XII Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool - OpAA26

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ISSN: 2177-6504

SUCROENERGÉTICO: cana, açúcar, etanol & bioeletricidade sugarcane, sugar, ethanol & bioelectricity out-dez 2010

fórum internacional sobre o futuro do álcool International Forum on the Future of Ethanol




XII Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool

índice

XII International Forum on the Future of Ethanol Editorial de abertura da Edição:

05

Rubens Ometto Silveira Mello

Presidente de Honra da Fenasucro (Cosan, Esso e Shell)

Visão do Governo brasileiro:

10 16 22 28 34

Wagner Gonçalves Rossi Ministro da Agricultura

Visão Empresarial:

38 44 50 54

Visão Tecnológica: Thomas Nagy

Vice-presidente Mundial da Novozymes

José Geraldo Eugênio de França Diretor Executivo da Embrapa

Nilson Zaramella Boeta

Diretor Superintendente do CTC

Tarcisio Angelo Mascarim Presidente do Simespi

Ricardo Castello Branco

Diretor de Etanol da Petrobras Biocombustíveis

Pedro Isamu Mizutani

Presidente da Cosan - Açúcar e Álcool

Marcelo Mancini Stella

Vice-presidente da ETH Bioenergia (Grupo Odebrecht)

Paulo Adalberto Zanetti

Presidente da Vale do Ivaí (Grupo Shree Renuka Sugars)

Visão Internacional:

58 62 66 70

Sun Rongmao

Cônsul-geral da República Popular da China em São Paulo

J.K.Tripathi

Cônsul-geral da Índia em São Paulo

Lutz Guderjahn

Presidente da eBio (Associação Europeia do Bioetanol)

Joel Velasco

Representante Chefe da Unica na América do Norte

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Opiniões editorial

editorial

tempo de

reflexão

Time for reflection

" Um assunto que sempre nos preocupou e nos orientou, dentro da Cosan, foi procurar descobrir quais são os nossos pontos fracos. É fundamental identificar com antecedência em que poderíamos ser vencidos. " Rubens Ometto Silveira Mello Presidente de Honra da Fenasucro (Cosan, Esso e Shell) Honorary Chairman of Fenasucro (Cosan, Esso and Shell)

Primeiramente, quero expressar a alegria que senti quando o Toninho Toniello, o Adézio e o grupo que os acompanhou me convidaram para ser o Presidente de Honra da Fenasucro 2010, evento de grande importância, que mostra o excepcional trabalho, há muito desenvolvido, na cidade de Sertãozinho. Fiquei realmente feliz com essa homenagem. O Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool, evento oficial de abertura da Fenasucro & Agrocana, apresentou uma série de palestras sobre os vários segmentos do nosso setor, destacando o que está sendo feito no Brasil com relação à produção de cana-de-açúcar, envolvendo cuidados com a terra, questões sobre o clima, assuntos gerais na relação com nossos trabalhadores, as pesquisas que estão sendo desenvolvidas na busca da melhoria da qualidade da matéria-prima, nos melhoramentos aplicados e em desenvolvimento na indústria, nos investimentos que têm sido feitos em infraestrutura, e tudo o mais que compete ao homem na administração dos desafios com os quais temos nos deparado, enfrentado e vencido com valentia e competência, a cada dia, na busca da melhoria da competitividade do açúcar e do álcool. Veremos em detalhes as questões em evolução no setor sobre a qualidade da cana, a cogeração, álcool de primeira e segunda geração, dentre outras questões. Um assunto que sempre nos preocupou e nos orientou, dentro da Cosan, foi procurar descobrir quais são os nossos pontos fracos. É fundamental identificar com antecedência em que poderíamos ser vencidos. Quando uma companhia abre o capital, trabalha num contínuo road show pelo mundo inteiro, vendendo seu negócio, explicando detalhes, tem que ter todas as coisas muito bem organizadas. Ao final de uma apresentação, sempre aparecem duas perguntas. A primeira que eles fazem é padrão: o que eu deveria ter perguntado a você e não perguntei? E a segunda: qual é o ponto que o preocupa no negócio? No nosso negócio, o ponto fraco – nosso calcanhar de Aquiles – sem sombra de dúvida, resume-se a dois problemas. A questão da sonegação fiscal, consequência da fragmentação do nosso setor. Temos um número muito grande de players. E, como agravante, somos um setor intensivo em capital de giro, pois o que se produz em sete meses do ano deverá ser vendido nos doze meses, tornando a organização comercial da venda muito difícil.

Allow me to initially express the delight I felt when Toninho Toniello, Adézio and the group that accompanied them invited me to be the Honorary Chairman of the 2010 Fenasucro, an event of utmost importance, which displays the outstanding work that for a long time has been performed in the city of Sertãozinho. I am really thrilled by this honor. The International Forum on the Future of Ethanol, the official opening event of the Fenasucro & Agrocana trade fairs, encompassed several presentations covering various segments of our industry, with emphasis on what is being achieved in Brazil with respect to the production of sugarcane, the issue of soil preservation, climate-related topics, general aspects concerning our workforce, the research being conducted and aimed at improving raw material quality, at applying the resulting improvements in industrial activities, at the investments that are being made in infrastructure, along with all other topics concerning society’s challenge of facing the problems that arise, overcoming them with courage and competency, every day, in the quest for constantly improving the competitiveness of sugar and ethanol. We shall see in detail the issues related to the industry’s development of sugarcane quality, cogeneration of electric power, first and second generation ethanol and other subjects. A matter that at Cosan has always been reason for concern and guidance is to find out what our weak spots are. To us it is essential to identify in advance where we can be beaten. When one’s company starts trading its stock publicly, presenting itself in a permanent global road show, selling its product, explaining the details, it needs to have everything very well organized. At the end of a presentation two questions are always asked. The first is standard: what is it I should have asked but did not ask, and the second, what is the worrisome topic in the business. In our business the weak spot – our Achilles heel, no doubt boils down to two problems. The issue of tax evasion, the result of our industry’s fragmentation. We have a large number of players and, making the situation even worse, our industry is working capital intensive, given that what is produced in seven months of a year must be sold in twelve months, making the sales organization quite complicated.

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editorial editorial No caso do açúcar, é mais fácil, porque o Brasil domina entre 40% e 45% das exportações livres e todo mundo tem o acesso a pré-pagamentos e adiantamentos de câmbio da exportação. Esse fato ajuda na organização e melhora as questões comerciais. Não é necessário carregar altíssimos estoques ao longo do ano. No caso do etanol, a administração é muito, muito mais difícil. Em função da defasagem entre o tempo de produção e o tempo de venda, no momento do caixa baixo, quando é necessária a busca de um reforço financeiro, depara-se com um custo do dinheiro muito caro no mercado. A saída é desovar os estoques, mas, quando muitas empresas fazem a mesma coisa ao mesmo tempo, joga-se o preço para baixo, criando uma volatilidade nos preços do etanol. Esse é um fato ruim para o produtor e igualmente ruim para o consumidor, pois causa, às vezes, a impressão de movimentos especulativos provocados pelo setor. Na busca da solução desse problema, adquirimos os ativos da Esso para que pudéssemos ter um acesso direto ao consumidor, assumindo um melhor controle da cadeia. Isso foi muito bom, pois nos permitiu uma integração maior e um melhor entendimento entre nós, produtores e a indústria da distribuição de combustíveis. Víamos, naquela época, um antagonismo, uma oposição de ideias entre a Unica, os produtores, o pessoal do Sindicom e da distribuição de combustíveis. E, quando tivemos a oportunidade de ver esse cenário mais de perto, percebemos que o negócio não era bem assim. O problema do etanol, realmente, é a sazonalidade, com a questão do capital de giro e a real desorganização na parte comercial. Esse movimento de consolidação que tem acontecido no setor é muito saudável, porque, quando se concentram e se organizam melhor a distribuição e a comercialização, temos condições de alcançar preços médios melhores e diminuir a volatilidade. Nessa linha, para esse movimento ficar maior e mais forte, fizemos a joint-venture com a Shell, passando a cerca de 24% de market-share na distribuição de combustíveis no mercado interno – lutando pelo segundo lugar –, e tendo a Petrobras como líder. Mais importante que isso, temos na Shell uma das maiores empresas do mundo e, com destaque, o maior retalhista de combustíveis do mundo. Ela tem mais de 45 mil postos de combustíveis ao redor do mundo e um dos sucessos que esperamos dessa associação é poder utilizar todo esse patrimônio e logística para escoar, ainda mais, o etanol, tornando-o, realmente, uma commodity mundial. Se não conseguirmos fazer isso, vejo com preocupação a consolidação definitiva do etanol, por causa dos motivos comerciais. Se tivermos sucesso nesse projeto, acho que o mercado desse produto estará muito mais firme, pois poderemos vendê-lo melhor no nosso país. Que os políticos trabalhem para igualar os impostos do etanol no Brasil. Temos, no estado de São Paulo, uma condição exemplar com o etanol a 12%, enquanto outros têm percentuais muito mais altos, tirando a competitividade do produto em relação à gasolina e estabelecendo um convite à sonegação para alguns produtores, distribuidores e revendedores, fazendo com que empresas sérias percam a competitividade. Essa é a minha mensagem para reflexão: que a gente se concentre nessa direção. Finalmente, parabenizo os organizadores desse Fórum Internacional e das Feiras pela competência com que representam o setor sucroalcooleiro por meio desse evento.

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Opiniões Opiniões In the case of sugar, it’s easier because Brazil controls between 40 and 45% of the free exports and all players have access to pre-payments and foreign exchange advance payments on exports. This fact helps in the organization and improves trade issues. There is no need to carry high inventories in the course of the year. In the case of ethanol, management is very much more complicated. Due to the time lag between production and sale, when cash is low, when one must resort to financial backup, one is faced with the very high cost of money in the market. The way out is to dump inventory, but when many companies do this at the same time, the price plummets, bringing about ethanol price volatility. This is bad for the producer and also for the consumer because it sometimes passes the impression the industry is causing speculative movements. In seeking a solution for this problem, we purchased the assets of Esso, in order to have direct access to the consumer, taking over better control of the supply chain. This was very good, because it provided us better integration and better understanding among us, the producers and the fuel distribution industry. What we saw at the time was antagonism, a confrontation of ideas among UNICA, the producers, and the people at Sindicom and at the fuel distributors. Then, when we took a closer look at this business, we noticed that it wasn’t quite what we thought it was. The problem with ethanol is really seasonality, along with the issue of working capital and the actual lack of organization in the sales structure. The consolidation movement that has been going on in the industry is quite healthy, because when one concentrates and better organizes the distribution and the selling, one achieves better conditions to reach higher average prices and to diminish volatility. Along this trend line of becoming bigger and stronger we decided to set up a joint venture company with Shell, going to a roughly 24% market share in fuel distribution in the domestic market – struggling to make second place –, while having Petrobras as the leader. More importantly, Shell is one of the largest companies in the world and by far its largest fuel retailer. The company has more than 45,000 fuel stations around the world and one of the successful outcomes we hoped for going into the joint venture was to be able to use these assets and the logistics around the globe to market even more ethanol, really making it a world reaching commodity. If we should not succeed in doing this, I see reason for concern about definitively consolidating ethanol, given the aspects involving its commercialization. If we succeed in this project, I believe the ethanol market will be much stronger, since we will be able to better sell it in our country. May the politicians make the effort to equalize taxes on ethanol in Brazil. In the State of São Paulo, we have a unique situation with ethanol at 12%, whereas elsewhere the percentages are much higher, making ethanol less attractive in comparison with gasoline, thereby encouraging some producers, distributors and resellers to evade taxes, which results in that honorable companies lose competitiveness. This is the message I submit for reflection: we should focus on going in this direction. Finally, I congratulate the organizers of this International Forum and the Trade Fairs on the competency with which they represent the sugar and ethanol industry by means of this event.


Rede Comercializadora Líder em venda de energia elétrica incentivada

A Rede Comercializadora, líder nacional em venda de energia elétrica incentivada, comercializa energia de fontes convencionais e alternativas (usinas hidrelétricas, pequenas centrais hidrelétricas e usinas de biomassa) em todo o país. É também a única empresa brasileira do setor com certificação ISO 9001/2008, responsável por cerca de 5% de toda a energia comercializada no mercado livre brasileiro.

Visite o site da Rede Comercializadora na internet e saiba mais sobre as vantagens de fazer parte do mercado livre de energia.

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Tecnologia e confiabilidade para resolver questões atuais

Comprometimento com soluções em geração de energia Sempre inovando, a Siemens instalou em Jundiaí a balanceadora de alta rotação a vácuo, para rotores de turbomáquinas de até 12,5t e 20.000 rpm. A primeira de toda a América do Sul e uma das mais modernas do mundo. Além de executar serviços de balanceamento de rotores de turbinas, esta balanceadora também oferece o serviço para rotores de geradores, compressores e turbinas a gás. Agora é possível realizar testes em alta velocidade que diminuem riscos de problemas no início da utilização das turbinas, aumentam a confiabilidade do comportamento dinâmico do produto e ainda reduzem gastos com manutenção a longo prazo. Mais um serviço oferecido pela Siemens, que aumenta seu portfólio para Turbinas Industriais, nacionalizando a maior parte de seus produtos e serviços em geração de energia. Siemens, respondendo as questões mais difíceis de energia, hoje.

siemens.com.br


visão do governo brasileiro

Opiniões

somos, de fato, um

caso de sucesso We are truly a success story

Penso que o setor sucroalcooleiro pode ser visto como exemplo e símbolo do protagonismo brasileiro na economia mundial e um ponto de vanguarda nesta caminhada extraordinária de mudanças significativas no perfil da economia brasileira. Sobretudo porque é uma cadeia produtiva complexa que avança em direção ao futuro, abrindo novas perspectivas e novas formas de atuar. O etanol brasileiro tornou-se referência mundial. Poucos países no mundo conseguem uma modificação tão significativa na sua matriz energética, incluindo energia limpa, renovável, produzida com recursos essencialmente nacionais. Hoje, o Brasil oferece esse conhecimento a nações menos desenvolvidas na África e no Oriente. O que é importante perceber é que todos os avanços conseguidos pelo setor sucroalcooleiro eram inimagináveis, não há 50 anos, mas 20 ou 10 anos atrás. Eu estava com o presidente Lula, há poucos dias, falando sobre a nossa vinda aqui. Todos sabemos que, de todos os setores em que o presidente se envolveu, esse foi um pelo qual ele demonstrou mais carinho e ânimo, de uma maneira pessoal, por meio de muitas ações efetivas, como os incentivos criados ao carro flex – programa sem similar no mundo. No que se refere à busca da internacionalização, o presidente tornou-se um homem que tratou de procurar mercados, fazendo, em toda a oportunidade que teve, a difusão do programa do etanol brasileiro e defendendo a sustentabilidade desse programa.

I think the sugar and ethanol industry may be viewed as an example and symbol of Brazilian leadership in the world economy and as a mark along this extraordinary path of relevant changes in the profile of the Brazilian economy. This is specifically so because it is a complex production chain that advances in the direction of the future, while opening new perspectives and new ways to perform. Brazilian ethanol has become a world reference. Few countries in the world achieve such significant change in their energy matrix, which includes clean, renewable energy, essentially produced from national resources. Nowadays, Brazil offers this knowledge to less developed nations in Africa and the Orient. It is important to notice that all these advancements achieved by the sugar and ethanol industry were unimaginable 50 years ago, even only 20 or 10 years ago. I was with President Lula a few days ago talking about coming here. We all know that of the segments the president got involved in, this one was the object of his special attention and enthusiasm, in a very personal manner, as evidenced by actual initiatives, such as the incentives for dual-fuel (“flex-fuel”) vehicles – a unique program in the world. As related to the quest for internationalization, the president stood out as the man who looked for markets, using every opportunity he had to publicize the Brazilian ethanol program, while defending its sustainability. He instructed us in the Ministry of Agriculture to realize the agricultural/environmental zoning, brought about the signing of a social protocol with the mills, practically took part in all international fora that were in any way meaningful, such as here at the Fenasucro and Agrocana. One of the issues pending solution is taxation, but with respect to the CIDE fuel tax, the president differentiated the tax on ethanol in comparison with the tax on gasoline. He also supported the use of bagasse as a generator of electric power and throughout his term in office, provided intensive support through the government’s financial bodies.

" O consumo do etanol superou o da gasolina. Nós produzimos mais de 660 milhões de toneladas de cana, com um acréscimo de área de 680 mil hectares. Isso representa menos de 1% do território nacional ocupado com cana. " Wagner Gonçalves Rossi Ministro da Agricultura Minister of Agriculture

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visão do governo brasileiro Ele determinou que fizéssemos no Ministério da Agricultura o zoneamento agroecológico, firmou protocolo social com as usinas, participou, praticamente, de todos os fóruns internacionais que tiveram significado, como aqui na Fenasucro e Agrocana. Uma das questões a serem resolvidas ainda é a tributária, mas, com respeito à CIDE, o presidente diferenciou o imposto do álcool em relação ao da gasolina. Também apoiou a utilização do bagaço como gerador de energia elétrica e manteve, durante todo o governo, um apoio intenso, através dos órgãos financeiros do Governo. O consumo do etanol no Brasil chegou a superar pontualmente da a gasolina. Nós chegamos a uma produção de mais de 660 milhões de toneladas de cana, com um acréscimo de área da ordem de 680 mil hectares. Isso representa ainda menos de 1% do território nacional ocupado com cana, na verdade, um pouco mais de oito milhões de hectares, o que corresponde a uma fração tão ínfima. Fico imaginando como é que conseguiram criar aquele mito de que a cana estava invadindo áreas de produção de grãos, se nós, neste ano, tivemos o maior recorde de todos os tempos na produção de grãos no Brasil, com 147 milhões de toneladas. Cresça a cana, cresça o grão, cresça a pecuária, que pode diminuir o gap de desenvolvimento tecnológico entre agricultura e pecuária. Precisamos avançar nessa questão. Mais do que tudo isso, nós produzimos 28 bilhões e meio de litros de etanol, sendo quase oito e meio de anidro e pouco mais de 20 bilhões de hidratado, e produzimos 38 milhões de toneladas de açúcar, que deram um alento novo ao setor pela sua comercialização adequada no mercado internacional. Quero salientar, porque este é um Fórum Internacional, que tudo foi conseguido por esse setor por causa do seu empresariado dinâmico na indústria e na agricultura. Isso foi conquistado num país que tem 55% do seu território com a mesma cobertura vegetal de quando os navegadores aportaram no nosso País. Nenhum país do mundo tem algo semelhante. Nós somos a maior agricultura, nós temos a maior área sob utilização pelo extrativismo sustentável no mundo. São seis milhões e duzentos mil hectares de florestas usadas com respeito ambiental. Tira-se delas aquilo que elas oferecem, mas sem destruí-las. Nós temos, hoje, programas específicos para proteção ambiental, como o Boi Guardião, em que todos os grandes frigoríficos e agora também os médios e pequenos se recusam a comercializar carne oriunda de regiões recém-desmatadas. Temos também o acordo feito entre as empresas produtoras esmagadoras de soja para óleo e as autoridades do setor, envolvendo ONGs, para que nenhuma soja saída de áreas de recente desmatamento seja comercializada no Brasil. As pessoas precisam saber que nós temos a agricultura mais produtiva do mundo. A falta de informação, a ignorância ou a má fé cobram índices de produtividade ao produtor brasileiro, quando é o produtor brasileiro que tem os maiores índices de produtividade. Nós tivemos, nos últimos 20 anos, um acréscimo de apenas 25% de área cultivada no Brasil e 152% de aumento de produção. Querem nos impor a pecha de destruidores da natureza, quando, na verdade, ninguém é capaz de ajudar tanto a natureza a manter seu equilíbrio, quanto o produtor rural, porque é ele que cuida da sua terra, que evita a erosão, que não permite o assoreamento dos seus leitos d’água, que protege seus mananciais e que quer tudo funcionando bem na sua terra. Estamos recebendo neste Fórum representantes de muitos países que se interessam pelo nosso programa de etanol.

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On occasion, ethanol consumption in Brazil actually surpassed that of gasoline. We reached a production of more than 660 million tons of sugarcane, adding 680,000 hectares of plantations, which still is less than 1% of the national territory used for sugarcane plantations. In fact, this totals slightly more than 8 million hectares, which is a very small fraction. I wonder how the myth arose that sugarcane was invading grain producing areas, if we, this year, achieved the all-time record in grain production in Brazil, with 147 million tons. May sugarcane, grain and cattle breeding activities grow so that one may close the gap between agriculture and cattle breeding in terms of technological development. We must move forward on this issue. More importantly, we produced 28 and a half billion liters of ethanol, of which almost 8 and a half were anhydrous and just over 20 billion were hydrated ethanol, while we produced 38 million tons of sugar that again boosted the industry thanks to the appropriate marketing of the product in the international market. I wish to emphasize, since this is an international forum, that all this was achieved by this industry thanks to its venturous entrepreneurs in agriculture and industry. This was accomplished in a country that has 55% of its territory intact with the vegetation cover provided by Nature when the explorers first set foot on this land. No other country in the world measures up to this. Ours is the largest agriculture, we have the largest sustainably exploited extraction area in the world. A total of 6,200,000 hectares of forests exploited while respecting the environment – one extracts what the forest has to offer, without destroying it. Nowadays, we have specific programs for environmental protection, such as the Boi Guardião (Guardian Ox), in which all the large slaughtering companies and now even the medium and small companies refuse to market meat originated in recently deforested regions. We also should mention the agreement celebrated between oil extracting soybean crushing companies and authorities in the industry, along with NGOs, by which no soya originating in recently deforested areas may be marketed in Brazil. People need to know that we have the most productive agriculture in the world. Lack of information, ignorance or bad faith require productivity indexes of Brazilian producers, when, in fact, it is the Brazilian producer that achieves the highest productivity indexes. In the past 20 years, we experienced growth of only 25% in Brazil’s cultivated area and 152% growth in production. We are singled out as destroyers of Nature, when, in fact, no one is capable of helping Nature to stay balanced as much as the rural producers are, because it is they who care for the land, prevent erosion and the mudding of water bodies, and that protect their water springs, while seeing to it that everything works well on their land. At this forum we are welcoming representatives of many countries that are interested in our ethanol program.


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visão do governo brasileiro É bom que eles saibam que estão vindo não só para a agricultura, que hoje tem os maiores índices de crescimento tecnológico, de incorporação de ciência ao processo produtivo mas também que tem os maiores índices de preservação no mundo produtivo. Nós somos a agricultura que produz, que alimenta o mundo, exportamos alimentos para 215 países, somos supereficientes e autossuficientes em toda a cadeia produtiva – com exceção apenas do trigo do qual produzimos 50% do que consumimos. Somos o primeiro exportador de açúcar, de carne bovina, de carne de aves. Disputamos com os Estados Unidos o primeiro lugar em soja. Eles têm uma produção maior que a nossa, mas nós temos uma capacidade de exportar maior. Somos importantes players de café, de suco de laranja, milho, carne suína, dentre muitos outros produtos. Além da grande contribuição econômica e social para o país que o setor sucroalcooleiro propiciou e além dessa grande vantagem que ele propicia à população envolvida, todos nos referimos a Sertãozinho como um marco de desenvolvimento. Aqui estão instaladas as indústrias que geram equipamentos industriais para produção do etanol e para grandes empresas se desenvolverem a partir de uma expertise gerada pelo nosso povo. As pessoas não têm a menor ideia de que somos a terceira agricultura orgânica do mundo. Nós temos um milhão, setecentos e setenta mil hectares em que é feita a produção sem qualquer uso de química nem fertilizantes nem defensivos. Podemos dizer que somos líderes na agricultura, porque o nosso desenvolvimento tem um vetor extraordinariamente significativo. Somos um país com forte agricultura – por todas as qualidades que conseguimos desenvolver, como também um que dá lição de como preservar o meio ambiente. Isso é extremamente gratificante. Ainda há muito preconceito. Ainda há muita gente que desconhece a realidade sobre o Brasil e fala de nossa nação com os olhos voltados para seus próprios interesses. Recentemente, eu voltei da União Europeia, aonde fui para negociar, circunstancialmente, questões relativas ao setor de carnes com as mais altas autoridades da Europa, envolvendo comissários e presidentes de comissão do parlamento, e todos, na intimidade, me diziam: “nós sabemos, mas a campanha que houve contra o Brasil foi tão grande que é preciso que nós eliminemos o que ficou, o que restou no imaginário popular europeu sobre as limitações inventadas contra o Brasil, que nunca existiram, mas que se tornaram realidade ao nível mundial, por falta de informação”. Esse continente sempre foi o nosso principal parceiro comercial. Hoje, em alguns setores, nós perdemos essa proeminência, mas o Brasil, pela sua extraordinária competência produtiva, consegue novos parceiros. Como exemplo, hoje, a Rússia e o Irã, nesse setor, substituíram a Europa. Nós não perdemos nada na nossa exportação de carne e assim também temos que trabalhar dando informação. Não somos obrigados a aceitar que o desconhecimento gere um tipo de preconceito contra um país que construiu tudo isto sob uma tão sólida democracia.

It is advisable that they be informed of the fact that they are coming to the agriculture that nowadays has the highest technological growth rates, the highest rates of science incorporation into the production process, while also sustaining the highest preservation indexes in the productive world. We are the agriculture that produces, that feeds the world. We export food to 215 countries, we are super-efficient and self-sufficient throughout the entire Brazilian production chain – with the exception only of wheat, of which we only produce 50% of our consumption. We are the number one exporter of sugar, bovine meat and poultry meat. We dispute the number one ranking in soya with the United States, whose production is larger than ours, while we have a larger export capacity. We are an important player in coffee, orange juice, corn, pork, and many other products. Apart from the sugar and ethanol industry’s significant economic and social contribution to the country and the benefits provided the people involved, we all refer to the city of Sertãozinho as a mark in terms of development. This is where the companies are that make equipment to produce ethanol and some large companies developed here based on the expertise contributed by our people. People have no idea that we are the third organic agriculture in the world. We have an area of 1,770,000 hectares in which no chemicals, fertilizers or pesticides are used in the production process. We can say that we are leaders in agriculture, because our development has a very important vector. We are a country with a strong agriculture – for all the qualities we were capable of developing, along with the lesson on how to preserve the environment. This is highly gratifying. There is still much prejudice. Many people still have no knowledge about the reality of Brazil and talk about our country from the perspective of their own interests. I recently returned from the European Union, where I went to negotiate, under the circumstances, issues relating to the meat industry, with the highest ranking authorities in Europe – European commissioners and committee chairpersons in the European parliament –, and all of them, behind closed doors, told me: “we know, but the campaign against Brazil was so intense that what needs to be done is eliminate what remained, what was left over in the imagination of ordinary Europeans concerning the limitations that were made up against Brazil, which never actually existed, but became reality at a global level due to the lack of information”. Europe has always been our main trade partner. Nowadays, in some sectors, we lost this predominance, but Brazil, on account of its extraordinary production competency, is capable of setting up new partnerships, such as, for example, nowadays, with Russia and Iran, that in the meat area have replaced Europe. We lost nothing in our meat exports, so what we must do is provide information. We need not accept that the lack of knowledge generates a kind of prejudice against the country that built all this up while living in a solid democracy.



visão tecnológica

Opiniões

é necessário trabalhar

em parceria One must work in partnership

" precisamos lidar com as mudanças climáticas e com a agricultura sustentável, pois haverá um grande crescimento da população mundial por volta de 2050, 50% a mais de pessoas que temos hoje " Thomas Nagy Vice-presidente mundial da Novozymes Worldwide Vice-president of Novozymes

A Novozymes é uma empresa de enzimas, líder mundial na área de biotecnologia e micro-organismos, com mais de 700 prudutos utilizados em 130 países e em mais de 30 diferentes tipos de indústria. Possuímos 47% do mercado mundial na indústria de enzimas, com vendas globais da ordem de US$ 1,6 bilhão e margem de lucros operacionais de 20%, sendo 14% do valor de vendas aplicados em pesquisa e desenvolvimento. Trabalhamos no desenvolvimento dos biocombustíveis de primeira e de segunda geração, em parcerias com várias empresas, em diferentes setores ao redor do mundo, em lugares como China, Estados Unidos, Europa e Brasil. No Brasil temos quatro parcerias: CTC, Dedini, Petrobras e a Braskem. Com as três primeiras, desenvolvemos pesquisas para o etanol celulósico e, com a Braskem, pesquisas para a produção de plásticos. No Fórum Econômico Mundial, focamos as projeções para o volume de etanol a ser consumido até 2030. Os Estados Unidos estão no meio termo, pois têm regras claras para combustíveis renováveis, e há uma previsão de que produzam, aproximadamente, 22 bilhões de galões, até 2022, com projeção de crescer ainda mais. Na América Latina, também há potencial de crescimento, mas alguns países estão bem à frente. A China, por exemplo, terá todo esse processo pronto já nos próximos dois ou três anos, e a biomassa integrará a estratégia, trazendo contribuição para essa área.

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Novozymes is an enzyme company, the world leader in the field of biotechnology and microorganisms, with more than 700 products used in 130 countries and in over 30 different industries. We have a 47% share of the industrial enzyme market worldwide, with global sales in a magnitude of US$ 1.6 billion, operational margin of 20%, and 14% of sales revenues being invested in R&D. We work on developing first and second generation biofuels in partnership with several companies, in different industries around the world, in countries like China, United States, Europe and Brazil. In the latter, we have four partnerships: with CTC, Dedini, Petrobras and Braskem. With the first three we develop research on cellulosic ethanol and with Braskem, on the production of plastics. At the World Economic Forum one focused on projections of the ethanol volume to be consumed by 2030. The United States rank about in the middle, given that the country has clear rules for renewable fuels and a forecast of approximately 22 billion gallons, until 2022, with the expectation of growing even more. In Latin America there is also potential for growth, but some countries are well ahead. China, for instance, will already have concluded this entire process in the next two or three years, with biomass being part of the strategy, contributing to this field of knowledge.



visão tecnológica Na Europa, quando falamos de segunda geração, todo mundo diz “ah, legal, essa é a tecnologia para o amanhã, todo mundo sabe disso”, mas temos que torná-la viável agora. E com esse objetivo, lançamos, nos Estados Unidos, este ano, uma família de enzimas (a Cellic 2), para produzir etanol celulósico a vinte e cinco centavos o galão. A tendência é diminuir ainda mais o preço e aproximá-lo ao da primeira geração. Precisamos trabalhar com custo, benefícios e vantagens especiais para o etanol celulósico de forma direta, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Temos, portanto, que trazer o custo do etanol celulósico a um patamar comercialmente viável. Precisamos também dar um estímulo para os biocombustíveis de segunda geração, pois isso pode estimular toda a cadeia produtiva. Quando se fala de etanol, o Brasil está à frente em infraestrutura e logística, mas, quando se fala em desenvolvimento de tecnologia para segunda geração, arrisco dizer que o Brasil ainda está atrás dos Estados Unidos e da Europa em relação ao suporte do governo. A Dinamarca, por exemplo, produz seu etanol de segunda geração com apoio do governo. Nesse quesito, o Brasil ainda está atrás. É importante dizer que já estamos trabalhando muito junto com o CTC e outros parceiros e sei que há grandes possibilidades para que o Brasil continue sendo o líder em etanol no futuro. Em 2009, fizemos uma parceria com a Braskem para a produção de plástico renovável a partir da cana-de-açúcar. Os micro-organismos que são utilizados no processo de fermentação são os mesmos. Então, para nós não interessa se a base é açúcar ou açúcar de biomassa. O fato é que estamos lidando com mercados crescentes e emergentes. Então, de novo, quero convencê-los de que os benefícios são muitos, as vantagens são enormes e fantásticas, e a tecnologia já está disponível. Isso significa que não precisamos voltar aos laboratórios, reinventar a roda, como fazíamos há 20, 30 anos; nós podemos seguir em direção ao futuro para a escala comercial. Por que nós estamos fazendo isso? Por que é importante discutirmos isso? Que tendências temos por trás de todos esses números e processos? A resposta é: precisamos lidar com as mudanças climáticas e com a agricultura sustentável, pois haverá um grande crescimento da população mundial para nove bilhões de pessoas por volta de 2050, 50% a mais de pessoas em relação ao que temos hoje. Alguns países serão mais ricos, outros mais pobres e, em 2050, a demanda de toda essa população continuará a crescer muito. Precisamos sair do lado esquerdo e passar para o lado direito, onde há sustentabilidade, melhorando as colheitas, usando a agricultura integrada ao crescimento sustentável. A biomassa é uma das melhores oportunidades que temos para balancear ou equilibrar o crescimento e proteger o meio ambiente, em relação aos combustíveis fósseis. Ela é um grande benefício na plataforma da cana-de-açúcar. A maioria dos renováveis produzem eletricidade de todas as formas. Se você comprar um carro ou um caminhão, há necessidade de combustível líquido e é por essa razão que acreditamos haver um mercado muito grande para combustíveis líquidos. Em dez anos, veremos alguns híbridos recarregáveis e, em 2030, basicamente, 20% da frota será composta por motores movidos por combustíveis líquidos. Esse é um mercado de US$ 1,5 bilhões. Não sei em que estradas iremos dirigir no futuro, mas, certamente, saberemos que tipos de motores serão utilizados e desenvolvidos.

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Opiniões In Europe, when one talks of the second generation, everyone says “oh, great, this is the new technology of tomorrow, everyone knows that”. But we have to make it feasible now, so with that intent we this year launched an enzyme family in the United States (Cellic 2), to produce cellulosic ethanol at 25 cents a gallon. The trend is to reduce the price even more, to approximate it to that of the first generation. We must operate in a direct manner, both in the United States and Europe, in terms of costs, benefits and special advantages of cellulosic ethanol. We must bring down the cost of cellulosic ethanol to a commercially feasible level. We must foster second generation biofuels, because this can boost the entire production chain. When one talks of ethanol, Brazil is ahead in terms of infrastructure and logistics, but when one talks about second generation technology development, I assume Brazil is still behind the United States and Europe relative to government support. Denmark, for instance, launched second generation ethanol supported almost entirely by the government. In this respect, Brazil still lags behind. However, I must say, we are working very closely together with the CTC and other partners and I also know that there are big opportunities for Brazil to continue as the leader in ethanol in the future. In 2009, we set up a partnership with Braskem to produce renewable plastic from sugarcane. The microorganisms used in the fermentation process are the same, so for us it is indifferent if the basis is sugar or sugar from biomass. The fact is that we are dealing with emerging and growth markets. So, again, what I want to do is convince them that there are many benefits, enormous and fantastic advantages and that the technology is already available. This means we need not go back to the lab, reinvent the wheel, like we did 20 or 30 years ago. We can go forward into the future and onto a commercial scale. Why are we doing this? Why is it important to discuss this? What are the trends behind all these numbers and processes? The answer is: we must deal with climate change and sustainable agriculture, because there is going to be a large population growth in the world, to 9 billion people around 2050. So, there will be 50% more people than there are today. Some countries will be richer, others poorer, and by 2050, this entire population will continue consuming a lot. We must go from the left side to the right side, to where there is sustainability, better harvests, using agriculture not as something isolated, but integrated into sustainable growth, and biomass is one of the best opportunities to balance growth and protect the environment, in terms of fossil fuels. Biomass is a major benefit on the sugarcane platform. If one looks at most renewable sources, they all can be used to generate energy. If one buys a car or a truck, one needs liquid fuel and that is why we believe this is such a big market for liquid fuels. In 10 years we will see some rechargeable hybrids, and, in 2030, basically 20% of the fleet will have engines powered by liquid fuels. This is a US$ 1.5 billion market. I don’t know on what kind of roads we will drive in the future, but we will surely know what type of engines will be used and developed.


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Nosso desafio está na busca constante de novas soluções tecnológicas nos diversos segmentos como: • CONSTRUÇÃO CIVIL • INDÚSTRIA E MINERAÇÃO • GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA • ÓLEO, GÁS E PETRÓLEO • ENERGIAS ALTERNATIVAS • TELECOMUNICAÇÕES E TRANSMISSÃO DE DADOS • INFRAESTRUTURA A Phelps Dodge, sempre comprometida com a qualidade e segurança dos Fios e Cabos, afirma sua excelência através das Certificações Internacionais ISO 9001-2008, ISO14001 e OHSAS 18001, garantindo os melhores resultados para sua empresa.

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visão tecnológica A tendência é aumentar o número de veículos nas estradas e aí os produtos renováveis terão que ser sustentáveis. Quero finalizar, dizendo que vocês têm um papel de liderança muito importante não só na América Latina, mas no mundo inteiro, pois estudam esse assunto há 30 anos. O Brasil é um país líder em eventos como a COP-15 e todos estão ansiosos para ouvir as ideias do Brasil, que podem influenciar tendências e projeções. Quero dizer também que o Brasil tem um papel significativo em relação ao transporte sustentável e é padrão para todos os países latino-americanos, que devem seguir o modelo e o projeto adotado nestes últimos anos. Os combustíveis renováveis já são realidade e nós estamos trabalhando intensamente nos Estados Unidos com o milho. Pretendemos fazer muito mais, entretanto isso não acontece de forma isolada. Precisamos de suporte político aqui. Sabemos que as empresas de petróleo não vão, simplesmente, se sentar e esperar que cresçamos e que eles diminuam cada vez mais sua produção. Por isso é necessário trabalharmos juntos.

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Opiniões The trend is to increase the number of vehicles on the roads and that’s when renewable products will have to be sustainable. Let me conclude by saying that you play a very important leadership role not only in Latin America, but throughout the world, because you’ve been studying this subject for 30 years. Brazil is a leading country at events such as the COP-15 and everyone is eager to see your participation, to hear the ideas Brazil has, because it is a country that can influence trends and projections. Let me say this: Brazil plays an important role with respect to sustainable transportation and it is the reference standard for all Latin American countries. It represents the model and the concept adopted in recent years that these countries will likely follow. Renewable fuels are already reality and we are working hard on corn in the United States. We intend doing much more, but this cannot happen in an isolated manner. We need political support here. We know that the oil companies are not simply going to lay back and wait for us to grow while they progressively decrease in size. That is why we must work together.



visão tecnológica

chances e

Opiniões

desafios Opportunities and challenges

Entre os grandes problemas da humanidade para os próximos 40 anos, as questões sobre água, alimentos, energia e meio ambiente são, certamente, as maiores. Em 2050 a terra terá 10 bilhões de habitantes. Com relação aos alimentos, o Brasil será um país próspero. Seremos um país rico, porque seremos o principal produtor de alimentos do mundo. Mas nós não temos a responsabilidade de produzir alimentos baratos para ninguém. Muita gente criticou os Estados Unidos quando, há algum tempo, eles decidiram fazer etanol de milho. Entretanto, quem tem que dizer o que deve ser feito do milho produzido nos Estados Unidos são eles. Se eles fazem pipoca, corn flakes, farinha ou etanol, é um problema deles. Por razões de interesse nosso, temos que deixar claro que o nosso crescimento de bioenergia não tem implicações na produção de alimentos. No que diz respeito à energia, se hoje tivéssemos essa frota de veículos andando com gasolina, nós não saberíamos de onde tirar dinheiro para pagar. Então, somente esse motivo já justifica o Proálcool e o programa de biodiesel. Com relação ao biodiesel, ainda não temos o resultado que desejamos, mas, certamente, teremos. Não tenho dúvida de que chegaremos lá. Os cenários são brilhantes. A demanda de energia no mundo é crescente, e as reservas mundiais são limitadas. É uma conta bancária da qual somente se retira.

Among the major problems facing humanity in the next 40 years, the biggest are surely those related to water, food, energy and the environment. In 2050, the Earth will have 10 billion inhabitants. As related to food, Brazil will be a prosperous country; we will be a rich country, because we will be the world’s foremost food producer. However, by no means are we obliged to produce cheap food for anyone. When some time ago the United States decided to produce ethanol from corn, a lot of people criticized this, and yet, who has to say what is to be done with the corn produced in the United States, are the United States. If they make popcorn, corn flakes, flour or ethanol, it is their problem. So, we too must make it clear that until now, our growth in bioenergy has had no consequences for the production of food. As related to energy, if we today had our vehicle fleet powered by gasoline, we would not know from where to take the money to pay for it. Therefore, this reason by itself justifies the Proálcool and Biodiesel programs. Regarding diesel, we still have not achieved the result we want, but most surely will. There is no doubt in my mind that we will get there. The scenarios are outstanding. Energy demand in the world is growing and world reserves are limited. It is a bank account from which one only makes withdrawals.

" Seremos um país rico, porque seremos o principal produtor de alimentos do mundo. Mas nós não temos a responsabilidade de produzir alimentos baratos para ninguém. "

José Geraldo Eugênio de França Diretor Executivo da Embrapa Executive Director of Embrapa

A reserva brasileira de petróleo, hoje, vive a euforia do Pré-Sal. Ele é importante, mas é uma riqueza que está a sete mil metros de profundidade, e nós estamos tratando de outra riqueza que está a apenas um metro de profundidade, que é o perfil das raízes da cana-de-açúcar. Acho que os preços do petróleo de US$ 80 apontados pelas consultorias são conservadores. Na primeira crise, ele volta para a casa dos US$ 150. E, em decorrência das pressões sociais e ambientais associadas, nós temos que procurar outras opções para produção energética renovável. A matriz energética dos EUA tem apenas 7% de renováveis; os países da OCDE atingem 7,2%; a média do mundo é de 12,7%, enquanto

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The Brazilian oil reserves currently are reason to experience the euphoria of the pre-salt discoveries. The presalt reserves are important, but they are wealth at a depth of 7,000 meters, and we are dealing with another form of wealth that is only one meter deep – the sugarcane root profile. I believe the US$ 80 oil price ascertained by the consultancies is highly conservative. At the first signs of a new crisis it will go back to US$ 150. So, due to social pressures and hence, the environmental ones, we need to search for other options of renewable energy production. The USA’s energy matrix has only 7% of renewable energy, the OECD reaches 7.2%, the world average is 12.7%,



visão tecnológica o Brasil alcança 47,3%. Não há nada equivalente. Esse percentual é assim formado: 15,3% pela hidroeletricidade, 18,1% pela cana-de-açúcar, 10,1% por lenha e carvão vegetal e 3,8% por outras formas. A produção mundial de etanol em 2008 foi de 65,6 bilhões de litros, 73,9 bihões em 2009 e projeta-se que seja de 85,9 bilhões de litros em 2010, com quase 90% da produção mundial centralizadas nos EUA (52%) e no Brasil (37%). A União Europeia responde por algo próximo a 4%, China 3% e Canadá por 1,5%. A vantagem competitiva no balanço energético da produção do etanol de cana é imensa. Enquanto a cana tem uma razão de oito pontos de energia produzida por energia demandada, o trigo, milho e beterraba vão, na ordem, entre um e quase dois. Não há comparação. Várias universidades estrangeiras publicaram artigos dizendo que não havia quase nenhuma eficiência em produzir o etanol da cana-de-açúcar. Isso é uma falsa ciência querendo nos perturbar e intimidar. Entretanto, tudo que se falou em etanol de segunda geração até este momento foi apenas o rufar dos tambores. A batalha começa agora. Os Estados Unidos estão dizendo que em 2012 é que começam para valer. Espero que ninguém duvide disso, como quando eles falaram que iriam produzir etanol de milho. É bom que fiquemos atentos. Eles não vão querer comprar etanol do Brasil. Querem produzir o seu próprio etanol de celulose. E, se não o fizermos, nós é que vamos comprar etanol de celulose dos Estados Unidos. Do ponto de vista biológico, temos aqui uma contradição séria. Estamos nos dando ao luxo de chamar de bagaço um produto nobre, com carboidratos complexos, que é a celulose, a n-celulose e a lignina. E o pior, de queimá-lo. Temos que ver isso como um ciclo que foi passado, temos que mudar essa situação. Para se produzir uma molécula de celulose, temos plantas mais eficientes do que a cana. As gramíneas são uma família maravilhosa, do ponto de vista botânico, porque são uma C4, mais eficiente do ponto de vista energético, fotossintético. Então, produzir uma molécula de açúcar a partir de um sorgo ou de um capim-elefante é muito mais eficiente do que produzi-la a partir do gênero saccarum. Nossa leitura é que o etanol, no futuro, não vai ser feito apenas da cana. Vai dividir espaço com outros dois grandes gêneros da família das gramíneas: o sorgo e pennisetum. Com eles, passamos a ter mais eficiência do que qualquer cenário dos EUA. O nosso capim-elefante produz cinco vezes mais eficientemente que o miscanthus dos Estados Unidos; o sorgo, "n" vezes mais. Temos a possibilidade de continuarmos sendo a liderança nas próximas décadas. Mas nós temos que ver isso com cuidado. Entramos agora em um período de guerra. Estamos em um período de risco. As fontes de biomassa das biorrefinarias serão não apenas resíduos industriais, mas também árvores, capins, culturas agrícolas, resíduos. Nossa visão de futuro é que teremos que cultivar plantas para produzir esse etanol celulósico, através dos processos de conversão pela fermentação enzimática, fermentação gasosa/líquida, hidrólise ácida/fermentação, gaseificação, e os outros processos envolvendo queima - tecnologias essas ultrapassadas. Estamos em uma fase preliminar da alcoolquímica, do aproveitamento desses carboidratos e vamos ter que trabalhar muito fortemente essas instituições, com diversos produtos muito mais valiosos que etanol para combustível. Temos que investir na microbiologia industrial, na genética, na bioquí-

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Opiniões whereas Brazil makes it to 47.3%. There is nothing like this. This percentage encompasses 15.3% of electricity from hydric sources, 18.1% from sugarcane, 10.1% from firewood and charcoal and 3.8% from other sources. The world’s ethanol production in 2008 totaled 65.6 billion liters, 73.9 billion in 2009, and the estimate for 2010 is at 85.9 billion liters, with almost 90% of the world production concentrated in the USA (52%) and Brazil (37%). The European Union accounts for close to 4%, China 3%, and Canada for 1.5%. The competitive advantage in the energy balance of ethanol production from sugarcane is immense. Whereas sugarcane rates at 8 points of energy produced for each point of energy demand, wheat, corn and beet rank between 1 to almost 2. There is no comparison. Several foreign universities published articles stating that there was no efficiency in producing ethanol from sugarcane. This is phony science, aimed at disturbing and intimidating us. And yet, all that has so far been said about second generation ethanol is only the preannouncement of what lies ahead. The battle begins now. The United States are saying the issue will be up for real in 2012. I hope nobody doubts this, like when they announced they would produce ethanol from corn. We should be alert. They will not want to buy ethanol from Brazil. They want to produce their own ethanol from cellulose. So, if we don’t make ethanol from cellulose, we will buy ethanol from cellulose from the United States. From the biological point of view we have a very serious contradiction here. We are permitting ourselves the luxury of calling a noble product bagasse, which contains complex carbohydrates such as cellulose, n-cellulose and lignin. What is even worse: we’re burning it. We must look at this as a cycle of the past. We must change this situation. To produce a cellulose molecule we have more efficient cultures than sugarcane. Grass is a wonderful plant family from the botanic point of view because it has C4, more efficient from the energy perspective, from the point of view of photosynthesis. So, to produce a molecule of sugar from sorghum or elephant grass is much more efficient than from sugarcane genotypes. In our view, in the future, ethanol will not be made only from sugarcane. It will share space with two other large types of grasses: sorghum and pennisetum. Using them, we will be more efficient than in any comparable situation in the USA. Our elephant grass is five times more efficient than Miscanthus of the United States, while sorghum is “n” times more efficient. We have the opportunity to continue in the leading role in the coming decades. However, we must look at this carefully. We are now entering a period of war. We are in a period of risk. Biomass sources for biorefineries will not only be industrial residues, but also trees, grasses, agricultures, residues. In our view of the future, we will have to cultivate plants to produce this cellulosic ethanol, through enzymatic fermentation conversion processes, gaseous/liquid fermentation, acid hydrolysis/fermentation, gasification, and other processes involving burning – which are, in fact, outdated technologies. We are in a preliminary phase of ethanol chemistry, in which these carbohydrates will be used, and we will have to work very hard on these issues, involving several much more valuable products than ethanol as fuel. We will have to invest in industrial microbiology, in genetics,



visão tecnológica mica, na biofísica, porque é de lá que sai a grande parte das enzimas modificadas ou não, que vão para esse processo de degradação dos carboidratos. As enzimas celulolíticas são a chave para o desenvolvimento do etanol celulósico, produzidas por micro-organismos geneticamente melhorados para a conversão dos açúcares agregados na celulose, presente nas plantas em pentoses e hexoses. Incentivo para que tenhamos grande atenção para esse assunto e para que sejam dirigidos investimentos para essa nova realidade. Temos que ser eficientes e complementares, trabalhando de forma conectada para otimizarmos os recursos de cada um. Temos no Brasil quatro grandes instituições trabalhando nesse processo: o Cenpes da Petrobras, o CTBE - Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, o CTC - Centro de Tecnologia Canavieira, em associação com a Novozymes, e a Embrapa Agroenergia. Planejamos ter na Embrapa Agroenergia, permanentemente, de 20 a 30 pesquisadores dedicados a processos, pois as pesquisas em termos de produtos serão conduzidas pelas outras instituições. Por último, gostaríamos de chamar a atenção para os nossos desafios: a intensificação nas ações de coletas, conservação e acessos a coleções de germoplasmas; a consolidação do zoneamento agroecológico; a associação da melhoria de fatores qualitativos (maiores teores de óleo, açúcares, amido, proteinas, etc.); aos fatores quantitativos de melhoria de produtividade; uso de marcadores moleculares em seleção assistida para apoio ao melhoramento tradicional; utilização da transgenia visando à tolerância a fatores bióticos e abióticos; potencialização do uso da genômica e utilização das ferramentas da bioinformática no melhoramento; uso de técnicas nanotecnológicas como instrumentos auxiliares nos processos de seleção e melhoramento; estudos específicos para culturas energéticas, incluindo novas opções de GRA oleaginosas e outras espécies para produção de etanol e biodiesel; seleção e desenvolvimento de cultivares mais eficientes no uso de inoculantes com bactérias diazotrópicas; ampliação de estudos em essências florestais nativas e exóticas visando a florestas energéticas e produtos da madeira; e, por último, tecnologias visando ao aumento da produção integrada de alimentos e biocombustíveis com sustentabilidade (plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta).

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Opiniões biochemistry, biophysics, because it is from there that most modified or not modified enzymes enter this carbohydrate degrading process. Cellulose enzymes are the key for the development of cellulosic ethanol, produced from genetically improved microorganisms for converting the sugars aggregated in the cellulose found in plants to pentoses and hexoses. This is an encouragement to pay close attention to this issue and direct one´s investments to this new reality. We must be efficient and act complementarily, working in a connected manner to optimize the resources each individual has. In Brazil, four large institutions are working in this process: Cenpes of Petrobras, CTBE - National Bioethanol Science and Technology Laboratory, CTC - Sugarcane Technology Center, in association with Novozymes, and Embrapa Agroenergia. At Embrapa Agroenergia we plan on permanently having 20 to 30 researchers dedicated to processes, given that product-oriented research will be conducted by the other institutions. Finally, let me call attention to our challenges: intensification of collecting actions, conservation and access to collections of germplasm; consolidation of agro-ecological zoning; the association of qualitative factor improvement (higher content of oil, sugar, starch, proteins, etc.) with quantitative factors to improve productivity; the use of molecular markers in assisted selection to support the traditional improvement; utilization of transgenesis aimed at the tolerance of biotic and abiotic factors; the potentializing of the use of genomes and bioinformatic tools in bringing about improvement; use of nanotechnology techniques as auxiliary instruments in selection and improvement processes; specific studies on energy-generating cultures, including new options in oily beans and other species for the production of ethanol and biodiesel; selection and development of more efficient cultures when using inoculants containing diastrophic bacteria; expansion of studies on native and exotic plant essences aiming at forests for energy generation and wood products and, finally, technologies conceived to increase the integrated production of sustainable foods and biofuels (direct planting) and the integration of plantations-cattle raising-forests.



visão tecnológica

Opiniões

estamos apenas começando We are only just beginning

" Estamos só tocando a ponta desse iceberg, estamos no jardim de infância dessa tecnologia. A sociedade vai se orgulhar desse setor por ter matérias-primas renováveis, em substituição a produtos hoje gerados pela queima de carbono. " Nilson Zaramella Boeta Superintendente do CTC - Centro de Tecnologia Canavieira Superintendent of CTC -(Sugarcane Plantation Technology Center)

Quando falamos sobre biorrefinarias, estamos, na verdade, falando em trocar uma série de produtos, que hoje vêm pela rota do petróleo, por rotas de produtos renováveis. Isso quer dizer que teremos que ser competitivos diante de uma indústria bem estabelecida e extremamente eficiente, a indústria do petróleo, as refinarias e a indústria química em geral. Poderemos contar, no começo, talvez, com subsídios e com política, mas, ao longo do tempo, vamos precisar ser eficientes, competitivos e vantajosos, para o meio ambiente, comércio, indústria e para os usuários desses produtos. Temos uma grande quantidade de bagaço disponível, mas, na nova fronteira pesquisada no CTC, a palha amplia o potencial da biomassa ainda mais. No que se refere a variedades, estamos estudando não só as canas de alta eficiência no Centro-Sul, mas principalmente as canas regionais. O CTC implantou polos em todas as fronteiras da cana-de-açúcar no Brasil. Temos 140 usinas associadas que utilizam, em forma de cooperação, esses polos regionais. Testamos as nossas canas em praticamente 98% dos solos e climas que o Brasil tem, possibilitando a identificação da cana superior para cada unidade.Temos, hoje, no Brasil, sete milhões de hectares plantados com cana-de-açúcar, 60% desse volume processados pelos associados do CTC. Quando se dispõe de uma carta de solo em um ambiente edafoclimático, pode-se identificar a variedade ideal para aquela região, pois uma variedade errada pode gerar uma produtividade até 25% inferior. Outros fatores a considerar são o regime de chuva, a ocorrência de pragas e doenças na região. Já estamos com dois milhões de hectares mapeados, usina por usina, talhão por talhão. Nosso propósito é mapear 100% dos solos e dos climas de todos os nossos associados até 2013. Dentre as principais características que buscamos na cana, a primeira é a resistência a insetos. O melhoramento convencional dá ganhos médios de produtividade de 2% ao ano. É um bom ganho, porém vamos precisar usar outros recursos para conseguir um crescimento significativo da produtividade. Um deles é a transgenia, asssunto que estamos estudando com vários parceiros de peso no mundo. Na busca de uma variedade resistente a insetos, fomos buscar o melhor parceiro em nível mundial: a Dow Agrosciences. Já temos resultados em laboratório e testes de campo.

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When one talks about biorefineries, one is in fact talking about switching a number of products that nowadays are obtained from oil, to products originated from renewable sources. This means being competitive in light of a well established and highly efficient industry – the oil industry, refineries and the chemical industry in general. One may initially perhaps rely on subsidies and policies, however, over time, one will need to be efficient, competitive and advantageous in relation to the environment, trade, industry and consumers of such products. We have a large volume of bagasse available. However, on this new frontier researched by the CTC, straw enhances biomass’ potential even more. As related to varieties, we are studying not only the high efficiency sugarcanes of South Central Brazil, but mainly the regional canes. The CTC set up centers on all sugarcane frontiers in the country. We count on 140 associated mills that resort to these regional centers under a cooperation program. We test our cane in practically 98% of Brazil’s soils and climates, thus allowing identifying the superior cane in each unit. Nowadays, we have 7 million hectares of sugarcane plantations, 60% of whose volume is processed by CTC associates. When a soil map of an endaphoclimatic environment is available, one can identify the best variety for that region. The wrong variety can result in lower productivity of up to 25%. Other factors to take into consideration are rainfall, pests, and diseases in the region.We have already concluded the mapping of 2 million hectares, mill after mill, plot after plot. Our intent is to map all soils and climates at all our associates by 2013. Among the main characteristics we look for in sugarcane, the first is resistance to insects. Conventional improvement results in average productivity gains of 2% per year. This is a good result, however, we will need to use other resources to achieve significant growth in productivity. One is transgenesis, a subject matter we are studying together with several important partners around the world. In searching for a variety resistant to insects, we went looking for the best partner anywhere in the world – Dow Agrosciences. We have already achieved lab results



visão tecnológica Teremos um efetivo aumento de produtividade com a solução dessa questão. No que se refere à tolerância à seca, desenvolvemos com a Basf outra parceria, buscando alcançar um menor dano e uma mais rápida regeneração do canavial quando dessa ocorrência. Outra parceria muito interessante é com a Bayer, que tem gens que fazem com que a cana possa acumular mais sacarose e outros açúcares. Buscamos uma cana que possa dar até 25% a mais de sacarose do que as atuais. Todas essas parcerias são com empresas líderes mundiais no mercado. O CTC entra com o seu know-how, com seu germoplasma, e elas, com seus gens, num pacote tecnológico, na busca de uma performance superior. Possivelmente, em três anos, teremos as primeiras canas transgênicas prontas para certificação, para entrar no mercado de cinco a dez anos. Hoje, nós pesquisamos canas que acumulam sacarose e biomassa no início e no final da safra, na busca de um melhor equilíbrio em todo período de colheita. Para isso, usamos marcadores moleculares, que são parte do DNA em que se identificam as características de desempenho, sabendo se aquela cana será ereta, se vai acumular açúcar, gerar mais raízes, mais folha, mais fibra. Enfim, entendendo como funcionam os marcadores, você consegue direcionar os cruzamentos, acelerando todo o processo, reduzindo, assim, o tempo do melhoramento de uma nova cana, dos atuais dez anos para algo como cinco anos, num ganho de produtividade fantástico, para acelerar a chegada dessas canas superiores ao mercado. Como rotas para a maximização do uso da biomassa, os avanços da mecanização do plantio e da colheita consolidam ganhos significativos. No que se refere à palha, se conseguíssemos pegar metade dela de maneira eficiente em termos de custo para as usinas, seria como montar uma nova Itaipu. É um volume imenso de energia desperdiçado através da queimada. Existem várias combinações possíveis de se transportar a palha: junto com a cana ou deixá-la no campo e depois recolhê-la, ou um misto das duas. É preciso avaliar as várias combinações possíveis envolvendo a coleta, a carga e o transporte. Fizemos uma parceria com a Fiat e a New Holland há quase um ano e planejamos, para o final de 2011, conseguirmos os primeiros resultados para a viabilização desse processo. A biomassa está chegando a preço cada vez mais competitivo, formando um cenário muito atraente para a usina. A maioria das usinas que tem disponibilidade de biomassa está indo pela rota convencional, porque é o que está dando retorno econômico e é a tecnologia disponível agora. O CTC participa de um consórcio para tentar uma rota da gaseificação da biomassa, que pode gerar mais eletricidade do que os métodos convencionais, mas é uma tecnologia que pode demorar ainda dez ou quinze anos para se tornar competitiva. Com relação à hidrólise da biomassa, o etanol de segunda geração é algo que está num horizonte próximo. Já evoluímos bastante e queremos compartilhar o entusiasmo com relação a esses resultados. Simplificando bem a equação, quando quebramos a biomassa da cana em componentes básicos, temos a lignina, os açúcares C5 e C6. A lignina é um carvão vegetal de alto poder calorífico. Os açúcares C6 são o que fermentamos através das leveduras convencionais, processo altamente desenvolvido. Os açúcares C5 não são hoje fermentáveis, e é essa tecnologia que todos buscamos. Os desafios da hidrólise enzimática é chegar a uma celulose que seja eficiente. Primeiro, na preparação da matéria-prima,

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Opiniões and conducted field tests. The solution for this issue will be an actual increase in productivity. Relative to tolerance to drought, with BASF we developed another partnership, seeking to minimize damage and achieve faster regeneration of a sugarcane plantation if such incident occurs. Another interesting partnership is with Bayer, which has gens that allow sugarcane to accumulate more saccharose and other sugars. We are looking for cane that provides up to 25% more saccharose in comparison to current varieties. All these partnerships are with leading companies in the world market, in which the CTC contributes its know-how and its genoplasm, while they bring in their gens in a technological package, seeking to achieve superior performance. Possibly in three years we will have the first transgenic sugarcanes ready for certification, to enter the market in five to ten years. Nowadays, we are researching sugarcane that accumulates saccharose and biomass at the beginning and the end of the harvest, looking for a better balance throughout the harvesting period. To that end, we use molecular markers, which are part of the DNA in which one identifies the performance characteristics, knowing if the sugarcane will stand tall, if it will accumulate sugar, grow more roots, have more leaves, more fiber, in short, by understanding how the markers work, one is able to orient the crossbreeding, accelerate the entire process, thereby reducing the time needed to improve a new sugarcane variety from currently ten years to around five years, in what is an impressive productivity gain in accelerating the entry of such superior sugarcane varieties in the market. As a route toward maximizing the use of biomass, the progress made in the mechanization of planting and harvesting consolidates significant gains. Regarding straw, if one were capable of harvesting half the volume efficiently from the cost point of view of mills, it would be like setting up a new Itaipu hydroelectric plant. There is an enormous amount of energy wasted by incineration. Straw can be transported in a variety of different combinations: together with sugarcane or leaving it in the field to pick it up later, or a mix of the two methods. One must assess the various possible combinations of harvesting, loading and transporting the straw. We have operated a partnership with Fiat and New Holland for almost a year and by the end of 2011, plan to achieve initial results in making this process feasible. Biomass has an increasingly more competitive price, bringing about a very interesting scenario for the mills. Most mills that have biomass availability are going the conventional route, because this is what is allowing economic returns and corresponds to the currently available technology. The CTC is participating in a consortium to attempt going the route of biomass gasification, that may generate more electricity than conventional methods, but it is a technology that may take 10 or 15 years to become competitive. Relative to the hydrolysis of biomass, second generation ethanol is on a nearer horizon. We have progressed considerably and wish to share the enthusiasm concerning the results. To simplify the equation, when we break biomass down into basic components, we come up with lignin, and the C5 and C6 sugars. Lignin is high caloric charcoal. The C6 sugar is what one ferments in conventional yeast, a highly developed process. C5 sugars are currently not fermentable, so this is the technology everyone is looking for. The challenge of enzymatic hydrolysis is to come up with efficient cellulose. First, when preparing the raw material,



visão tecnológica o bagaço e a palha, para que ela seja facilmente digerida pela enzima. Precisamos também ter enzimas de alta eficiência – responsabilidade que está nas mãos de nosso parceiro nesse projeto, a Novozymes, que tem correspondido de maneira brilhante, reduzindo os custos das enzimas e aumentando sua eficiência em termos de conversão. As cepas para fermentação de pentose vão demorar um pouco para que sejam eficientes e tenham baixo custo, mas isso pode chegar numa fase seguinte. O projeto busca adaptar todos os recursos já existentes nas usinas, aproveitando a infraestrutura, a logística e a disponibilidade da matéria-prima. O importante, ao final, é que sejamos competitivos em custos, mantendo a sustentabilidade. É importante observar que o novo processo não vai retirar a biomassa disponível atualmente. Ele vai emprestar essa biomassa e fazer a separação dos componentes. A lignina, depois de separada, será concentrada e devolvida para as caldeiras, em condições de queima com energia superior à forma in natura. Com o suco hidrolisado das hexoses, faremos o processo convencional, usando as leveduras que temos hoje disponíveis, e separaremos o C5 da vinhaça. Não precisamos reinventar a roda. É possível fazer essas adaptações e gerar, hoje, 30% mais de etanol que o gerado pelo processo atual. Quando começamos em 2007, o custo era oito vezes mais do que o custo do etanol convencional. Estamos chegando ao final deste ano a duas vezes o custo. Nesses três anos, aprendemos muito: como cozinhar bem essa biomassa, como extrair a lignina e separar o C5 e C6, de maneira eficiente. No final de 2012, teremos uma planta de demonstração e, em 2014, deveremos ter o custo do etanol de segunda geração compatível com o de primeira, sem qualquer subsídio, benefícios ou proteção. No processo de fermentação extrativa que o CTC está desenvolvendo numa planta piloto em Piracicaba, planejamos que, à medida que o etanol seja produzido num circuito fechado, ele seja retirado para não sobrecarregar as leveduras que estão convertendo esses açúcares em etanol. Com isso, teremos menos vinhaça no processo, baixando a relação de 12 para 4 litros de vinhaça para cada litro de etanol produzido. Estamos apenas começando a tocar o potencial que temos na cana-de-açúcar. A biorrefinaria, hoje, já é uma realidade. O açúcar, o etanol, a eletricidade, os plásticos verdes já estão disponíveis, mas o potencial disso está só no começo. Estamos só tocando a ponta desse iceberg, estamos no jardim de infância dessa tecnologia. A sociedade vai se orgulhar desse setor por ter matérias-primas eficientes e renováveis, em substituição a vários produtos hoje gerados através da queima de carbono.

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Opiniões bagasse and straw, so that they can easily be digested by the enzyme. We also need high efficiency enzymes – a responsibility that lies with our partner in this project – Novozymes – which has cooperated in an extraordinary manner, reducing enzyme costs and increasing their conversion efficiency. The pentose fermentation strains will take a little longer to be efficient and low cost, but this may be accomplished in the next phase. The project seeks to adapt all existing resources in the mills, using infrastructure, logistics, and the availability of raw material. Important in the end is that one is competitive in terms of cost, while upholding sustainability.It is important to point out that the new process will not prevent biomass from being used in its current application. What it will accomplish is to “lend” this biomass to separate the components. Lignin, after being separated, will be concentrated and returned to the boilers, to be incinerated at a higher energy level than if it were burnt in its natural state. One will take the hydrolyzed sugars from the hexoses, run the usual process using the yeast one has today and then separate the C5 from vinhasse. One need not reinvent the wheel. It is possible to make adaptations and generate 30% more ethanol, even today, as compared with the current process. When we began in 2007, the cost was eight times higher than that of conventional ethanol. We are coming to the end of the year, at a level of twice the cost. We learned a lot in these three years, like how to efficiently cook this biomass, extract lignin, and effectively separate C5 and C6. At the end of 2012, we will have a demo plant and in 2014 we expect to attain second generation ethanol costs coherent with those of the first generation, with no subsidies, benefits or protection. In the extractive fermentation process, the CTC is developing, at a pilot plant in Piracicaba, and given that ethanol will be produced in a closed circuit, a plan of extraction that will not overburden the yeast that converts these sugars to ethanol. One would thus have less vinhasse in the process, reducing the relation from 12 to 4 liters of vinhasse for each liter of ethanol produced. We are barely beginning to reach the potential to be found in sugarcane. Biorefineries, today, are already reality, and sugar, ethanol, electricity, and green plastics are already available, but the potential is only at a starting point. We can only see the tip of the iceberg; we are in the kindergarten phase of this technology. Society will be proud of this industry, given its efficient and renewable raw materials, replacing various products currently generated in processes that burn carbon.



visão tecnológica

o governo poderia realmente

ajudar

Opiniões

The Government could really help

Até a década de 1970, toda a tecnologia envolvida e desenvolvida na área agrícola e industrial do setor da cana-de-açúcar tinha interesse exclusivo na produção do açúcar. Na época, poucas usinas utilizavam o residual para produzir álcool. Toda a prioridade era dada ao açúcar. De lá para cá, a tecnologia do setor sucroenergético avançou muito, em todos os seus segmentos, sempre de forma sustentável. Hoje produzimos, com atualizada tecnologia, o bioaçúcar, o bioetanol, a bioeletricidade, o biodiesel, a bioágua e o biofertilizante. Novas tecnologias estão sendo apresentadas, a cada dia, tornando ainda melhor nosso trabalho. Através de um novo processo de fermentação, por exemplo, a quantidade de vinhaça gerada na produção de um litro de álcool será reduzida para cinco litros. Ainda dentro desse sistema, outra tecnologia que vai melhorar ainda mais o processo fará a concentração da vinhaça com evaporadores de fluxos descendentes, do tipo névoa turbulenta, reduzindo para um litro e meio de vinhaça, gerada na fabricação de um litro de álcool. A indústria tem investido muito e vem fazendo a sua parte, desenvolvendo tecnologia de ponta e colocando o Brasil como o primeiro do mundo no setor. Por que o Governo não faz a sua parte, apoiando, por exemplo, o setor a conquistar e consolidar mercados? O apoio tem sido dado de maneira superficial e de forma eleitoreira. O etanol vive numa gangorra, ora sobe, ora desce, mas fato é que ainda não saímos da crise de 2008. O setor já devia estar operando o etanol de segunda geração se houvesse segurança e ambiente propício para a realização de maciços investimentos. Faz 20 anos que a Dedini começou o processo de transformar bagaço em etanol, desenvolveu em laboratório um piloto para 100 litros e produziu um modelo semi-industrial de cinco mil litros. Com um pouco mais de investimento, com um pouco de apoio, com um pouco mais de tempo, chegaremos ao domínio da tecnologia. Agora, vamos ver as razões de porque o etanol não é ainda incorporado na produção mundial. Os estados brasileiros têm tributação diferenciada para o etanol. A quem cabe coordenar isso? O Governo sabe tudo o que precisa sobre o assunto, fala muito sobre a questão, mas, de fato, nada executa.

" mas o Governo brasileiro, ao invés de buscar um bom relacionamento com o maior comprador do mundo, prefere complicar tudo, colocando-se contra qualquer coisa que eles façam e se aliando a países como Irã, Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, e mais alguns outros governos totalitários " Tarcisio Angelo Mascarim Presidente do Simespi (Sindicato da Indústria fornecedora do setor) President of SIMESPI (Supplier Class Entity for the Industry)

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Until the 70’s, all the technology applied and developed in the agricultural and industrial sectors was exclusively oriented to sugarcane production. At the time, few mills used residual surpluses to produce ethanol. All priority was afforded sugar. Since then, the sugar-based energy sector’s technology has made much progress, in all areas, always in a sustainable manner. Nowadays, using state-of-the-art technology, we produce biosugar, bioethanol, bioelectricity, biodiesel, biowater and biofertilizer. New technologies are being introduced by the day, making our efforts even more effective. For example, through a new fermentation process, the quantity of vinhasse obtained from the production of one liter of ethanol will be reduced to five liters. Also with this system, another technology will improve the process even more, by concentrating vinhasse using descending flow evaporators (of the high turbulent mist type), reducing the volume of vinhasse obtained in the production of one liter of ethanol to 1.5 liters. Industry has made major investments and is doing its part, developing advanced technology, ranking Brazil in first place in this field. Why does the Government not do its part, for instance, by supporting the industry in conquering and consolidating markets? Support has been superficial and election-oriented. Ethanol is on a constant rollercoaster, going up and down, but the fact is that we still have not come out of the recession of 2008. The industry by now should have been operating with second generation ethanol, if there were safety and the right climate to undertake major investments. Twenty years ago, Dedini started transforming bagasse into ethanol, developed a pilot lab for a 100 liter scale and produced a semi-industrial model for 5,000 liters. With a little more investment, a little more support, a little more time, we will make it to controlling the technology. Now, let us assess the reasons why ethanol has still not been incorporated into the world production. The Brazilian states have different tax rates for ethanol. Now, who should be looking into this? The Government knows everything it needs to know about this matter, it talks a lot about it, but, in reality, it does nothing.



visão tecnológica Falta infraestrutura para o transporte interno e para a exportação. A quem cabe organizar e cuidar da infraestrutura de um país? Falta um estoque regulador para que haja uma disciplina de preço. A lei brasileira diz que é responsabilidade do Governo, mas esta é uma lei que não pegou. Que confiança podemos gerar no exterior? Faz 5 ou 6 anos que o Japão está ensaiando comprar etanol brasileiro, mas por que ele não compra? O primeiro passo seria convencer os governos de outros países da importância do etanol para minimizar o efeito estufa. A Unica vem fazendo um belo trabalho e convenceu os americanos de que o etanol de cana era muito mais do que parecia ser. Acabaram, após um longo caminho, por considerá-lo como produto de tecnologia avançada e sinalizaram que podem comprar o etanol de cana. Expuseram seus planos de mistura, informaram que precisarão de 136 bilhões de litros de etanol, já definiram que não vão fazer mais do que 60 bilhões de litros de etanol de milho e que irão precisar de mais de 70 bilhões de litros oriundos de outras tecnologias avançadas, na qual o etanol de cana, agora, se inclui. Entretanto, eles não vão comprar do Brasil se houver alguma desconfiança de não entrega. Muito menos ainda, se não tiverem um bom relacionamento com o nosso Governo. Mas o Governo brasileiro, ao invés de buscar e consolidar um bom relacionamento com o maior comprador do mundo, prefere complicar tudo, sempre se colocando contra qualquer coisa que eles façam e se aliando a governos de países como Irã, Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador, e mais alguns outros governos totalitários. Enquanto o Governo brasileiro não tiver um pensamento de relacionamento democrático com os Estados Unidos, dificilmente conseguiremos vender etanol para os americanos. Estamos falando de parcerias. Setenta bilhões de toneladas representam algo como 300 usinas com uma produção de 3 milhões de toneladas de cana, com a geração de 300 mil empregos diretos e investimentos da ordem de US$ 60 bilhões. Que fatia desse bolo pode nos caber? O segundo passo seria apoiar com linhas de financiamentos para abrir mercados e vender usinas para outros países. Por exemplo, a Colômbia tem uma lei que projeta misturar 85% do etanol à gasolina, até 2012. O Brasil é o potencial fornecedor de novas usinas de etanol e de biodiesel. Agora, por que não dá certo? Porque o Brasil não tem também um relacionamento amistoso com a Colômbia. O Governo poderia juntar empresas de tecnologia agrícola e industrial, organizar consórcios, reunir bancos de fomento, organizar soluções integradas e viabilizar a ocorrência de reuniões entre os vários segmentos governamentais de ambos os lados. Quando ocorre uma concorrência na Colômbia, aparecem várias empresas brasileiras trabalhando de uma forma acéfala, com ações individualizadas e concorrentes. Poderíamos estar participando da concorrência de forma cooperada, apresentando soluções integradas, em que se incluem até programas internacionais de financiamentos ao comprador. O que temos visto nessas concorrências internacionais é a partipação de outros países de forma muito mais organizada, com propostas que incluem financiamentos a taxas internacionais. Nosso setor tem estado sempre em crise e penso que, se tivermos uma atuação mais efetiva, com visão de longo prazo, contínua, interessada e profissional do Governo, de forma simples, sem envolver benesses, teremos uma chance de maior sucesso.

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Opiniões There is a lack of transportation infrastructure, for destinations in and outside the country. Who should be organizing and looking after the country’s infrastructure? There is no offsetting buffer inventory aimed at price discipline. Brazilian law states that this is the Government’s responsibility, but this law is not respected. What trust can we generate abroad? For 5 or 6 years now, Japan has been considering buying Brazilian ethanol, but why doesn’t it? The first step would be to convince the governments of other countries of ethanol’s importance in minimizing the effects of greenhouse gas emissions. UNICA is doing an exemplary work convincing the Americans that ethanol from sugarcane was much more than it appeared to be to them. After a long period, the Americans were convinced that the product incorporates advanced technology. They signaled that they may buy ethanol made from sugarcane. They laid out their plans for mixing, informed that they will need 136 billion liters of ethanol, and have already made it known that they will not produce more than 60 billion liters of ethanol from corn, and that they will require additional 70 billion liters from other advanced technologies, therein now included ethanol from sugarcane. However, they will not buy from Brazil if there is the slightest feeling that we may not deliver. Furthermore, there needs to be good rapport with our Government. However, the Brazilian Government, rather than seeking and consolidating such good rapport with the world’s largest buyer, prefers to complicate relations by systematically opposing what they do and by seeking alliances with the governments of countries like Iran, Cuba, Venezuela, Bolivia, Ecuador, and other totalitarian regimes. As long as the Brazilian Government lacks a thought pattern for a democratic relationship with the United States, we will face much difficulty in selling ethanol to the Americans. We are talking about partnerships. Seventy billion tons represent about 300 mills, with a production of 3 million tons of sugarcane, the creation of 300,000 direct jobs and investments in the magnitude of US$ 60 billion. What chunk of the pie could we get? A second step would be to provide financing to open markets and sell mills to other countries. For example, Columbia has a law that specifies mixing 85% of ethanol to gasoline, by 2012. Brazil is the potential supplier of new ethanol and biodiesel mills. Now, why does this not work? Because Brazil is not on good terms with Columbia too. The Government could bring together agricultural technology companies, organize consortiums, bring in development banks, bring about integrated solutions and organize meetings among several government areas on both sides. When a tender is put in the market in Columbia, several Brazilian companies show up, operating without common coordination, undertaking individual and competing initiatives. We could be taking part in such tenders in a cooperative manner, presenting integrated solutions, which should also include international financing packages for the buyer. What we have seen in these international tenders, are other countries participating in a well-organized manner, with proposals that include financing at international rates. Our industry has permanently been in a crisis. I believe that if we had more effective initiatives, with a long-term perspective, and continuous, professional and interested actions on the part of the Government, in a simple format, with no other expectations of gains, we would stand a better chance at succeeding.


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visão empresarial

Opiniões

a Petrobras e os biocombustíveis Petrobras and biofuels

Os biocombustíveis são um dos seis pilares da atuação da Petrobras, ao lado da exploração de produção de petróleo e gás, do abastecimento e distribuição de derivados, comercialização de gás e energia e da petroquímica. A estratégia dos biocombustíveis é atuar no Brasil e no exterior de forma integrada ao sistema Petrobras, aproveitando as vantagens como produtor – através da Petrobras Biocombustíveis –, como distribuidor de combustíveis – através da BR Distribuidora –, e uma área de comercialização com forte presença mundial na comercialização de combustíveis e crescente de biocombustíveis. Os planos de negócios da Petrobras para biocombustíveis preveem a expansão contínua da produção buscando a integração com petróleo e derivados. Nos próximos cinco anos, a Petrobras investirá US$ 224 bilhões, dos quais US$ 3,5 bilhões (1,56%) estão reservados para os biocombustíveis, sendo US$ 2 bilhões na produção de etanol, US$ 400 milhões em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e US$ 700 milhões em logística. Em termos de produção, temos metas ambiciosas. Em 2014, estaremos envolvidos na produção de 2,6 milhões de m3 de etanol/ano. A Petrobras Biocombustíveis foi criada em 2008. Temos participação ou somos operadores de 14 unidades de produção de biocobustíveis em todo o País, das quais 4 são de biodiesel e 10, de etanol. Iniciamos a produção de etanol no ano passado em parceria com a Total, em Minas Gerais. Este ano, anunciamos a parceria com o Grupo Tereos, na Guarani, hoje com sete unidades em São Paulo e uma em Moçambique, e outra parceria com a São Martinho na Usina Nova Fronteira, em Goiás. Esses ativos atingem uma moagem de 24 milhões de toneladas de cana, com uma produ-

" os três grandes bloqueios para o crescimento do etanol são: a segurança de suprimento, a existência de um mercado com poucos países exportadores e as questões ligadas à sustentabilidade "

Ricardo Castello Branco Diretor de Etanol da Petrobras Biocombustíveis Director of Ethanol of Petrobras Biocombustíveis

ção de 900 mil m3 de etanol. O citado aumento de produção virá prioritariamente do crescimento dessas empresas em que temos sociedade. Em termos de logística, a Petrobras tem uma participação de 33% na empresa PMCC (formado pela Petrobras, Mitsui e Camargo Corrêa), criada para desenvolver um projeto logístico para o etanol, por meio de dutos, ligando o Centro-Oeste até o litoral do Sudeste, em uma extensão de quase mil quilômetros. O sistema previu um duto de Uberaba-MG, passando por Ribeirão Preto-SP, chegando a Paulínia-SP. Esse duto está em fase de licencia-

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Biofuels are one of the pillars of the Petrobras’ business, along with the exploration of oil and gas, the supply and distribution of derivative products, the marketing of oil and gas, and its petrochemical business. The strategy for biofuels is to perform in Brazil and abroad in a manner integrated with the Petrobras system, using the advantages the company has as a producer – through Petrobras Biocombustíveis –, and through its distributor of fuels – BR Distribuidora –, as well as through its strong global presence in the marketing of fuels, and to an ever growing extent, of biofuels. Petrobras’ business plan for biofuels foresees continued growth of production, seeking to integrate oil and derivative products. In the next five years, Petrobras will invest US$ 224 billion, of which US$ 3.5 billion (1.56%) have been earmarked for biofuels, divided into US$ 2 billion for ethanol production, US$ 400 million for research and development of new technology, and US$ 700 million for logistics. We have an ambitious production growth target. In 2014 we will be involved in the production of 2.6 million cubic meters of ethanol per year. Petrobras Biocombustíveis was created in 2008. We participate in, or operate, 14 biofuel production units throughout the country, four of which produce biodiesel and 10 that produce ethanol. We started ethanol production last year in partnership with Total, in the State of Minas Gerais (MG). This year, we announced the partnership with the Tereos Group, in the Guarani organization, which currently operates seven units in the State of São Paulo (SP), one in



visão empresarial

mento, com início de construção ainda em 2010. Num outro sistema, a Transpetro, nossa subsidiária para transportes, já está licitando a aquisição de barcaças para fazer o transporte ao longo da hidrovia Tietê-Paraná, ligando Aparecida do Taboado-MS até Santa Maria da Serra-SP e de lá, por dutos, até Paulínia-SP. E, a partir de Paulínia, por um sistema já existente, até os terminais em Ilha D´Agua e São Sebastião, no litoral do estado de São Paulo. Investimento em logística em transporte interno e transporte embarcado são fundamentais para transformar o etanol numa commodity global. Com relação à matriz energética brasileira, o sistema cana-de-açúcar já é, destacado, a segunda fonte de energia primária do País com 18%, que, somados aos 15% da hidráulica, aos 10% da biomassa e aos 4% de outras fontes totalizam 47% do montante utilizado no Brasil como fontes renováveis, contra uma média de 19% do mundo e 7% da OECD – organização formada pelos países mais ricos do mundo. Segundo estudos da Petrobras (dados considerados até este ano como sigilosos), a demanda global de energia projeta entre hoje e 2030 um crescimento anual entre 1,30% a 1,32%, fazendo com que saiamos dos atuais 12,974 milhões de toneladas-equivalentes-de-petróleo por ano para entre 17,236 e 17,324, quer permanecendo o comportamento atual, quer numa opção maior por combustíveis de baixo carbono. A representação de cada item teria o seguinte quadro: o petróleo deve cair de 33% para entre 28-29%; o gás deve permanecer na faixa de 22%; o carvão deve crescer de 26% para entre 28-29%; a energia nuclear deve permanecer na faixa dos 6%; a hidráulica deve crescer dos 6% para 7%; outras fontes renováveis devem crescer dos atuais 0,5% para 2%; a biomassa tradicional deve permanecer na faixa dos 7%, e os biocombustíveis devem sair da casa dos 0,4% de hoje para algo próximo a 1%. Para atingir esse patamar, os biocombustíveis deverão crescer a uma taxa anual entre 5,2% e 6,1%, atingindo algo como 12 vezes a produção atual. Ao contrário do que parece, é um mercado gigantesco, que representa quase duas vezes a atual produção brasileira de petróleo. Segundo as consultorias que nos assessoram, existem alguns fatores que limitam um crescimento maior do mercado de etanol. Os principais competidores são: o aumento da eficiência energética, os carros híbridos, os carros híbridos elétricos e os carros a bateria. Na prática, os três grandes bloqueios para esse crescimento são: a segurança de suprimento, a existência de um mercado com poucos países exportadores e as questões ligadas à sustentabilidade. Como registro, com relação à projeção do preço do petróleo nesse período de 20 anos, segundo essas consultorias, pode chegar acima de US$ 100, em torno de 2020, e acima de US$ 130 mais para frente. A Petrobras trabalha os cenários com valores mais conservadores, para ter investimentos

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Opiniões Mozambique and another partnership with São Martinho in the Nova Fronteira mill in the State of Goiás (GO). These installations crush 24 million tons of sugarcane, producing 900,000m3 of ethanol. Said growth in production will result from these companies with which we have partnerships. In its logistics operation, Petrobras has a 33% share in the company PMCC (whose owners are Petrobras, Mitsui and Camargo Corrêa), established to develop a logistics project for ethanol to be transported through pipelines, linking the Midwest to the coast in the Southeast, covering a distance of almost 1,000 kilometers. The system foresees a pipeline from Uberaba-MG to Paulínea-SP. This pipeline is in the phase of obtaining the required licenses, with construction start-up scheduled to begin still in 2010. In another system, Transpetro, our transportation subsidiary, is currently in the bidding phase for the acquisition of barges for transportation on the Tietê-Paraná waterway, linking Aparecida do Taboado-MS to Santa Maria da Serra-SP, and from there through pipelines to Paulínia-SP. Then, from Paulínia, through an existing system, to the terminals at Ilha D´Agua and São Sebastião, on the coast of the State of São Paulo. Investments in transportation logistics, whether onshore or in oceangoing vessels, is essential to make ethanol a global commodity. In relation to the Brazilian energy matrix, the sugarcane system is already by far the country’s second primary energy source, with an 18% share, which, added to the 15% of hydric energy, the 10% generated from biomass, and the 4% from other sources, totals 47% of Brazil’s consumption from renewable sources, compared with an average of 19% worldwide, and 7% in OECD – the organisation formed by the richest countries in the world. According to Petrobras studies (confidential until this year), the global demand for energy between now and 2030 is projected to grow 1.30% to 1.32% per year, resulting in that we will move from the current 12.974 million tons of oil equivalent per year to between 17.236 and 17.324, regardless of whether the current scenario continues or if the trend will be towards low carbon fuels. Each item would be thus represented: oil is expected to decrease from 33% to between 28-29%; gas is expected to remain at 22%; coal may grow from 26% to between 28-29%; nuclear energy is expected to remain at 6%; hydric energy may grow from 6% to 7%; other renewable sources are expected to grow from currently 0.5%, to 2%; traditional biomass is expected to remain at 7%, and biofuels will increase from currently 0.4% to around 1%. To reach this level, biofuels are expected to grow at an annual rate between 5.2% and 6.1%, reaching a figure of about 12 times the current production. Unlike what it seems to be, it is a huge market the size of almost twice the current Brazilian oil production. According to Petrobras consultants, there are some limiting factors for the growth of the ethanol market. The main competitors are: the increase in energy efficiency, hybrid vehicles, hybrid electric vehicles and battery-powered vehicles. In practice, the three major growth obstacles are: supply safety, the existence of a market with few exporting countries and issues related to sustainability. Be it said that, with respect to oil price projections in this 20-year period, still according to the consultants, prices may exceed US$ 100 around 2020 and US$ 130 in subsequent years. Petrobras is assuming scenarios with more conservative figures, projecting investments with



visão empresarial que deem retorno em qualquer cenário, já considerando um aumento expressivo dos custos de produção e do aumento de consumo, especialmente da China e Índia. Na busca de um grande crescimento do etanol, em termos globais, a Petrobras vem fazendo um forte investimento em tecnologia com uma estratégia muito bem definida. Trabalhamos com o tripé: expansão dos limites da produção atual (envolvendo novas matérias-primas); produtividade das culturas e técnicas de produção e logística de matéria-prima; o aproveitamento de resíduos como matérias-primas tanto na rota enzimática, como rota termoquímica e bio-óleo, incluindo aí também as biorrefinarias. Outra linha importante é a agregação de valores e diversificação de produtos – a produção de diesel a partir de açúcares; biocombustíveis para jatos com seus altos requisitos de qualidade e um mercado imenso; o etanol para motores de ciclo diesel com vistas à Europa; a rota da alcooquímica e a produção de plásticos biodegradáveis. A questão da sustentabilidade fecha o tripé. Essas questões são importantes, pois podem evitar que todos os esforços realizados parem numa barreira não tarifária. Com relação ao etanol de lignocelulósico pela rota bioquímica, processo em que muitos apostam, a Petrobras, que já tinha há três anos uma planta piloto em operação em nosso Centro de Pesquisas, ano que vem coloca em funcionamento uma planta protótipo. Sairemos da produção de quilos para toneladas por dia. Com o objetivo de acelerar esse processo, foi anunciada, na semana passada, a parceria com uma empresa americana que já tem uma planta que produz 30-40 toneladas por dia a partir de resíduos de madeira. Vamos adaptar o processo para trabalhar com bagaço de cana. Se tivermos sucesso, planejamos instalar uma planta anexa em nossas empresas parceiras já em 2013. Temos que olhar com muito rigor a questão da sustentabilidade. Temos que dar garantias de que o nosso etanol é sustentável. Temos que criar e implantar ferramentas de avaliação ao longo de todo o processo. De nada adianta cercar o processo produtivo e fazer o etanol viajar de caminhão por dois mil quilômetros. Anulamos todo ganho conquistado. Temos que trabalhar com uma logística sustentável. São fundamentais questões como balanço energético, emissão de poluentes nos processos industriais e agrícolas, uso da água, impactos sobre cursos d'água e à terra. Além dos impactos ao ecossistema, biodiversidade, uso de recursos naturais, temos também que considerar as questões sociais, condições de trabalho, segurança e saúde do trabalhador e até mesmo o impacto na produção de alimentos. Temos que alicerçar as questões lógicas e destruir as bases das fantasias. Como desafios para a internacionalização do etanol, temos que desenvolver tecnologias diferenciadoras aumentando a eficiência da produção; sistema de verificação da sustentabilidade ao longo do ciclo de vida; ajudar a estabelecer a diversificação das fontes de suprimentos, pois não há como termos uma commodity internacional com um único país fornecedor. Assim, é preciso que trabalhemos para incentivar o surgimento de novas fontes de suprimentos nos países com vocação para essa cultura, notadamente, nos países da África e da América do Sul, dando aos importadores opções de suprimento. O desenvolvimento de sistemas logísticos compatível com a logística de combustiveis é essencial; a questão de harmonização das especificações técnicas é vital para impedir a criação de barreiras não tarifárias. Enfim, é preciso trabalhar a questão da internalização do custo associado à emissão de carbono que os combustíveis fósseis carregam.

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Opiniões positive ROIs in all scenarios, while already taking into consideration significant production cost increases and growth in consumption, particularly in China and India. In projecting considerable growth for ethanol in global terms, Petrobras is making major investments in technology based on a well defined strategy. We are working a threeprong approach: Expanding the limits of current production (involving new raw materials); productivity of cultures and production techniques, as well as raw material logistics; use of residues as raw materials both in the enzymatic and bio-oil approaches, including biorefineries in the latter. Another important approach is aggregation of value and product diversification – diesel production from sugar; biofuels for jet aircraft involving high quality standards and a huge market; ethanol for diesel engines with an eye on Europe; the approach to ethanol-based chemistry and the production of biodegradable plastic. The third prong is the issue of sustainability. These issues are important, given that they may hinder all undertaken efforts from bouncing back from non-tariff barriers. As related to lignocellulosic ethanol in the biochemical approach, a process many are betting on, for three years already Petrobras has been operating a pilot plant in our Research Center, and next year the company will start up a prototype plant. Rather than kilos we will produce tons per day. With the intent of accelerating this process, we last week announced a partnership with a U.S. company that already operates a plant that produces 30-40 tons per day from wood residues. We will adapt the process for the use of sugarcane bagasse. If we succeed, we plan to install a plant as an annex to our partners’ installations, as soon as 2013. We must keep a close eye on the issue of sustainability. We must make sure that our ethanol is sustainable. We must create and implement evaluation tools throughout the process – it does no good to control the production process and yet transport ethanol by truck over a distance of 2,000 kilometers. That would eliminate any gains achieved. We must operate based on sustainable logistics. Essential issues are the energy balance, pollutant emissions in industrial and agricultural processes, the use of water, impact on water bodies and soil. Apart from the impact on the ecosystem, biodiversity, use of natural resources, we must also consider social issues, labor, safety and health conditions of the workforce and even the impact on the production of food. We must fundament the logical issues and do away with fantasies. Finally, to face the challenges of the internationalization of ethanol, we must develop differentiating technologies to increase production efficiency; a system to verify sustainability during life cycles; we must help to diversify supply sources, given that one cannot set up an international commodity with only one supplier country. Therefore, it is necessary to foster new supply sources in countries suited for this culture, particularly countries in Africa and South America, providing importers supply options; the development of logistics systems is essential, which must be compatible with the logistics of fuels; the issue of harmonizing technical specifications, essential in preventing non-tariff barriers; and lastly, to deal with the issue of the internalization of the cost associated with carbon emissions inherent to fossil fuels.



visão empresarial

Opiniões

reconhecimento global para o Global recognition of ethanol

etanol

" a China tem 20% da população mundial e produz apenas 3% da água potável, enquanto o Brasil tem 3% da população e tem 20% de toda a água potável do mundo "

Pedro Isamu Mizutani Presidente da Cosan - Açúcar e Álcool President of Cosan - Açúcar e Álcool

Em 1936, tínhamos uma única usina na cidade de Piracicaba que moía em torno de quatro milhões de toneladas. Hoje a Cosan é composta de 23 usinas, e neste ano devemos moer em torno de 60 milhões de toneladas de cana. A Cosan tem uma história de pionerismo. Foi a primeira usina a trazer uma parceira internacional, a inglesa Tate & Lyle, participando do terminal do Porto de Santos. Logo em seguida, foi estabelecida uma parceria com os grupos Tereos e Sucden. Fomos pioneiros também no lançamento de bônus e ações nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York, e dos bônus perpétuos. Fomos pioneiros na integração de toda a cadeia, desde a produção até a entrega dos nossos produtos ao consumidor final, com a aquisição da Esso. E, recentemente, com o acordo vinculante com a Shell, formamos uma das maiores empresas do País, com o valor de mercado em torno de R$ 20 bilhões e uma estimativa de faturamento em torno de R$ 50 bilhões/ano. O grupo é formado por cinco pilares empresariais. A Radar, que tem como responsabilidade a administração de propriedades agrícolas; a Rumo, que administra o sistema multimodal de transporte, armazenagem e embarque; a Cosan Combustíveis e Lubrificantes, que administra os ativos da Esso; a Cosan Açúcar e Álcool, que administra as usinas e destilarias e, por último, a Cosan Alimentos, que é responsável pela comercialização dos produtos Da Barra e União. Temos por costume considerar nossas empresas organizadas como indústrias, mas o grande valor do negócio sucroalcooleiro está na agricultura: 75% do nosso orçamento é dirigido para a área agrícola. O açúcar, como dizia o nosso Werther Annicchino, é feito no campo. A indústria é uma mera ferramenta de transformação do açúcar e do etanol em produto final. A tendência da agricultura está mudando muito. Temos que pensar em agricultura sustentável, tecnologia de precisão e diversificação de profissionais. Hoje nos utilizamos de programas associados a imagens de satélite, sistemas de informação inteligente, controle de tráfego, dentre muitos outros. Como administrar 800 mil hectares de área cultivada sem utilizar ferramentas de última geração?

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In 1936, we had only one mill in the city of Piracicaba, which crushed about 4 million tons. Nowadays, Cosan comprises 23 mills and this year we predict the crushing of about 60 million tons of sugarcane. Cosan’s history is that of a pioneer. It was the first mill to enter an international partnership, with British company Tate & Lyle, which had a stake in the terminal in the port of Santos. Soon thereafter, a partnership was set up with the Tereos and Sucden groups. We were also pioneers in issuing bonds and shares in the São Paulo and New York Stock Exchanges, along with perpetual bonds. We were the first to bring about the integration of the entire chain, from production to delivery of our products to the end consumer, by acquiring Esso. Then, recently, in a binding agreement with Shell, we set up one of the largest companies in the country, with a market value around R$ 20 billion and expected revenues of R$ 50 billion/year. The group comprises five business pillars. Radar is responsible for managing agricultural real estate; Rumo runs the multimodal transportation, storage and shipping system; Cosan Combustíveis e Lubrificantes manages the Esso assets; Cosan Açúcar e Álcool manages the mills and distilleries, and lastly, there is Cosan Alimentos, which is responsible for marketing Da Barra and União products. We are used to viewing our organizations as industrial units, but the actual value of the business in the sugar and ethanol industry is in agriculture, to which we destine 75% of our budget. Sugar, as our Werther Annicchino used to say, is made in the field. The industrial activity is merely a tool to transform sugar and ethanol into the end product. The trend in agriculture is undergoing considerable change, we must think in terms of sustainable agriculture, precision technology and diversification of professionals. Nowadays, we use programs associated with satellite imagery, intelligent information systems, traffic control, next to many, many others. How could we manage 800,000 hectares of plantations without using state-of-the-art tools?



visão empresarial Trata-se de um imenso mar de cana. Pelas imagens de satélites, conseguimos georreferenciar cada talhão de cada fazenda, alimentar os bancos de dados e detalhar informações, acompanhar o desenvolvimento, detectar falhas no canavial ou problemas de várias naturezas numa determinada e específica região da lavoura e tomar atitudes a tempo de corrigilas. Podemos estimar até a quantidade de cana que vai ser produzida no talhão. É assim, através dessa agricultura de precisão, através dessa tecnologia, que administramos nossa lavoura nos dias de hoje. A agricultura avança, a cada dia, nesse sentido. Temos também o sistema de desenvolvimento de informações inteligentes. Antigamente, a agricultura só tinha que ter um agrônomo. Era plantar a cana, vê-la desenvolver-se e colhê-la. Hoje não é só isso. Temos engenheiros de produção, engenheiros mecânicos, engenheiros químicos na agricultura também, pois dificilmente se consegue fazer um sistema de colheita de cana sem otimizar as funções. Utilizamos os engenheiros e os processos de programação linear para fazer a reforma de lavoura de cana, plantio e colheita mecanizada. A Cosan saiu na frente. Hoje muitas empresas estão também nesse mesmo caminho. Atualmente agricultura não é só agronomia. É todo um sistema de automação administrado pelo Centro de Operação Agrícola, em que todos os tratores, todas as colheitadeiras, todos os ônibus são monitorados através de um sistema de GPS, através de sinais de celulares, e as informações transmitidas são recebidas por uma central, permitindo ações como cálculos avançados de pagamento, administração da segurança, controle de manutenção da frota. Hoje agricultura é tecnologia pura. No que se refere à sustentabilidade, nós a entendemos como o equilíbrio entre os interesses no meio ambiente, nas área sociais e econômicas. Antigamente, dava-se apenas importância para as questões econômicas. Hoje temos que manter um real equilíbrio entre os interesses econômicos, ambientais e sociais. É importante que se observe que não adianta privilegiar apenas as questões sociais ou as ambientais. Se você não obtiver lucros na companhia, não haverá como sobreviver. Sustentabilidade é um tema muito debatido na Cosan. Todo o setor sucroenergético considera essa questão como prioritária. Ainda sobre sustentabilidade, a nosso ver, temos que dedicar atenção a temas como a redução dos estoques de petróleo e a elevação dos custos de sua extração; o aquecimento global; o mito da competitividade alimento versus energia; a escassez da água potável; a busca por alternativas energéticas de emissão de baixo carbono e exigências, cada vez maiores, de critérios sustentáveis. Até 2030, as emissões brasileiras de CO2 do setor de transporte devem crescer 64%. Observa-se que, sem a utilização dos biocombustíveis, elas cresceriam 149% e que, se pudermos incrementar o uso do etanol acima da atual tendência, poderíamos retê-las na casa dos 17%. Com relação à competição entre alimentos versus energia, o crescimento da produção do setor sucroenergético fundamenta-se não na expansão do uso da terra, mas no contínuo ganho de produtividade. A produção de açúcar aumentou em mais de 50% apenas na última década. A cana-de-açúcar vem aumentando sua produtividade na média de 1,3% ao ano. Com relação à água, esta é uma questão muito séria para o mundo, principalmente nos países desenvolvidos. A China tem 20% da população mundial e produz

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Opiniões I’m talking about an immense ocean of sugarcane. Through satellite imagery we can geographically locate every plot on every farm, feed the database and detail information, monitor development, detect flaws in the cane plantations or problems of whatever nature in any specific area or region of the sugarcane plantations and undertake measures to correct them. We can even estimate the quantity of sugarcane to be produced in any given plot. Thus, through this precision agriculture, we manage our plantations in our time and age. Agriculture is advancing in this direction day after day. We also operate an intelligent information development system. In the old days, agriculture only needed an agronomist. It consisted of planting sugarcane, watch it grow and harvest it. Nowadays, that is not all. We have production engineers, mechanical engineers and chemical engineers also in agriculture. Therefore, it is difficult to set up a sugarcane harvesting system without optimizing functions. We resort to the engineers and linear programming processes to bring about the changes in how to manage the plantations, to plant the crop and to harvest it using machinery. Cosan set out to be the first. Nowadays, many companies are on this same track. Agriculture today is no longer just agronomy. It consists of an automated system managed by the Agricultural Operations Center, in which all the tractors, harvesters and buses are monitored by a GPS system, by cell phone signals, in which the information sent is received in a control center, allowing running programs such as for advanced payment calculations, safety management and fleet maintenance management. Agriculture today is technology at its best. Regarding sustainability, we see it as the balance between interests concerning the environment, society and the economy. In the past, only the economic issues were important. Nowadays, we really have to keep the balance between economic, social and environmental interests. It is important to notice that it does not suffice to only privilege social or environmental issues. If one doesn’t make a profit for the company, there is no way to survive. Sustainability is a much debated issue at Cosan. The entire sugar and ethanol industry considers this issue a priority. Continuing on sustainability, in our opinion we must pay attention to issues such as oil inventory reduction and rising costs of oil extraction; to global warming; to the myth of competition between food and energy; to the shortage of drinking water; to the quest for low carbon emission energy alternatives and to increasing demands related to sustainability criteria. Until 2030, Brazilian CO2 emissions are expected to increase by 64%. One should notice that if it were not for the use of biofuels they would grow by 149% and that if we could increase the use of ethanol by more than the current trend, we could stabilize the emissions at the level of 17%. As to the competition food versus energy: growth in the sugar and ethanol industry’s production is based not on expanding the use of land, but on continued gains in productivity. Sugar production increased by more than 50% just in one decade. Sugarcane’s productivity on average increased its productivity by 1.3% per year. There is an untrue myth involving the industry. Regarding water, this is a very serious issue for the world, mainly in developed countries. China accounts for 20% of the world population, but produces



visão empresarial apenas 3% da água potável, enquanto o Brasil tem 3% da população e tem 20% de toda a água potável do mundo. Temos instalados circuitos fechados na indústria para a reutilização da água. Antigamente usávamos 5 m3 por tonelada de cana processada. Hoje usamos 2 m3 e vamos chegar a zero. Acredito que entre 5 a 10 anos não vamos utilizar nenhuma água do rio, somente a água que vem da lavoura dentro da própria cana. A Cosan e muitas empresas do setor têm emitido relatórios de sustentabilidade, calculando o footprint de carbono, procurando reduzir e mitigar a emissão de carbono em cada etapa da nossa produção. Temos vendido álcool para a Sekab, Mitsubishi e Braskem – para fabricação de resina para produção do plástico verde; firmamos um memorando com a Amyris para produzir diesel de cana; investimos diretamente na Fundação Estudar; incentivamos o uso de etanol no transporte coletivo em ônibus-teste em São Paulo; temos participado ativamente do projeto Protocolo Ambiental e do programa de requalificação dos trabalhadores. Na safra 2009/10, 54% de nossa colheita foi mecanizada. Os principais desafios que temos no setor são adotar os mecanismos que reconheçam o etanol não apenas de forma econômica; reduzir as barreiras internacionais tarifárias e técnicas aplicadas ao açúcar e ao etanol; transformar e consolidar o etanol como uma commodity global; evidenciar e disseminar a importância da agricultura; realizar investimentos maciços e contínuos em pesquisa a fim de desenvolver novas tecnologias para utilização do etanol e derivados da cana, procurando expandir o uso dos atuais e desenvolver novos produtos. Nós acreditamos que teremos, certamente, num futuro próximo, um reconhecimento global para o etanol. O consumidor, daqui a 20 anos, vai fazer distinção entre o combustível fóssil e o renovável, vai reconhecer e diferenciar as empresas que têm sustentabilidade das que não têm. O consumidor, daqui a vinte anos, está nascendo agora, não seremos nós. Serão nossos filhos e netos. Nosso desafio é acelerar esse processo e chegarmos juntos lá.

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Opiniões only 3% of the drinking water, whereas Brazil has 3% of the population and produces 20% of all the drinking water in the world. We have installed closed circuits in our industrial units to reutilize water. We used to utilize 5m3 per ton of processed sugarcane, currently we use 2m3 and we will make it to zero. I believe that in 5 to 10 years we will no longer use water from rivers, but rather only water generated by the sugarcane plantations themselves. Cosan and many other companies in the industry have issued sustainability reports, calculating the carbon footprint, seeking to reduce and mitigate carbon emissions in each phase of our production. We have been selling ethanol to Sekab, Mitsubishi and Braskem – for the production of green plastic. We signed a memorandum with Amyris to produce diesel from sugarcane. We made direct investments in Fundação Estudar (“Study Foundation”) and encouraged the use of ethanol in test buses of the public transportation system in São Paulo. We have actively participated in the Environmental Protocol project and the requalification program for the workforce. In the 2009/10 harvest, 54% of the harvesting was done using machines. The main challenges we face in the industry are: adopting mechanisms that view ethanol not only from the economic perspective; reducing international technical and tariff barriers that apply for sugar and ethanol as a global commodity; and transforming and consolidating ethanol as a global commodity. We also must emphasize and disseminate the importance of agriculture; make considerable and continued investments in research to develop new technologies for using ethanol and sugarcane derivative products, seeking to broaden the use of current products and developing new products. We believe that in the near future there will be global recognition of ethanol. In 20 years from now, the consumer will distinguish between a fossil and a renewable fuel, will know how to identify the difference between companies that operate in a sustainable manner and those that do not. The consumers of 20 years into the future are being born now, and they won’t be us. They will be our children and grandchildren. Our challenge is to accelerate this process and together achieve our goals.



visão empresarial

Opiniões

o crescimento exige

disciplina Growth requires discipline

" A liderança do Brasil é inconteste. Há mais de trinta anos que se usa etanol no nosso país. As vantagens competitivas que nós temos em relação a outros países produtores e outras culturas são realmente expressivas. " Marcelo Mancini Stella Vice-presidente da ETH Bioenergia (Grupo Odebrecht) Vice-president of ETH Bioenergia (Odebrecht Group)

A primeira década do século XXI consolida a tendência de os principais países do mundo buscarem novas fontes de matéria-prima e uma diversificação da matriz energética, quer por uma demanda ecológica de sustentabilidade, quer pela iminência dos altos custos de petróleo. Isso se traduz numa grande oportunidade de aumento de demanda de etanol no mundo, como combustível ou como uma fonte alternativa de matéria-prima para os plásticos verdes e para o próprio ETBE. Quando observamos o cenário mundial do potencial de demanda de etanol, considerando as novas normas americanas de combustíveis renováveis, as normas de baixas emissões da Califórnia, as metas de adição de etanol à gasolina na Europa, os movimentos na China, no Japão, vislumbramos um potencial de aumento de até 40 bilhões de litros de etanol no mundo até 2015, sem considerar o Brasil. A liderança do Brasil é inconteste. Há mais de trinta anos que se usa etanol no nosso país. As vantagens competitivas que nós temos em relação a outros países produtores e outras culturas são realmente expressivas. No entanto, há muito mais competitividade por vir, como a mecanização de 100% de colheita e de plantio, as operações totalmente integradas, a otimização do uso de água, novas variedades de cana com muito mais produtividade, flexibilidade de matéria-prima com o etanol celulósico, a transgenia, que ainda nem começamos a explorar, as novas tecnologias de ruptura em fermentação. Todo esse conjunto de oportunidades, tanto através de tecnologias evolutivas como de tecnologias de ruptura, trará muito mais competitividade e produtividade ao etanol brasileiro.

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The first decade of the 21st. Century consolidated the trend of major countries of the world to seek new sources of raw materials and to diversify the energy matrix, whether due to an ecological demand for sustainability, or imminent high oil prices. This translated into a major opportunity to increase the demand for ethanol in the world, as fuel or as an alternative source of raw material for green plastics and even of ETBE. When observing the global scenario of the demand potential for ethanol, considering the new U.S. norms for renewable fuels, the norms on low emissions in California, the norms on adding ethanol to gasoline in Europe, the initiatives being undertaken in China and Japan, we project an increase potential of up to 40 billion liters of ethanol in the world by 2015, not considering Brazil. Brazil’s leading role is undisputed. Ethanol has been used in Brazil for more than 30 years, the competitive advantages we have in comparison with other producing countries and other cultures are in fact quite impressive. However, more competitiveness can be expected, through the mechanization of the entire harvesting and planting processes, totally integrated operations, the optimization of the use of water, new sugarcane varieties of much higher productivity, raw material flexibility due to cellulosic ethanol, transgenetics that we still have not explored, breakthrough technologies in fermentation, i.e., an entire set of opportunities, brought about by evolutionary technologies or breakthrough technologies, will result in much higher competitiveness and productivity for Brazilian ethanol.



visão empresarial Com relação à projeção de demanda de etanol no Brasil, temos em 2010 uma frota de 25,8 milhões de veículos com aproximadamente 50% de veículos flex. Devemos chegar a 2016 com mais de 50 milhões de veículos, dos quais 80% deverão ser flex. Em 2016, a demanda potencial de etanol combustível deverá ser de 60 bilhões de litros. No que se refere às oportunidades para o uso do etanol em outras aplicações, como plásticos verdes, o polietileno, PVC, PET e outros e também como matéria-prima para o ETBE, partimos de um consumo de menos de 500 mil m3, em 2010, para mais de 2 bilhões de litros, a partir de 2015 e 2016. Considerando apenas as projeções de demanda que o Brasil deverá ter até 2016, sem levar em conta o potencial internacional, podemos afirmar que será exigido um acréscimo de cerca de 5 milhões de hectares plantados, com investimentos de mais de US$ 50 bilhões. O Brasil vai atender a essa demanda com produtividade, mas, sobretudo, com sustentabilidade. O Brasil tem 851 milhões de hectares, dos quais 330 milhões são terras agricultáveis. Destas, temos, atualmente, 18% cultivadas, ou seja, 60 milhões de hectares. A cana ocupa 2,4%, ou seja, 8 milhões de hectares, enquanto as pastagens chegam a quase 50%, e as pastagens degradadas, a quase 10%. Temos 111 milhões de hectares de potencial de crescimento, sem contar os disponibilizados em pastagens. Portanto, o Brasil tem condições de atender a essa demanda sem diminuir a produção de alimentos, sem fazer desmatamento ou avançar em áreas ambientalmente sensíveis. Tudo isso nos leva a um cenário de macroestratégias com grandes oportunidades. Primeiro, existe uma crescente preocupação internacional com a segurança energética e com os índices de emissões de CO2. Segundo, o etanol faz parte da agenda estratégica brasileira, já é assunto de Estado e não mais de Governo. O forte crescimento da demanda interna acompanhada pela expansão internacional, o potencial crescimento do uso de eletricidade de biomassa, a profunda evolução do setor, a entrada de novos atores, a viabilização de importantes sistemas logísticos com dutovias, hidrovias, terminais, o aumento dos custos de produção do petróleo e, ao contrário, a redução de custo que se projeta para o etanol, com um potencial de inovação e de ruptura tecnológica muito grandes, abrem um potencial muito significativo no futuro. E foi a partir daí que a Odebrecht decidiu, em 2007, entrar no setor sucroenergético com a criação da ETH Bioenergia, que se iniciou com a aquisição de duas usinas existentes, em São Paulo e Mato Grosso do Sul. A ETH tem a sua estratégia competitiva pautada por quatro pilares. O primeiro é produção em polos que garantam escala e que permitam a exploração intensiva de tecnologia. O segundo é estabelecer 100% de mecanização no plantio e na colheita. O terceiro é a produção de energia a partir da biomassa que permita estabelecer uma equação financeira complementar muito importante para o negócio. E por final, um foco muito grande em integração comercial, buscando soluções logísticas competitivas. A ETH está organizada por polos. Um polo em São Paulo – com Alídia e UCP; um no Mato Grosso do Sul – com Eldorado e Santa Luzia; outro formado pela Morro Vermelho-GO (recém-inaugurada), Alto Taquari-MT (a ser inaugurada em 2010), Água Emendada-GO e Costa Rica-MS (a serem inauguradas em 2011) e o quarto pela Rio Claro-GO.

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Opiniões Concerning the projected ethanol demand in Brazil, in 2010 we have a fleet of 25.8 million vehicles, of which about 50% are “flex” (dual-fuel) vehicles. By 2016, we should be reaching more than 50 million vehicles, of which 80% are expected to be “flex”. In 2016, the potential demand for ethanol as fuel is expected to reach 60 billion liters. Concerning the opportunities to use ethanol in other applications, such as green plastics, polyethylene, PVC, PET and others, and also as raw material for ETBE, we start from a consumption of less than 500,000 m3, in 2010, and reach in excess of 2 billion liters beginning in 2015 and 2016. Taking into consideration only the demand projections for Brazil in 2016, without considering the international potential, we may state that additional 5 million hectares of plantations will be needed, with investments of more than US$ 50 billion. Brazil will meet this demand through productivity, but above all, through sustainability. Brazil has 851 million hectares, of which 330 million are suited for agriculture. Of these, we currently have plantations on 18%, i.e., 60 million hectares. Sugarcane accounts for 2.4%, i.e., 8 million hectares, whereas grazing lands make up almost 50% and degraded grazing lands almost 10%. We have a growth potential of 111 million hectares, not considering the area made available that currently comprises grazing lands. Thus, Brazil is capable of meeting this demand without diminishing the production of food, deforesting or occupying environmentally sensitive areas. All this leads us to a scenario of macro-strategies with many opportunities. First: there is increasing international concern about energy safety and CO2 emission rates. Second: ethanol is on the Brazilian strategic agenda; it is already a matter of State and no longer of Government. Strong domestic demand growth, along with international expansion, the potential growth in the use of electric power obtained from biomass, the deep-going transformation of the industry, the entry of new players, the feasibility of important logistics systems, involving pipelines, waterways, terminals, the increase in oil production costs, and, as a counterpart thereto, the expected cost reduction of ethanol, in combination with very high innovation and technological breakthrough, are very significant potential topics in the future. Based on that, Odebrecht, in 2007, decided to enter the sugar and ethanol based energy industry, to that end establishing ETH Bioenergia, which started out by acquiring two existing mills in the states of São Paulo and Mato Grosso do Sul. ETH’s competitive strategy is based on four pillars. The first is to produce in centers that warrant scale and allow intensive use of technology. The second is to completely mechanize the planting and harvesting processes. The third is the production of energy from biomass, allowing setting up a very important supplementary financial equation for the business. The final one is to focus intensively on commercial integration, seeking competitive logistics solutions. ETH is organized in centers. One of them in São Paulo – Alídia and UCP; one in Mato Grosso do Sul – Eldorado and Santa Luzia; another, comprising Morro Vermelho-GO (recently inaugurated), Alto Taquari-MT (inauguration in 2010), Água Emendada-GO and Costa Rica-MS (inauguration planned to 2011) and the fourth center comprising Rio


Opiniões Com essas nove usinas, a ETH chegará, em 2012, com mais de 3 bilhões de litros de etanol produzidos e mais de 2,7 GWh produzidos. E, na visão da ETH, a sustentabilidade tem que ser completa. Ela transcende a visão da sustentabilidade ambiental. Na nossa visão, a sustentabilidade tem seis vetores. Não em ordem de importância, o primeiro é disciplina financeira – uma empresa que vem num ritmo de crescimento tão acelerado tem que ter uma disciplina financeira muito grande. O segundo é saúde e segurança nas áreas industrial e agrícola – nós temos a ambição de ter os índices de SSMA (Saúde, Segurança e Meio Ambiente) nos níveis das indústrias química e petroquímica mundiais. O terceiro é um foco muito grande em sustentabilidade ambiental – a ETH tem programas de responsabilidade ambiental em todas as áreas em que opera. O quarto é a governança corporativa – a ETH já se prepara para uma oferta inicial de ações em um ou dois anos e, portanto, toda sua governança corporativa já se adapta a esse novo modelo que se avizinha. O quinto é a relação com os integrantes – as pessoas estão no centro da cultura da Odebrecht, gerando oportunidades de envolvimento pessoal e profissional. E o sexto, a responsabilidade social – em todas as áreas em que a ETH atua, ela tem um programa social com as comunidades, envolvendo as autoridades, os moradores e suas associações. Assim, com esses seis vetores, acreditamos que a ETH será uma empresa sustentável, produzindo e comercializando energia sustentável.

Claro-GO. With these nine mills, ETH will, in 2012, reach an output of more than 3 billion liters of ethanol and the generation of more than 2.7 GWh of electricity. In ETH’s view, sustainability must be complete, it transcends the vision of environmental sustainability. In out view, sustainability has six vectors. Regardless of ranking by importance, the first is financial discipline – a company on such an accelerated growth path must be highly disciplined financially. The second is health and safety in the industrial and agricultural areas – we aim at achieving health, safety and environment ratings customary of the world leaders in the chemical and petrochemical industries. The third is heavily focusing on environmental sustainability – ETH maintains environmental responsibility programs in all areas in which it has activities. The fourth is corporate governance – ETH is preparing for an IPO in one or two years and therefore its entire corporate governance structure is adapting to this model to be implemented. The fifth is the relation to its staff – people at the core of the Odebrecht culture, providing them the opportunity to get personally and professionally involved. The sixth is social responsibility – in all areas in which ETH has activities, the company operates social programs with the communities, involving authorities, residents and community associations. Thus, with these six vectors, we believe ETH will be a sustainable company that will produce and sell sustainable energy.

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visão empresarial

a estratégia,

Opiniões

na prática

Strategy, in practice

" A Shree Renuka é a segunda maior compradora de açúcar bruto em nível mundial. Desde 2009, compra 100% das suas necessidades no mercado brasileiro. "

Paulo Adalberto Zanetti Presidente da Vale do Ivaí (Grupo Shree Renuka Sugars) President of Vale do Ivaí (Shree Renuka Sugars Group)

A Shree Renuka Sugars tem uma corporação transnacional do agronegócio da bioenergia, com forte presença na Índia e, agora, também aqui no Brasil. É considerada o quinto maior produtor mundial de açúcar e uma das maiores refinarias do mundo. É uma empresa líder na fabricação de açúcar na Índia e tem o maior mercado mundial desse produto. Opera com sete usinas de açúcar, com uma capacidade total de processamento de 35 mil toneladas de cana-de-açúcar/dia, e duas grandes refinarias em portos com capacidade de 1,7 milhão de toneladas de açúcar por ano. Agora se estabelece no Brasil, através de uma significativa presença no Centro-Sul, com as aquisições da Vale do Ivaí e da Equipav, com uma capacidade de processamento de 14 milhões de toneladas de cana-de-açúcar/ano. A Shree Renuka Sugars abrange toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Tem grandes instalações que integram não só o processo de cana, a produção de álcool e açúcar, mas também a cogeração de energia. Atua em uma interface entre o mundo e o mercado indiano de açúcar. Na safra 2007-2008, exportou 885 mil toneladas de açúcar da Índia. Já na safra 2008-2009, importou 781 mil toneladas e, agora, na última safra, importou mais de 1 milhão de toneladas de açúcar aqui do Brasil. O seu capital estava avaliado, em julho de 2010, em torno de US$ 913 milhões e, hoje, já está próximo a US$ 1 bilhão. Ela tem, no seu quadro social, os sócios-fundadores representados pela família do empresário Narendra Murkumbi, com 38% das ações do Grupo. Tem investidores institucionais estrangeiros que detêm mais 22%, instituições financeiras, bancos, fundos com 13%, público, em geral, 23% e, através dos seus funcionários e fundação de funcionários, mais 4%. Os ativos da Renuka Sugars na Índia agrupam a capacidade instalada diária para a moagem de 35.000 toneladas de cana-de-açúcar e a produção diária de 930 mil litros de etanol, seis mil toneladas de açúcar refinado e uma

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Shree Renuka Sugars owns a transnational corporation with activities in the bioenergy agribusiness, has a strong presence in India and now also here in Brazil. The company is considered the world’s fifth largest sugar producer and operates one of the biggest refineries worldwide. It is a leading sugar producer in India and has the largest sugar market in the world. It operates seven sugar mills, with a total capacity to process 35,000 tons of sugarcane/day and two refineries installed in ports, which have a capacity of 1.7 million tons of sugar per year. The company is currently starting operations in Brazil, with a major presence in Center-South Brazil, due to the acquisitions of the Vale do Ivaí and Equipav companies, which have a processing capacity of 14 million tons of sugarcane/year. Shree Renuka Sugars has activities throughout the entire sugarcane production chain. The company has sizable installations comprising not only the sugarcane processing and the production of sugar and ethanol, but also the cogeneration of energy. Its activities are an interface between the world and the sugar market of India. In the 2007-2008 harvest, it exported 885,000 tons of sugar from India, whereas in the 2008-2009 harvest it imported 781,000 tons of sugar, and currently, in the most recent harvest, it imported more than one million tons of sugar from Brazil. In July 2010, the company had a capital of about US$ 913 million, quite close to US$ 1 billion. Among its controlling owners are the founding partners, represented by the family of businessman Narendra Murkumbi, which owns 38% of the Group’s shares. International institutional investors own 22%, financial institutions, banks and investment funds represent 13%, the public in general 23%, and the company’s employees or employee foundations own 4%. Renuka Sugars’ assets in India represent a total daily crushing capacity of 35,000 tons of sugarcane and a production of 930,000 liters/day of ethanol, 6,000 tons of refined sugar and the cogeneration of 203 megawatts


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visão empresarial cogeração de energia de 203 megawatts, dos quais 111 estão disponíveis como excedentes para comercialização. Para 2011, a capacidade de moagem manterá os níveis atuais de 7,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar/ano. Com a inauguração de mais uma refinaria, com a capacidade de nove mil toneladas de açúcar por dia, a Renuka Sugars fará crescer a produção diária de etanol para 1,2 milhão de litros, de açúcar refinado para nove mil toneladas e de energia para 233 MW, com 135 MW excedentes. No que se refere a exportações das refinarias instaladas na Índia, a região de Kandla tem a produção destinada para o Oriente Médio. A região de Haldia faz o refino do açúcar para os mercados do Sudoeste da Ásia e a região da Costa Oeste da Índia processa o açúcar destinada aos países do Leste da África. Com relação à política indiana para o etanol combustível, a atual mistura à gasolina é definida em 5%, mas, como a oferta ainda não atinge esse volume, ainda não é atendida. Já existe uma autorização técnica para que a mistura seja de até 10% para todos os veículos existentes. A quantidade de etanol necessária para uma mistura de 5% será de aproximadamente 850 milhões de litros por ano. A Renuka trabalha atualmente para uma mudança da lei para 10%, aumentando, assim, sobremaneira, o tamanho desse mercado. Na política de longo prazo, as gestões junto ao governo indiano negociam, para 2017, uma mistura da ordem de 20% de etanol. Como referência, o preço do etanol deverá ser fixado pelo governo indiano em torno de 27 rúpias por litro, o que equivale a aproximadamente R$ 1,00. A política indiana para o açúcar tem duas metas muito claras. A primeira é garantir um preço razoável para os consumidores de açúcar; a segundo é manter uma proteção de um alto preço para a cana-de-açúcar, já que a maioria dos agricultores é representada por pequenos produtores. Para se ter uma ideia da representação social dessa decisão, a moagem de 7,1 milhões de toneladas de cana envolve 60 mil fornecedores, sendo proibido, inclusive, a produção de cana por parte da própria usina. O mercado de álcool na Índia tem o seguinte cenário e projeção: na safra 2009/10, a produção do chamado álcool potável, destinado à produção de bebidas, foi de 1,1 bilhão de litros. Para a safra 2010/11, estima-se um crescimento para 1,2 bilhão de litros. Para a aplicação na indústria química, estima-se a manutenção do mesmo consumo verificado em 2009/10, ou seja, 400 milhões de litros. Para o álcool combustível, estima-se um crescimento de 300 milhões para 1,04 bilhão de litros. A Shree Renuka é a segunda maior compradora de açúcar bruto em nível mundial. Desde 2009, compra 100% das suas necessidades no mercado brasileiro. A Renuka adquiriu no Brasil o controle acionário integral da Vale do Ivaí e 50,4% das ações do Grupo Equipav-Biopav, envolvendo, ao todo, o investimento de R$ 600 milhões, considerando as plantas industriais e as lavouras de cana. A capacidade de moagem conjunta dessas unidades é de 13,6 milhões de toneladas de cana e a projeção para atingir, na próxima safra, 15,5 milhões de toneladas. Hoje estamos produzindo 1,062 milhão de m3 de etanol e, na próxima safra, planejamos produzir 1,382 milhão de m3. Com relação ao açúcar, produzimos 863 mil toneladas nesta safra e, na seguinte, planejamos atingir 1,150 milhão de toneladas. No que se refere à cogeração, produzimos, na safra atual, 221 MW, com um excedente de 139 MW e, na próxima, projetamos a cogeração de 313 MW, dos quais 215 MW como excedentes para comercialização.

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of power, of which 111 are surplus available for sale. In 2011, the crushing capacity will remain at the current level of 7.1 million tons of sugarcane/year. With the inauguration of yet another refinery, with the capacity of 9,000 tons of sugar/day, Renuka Sugars will increase its daily ethanol production to 1.2 million liters, its refined sugar production to 9,000 tons, and the generation of energy to 233 MW, with a surplus of 135 MW. As related to exports of the refineries installed in India, the region of Kandla’s production is destined to the Middle East, the region of Haldia refines the sugar for the markets of Southeast Asia and the West Coast of India processes the sugar destined to countries of East Africa. As related to the policy of India for ethanol as fuel, the current mixture with gasoline is set at 5%, however, since the supply still does not reach this volume, this figure still is not met. There is already a technicallybased authorization to mix up to 10% for all existing vehicles. The volume of ethanol needed for a 5% mixture is approximately 850 million liters per year. Renuka is now engaged in changing the law to 10%, thereby considerably increasing the size of the market. The long-term policy involves negotiating a mixture in the magnitude of 20% of ethanol in 2017, with the government of India. As a reference, the price of ethanol must be set by the government at about 27 rupees per liter, which amounts to approximately R$ 1.00. The policy of India for sugar has two clear objectives. First, to warrant a reasonable price for sugar consumers. Second, to protect the high sugarcane price, since most farmers are small producers. To have an idea of the social significance of this decision, the crushing of 7.1 million tons of sugarcane involves 60,000 suppliers, and it is even prohibited that the mills themselves produce sugarcane. The scenario and outlook of the market for ethanol in India is as follows: In the 2009/10 harvest, the so-called drinkable alcohol, used to make beverages, totaled 1.1 billion liters. For the 2010/11 harvest, estimates run at 1.2 billion liters. For use in the chemical industry, one estimates maintaining the same consumption level as in 2009/10, i.e., 400 million liters. For ethanol as fuel, one estimates an increase from 300 million to 1.04 billion liters. Shree Renuka is the world’s second largest buyer of unrefined sugar. Since 2009, it has bought all the sugar it needs here in our country. In Brazil, Renuka acquired the controlling interest in the company Vale do Ivaí, in the State of Paraná (PR), and 50.4% of the shares of the Equipav-Biopav Group, amounting to a total investment of R$ 600 million when taking into consideration the mills and the sugarcane plantations. The joint crushing capacity of these units is 13.6 million tons of cane, and is projected to reach 15.5 million tons in the next harvest. We are currently producing 1.062 million m3 of ethanol and in the next harvest we plan on producing 1.382 million m3. As for sugar, in this harvest season we produced 863,000 tons and aim at 1.150 million tons in the next. As related to cogeneration, in the current harvest season we generated 221 MW, with a surplus of 139 MW, and for the next this figure stands at 313 MW, of which 215 MW will be surplus for sale.


Opiniões Com respeito à sinergia entre os investimentos realizados no Brasil e na Ásia, registramos que a Índia, o sul da Ásia e o Oriente Médio emergem como os maiores mercados importadores de açúcar do mundo, com crescentes desafios quanto à disponibilidade de terra e água. A eficiente tecnologia desenvolvida, os custos operacionais, a condição de produção em larga escala e as condições edafoclimáticas foram os fatores que conquistaram a Renuka a investir no Brasil. Como referência, a Vale do Ivaí, localizada na cidade de São Pedro do Ivaí-PR, dispõe de duas usinas, distantes 57 km uma da outra. As unidades têm, atualmente, uma capacidade de processamento de 3,1 milhões de toneladas de cana; têm uma distância média entre as plantas industriais e as fazendas de 17 quilômetros; estão localizadas próximas aos armazéns das distribuidoras de etanol, dos armazéns da CPA Trading e do porto de Paranaguá. A Vale do Ivaí detém a participação de quatro empresas de logística, envolvendo o desenvolvimento de transporte por dutos, interligando a cidade de Maringá e o porto de Paranaguá, a armazenagem e embarque marítimo a granel e de líquidos em terminais portuários próprios. Com relação à Equipav-Biopav, a proximidade entre as duas usinas leva à criação de um forte cluster envolvendo um raio de 75 quilômetros, resultando em maiores taxas de utilização de equipamentos agrícolas e industriais e a redução de custos de logística. O fornecimento de cana vem do cultivo de cerca de 115 mil hectares de terra, dos quais 85 mil hectares são cultivados pela companhia, com um alto nível de mecanização para plantio e colheita. Destacam-se: a colheita com 82% da mecanização e o plantio com 86%. Tem uma grande flexibilidade na escolha do escoamento do açúcar e do etanol produzido, via Porto de Santos ou Paranaguá e uma forte sinergia, agora, com as empresas de logística do Paraná.

As related to synergy between investments made in Brazil and Asia, we should point out that India, Southern Asia and the Middle East stand out as the largest import markets for sugar in the world, facing increasing challenges in terms of availability of land and water. The efficient technology developed, the operational costs, the large production scale and the edaphoclimatic conditions were the factors that made Renuka invest in Brazil. As a reference, the company Vale do Ivaí is located in the town of São Pedro do Ivaí-PR, and comprises two mills that are 57km apart one from the other. Currently, these units have a capacity to process 3.1 million tons of sugarcane; the average distance between the mills and the plantations is 17km; they are located close to warehouses of the company CPA Trading and the port of Paranaguá. Vale do Ivaí participates in four logistics companies, engaged in developing transportation through pipelines that interconnect the city of Maringá and the port of Paranaguá, and in the storage and shipping of bulk and liquid cargoes in self-owned port terminals. As related to Equipav-Biopav, the proximity of the two mills results in a strong cluster covering a range of 75km, which leads to a very high utilization rate of agricultural and industrial machinery and the reduction of logistics costs. Sugarcane is supplied from plantations covering about 115,000 hectares of land, of which 85,000 hectares are company-run plantations, with a high rate of planting and harvesting mechanization. Let me emphasize this: an 82% mechanization in harvesting and 86% in planting. There is much flexibility in selecting the means to transport the produced sugar and ethanol, either through the ports of Santos or Paranaguá, and strong synergy of the logistics companies and the State of Paraná.

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visão internacional

o etanol na

Opiniões

China Ethanol in China

O governo chinês sempre deu grande importância ao trabalho de pesquisa e inovação das energias renováveis, como parte importante na aplicação de conceitos do desenvolvimento científico, sustentável e rápido da economia chinesa. A velocidade do crescimento dessa nova e renovável energia na China é uma das maiores do mundo. É nossa política básica desenvolver ordenadamente a hidroeletricidade, promover positivamente a energia nuclear, incentivar e apoiar o desenvolvimento da biomassa, energia solar, energia geotérmica e energia eólica nos campos.

The government of China had always given great importance to research and innovation initiatives related to renewable energy, as an important contribution to the application of the concept of scientific, sustainable and quick development of the economy. The speed at which this new and renewable energy increases in China is among the fastest in the world. Our basic policy is to develop hydroelectric power in an orderly manner, positively foster nuclear energy, and support and encourage the development of biomass, solar energy, geothermal energy, and wind energy in the fields.

" a China tem todo o interesse de aprender com o Brasil a desenvolver a energia renovável em conformidade com a nossa situação "

Sun Rongmao Cônsul-geral da República Popular da China em São Paulo Consul-General of the People’s Republic of China in São Paulo

Em janeiro de 2006, a China decretou a “Lei das Energias Renováveis”, que forneceu a garantia política ao desenvolvimento das energias renováveis. Em 2007, investimos US$ 12 bilhões na área das energias renováveis, o segundo maior investimento nessa área no mundo. Para enfrentar a crise financeira e econômica, o governo chinês implantou um pacote de estímulos econômicos, com valor de US$ 600 bilhões e, nesse plano, a energia renovável foi prioridade. Em 2009, a proporção das energias renováveis na estrutura do consumo da energia primária subiu de 8,4% para 9,9%. Está previsto que, até 2020, o volume total da utilização das energias renováveis equivalha a 600 milhões de toneladas de carvão padrão, igual a 20% do consumo atual da China. O desenvolvimento das energias renováveis da China tem grande potencialidade. Segundo as estatísticas, nosso país possui 100 milhões de hectares de terras e áreas degradadas, terras não cultivadas e pântanos, onde se podem cultivar plantas e produzir biodiesel. A agricultura chinesa produz mais de 700 milhões de toneladas de palhas anualmente, que podem ser aproveitadas e remodeladas para a energia biológica. Hoje em dia, nas províncias de Hebei, Shandong e Jiangsu, projetos-modelo de produção de eletricidade a partir da palha estão sendo implantados. Em 2007, a China autorizou 87

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In January 2006, China sanctioned the “Renewable Energy Law”, which provided the political guarantee for the development of renewable energy. In 2007, we invested US$ 12 billion in the field of renewable energy, the second highest investment in this area in the world. To face the financial and economic crisis, the Chinese government established an economic growth incentive plan, budgeted at US$ 600 billion, in which renewable energy is a priority objective. In 2009, the share of renewable energy in the primary energy consumption matrix increased from 8.4% to 9.9%. The forecast for 2020 is that total renewable energy consumption will be equivalent to 600 million tons of standard coal, equal to 20% of China’s current consumption. There is great potential for the development of renewable energy in China. According to the statistics, our country has 100 million hectares of degraded, waste and swamp lands, where cultures could be planted and biodiesel produced. Chinese agriculture produces more than 700 million tons of straw per year, whose use could be redirected to produce bioenergy. Nowadays, in the provinces of Hebei, Shandong and Jiangsu, model projects for the generation of electric power from straw are being implemented. In 2007, China approved 87 projects of this kind, totaling an installed capacity of 2.2 million kW, of which


Cana-de-açúcar: exemplo de inovação e comunicação.

A cadeia produtiva da cana-de-açúcar está no centro do principal projeto de comunicação institucional do agronegócio brasileiro. As iniciativas do Projeto AGORA geram conhecimento, impactos sociais positivos e esclarecimentos fundamentais para a sociedade, ampliando a conscientização da opinião pública sobre a importância das agroenergias renováveis. Participe.

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Mais de 220 trabalhos acadêmicos, fotos e matérias jornalísticas inscritas.

Foco no desenvolvimento de uma matriz energética limpa e renovável.

Quem faz o AGORA acontecer:


visão internacional projetos dessa categoria. O volume total da capacidade é de 2,2 milhões de kW. São 15 projetos já construídos e 30 ainda em construção. Até o final de 2008, a capacidade total da eletricidade de biomassa foi de 3,15 milhões de kW. A partir de 2008, o governo chinês pôs o desenvolvimento do biogás no plano do desenvolvimento nacional. A China está pesquisando a tecnologia de transformação de palha, lenha, excrementos animais, resíduos orgânicos e lixo em energias renováveis. Claro que, para garantir o fornecimento de alimento ao povo, não é possível utilizar grande quantidade de milho e semente de colza para refino de combustível, nem utilizar grande área de terras aráveis para cultivar produtos agrícolas como cana-de-açúcar. A fim de elevar o nível da pesquisa e produção das energias renováveis, penso que precisamos dar atenção aos fatores seguintes: 1. Reforçar o conhecimento da importância do uso das energias renováveis. Devido ao desenvolvimento da indústria e o aumento da emissão de CO2 (dióxido de carbono), nosso planeta está sofrendo mudanças climáticas e grandes calamidades naturais. Por isso, utilizar a energia limpa, diminuir a emissão de CO2 e proteger a atmosfera são trabalhos mais urgentes. Todo o mundo deve pressionar seus governos a planejar a utilização de energia limpa no futuro, reforçar o apoio financeiro e acelerar a utilização das energias renováveis em escala maior e áreas mais amplas. 2. Reforçar a pesquisa e investigação científica, estimulando o trabalho da pesquisa da utilização das energias renováveis em áreas mais amplas. Precisamos, portanto, ver a longo prazo e acelerar a estratégia da formação desses itens. Cada país deve desenvolver as energias renováveis a partir de materiais diferentes, em conformidade com as características do próprio país, levando, assim, a pesquisa e inovação tecnológica das energias renováveis para a faixa expressa. 3. Fortalecer a colaboração internacional. Os países desenvolvidos já começaram a produção da eletricidade de biomassa no início da década de 90, dominando essa alta tecnologia. Para o interesse comum de toda a humanidade, os países desenvolvidos têm o dever de ajudar os países em desenvolvimento nas áreas de tecnologia e capital, realizando o desenvolvimento conjunto e defendendo o meio ambiente. Por outro lado, os países em desenvolvimento devem planejar e participar positivamente, assumindo a sua responsabilidade internacional. Meus amigos, o Brasil começou a pesquisar e utilizar o combustível de álcool no início da década de 70, baseado na sua vantagem natural, hoje tem dominada essa tecnologia, que deu grande contribuição para mitigar a emissão de poluentes e proteger o meio ambiente. A China tem todo o interesse de aprender com o Brasil a desenvolver a energia renovável em conformidade com a nossa situação. Creio que, através deste Fórum Internacional, podemos chegar a um consenso extenso, prestar mais atenção ao desenvolvimento e utilização das energias novas e renováveis, com uma colaboração cada vez mais estreita, podendo contribuir ainda mais para o bem-estar de todo o planeta.

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Opiniões 15 projects have already been built and 30 are still under construction. At the end of 2008, the total capacity of electric power from biomass was 3.15 million kW. Beginning in 2008, the Chinese government included the development of biogas in the national development plan, the country is conducting research on technology for transforming straw, firewood, animal dung, organic residues and trash to renewable energy. Obviously, in order to guarantee the people’s food supplies, China cannot use great amounts of corn and colza seeds to refine to fuel, or use large tracts of tillable land to grow agricultural produce such as sugarcane. In order to upgrade research and production of renewable energy, I believe we must focus on the following factors: 1. Reinforce the understanding of the importance of using renewable energy. Due to the development of industry and the increase of CO2 (carbon dioxide) emissions, our planet is undergoing climate change and suffering from natural disasters. Therefore, using clean energy, diminishing CO2 emissions, and protecting the atmosphere, are the most urgently required initiatives. We all should pressure our governments to plan on using clean energy in the future, increase financial support, and accelerate the use of renewable energy to the highest degree, while using as much land as possible. 2. Reinforce research and scientific investigation, fostering research initiatives for renewable energy in all possible areas. Thus, what we need is a long-term view, to accelerate the strategy to bring this about. Each country should develop renewable energy from different materials, in accordance with its inherent characteristics, thereby shifting technological research and innovation to the express lane. 3. Strengthen international cooperation. Developed countries already began producing electric power from biomass in the early 90’s, which is high technology they master. In the common interest of all humanity, the developed countries have the obligation of helping developing countries in the fields of technology and funding, bringing about joint development and providing protection for our common life space. On the other hand, the developing countries must plan and participate positively, taking on their international responsibility. My friends, Brazil began researching and using ethanol as fuel in the early 70’s, based on the country’s natural advantage, and nowadays dominates this technology. It also made a major contribution to mitigating emissions and protecting the environment. China is very much interested in researching renewable energy development together with Brazil, under circumstances compatible with its situation. I believe that through this International Forum we may reach broad consensus, focus more on the development and use of the new and renewable energies, in an increasingly closer cooperation, contributing even more to the planet’s well-being.



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o etanol na

Opiniões

Índia Ethanol in India

Desejo fazer, inicialmente, uma comparação entre o desenvolvimento da produção do açúcar e do álcool na Índia e no Brasil, para depois comentar, sob a nossa visão, as ações que podemos vir a tomar. Os números da atividade mundial demonstram que o Brasil controla 20% das atividades com açúcar e 35% com etanol, enquanto a Índia controla 10% com açúcar e 4% com etanol. Isso ocorre devido à escassez de terras. Como a China, a Índia também sofre com a falta de terras e com a explosão populacional, de modo que todas as terras cultiváveis já estão sendo utilizadas. Esse é, então, um dos problemas que enfrentamos quando comparamos esses valores. Vejam que começamos a fazer o que o Japão já fez. Implantamos o E5 – adição de 5% de etanol à gasolina. O governo já decidiu que, até o fim do ano ou o começo do ano que vem, será implantado esse programa. Até 2020, aumentaremos gradativamente para 10, 15 e depois 20%. Essa é uma questão de política. O Brasil começou à frente. Nós ficamos para trás. Começamos a pensar sobre a introdução do etanol em 2000, mas tínhamos diferentes pensamentos entre os estados da união e havia discordância sobre impostos e sobre como usar o etanol. Assim, somente pudemos tomar a decisão este ano. O governo estabeleceu o preço mínimo do litro de etanol em 27 rúpias, o equivalente, aproximadamente, a R$ 1,00. No que se refere à disponibilidade de terras na Índia, observa-se que todos os 169 milhões de acres disponíveis estão sendo utilizados. Não há nenhuma disponibilidade adicional para uso exclusivo para etanol, de modo que, se alguma reserva for feita, será à custa de alguma atividade agrícola que deverá ser suprimida. Essa decisão seria muito complicada, pois representa uma opção entre o necessário e o supérfluo. Não podemos contar com etanol produzido a partir de milho. O único modo é produzi-lo a partir de cana-de-açúcar. Mas quase não conseguimos produzir da cana o açúcar em quantidade suficiente para atender à nossa população de 1,14 bilhão de pessoas. O debate, portanto, persiste e continuamos confrontados com a questão do que fazer para implantar a nossa política de etanol, como iniciar a sua produção e como obter terra. Não é uma tarefa fácil. A cultivo da cana-de-açúcar é restrito a onde há água em abundância e pequeno risco de variação do fator pluviométrico. A disponibilidade

" o Brasil deveria vender fábricas e equipamentos com o respectivo financiamento. É uma boa ideia, contanto que se compartilhe também a tecnologia, para que não se formem parcerias coloniais. " J.K.Tripathi

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Cônsul-geral da Índia em São Paulo Consul-General of India in São Paulo

I will start with a comparison between India and Brazil. In the process, I will explain where India lags and where Brazil is ahead in terms of development and then comment on what in our view can be done. Looking at the figures on world activities, one sees that Brazil controls 20% of the activities with sugar and 35% with ethanol, whereas India controls 10% with sugar and 4% with ethanol. This is so because of the shortage of land. As in China, in India too we suffer from the shortage of land and the explosion of the population, so all the land that could be cultivated is being used. So, this is one of the problems we face when contrasting these figures. You see, what we have started, is to do what Japan has already done. We introduced the E5, which is 5% of ethanol. We started now and our government has decided that by the end of this year or the beginning of next year, this program will be compulsory. By 2020, we will gradually go to 10, 15 and then 20%. That is a policy issue. Brazil has a start and we were very late. We started thinking about introducing ethanol in 2000, but as we also have different states in the union, and there was disagreement about taxes and the use of ethanol, we only made the final decision this year. The government set the minimum price of a liter of ethanol at 27 rupees, the equivalent to about R$ 1.00. When one looks at land availability in India, all the 169 million acres of available land are being used. There is no additional scope of land specifically to be earmarked for ethanol. If it has to be set aside for ethanol, then some agricultural activity has to be eliminated to make room for ethanol. This is very difficult in our country, because it would be choosing between a necessity and a luxury. We cannot have ethanol made from corn. The only way to have ethanol is making it from sugarcane, but from sugarcane we produce barely enough sugar for our more than 1.14 billion people. So, the debate has been ongoing, while we still are faced with the question of what to do to implement our ethanol policy, how to start producing ethanol, and how to acquire land, all of which is a difficult proposition. Sugarcane is planted in areas where water is abundant and there is little risk of variation in the rainfall factor.



visão internacional de água está mais difícil em razão do aquecimento global e da inconstância na ocorrência das monções. Estamos empenhados em controlar a energia hídrica. Estamos construindo mais represas para que possamos usar a água em tempos de necessidade, mas isso levará algum tempo. Com relação ao custo de produção do açúcar, embora tenha maior intensidade de mão de obra, a Índia tem quase uma vez e meia os custos do Brasil. Não obstante, dado o custo mais alto da energia, há relativa escassez dessa energia, de modo que o custo da produção acaba sendo mais alto. Comparando as áreas dedicadas para o cultivo da cana-de-açúcar entre Brasil e Índia, em 1992, elas eram quase equivalentes. Sem contar os investimentos desses anos recentes, o Brasil saiu de 4,2 milhões de hectares para 6,2, enquanto a Índia, nesse mesmo período, saiu de 3,8 milhões de hectares para 4,2. Isso aconteceu, simplesmente, porque não temos terras disponíveis. A produtividade de plantações também variou em favor do Brasil. Em 1992, ela, na Índia, era levemente superior à do Brasil. A Índia saiu de 66 para, 14 anos depois, atingir 67 toneladas por hectare, enquanto o Brasil saltou de 65 para 74 toneladas por hectare. Com relação ao desenvolvimento do índice de dias de moagem anuais, nos últimos 5 anos, enquanto o Brasil deu um grande salto, de 125 para 181 dias, a Índia ficou praticamente estática, indo de 139 para 140 dias. A infraestrutura disponível afeta seriamente esse índice. Atualmente, estamos produzindo etanol a partir do melaço em algumas usinas, porém o governo está iniciando um programa para o processamento com a mesma base, em grande escala. Até agora, temos produzido bebidas alcoólicas, como o uísque, por exemplo. Porém, os planos do governo preveem, gradativamente, aumentar o foco do melaço para a produção de etanol. No que diz respeito à produção anual de cana, em 1992 o Brasil e a Índia estavam próximos. Entretanto, o Brasil saiu de 272 milhões de toneladas para 455 em 2006 e já tem, hoje, números muito mais expressivos que esse. A Índia, em 14 anos, saiu de 254 para 281 milhões de toneladas. Aqui, de novo, vemos a produção como função da disponibilidade de área e sua expressão como produtividade. Novos métodos poderão aumentar a produção de etanol na Índia. Processos químicos ao invés dos processos nas usinas já foram testados no Brasil, mas na Índia isso ainda está por acontecer, precisa ser conceituado. A produção de etanol na Índia era obtida principalmente a partir de melaço, mas, à medida que os indianos consumirem menos açúcar, poderemos produzir mais etanol. Gostaria de comentar algo ligado à escassez de terra: a Índia está experimentando diferentes alternativas para produzir combustível – como jatropha em terras áridas; energia eólica – somos muito bons em energia eólica e até atuamos no Brasil nessa área; energia solar - pois a Índia tem muito sol. Estamos tentando alternativas também com biomassa e detritos humanos e de animais e operando usinas de geração de energia usando lixo caseiro. Estamos, inclusive, usando gás natural comprimido, em veículos do transporte público, e hidrogênio. Um comentário final: o Sr. Tarcisio Mascarim, em sua palestra, disse que o Brasil deveria vender fábricas e equipamentos com o respectivo financiamento. É uma boa ideia, contanto que se compartilhe também a tecnologia, para que não se formem parcerias coloniais. Penso que os países do BRIC e outros países em desenvolvimento devem compartilhar tecnologias e experiências, uma vez que enfrentamos os mesmos problemas.

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Opiniões Water supply has become more difficult with global warming and erratic monsoons. We are trying to harness water energy. We are trying to build more dams so that we can use the water in times of need, but this will take a while. In terms of the cost of producing sugar, in Brazil it was minimal, while in India it was almost one and a half times that of Brazil, albeit India is more labor intensive. Nevertheless, because the cost of energy is high, there is relative shortage of energy, so the cost of production is higher. Comparing the areas planted with sugarcane in the two countries, in 1992, they were roughly equivalent. But, after a few years, Brazil had gone from 4.2 to 6.2 million hectares, while India went from 3.8 to only 4.2 million hectares. This occurred simply because we lack available land. Plantation productivity also varied, more favorably for Brazil. In 1992, plantation productivity was slightly higher in India, where it went from 66 tons per hectare to 67 tons 14 years later, while Brazil’s went from 65 to 74 tons per hectare. In terms of the crushing days index evolution, in the last 5 years, in Brazil it increased considerably, from 125 to 181 days, while in India it remained almost static, having gone from 139 to 140. The available infrastructure severely affects this index. Right now we are producing ethanol from molasses at some plants. However, the government is introducing the processing of ethanol from molasses on a large scale. Until now, from molasses, we produce liquor – whisky, for example. But the government is gradually focusing more on the production of ethanol from molasses. In 1992, Brazil and India had comparable annual sugarcane productions. However, Brazil went from 272 million tons to 455 million in 2006, and its current figures are even more expressive, whereas in India the comparable figures were 254 and 281 million tons. Here again, one can see that production is a function of the availability of land, expressed in terms of productivity. New methods may increase ethanol production in India. Chemical processes instead of milling processes have been tested in Brazil, but in India this is yet to be realized, yet to be conceptualized. Indian ethanol production was mostly from molasses, but now as Indians start consuming less sugar, we can produce more ethanol. One comment I would like to make relates to the shortage of land: India is trying different alternatives to produce fuel - like jatropha on arid lands, and wind energy – we are very good at wind energy and we are actually also active in Brazil in this field. Also in solar energy, because India has abundant sunshine. We are also trying with biomass, human and animal waste and household garbage – we have started running power plants on household waste and started using compressed natural gas in public transportation vehicles and pure hydrogen gas. A final comment: In his speech, Mr. Tarcisio Mascarim said that Brazil should sell mills and equipment, along with the respective funding. A very good idea, provided you also share the technology, so as to not become a colonial partner. I think the BRIC countries and other developing countries must share technologies and experiences, since we face the same problems.



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o etanol na

Opiniões

Europa Ethanol in Europe

" Mas o etanol somente se consagrou como combustível alternativo após seu desenvolvimento no Brasil. Os países da Europa não se empenharam de forma igualmente consistente em seu desenvolvimento. " Lutz Guderjahn Presidente da eBio (Associação Europeia do Bioetanol Combustível) President of the eBio - European Bioethanol Fuel Association

A combinação do aquecimento global, da diminuição de reservas de energia fóssil e o crescimento populacional é um desafio histórico, tanto para o setor público quanto para o privado. De acordo com estimativas da ONU, a população mundial aumentará anualmente em mais de 75 milhões nos próximos anos. A oferta de alimentos e energia terá de dar conta dessa demanda. Além disso, o aquecimento econômico em países emergentes como a China também resultará em maior demanda de energia e matérias-primas agrícolas. À medida que a economia crescer, mais energia será necessária, e com o aumento do padrão de vida, as pessoas consumirão mais produtos de origem animal, aumentando indiretamente o consumo de grãos ou sementes oleaginosas. Entretanto, essa maior atividade econômica também aumentará a emissão de gases de efeito estufa. Atender à maior demanda está cada vez mais difícil. As reservas de energia fóssil são limitadas e começarão a estar abaixo do nível da demanda já em 2012. Novas fontes são difíceis de desenvolver, o que aumenta os custos de produção de petróleo e os riscos ao meio ambiente, além das emissões. No futuro, teremos de focar mais em gestão sustentável para garantir o acesso das novas gerações a recursos essenciais. A proteção do clima, o uso responsável de recursos e o espaço limitado terão maior prioridade. Os biocombustíveis poderão ter uma contribuição significativa. O fato de que o etanol terá um futuro brilhante foi há muito reconhecido pela indústria automobilística, mas o etanol somente se consagrou como combustível alternativo após seu desenvolvimento no Brasil. Os países da Europa não se empenharam de forma igualmente consistente em seu desenvolvimento. Somente a partir de 2003, quando a UE sancionou a legislação de biocombustíveis, o desenvolvimento dinâmico da capacidade de produção ocorreu. No Brasil e nos Estados Unidos, o apoio ao mercado de etanol se baseia em políticas governamentais relativas à energia e ao comércio, enquanto na Europa isso ocorre em função principalmente da política ambiental. Disso resulta que os

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The combination of global warming, dwindling fossil energy reserves, and population growth represents a historic challenge to the public and private sectors alike. According to UN estimates, the global population will increase by more than 75 million people each year over the next few years. Food and energy supplies will have to meet the resulting demand. In addition, the economic upturn in developing countries such as China also brings with it higher demand for energy and agricultural raw materials. As the economy grows, more energy is needed, and as populations’ standards of living rise, people will consume more animal products, thereby indirectly increasing consumption of grain and oilseeds. However, this increasing economic activity will also increase greenhouse gas emissions. It is becoming more difficult to meet increased demand. Fossil energy reserves are limited and will begin falling short of demand as early as 2012. New sources are more difficult to develop, driving up the costs of oil production and exacerbating environmental risks, increasing emissions. In the future, we will need to focus more on sustainable management, to assure future generations’ access to essential resources. Climate protection, responsible use of resources and limited space will be higher priorities. Biofuels like ethanol can make a valuable contribution. The fact that ethanol has a bright future was acknowledged early on by the automotive industry, but ethanol did not become firmly established as an alternative fuel until its development took hold in Brazil. European countries did not make the same consistent efforts to develop ethanol. It was not until 2003, when the EU passed its biofuels directive, that a dynamic development began to take shape in the buildup of production capacity. In Brazil and the USA support for the ethanol market is based on governmental considerations regarding energy and trade policy, while in Europe this is chiefly motivated by climate policy. As a result, biofuels



visão internacional biocombustíveis somente representam uma alternativa viável aos combustíveis fósseis se forem produzidos de modo sustentável, se reduzirem as emissões de efeito estufa e não afetarem a oferta de alimentos. Os biocombustíveis também precisam ser competitivos em termos de custos. Em 2009, o etanol representava apenas 2,3% do mercado de gasolina na Europa. Entretanto, com a legislação de energia renovável que entrou em vigor em junho de 2009, a UE seguiu o rumo do desenvolvimento dinâmico do mercado de etanol, com a meta de 10% de energia renovável no setor de transporte até 2020. Os critérios de sustentabilidade devem garantir que os biocombustíveis usados e a respectiva biomassa sejam produzidos de modo sustentável, segundo padrões específicos. O setor de etanol na Europa tem apoiado a introdução desses critérios de sustentabilidade. Os biocombustíveis deverão gerar 35% menos gases de efeito estufa no futuro e, a partir de 2017, 50%. Vemos isso como oportunidade de competir no palco internacional. A legislação exige a rotação de culturas, restringe o uso de produtos químicos e ainda garante que áreas consideradas de alto valor ecológico não poderão ser utilizadas para o cultivo de matérias-primas para a produção de biocombustíveis. A discussão política na Europa sobre biocombustíveis foca no tópico de mudanças no uso indireto de terras e em como esses efeitos deverão ser considerados no cálculo de reduções de emissões. O uso indireto de terras ocorre quando a produção de alimentos e rações animais é deslocada pelo cultivo de plantas usadas como fonte de energia e empurrada para áreas não utilizadas anteriormente pela agricultura. Vários estudos mostraram que alterações no uso indireto de terras, em decorrência da expansão do setor de biocombustíveis na Europa, desempenham papel secundário, em razão de serem utilizadas matérias-primas locais no processamento. Os estudos mostram que alterações no uso indireto de terras para a produção de etanol fora da Europa podem, de fato, ter impacto significativo. Outra exigência para a produção de biocombustíveis é que seu impacto sobre a produção de alimentos e rações animais deverá ser menor. Consequentemente, é muito importante assegurar que o limitado espaço para a agricultura seja usado eficientemente para a produção de matérias-primas agrícolas, tanto para alimentos quanto para biocombustíveis. O fato de as terras estarem sendo usadas eficientemente fica evidente ao considerarmos que, para produzir a mesma quantidade de proteína de origem vegetal que é gerada como subproduto da produção de etanol, em um hectare de plantação de trigo na Europa, ter-se-ia de plantar cerca de 1,3 hectares de soja na América do Sul. Isso significa que, do ponto de vista global, a produção de etanol na Europa não subtrai terras da produção de alimentos, mas, de fato, libera terras em outras regiões do mundo para a produção de alimentos ou matérias-primas para biocombustíveis. Outro fator que mostra que a produção de etanol é compatível na Europa é que a UE tradicionalmente se caracteriza como região com excesso de matérias-primas agrícolas contendo açúcar ou amido, mas tem um déficit de proteínas de origem vegetal. Ao desenvolver o seu próprio setor de etanol, a UE se utiliza desses excessos estruturais de grãos e açúcar para reduzir sua dependência da importação de energia e proteína. Olhando para o futuro – especialmente 2020, quando 10% da energia usada no setor de transporte terão de vir de fontes renováveis – a UE determinou claramen-

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can only represent a viable alternative to fossil fuels if they are produced sustainably, bring reductions in greenhouse gas emissions, and do not affect the food supply. Biofuels also have to be cost-effective. In 2009, ethanol made up just 2.3% of the gasoline market in the EU. With the renewable energy directive that went into effect in June 2009, however, the EU charted a course toward the dynamic market development of ethanol, with a target of 10% for renewable energy use in the transport sector by 2020. Sustainability criteria are supposed to ensure that the biofuels used, and the requisite biomass, are produced sustainably, in compliance with specific standards. The European ethanol industry has supported the introduction of these sustainability criteria. Biofuels will be required to generate 35% less greenhouse gases than fossil fuels in the future – and, starting in 2017, 50%. We view this as an opportunity to compete on the international stage. Regulations call for crop rotation and restrict the use of chemicals, while also ensuring that land areas viewed as of high ecological value are not used to cultivate raw materials for biofuel production. The political discussion of biofuels in Europe centers on the topic of indirect land use changes and how to take these effects into account when calculating emission reductions. We speak of indirect land use changes when production of food and animal feed is displaced by cultivation of plants used as an energy source and pushed into areas not previously used for agriculture. Various studies have shown that indirect land use changes as a result of the expansion of the biofuel industry in Europe play a secondary role, since local raw materials are processed there. The studies point out that indirect land use changes for ethanol produced outside of Europe can indeed have a significant impact. Another requirement for the production of biofuels is that their impact on food and animal feed production must be minor. As a result, it is very important to ensure that the limited space available for agriculture is used efficiently for the production of agricultural raw materials for both food and biofuels. The fact that the land is being used efficiently is evident if we consider that to produce the same amount of plant-based protein generated as a byproduct of ethanol production from a single hectare of wheat grown in Europe, about 1.3 hectares of soybeans would have to be grown in South America. This means that viewed from a global standpoint, ethanol production in Europe does not take land away from food production, but in fact frees up land in other parts of the world for the production of food or raw materials for biofuels. Another factor showing that ethanol production is a good fit for Europe is that the EU is traditionally a region characterized by surpluses of agricultural raw materials containing sugar and starch and a deficit of plant-based proteins. By building up its own ethanol production sector, the EU is making use of these structural surpluses of grain and sugar to reduce its dependency on imports of energy and protein. Looking ahead – particularly to 2020, when 10% of the energy used in the transport sector will have to come from renewable sources – the EU clearly stated that


Opiniões te que há terras suficientes na agricultura para atingir essa meta e que o impacto da produção de biocombustíveis sobre os mercados agrícolas é menor. Conforme evidenciado pelo exemplo do Brasil, saber como o etanol se compara a combustíveis fósseis é importante fator quando se analisa a penetração de mercado. Graças à popularização de veículos flex, a decisão sobre encher o tanque com etanol ou gasolina cabe exclusivamente ao consumidor. Isso, infelizmente, ainda não ocorre na Europa. É uma situação lamentável, ainda mais porque o etanol ficou mais barato que a gasolina no verão passado, muito antes do esperado. Preços cada vez mais altos de petróleo, combinados com avanços na produtividade no setor europeu de etanol, significarão que esse não é um caso isolado. Diferentemente do Brasil, essas vantagens em termos de custos têm impacto limitado sobre as vendas de etanol na Europa. A produção de etanol na Europa ainda necessita de regras básicas confiáveis. A legislação europeia sobre energia renovável é um marco importante. Teremos de assegurar que essas mesmas regras básicas se apliquem a todas as partes envolvidas, em todos os níveis da cadeia de valor. O que isso significa é: primeiro, que as mesmas condições se aplicam à produção de matérias-primas agrícolas, independentemente de serem processadas para a produção de alimentos, produtos químicos ou biocombustíveis; segundo, precisamos ter uma visão realista sobre as emissões de gases de efeito estufa e não usar um valor de referência que se aplica apenas a uma pequena parte da produção total de petróleo; terceiro, os mesmos critérios deverão valer para produtores de biocombustíveis, notadamente no tocante ao cumprimento de critérios de sustentabilidade. Para tanto, é preciso também levar em conta condições regionais. A produção europeia de etanol terá de confiar em seu próprio setor de etanol se quiser atingir as metas ambiciosas estabelecidas pela UE.

there is enough agricultural land available to meet this target, and that the impact of biofuel production on the agricultural markets is minor. As Brazil’s example clearly shows, how competitive ethanol is by comparison to fossil fuels is an important determining factor when it comes to market penetration. Thanks to the spread of flexible-fuel vehicles, the decision whether to fill the tank with ethanol or gasoline is entirely up to the customer. That is unfortunately not yet the case in Europe. It is a regrettable situation, since ethanol became cheaper than gas just this past spring, much earlier than expected. Rising oil prices, coupled with advances in productivity in the European ethanol industry, will mean that this is no isolated case. Unlike the situation in Brazil, such cost advantages have a limited impact on ethanol sales in Europe. European ethanol production still needs dependable ground rules. The EU’s renewable energy directive is a major milestone. We will need to ensure that the same ground rules apply to all of the players, at all levels of the value chain. What that means is, first, that the same conditions apply to the production of agricultural raw materials, regardless of whether they are processed to make food, chemicals, or biofuels. Second, we need to arrive at a realistic picture of the greenhouse gas emissions of fossil fuels, and not use a reference value that now applies to only a small portion of the total oil production. Third, the same requirements have to apply to biofuel producers, especially as regards meeting the sustainability criteria. This also requires that we take regional conditions into account. European ethanol production will have to rely on its own ethanol industry if it is to achieve the ambitious targets set by the European Union.

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visão internacional

o etanol nos

Opiniões

Estados Unidos Ethanol in the United States

O objetivo da primeira fase de nosso trabalho nos Estados Unidos era melhorar o reconhecimento do etanol feito de cana, criando um diferencial entre ele e os produzidos com outras matérias-primas, com foco nas leis federais e estaduais americanas. A segunda, a fase na qual estamos agora, é trabalhar para buscar a redução das barreiras tarifárias nos Estados Unidos sobre o nosso etanol, numa verdadeira batalha contra os subsídios e tarifas protecionistas. O mercado de gasolina americano é o maior do mundo, com um consumo atual da ordem de 520 bilhões de litros. O consumo de etanol representa 9% do consumo da gasolina, ou seja, quase 50 bilhões de litros – duas vezes mais que no Brasil –, já bem próximo do limite regulatório que é de 10%. O consumo e a produção de etanol subiram muito devido a três políticas. Primeira, entre 2004 e 2005, houve a redução do uso do MTBE, um aditivo oxigenante na gasolina considerado cancerígeno, criando um enorme mercado para o etanol. A segunda ocorreu quando a Unica já estava começando a entrar em campo nos Estados Unidos, ao surgir a política de mandato de consumo de etanol, o famoso RFS (do inglês, Renewable Fuel Standard), que estabeleceu que o país consumisse um montante anual crescente do produto, que, em 2022, deve chegar a 136 bilhões de litros. E a terceira foi a arbitragem do preço da gasolina, com o preço do etanol, quer seja de milho ou de cana, que se reduziu bastante. Partindo da dinâmica desse mercado, começamos o nosso trabalho na Unica, que teve duas fases bem definidas. A primeira, que já está quase completada, é a que chamaríamos de buscar o reconhecimento do etanol de cana. Iniciamos, procurando entender e trabalhar em cima do mandato federal de consumo mínimo de biocombustíveis, que envolve o etanol de milho, o etanol celulósico e os avançados – em que entra a cana de primeira geração, bem como o diesel renovável. Trabalhamos e conseguimos fazer com que a Agência de Proteção Ambiental americana comprovasse que o etanol de cana causa, nos Estados Unidos, uma redução de gás de efeito estufa (GEE) de, pelo menos,

The target of the initial phase of our work in the USA was to publicize knowledge of ethanol made from sugarcane, creating a distinguishing factor between it and the ethanol produced from other raw materials, while taking into consideration the federal and state laws of the USA. The second phase, in which we are now, is to seek to reduce the tariff barriers in the USA applicable to our ethanol, in what is truly a battle against subsidies and protectionist tariffs. The US gasoline market is the largest in the world, with current consumption in the magnitude of 520 billion liters. Ethanol consumption represents 9% of gasoline consumption, i.e., around 50 billion liters – twice as much as in Brazil –, already very close to the regulatory limit of 10%. Ethanol production and consumption have increased greatly, due to three policies. First, between 2004 and 2005, the reduction in the use of MTBE, an oxygenant additive to gasoline viewed as cancerous, creating a huge market for ethanol. Next, the second phase took place when UNICA was beginning to enter the field in the United States, and ethanol consumption became mandatory – the famous RFS (Renewable Fuel Standard) requirement, which determined that the country consume an increasing annual volume, expected to reach 136 billion liters in 2022. The third factor was arbitrating the gasoline price in light of the ethanol price, regardless of whether the ethanol is produced from corn or sugar, and which has been considerably reduced. Based on the dynamics of this market, we began our work at UNICA, and it consisted of two well-defined phases. The first, which has almost been concluded, is what one may refer to as seeking recognition for sugarcane ethanol. We started out, trying to understand and working according to the federal legislation mandating minimum consumption of biofuels, involving ethanol made from corn, cellulosic ethanol and advanced fuels – which is where first generation sugarcane comes onto the stage, as well as renewable diesel. We did our work and were able to get the EPA to attest that ethanol from sugarcane, in the United States, causes greenhouse gas (GHG) reductions of at least 61%, in comparison

" Temomissor. "

" Nossa estratégia é de exigir a competição. Queremos que o mercado, que deixa o petróleo do Oriente Médio entrar sem qualquer tarifa, reconheça os benefícios do etanol de cana e elimine a taxa de quase 30% sobre o etanol importado. "

ManBertone SecretAgricultura Secretariculture

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Joel Velasco Representante Chefe da Unica na América do Norte Chief Representative of UNICA in North America


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visão internacional 61%, comparada à gasolina usada nos EUA. O etanol de milho, nos cálculos da própria Agência Ambiental, conseguiu uma classificação de redução abaixo dos 20%. Isso representa que o etanol de milho só pode completar o limite previsto para a classe dos etanóis convencionais, com um limite de crescimento bem definido, hoje de 45 bilhões de litros, atingindo, em 2015, 57 bilhões e aí permanecendo. O que conseguimos provar para eles foi que o etanol de cana de primeira geração é melhor que o etanol celulósico, que, por sua vez, tem estabelecido como mínimo a meta de 60% de redução de GEE. Toda a indústria dos biocombustíveis tem que reconhecer que existe um diferencial entre o etanol de milho e o etanol de cana de primeira geração, agora considerado combustível avançado, abrindo os limites de seu uso. Só para dar uma ideia do que isso representou, o tamanho do mercado do mandato dos combustíveis avançados (onde entram o celulósico, o biodiesel de biomassa e os avançados, onde nos incluímos) será de aproximadamente 58% do consumo total, ou seja, 79 bilhões de litros. O processo americano não vai permitir que qualquer biocombustível entre em seu mercado. O reconhecimento da Agência de Proteção Ambiental faz uma enorme diferença. Qual será, então, a direção dos investimentos? No que isso pode afetar os investimentos, por exemplo, de uma Shell? Outra questão importante é que a Unica está trabalhando com a própria indústria do milho dos EUA. A isso chamamos de Muralha da Mistura, que trata do limite de etanol que pode ser colocado na gasolina. Estamos pedindo à Agência Ambiental Americana para aumentar de 10% (E10) para 15% (E15). Podemos ter, nos próximos meses, um E11 ou E12, mas o mais importante é que seja sinalizado que há espaço no mercado da gasolina para o etanol. Sem isso, não adianta produzir mais etanol nos Estados Unidos, porque você não tem onde pôr. Pode-se vender como E85, mas é um debate em separado, porque o E85 nunca vai ser competitivo nos EUA com o preço da gasolina, lembrando que lá ela custa 90 centavos por litro. Então não tem como gerar um produto com qualidade energética similar a esse. Outra parte desse trabalho no qual fomos bem-sucedidos foi o Programa da Califórnia. A política energética da Califórnia é uma das mais avançadas dos EUA. Eles têm um programa que visa reduzir o nível de carbono combustível em 10% até o final da década. Esse estado é quase um Brasil. Consomem aproximadamente 60 bilhões de litros de gasolina por ano e, só no E10, seriam seis bilhões de litros de etanol. Trabalhamos duro por vários anos, com acadêmicos da Esalq, Unicamp e outros, para demonstrar que o etanol de cana tem uma redução de 40% do GEE. O engraçado é que a Unica teve que defender o estado da Califórnia, quando as indústrias das refinarias do petróleo e do milho estavam levando o Governo desse estado à justiça. Nunca pensei que eu iria ter que defender o Schwarzenegger numa briga. Agora, nossa estratégia é manter a pressão sobre o Congresso Americano para reduzir a tarifa de importação de US$ 0,54/galão e para que ela expire no final deste ano. A nossa mensagem é bem simples: o etanol de cana é um combustível limpo, renovável e reduz a dependência do petróleo dos EUA, a um preço competitivo para o bolso do americano. A bancada do lobby do etanol de milho sabe que vai ser difícil manter a continuidade do subsídio da ordem dos seis

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Opiniões with gasoline as used in the USA. Ethanol from corn, according to the EPA’s own calculations, achieved a reduction classification below 20%. This showed that ethanol from corn can only reach the set limit of the conventional class of ethanol, with a well-defined growth limit, which currently is 45 billion liters, reaching 57 billion in 2015 and remaining at this level thereafter. What we were able to prove is that first generation ethanol from sugarcane is better than cellulosic ethanol, which, in turn, has an established minimum reduction target for GHG of 60%. The biofuel industry as a whole must acknowledge that there is a difference between ethanol from corn and ethanol from first generation sugarcane, now viewed as advanced fuel, expanding the limits for its use. To give you an idea of what this represented, the size of the market for advanced fuels under the minimum consumption mandate (encompassing cellulosic ethanol, biodiesel from biomass and advanced fuels, which is where we fit in) will be of approximately 58% of total consumption, i.e., 79 billion liters. The US system will not allow just any biofuel to enter its market. The acknowledgement by the EPA makes an enormous difference. So, in what direction will investments go? For instance, how can this affect the investments of, say, a company like Shell? Another important issue UNICA is working on with the corn industry in the USA is what we refer to as the Mixture Barrier, which deals with the limit of ethanol to be added to gasoline. We are asking the EPA to increase the 10% (E10) to 15% (E15). In coming months we may have an E11 or E12, but what is most important is to signal that there is room in the gasoline market for ethanol. Without this, there is no sense in producing more ethanol in the United States, because there is no place to store it. One could sell it as E85, but that’s a separate discussion, because E85 will never be competitive in the USA at the price of gasoline, bearing in mind that there the liter costs 91 cents. So, there is no way of producing a product with a similar energy quality. Another aspect of our effort at succeeding was the Californian program. California’s energy policy is one of the most advanced in the USA. They have a program aimed at reducing the level of carbon in fuel by 10% by the end of the decade. California is almost one Brazil. They consume almost 60 billion liters of gasoline per year and in terms of E10 alone that would amount to 6 billion liters of ethanol. We worked hard for several years, with academics at Esalq, Unicamp and other institutions, to show that ethanol from sugarcane achieves a significant reduction. There, we so far have been able to prove that ethanol from sugarcane achieves a 40% reduction in GHG. An interesting aspect was that UNICA had to defend the State of California when the oil refinery and the corn industries were suing the State in the courts. I never thought I’d have to defend Schwarzenegger in a fight. Our strategy now is to keep the pressure on the US Congress to reduce the import tariff from US$ 0.54/ gallon and make sure it expires at the end of this year. Our message is quite simple: ethanol from sugarcane is clean fuel, renewable, and it reduces the US’ dependence on oil, at a competitive price for the American consumer. The ethanol from corn lobby in the House knows it will be difficult to sustain a subsidy in the



visão internacional bilhões de dólares por ano, considerando, principalmente, o altíssimo déficit fiscal americano. Eles argumentam que perderão 160 mil empregos, mas considerando que este é um ano eleitoral, o protecionismo e o nacionalismo podem continuar bancando a conta. Todos os grandes jornais dos Estados Unidos, como New York Times, Wall Street Journal, Washington Post, Chicago Tribune, pediram, em editoriais, para acabar com esses subsídios. O lobby do milho está dividido em suas posições básicas entre o carro flex, a mistura etc. Nossa estratégia é de exigir a competição. Queremos que o mercado, que deixa o petróleo do Oriente Médio entrar sem qualquer tarifa, reconheça os benefícios do etanol de cana e elimine a taxa de quase 30% sobre o etanol importado. A janela legislativa está se fechando nos EUA. Haverá eleições em novembro e é bem provável que eles não vão conseguir chegar a um consenso sobre uma pauta de votação. Temos quatro opções: ou eles deixam expirar – o que desejamos; ou podem renová-la – do jeito que está ou de uma forma diferente; ou podem criar uma paridade entre a tarifa e o subsídio deles – baixando apenas um pouco a tarifa de importação; ou criar um novo programa completo. Minha opinião, nos bastidores, é que o Congresso tende a renovar as tarifas, se tiver chance no calendário. Eles podem reduzir os subsídios para o etanol doméstico e para o consumo desse produto, mas tudo isso acabaria por volta de um ano. Eu não quero sugerir que a tarifa vá cair no final do ano, mas ressalto que a tarifa nunca ficou para ser renovada tão perto do final do ano. Antes, ela era renovada com dois anos de antecedência. Além disso, o debate nos EUA está mais sofisticado, e hoje eles reconhecem ser loucura da política impor taxas sobre um etanol mais limpo. Sou uma pessoa otimista com relação ao mercado de biocombustível, mas tenho uma preocupação. Se pensarmos apenas no mercado americano, podemos ver uma demanda internacional gigante. Penso que os EUA devem demandar algo entre 5 e 15 bilhões de litros de etanol de cana até o final desta década. Se o preço do etanol de milho ou do petróleo subirem, a tendência é ficar mais do lado dos 15 bilhões. A questão é se nós estamos nos preparando para isso. O investimento na expansão da indústria e da infraestrutura precisa vir o mais rápido possível. Não podemos deixar para pensar nesse assunto quando a demanda acontecer, mesmo porque, mostrar-se preparado, é questão fundamental para quem, do lado de fora, estiver observando esse cenário. Chegou a hora de acreditar no setor, pôr os pés no chão e começar a investir, senão, corremos o risco de morrer na praia.

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Opiniões magnitude of US$ 6 billion per year, mainly considering the very American fiscal deficit. They argue they would lose 160,000 jobs, but since this is an election year, protectionism and nationalism may continue to foot the bill. All major newspapers in the United States, like the New York Times, Wall Street Journal, Washington Post, and Chicago Tribune, in editorials, have voiced being in favor of doing away with these subsidies. The corn lobby is divided on basic positions related to “flex” fuel cars, the fuel mix, etc. Our strategy is to demand competition. We want the market that lets oil from the Middle East enter the country tariff-free, to acknowledge the benefits of ethanol from sugarcane and to abolish the fee of almost 30% on imported ethanol. The legislative window is closing in the USA. There will be elections in November and it is likely that consensus will have to be reached on the issues’ agenda for the voting. We have four options: either they let the deadline expire – which we want; or the term could be extended – either as it is or in a different format; or they can create import tariff parity in relation to their subsidy – reducing the import tariff just a little bit; or create a completely new program. In by opinion as a backstage player, the Congress will tend to renew the tariffs, the calendar allowing. They can reduce subsidies on domestic ethanol, but all this would be over in about one year. I don’t want to imply that the tariff will be eliminated by the end of the year, but I do wish to emphasize that the tariff never before was left to be renewed so close to the end of the year. On previous occasions, it was renewed two years in advance. Another aspect is that the debate in the USA is more sophisticated: nowadays it is accepted that it would be political madness to impose tariffs on cleaner ethanol. I am optimistic about the biofuel market, but I do have reason for concern. If we think only in terms of the US market, we can envision a huge international demand. I believe the demand in the USA will be somewhere between 5 and 15 billion liters of ethanol from sugarcane by the end of this decade. If the oil price or the price of ethanol from corn goes up, the trend will be to settle closer to 15 billion. The question is whether we are getting prepared for this. The investment for expanding the industry and the infrastructure needs to be made as quickly as possible. We cannot only think about this when the demand arises, even because to be prepared is essential to who, on the outside, is watching this scenario. The time has come to believe in the industry, stand firmly on the ground and begin to invest, otherwise we run the risk of simply not achieving our objective.


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