A mudança do eixo da produção mundial - OpCP08

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Opiniões

jun-ago 2007

Visão das Entidades

Germano Aguiar Vieira & Jedaias Jorge Salum

Presidente da Associação Mineira de Silvicultura e Especialista de Mercado de Celulose, respectivamente

Germano & Jedaias

A mudança da produção do Norte para o Sul do planeta De 1990 a 2007, a capacidade de produção de celulose química de mercado cresceu pouco mais de 20 milhões de toneladas, sendo que mais da metade deste incremento veio da América do Sul. Quando falamos em “celulose de mercado”, de forma simplificada, estamos nos referindo à celulose que é vendida aos fabricantes de papel. Há um volume de celulose que é consumida diretamente em fábricas integradas de celulose e papel, que está fora do conceito de celulose de mercado. A América do Norte e Europa, tradicionalmente os grandes centros produtores de celulose, perderam significativa fatia na sua participação do mercado global. A América do Norte perdeu 22% e a Europa Ocidental perdeu 5%, neste período. Por outro lado, a América Latina saltou de 8 para 24% e continuará crescendo até 2011, quando terá uma participação de 30% da capacidade mundial, levando em consideração todos os projetos que entrarão em operação até lá. O gráfico Capacidade de Produção de Celulose de Mercado compara a capacidade de produção de celulose de mercado das diversas regiões do mundo, nos anos de 1990 e 2007. Além do aumento dos números absolutos, como mostrado acima, há ainda, uma aceleração do ritmo de crescimento, que, entre outros fatores, é motivada pelos avanços tecnológicos e pela maior produtividade das florestas plantadas. Há 30 anos, a capacidade de produção de uma nova fábrica de celulose era de 300 mil toneladas por ano. Hoje, com a evolução das tecnologias de cozimento da madeira, das caldeiras de recuperação e dos demais equipamentos de uma unidade industrial,

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não se fala em fábricas novas com capacidade abaixo de 1 milhão de toneladas anuais. O investimento necessário para produzir cada tonelada de celulose cai, sensivelmente, com o aumento do tamanho da nova planta, sendo inviável pensar em fábricas com baixas capacidades. Isto significa, naturalmente, que os degraus de crescimento da oferta são muito maiores hoje, do que eram no passado, o que se percebe claramente no gráfico Evolução da Capacidade Instalada, onde mostramos a evolução histórica da capacidade das principais regiões produtoras e a previsão de crescimento até 2011. Por outro lado, o rendimento das florestas plantadas tem crescido a cada ciclo de colheita, em função dos programas de melhoramento genético, desenvolvidos pelas empresas. Com rendimentos mais elevados, a necessidade de áreas de plantio é menor, o que, por sua vez, reduz a distância média de transporte da madeira até as fábricas, com a conseqüente otimização dos custos de transporte, viabilizando a construção das modernas e grandes unidades de produção. A América Latina cresce em ritmo muito mais acelerado que as outras regiões, se igualando à capacidade da

Europa Ocidental neste ano e superando a capacidade da América do Norte, em 2011. A América Latina está se transformando em grande produtora de celulose de mercado. Tendo um baixo consumo próprio, a

maior parte da sua produção é exportada para outras regiões. Apesar dos custos envolvidos com o transporte da celulose aos mercados consumidores, a capacidade de produção da América Latina, e em particular do Brasil, continuará crescendo a passos largos, tal a nossa competitividade no setor do agronegócio. O gráfico Consumo de Celulose de Mercado no Mundo, mostra a distribuição da demanda da celulose de mercado nas principais regiões, no ano de 2006. No caso da Europa, o maior mercado consumidor, e da China, o que mais cresce, não há espaço para grandes aumentos na produção de celulose, para fazer frente ao crescimento do consumo de papéis dos diversos tipos, o que demandará, cada vez mais, maiores volumes de celulose de mercado, que fatalmente terão que ser produzidos em outras regiões.


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