Revista Um a Um

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1.3 Racismo e Futebol

A maioria dos primeiros clubes não aceitava negros e aqueles que aceitavam, dispitavam campeonatos isolados. Dentro dessa realidade, a Liga de Amadores de Futebol (LAF), mesmo mantendo laços com o elitismo do futebol, criou o jogo “Preto x Branco”, no qual duas equipes, uma composta por atletas negros e outra por brancos, competiam. Mais tarde, a LAF foi encerrada e o jogo “Preto x Branco” passou a ser organizado pelo movimento negro da época. Havia, também, as disputas pela taça “Princesa Izabel”, realizadas dia 13 de maio, em comemoração à abolição da escravidão. Em um país onde o Rei do Futebol é um homem negro, é de se admirar que o esporte ainda admita tanto racismo. Casos como o do jogador Tinga, que era insultado com sons de macaco sempre que chutava a bola em partida; de Daniel Alves, quando torcedores jogaram uma banana no campo e o jogador a comeu em resposta; e de tantos outros que sofrem intimidação dentro de campo, e até mesmo em suas redes sociais, têm um gosto amargo de derrota. Mas não é de se admirar que no Brasil, país no qual 75,5% dos homicídios em 2018 eram referentes a pessoas pretas e pardas (Atlas da Violência, 2020), o racismo ainda seja tão presente na sociedade.

As estatística de violência contra a parcela de pretos e pardos, que chega a quase 56% da população total de brasileiros (IBGE, 2018), só aumentam. E muitos fatores sociais acabam por corroborar com essa realidade, seja a abolição da escravidão tardia, a não inserção dessas pessoas na sociedade após a liberdade, a falta de políticas públicas efetivas que sirvam de repação histórica ou então a presença de governantes preconceituosos no poder. Por esse motivo, é amplamente divulgado que o país possui um racismo estrutural, ou seja, quando existe um preconceito racial na sociedade que está mascarado por ações, costumes e desigualdades. E dentro de campo essa realidade é refletida. Mesmo com uma maior representatividade no esporte, uma vez que o futebol se tornou um grande mecanismo para tirar jovens da pobreza, ainda assim é difícil encontrar nomes que tenham tanto impacto quanto o de Pelé. O racismo age de forma tão danosa que jogadores negros entram em um apagamento que não vem de hoje. Em 1921, por exemplo, o então presidente Epitácio Pessoa pedia que apenas jogadores brancos compusessem a seleção brasileiro na Copa América, em vias de causar boa impressão internacionalmente.


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