1.22 Conclusão
O futebol, especificamente, foi fundamental na construção da identidade brasileira. Uniu o país, gerou um sentimento de nacionalismo, determinou a miscigenação como fundamental na cultura do país e, de certa forma, possibilitou alguma inclusão aos negros, indígenas e mestiços. As alegrias aos brasileiros com as vitórias nas Copas Mundiais, o futebol como propaganda de governos e como oportunidade de ascensão social geraram uma sensação de pertencimento à nação. Desde então, o futebol faz parte do patrimônio cultural do país. Atualmente, por outro lado, diversos fatores distanciaram o torcedor brasileiro do futebol e, principalmente, da seleção brasileira. Dentre eles, está a (re)elitização do esporte, que impede o acesso dos mais pobres devido ao preço dos ingressos e ao preço dos materiais oficiais dos times, por exemplo; a desesperança no futebol da seleção; a queda do nível dos campeonatos, que faz do Brasil uma grande peneira de jogadores para outros continentes, principalmente para a Europa; e a polêmica data FIFA - por comum acordo, os campeonatos nacionais não param durante jogos da seleção, o que desfalca os times que têm jogadores convocados. Além dos fatores destacados acima, uma lei promulgada em 14/04/1941, pelo governo Vargas, proibiu as mulheres de jogarem futebol - se tornou crime. Tal legislação afastou as mulheres do esporte e retardou o desenvolvimento/crescimento delas no mesmo.
Portanto, é possível concluir que o futebol não está à margem dos acontecimentos políticos. O futebol, assim como qualquer outro esporte, é política. Seja pela forma com que se deu seu desenvolvimento, por ser usado como palco para qualquer manifestação, seja partidária ou apenas política, ou por refletir, em campo, o que acontece fora dele. Para Júlio de Oliveira, locutor do Grupo Globo, “Qualquer lugar pode ser de manifestações políticas ou partidárias. Como isso vai ser colocado, como isso vai ser usado, em que momento vai ser usado, quem vai usar e se vai ser bem aceito, aí já é outro ponto, porque passa pelo direito de quem acompanha, de quem assiste. Objetivamente, sim (o futebol pode ser um espaço para manifestações). Se vai ter resultado, é outro ponto”.