18º DOMINGO APÓS PENTECOSTES
26 SET 2021
PRÉDICA: NÚMEROS 11.4-6,10-16,24-29 MARCOS 9.38-50 TIAGO 5.13-20
Roberto E. Zwetsch
Oxalá todo o povo de Deus fosse profeta!
1 Introdução Numa primeira leitura do texto da prédica ficamos surpresos que esse texto do Pentateuco tenha sido escolhido para um dos domingos do tempo de Pentecostes. E a estranheza continua com as leituras complementares do Evangelho de Marcos e da Carta de Tiago. Mas uma olhada mais atenta pode nos dar alguma ideia das razões de quem trabalhou essas perícopes do Lecionário Ecumênico. Ainda assim, isso não nos dispensa de pensar sobre os textos, refletir como trabalhá-los em vista do serviço comunitário, da pregação do evangelho e do contexto maior em que vivemos e atuamos. De minha parte percebi que há nesses textos, especialmente a partir da narrativa de Números, um desafio enorme: que o povo se torne instrumento da profecia! Será isso mesmo? E o que isso significa concretamente? Vamos estudar o texto, compará-lo com as leituras previstas e depois fazer nossas escolhas para a pregação deste domingo. Em 2020, devido à pandemia da Covid-19, os cultos públicos foram cancelados em vista do isolamento social necessário para evitar aglomerações e reuniões que poderiam implicar um aumento do contágio do vírus. Isso foi necessário e correto, como se pode verificar nas comunidades. A presidência da IECLB foi muito clara e corajosa ao lançar as cartas pastorais nesse sentido, recomendando que se buscassem outras formas de fortalecer a fé comunitária bem como ações solidárias dentro das possibilidades de cada lugar. E chamou a atenção a criatividade de muitos colegas ao celebrarem de modo virtual, cada qual procurando ensaiar novas formas de proclamar o evangelho, anunciar a fé e a esperança, desafiando as comunidades a viver na prática o que cremos e louvamos no canto e na oração de intercessão. Em 2021, não posso imaginar como estaremos em relação à pandemia. O desejo e a esperança é que o pior tenha passado e tenhamos voltado – com muitos cuidados – a reconstruir nossa vida social e coletiva. Não acho que isso possa ser conceituado com a palavra “normalidade”, usada de forma muitas vezes rápida demais e até leviana. Que normalidade podemos imaginar depois de tantas pessoas falecidas, tantas famílias destruídas, tantos profissionais de saúde que deram suas vidas para salvar vidas de outras pessoas? Que normalidade é possível num país em que a principal liderança ignorou a gravidade da pandemia e comprometeu a vida de toda a sociedade? Que normalidade se pode imaginar num momento em que a economia nacional foi destroçada por opções equivoca-
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