PRÉDICA: HEBREUS 10.16-25 ISAÍAS 52.13 – 53.12 JOÃO 19.16-30(31-37)
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO
02 ABR 2021
Júlio Cézar Adam
A cruz, a amizade com Deus e a beleza da vida
1 Introdução A Sexta-Feira da Paixão é uma das datas mais marcantes no calendário litúrgico das comunidades cristãs. Estamos no coração dos acontecimentos centrais da fé cristã, a Páscoa de Cristo. Estamos no coração das Escrituras e do Evangelho: a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Certa vez, li que tudo que cada um dos quatro evangelhos descreve antes do relato da cruz é apenas o prólogo, a introdução ao assunto principal, a Páscoa. Tudo isso faz esse dia ser o que ele é. Aprendi ainda quando criança que esse é um dia diferente, um dia de silêncio, jejum, de não comer carne vermelha, nem subir em árvore, maltratar os animais ou cavar a terra. É um dia de ir ao culto e celebrar a Santa Ceia. É o dia do ano em que mais diretamente refletimos sobre a morte de Jesus Cristo na cruz. Nas celebrações do Tríduo Pascal, a celebração de Sexta-Feira da Paixão é parte de uma celebração maior, que inicia já na Quinta-Feira da Paixão e encerra no Domingo da Páscoa. A celebração do Tríduo Pascal possibilita, assim, acompanhar os últimos momentos de Cristo. A comunidade sofre, morre e ressuscita com ele no domingo. A celebração da Sexta-Feira da Paixão é um momento marcante, de profundo silêncio, de escuta dos relatos da crucificação e da morte de Cristo, de contemplação da cruz, de lamento. As celebrações do Tríduo não possuem pregação. Liturgicamente falando, a Sexta-Feira da Paixão é considerada um dia alitúrgico, porque o Cristo está morto. Por isso esse seria o único dia em que não deveríamos celebrar a Santa Ceia. Ou seja, na proposta do Tríduo, celebramos a Sexta-Feira da Paixão com outros recursos, ou melhor, com a privação de recursos litúrgicos e homiléticos comuns aos outros cultos. Este subsídio homilético, portanto, destina-se às comunidades que não celebram o Tríduo Pascal e que realizam um culto normal na Sexta-Feira Santa. Os textos previstos no lecionário, os mesmos textos usados na celebração do Tríduo, são muito adequados para este culto, pois são textos que falam do sacrifício de Cristo na cruz. O texto para a pregação é o de Hebreus 10.16-25, texto que fala especialmente sobre o significado do sacrifício definitivo para a libertação do pecado. O texto tem muita densidade dramática e teológica, dialogando muito de perto com a ideia bíblica do sacrifício. Hebreus procura diferenciar muito claramente que o sacrifício de Cristo supera os sacrifícios praticados no templo e que esse único, voluntário e definitivo sacrifício concede algo novo à pessoa que crê. O texto auxilia muito, assim como a celebração da Sexta-Feira Santa no contexto
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