Opiniões jun-ago 2007
Carlos Marx R. Carneiro
Oficial Florestal Principal da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação A mudança do eixo da produção mundial
Carlos Carneiro
Outro exemplo é a Escandinávia, onde novas máquinas de papel têm substituído equipamentos mais antigos, como forma de ganhar competitividade. Em outros países da Europa, a situação é semelhante, em termos de modernização de equipamentos, em substituição a máquinas mais antigas. Muitas vezes são trocadas três máquinas de papel ultrapassadas tecnologicamente, por apenas uma máquina muito mais potente e tecnologicamente avançada. Neste cenário, um dos principais destaques do continente europeu é a Finlândia, que exporta 95% de toda sua produção de papel e opera com alta tecnologia de automação, em suas plantas industriais. Como todas as oportunidades sempre nos trazem novos desafios, essa tendência de mudança da produção mundial de celulose e papel do hemisfério norte para o sul não foge à regra. Todas as vantagens favoráveis apontadas neste artigo começam a se deparar com alguns obstáculos, como a maior consciência ambiental da sociedade dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, entre outras questões. Contudo, a ABTCP tem direcionado seus esforços para a busca de soluções e antecipação de tendências de impactos do desenvolvimento, nos diversos segmentos de papel. O objetivo é oferecer suporte técnico ao setor, para superar os desafios futuros nas linhas de produção de celulose e papel, mantendo a competitividade. Um dos principais estudos – ainda a ser lançado no setor de celulose e papel pela ABTCP – é a coletânea de publicações especializadas sobre tendências da evolução da produção do papel em todos os segmentos. Esta é uma das respostas positivas da entidade técnica, para contribuir proativamente com o desenvolvimento da nossa indústria, na conquista de seu melhor desempenho, nos próximos anos. Afinal, como dizem alguns sábios da gestão, a maior diferença entre o sucesso e o fracasso dos resultados não reside no que possa acontecer às empresas, mas em como os gestores lidam com cada obstáculo do caminho, em direção ao desempenho das organizações.
Muito se tem falado, nos últimos anos, sobre as vantagens competitivas e comparativas do setor florestal da América do Sul, em especial do Brasil e do Chile. Na realidade, isso se materializou com a consolidação de pólos de desenvolvimento florestal nesses países, o que aumentou a competitividade do setor florestal. Mas, recentemente, observamos um crescimento exponencial do setor florestal de países outrora “observadores”, como o Uruguai, que de 30 mil hectares de plantações florestais, há cerca de 15 anos, hoje possui 800 mil hectares. Isso sem falar na Argentina, com mais de 1 milhão de hectares de plantações florestais, ou mesmo o Chile com seus 2,6 milhões de hectares. Observamos que o crescimento desses pólos não foi acompanhado, em alguns países, por um crescimento proporcional da infra-estrutura necessária, como portos para escoamento da produção, estradas e facilidades de energia elétrica, porém esse é um assunto que não vamos abordar nesse espaço que dispomos.
Por outro lado, as mudanças tecnológicas e os meios de comunicação e cibernética, assim como uma maior consciência ambiental, foram forças impulsoras, que se desenvolveram de forma significativa em nossa região e possibilitam, atualmente, como nos países do hemisfério norte, maior interatividade entre os diferentes atores do setor. Igualmente, não vamos voltar a descrever as nossas vantagens comparativas em clima, solos e tecnologia, já que essa é uma realidade que todos conhecemos e que tem sido discutida à exaustão pelos nossos expertos florestais. E não é por acaso que tantas companhias florestais têm deslocado os seus eixos de produção do hemisfério norte para o hemisfério sul. Vejam, por exemplo, o mesmo caso Uruguaio que mencionei anterior-mente, que está implantando fábricas de papel e celulose, oriundas da Espanha, Finlândia, Suécia, e existe interesse de outros países, como a Itália ou mesmo os Estados Unidos. O eixo de produção e exportação do
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