Revista Urbanismo e Imobiliário - O Setubalense

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URBANISMO E IMOBILIÁRIO

Centros históricos renascem nas cidades e vilas da região

Setúbal 'Gorda de bicicleta' em breve Reabilitação As ARU em Alcácer, Alcochete, Seixal e Palmela ESTA REVISTA FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL O SETUBALENSE E NÃO PODE SER VENDIDA SEPARADAMENTE



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ÍNDICE 6 ~ Setúbal reparte reabilitação 20 ~ Alcácer do Sal aposta na urbana entre a cidade e Azeitão reabilitação urbana da cidade e da vila do Torrão 24 ~ Seixal incentiva regeneração de cidades, vilas e aldeias do concelho

12 ~ Palmela aprofunda reabilitação urbana com vários eixos de acção

36 ~ Esculturas de João Duarte em espaços urbanos guardam até os sons da cidade 42 ~ A escultura e o privilégio de intervir no espaço público onde vive

28 ~ Alcochete transforma o antigo em contemporâneo sem perder identidade cultural 44 ~ Proprietários confirmam grande aumento da reabilitação no centro histórico 48 ~ Tradição e contemporaneidade aliam-se para homenagear figuras da história local 32 ~ Materiais reciclados e proximidade distinguem obras de Pedro Marques

50 ~ RM Guest House quer Setúbal como destino de eleição

FICHA TÉCNICA Propriedade Outra Margem - Publicações Outra Margem - Publicações e Publicidade, Lda. Contribuinte: 515 047 325 (Detentores de mais de 10% do capital social: Gabriel Rito e Carlos Bordallo-Pinheiro) Editor Primeira Hora - Editora e Comunicação, Lda. Contribuinte: 515 047 031 (Detentores de mais de 10% do capital social: Setupress, Lda., Losango Mágico, Lda., Carla Rito e Gabriel Rito) Sede de Administração e Redacção: Travessa Gaspar Agostinho, 1 - 1.º, 2900-389 Setúbal Conselho de Gerência Carla Rito, Carlos Dinis Bordallo-Pinheiro, Gabriel Rito e Carlos Bordallo-Pinheiro Director Francisco Alves Rito Textos Inês Antunes Malta Comerciais Ana Oliveira, Carla Santos, Célia Félix, Graciete Rodrigues, Mauro Sérgio, Rosália Batista Fotografia Mário Romão, Fotografia de capa Maria João Besugo Paginação Sónia Bordallo-Pinheiro Impressão Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. Distribuição VASP - Venda Seca, Agualva - Cacém; Tel. 214 337 000 Tiragem média diária 9.000 exemplares

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DO DIRECTOR Francisco Alves Rito

Os “novos” centros históricos nas nossas cidades e vilas Para termos bons centros urbanos não basta recuperar os edifícios, é preciso também assegurar a “alma”, com políticas que evitem a elitização e a perda de identidade

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esta edição, dedicamos especial atenção à recuperação dos centros históricos das vilas e cidades da nossa região. Uma área em que muita coisa mudou nos últimos 20 anos. O planeamento e o urbanismo registam uma evolução com alguns sinais contraditórios. Para melhor, temos algumas políticas públicas e municipais, da última década, que, associadas à crise económica que travou a voragem da construção, permitiu substituir a contínua construção de novas urbanizações na periferia por uma maior aposta na requalificação dos centros históricos. Uma mudança corroborada, pela transformação do estilo de vida e de consumo que leva cada vez mais as classes média e alta, seduzidas pela arquitectura, comércio local e proximidade às actividades culturais e de animação, a preferirem os centros urbanos. Acresce o turismo, que se afirmou como um dos principais agentes de mudança e investimento nos centros das cidades e vilas. O mau é que a evolução foi capturada por um modelo neoliberal e muitos dos aspectos positivos foram sendo pervertidos ou tornaram-se excessivos. Ao contrário do que acontecia desde meados dos anos 70, o mercado tomou conta do processo e a especulação encarregou-se de gerar a gentrificação dos principais centros históricos. A gentrificação (conceito criado pela socióloga Ruth Glass em 1964 para descrever o processo de substituição de famílias operárias por famílias da classe média-alta no contexto de requalificação de

De Setúbal ao Seixal, ou de Alcochete a Alcácer do Sal, percebe-se que os autarcas estão empenhados e que há uma preocupação comum com as implicações sociais edifícios habitacionais em Londres) em Portugal tem afectado principalmente as cidades de Lisboa e do Porto, com a progressiva “expulsão” dos residentes habituais por classes mais ricas, e por comércio e serviços, como lojas de grandes marcas, hotéis e escritórios de empresas poderosas. Logo após o 25 de Abril, como nota Jacques Galhardo, no seu estudo sobre as dinâmicas das desigualdades nos centros históricos, “todos os programas de reabilitação urbana levados a cabo pelo Estado fomentaram a reabilitação urbana e a conservação do edificado existente no centro histórico das cidades porO SETUBALENSE

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tuguesas de acordo com o interesse público e coletivo”. Mas, de há duas décadas para cá, sobretudo na última, deixou de ser assim. O Estado demitiu-se das suas funções de promotor e até de regulador e permitiu que o mercado assumisse as escolhas sobre a ocupação dos novos centros históricos, com menos arredamento acessível e mais especulação. É esta inclinação, em que vai a transformação das estruturas social e habitacional, que as políticas públicas precisam de contrariar e corrigir, para garantir que o stock de habitação e pessoas dos centros históricos mantém um perfil misto onde possam caber também os habitantes de baixo estatuto sócio-económico e as actividades tradicionais. Neste domínio há muito ainda a fazer e o papel dos municípios é decisivo. O trabalho já começou, como pode ler-se nas diversas reportagens e entrevistas que publicamos nesta edição sobre a reabilitação dos centros históricos na nossa região. De Setúbal ao Seixal, ou de Alcochete a Alcácer do Sal, percebe-se que os autarcas estão fortemente empenhados e a tentarem aproveitar ao máximo os instrumentos de reabilitação urbana disponíveis, e nota-se também uma preocupação comum com o aspecto social dessa intervenção. Claro que não está tudo resolvido, longe disso, mas são sinais positivos que, associados à evidência de que hoje, os centros históricos, já estão melhores do que estavam há alguns anos, nos permitem acreditar num futuro em que dê gosto viver e passear nas nossas cidades e vilas.



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Setúbal reparte reabilitação urbana entre a cidade e Azeitão Áreas de Reabilitação Urbana, de Setúbal, que abrange 3050 edifícios, e Azeitão, 300 imóveis, têm objectivo comum: um concelho melhor para trabalhar, viver e visitar Inês Antunes Malta (texto) Mário Romão (fotografias)

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etúbal tem vindo, ao longo dos anos, a apostar continuamente na sua qualificação, o que possibilitou, segundo o município, “uma evolução mais coesa e inclusiva da sociedade e espaço envolvente, tornando Setúbal um concelho mais harmonioso e atractivo para residir”. No Plano Estratégico de Desenvolvimento Setúbal 2026, pode ler-se que “a necessidade de atracção e retenção populacional, bem como o potencial papel de centro urbano, estava ameaçada pela degradação dos edifícios e espaços urbanos do centro histórico de Setúbal e do Bairro Salgado”, o que levou à aprovação, pela Câmara Municipal, da delimitação da Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Setúbal, com cerca de 1.393.350 m2 e 3.050 edifícios. Tal como o centro histórico de Setúbal, a Freguesia de São Lourenço é outra área de elevada importância regional que se encontra relativamente obsoleta, para a qual foi criada a ARU de Azeitão, que atinge os 135.764 m2 e 300 edifícios. A recuperação dos edifícios dos centros históricos de Setúbal e Azeitão tem nas ARU um

Publicação PDM em destaque na revista ‘Indústria e Ambiente’

importante aliado. Possibilitando a redução de custos nas operações de restauro e estimulando a renovação das zonas mais antigas do território, o programa torna mais rápidas

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A proposta de revisão do Plano Director Municipal (PDM) de Setúbal, lançada no início de 2020 para discussão pública, entretanto interrompida devido ao Covid-19, esteve recentemente em destaque na revista “Indústria e Ambiente”. O futuro PDM do concelho foi escolhido pela publicação de referência a nível nacional na área da engenharia e gestão do ambiente pelas boas práticas aplicadas. O artigo “PDM de Setúbal - A infraestrutura verde e o modelo de ordenamento de base ecológica para uma urbanidade sustentável” explora as principais preocupações para garantir uma gestão urbana equilibrada a nível ambiental e sustentável para o futuro do território.



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as iniciativas de reabilitação e promove o investimento de particulares.

Acção gera acção e autarquia dá o exemplo

O Skate Parque de Setúbal é, a par das obras nas praias da Figueirinha e Albarquel, uma das mais recentes intervenções no concelho

Na baixa de Setúbal são visiveis vários exemplos de renovação tanto de edificios como de espaços

A aposta e o investimento na reabilitação e valorização da malha urbana existente tem vindo a ser uma das prioridades da Câmara Municipal, que nos últimos anos recuperou e revitalizou imóveis históricos e realizou várias obras, desde a mais pequena à de maior dimensão. No que diz respeito às obras municipais, podem destacar-se os novos espaços reabilitados do Convento de Jesus e do Forte de Albarquel que, no âmbito das medidas de contenção da propagação do Covid-19, ainda não têm data para reabrir. Os Bairros dos Pescadores do Grito do Povo, por sua vez, já têm nova cara. Novas zonas de lazer, de circulação e espaços verdes contribuem para uma maior versatilidade de usos do espaço público e maior conforto urbano. Prontos estão também o Skate Parque de Setúbal e as obras nas praias da Figueirinha e de Albarquel, recentemente beneficiadas com novos equipamentos que lhes acrescentam valor turístico e mais acessibilidade. A operação inclui ainda o miradouro de Albarquel, por muitos conhecido por Pau da Consolação. A repavimentação de ruas, a criação de novas bolsas de estacionamento automóvel e a reabilitação da rede de abastecimento de água tem sido uma realidade em várias partes do concelho. A Rua 9 de Abril, em Vila NogueiO SETUBALENSE

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ra de Azeitão, a Avenida de Angola e a Rua Cidade da Beira, no Bairro do Liceu, e a Rua de Valverde, no Monte Belo, em Setúbal, são alguns exemplos. Também o Vale do Cobro ganhou estacionamento para 120 viaturas. A nova rotunda na intersecção entre a Avenida Dr. António Rodrigues Manito e a Rua Dr. António Manuel Gamito, nas imediações do Estádio do Bonfim, tem como objectivo optimizar o tráfego rodoviária naquela zona e dá, segundo o município de Setúbal, início a uma operação urbanística de grande amplitude num conjunto de vias estruturantes da cidade.

Mobilidade é aposta forte

A empreitada do Terminal Interface de Setúbal, projecto enquadrado no Plano de Mobilidade Sustentável e Transportes de Setúbal, está em marcha. A construção do novo terminal rodoviário junto da estação ferroviária, de um parque de estacionamento subterrâneo e de respectivas áreas e infraestruturas de apoio, vai permitir que todos os serviços fiquem reunidos na Praça do Brasil, onde actualmente já se encontra a estação de comboios. A completar a estratégia de mobilidade está a operação Ciclop7 - Rede Ciclável e Pedonal da Península de Setúbal, que abrange um troço entre o final da Avenida 5 de Outubro e o limite norte do concelho de Setúbal, num total de três mil metros de extensão. A intervenção engloba a criação de uma ciclovia em todo o trajecto, com ligações aos percursos existentes nas avenidas da Europa e Antero de Quental


a região e, futuramente, a um troço a criar no concelho de Palmela no âmbito deste projecto intermunicipal. Além disso, o projeto Ciclop7 promove uma requalificação profunda ao nível da mobilidade pedonal nas avenidas dos Ciprestes e Manuel Maria de Portela, com novos passeios, e a requalificação do troço compreendido entre a Praça do Brasil e a Rua da Tebaida, em consonância com o projecto do Terminal Interface de Setúbal. O Ciclop7 é um dos projetos da marca Território Arrábida, abrange 17 troços, com um total de cerca de 27 quilómetros, e faz a ligação entre Setúbal, Palmela e Sesimbra de forma mais ecológica e inclusiva.

Paços do Concelho mais seguros e organizados

O edifício-sede da Câmara Municipal é alvo de uma operação estruturante destinada a reforçar as condições de segurança e conforto do imóvel e a reorganizar o espaço interior. A intervenção, com um investimento de cerca de 370 mil euros, tem como principal objectivo substituir e reforçar a estrutura da cobertura dos Paços do Concelho. Será realizada por fases e inclui ainda a reabilitação do último piso

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do edifício com reorganização espacial e novas soluções de trabalho e acessibilidade. A obra está enquadrada num plano geral de reabilitação que a Câmara Municipal de Setúbal tem vindo a executar nos Paços do Concelho, de forma a optimizar e modernizar os serviços e a aumentar as condições de trabalho e atractividade, à semelhança do que tem vindo a acontecer nos edifícios dos Ciprestes e do Sado.

“Ouvir a População, Construir o Futuro” dá frutos

A Rua Associação de Moradores Casal das Figueiras encontra-se na última fase de uma operação de beneficiação, levada a cabo no âmbito do projecto municipal “Ouvir a População, Construir o Futuro”, destinada à melhoria das condições de mobilidade, segurança e usufruto do espaço público. Para breve está prevista, pela Câmara Municipal de Setúbal e pela União das Freguesias de Setúbal, uma nova obra de beneficiação daquele bairro, destinada a melhorar a zona envolvente à União Desportiva e Recreativa Casal das Figueiras, criando novas soluções de mobilidade e estacionamento. Também a Rua da Aldeia Grande e Aldeia da Piedade, em Azeitão, estão a ser

USO Janela aberta para o urbanismo do concelho A plataforma USO - Urbanismo Setúbal Online é uma janela digital para o urbanismo do concelho. Operacional desde Março de 2018, surge como resposta do município ao crescente desafio da modernização administrativa e destina-se à agilização administrativa dos processos urbanísticos e ao acesso ao GEOportal SIG - Sistema de Informação Geográfica Municipal.

recuperadas no âmbito do mesmo projecto que dá uma resposta directa a necessidades apontadas pela população. PUBLICIDADE

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Palmela aprofunda reabilitação urbana com vários eixos de acção Mais do que construir, o município está focado em requalificar o que já existe, tanto na vila de Palmela como no Pinhal Novo Inês Antunes Malta (texto) Mário Romão (fotografia)

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econhecendo a importância da revitalização dos centros urbanos para o desenvolvimento do concelho, Palmela é um exemplo de forte empenho no que à reabilitação urbana diz respeito. Entre o Centro Histórico de Palmela e o Pinhal Novo, as duas Áreas de Reabilitação Urbana do concelho, muitas obras estão já no terreno e várias outras integram o plano de acção para o futuro próximo. “Mais do que de reabilitação, trata-se de regeneração. As Áreas de Reabilitação Urbana têm que dinamizar funções ligadas à morfologia do lugar mas que criem vida, não só para os residentes como também para os visitantes. Não se pretende apenas reabilitar e criar autênticos dormitórios. É bom que haja funções mistas, com a componente habitacional, alojamento local, comércio de proximidade, que em conjunto dêem ou-

tra vida ao local”, começa por dizer Álvaro Amaro, presidente da autarquia palmelense. “Pretendemos que as obras que estamos neste momento a desenvolver funcionem como elemento catalisador e dinamizador dos investimentos de particulares. Ao beneficiarmos o espaço público, requalificando-o, damos o exemplo e o espaço passa a ter maior atractividade para que as pessoas pensem em investir, reabilitar, criar os seus negócios”, adianta. Antes da legislação que deu origem às ARU, o município palmelense já tinha um conjunto de medidas de incentivo à reabilitação urbana: o Programa de Financiamento Municipal de Obras de Conservação (FIMOC), exclusivamente dedicado à área do Centro Histórico de Palmela, a minoração do IMI, a redução e a isenção de taxas e o Programa Municipal de Reabilitação Urbana nas áreas delimitadas dos núcleos urbanos O SETUBALENSE

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mais antigos das freguesias de Pinhal Novo, Quinta do Anjo, Poceirão e Águas de Moura. Para facilitar a interpretação, em 2015, o Município de Palmela aprovou a delimitação de duas Áreas de Reabilitação Urbana, no Pinhal Novo e no Centro Histórico de Palmela, e as respectivas Operações de Reabilitação Urbana.

Comércio no Centro Histórico de Palmela

No caso da ARU do Centro Histórico de Palmela, os números são reveladores de dinâmica: dos 282 edifícios existentes e passíveis de enquadramento nesta operação, 64 proprietários já deram início ao processo com vista à realização de intervenções. Estão cerca de 9 obras a decorrer, 7 estão concluídas e a nível global estima-se que esta fase inicial da ORU (Operação de Reabilitação Urbana), com uma validade de 10 anos, represente um investimento privado de 5,1 milhões de euros.


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Exemplo de obra a decorrer na ARU do Centro Histórico de Palmela

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A maioria das intervenções (89%) de reabilitação já realizadas é na zona urbana mais antiga da vila de Palmela.

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O último levantamento indica que 13% do edificado da vila pinhalnovense necessita de intervenção urgente.

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O investimento municipal, no âmbito do Portugal 2020, na qualificação de edifícios de interesse, monumentos e espaço público contribuíram fortemente para que entre 2006 e 2018 os edifícios avaliados como em bom-estado de conservação no Centro Histórico passassem de 393 para 550. Dos 21 considerados em ruína, 8 têm processo de reabilitação a decorrer. A maioria das intervenções (89%) é na zona urbana mais antiga da vila. “Apesar de existir mais alojamento local, mais restauração, mais pequenos negócios de indústrias criativas, etc, não estamos satisfeitos. Verifica-se por parte dos particulares interesse em investir e reabilitar, sobretudo no Centro Histórico, mas para nós o número ainda não é significativo”, considera Álvaro Amaro. Na vila histórica, o presidente destaca o que tem vindo a acontecer em torno do Mercado Municipal de Palmela, com a reabertura de várias lojas. “Este comércio de proximidade, um pronto a comer, mercearia, talho, que passou a ter até outra visibilidade e a ser valorizado neste contexto difícil que vivemos, tem-se reinventado e ajuda a dar vida ao território”, considera. Nos planos está também o incentivo aos equipamentos culturais e aos serviços que, PUBLICIDADE

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na opinião do autarca, são fundamentais para dar vida às ruas. “É necessário que as pessoas sintam que aquelas ruas e que a vila tem vida, seja histórica ou não”, continua.

Pinhal Novo com mobilidade urbana e sustentável

Na ARU do Pinhal Novo, por sua vez, ainda que dentro do mesmo objectivo, o plano acaba por ter uma outra designação. “Não deixa de ser reabilitação urbana, mas está muito focado noutros programas ligados à mobilidade urbana e sustentável”, explica o edil, sem esquecer a acção desenvolvida com e para comunidades desfavorecidas locais.

Na vila de Pinhal Novo uma das preocupações do planeamento é aprofundar a mobilidade entre os dois lados da localidade separados pela via férrea

O último levantamento indica que 13% do edificado da vila pinhalnovense necessita de intervenção urgente. Há registo de 705 edifícios passíveis de enquadramento nesta operação, embora se tenha registado um reduzido número de candidaturas a acções de reabilitação. Tal justifica-se pelo facto de as características do edificado não corresponderem às exigências funcionais e de conforto actualmente requeridas, pelo recentramento dos pólos de vitalidade socioeconómica, das áreas de comércio, serviços e equipamentos de fruição colectiva, que foram sendo relocalizados e qualificados em função das novas dinâmicas urbanas em zonas externas à ARU. Uma tendência que o município pretende contrariar. Presente está também a preocupação de que “a zona sul do Pinhal Novo venha a ter mais intervenções que passam sobretudo pela reabilitação e não propriamente pela nova construção em lotes, que são muito exíguos e por isso não podem acolher edifícios plurifamiliares com grande peso”. No âmbito da resposta às comunidades desfavorecidas, está prevista uma intervenção no Monte do Francisquinho que pretende ter um conjunto de respostas sociais ligadas PUBLICIDADE

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Presidente da autarquia de Palmela prepara novo impulso à reabilitação urbana com programa de dinamização

Reabilitar, e particularmente em zonas históricas, implica um conjunto de constrangimentos, muitos deles de natureza legal e técnica Álvaro Amaro ao associativismo, ao combate à exclusão, através de práticas formativas e performativas, muito direccionadas também para os jovens. “É um ninho de respostas que vamos criar no local, preparando o futuro para uma zona que continua a crescer em termos de construção”, refere Álvaro Amaro.

Aposta na formação é novo desafio

Palmela tem programas de incentivo à reabilitação urbana há vários anos. Ao longo do tempo foi possível perceber as principais dificuldades e necessidades de todos os envolvidos nos processos. “Reabilitar, e particularmente em zonas históricas, implica um conjunto de constrangimentos, muitos deles de natureza legal e técnica. O objectivo não é eliminá-los, até porque existem para proteger e promover a valorização do património cultural como factores de identidade, diferenciação e competitividade”, declara. “Sentimos necessidade de informar os principais actores no terreno, e temos apostado nisso, mas há sobretudo necessidade de formar e quiçá dar mesmo apoio técnico”, adianta, aproveitando para frisar que é aqui

que entra aquele que, nas palavras de Álvaro Amaro, é o “grande desafio”. Depois de uma apresentação realizada em Fevereiro, devido à pandemia, a autarquia adiou um pouco o arranque do programa de dinamização da reabilitação urbana. “Temos o trabalho preparado e um plano até final do ano. Estamos neste momento a apontar para Outubro e esperemos que seja possível fazer”, diz o presidente. O plano tem como eixos a divulgação, a formação e o apoio técnico. A formação, na área da reabilitação urbana e do património construído, conta com acções e sessões de esclarecimento, com especialistas, abertas

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e gratuitas, para investidores, imobiliários, empresas de obras e demais envolvidos. Está prevista ainda a implementação de mecanismos de esclarecimento, com atendimentos mais especializados e acções que ligam melhor a informação e a formação, sem esquecer o apoio técnico directo a obras muito específicas - que vão desde as questões dos materiais à arqueologia, à conservação e ao restauro. “Não podemos ter os centros das nossas vilas abandonados”, diz o autarca palmelense, garantindo que está em marcha a revisão de “um conjunto de regulamentos para facilitar o investimento nestas áreas, a par dos incentivos fiscais e redução das taxas”.



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Alcácer do Sal aposta na reabilitação urbana da cidade e da vila do Torrão

O Centro Histórico de Alcácer regista “uma maior dinâmica e procura de imóveis para reabilitar” comparativamente ao Torrão, que começa agora “a mexer”

Inês Antunes Malta (texto) Direitos reservados (fotografias)

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município alcacerense aprovou, em 2015, a delimitação da Área de Reabilitação do Centro Histórico de Alcácer do Sal. A esta juntou-se, dois anos depois, a Área de Reabilitação do Torrão. Das obras mais simples a intervenções mais profundas, a reabilitação urbana tem vindo a transformar as ruas e os espaços públicos do concelho. Todas as intervenções, realizadas até ao momento, em curso ou previstas para um futuro próximo, “têm como objectivo fulcral a reabilitação das duas zonas antigas de Alcácer do Sal, incentivando a reabilitação do edificado existente por parte dos particulares através da aplicação de vários incentivos”, explica Vítor Proença, presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, frisando que o município “assume uma componente de investimento nos edifícios públicos existentes, e no espaço público, através da renovação de pavimentos, com vista à melhoria das condições de mobilidade, da colocação de mobiliário urbano e intervenção nas redes de infra-estruturas básicas, entre outras”.

Ciclovias ligam vários locais ao centro histórico

Aprovada em Fevereiro de 2015, a Área de O SETUBALENSE

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Novas ciclovias e edificios recentes são sinais de regeneração na cidade alentejana


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O Plano de Mobilidade do Torrão é um instrumento central na reabilitação da vila

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Reabilitação Urbana do Centro Histórico de Alcácer do Sal tem assim beneficiado de obras de reabilitação do espaço público levadas a cabo pelo município. Exemplo disto são as duas ciclovias que ligam a cidade aos Bairros da Quintinha e do Forno da Cal, na margem sul do rio Sado. Também ao nível de infra-estruturas básicas e de melhoria de pavimentos, estão actualmente em execução duas empreitadas de grande dimensão, nomeadamente a Interface de Transportes e o Parque Urbano de Alcácer do Sal, ambas na zona nascente da cidade. A ARU do Centro Histórico de Alcácer do Sal abrange uma área de 46,8 hectares e mais de 1000 edifícios. Por estar localizada na sede do município e pelo seu tempo de existência tem, segundo o presidente da autarquia, “uma maior dinâmica e procura de imóveis para reabilitar” comparativamente à ARU do Torrão, criada em 2017, que abrange 39,49 hectares da vila desde o seu núcleo mais antigo às áreas envolventes de génese mais recente. Só nos primeiros dois anos de vigência, a ARU de Alcácer do Sal abrangeu a reabilitação de 27 edifícios e foram isentas de pagamento taxas municipais no valor de 7.158,88 euros. A concretização destas primeiras obras serviu de exemplo a outras, tendo-se verificado um crescimento neste sentido. No total, desde a aprovação desta ARU até agora, foram reabilitados mais de 60 imóveis.

Mobilidade e infra-estruturas são aposta no Torrão

O trabalho desenvolvido é visível, principalmente em Alcácer do Sal, onde várias dezenas de edifícios foram reabilitados nos últimos anos. Vitor Proença

Dois anos depois, em 2017, viria a ser aprovada a delimitação da Área de Reabilitação Urbana do Torrão, que pretende reverter a degradação do edificado da vila e promover a sua revitalização económica e social. Ao longo dos anos, o espaço público torranense tem vindo a ser alvo de obras e encontra-se neste momento em concretização o Plano de Mobilidade do Torrão. Estas intervenções contemplam a remodelação da rede de abastecimento de água, melhoramentos na rede de esgotos e rede de águas pluviais e remodelação de pavimentos, com a colocação de calçada e lajetas de granito em algumas ruas do centro histórico da vila do Torrão no sentido de melhorar as infra-estruturas básicas locais e a mobilidade pedonal. A ARU do Torrão ainda não alcançou números da ARU do Centro Histórico de Alcácer do Sal, facto que na opinião de Vítor Proença se justifica por ter sido aprovada em data mais recente, mas “começam agora a ver-se alguns resultados com a entrada de processos de reabilitação de imóveis”. O SETUBALENSE

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“O Palácio do Sal colmata uma lacuna no alojamento turístico” Vítor Proença, presidente da Câmara de Alcácer do Sal, defende a importância da reabilitação urbana para o desenvolvimento do concelho Das obras em curso quais destaca? Das obras realizadas mais recentemente destaca-se, pela sua dimensão e impacto que irá ter na criação de emprego, o Palácio do Sal, hotel de 4 estrelas que está a ser construído na Av. dos Aviadores. Este projecto, que colmatará uma lacuna na oferta de alojamento turístico da cidade, prevê a criação de 75 unidades de alojamento, num total de 150 camas turísticas. Estava prevista a sua conclusão até ao final do ano, sendo que, com os constrangimentos criados pela pandemia do Covid-19, poderá existir necessidade de prorrogação do prazo. Em termos de investimento privado na ARU do Centro Histórico de Alcácer do Sal, será esta a obra mais relevante, sem prejuízo de outras de menor dimensão que têm também contribuído para a recuperação do edificado existente. E no que diz respeito a investimento municipal? Ao nível de edifícios e equipamentos municipais, temos a já concretizada reabilitação da antiga Igreja do Espírito Santo, onde funciona actualmente o Museu Pedro Nunes, inaugurado no passado ano de 2019. Em curso está a reabilitação da


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Oficina da Criança e da Escola dos Telheiros, intervenções de extrema importância em equipamentos de apoio aos mais jovens. Em que medida o trabalho desenvolvido até agora mudou o concelho? O trabalho desenvolvido é visível, principalmente em Alcácer do Sal, onde várias dezenas de edifícios foram reabilitados nos últimos anos. Entre obras mais simples de conservação e reparação até intervenções mais profundas que recuperam edifícios devolutos, transfigurando as ruas, praças ou largos onde se localizam, o impacto é considerável. A recuperação dos edifícios também gera trabalho na construção civil, o que consequentemente tem impacto positivo na economia local. Mesmo as reabilitações de menor dimensão têm aumentado desde o primeiro ano de vigência da ARU do centro histórico, o que confirma a receptividade dos proprietários aos apoios e benefícios concedidos no âmbito da mesma. Que Alcácer do Sal teremos no futuro? Revimos recentemente, em 2017, o Plano Director Municipal, pelo que dispomos

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hoje de uma ferramenta de planeamento actualizada e capaz de dar resposta às necessidades do município. Existem diversos projectos privados já implementados e outros em curso, destacando-se os empreendimentos turísticos em espaço rural e diversos projectos agrícolas, que contribuem para gerar riqueza em todo o território municipal. Para além da concretização das empreitadas de obras públicas actualmente em curso, está prevista a realização de diversas obras municipais: o Centro de Apoio à Divulgação e Fruição do Rio Sado, a Iluminação Cénica do Património Edificado II e os projectos nos Bairros de São João e Olival Queimado, nos quais o município tem já algum histórico de intervenção. Quanto ao futuro, pretendemos continuar a implementar um conjunto de políticas de mobilização dos recursos e activos territoriais em favor da criação e/ou consolidação de dinâmicas económicas e sociais com relevância estratégica para o nosso desenvolvimento futuro, em prol das populações e dos agentes económicos, sociais e culturais do concelho.

Vitor Proença

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Seixal incentiva regeneração de cidades, vilas e aldeias do concelho Da Amora à Arrentela, passando por Corroios e Paio Pires, os edifícios mais degradados dos núcleos urbanos antigos, estão a dar lugar a fachadas com cor e vida Inês Antunes Malta (texto) Direitos reservados (fotografias)

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Regeneração do espaço público nas zonas ribeirinhas do Seixal, Arrentela e Amora tem atraído investimentos

reabilitação urbana é uma forma de intervenção no território em que o património é mantido, no todo ou em parte substancial, e modernizado através de obras de remodelação ou beneficiação, construção, reconstrução ou alteração dos edifícios. Em território seixalense, existem quatro Áreas de Reabilitação Urbana, nas quais é necessário preservar o património existente e simultaneamente criar melhores condições de habitabilidade e qualidade de vida. Entre as ARU do Seixal, Arrentela, Aldeia de Paio Pires, Amora e Corroios, a Câmara Municipal do Seixal promove projectos municipais de apoio à reabilitação do edificado como “Pinte a sua casa” e “Reabilite o seu prédio”. Este último é um incentivo à recuperação de fachadas e/ou de coberturas de imóveis de habitação multifamiliar, de forma a estimular a recuperação do parque habitacional. Dirigido a administradores de condomínio ou proprietários de edifícios multifamiliares ou mistos, este programa cria incentivos para que o património existente possa ser reabilitado exteriormente. Segundo valores apurados em 2019 pelo município, foram aprovadas 106 candidaturas a este programa, das quais seis dizem respeito a candidaturas para coberturas, perfazendo um total de 135 mil euros comparticipados pela autarquia. No âmbito das ARU, o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos, explica que “são ainda desenvolvidos procedimentos de hasta pública de edifícios municipais e espaços públicos com duplo objectivo: a reabilitação e rentabilização dos espaços e a captação e implementação de novas actividades económicas, dinamizadoras do território, com diversificação de serviços, captação de novos públicos e geradores de emprego”.

Forte investimento municipal atrai investimento privado

“O forte investimento municipal realizado desde há alguns anos nas frentes ribeirinhas do Seixal, Arrentela e Amora, requalificando o espaço público, trouxe além do usufruto imediato do espaço, por parte dos munícipes, a atracção de diversos investimentos privados”, começa por referir Joaquim Santos, presidente da Câmara Municipal do Seixal, dando o exemplo de “uma ‘rede’ de restaurantes que se implantou nessas zonas e dos quais se destacam o Mundet Factory, Tapas ao Rio, Brisa da Baía, Oficina ou o Senhor Miyagi”. O presidente da autarquia seixalense revela ainda que “está neste momento em construção um hotel de quatro O SETUBALENSE

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A Baía do Seixal vai ser um laboratório vivo para a descarbonização

estrelas numa pequena parte da antiga fábrica da Mundet, onde a manutenção parcial da fachada foi uma exigência da Câmara Municipal, de modo a preservar a memória colectiva do Seixal”. Ainda na zona da antiga fábrica da Mundet, a construção do Pavilhão Desportivo Municipal Leonel Fernandes, em homenagem a um homem do Seixal, que foi um nome de referência do hóquei em patins mundial, e o Parque Urbano do Seixal, bem como a requalificação do Estádio do Bravo, são obras em curso. O Laboratório Vivo para a Descarbonização da Baía do Seixal compõe o rol dos projectos em curso. Com várias vertentes de actuação, consiste “em parcerias entre o município seixalense e entidades privadas para o desenvolvimento de projectos que contribuam para a redução da pegada ecológica”.

Vila ARU do Seixal regista maior incidência de pedidos Relativamente a dados estatísticos verifica-se que desde 2014 o município do Seixal recebeu “um total de 134 pedidos de realização de operações urbanísticas para a reabilitação do edificado particular,

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existindo maior incidência de pedidos na Área de Reabilitação Urbana do Seixal. No total, contam-se até ao momento 38 processos com obra concluídos”, adianta.


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“Assumimos a reabilitação como fundamental para a valorização dos núcleos urbanos antigos” O presidente da Câmara do Seixal revela que o executivo está a preparar uma proposta para criação de novas das Áreas de Reabilitação Urbana no concelho e alargamento das existentes, para levar a reabilitação a novos locais do concelho, aproveitando os fundos comunitários e nacionais disponíveis. Que estratégia tem sido implementada no Seixal para a reabilitação urbana? A estratégia municipal delineada é ser o catalisador da atractividade do território do concelho do Seixal, quer a nível nacional, quer internacional, na medida em que investe recursos em diferentes áreas, como apoios e benefícios aos proprietários para reabilitação do património, desenvolvimento de projectos de qualificação dos espaços públicos, promoção de iniciativas e projectos para o sector turístico e para a captação de actividades económicas e de emprego. Este interesse é verificado em investimento, com a aquisição e reabilitação dos edifícios e a criação de novas actividades empresariais, e em resposta da comunidade e do uso do território. Aqui falamos nos consumidores e investidores, na fixação de novos residentes e no aumento e diversificação de novos públicos. Estas acções de melhoria da qualidade de vida criam um sentimento de identidade e pertença na comunidade, quer na residente, como na de quem a visita e trabalha. Em que medida tem sido geradora de mudança no edificado? Assumimos a reabilitação e regeneração urbana como estratégia fundamental para a consolidação e valorização dos núcleos urbanos antigos. Muitas das habitações das zonas mais antigas do concelho estão bastante degradadas e envelhecidas. É urgente intervir para que o património seja preservado. Ao mesmo tempo que se criam melhores condições de habitabilidade nos edifícios, melhora-se a qualidade de vida dos munícipes, dos visitantes, promove-se a fixação da população e impulsiona-se o sector empresarial, na óptica dos serviços e do emprego. Neste contexto, em 2014, a Câmara Municipal do Seixal aprovou as Áreas de Reabilitação Urbana do Seixal, Arrentela, Aldeia

Joaquim Santos, presidente da Câmara Municipal do Seixal

de Paio Pires, Amora e Corroios, e as respectivas Operações de Reabilitação Urbana (ORU) correspondentes aos núcleos urbanos antigos do concelho do Seixal, nas quais foram estabelecidos benefícios e incentivos municipais à reabilitação do edificado, a ser promovida pelos particulares. Nas ARU, as operações urbanísticas são simplificadas e o acesso a incentivos para obras de reabilitação é facilitado. Para além dos benefícios e incentivos previstos para os proprietários que reabilitarem o seu património edificado, a delimitação de territórios ARU permite que o município e os proprietários possam candidatar-se a outros fundos, como os fundos comunitários previstos no Portugal 2020 e o Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas. O facto de o âmbito dos “objectos” e a natureza das intervenções abrangidas por O SETUBALENSE

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estes fundos serem mais amplos torna o investimento mais atractivo, promovendo investimento de maior escala. Que planos para o futuro tem o município nesta área? No que respeita à gestão das ARU, está, neste momento, a ser trabalhada uma proposta para criação de novas das Áreas de Reabilitação Urbana no concelho e alargamento das existentes, de forma a impulsionar o investimento em novos locais, através do acesso aos fundos comunitários e nacionais. As novas áreas de reabilitação ainda não estão completamente definidas. No entanto, poder-se-á dizer que a delimitação destas áreas assenta essencialmente na estratégia de reabilitação do parque habitacional com mais de 30 anos, dos núcleos industriais abandonados e na requalificação dos espaços e equipamentos públicos.


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Alcochete transforma o antigo em contemporâneo sem perder identidade cultural Para Fernando Pinto, presidente da Câmara Municipal, “o urbanismo não para e a preservação da identidade cultural de um concelho é algo que o diferencia dos outros” Inês Antunes Malta (texto) Direitos reservados (fotografia)

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Área de Reabilitação Urbana do Núcleo Antigo de Alcochete, com uma área com cerca de 18,37 hectares, surge da necessidade de impulsionar a reabilitação do edificado existente, cujo valor patrimonial é importante preservar. Para o município de Alcochete, a regeneração urbana é ao mesmo tempo uma prioridade e um desafio. “A importância da reabilitação urbana no concelho de Alcochete é fundamental para a renovação da malha arquitectónica tradicional do núcleo histórico da vila”, começa por dizer Fernando Pinto, presidente da autarquia. O objectivo passa pela criação de um modelo de desenvolvimento sustentável, sem nunca perder de vista a forte identidade local e as características naturais que fazem parte e

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distinguem o concelho na Área Metropolitana de Lisboa. “O urbanismo não para. Há sempre coisas a desaparecer e coisas novas a surgir”, afirma, esclarecendo que “nessa mudança, temos de ter cuidado pois a preservação da identidade cultural de um concelho é algo que o diferencia de todos os outros. E isso nunca se pode perder”.

Reabilitação urbana traz valor ao núcleo antigo da vila Com intenção de dignificar o espaço público, promover o bem-estar e a qualidade de vida e potenciar novas oportunidades turísticas, culturais e económicas, em 2009 o município deu início ao programa de acção para a regeneração da frente ribeirinha de Alcochete, desde o Sítio das Hortas até ao Cais Palafítico de Samouco. O SETUBALENSE

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A malha urbana da vila tem sido renovada mantendo a tradição do centro histórico

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ARU de Alcochete abrange uma área de 18 hectares


a região 30 As requalificações da Rua João de Deus, da Rua do Catalão, o acesso poente à Biblioteca de Alcochete e o plano de harmonização de sinalética e mobiliário urbano são exemplos de acções realizadas e que trouxeram valor acrescentado ao núcleo antigo da vila alcochetense. A inauguração do “Passeio do Tejo”, área junto ao rio para fruição pública, em 2014, foi o momento mais significativo da estratégia de valorização territorial de Alcochete. A ela juntaram-se as requalificações da Rua do Norte e do Largo da Misericórdia, espaço nobre da via de Alcochete, para dar um novo ar à frente ribeirinha - que assume desde aí um maior protagonismo na malha urbana e se traduz numa alavanca para novas oportunidades, para uma maior dinamização do tecido económico e empresarial e consecutivamente para a competitividade da vila. Neste sentido, o presidente aponta a sua aposta para “sangue novo na economia”, que se traduz sobretudo em “criatividade, empresas jovens criadoras de know-how indutor de desenvolvimento”.

Alteração equilibrada da arquitectura é mais importante que a estatística

Em Alcochete, existem actualmente vários processos de reabilitação, pelo que “os dados

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O lema em Alcochete é reabilitar sem perder a identidade cultural local

estão constantemente a ser ultrapassados”. Nas palavras de Fernando Pinto, “mais importante que os dados estatísticos é a alteração equilibrada da arquitectura do concelho” e os novos projectos “não só cumprem os requisitos necessários que uma intervenção na

“A transformação de Alcochete tem sido notória com reabilitação e construção de qualidade”

Fernando Pinto, presidente da Câmara Municipal de Alcochete

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zona histórica implicam como complementam de forma harmoniosa aquilo que se pretende para a evolução de um concelho com tradições vincadas”. O lema é reabilitar sem perder a identidade cultural local. “Não podemos deixar de acompanhar o progresso e o desenvolvimento mas também não podemos perder aquilo mais genuíno que nos diferencia”, garante o autarca. Para além das acções de reabilitação urbana na freguesia de Alcochete, tal como se pode ler no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano de Alcochete, é também objetivo do município desenvolver acções de revitalização nos núcleos urbanos das freguesias de Samouco e de São Francisco, estimulando a requalificação do património urbano e a recuperação do património arquitetónico, no âmbito da legislação específica aplicável, recorrendo aos quadros nacionais e comunitários financeiros disponíveis de apoio. No âmbito da regeneração urbana, a Câmara Municipal de Alcochete tem vindo ainda a desenvolver o programa “A RUA também é SUA!”, através do qual informa os proprietários sobre os benefícios fiscais de que podem usufruir caso reabilitem um imóvel que esteja localizado em área de reabilitação urbana.

O presidente da Câmara Municipal de Alcochete diz que muito já foi feito na recuperação urbana e que as novas construções valorizam a arquitetura do concelho Como podemos caracterizar a ARU do Núcleo Antigo de Alcochete? Que investimento e projectos existem? Transformar o antigo em contemporâneo sem com isso perder a identidade cultural do território é um desafio para qualquer autar-


a região quia. Muito já foi feito dentro deste conceito assim como novas construções que têm vindo a ser erigidas e que muito valorizam a arquitectura contemporânea do concelho de Alcochete. E que impacto tem na vida do concelho? A construção civil, grosso modo, gera emprego e movimenta vários sectores, desde a areia para o cimento até ao elemento decorativo mais sofisticado. Obviamente que tudo isto se reflecte na economia do concelho. Tendo em conta que tanto a reabilitação como a construção são de qualidade, a transformação social e económica tem sido notória. Melhores restaurantes, melhores espaços públicos, melhores oportunidades de negócio. Um reflexo bastante positivo, diga-se. No que concerne à reabilitação em particular, a renovação dos bairros históricos mantendo a sua traça foi muito importante para a manutenção de uma identidade sui generis que queremos preservar. Quais são os planos para o futuro? Há intenção de criar outras ARU no concelho? Os planos para o futuro só podem ser ambiciosos. Não uma ambição desmedida sem noção da realidade mas uma ambição controlada de acordo com os recursos financei-

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ros da autarquia. Temos projectos interessantes que em breve vamos apresentar que vão seguramente imprimir uma dinâmica mais contemporânea ao concelho. Tanto a nível de arquitectura como da criação de novos polos de investimento em áreas que até aqui nunca tinham sido criadas.

A renovação dos bairros históricos assenta na manutenção da traça tradicional PUBLICIDADE

Praça do Quebedo n.ºs 23-24-25 | 2900-575 Setúbal Tel. 265 522 928 / 265 535 127 | Tlm. 918 732 193 /4/8 e-mail: associacao.setubal@acpsetubal.pt

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Materiais reciclados e proximidade distinguem obras de Pedro Marques De e para Setúbal, esculturas têm a região como principal inspiração e representam elementos, pessoas e histórias locais Inês Antunes Malta (texto)

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escultor Pedro Marques junta o reaproveitamento de materiais à criatividade para executar as suas peças. Nasceu em Setúbal, na freguesia de São Sebastião, vive actualmente em Palmela e conhece bem e desde sempre tudo o que é a vida no campo. Profissionalmente dedicou-se à manutenção industrial, das refinarias e das plataformas de petróleo, mas teve, desde muito novo, uma grande paixão pelo design, pela arquitectura e claro... pela escultura.

Vinho da região inspira criação

Foto em cima à esquerda direitos reservados, fotos em cima à direita Inês Antunes Malta

Embora já criasse peças de decoração por pedido, foi em Setembro de 2011 que deu início à sua actividade como escultor. “A construção estava parada. Já tinha feito esculturas mais pequenas, sem grandes objectivos, e nessa altura, com algum tempo livre e as máquinas disponíveis, acabei por fazer a “Deusa do Vinho”, recorda o escultor. A peça, que foi, entretanto, adquirida pela Junta de Freguesia de Azeitão e está hoje no Azeitão Bacalhôa Parque, é um retrato nítido da ligação de Pedro Marques ao vinho e à agricultura e o início de um caminho que viria a ser promissor. A vontade de explorar e de aprender acabou por levar o escultor para fora de Portugal para estabelecer contactos e conhecer novas realidades. Com o tempo, começaram a surgir oportunidades. O ano passado abriu um atelier em França e diz que “felizmente tem corrido bem também lá fora”. Realizou diversas viagens mas é a casa que volta sempre. “Conheço outros sítios, de que se fala muito, mas vivemos num paraíso e é daqui que a minha inspiração vem sempre. Este triângulo Setúbal-Palmela-Sesimbra é único”, considera.

Esculturas ganham nova vida a partir de formas já existentes

Pedro Marques tem o ferro e os aços como materiais de eleição e o tratamento que lhes dá de modo a que estes ganhem um aspecto envelhecido é, a par da reciclagem, um aspecto diferenciador do seu trabalho enquanto escultor. “Trabalho o máximo possível, quase 100 por cento, com material reciclável. Todas as semanas vou aos sucateiros. Trago material de Espanha, de França, dos sítios por onde ando, mas a maioria é português”, refere, explicando que é capaz de “ver logo o potencial da peça” e que apesar de por vezes fazer alguns cortes “a maior parte das peças já tem aquela forma, aquele corte, aquele feitio”. Exemplo disto são os flamingos do Moinho de Maré da Mourisca. “80 por cento das peças já tinham aquela forma. São recortes da indústria, das máquinas de laser”, explica. Pedro Marques pretende, com as suas criações, despertar emoções e alegrar os sentidos de quem observa as suas obras e na cidade de SeO SETUBALENSE

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Inauguração do Salineiro nas Praias do Sado em cima e autor Pedro Marques junto a "Labirinto dos Sentidos" à esquerda Fotos direitos reservados

Distinção Trabalho reconhecido e premiado a nível internacional O "Labirinto dos Sentidos" recebeu no final de 2019 o prémio do público na 6.ª Bienal de Montreux, numa cerimónia realizada na Montreux Art Gallery, no Centro de Congressos de Montreux, na Suíça. Pedro Marques explica que a obra representa “o mundo do vinho e das vinhas, que é um verdadeiro labirinto” e deixa o agradecimento: “no fundo, quem ganhou foram os setubalenses, foram os portugueses, foi a comunidade emigrante, porque eles é que votaram e o que ganhou foi o voto, como é lógico. O meu muito obrigado a todos eles”. O SETUBALENSE

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túbal existem várias oportunidades para o fazer. Os malmequeres e a Fonte do Conhecimento, na Reboreda, foram a primeira instalação de Pedro Marques na cidade do rio azul. Seguiu-se o Cardume, na Avenida 22 de Dezembro, em direcção ao rio, obra da qual Pedro destaca uma particularidade: “Pouca gente repara nisso, mas há um peixe virado ao contrário. Todos estão a ir em direcção ao rio e há um virado para o lado do Estádio do Vitória”. A escultura em homenagem aos motards, por sua vez, marca presença na Rotunda da Praça do Tratado de Lisboa. “Representa toda a união que só se vê no mundo motociclista. O que acaba por separar essa união é o acidente, por isso as rodas estão no meio. O capacete está no topo e a mensagem que pretendo transmitir, o significado da peça é esse: há que viajar sempre em segurança”, esclarece. A completar o conjunto de elementos escultóricos da autoria de Pedro Marques em Setúbal está o Salineiro, nas Praias do Sado. Em homenagem à profissão que marcou o contexto económico e social no Estuário do Sado, a obra define em aço e inox as figuras de três salineiros durante o processo de extracção do sal.

A presença da escultura na imagem e identidade de uma cidade Na opinião de Pedro Marques, “um povo sem cultura não tem identidade. A cultura faz parte do povo. A cultura é uma coisa imensa, e quanto mais investimento houver na cultura maior é a riqueza”, afirma. “Para mim, Setúbal é um orgulho e é um orgulho poder participar e ter obras na cidade. Por norma, tento que as obras se identifiquem com aquilo que é a cidade, que tenha um sentido, uma ligação”, remata.



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Esculturas de João Duarte em espaços urbanos guardam até os sons da cidade “Menina com bicicleta” será a quarta Gorda da cidade de Setúbal. Vai ser colocada na Avenida Luísa Todi Inês Antunes Malta (texto)

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utor das Gordas, que embelezam o Largo da Ribeira Velha, a Avenida Luísa Todi, mesmo em frente ao Arco da Ribeira Velha, e o Largo da Misericórdia, João Duarte encontrou na escultura a sua forma de se expressar para o mundo. Em Setúbal, o autor, ligado à escultura, medalhística e à numismática, encontrou espaço para expor alguns dos frutos desta sua paixão que descobriu muito cedo. “Foi desde a instrução primária, com o meu professor da 3ª classe, que ao fazer um presépio pelo Natal fiquei fascinado pela modelação. A escultura tornou-se a partir desse momento a minha paixão”, partilha João Duarte. “Toda a minha actividade escultórica tem uma vertente poética, que se insere no panorama artístico português desde 1980 até ao presente”, continua.

Toda a minha actividade escultórica tem uma vertente poética, que se insere no panorama artístico português João Duarte

“Menina com bicicleta” contribui para embelezamento urbano da Avenida Luísa Todi

Escultor urbano, ligado a situações urbanas, para além das suas três “meninas” ou “gordinhas”, como carinhosamente lhes chama, em Setúbal terá, ainda este ano, se tudo correr como esperado, a “Menina com bicicleta”.

Gorda no Largo da Misericóridia e autor João Duarte Fotos direitos reservados PUBLICIDADE

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Foto à esquerda direitos reservados, foto em cima Inês Antunes Malta

A ser colocada, em data a determinar, na ciclovia da placa central da Avenida Luísa Todi, a quarta Gorda encontra-se a ser fundida na Alfa Arte, em Eibar, perto de Bilbao, tal como as outras, e vem juntar-se ao grupo e enriquecer a componente escultórica do tecido urbano da cidade de Setúbal. “A implantação destas esculturas nos respectivos espaços é fruto de uma cooperação de equipa, formada pela presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, e por Nuno Viterbo, arquitecto da autarquia”, declara, frisando que “as três esculturas presentes na zona velha da cidade de Setúbal ajudam a construir a sua identidade”. Para João, “nas esculturas colocadas em espaços urbanos estão lá os sons citadinos, a vibração dos sons das cidades. Elas falam com a envolvente física e com quem as vê”. Sobre a relação que as esculturas estabelecem com os locais onde se encontram inseridas, fazendo assim parte da construção da imagem e identidade de uma cidade, o escultor considera ainda que “existe uma relação quase íntima entre as esculturas e os passantes”.

A mulher como protagonista de todas as peças

Elementos escultóricos a que ninguém fica indiferente, as Gordas são representações tridimensionais de momentos quotidianos das pessoas, sendo a mulher a protagonista de todas as cenas. “A minha abordagem plástica O SETUBALENSE

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não incide unicamente no corpo feminino, mas também nas expressões intuitivas e espontâneas da mulher. Os rostos remetem-nos para uma profunda contemplação, e alguns gestos e posturas são universalmente intuídos pela personalidade feminina”, refere, adiantando que nas suas peças, além de expressar as suas inquietações, conta também “uma história, um ritual, um momento rotineiro de todos nós” ao mesmo tempo que utiliza “a ironia para transmitir mensagens de momentos do quotidiano ou de estereótipos da sociedade”.

e tenta sempre “simplificar ao máximo as esculturas sem que percam o significado, através da geometria, utilizando planos e linhas para encontrar o equilíbrio”. Autor de 185 medalhas, 15 moedas comemorativas editadas pela Imprensa Nacional Casa da Moeda, e de centenas de esculturas, presentes em Portugal e além-fronteiras, João Duarte conta com 50 monumentos públicos em Portugal e já fez dezenas de exposições individuais e colectivas de escultura, medalhística e numismática a nível nacional e internacional.

“O campo da escultura é uma coisa infinita”

Resultado do trabalho que tem vindo a desenvolver ao longo de mais de 40 anos de carreira, João Duarte considera que “é através das novas tecnologias que o campo da escultura é uma coisa infinita. O universo está a ser modificado e o próprio conceito de escultura também está a ser transformado. Não só o artista o transforma como ele próprio está a transformar o artista. Há uma simbiose entre o artista e o universo, e vice-versa. E isso é arte”. Como fonte de inspiração, João Duarte diz ter “tudo o que me rodeia, o que me sensibiliza, o mundo que passa por mim a todo o momento e que me toca a fim de eu o poder transformar”

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João Duarte é autor de 185 medalhas, 15 moedas e centenas de esculturas PUBLICIDADE

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SECILTEK - Um ano a dar forma às novas cidades Nova marca da SECIL, na área dos materiais de construção, foi bem recebida pelo mercado e registou níveis de notoriedade extremamente altos

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á pouco mais de um ano nascia uma nova marca de materiais de construção. “Foi em 2019 que assistimos ao nascimento e crescimento da família SECILTEK, seja através do incansável trabalho de divulgação da marca, seja pela crescente rede de clientes, aplicadores ou prescritores que foram testando e comprovando a qualidade dos produtos e serviço técnico, essencial para garantir um resultado final de eleição”, destacam os responsáveis. Um projecto, que se justifica, “para fazer face ao desafio do novo paradigma do mercado da construção, em que cada vez mais se exige um equilíbrio entre a reabilitação de edifícios e nova construção. Com uma comunicação intitulada “Dar forma às novas cidades”, de modo a dar resposta a este mercado tão dinâmico, foi desenvolvida uma forte imagem de marca e reestruturado todo o portefólio de produtos. As 13 gamas de soluções de construção que o compõem facilitam a comunicação da abrangência da marca e revelam uma oferta completa e adequada às necessidades do mercado”, é realçado pelos responsáveis do projecto. A marca destaca “a ligação com o mercado, fruto de uma proximidade quase diária, e que deixa excelentes perspetivas para um sucesso de crescimento em parceria para os próximos tempos”. Este conceito de família “que se foi criando lançou o mote para a nova campanha de comunicação SECILTEK, que terá início este mês, com uma forte componente digital. Uma comunicação que tem como objectivo chegar aos diferentes públicos, de acordo com o tipo de solução a comunicar, dando forma às ideias, seja qual for o projecto”.

Soluções SECILTEK Para isolar termicamente um edifício de serviços ou habitacional, uma obra nova ou uma obra de reabilitação é importante fazer uma escolha de forma informada, garantir uma metodologia de aplicação correcta e optar por sistemas ETICS com Aprovação Técnica Europeia. A oferta da SECILTEK passa por várias opções e o sistema ISOVIT CLÁSSICO é a solução mais convencional e económica. O sistema ISOVIT Clássico, de painéis em EPS, garante um elevado desempenho térmico, leveza, facilidade de manuseamento, corte e ajuste. O acabamento acrílico decorativo com ISOVIT REV pode ter uma textura fina e média numa vasta opção de cores que podem ser afinadas. O ISOVIT CORK – solução sustentável, 100% português consiste num painel em aglomerado de cortiça expandida ICB, e é a garantia de uma performance térmica elevada, da melhoria do isolamento acústico e da qualidade da produção nacional. A excelência desta solução, sob

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o ponto de vista da sustentabilidade e da permeabilidade ao vapor de água, deve-se à associação da cortiça à Cal Hidráulica Natural (NHL). Para a colagem e regularização dos painéis ICB aplica-se ISOVIT E-CORK, uma argamassa de NHL aligeirada com pó de cortiça. Este sistema permite um acabamento areado fino com REABILITA CAL AC, argamassa exclusiva com NHL, e posterior aplicação de pintura à base de silicatos com ISOVIT AD 25 (primário) e ISOVIT REV SP (tinta de silicatos). Desta forma é possível assegurar uma boa permeabilidade ao vapor de água. A outra opção é o sistema ISODUR–re-

Escola de Hotelaria de Setúbal - aplicação de ISODUR

DR

boco térmico fácil de aplicar e resistente. O ISODUR distingue-se dos restantes sistemas de isolamento térmico pela resistência mecânica, facilidade de aplicação e elevada durabilidade. É o único sistema que assegura um isolamento térmico contínuo, sem juntas nem fixações, aderindo aos suportes ininterruptamente. O desempenho térmico sem perda de características mecânicas, a variedade de acabamentos e simplicidade de metodologia de aplicação são factores determinantes na escolha desta solução de isolamento pelos projectistas, aplicadores e utilizadores em geral.

Mais conforto e isolamento térmico em habitação social Os edifícios de habitação social são, na sua maioria, construídos com parede simples ou dupla de tijolo ou bloco. Actualmente uma parte significativa do investimento público tem sido para a melhoria do conforto térmico e acústico dos seus habitantes. Nas obras de reabilitação dos bairros sociais a escolha preferida é a aplicação de isolamento térmico

Bairro Quinta da Mina Barreiro - aplicação de ISODUR

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pelo exterior ou interior com sistemas ETICS (Sistema Compósito de Isolamento Térmico pelo Exterior) ou de argamassas de desempenho térmico melhorado, conhecidos como rebocos térmicos. A SECILTEK, com as suas soluções de isolamento térmico, tem contribuído para esta melhoria significativa do conforto da população.


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A escultura e o privilégio de intervir no espaço público onde vive Trabalhos de Luísa Perienes, maioritariamente em pedra, embelezam vários locais da cidade de Setúbal Inês Antunes Malta (texto)

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asceu em Setúbal mas foi em Lisboa que se licenciou em Artes Plásticas - Escultura na então Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Corria o ano de 1979. Logo nesse ano Luísa Perienes começou a sua actividade enquanto escultora, que mantém até aos dias de hoje. “Gostava de desenhar, decidi concorrer e entrei na então Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, que ainda não era faculdade. Tirei várias especialidades, entre as quais pedra e metais, ainda a implementação das máquinas para talhe directo”, recorda Luísa Perienes, escultora e professora na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. “Até ao século XIX, e ainda em parte do século XX, no caso da escultura em pedra, o escultor modelava a obra em barro, que era de seguida

passada para gesso. Finalmente, um grupo de canteiros, homens especializados na escultura em pedra, copiava literalmente o modelo de gesso para a pedra”, continua esclarecendo que este era um processo que assim envolvia um elevado número de pessoas, o que acabava por se reflectir no preço da obra. Depois de um curso intensivo de escultura em pedra com João Cutileiro, “que na altura introduziu em Portugal outro tipo de escultura, nada académica, com máquinas de corte a seco”, Luísa percebeu que “se tivesse as máquinas e acesso a uma série de rochas podia, com maior autonomia, desenvolver o seu trabalho”. A implementação destas máquinas veio revolucionar a escultura, também autonomizando o trabalho do escultor e foi assim que Luísa deu início ao seu percurso. Sobre a inspiração que a motiva a realizar as O SETUBALENSE

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suas obras, Luísa conta que certo dia “ao falar com um dos meus mestres da Escola Superior de Belas Artes, o mestre Euclides Vaz, perguntei-lhe pela inspiração. Ele respondeu-me: olha, filha, trabalha, trabalha!”. Estas são palavras que guarda consigo desde esse momento e que fazem para si todo o sentido: “É isto mesmo. Nós podemos ter ideias. Os escultores, os pintores, os artistas podem ter ideias. Essas ideias têm de ser trabalhadas”.

Sardinhas saltam do mar para a Rotunda das Fontainhas

O trabalho de Luísa Perienes é maioritariamente realizado em pedra e em Setúbal existem vários locais onde o mesmo pode ser apreciado, a começar pela rotunda das Fontainhas. Inaugurada a 15 de Setembro de 2014, “Sardinhas” é uma obra que consiste em três sardinhas


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Viagem artística A história da cidade pode ser contada através da escultura Nas palavras de Luísa Perienes, “a escultura tem a particularidade de ser bastante visível, dada a sua tridimensionalidade. Tem esse privilégio, intervém no espaço, seja em pequena ou em grande dimensão”. A escultora, que considera sempre bem-vinda a ideia de que “este tipo de obras de arte possa existir na cidade”, diz ainda que “é mais interessante percorrer uma cidade e ver várias esculturas de várias épocas, que também contam um pouco da história da cidade e das pessoas que lá viveram”. Dá como exemplo o caso das representações escultóricas de Bocage e de Luísa Todi, do pintor João Vaz, de Olavo Bilac, do Calafate e de tantos outros que alindam vários espaços setubalenses. “Penso que é sempre importante haver representações, quer de personalidades, quer de outras temáticas, que contam a história da cidade”, remata.

Foto à esquerda direitos resevados, foto em cima à direita Pedro Soares e foto em baixo à direita Carlos Dutra

Perguntei a um dos meus mestres, Euclides Vaz, pela inspiração. Ele respondeu-me: olha, filha, trabalha, trabalha! Luísa Perienes

em pedra, a sair do mar, apontadas ao céu, e que presta homenagem àquela que foi a principal indústria sadina desde os finais do século XIX e ao longo de boa parte do século XX e àquele que é hoje um dos principais símbolos da cidade. “Este tem sido um trabalho muito polémico. A questão da escultura ao ar livre prende-se sobretudo com o lugar onde ela está inserida, com o imaginário e com a temática que é pedida. Neste caso o tema pedido foi exactamente sardinhas”, explica a escultora setubalense. Na execução do trabalho, uma das dúvidas existentes teve a ver com a escala. “A sardinha é um peixe pequeno. Depois de vários desenhos que realizei, percebi que a haver uma representação da sardinha no seu tamanho natural, como é que isso seria perceptível? De que maneira seria visível, numa rotunda em movimento onde não é suposto as pessoas passearem?”, conta, O SETUBALENSE

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adiantando que a decisão acabou por ser “ampliar à escala o elemento sardinha”. Às três sardinhas, feitas e esculpidas por Luísa, com mármores de cores diferentes, foi ainda adicionado o seu brilho. “As sardinhas têm um brilho, que decidi que seria representado por uma linha de calotes de cristal presente na escultura. Amarelos, verdes e azuis, que são as cores que encontro no lombo da sardinha”, partilha. Para além de “Sardinhas”, ao rol de escultura pública de Luísa Perienes na cidade juntam-se Abraço, escultura pertencente ao acervo de obras de arte da autarquia setubalense que pode ser admirada na Casa da Cultura, e um relevo na Igreja de São Paulo. Também a escultura que marca presença na Fortaleza de Santa Maria da Arrábida, na parte exterior do Museu Oceanográfico, e que representa uma mulher com um búzio, conta com a sua assinatura.


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Proprietários confirmam grande aumento da reabilitação no centro histórico Mercado de arrendamento tem sido dinamizado com novos investidores e residentes. Rendas têm crescido de forma sustentada mas sempre com grande procura Inês Antunes Malta (texto) Direitos reservados (fotografia)

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cidade de Setúbal é, nas palavras da Associação de Construtores e Proprietários de Setúbal, uma das principais cidades do país com vida própria, apesar de integrada na Área Metropolitana de Lisboa. Tem em si todos os serviços e valências de uma cidade moderna, tendo conhecido enorme desenvolvimento nos últimos anos. “O mercado imobiliário tem tido grande incremento, sobretudo por força das reformas legislativas de 2012 em matéria de arrendamento, que deram uma muito maior possibilidade de aproveitamento da riqueza investida nos imóveis de pequenos e médios proprietários, que constituem a grande maioria dos nossos associados”, começam por dizer Glória Nascimento e Cristina de Sousa da Associação de Construtores Proprietários de Setúbal. “Assistiu-se, nos últimos anos, a um grande aumento da reabilitação urbana dos prédios degradados no centro histórico da nossa cidade, promovendo-se também a vertente do alojamento local, motivado pelo crescente desenvolvimento do turismo na nossa região”, continuam.

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De acordo com a experiência da associação setubalense, “o mercado do arrendamento tem sido muito dinamizado, com atracção de inúmeros novos investidores e residentes, nomeadamente de vários países europeus, que se juntaram às tradicionais comunidades já antes presentes na cidade”. Para além de ter aumentado a diversidade cultural, “isto traduziu-se em grande incremento da vertente arrendatícia do investimento imobiliário”. Em 2010, existiriam na ACPS cerca de 20 fogos disponíveis para arrendamento. Desde as reformas do arrendamento realizadas em 2012, a associação diz que “o número de contratos outorgados tem crescido de tal forma que, neste momento, não existem casas disponíveis que não sejam imediatamente arrendadas”. Sobre o valor das rendas, consideram que “tem crescido de forma sustentada, mas sempre com grande procura, numa afirmação clara de bom funcionamento do mercado”. O desenvolvimento do mercado não habitacional, por sua vez, tem sido menor, apesar de, nos últimos anos, ter havido um sustentado aumento do número de contratos de arrendamento outorgados.

A história da associação que caminha para os 100 anos

“A associação tem sempre presente que as propriedades, todas elas, significam riqueza poupada pelos seus titulares, que deve ser salvaguardada e valorizada no necessário equilíbrio entre os interesses de proprietários e de terceiros”, referem. Agrupando construtores e proprietários do concelho de Setúbal, dando corpo e organização aos mais dinâmicos e interessados empresários e aforradores da área imobiliária, a associação nasceu 22 de Junho de 1929 e conta com sede actual no edifício onde nasceu Lima de Freitas na Praça do Quebedo. Por ocasião do seu 90.º aniversário foi editado um livro, da autoria de Rui Canas Gaspar, sobre a história da associação. Desde o início estabeleceu relacionamento com as suas congéneres de outras cidades, com destaque para a Associação Lisbonense de Proprietários. Faz parte da Confederação Portuguesa de Proprietários, tendo por isso participação nos processos legislativos respeitantes ao imobiliário. Tem participado em eventos nacionais e europeus sobre temáticas relacionadas com o arrendamento e a rentabilização do património. PUBLICIDADE

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Mais conforto com menos custos Temperatura de casa controlada todo o ano e uma poupança mensal na factura de energia são as vantagens do trabalho desenvolvido pela Arasil. A jovem empresa, que surgiu no mercado em 2017, é especialista em revestimentos exteriores.

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Arasil, sublinham os seus responsáveis, “aposta na qualidade excepcional, através da aplicação de Sistema ETICS, vulgarmente conhecido por Capotto”. O Sistema ETICS é um sistema de isolamento térmico de exteriores que tem como principal vantagem a conquista de conforto térmico no interior, limitando o consumo de energia necessária para esse efeito, resultando assim numa importante poupança em termos energéticos e consequentemente, numa melhor certificação energética. É um sistema de estrutura leve que previne o aparecimento de fissuras no exterior e é 100% fiável em termos de impermeabilização, sendo testado e previsto o seu comportamento a 25 anos conforme os ensaios de homologação, e certificado de acordo com esses mesmos testes. O Sistema ETICS, aponta a gerência “é a melhor solução, tanto para revestimento em construções novas, quanto para reabilitação de fachadas de construções já existentes e as diferentes soluções de acabamento, dão ao cliente a liberdade de escolher, consoante o seu gosto pessoal”. Desempenho “sério, criterioso e de excelência, sempre com o objectivo de conceber e oferecer um serviço incomparável, é o que nos define enquanto empresa”. A Arasil assenta em fortes valores que orientam o comportamento diário dos seus profissionais. “A ética e a excelência técnica sustentam a nossa forma de trabalhar e de acompanhar os clientes, antes, durante e após a realização dos trabalhos”, realçam os seus responsáveis. “Damos garantia da qualidade do serviço, nos termos da legislação em vigor e exigindo dos fornecedores, produtos de máxima qualidade com os respectivos certificados. Damos preferência a produtos de marcas portuguesas, trabalhamos orgulhosamente com as marcas Colaliz e Sollac, parcerias muito positivas, juntando produtos de qualidade

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ao óptimo conhecimento e aplicação de excelência”, acrescentam. A Arasil é uma empresa de cariz familiar. Na sua gestão os irmãos Luis Aranha, Vitalino Silva e Mariline Silva trabalham lado a lado com os pais Célia Aranha e Raul Silva. Este último é responsável pelo acompanhamento do cliente, desde a primeira visita para planeamento de trabalhos e esclarecimento de dúvidas até às medições finais e entrega de obra finalizada. A Arasil está sedeada no Montijo na rua dos Tractores, nº 506, Armazém S Alto Estanqueiro/Jardia T: 933 243 973 www.arasil.pt arasil.geral@gmail.com

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Empresa familiar junta Célia Aranha , Raul Silva e os descendentes do casal



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"A Maria" Foto Inês Antunes Malta

R Tradição e contemporaneidade aliam-se para homenagear figuras da história local

icardo Crista é artista plástico. Licenciado em Pintura pela Escola Universitária Artística de Coimbra e Mestre em Artes Visuais pela Universidade de Évora, em 2014 foi considerado Jovem Revelação em Setúbal e mais recentemente foi nomeado embaixador da cidade. Expõe desde 2005 em galerias e museus nacionais e internacionais e em 2015 cria o Poli Urban Art, um projecto de intervenção de arte urbana que aborda a técnica de mosaico, aliando a tradicional azulejaria portuguesa à contemporaneidade do aço corten. “O objectivo é enaltecer as personagens típicas do nosso país, preservando tradições e mantendo vivas as memórias de figuras da história local, podendo criar uma crescente atenção dos gestores dos destinos em relação ao património cultural imaterial, o espírito do lugar, assim como o desenvolvimento da imagem como destino associando-se a eventos culturais, sociais e criativos”, começa por dizer Ricardo Crista. A técnica de mosaico ou aço corten permite que a homenagem dure no tempo e no espaço. “Utilizando esta técnica, a presente homenagem a personagens representativa das localidades é bastante significativa. Faz com que não seja um trabalho efémero, devido às intempéries do tempo”, explica. Tendo sempre presente o lema “uma linha que deixa a sua marca”, este projecto pode ter carácter bidimensional, quando inserido em muros ou paredes de edifícios, ou tridimensional, com implementação em rotundas e outros espaços amplos. O projecto Poli Urban Art faz-se representar em vários locais do país. Está de momento a produzir duas peças para os municípios de Oliveira de Azeméis e Lamego. Em viagem de norte para sul, com a sua marca presente em Grândola, Alcochete e Azeitão, Setúbal, onde reside, não podia ser excepção.

Obra mantém viva a memória de ícones setubalenses

Ricardo Crista junta a tradição da azulejaria portuguesa à modernidade do aço Inês Antunes Malta (texto)

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Mesmo ao lado do Museu do Trabalho - Michel Giacometti está “A Maria”. A protagonista das operárias conserveiras setubalenses e de toda uma indústria tão importante para a cidade está no sítio certo, uma vez que o próprio museu municipal está a funcionar onde outrora existiu uma fábrica de conservas. “Encarna todas as suas cúmplices e típicas mulheres da comunidade piscatória de Setúbal”,


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refere, contando que “esta peça surge com o intuito de homenagear esta prática laboral da nossa cidade, abordando também a tradicional azulejaria portuguesa”. Os cerca de 390 azulejos que em sete painéis formam “A Maria” foram pintados por Ricardo com padrões do século XVII e posteriormente partidos. Peça a peça, o artista foi criando a imagem pretendida até resultar na obra, de quatro metros de altura por cinco de comprimento, que hoje é possível apreciar na Ladeira de São Sebastião. Também com assinatura de Ricardo Crista, na fachada do edifício da ACM/YMCA da Bela Vista faz-se homenagem ao fundador da instituição, Mário Melo Pereira. “Nesta proposta feita pela direcção da instituição, uso aço em grande dimensão para recorte da imagem criada para o homenageado”, partilha. Além da escultura e da pintura, o artista dedica-se ainda à ilustração, em co-autoria com Rita Melo, com quem dá vida ao Atelier :2PONTOS, espaço de criação e educação artística situado no Montalvão. Está neste momento a terminar um livro de comunicação e sensibilização em cenários de risco associados às alterações climáticas. “Era (mais que) uma vez” é o nome da obra produzida pela Protecção Civil e Câmara Municipal de Setúbal.

Fotos em cima Direitos reservados, foto em baixo à esquerda Inês Antunes Malta

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“O rejuvenescer da cidade passa por desmistificar locais e reintegrá-los na malha urbana”

RM Guest House quer Setúbal como destino de eleição Unidade setubalense diz estar a trabalhar em “locais fantásticos mas pouco aproveitados” para que em breve se tornem ex-líbris da cidade Inês Antunes Malta (texto) Direitos reservados (fotografia)

Um arquitecto apaixonado por uma fashion adviser decidem recuperar um edifício que tem como princípio de valorização a forma de bem receber”. É assim que Rita e Romeu Martins começam por contar a história, acreditando que a forma como tudo aconteceu podia ser a sinopse de um filme. A história passa-se em Setúbal, “na mais mediática avenida”, a Avenida Luísa Todi, e começa com a reabilitação de um edifício histórico ten-

do sempre presente o melhor dos conceitos que dominam: a arquitectura e a moda. A RM Guest House abriu em Setembro de 2016 e quanto ao nome não houve dúvidas. “Só poderia ser RM, de Romeu e Rita Martins”, dizem. Nas suas palavras, a unidade, que combina moda, conforto e design, “assenta num modelo tipo para rejuvenescer a cidade. Setúbal faz-se de pessoas, vivências, espaços, empreendedorismo… e tudo está interligado”. O SETUBALENSE

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Para a equipa RM Guest House, “tratar com qualidade e distinção os hóspedes coloca-nos no patamar do turismo de qualidade, no turismo apetecível, e é isso que procuramos: colocar um ponto no mapa que seja um landmark para quem procura um destino. Na hora de escolher um local para onde viajar, queremos que Setúbal faça parte da opção”. Dinamizar a cidade faz parte do conceito desde o início e Rita e Romeu consideram que “o rejuvenescer da cidade passa pela reabilitação do que existe e por desmistificar locais e reintegrá-los na malha urbana” e revelam: “Setúbal tem locais fantásticos pouco aproveitados e é nesses que estamos a trabalhar para que brevemente se tornem ex libris da cidade e pontos muito apetecíveis”. Para a dupla, “projectar a cidade no futuro pressupõe pensar a cidade no tempo, avaliando as suas condições materiais plasmadas no espaço, bem como as possibilidades não realizadas” e “implica a definição de tempos e lugares onde a vida acontecerá em todas as suas dimensões e sentidos. Deverá seguir uma metodologia participativa e multigeracional, de modo a encontrar respostas para fazer face aos novos desafios e oportunidades com que os territórios se confrontam”.

Unidade setubalense combina moda, conforto e design mesmo no centro da cidade A decoração da RM Guest House, relacionada sobretudo com o tema da moda, ficou toda a cargo do casal, que garante que “dentro das quatro paredes nada está ao acaso”. Malas, lenços de seda, sapatos, lingerie e perfumes são alguns dos elementos que, aliados aos traços da arquitectura da baixa sadina, fazem parte dos quartos e suites da guest house. Morada no coração da cidade, mesmo ao lado do Fórum Municipal Luísa Todi, têm também a famosa porca amarela, os pássaros, as formigas na fachada e o cão na varanda. O trabalho desenvolvido até ao momento tem vindo acompanhado de sucesso e de reconhecimento a nível local, nacional e internacional. Logo em 2018, a unidade de alojamento setubalense trouxe para casa o galardão de melhor do mundo na categoria de Luxury Guest House. A condecoração, atribuída pelos World Luxury Hotel Awards 2018, é considerada uma espécie de Óscares da hotelaria e todos os anos elege as melhores unidades a nível internacional. Em 2019, a RM Guest House contou com os prémios World Luxury Hotel Awards, Seven Star Awards e Tourism and Hospitality, que se repetiu já este ano.


"Alcochete pretende transformar os edifícios mais antigos em espaços modernos sem perder a sua identidade cultural"

Largo de S. JoĂŁo 2894-001 Alcochete Tel.: 212348600



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