Edição 57 - Revista do Ovo

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Bem-Estar Animal

Novos padrões para animais de produção trazem benefícios econômicos e melhoras para o bem-estar animal Os padrões auxiliam instituições financeiras a estabelecerem objetivos mensuráveis e ambiciosos focados no bem-estar animal

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ovos padrões de bem-estar de animais de produção, conhecidos como Padrões Mínimos de Responsabilidade Para Animais de Produção, ou FARMS Initiative (em inglês Farm Animal Responsible Minimum Standards), já estão começando a influenciar a forma com que grandes corporações globais fazem seus negócios. Desenvolvidos em julho de 2019 pelas ONGs Humane Society International, Compassion in World Farming e World Animal Protection, os padrões da FARMS Initiative fornecem uma estrutura inovadora para as instituições financeiras considerarem o bem-estar animal quando da análise de projetos ligados à agropecuária. A FARMS Initiative conta com cinco conjuntos de padrões - “Padrões Mínimos de Responsabilidade (RMS)” - abordando o bem-estar animal de bovinos de corte e leite, suínos, frangos e galinhas poedeiras. Os padrões são baseados em vários princípios globais e refletem a contribuição das organizações de bem-estar animal e certificação que trabalham mundialmente no avanço dos cuidados, da saúde e das necessidades comportamentais dos animais de produção. Em setembro de 2019, o RMS foi incluído como um recurso central no

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Documento de Orientação Bancária Responsável dos Princípios da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas (United Nations Environmental Programme Finance Initiative’s Principles for Responsible Banking Guidance Document, em inglês – UNEP FI). Os membros da UNEP FI representam um terço do total de ativos bancários do mundo. Na América Latina, os padrões foram discutidos publicamente pela primeira vez durante o Simpósio Internacional Sobre Bem-estar Animal: uma estratégia de negócio sustentável, realizado em São Paulo no final do ano passado. De acordo com o Dr. Dirk Jan Verdonk, da organização Proteção Animal Mundial, “bancos e investidores estão particularmente interessados em aprender mais sobre nossos padrões, porque maiores níveis de bem-estar animal podem trazer benefícios econômicos, incluindo o aumento na produtividade, a redução dos custos veterinários e diminuição da mortalidade, redução de doenças infecciosas que podem causar grandes perdas financeiras, além de menos estresse para o animal antes e durante o abate. Tornamos o RMS conciso, com uma a duas páginas cada, para que as instituições financeiras pos-

sam revisar e entender com mais facilidade a importância dos principais problemas ao conversarem com empresas de alimentos sobre o bem-estar animal.” Em vários países onde as três organizações criadoras da iniciativa atuam, já há exemplos de bancos que introduziram programas para oferecem melhores taxas de juros aos produtores que atendem na totalidade ou em parte os requisitos da RMS; e se comprometeram a interromper o financiamento de sistemas de gaiolas para galinhas poedeiras e de celas de gestação para matrizes suínas. Houve um aumento significativo na conscientização dos consumidores no Brasil sobre o bem-estar animal, e “bancos e investidores estão entendendo o quanto é importante procurar oportunidades para incentivar as empresas e produtores a melhorar e evitar os riscos potenciais dos que não o fazem”, aponta Carolina Maciel, Diretora da Humane Society International no Brasil. Darren Vanstone, diretor de engajamento e políticas corporativas da Chronos Sustainability, enfatiza a importância do bem-estar dos animais de produção como uma parte essencial dos negócios e uma oportunidade de ganho para empresas de alimentos e instituições financeiras.


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