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Aerovisão Ciência e Tecnologia

flex - Abasteça seu avião com etanol, gasolina ou com ambos Por Alessandra M. David De São José dos Campos (SP)

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bastecer com gasolina, etanol ou qualquer mistura dos dois combustíveis? A tecnologia brasileira Flex Fuel, desenvolvida para a indústria automobilística e disponível no Brasil desde 2003, poderá, nos próximos anos, ser considerada a grande alternativa para o futuro da aviação geral no Brasil. Esse é um projeto da Divisão de Propulsão Aeronáutica (APA) do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), unidade do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), que funciona em São José dos Campos (SP). A empresa Magneti Marelli Sistemas Automotivos, precursora do sistema flex fuel no mercado automobilístico brasileiro, participa dos trabalhos. A pesquisa é pioneira no Brasil, e no mundo, assim como o foi a comprovação do uso eficiente do álcool como combustível para carros nos idos de 1970, por engenheiros e técnicos do Departamento de Motores do então Centro Técnico Aeroespacial (CTA/PMO), a atual APA. Os estudos realizados no passado deram origem à aplicação prática do uso do álcool como combustível no Proálcool. Anos mais tarde, surgiu o sistema bicombustível pela Marelli.

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Agora, os mesmos precursores são parceiros pela busca da tecnologia que permitirá a escolha do melhor combustível para o abastecimento das pequenas aeronaves de motores a pistão, altamente afetadas pelo preço da gasolina de aviação. “Os custos operacionais dos aviões de pequeno porte da aviação geral são altos devido ao elevado preço do combustível, chegando a se prever, em um futuro não muito distante, a inviabilização da mesma”, afirma o gerente comercial da empresa Magneti Marelli, Eduardo Campos. No desenvolvimento do motor aeronáutico flex, sistemas rudimentares dos motores convencionais, constituídos de carburadores e magnetos de ponto fixo de ignição, deverão ser substituídos por um novo sistema eletrônico de injeção de combustível e de ignição, o Sistema de Injeção SFS Flex-Fuel aeronáutico. O sistema flex fuel aeronáutico permitirá às aeronaves propulsadas por motor a pistão utilizar gasolina de aviação (avgas), álcool combustível (etanol) ou até mesmo qualquer mistura dos dois combustíveis. “O mais importante será o sistema de gerenciamento eletrônico do motor, que permitirá ao mesmo

Fotos: DCTA / FAB

Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) lidera pesquisa pioneira no mundo para o desenvolvimento de motor flex

No futuro, um AeroBoero 180 voará com o primeiro motor flex de aviação (foto ao lado)

funcionar com mais eficiência, e dará ao usuário a possibilidade de escolher o combustível, dependendo se ele quer desempenho, economia ou autonomia”, explica o gerente do projeto e chefe da subdivisão de Motor a Pistão da APA, Paulo Ewald. “Não há privilégios de desempenho para etanol ou gasolina. O que há são características físico/químicas de dois combustíveis diferentes. Por esse motivo, existe um aumento de performance quando se utiliza etanol, e um aumento de autonomia quando se utiliza gasolina”, explica Campos. Mesmo operando com a gasolina de aviação, o motor convencional


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