PRÉDICA: MARCOS 16.1-8 ISAÍAS 25.6-9 1 CORÍNTIOS 15.1-11
DOMINGO DA PÁSCOA
04 ABR 2021
Rodolfo Gaede Neto
Páscoa – novo chamado e envio para a missão
1 Introdução Estou escrevendo esta contribuição em meio à realidade de uma pandemia. Estamos completando três meses de isolamento ou distanciamento social desde que o mundo foi surpreendido pela rápida proliferação do vírus da Covid-19, amedrontando e apavorando a comunidade humana. As fronteiras entre os países são fechadas, a economia é drasticamente abalada, pessoas infectadas ocupam os leitos dos hospitais, cemitérios são ampliados, grandes máquinas são usadas para cavar sepulturas em grande número, vidas são ceifadas aos milhares em todo o mundo, sendo que as vítimas são majoritariamente as pessoas mais fragilizadas pela idade ou por comorbidades. O cenário inevitavelmente nos coloca diante de questões existenciais. Como pode um vírus, em tão curto espaço de tempo, causar tamanhos abalos a paradigmas, conceitos, convenções, costumes, certezas, comportamentos, tradições e estruturas? As coisas fixas, sedimentadas, consolidadas e consagradas por séculos de experiências, estudos e pesquisas, de repente, são colocadas em xeque. É necessário repensar tudo: a economia, a comunicação, as relações humanas, os sistemas de saúde e educação, o tráfego de pessoas, as atividades religiosas, os hábitos de higiene etc. Especialmente, porém, é necessário repensar a vida. Por meio da pandemia somos severamente alertados e alertadas em relação à vulnerabilidade da vida humana. A certeza da finitude da vida é colocada muito próxima de cada pessoa e cada família. Talvez em poucas ocasiões na história a humanidade tenha sido confrontada com uma ameaça tão explícita à vida da coletividade. Para ameaçar a existência da raça humana não é necessário o choque de um meteoro gigante com o nosso planeta, nem uma terceira guerra mundial com a utilização das poderosas armas nucleares disponíveis; basta o surgimento repentino de um vírus ou a mutação de um vírus existente há séculos. Enfim, o fenômeno da pandemia nos força a fazer da morte um tema muito real e muito próximo do nosso dia a dia. Ela pode afetar alguém do nosso círculo de convivência. As famílias têm seus membros vulneráveis, que estão sob a ameaça da contaminação. Caso aconteça a morte de uma pessoa próxima, o velório será proibido ou restringido, de modo que nem a despedida poderá ocorrer. Tudo isso traz muita insegurança e angústia.
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