúdo, enriquecedores. Hoje em dia, embora se possa pedir projetos físicos, a maioria é digital. Todas estas facilidades também lhes colocam alguns entraves. Há cada vez mais alunos nesta área do design de moda? Acho que sim. Também porque há cada vez mais cursos e mais profissionais formados. Para além disso, é muito mais fácil aceder e comunicar a informação. Quando se tem uma marca nova é mais fácil obter algum palco, mas, por outro lado, também há muito mais concorrência. O palco tem de ser constantemente alimentado e financiado. No início os industriais não acreditavam muito nas nossas capacidades técnicas e criativas. Existia algum preconceito, com empresários a preferirem contratar designers espanhóis. Havia já muitos nomes com alguma relevância, mas para o setor fabril era muito difícil traduzir nos 18 · VESTIR 82 · MODATEX · 2021

seus produtos a criatividade que se via nas passerelles. Aliar a simplicidade à criatividade é o mais difícil. Mas é possível e o MODATEX trabalha muito nesse sentido: tenta puxar ao máximo a criatividade dos formandos, mas, ao mesmo tempo, mostra-lhe que pode chegar a um lado mais comercial. Hoje em dia, acho que já encontramos maior credibilidade e há maior abertura por parte dos decisores para contratar designers nacionais. Os alunos quando chegam ao MODATEX já têm uma noção concreta do que querem fazer? Acho que a grande maioria não sabe. Como em qualquer área criativa existem sempre dúvidas quanto às capacidades e ao que se vai encontrar no ensino. Penso que muitos alunos vão para o curso para criarem uma marca própria e tornarem-se designers de autor. Contudo, ao longo do percurso, deparam-se com outras realidades e desafios que os fazem arriscar noutras áreas. Algo que o MODATEX tem tentado fazer, e que considero ser o futuro do ensino, é a especialização. Ramificar as saídas e a profissão. Muitos deles acabam por descobrir durante o curso que têm mais vocação para a área comercial, outros para um conteúdo mais artístico, outros para a cenografia, outros sentem-se mais à vontade no merchandising, no pensamento logístico e comercial…Tudo faz parte da moda. Por outro lado, temos as áreas técnicas que infelizmente foram descuradas. Nós como sociedade não temos tido a capacidade de as valorizar. Neste momento, o setor sente uma enorme dificuldade em encontrar pessoas da área técnica, desde a modelação, ao corte, à confeção. É algo que se tem vindo a perder, porque não são profissões cativantes e sedutoras. Temos de conseguir mudar! Como é que se tornam as áreas técnicas mais atrativas? Passa essencialmente pela comunicação que as escolas fazem. A tendência é direcionar as crianças para as mesmas profissões e quando elas fazem outras escolhas são muitas vezes questionadas. E isto tem de mudar. Temos de desmistificar estas profissões consideradas “menores”. Existem imensos jovens que não sabem o que querem. Têm de ser acompanhados. Estas áreas nunca são faladas. Raramente olham para a indústria têxtil que tem um grande impacto na nossa economia. Faz por isso sentido que a repensemos, que não a descuremos, que não deixemos os profissionais escaparem. Por outro lado, as empresas não podem funcionar exclusivamente em linha, para que os funcionários não tenham apenas uma função. Eu percebo que isto poderá ter pequenas nuances na produção da empresa, mas será que não vale a pena? Eu acho que faz toda a diferença, sobretudo a longo prazo. Estas pequenas coisas fazem com que as pessoas fiquem mais motivadas. Têm de ser incutidas algumas diferenças nestes processos de trabalho. Se não são feitas por opção das próprias empresas, então devemos pensar em tentar legislar a

situação para torná-la mais clara. Como avalia o ensino da moda em Portugal? Acho que se tem expandido muitíssimo. Existem muitos mais cursos do que na minha altura. Mas quantidade não é qualidade. Existe uma repetição muito grande dos conteúdos, em vez de uma especialização e ramificação da formação. O que tenho sentido ao nível dos estagiários que recebo, é que o MODATEX tem conseguido uma maior abrangência. No MODATEX consegue-se ter uma noção da generalidade do setor. Tenho recebido muitos estagiários que não conseguem fazer um molde de raiz, apesar de terem acabado de sair do curso. No MODATEX os alunos conseguem ter uma noção da criação de uma peça, desde o embrião. Que balanço faria dos 10 anos de atividade do Modatex? Acha que o centro conseguiu acompanhar as mudanças do mercado? Acho que conseguiu e vai conseguir fazer ainda mais. Pela simples razão de que nesta área nunca podemos estagnar. De facto, o curso tem de estar em constante evolução. Tem conseguido focar-se nas questões atualmente relevantes, como a sustentabilidade ou a área digital. Tem havido o cuidado de conseguir encontrar profissionais que consigam passar as mensagens aos formandos de uma forma eficaz. Temos de constantemente inovar, criar novos desafios, dar mais aos formandos e permitir que não fiquem apenas por uma única formação. Uma mensagem para o MODATEX Parabéns! Uma década é muito e é pouco. Não consigo desprender-me do que já foi e do Citex que fez parte da minha realidade. Pensar que já passaram 10 anos desta junção é incrível. Passou muito rápido e isso é um bom sinal. Estão de facto de parabéns.

Entrevista integral (YouTube)


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PAULO DE OLIVEIRA

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A Paulo de Oliveira SA é a maior produtora de lanifícios da Península Ibérica. Um percurso que se iniciou em 1936 e que tem contado, ao longo dos últimos 10 anos, com a parceria e a colaboração do MODATEX na formação e recrutamento de profissionais altamente preparados para os enormes desafios que o setor, o país e o mundo atravessam.

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“ O MODATEX conhece a nossa realidade”

Há quantos anos se iniciou a relação do MODATEX com a Paulo de Oliveira S.A? E como se carateriza a mesma? A nossa colaboração com o MODATEX vem desde a sua fundação e assenta num diálogo permanente. O MODATEX conhece a nossa realidade e tem sido inexcedível nas respostas às nossas solicitações. Podemos dizer que tem sido uma cooperação fundamental para o desenvolvimento dos nossos recursos humanos. Que serviços presta o MODATEX à empresa? No essencial recorremos ao MODATEX para formação e recrutamento. Saliento sobretudo a formação têxtil. Um serviço muito relevante para nós é a ligação entre o recrutamento e a formação. Isto é, incentivamos ações de formação e asseguramos um estágio no final da formação. Na prática quase todos os formandos acabam por ser inseridos nos quadros das empresas. Nos anos que antecederam a pandemia, estas ações foram um importante contributo para o crescimento e o rejuvenescimento da empresa. Como avaliaria a prestação de serviços do MODATEX? Como sempre acontece, nas parcerias bem-sucedidas importa ponderar a vontade e a disponibilidade e, nesse aspeto, a avaliação é excelente. É evidente que, ao longo do tempo e, até em função do ciclo económico, há momentos em que é mais fácil recrutar e fazer ações de formação e outros em que é mais difícil. Mas mesmo nos períodos mais complicados, em que não é fácil dar resposta à nossa assertividade, constatamos um grande empenho e vontade em encontrar soluções. Quais são as principais mais-valias de um centro como o MODATEX para as empresas do setor? Em Portugal, o sector da lã tem o epicentro na Covilhã, que é uma cidade industrial e que se desenvolveu sempre em ligação com a manufatura da lã. A preservação desta tradição, deste saber fazer, é um valor inestimável para todos os covilhanenses. É a essência da nossa história e, portanto, a difusão e preservação deste conhecimento, que é matriz do MODATEX, é uma mais-valia económica, mas também emocional. Ao nível dos RH qual o principal desafio que as empresas do setor em geral, e a Paulo de Oliveira S.A em específico, enfrentam? Pode o MODATEX ser uma mais-valia nestes desafios? O valor maior de uma empresa é o seu capital humano. E nós temos a felicidade de trabalhar com pessoas fantásticas e de ter uma rotação de pessoal muito baixa. Por outro lado, existe VESTIR 82 · MODATEX · 2021

um estigma social para com o trabalho na indústria têxtil, que dificulta o seu rejuvenescimento. Contudo, verificamos que depois de inseridas na nossa realidade, a maior parte das pessoas adapta-se muito bem e fica connosco muitos anos. O MODATEX tem ajudado a ultrapassar esta barreira. Quais as áreas onde têm mais dificuldade em contratar? Porquê? Generalizando, podemos dizer que com a redução do ecossistema têxtil se tem tornado mais difícil contratar pessoas com competências técnicas e, portanto, é mais importante conferir-lhes conhecimentos teóricos para que, quando inseridos na nossa realidade, possam consolidar as competências que pretendemos. A imagem do setor tem vindo a mudar nos últimos anos. Essa mudança tem sido suficiente para tornar o setor atrativo para a captação de mão-de-obra qualificada? O que falta ainda fazer? Infelizmente existe um preconceito sobre a indústria no geral. Quando, na verdade, as estatísticas nos dizem que, em média, a indústria remunera mais, tem maior produtividade, exige mais qualificações e acrescenta mais valor que, por exemplo, a maior parte das atividades ligadas ao turismo ou ao setor terciário. Se queremos melhorar a nossa produtividade, para aumentarmos os salários médios, necessitamos de uma indústria forte. Mas, infelizmente, as políticas públicas não têm contribuído para a consolidação de uma base industrial forte. Este é um problema com décadas e que talvez explique uma parte das nossas dificuldades em crescer. Portugal está a empobrecer em termos relativos, estamos a atrasar-nos, o que deveria ser uma preocupação. É estranho porque não se discute isto. É necessária uma estratégia de longo prazo, que mobilize vontades para construir vantagens competitivas, em áreas como a transformação digital ou a transição energética. Faltam políticas públicas que facilitem o desenvolvimento dos negócios, incluindo um enquadramento moderno para as leis do trabalho e uma fiscalidade justa, previsível e amiga do reinvestimento. Que desafios se colocam atualmente ao ITV em Portugal? Como se podem ultrapassar? Os próximos anos vão ser transformacionais. Há uma década Andy Grove, o grande dinamizador da INTEL, escreveu um manifesto “how america can create jobs” que ainda hoje é poderosíssimo. A ilusão sebastiânica de que todos os nossos problemas se resolvem com “startups”, que vão criar infindáveis empregos e gerar incomensurável valor, é mais que um

logro, é um perigo. Nada contra as “startups”, são fantásticas, mas sem uma base industrial forte, em que se possam apoiar, não há vantagens competitivas sustentáveis. Como intuía Andy Grove, a Intel do futuro vai ser asiática porque é lá que está a produção. A nossa base industrial tem que ser preservada e temos que criar condições para a fortalecer. Nos próximos anos podemos assistir a uma reindustrialização, numa lógica de proximidade, e o setor da moda pode recuperar glamour. A têxtil tem feito um trabalho fantástico, mas ainda há um caminho a percorrer e pleno de desafios complexos: digitalização, automatização/robotização, inteligência artificial, machine learning, alterações de processos de compras, alterações culturais com influência em políticas públicas, etc. Vai ser necessário investir para nos mantermos na linha da frente da produtividade e das competências. É necessário que as políticas públicas compreendam a amplitude dos desafios e protejam as empresas que têm capacidade para fazer face aos investimentos necessários para serem bem-sucedidas. As empresas maiores serão os polos de desenvolvimento das competências que depois serão disseminadas pelo seu ecossistema. Da mesma forma que são os nossos maiores clientes que nos obrigam a evoluir, seremos nós a ajudar os nossos parceiros locais. Não quero dizer que devemos apoiar as empresas “maiores” com o mesmo vigor com que apoiamos as pequenas. Nada disso. Apenas que a nossa legislação estigmatiza e é contrária ao crescimento e que será um erro tremendo se as empresas com mais de 250 trabalhadores não forem apoiadas nesta travessia. Esse erro tornará muito mais lento, difícil e talvez até inviabilize a transformação que desejamos. Uma têxtil com 250 trabalhadores não é grande. De facto, o maior problema da têxtil portuguesa é não ter empresas de dimensão internacional. Breve mensagem de aniversário para o MODATEX. Obrigado pela colaboração que nos têm dado e continuem a contribuir para melhorar as empresas e promover o emprego.

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10 ANOS MODATEX · PESSOAS

MARIA CARLOS BAPTISTA“Sem o MODATEX não estaria onde estou hoje”

Maria Carlos Baptista sonhava ser bailarina. Uma lesão nas costas levou-a até à Moda. Depois de ver a qualidade do seu trabalho reconhecido no concurso Bloom foi convidada a representar Portugal na Semana de Moda de Paris. No horizonte está a criação de uma marca própria que seja um contributo para a Moda e para as Artes. O MODATEX foi o ponto de partida para a realização destes e de muitos outros sonhos.

Conte-nos um pouco do seu percurso? Cresci com o sonho de ser bailarina, mas sempre senti necessidade de me exprimir criativamente através de vários meios para além da dança. Tinha como meta ser bailarina profissional e todo o meu percurso foi nesse sentido, até que deixou de ser uma possibilidade por questões de saúde e tive de mudar o meu rumo. Quando e como se dá o encontro com a Moda e com o Design de Moda? A Moda surgiu em resposta a uma lesão grave nas costas que tive durante a licenciatura em Dança. Comecei a sentir-me muito limitada por não me poder expressar criativamente através da dança e tive que arranjar uma forma de materializar ideias. O Design de Moda surgiu pela falta de conhecimento que tinha da área em termos práticos. Antes de frequentar o MODATEX não sabia pregar um botão. Acho que expressar-me através da criação de roupa foi a forma mais próxima que tive de continuar a criar, estando diretamente ligada ao corpo e ao movimento. Em outubro de 2020 foi uma das vencedoras do Concurso Bloom? Que importância teve esta distinção? Foi um ponto de viragem. Durante o meu percurso no MODATEX Lisboa, sempre disse que não queria ter marca própria. Nunca achei que houvesse curiosidade no meu trabalho ou que a minha curta jornada na área fosse suficiente para poder contribuir a nível individual. Quando entrei no curso de Moda tinha dito a mim mesma que iria tentar participar num concurso, e se assim fosse, que seria uma das vencedoras. Acho que passa muito pelo retorno de sentir que há espaço para mim nesta área e que tenho um bom contributo a dar. Posteriormente foi convidada a integrar o calendário de apresentações da Semana da Moda de Paris, numa aposta do Portugal Fashion em novos talentos da moda nacional. Como recebeu esse convite? Foi um misto de emoções. Fiquei muito feliz com o convite e senti que foi mais um reforço 22 · VESTIR 82 · MODATEX · 2021

da aposta do Portugal Fashion no meu trabalho. Não havia como recusar uma oportunidade destas. Poder dizer que participei na Semana de Moda de Paris nem parece real, uma vez que o meu trajeto é tão recente e aconteceu tanta coisa. Foi muito bom sentir esta aposta e reconhecimento do meu trabalho como nova designer a representar Portugal lá fora. Como correu esta apresentação? Pessoalmente acho que correu mesmo muito bem. Todo o processo de materialização do ‘espaço negativo’ foi muito gratificante, desde estar sozinha a confecionar a coleção em casa, até estar a fazer as gravações do vídeo apresentado. Houve um esforço conjunto de todos os envolvidos para que a apresentação em Paris acontecesse de acordo com o que tinha imaginado. O feedback foi muito positivo e não podia estar mais grata pela oportunidade. Que oportunidades surgiram entretanto? A participação em Paris deu-me mais visibilidade, pelo que cheguei a mais pessoas que se sentem de alguma forma identificadas com o que crio, e estou neste momento rodeada de pessoas que me querem ajudar a atingir os meus objetivos e a complementar o meu trabalho. Expetativas em termos de percurso profissional? Espero vir a ter a minha marca, com bons valores e que crie novos hábitos de consumo mais conscientes e sustentáveis, e que seja um contributo tanto para o mundo da Moda, como para as Artes. Que próximos passos tem em mente? Criar uma marca com a minha irmã. Como desenvolve o seu processo criativo? Onde se inspira? O meu processo criativo passa muito pelas minhas vivências, pelas pessoas que me rodeiam, os espaços que frequento, a música que oiço. Acho que a melhor forma de nos diferenciarmos no mercado será termos uma visão bem clara do que queremos, termos uma identidade visual bem trabalhada, e acima de tudo sermos fiéis a nós mesmos.

O MODATEX está a comemorar 10 anos de existência. Que importância teve esta instituição na sua formação? O MODATEX foi fundamental na minha formação. Foi um curso intenso, com muito trabalho, exige muita dedicação, mas sem o MODATEX não estaria onde estou hoje. Foi uma ajuda tremenda na minha formação, e sei que não teria o conhecimento prático e profissional que tenho se estivesse estado noutro centro de formação/ instituição. Quais considera serem os principais atributos do MODATEX? Os principais atributos são, sem dúvida, a extensa formação que nos dão em várias áreas relacionadas com o Design de Moda. Tive extraordinários formadores, com vasta experiência na área. O facto de nos direcionarem para o que é o mundo de trabalho e o acompanhamento que dão aos formandos, foram pontos cruciais na minha formação. Que argumentos utilizaria para convencer os jovens que estão agora a tomar decisões em relação ao seu futuro profissional de que o MODATEX é a escolha certa? É engraçado porque eu decidi escolher o MODATEX por ter lido o testemunho de antigos alunos e foi realmente a escolha certa. É, sem dúvida, a escolha correta para quem quer investir na formação dentro da área da Moda. A formação é muito completa, muito direcionada para o mercado de trabalho, há uma dedicação de todo o corpo docente em orientar o nosso percurso e a definir uma meta. E acho que sou o melhor exemplo de que a formação foi fulcral no meu percurso, porque sem a minha formação no MODATEX não teria tido as oportunidades que tive e não estaria onde me encontro. Uma mensagem de aniversário para o MODATEX. Acima de tudo estão de parabéns pelo investimento e dedicação que dão aos formandos! Garantem uma excelente formação a todos e assim permitem que os nossos sonhos se concretizem. Mais do que parabéns, é um obrigada.


MODELO: JÉSSICA COSTA ( L’AGENCE ) © FOTOGRAFIA: INÊS SILVA SÁ

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MODELO: SASHA KHOLKINA ( ELITE LISBON) © FOTOGRAFIA: UGO CAMERA

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MODELO: TONI ERM ( JUST MODELS) © FOTOGRAFIA: UGO CAMERA

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MODELO: ISABELLA RIDOLFI ( L’AGENCE ) © FOTOGRAFIA: UGO CAMERA

MODELO: TONI ERM ( JUST MODELS) © FOTOGRAFIA: UGO CAMERA

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10 ANOS MODATEX · PESSOAS

ANA RITA DE SOUSA

A designer de moda, Ana Rita de Sousa, formada pelo MODATEX, foi uma das vencedoras da última edição do Sangue Novo na ModaLisboa. Um prémio destinado a finalistas de cursos superiores de Design de Moda e a jovens designers em início de carreira. O upcycling e a reutilização de tecidos deadstock para as amostras e produção das suas coleções é uma das imagens de marca da ARNDES, marca da criadora. Direcionada para um público que valorize o craftsmanship e a sustentabilidade ambiental, ecológica e social, ARNDES equilibra a estética, a funcionalidade e a qualidade com o impacto dos seus produtos durante o seu ciclo de vida.

Conte-nos um pouco do seu percurso? Iniciei o meu percurso na Escola Artística de Soares dos Reis, no Porto, na especialização de Figurinos, formação que terminei em 2016. No ano seguinte integrei o curso de Design de Moda, no MODATEX. Durante o curso participei no concurso do PFN, fiquei em 4º lugar. Tive a oportunidade de representar novamente o MODATEX no Portugal Fashion. Na fase final do curso, e estando já a estagiar no atelier de Luís Buchinho, candidatei-me ao concurso do Sangue Novo da ModaLisboa. Quando e como se dá o encontro com a Moda e com o Design de Moda? Desde pequena que gostava de fazer ou transformar peças de roupa. Era um hobby. Quando terminei o curso na Soares dos Reis decidi inscrever-me no curso de verão do MODATEX . Foi nesta altura que percebi que gostava de aprofundar os meus conhecimentos nesta área e decidi inscrever-me no curso de Design de Moda. Foi uma das vencedoras do concurso Sangue Novo da ModaLisboa. Que importância teve este prémio? Fiquei obviamente muito feliz por ver o meu trabalho reconhecido. Neste concurso ganhei 28 · VESTIR 82 · MODATEX · 2021

o prémio ModaLisboa X Polimoda que me vai permitir frequentar um Master in Collection Design, em Florença, com a duração de 9 meses. Tenho a certeza que me irá proporcionar experiências incríveis e será mais um importante marco na minha formação. Que oportunidades profissionais surgiram entretanto? Surgiu a oportunidade de ter a minha última coleção em showroom na plataforma colaborativa de comunicação SHOWPRESS PR COLAB da SHOWPRESS Press & PR Office, em Lisboa. Processo criativo? Como funciona? Onde se inspira? Penso que o meu processo criativo é diferente do dos outros designers ou, pelo menos, diferente daquilo que estamos acostumados a ouvir sobre a forma como as coleções são desenvolvidas. Começo por ver algumas referências artísticas, ao mesmo tempo que faço uma seleção dos materiais que gostaria de utilizar. Os tecidos que utilizo são todos de deadstotck e de roupa em segunda mão (habitualmente compro em lojas solidárias ou em instituições). Depois faço a seleção das peças que quero transformar e começo a experimentar as formas e volumes. O objetivo é criar um ambiente

laboratorial onde se dá azo à exploração e à experimentação. O MODATEX está a comemorar 10 anos de existência. Que importância teve esta instituição na sua formação? O MODATEX apoiou-me e motivou-me a encontrar a minha essência e a minha linguagem enquanto designer. Aqui adquiri competências de autodisciplina e método de trabalho, fundamentais no desempenho da profissão. Que argumentos utilizaria para convencer os jovens que estão agora a tomar decisões em relação ao seu futuro profissional, de que o MODATEX é a escolha certa? O curso de Design de Moda é bastante completo, trabalhando em simultâneo as áreas práticas e teóricas. Prepara-nos para o mundo do trabalho, incentivando a nossa autonomia tanto em formação como em situação de estágio. Para além disto, aproxima-nos da realidade da profissão. Uma mensagem de aniversário para o MODATEX Deixo um agradecimento ao MODATEX por todo o apoio e acompanhamento desde que entrei até este momento.


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“ O MODATEX apoiou-me e motivou-me a encontrar a minha essência e a minha linguagem enquanto designer”

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mpurrado por uma pandemia que chegou sem aviso e que revolucionou por E completo comportamentos, hábitos, estilos de vida e a forma de ensinar e de ser ensinado, o MODATEX viveu uma verdadeira “revolução” interna que lhe permitiu, num curto espaço de tempo, ajustar toda a sua realidade formativa a um modelo 4.0 que será irreversível.

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ENSINO 4.0 MODATEX NA VANGUARDA

O ensino 4.0 é uma realidade incontornável e um dos maiores desafios da atualidade e que viu a sua aplicação ser amplamente potenciada pela chegada da pandemia e pelas inúmeras restrições que esta impôs ao tradicional sistema de ensino em sala de aula. Foi num panorama de elevada incerteza do ponto de vista da saúde pública e do normal funcionamento das instituições, tal qual as conhecíamos, que o MODATEX se viu condicionado a um urgente processo de reflexão interno sobre a sua ação, procurando uma evolução na operacionalização das situações de aprendizagem que permitisse o regresso da sua atividade formativa e salvaguardasse o bem-estar e a saúde de formandos e formadores. Dentro deste espírito de resiliência e da necessidade premente de ajustar os métodos tradicionais de ensino e que envolviam toda uma componente presencial, a equipa do MODATEX, num curto espaço de tempo, reinventou e ajustou toda a sua atuação em torno do digital e do ensino à distância. E foi neste contexto que em abril de 2020, dois meses depois do encerramento do Centro de Formação, o MODATEX introduziu uma plataforma digital especializada em formação à distância que permitiu o encontro “virtual” entre formandos e formadores. Para “catapultar” o lançamento da nova plataforma de e-learning, o MODATEX programou um ambicioso plano de formação em áreas tecnológicas do setor têxtil e do vestuário, que decorreu com enorme sucesso. Para José Manuel de Castro, diretor do MODATEX, “a formação à distância é uma realidade inquestionável. O desenvolvimento de competências é uma necessidade contínua de todos os intervenientes do setor têxtil e vestuário. E nós, enquanto atores incontornáveis no setor da formação na área da ITV, temos que ter a capacidade de antecipar necessidades e de responder em consonância com a dimensão do desafio que nos é colocado. E é neste contexto que surge a nova plataforma de ensino à distância. Um instrumento fundamental no presente e no futuro da formação”. Para além do ensino e da formação em modo digital e à distância, muitos dos processos burocráticos e de contacto, entre a instituição e os seus diversos públicos, foram também transferidos para o virtual, facilitando desta forma o processo de comunicação quer VESTIR 82 · MODATEX · 2021

com o público externo, quer entre os diversos polos e delegações do Centro que tem uma abrangência nacional. É de uma importância extrema que os diferentes estabelecimentos de ensino se preparem para uma versão 4.0 da escola, para que seja possível formar novas gerações preparadas para todos os novos desafios tecnológicos. O desafio do século XXI é não só integrar as novas tecnologias no ensino, como a inteligência artificial e a internet, mas gerar um novo modelo mental baseado na 'cultura maker', ou seja, ter liberdade para implementar novos modelos e testar soluções, procurando sempre uma cultura de inovação, criatividade e resolução de problemas, requisitos do atual mercado de trabalho. A adaptação do MODATEX ao ensino 4.0 foi um processo muito moldado pela urgência criada pela pandemia, mas que José Manuel Castro considera que correu de forma muito positiva e com um carácter irreversível. “Um processo desenvolvido em tempo recorde, mas que correu de forma extraordinária, graças ao esforço e ao trabalho de uma equipa extremamente motivada e com um enorme espírito de missão”, destaca o diretor. O Centro não se ficou apenas pelo lançamento desta plataforma de e-learning, mas também pela disponibilização de um novo portal, mais moderno, ágil, userfriendly e altamente responsivo, alinhado com um ensino que se quer mais 4.0. Os novos canais de comunicação e de interação com os seus diferentes públicos, permitem um MODATEX mais moderno, ajustado às necessidades de uma sociedade mais digital e com uma formação também ela em linha com o que são as atuais exigências do mercado de trabalho, moldado pela tecnologia e pela globalização. José Manuel Castro acredita que só será possível construir um futuro melhor com um ensino que privilegie o desenvolvimento de ferramentas que permitam aos alunos aprender e perceber o porquê das coisas e onde seja possível criar um ecossistema em que todos aprendam e todos ensinem. “A implementação das metodologias ativas e inovadoras, de abordagens didáticas e práticas, pedagógicas e diferenciadoras, o acesso a novos equipamentos digitais e tecnológicos, conduzirá a uma transformação da escola e do ensino”, refere o diretor do MODATEX.

1º C alendário de formação à distância abril de 2020 » » » » »

Styling Pessoal, 1º olhar Materiais Têxteis Caraterísticas dos Tecidos Segurança no Laboratório Princípios Básicos de Modelação

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academia.mx Inovação e Aprendizagem

Tendo como principais atributos a Inovação e a Aprendizagem, a academia.mx é o mais recente projeto do MODATEX e pretende complementar a oferta formativa do Centro em termos de cursos de curta duração, orientados para conhecimentos gerais. Denominados como “PerCURSOS TEMA” procuram proporcionar um contacto introdutório com o MODATEX, permitindo aos interessados poderem posteriormente desenvolver as suas competências no sector da Industria Têxtil e Vestuário (ITV), sendo encaminhados para ações do plano de formação do Centro e que está disponível ao longo de todo o ano.

Os PerCURSOS TEMA são ministrados por alguns dos formadores mais qualificados do sector e apresentam-se como uma oferta formativa inovadora. “Este conceito desenvolve-se num contexto diferente do que normalmente regula a formação, na medida em que conjuga a aquisição de conhecimentos e o envolvimento numa experiência educativa indutora de múltiplos de significados”, refere Pedro Guimarães, Chefe de Unidade da Qualificação e do Planeamento Estratégico do MODATEX. A participação ativa dos formandos na sua aprendizagem e o papel do formador, como facilitador e mediador de conhecimento, são os agentes fundamentais deste modelo de formação. Direcionados, em primeira instância, para o público em geral que pretende fazer uma primeira abordagem a alguns dos temas mais relevantes do sector, bem como aprofundar competências em áreas específicas, os PerCURSOS TEMA, neste tempo de permanente aprendizagem, poderão ser estimulantes também para os profissionais da ITV. Centrados em temáticas do universo da fileira têxtil e moda, os PerCURSOS TEMA são formações exclusivas da academia.mx, constituídos por unidades de formação extra catálogo. “Espera-se, que no final da formação, os participantes reúnam conhecimentos, técnicas, conselhos e ferramentas auxiliares diversas. Visa-se valorizar a riqueza da prática pedagógica reflexiva, capaz de reconhecer a diversidade dos percursos individuais, adotando-os como modelo, para assim favorecer a aprendizagem”, conclui Pedro Guimarães. . O plano de cursos da academia.mx está disponível no site do MODATEX (modatex.pt) e nas respetivas redes sociais. OS PerCURSOS da academia MX são gratuitos e decorrem em diversos horários na sala VIRTUAL MX em sistema de Formação à Distância. VESTIR 82 · MODATEX · 2021

PerCURSOS TEMA » » » » » » » » » » » » » » » » » » »

Processos Criativos para a ilustração de Moda Análise e desenvolvimento de coleções de Moda Nomenclatura de Peças de Vestuário Fibras Têxteis e Ambiente – Uma Simbiose Sustentável Identidade Visual para uma Marca de Moda Motivos Têxteis e cores para vestuário e decoração - séculos XIX e XX Alfaiataria, hoje? Storytelling na Moda O ser Contemporâneo e a Moda Fashion Trend Boards História e Cultura de Moda do século XX - Introdução Fashion Upcycling Apropriação Cultural vs. Inspiração - Os paradoxos da moda nascida nas ruas Racismo vs Skinhead - Os paradoxos da moda nascida nas ruas Luxo vs Estrato Social - Os paradoxos da moda nascida nas ruas Drogas vs Hardcore - Os paradoxos da moda nascida nas ruas Gostaria de criar um pipeline (Funil de Vendas) eficiente para potencializar o seu negócio ou ideia? Gostaria de criar uma persona perfeita para identificar o público-alvo do seu negócio ou ideia? Como criar uma estratégia de sucesso em marketing digital?

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COORDENADOS : RITA FALCÃO MODELOS: JOÃO TRINTA & ANA DINIS @ BESTMODELS

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MODATEX “GANHA” MOBILIDADE INTERNACIONAL

Tendo em vista o alargamento do relacionamento com os diferentes agentes e atores no espaço europeu, com ganho de novas competências, mercados de formação, recursos tecnológicos inovadores, bem como o esperado rejuvenescimento do setor têxtil e vestuário, o MODATEX tem vindo a participar em diversos projetos internacionais, sobretudo no âmbito do programa ERASMUS+.

A participação do MODATEX nas iniciativas internacionais desenvolve-se ao nível das Parcerias Estratégicas e da Mobilidade Individual, com o envolvimento de Formandos, Formadores e Staff, bem como parceiro convidado em projetos de outra natureza, como é o caso dos Centros de Excelência Profissional. Relativamente a projetos de Parceria Estratégica, o MODATEX participa atualmente em dois projetos ERASMUS+, o MODISTO e o FACTIVE. O projeto MODISTO conta com parceiros portugueses, espanhóis, italianos e checos, para o desenvolvimento de um curso MOOC (Massive Online Open Course) sobre “Eco-design and sustainable fashion and clothing”, organizado em quatro módulos, designadamente Eco Design, Materiais Têxteis Sustentáveis, Eco-labeling e Certificação Têxtil para a Sustentabilidade. A equipa portuguesa é constituída pelo MODATEX e pela ATP. Relativamente ao projeto FACTIVE, este contempla parceiros portugueses, espanhóis, eslovenos, italianos, belgas e gregos, e tem como principal objetivo a construção de um MOOC (Massive Online Open Course) sobre a VESTIR 82 · MODATEX · 2021

Sustentabilidade na área têxtil e do vestuário, usando a metodologia de aprendizagem “Flipped Classroom” (sala de aula invertida). No âmbito de projetos de Mobilidade, o MODATEX dispõe de Acreditação até 2027, para a realização de estágios e formação cofinanciados em contexto internacional, por parte dos seus Formandos, Formadores e Staff. Esta mobilidade permitirá aos participantes conhecer novas pessoas e diferentes culturas, desenvolver a capacidade linguística, participar ativamente na transição digital e transição ecológica, iniciar uma carreira com dimensão internacional, adquirir experiência internacional, valorização académica e profissional pelo contacto com outras formas e métodos de qualificação profissional e de trabalho. O MODATEX definiu como principal objetivo de atuação, atualizar e remodelar a oferta formativa do setor, através de uma formação de vanguarda a nível técnico e com um carácter internacional, indispensável para o futuro de todo o universo ITV. Neste âmbito, o MODATEX pretende remodelar os modelos da oferta formativa; captar/ aumentar o número de jovens talentos em

formação em ações de Aprendizagem ou CET; adquirir e incorporar novas técnicas de modelação altamente especializadas nas áreas de produto Lingerie, Bebé e Criança e Corpetes, e nos sistemas Digital e 3D; adquirir e incorporar novas técnicas surgidas na alta-costura, agora aplicadas na indústria tradicional, especificamente na técnica do Draping (ou Moulage); adquirir e incorporar novas técnicas de desenvolvimento de vestuário para homem no domínio da Alfaiataria; adquirir e incorporar novos processos de produção têxtil para a sustentabilidade nas áreas técnicas de tecidos Jacquard, estamparia digital, malhas 3D e enobrecimento têxtil; adquirir e incorporar competências criativas ao nível dos materiais têxteis, na tecelagem, malhas e estamparia, com base na sustentabilidade; adquirir e incorporar novos conceitos do desenvolvimento criativo de coleções e produtos de vestuário / moda nos atuais contextos económicos, sociais e de sustentabilidade e adquirir e incorporar novos modelos de negócio do têxtil e vestuário pelos canais digitais (Marketing Digital de Moda e E-commerce na Moda), no contexto internacional das marcas europeias. 39 / 80


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O IMPACTO DA PANDEMIA NA ATIVIDADE DO MODATEX

A COVID-19 condicionou fortemente a atividade formativa do MODATEX. Numa análise efetuada aos indicadores de execução do último triénio, é possível perceber o impacto que a pandemia teve nos resultados alcançados em 2020.

A pandemia da COVID-19 condicionou fortemente todos os indicadores relativos à formação administrada pelo MODATEX no ano de 2020. Os centros de formação viram-se obrigados a suspender a atividade formativa presencial durante dois meses e, mesmo depois da retoma, a formação teve que se desenvolver de forma alternada, com turmas divididas em turnos manhã/tarde. Só desta forma foi possível obedecer às condições sanitárias e de distanciamento, assegurando a não propagação da doença e proporcionando um ambiente seguro e saudável tanto para os formandos como para os trabalhadores. Assim, analisando os últimos três anos de atividade verifica-se uma execução, em todos os indicadores - número de ações, número de formandos e volume de formação - superior a 95%, excetuando o volume de formação no ano de 2020, devido às causas já mencionadas. Fazendo uma análise pelas modalidades com execução, no último triénio, podemos verificar o seguinte: » Aprendizagem: há um decréscimo acentuado, uma vez que subsistem as dificuldades em recrutar candidatos para dar início às ações previstas. » Cursos de Especialização Tecnológica: com o término da Homologação dos Cursos de Especialização Tecnológica foi iniciado estudo para a nova Homologação. O MODATEX desencadeou, no início de 2020, contactos com a Universidade do Minho, através da sua Escola de Engenharia em Guimarães (que dispõe de Licenciatura em Design Marketing de Moda que incorpora as áreas tecnológicas do Design Têxtil (malhas, tecelagem, estamparia)) para o desenvolvimento de protocolo para a Homologação de Cursos de Especialização Tecnológica de Design Têxtil (para Malhas, para Tecelagem e Estamparia). Devido à pandemia COVID-19 este tema ficou suspenso estando, contudo, neste momento, na fase final. » Educação Formação para Adultos: esta modalidade tem registado uma diminuição. Atualmente o MODATEX está a fazer um esforço acrescido para incrementar a sua execução. » Vida Ativa: progressivamente verifica-se 40 · VESTIR 82 · MODATEX · 2021

que a Vida Ativa diminui o seu peso na execução total do MODATEX. Cada vez é mais difícil recrutar desempregados inscritos nos Centros de Emprego interessados nesta modalidade. » Formação Modular: apesar duma quebra na execução em 2020, causada pela pandemia de COVID-19, é a modalidade onde o MODATEX regista consecutivamente elevados níveis de execução. » Apoio Extraordinário Manutenção Contratos de Trabalho: esta modalidade surgiu apenas depois de declarada a pandemia de COVID-19. Embora não prevista em Plano representou uma elevada percentagem da execução do MODATEX em 2020. » Formação Modular - Extra-CNQ: historicamente não é uma modalidade com elevado peso na execução do MODATEX, no entanto, face à pandemia e, por consequência da interrupção dos processos formativos, o MODATEX desenvolveu um plano de cursos orientado para as novas necessidades do mercado, que, por serem ações de curta duração, são enquadráveis nesta modalidade. Estes cursos funcionaram à distância através da SALA VIRTUAL da plataforma de e-learning do MODATEX. » Prestação de Serviços: modalidade que responde às necessidades imediatas das empresas. Os cursos desta modalidade resultam da formação que decorre de negociações adjudicadas de projetos financiados (nomeadamente PAF, Cheque-Formação e Formação-Ação PME) e da planificação com diluição da execução dos planos de intervenção. Verifica-se que a formação de cariz tecnológico direcionada para adultos, isto é, Aprendizagem ao Longo da Vida representa, em número de ações e número de formandos, no triénio em análise, percentagens superiores a 50% do total da formação do MODATEX. Em volume de formação, a formação qualificante, por ser de longa duração, gera mais volume, por isso representa valores mais elevados. Execução por Região Tendo em conta que a ITV portuguesa está sobretudo concentrada na região norte (87%)

apura-se que o MODATEX segue esta tendência na formação desenvolvida por região. Execução nas instalações do MODATEX (interna) e noutras instalações (externa) e formação à distância Do total da atividade do MODATEX diferencia-se, a formação “dentro de portas” (interna) e “fora de portas” (externa). Entende-se por formação “dentro de portas” aquela que é desenvolvida em qualquer uma das Unidades Orgânicas do MODATEX (incluída também a Formação em Contexto de Trabalho realizada em várias empresas, mas decorrente da formação interna). A formação “fora de portas” é toda a atividade que pressupõe, para o desenvolvimento da mesma, um protocolo/parceria com uma entidade, garantindo o desenvolvimento da formação nas instalações da respetiva entidade. Está incluída nesta categoria a formação nas empresas, juntas de freguesia, associações, fundações, etc. Em 2020, a pandemia ao obrigar a medidas de bloqueio e distanciamento físico, funcionou como catalisador para os processos de inovação em formação à distância. O MODATEX implementou formação totalmente à distância e também modelos de formação que decorreram de forma mista, isto é, sessões presenciais e sessões à distância. Esta transição para a formação remota é um processo que tem evoluído no tempo e que varia desde soluções muito tecnológicas a escassamente tecnológicas, ditadas pelos contextos locais e evoluindo com o desenrolar da crise. Analisando ano a ano podemos verificar que a formação externa em 2018 representou menos de 50% do total da formação do MODATEX. Em 2019 a formação externa representou mais de 50% da execução total exceto em volume de formação (a maior parte das ações de formação no exterior foram de curta duração). Em 2020 a formação externa representou, em todos os indicadores, mais de 50% do total da execução do Centro. A percentagem de formação no exterior aumentou significativamente e, para tal, muito contribuiu a medida “Apoios Extraordinários à Manutenção dos Contratos de Trabalho e Prestação de Serviços” que decorreu nas instalações das empresas beneficiárias.


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MODATEX COM NOVA MONTRA ONLINE modatex.pt assinala a nova era digital

O MODATEX tem uma nova presença online. O novo site, de linhas mais atrativas, foi concebido segundo as mais recentes tendências de comunicação e de consumo, num mercado onde o digital assume uma clara preponderância, consolidando o crescimento que já vinha a registar, mas que foi visivelmente impulsionado pela pandemia. Mais moderna, ágil, user friendly e altamente responsiva, a nova montra digital do MODATEX destaca-se como uma importante ferramenta de comunicação entre o Centro e os seus mais diversos públicos. O enfoque principal está na comunidade formativa, nas empresas, nos formadores, nos atuais e nos futuros formandos. “Este é o nosso rosto principal. O primeiro contacto dos possíveis formandos com o nosso Centro e com a oferta que este disponibiliza, acontece, recorrentemente, através do nosso site. É fundamental que este primeiro impacto seja positivo e desperte o interesse daqueles que nos procuram. Quando idealizamos a conceção do novo portal, a nossa preocupação principal foi a de conseguirmos reunir no mesmo espaço, de uma forma atrativa, funcional e simples, toda a informação necessária”, realça Pedro Guimarães, Chefe de Unidade da Qualificação e do Planeamento Estratégico. Para além de ser uma importante ferramenta de captação de possíveis formandos, VESTIR 82 · MODATEX · 2021

a presença digital do MODATEX cumpre ainda um conjunto de outras funções imprescindíveis nos dias de hoje. Podemos destacar, por exemplo, a facilidade de comunicação e o acesso à informação, a agregação de conteúdos, a simplificação de processos burocráticos e ainda o fato de ser a extensão digital de um espaço físico cujo usufruto está fortemente condicionado e constrangido. O investimento neste novo portal vem no seguimento de uma aposta clara no digital, que o Centro de Formação da Indústria Têxtil e do Vestuário tem em curso desde meados de 2020, e que se iniciou com a implementação de uma nova plataforma de ensino à distância, motivada pela situação pandémica que o país e o mundo estavam a atravessar e que ainda se prolonga nos dias de hoje. De acordo com Pedro Guimarães, “o lançamento da nova plataforma surge também como consequência da crescente procura de informação na internet relacionada com este setor. As características do portal permitem ter acesso de forma ordenada e clara, aos temas que hoje dominam a atualidade, promovendo o seu desenvolvimento”, referiu. O novo portal MODATEX conta com diversas funcionalidades que permitem o acesso a informação em diferentes níveis. A comunidade formativa da instituição tem a possibilidade de criar uma conta pessoal e intransmissível,

que lhe dá acesso direto e privilegiado à inscrição em ações de formação. Para além disso, o titular da conta poderá verificar o seu histórico de formação realizado no MODATEX, o cronograma das atividades e a assiduidade, bem como a avaliação, documentos e trabalhos fornecidos pelos formadores. No novo website é ainda possível encontrar o plano de formação anual, com um sistema de pesquisa composto por diferentes variáveis de interesse dos candidatos. A Formação de Jovens, a Formação de Adultos, a Formação de Ativos das empresas, os serviços às empresas e o Centro Qualifica surgem como os principais destaques. Os “Serviços a Empresas” assumem protagonismo na nova presença digital do MODATEX. “Queremos dar um enfoque especial ao vasto leque de serviços que o Centro pode disponibilizar às empresas, adequados às suas reais necessidades e dos seus colaboradores. Nesta área é possível encontrar informação detalhada sobre a nossa oferta”, refere Pedro Guimarães. Através do novo portal é também possível subscrever a newsletter, ter acesso às principais notícias das atividades do MODATEX e à galeria de imagens. Estes são alguns dos produtos e serviços que o www.modatex.pt coloca à disposição de todo o universo do setor têxtil e vestuário. 41 / 80


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MODATEX LISBOA COM NOVAS INSTALAÇÕES

O alargamento das instalações era, desde há algum tempo, uma ambição e uma necessidade da delegação do MODATEX Lisboa. A escassez de espaço físico e a necessidade de proporcionar melhores condições técnicas aos formandos estava na lista de prioridades identificadas como urgentes. O projeto do “novo” MODATEX ficou concluído em 2021, tem capacidade para acolher 90 formandos, distribuídos por cinco sessões formativas.

A delegação de Lisboa conta a partir de agora com um novo espaço para formação teórica e prática que permitiu aumentar em cerca de 50% a atual capacidade formativa do centro. Contíguo às instalações mais antigas, na Rua Professor Reinaldo dos Santos, este novo espaço situa-se na Rua Mariano Pina, tem uma área de 1040 m2 distribuída por três pisos e capacidade para acolher 90 formandos em simultâneo. O edifício confere maior capacidade e mais qualidade formativa ao MODATEX Lisboa. Segundo José Manuel Castro, Diretor do MODATEX, este novo espaço vai permitir uma gestão mais eficiente do fluxo de formação, sendo agora possível acolher mais formandos e em melhores condições físicas e técnicas. O espaço integra duas salas de formação de confeção; um atelier multifuncional para modelação, confeção e técnicas de feltragem, complementado com zona de lavagem; uma sala de corte, com três mesas de corte e equipamento associado. Um auditório multiusos, preparado e equipado para acolher quer sessões de formação teórica, quer seminários, conferências ou outro tipo de eventos. As novas instalações possuem ainda um espaço para as máquinas especiais, permitindo polivalência na utilização por parte dos grupos em formação, nas restantes salas de confeção; um armazém de matérias-primas fundamental nesta área de formação e uma VESTIR 82 · MODATEX · 2021

zona reservada à manutenção e arrumos. As instalações estão também equipadas com um elevador monta-cargas que facilita a mobilidade de equipamentos e materiais nos diferentes pisos. “Entramos numa nova era no MODATEX Lisboa. Sentíamos já há algum tempo a pressão de não termos capacidade para acolher mais formandos, mas também de lhes conseguirmos dar outras as condições técnicas que a qualidade da formação ministrada nesta instituição merecia””, refere o Diretor ainda que o Centro de Formação passa agora a dispor de uma organização mais eficiente com espaços dedicados sobretudo à vertente mais técnica e prática do ensino. José Manuel Castro destaca a forma célere como todo o processo de remodelação e adaptação do espaço decorreu. “Em agosto de 2020, foram iniciadas as obras de adaptação para a formação e no final de dezembro foi efetuada a mudança. Em janeiro de 2021 começou a formação apenas em dois espaços. Durante o confinamento foram montadas as restantes salas, estando atualmente todos os espaços a funcionar. Houve uma preocupação central ao longo de todo o desenvolvimento do projeto de adaptação e reconversão do espaço, a funcionalidade do mesmo e a sustentabilidade dos materiais utilizados na obra. Com a abertura desta nova área, o MODATEX está ainda melhor preparado para acolher to-

dos aqueles que elegem esta instituição de referência para a sua formação, colocando à disposição do sucesso formativo de centenas de formandos e formadores, um espaço único, especialmente relevante na preparação para a entrada no mercado de trabalho. O MODATEX Lisboa Atualmente, a Delegação de Lisboa do MODATEX conta com 27 colaboradores, 22 ações de formação em desenvolvimento, com 362 formados e 32 formadores e prestadores de serviços.

As novas instalações Localização: Rua Mariano Pina, 7A a 7C · 2 salas de formação de confeção, · 1 espaço para as máquinas especiais · 1 atelier multifuncional · 1 sala de corte · 1 auditório · 1 monta cargas · armazém de matérias primas · espaço de manutenção e arrumos · 1 copa 43 / 80


NOTÍCIAS

MODATEX “preserva” Camisola Tradicional Poveira

Ícone da Póvoa de Varzim e da história etnográfica de Portugal, a Camisola Tradicional Poveira é fabricada a partir de uma técnica de tricotagem ancestral, cujo ensino urge preservar e promover. Ciente desta realidade, o MODATEX assinou um protocolo de colaboração com a PATRIPOVE - Associação de Defesa e Consolidação do Património Poveiro – com vista à concretização de diversas ações de formação e workshops focados na preservação da técnica de tricotagem da Camisola Tradicional Poveira. A primeira ação de formação decorreu no MODATEX Porto. Está ainda prevista a realização de um conjunto de workshops para formandos dos cursos do MODATEX sobre esta técnica artesanal. A Camisola Tradicional Poveira bordada é tradicionalmente feita em lã branca de fio grosso, da região da Serra da Estrela, denominada “lã poveira” e decorada a ponto de cruz. Os motivos bordados (de cor preto ou vermelha) são de inspiração diversa, como por exemplo: o escudo nacional, coroa real, siglas poveiras, objetos marítimos, etc. É uma peça que remonta à primeira metade do século XIX e que fazia parte do traje masculino de romaria e festa do pescador. Este era usado em momentos sociais mais solenes e considerada uma peça de distinção no seio da comunidade piscatória. Atualmente, esta peça de artesanato têxtil também é vista como um artigo de moda e já pisou muitas vezes as passerelles, marcou presença regular em feiras e mereceu destaque em revistas e programas de televisão - levando aos quatro cantos do mundo o nome de Portugal. A produção da Camisola Tradicional Poveira obedece a uma técnica artesanal, que o MODATEX e a PATRIPOVE pretendem preservar e promover em diversas ações de formação, onde serão também aprofundados os conhecimentos históricos e técnicos que serão consolidados com o fabrico de uma Camisola Tradicional Poveira por cada formando.

© MODATEX

MODATEX lança cursos para descobrir e experimentar profissões

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O MODATEX voltou a inovar na área da formação. Desta vez, com o lançamento de três cursos enquadrados no projeto 1st Steps - Artes Têxteis, Design de Moda e Vitrinismo Sob o lema “Experienciar para Aprender”, os cursos propostos tinham como finalidade desmistificar um conjunto de profissões do setor da Indústria Têxtil e Vestuário, de forma a satisfazer a curiosidade dos potenciais formandos e esclarecer sobre as exigências e requisitos de uma determinada função. A formação, de caráter gratuito, foi pensada para todos aqueles que aspiram ingressar numa atividade ligada à ITV e não exigia quaisquer conhecimentos iniciais. A abordagem de conteúdos teóricos e práticos permitiu que os formandos ficassem a conhecer e experienciassem, de forma abreviada, o campo de atuação da carreira profissional


NOTÍCIAS

pretendida. Os cursos facultam ainda conhecimentos basilares e contacto direto com profissionais de renome da ITV. Para poderem frequentar as formações, os participantes tinham de ter idade igual ou superior a 18 anos (empregados ou desempregados) e escolaridade mínima entre o 9º ano e o ensino secundário, dependendo da atividade. A formação foi pensada ao pormenor para cada uma das áreas, de forma a disponibilizar o melhor método de aprendizagem possível. A metodologia, os critérios de avaliação e a certificação variam consoante o curso escolhido. Os cursos decorreram nas instalações do MODATEX Porto.

Formandos de Alfaiataria apresentam projetos de final de curso

Os formandos do curso EFA de Alfaiataria do MODATEX Porto apresentaram, no passado dia 28 de junho, nas instalações do Centro, os seus projetos finais. Inspirados no tema “Cinema”, cada um dos formandos elegeu um filme e baseou-se no mesmo para desenvolver o projeto que assinala o final do curso. A apresentação dos trabalhos ficou marcada pela originalidade e pela criatividade dos formandos, que proporcionaram aos presentes um momento especialmente cinematográfico. O curso de Alfaiataria pretende dotar e desenvolver competências nos formandos para a execução - modelação, corte e confeção - de peças de vestuário masculino sob medida. Os formandos cumpriram as 1500 horas do curso e vão agora estagiar em empresas do setor.

Participação do MODATEX em conferência internacional sobre educação digital

João Melo e Costa, coordenador dos cursos de Design de Moda do MODATEX Porto, foi orador na 11TH – PAN-EUROPEAN CONFERENCE ON DIGITAL EDUCATION. A presença de João Melo e Costa surgiu no âmbito do FACTIVE - projeto integrado no programa Erasmus+ no qual o MODATEX é parceiro. Esta conferência visou a partilha de boas práticas na utilização da metodologia de ensino “Flipped Classroom”, contando com um painel de seis oradores internacionais, com uma notável experiência no recurso a este método. O orador do MODATEX partilhou a sua experiência na área de Formação Orientada por Projetos, colhendo um fantástico feedback sobre a abordagem ao tema. O evento, digital, teve transmissão global e contou com uma vasta audiência internacional.

MODATEX solidário

O MODATEX, no âmbito da sua política de responsabilidade social, tem-se associado a inúmeras instituições, sobretudo IPSS´s, e com o empenho e a dedicação de formandos, formadores, colaboradores e parceiros, tem contribuído para mitigar os efeitos nefastos da pandemia, sobretudo junto da população mais desfavorecida. VESTIR 82 · MODATEX · 2021

Assim, a delegação do MODATEX da Covilhã confecionou mantas de pano com revestimento térmico no interior, para oferecer aos idosos do Centro de Assistência Social do Dominguizo, localizado na Covilhã. Para além disso, as formandas da Ação de Iniciação à Confeção Industrial, projetaram e produziram ainda quinze bonecos de pano que foram entregues às crianças e jovens do Centro Social Jesus Maria José do Dominguiso (CSJMJ). A terceira idade foi uma das franjas da população que mais sofreu com o impacto da pandemia do SARS-COVID-19, não só pela maior suscetibilidade às complicações causadas pelo vírus, como pelo maior número de comorbidades e défices funcionais. O Centro Social Jesus Maria José do Dominguiso é uma Instituição Particular de Solidariedade Social com Creche, Centro de Atividades de Tempos Livres e Centro de Acolhimento Temporário para crianças em risco entre os 0 e os 12 anos de idade, localizado na Covilhã.

MODATEX forma para o emprego em Celorico de Basto

O polo de Barcelos do MODATEX deu início a uma ação de formação integrada no programa Vida Ativa - Formar para Empregar, na empresa Pontosingelos, em Celorico de Basto. A ação com o objetivo de formar 18 mulheres desempregadas, na área de Confeção de Peças de Vestuário, para posterior integração na própria empresa. O curso tem a duração de 570 horas, com estágio incluído. Criado em 2012 para responder às necessidades de profissionais qualificados do setor, o Formar para Empregar é um projeto formativo direcionado para a empregabilidade efetiva e resulta da colaboração entre o MODATEX, as empresas do setor da Indústria Têxtil e Vestuário e os Centros de Emprego numa lógica de ajustamento entre a oferta existente (desempregados inscritos) e a procura de profissionais qualificados. Os planos de formação são criados em articulação com as empresas e com os serviços locais de emprego. São personalizados de acordo com a realidade a que se destinam. As formações práticas “preparam os formandos para a função que irão exercer, permitindo também que, durante a aprendizagem, possam assimilar os valores e métodos de trabalho da empresa” onde posteriormente serão integrados.

O MODATEX deu formação a jovens do projeto socioeducativo Arco Maior

Em janeiro, o MODATEX deu início ao curso de “Costura e Upcycling”, na Escola Secundária Infante D. Henrique, no Porto, destinado a jovens integrantes do projeto socioeducativo Arco Maior. O projeto socioeducativo Arco Maior é dirigido a adolescentes e jovens excluídos ou que abandonaram os sistemas formais de educação e formação, sem que chegassem a completar a

escolaridade obrigatória. Preferencialmente dirigido a jovens entre os 15 e os 18 anos, contudo existindo também a possibilidade de acolher jovens com idades inferiores e superiores. Com a duração de 30 horas, o curso teve como principal finalidade estimular e despertar o interesse pela área têxtil e vestuário junto de alguns dos jovens integrantes do projeto, através da exploração de materiais e da transformação de peças de vestuário. Esta formação pretendeu sensibilizar os formandos para a importância do reaproveitamento de matérias têxteis em fim de vida, ensinar a utilizar diferentes ferramentas e técnicas de trabalhos manuais e mecânicos, como a intervenção têxtil, usando a estamparia manual e a manipulação de tecidos.

Formandas do MODATEX alcançam o 1º e o 2º lugar na estreia do Campeonato Nacional de Profissões Digitais

Beatriz Diaz Arguelles y Soares e Inês Lemos de Sousa, formandas do MODATEX, foram as grandes vencedoras da profissão de Design de Moda – Vestuário -, na primeira edição do Campeonato Nacional de Profissões Digitais o Skills Portugal Digital 2021. Em competição estiveram 200 jovens, com idades compreendidas entre os 16 e os 35 anos, que puseram à prova as suas competências em 18 profissões. Ao primeiro lugar do pódio subiu Beatriz Diaz Arguelles y Soares e ao segundo Inês Lemos dos Santos, ambas a frequentar o curso técnico de Design de Moda, no MODATEX Lisboa e no MODATEX Porto respetivamente. O MODATEX, como instituição de referência na formação do setor ITV, contou com a participação das duas formandas na prova de Design de Moda – Vestuário. A prova assumiu contornos de uma competição modular, visando a avaliação individual das diferentes competências necessárias a um desempenho profissional exemplar - pesquisar, conceber uma coleção, desenvolver fichas técnicas e comunicar e defender o projeto. No caso concreto do Design de Moda – Vestuário, a competição assentou em quatro módulos: Pesquisa no design de moda – vestuário; Conceção de projetos de moda; Planificação técnica de vestuário e Comunicação de projetos de moda. A prova teve a duração total de 13 horas e 5 minutos. Numa iniciativa do IEFP/WorldSkills Portugal, este campeonato teve como objetivos principais sensibilizar a sociedade para a importância das qualificações na área do digital, dar corpo às orientações europeias e nacionais em matéria da educação e formação digital e responder ao desafio da WorldSkills Internacional de tornar 2021 no Ano da Inovação. Contando com parceiros de referência a nível nacional e mundial na área do digital, como a Microsoft, a Amazon, a CISCO, a Google, entre outras, esta foi a 1.ª competição da WorldSkills Portugal desenvolvida numa lógica totalmente digital e à distância. 45 / 80


© ASSOCIAÇÃO SELETIVA MODA

SECÇÃO

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OPINIÃO

BACK TO (THE CORE) BUSINESS Manuel Serrão CEO Associação Seletiva Moda

Missão cumprida, eis-nos back to business. Melhor dizendo back to the core business.

Depois de cumprida a missão em estado de emergência de acudir à necessidade de produção de máscaras e outros artefactos dessa área, a maioria das nossas empresas têxteis e vestuário já se voltou a concentrar no seu negócio habitual. A nossa pergunta é se conseguimos ir ao encontro dessas boas duas notícias. Por um lado, a ITV soube responder mais uma vez a uma emergência nacional, por outro lado conseguiu mostrar a sua capacidade de resiliência, voltando a estar a postos no momento em que os ventos da retoma começam a soprar. De qualquer modo estas notícias boas não escondem que ainda não está tudo como dantes. O nosso “quartel-general” não é em Abrantes! É preciso que o nosso governo esteja também a postos para acudir às necessidades das nossas empresas no início da retoma. Ninguém com bom senso pede que se viabilizem empresas que já eram inviáveis antes desta pandemia. Mas todos devemos exigir que as empresas que estavam bem antes, possam manter os apoios existentes até que as condições do mercado mundial permitam que voltem a estar bem no pós-pandemia. Até porque os jovens que estão em formação precisam de uma luz ao fundo do túnel. É necessário criar condições para que todos sejam integrados no mercado de trabalho, numa indústria têxtil musculada e a pensar no futuro. A formação qualificada é a base de uma ITV inovadora e sustentável. Onde se fundem a tecnologia com o know how de gerações. A falta de mão de obra qualificada não pode ser o “calcanhar de Aquiles” da nossa indústria. Por outro lado, a indústria tem que se tornar atrativa para os jovens não fugirem para paragens mais longínquas. A pandemia ainda não acabou, mas a nossa ITV já só pensa na próxima inovação que irá continuar a destacar Portugal como player mundial do sector. VESTIR 82 · MODATEX · 2021

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INTERCOLOR

SPRING_SUMMER 2021 PORTUGUESE COLOUR PROPOSAL FOR INTERCOLOR O ato de investigar, seja no sentido lato ou particular, em âmbito académico ou não, está intimamente relacionado com o questionar a realidade em que vivemos e discutir problemas sociais. Uma necessidade de interpretar o Zeitgeist, que acaba por proporcionar várias perspetivas e, por conseguinte, ampliar a nossa visão do mundo. Para alguns indivíduos, a investigação e pesquisa de tendências são uma espécie de vício, um ato do quotidiano. Mas é precisamente deste aprender a aprender, que se passa do reproduzir para a singularidade. Mergulhar no que sabemos e projetar no desconhecido a fim de criar um futuro especulativo. Para pesquisar à cerca de tendências no campo da cor para Moda, é preciso ter uma profunda curiosidade pelo mundo ao nosso redor, promover o confronto entre dados, evidências, informações e o conhecimento teórico acumulado; sem, no entanto, descurar a intuição. O processo de descoberta é algo fascinante e surpreendente, mas requer racionalidade, bem como bastante equilíbrio entre a coleta de dados e a identificação de cores. O truque é identificar as mudanças nos valores, paradigmas culturais, fronteiras tecnológicas e decidir qual é o futuro preferível para nosso público, para o cliente, para nós próprios.

WHICH WAY TO GO “... houve um tempo em que a expressividade artística nos enchia os olhos, arrepiava a pele e nos transformava enquanto seres humanos…” _ A tualmente, esse ímpeto criativo proliferou em cada individuo, materializando-se em intrincadas e arrojadas exteriorizações de uma afirmação pessoal. _ Storytellers vorazes do consumismo e exibicionistas de egos, extravagantes para alguns, para outros perfeitamente normais. _ Se no passado o tempo corria numa cadência que agora temos dificuldade em entender, é porque permitimos que o silêncio ficasse submerso na cacofonia em que o quotidiano se transformou. _ Neste contexto, a afinação revela-se como ferramenta indispensável para cada individuo definir e calibrar o ritmo da sua existência. _ Se por um lado a tecnologia é tida como sendo em grande parte responsável pela aceleração em que vivemos, também parece ser verdade que há quem encontre tempo para refletir, deixar de lado a indiferença e o individualismo exacerbado e defender com a atitude individual, o coletivo.

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PORTUGUESE COLOUR PROPOSAL ORLANDO · USA · MAY 2019 WHICH WAY TO GO SPRING/SUMMER 2021

A MAD TEA PARTY

20-0033 TPM

THE TURNER OF SILENCES

WHICH WAY TO GO SPRING/SUMMER 2021

PORTUGUESE COLOUR PROPOSAL ORLANDO · USA · MAY 2019

WHICH WAY TO GO SPRING/SUMMER 2021

18-1629 TPX

13-0116 TPX

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14-2311 TPX

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19-1525 TPX

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PORTUGUESE COLOUR PROPOSAL ORLANDO · USA · MAY 2019

11-4800 TPX

WHICH WAY TO GO SPRING/SUMMER 2021

PORTUGUESE COLOUR PROPOSAL ORLANDO · USA · MAY 2019

20-0082 TPM

A MAD TEA PARTY

11-0105 TPX

16-0213 TPX

17-1330 TPX

17-1558 TPX

17-4432 TPX

19-3906 TPX

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19-3810 TPX

PORTUGUESE COLOUR PROPOSAL ORLANDO · USA · MAY 2019

THE TURNER OF SILENCES

WAKE UP

WHICH WAY TO GO SPRING/SUMMER 2021

17-1330 16-3931TPX TPX18-1662 16-1334 TPX 17-1558 TPX 20-0033 TPX TPM 19-1213 20-0082 TPX17-4432 TPMTPX 18-1629 TPX19-3906 13-0116 TPX TPX 13-2803 11-4800 TPX TPX 19-1543 TPX16-021316-1257 TPX TPX 11-0105 13-1405TPX TPX 15-1314 TPX 13-0758 TPX 17-6153 TPX 17-5735 TPX 18-0322 TPX

18-1662 TPX

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17-2624 TPX

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17-5102 TPX

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OSAL

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OSAL

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OSAL


A MAD TEA PARTY


after 15 minutes.

THE TURNER OF SILENCES


WAKE UP


DESIGN DE MODA MODATEX PORTO FINALISTAS 2019

MARIA BOUÇANOVA ANA CARVALHO DE SOUSA CLÁUDIA TAVARES FRANCISCA MACEDO DANIELA ANTUNES INÊS BOMPASTOR INÊS OLIVEIRA INÊS CESARINY JOANA ARANHA LEILA DE SOUSA LARA GORGULHO Formadora

MARIANA DO VALE GOMES Modelos Gaspar Bartholome @ karacter agency Alisha @ karacter agency Cláudia Melo @ karacter agency Inês Reis @ karacter agency Yulia Kalapuz @ karacter agency Eva Fisahn @ karacter agency 54 · VESTIR 82 · MODATEX · 2021


MARIA BOUÇANOVA GASPAR BARTHOLOME @ KARACTER AGENCY

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ANA CARVALHO DE SOUSA GASPAR BARTHOLOME @ KARACTER AGENCY

SECÇÃO

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CLÁUDIA TAVARES ALISHA @ KARACTER AGENCY

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FRANCISCA MACEDO CLÁUDIA MELO @ KARACTER AGENCY

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DANIELA ANTUNES CLÁUDIA MELO @ KARACTER AGENCY

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INÊS BOMPASTOR INÊS REIS @ KARACTER AGENCY

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INÊS OLIVEIRA ALISHA @ KARACTER AGENCY

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INÊS CESARINY YULIA KALAPUZ @ KARACTER AGENCY

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JOANA ARANHA YULIA KALAPUZ @ KARACTER AGENCY

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LEILA DE SOUSA EVA FISAHN @ KARACTER AGENCY

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LARA GORGULHO YULIA KALAPUZ @ KARACTER AGENCY

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© PORTUGAL FASHION



© PORTUGAL FASHION



DANIELA CARVALHO EMMA HOPKINSON @ KARACTER AGENCY

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SECÇÃO

DESIGN DE MODA MODATEX PORTO FINALISTAS 2020

ANA RITA DE SOUSA JOÃO COUTINHO DIOGO VAN DER SANDT ARI PAIVA DANIELA CARVALHO SÍLVIA ROCHA Formadora

DIANA SILVA Modelos Emma Hopkinson @ Karacter Agency Ionela Paraschiv @ Karacter Agency Tiago Danu @ Karacter Agency Catarina Castro @ Karacter Agency VESTIR 82 · MODATEX · 2021

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ANA RITA DE SOUSA IONELA PARASCHIV @ KARACTER AGENCY

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JOÃO COUTINHO TIAGO DANU @ KARACTER AGENCY

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DIOGO VAN DER SANDT IONELA PARASCHIV @ KARACTER AGENCY

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ARI PAIVA CATARINA CASTRO @ KARACTER AGENCY

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DANIELA CARVALHO EMMA HOPKINSON @ KARACTER AGENCY

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SÍLVIA ROCHA EMMA HOPKINSON @ KARACTER AGENCY

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ILUSTRAÇÃO: MARIA CURADO

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