3º DOMINGO NA QUARESMA
07 MAR 2021
PRÉDICA: ÊXODO 20.1-17 JOÃO 2.13-22 1 CORÍNTIOS 1.18-25
Roger Marcel Wanke
Mandamentos: instruções de Deus para a promoção da vida
1 Introdução Se há um texto bíblico que influenciou, em vários aspectos, a cultura do Ocidente, esse é Êxodo 20.1-17, o conhecido texto dos dez mandamentos, ou Decálogo. Não apenas sistemas jurídicos de vários países se inspiraram nas instruções dadas a Israel, mas também vários conceitos teológicos, éticos, sociopolíticos, que ajudaram a construir a sociedade moderna, na qual vivemos, são frutos das reflexões dessas dez palavras dadas por Deus ao seu povo por ocasião da libertação da escravidão no Egito e de sua aliança no Sinai. Para auxiliar na reflexão sobre essa perícope, estão previstos no lecionário dois textos como leituras bíblicas. O primeiro deles é o da purificação do Templo, na versão do evangelista João (Jo 2.13-22), o qual, diferentemente dos evangelhos sinóticos, narra esse evento como tendo acontecido três anos antes da morte e ressurreição de Jesus. O foco do texto está na relação correta do culto a Deus. João destaca o comércio religioso na casa de Deus, que de forma errônea foi criado em virtude de uma prática religiosa correta, com a finalidade de obedecer e de agradar a Deus, cumprindo assim, rigorosamente, a lei. Contudo, o que Jesus vê acontecendo era o comércio em nome de Deus. A casa de Deus havia se transformado numa casa de negócios. O culto a Deus como resposta de fé se transformara em obra meritória e negócio fraudulento diante de Deus. Contudo, o texto deixa claro que Deus não se deixa vender nem comprar com os favores e méritos humanos. O perdão de Deus não se compra. Sacrifícios e boas obras humanas não trazem a salvação ao ser humano. O segundo texto previsto como leitura bíblica se encontra em 1 Coríntios 1.18-25, o famoso texto da mensagem da cruz. Para Paulo, o evangelho é loucura para os que se perdem. Mas para os que vivem com Deus é o poder de Deus para a salvação. Por isso a igreja não anuncia uma nova lei ou uma nova ideologia ou sabedoria humana. Pelo contrário, ela anuncia a obra redentora e libertadora de Deus em Jesus Cristo, que assumiu toda a culpa humana e que dissipou não só o pecado, mas toda forma de opressão e de méritos salvíficos, que o ser humano intenta poder cumprir para agradar a Deus. Os dois textos mostram claramente que o ser humano não é capaz de gerar e gerir sua salvação. Não é por obras que o ser humano é salvo, mas por meio do crucificado, do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Ter esse aspecto central do evangelho como apoio para a pregação da perícope de
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