Habitação de Interesse Social no Plano Piloto de Brasília: a superquadra do século XXI

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elementos compõem a superquadra:

áreas verdes

Curiosidade: O processo de implantação da arborização urbana se traduz pelo reconhecimento do cerrado como bioma e identidade de Brasília, possibilitando a mudança de comportamento em relação a arborização presente na década de 1960 (o processo de implantação da arborização urbana de Brasília com espécies arbustivas e herbáceas exóticas). Existe a informação de que eram plantadas na arborização de Brasília: 60% de espécies exóticas e 40% de nativas. Atualmente, a Novacap afirma que privilegia o uso de plantas do cerrado. Desde de 200, a proporção utilizada na cidade é de 70% de nativas, e 30% de exóticas (dado extraído de ALENCAR, 2008, p. 38). Entretanto, continua a implantar espécies exóticas, desde que sejam bem adaptadas ao clima tropical de planalto, como exemplo: a Supucaia (Lecythis pisonis), e o Mogno (Swietenia macrophylla) (ROCHA, 2011, p. 54).

Porém no levantamento por Lima (2009), documentação de espécies nas 39 quadras do Plano Piloto – na décadas de 60, 70 80, e 90 –, apresentando uma vasta diversidade arbórea. Nesses espaços ocorre uma predominância de espécies exóticas em relação às espécies nativas do cerrado (normalmente de mata de galeria ou mata seca). Dessa maneira estabelece a necessidade de implantação das espécies do cerrado, como prioritário, sem desconsiderar que espécies exóticas se tornaram identidade de Brasília. Uma vez que a presença da vegetação nativa contribui para a manutenção do espaço e do conforto ambiental: as espécies do cerrado produzem grande volume de água no período da seca; e como social, a identificação dos habitantes da vegetação com o local e como sua história (ROCHA, 2011).

A concepção urbanística de Brasília, caracterizada pela paisagem urbana definida pelo partido de cidade-parque, “determina que o paisagismo e a área livres sejam tratados como elementos de projeto, em oposição à ideia de ‘vazios urbanos”, visto como áreas subutilizadas e suscetíveis à mercadorização e a ‘mais-valia urbana’” (COUTO, 2015, p. 169), configurando a identidade de Brasília, que conferem a presença da articulação do desenho urbano da cidade e aproximação das escalas (monumental, gregária, bucólica, residencial). Isso são características marcante da paisagem urbanística, por meio dos espaços livres – configurando como elemento de preservação de todo o conjunto. No caso da superquadra, é fortalecido pela sensação causada também presença da cinta faixa verde aproxima a escala humana com a presença da fauna, conforto térmico e sensação de privacidade, que por sua escala agrega a participação do céu (COUTO, 2015).

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edificação (pilotis + 6 andares + subsolo)

marquise de estacionamentos

Segundo o GDF (2017), as superquadras residenciais da Asa Norte sofreu um processo de implantação mais lento que Asa Sul, e por isso a inexistência e implantação das faixas verdes non aedificandi e a falta de tratamento paisagístico interno. Isso provoca a não configuram espaços de vivências e característica de comunicação e diálogo comum com as outras superquadras, desconfigura a linguagem que descreve a superquadra. O levantamento realizado nas 60 superquadras da Asa Norte (duas quadras formam o parque Olhos D’água) apresenta o resultado da adoção efetiva do cinturão verde:

Quantidade

Implantação

06 superquadras

0% (inexistente)

11 superquadras

25% (um lado)

03 superquadras

50% (dois lados)

02 superquadras

75% (três lados)

36 superquadras

> 75% (completas)

Figura: Porcentagem de implantação da faixa verde nas superquadras da Asa Norte Fonte: Joana França (2020)

Tabela: Porcentagem de implantação da faixa verde nas superquadras da Asa Norte Fonte: GDF (2007) - Autoria (2020)

A produção paisagista no interior das superquadras não foi prevista por Costa (1991) no Relatório do Plano Piloto de 1956, uma vez que no modernismo os edifícios se tornam papel principal de articulação do espaço deixando os espaços urbanos como elementos secundários ou inexistentes. Dado o contexto da urgência da construção da cidade, as edificações eram projetadas primeiro, para depois pensar no traçado interno das vias, tornando as áreas verdes poucos exploradas. Nos dados levantados entre 370 plantas pesquisadas, Machado (2007) apresenta que aproximadamente 40 contavam com algum tipo de informação de poderia ser considerado “projeto de urbanização” da superquadra, como: praças, parques infantis, quadras de esporte, locação de árvores e suas especificações – o percentual que apenas 11% contavam com todos esses elementos listados que poderiam ser considerados de paisagismo, enquantos outros 89% eram incompletos.

Figura: Porcentagem de implantação da faixa verde nas superquadras da Asa Norte Fonte: Joana França (2020)


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