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2.2. Introdução ao sistema nervoso

do sistema nervoso, o nível histológico que aborda a sua organização microscópica, o nível celular que envolve as unidades do sistema que são as células e organelas.

O professor doutor em biofísica ressalta a necessidade de sobreposição entre os níveis para um entendimento mais realista do funcionamento do cérebro que ocorre de forma interligada e conjunta com outros elementos do organismo. Além disso, são exploradas as funções neurais mais abstratas e que mais interessam a essa pesquisa, pois envolvem o nível psicológico que lida com a memória, a linguagem e a percepção, e o nível fisiológico que trata da motricidade e das sensações. Por fim, há ainda o nível bioquímico que apresenta as interações moleculares, porém, essa pesquisa não objetiva alcançar esse nível de profundidade.

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As neurociências possuem dimensões tão extensas que permeiam áreas para além da própria ciência e da medicina. Termos como neuroarquitetura, neurobusiness, neuroeconomia, neuroengenharia, neuroeducação, neuroliderança, neuromarketing, dentre outros, tem surgido de forma a conectar outros campos de conhecimento com a ciência que estuda o sistema nervoso. Algumas dessas neurociências são abordadas pelos professores Andrea de Paiva e Robson Gonçalves no livro Triuno - Neurobusiness e qualidade de vida.

2.2. Introdução ao sistema nervoso

“Todas as coisas, sendo causadas e causantes, ajudadas e ajudantes, mediata e imediatamente, e todas entretendo-se por um laço natural e insensível que liga as mais afastadas e as mais diferentes, considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, não mais que conhecer o todo sem conhecer particularmente as partes.” Pascal

A Teoria dos Sistemas formulada pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), o Pensamento Complexo de Edgar Morin e a Teoria da Gestalt estabelecida pelos psicólogos Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer reforçam a antiga afirmação do filosofo Blaise Pascal (1623-1662) ao discorrer sobre a importância de se conhecer o todo, pois este é maior que as partes e possui algo que as partes isoladas não possuem que é a relação entre elas. Sendo assim há uma necessidade de compreensão do todo porque as partes estão articuladas, 13

influenciando umas às outras. Ao afirmar isso, este subcapítulo não buscará a compreensão do cérebro isolado, pois antes disso é preciso compreender o sistema ao qual ele faz parte: O sistema nervoso.

Figura 2: Divisão do sistema nervoso. Fonte: BEAR, CONNORS e PARADISO, 2017, p. 8

Conforme mostra a figura 2, o sistema nervoso possui duas principais divisões: sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP), sendo que:

O sistema nervoso central, geralmente chamado de SNC, compreende o encéfalo (hemisférios cerebrais, diencéfalo, cerebelo e tronco encefálico) e a medula espinhal. O sistema nervoso periférico (SNP) inclui os neurônios sensoriais que conectam os receptores sensoriais da superfície ou os de dentro do corpo com circuitos de processamento relevantes no sistema nervoso central.

(PURVES, 2010, p. 14, grifo da autora)

O sistema nervoso periférico é responsável por conectar o sistema nervoso central aos órgãos do corpo, através dos nervos que são denominados nervos cranianos, quando se localizam na caixa craniana, e nervos espinhas, quando se localizam na medula espinhal. Eles são formados por ramificações de fibras nervosas que transportam as mensagens sensitivas ou motoras por impulsos bioelétricos. Isso permite que as informações captadas pelos receptores sensoriais existentes em todos os tecidos do organismo sejam transportadas do SNP para o SNC e as respostas do SNC sejam conduzidas até os órgãos. Lent (2010) estabeleceu uma analogia entre o SNP e uma máquina da seguinte forma:

Por analogia com algumas máquinas, o sistema nervoso periférico pode ser compreendido como um conjunto de sensores, cabos e chips. Os sensores distribuem-se por todos os tecidos do organismo: a pele, os músculos, ossos e articulações, as vísceras e outros tecidos. Sua função é captar as várias formas de energia (= informação) produzidas no ambiente ou no próprio organismo, e traduzi-las para a linguagem que o sistema nervoso entende: impulsos bioelétricos. Os sensores recebem o nome de receptores sensoriais, e ficam de algum modo ligados às fibras nervosas que constituem os nervos. Estes últimos são os cabos cuja função é conduzir os impulsos elétricos gerados pelos receptores até o sistema nervoso central. Os cabos também conduzem informações no sentido oposto: impulsos elétricos produzidos no sistema nervoso central são levados aos músculos esqueléticos e cardíacos, aos músculos das paredes das vísceras e às glândulas. Lá, os impulsos são transformados em ações que liberam energia: contração muscular ou secreção glandular. Finalmente, não devemos pensar que o SNP tem função exclusivamente condutora. Ele possui também chips capazes de processar informação como pequenos computadores. Estes chips são os contatos entre neurônios situados nos gânglios sensitivos, já mencionados (gânglios espinhais), e nos gânglios motores ou secretomotores, situados em várias vísceras.

(LENT, 2010, p. 9)

O SNP se subdivide em duas categorias, sendo o SNP somático que controla os movimentos voluntários do corpo e as sensações conscientes provenientes da pele, e o SNP visceral ou neurovegetativo, destinado à regulação automática do organismo, como os batimentos cardíacos, a digestão, a respiração e a transpiração. Ele também pode ser denominado sistema nervoso autônomo, por ser um sistema que funciona de forma automática, sem o envolvimento da consciência.

Já o sistema nervoso central é responsável pelo processamento de informações recebidas do SNP e coordenação das atividades corporais e

neurológicas. Ele basicamente é constituído pelo encéfalo, resguardado no interior da caixa craniana, e pela medula espinhal localizada no interior da coluna vertebral.

O encéfalo é composto pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico, como pode ser observado na figura 3. O cérebro é dividido em dois hemisférios pela fissura sagital, no qual o hemisfério direito comanda o lado esquerdo do corpo e o hemisfério esquerdo comanda o lado direito do corpo. Suas funções envolvem a movimentação do corpo, os estímulos sensoriais e as atividades neurológicas relacionadas à consciência, imaginação, pensamento, memória, raciocínio, entre outras.

Figura 3: Estruturas básicas que compõem o SNC Fonte: LENT, 2010, p.12

O cerebelo significa “pequeno cérebro” em latim e está localizado na parte posterior do cérebro e acima da medula espinhal. Ele é responsável pela coordenação motora, pela manutenção do equilíbrio e postura do corpo. O pequeno cérebro, é dividido em duas partes, mas ao contrário do cérebro, o lado direito coordena o movimento do lado direito do corpo e o lado esquerdo coordena o movimento do lado 16

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