14º DOMINGO APÓS PENTECOSTES
29 AGO 2021
PRÉDICA: DEUTERONÔMIO 4.1-2,6-9 MARCOS 7.1-8,14-15,21-23 TIAGO 1.1-17
Marcos A. Rodrigues
“Teko Porã” – o rio da esperança
1 Introdução Do outro lado do rio existe uma terra para bem viver (Teko Porã). Trata-se de um termo em Guarani que significa o “belo caminho” ou o “bem viver”. Caracteriza a filosofia, a cosmogonia e a espiritualidade refletidas na sabedoria popular de povos originários das Américas, conhecidos hoje como indígenas, em especial os Guaranis. Esse também é o sonho que está no pano de fundo do texto previsto para pregação. Nas palavras de Moisés, ouvir, guardar, cumprir e ensinar a lei de Deus são requisitos para a travessia rumo à nova terra. Quando o cruzar de rios nasce de esperanças, águas turbulentas e perigosas podem vir a ser oportunidades de solidariedade. Cruzar juntos o rio é tão importante quanto chegar à terra firme. A lei de Deus e seu cumprimento apresentam-se como pontes para a travessia. Nostalgias e esperanças, desertos e terras prometidas são elementos capazes de unir diferentes paisagens. Eles conduzem à liberdade, que só pode ser validada pela prática da justiça e do amor. São pontes que permitem o ir e vir da misericórdia, da compaixão, da partilha e do perdão. Moisés, Marcos, Jesus e Tiago serão nossos guias e cruzarão conosco esse rio. Suas esperanças, resistência e solidariedade são necessárias para chegar à nova terra, nascida do encontro de corpos com toda a criação, em disponibilidade dialogal e amorosa. A terra da promessa só estará do outro lado do rio se do lado de cá houver disposição para o amor – lei maior. Do contrário, será só mais um cruzar de rios para horizontes que se afastam do sonho de Deus.
2 Exegese Usando uma imagem dessas terras fluidas, cheias de lagos, igarapés, igapós e rios da Amazônia, poderíamos dizer que o livro do Deuteronômio é o “encontro das águas”. De um lado chegam as águas escuras do rio Negro, abundantes de vida trazida pelo seu serpentear na imensa floresta. Em linguagem bíblica, chegam as tradições já consolidadas do Gênesis, Êxodo, Levítico e Números, trazidas pelas histórias dos antepassados, que formam a maior parte do Pentateuco. Do outro lado, as águas barrentas e amareladas do rio Solimões, ricas em mine-
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