CURSO DE ESTELAJORNALISMOAGUIAR
São2021Paulo
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
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ANÁLISE DA ABORDAGEM DA SAÚDE MENTAL DE MULHERES NEGRAS EM REVISTAS FEMININAS
São
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CURSO DE
Relatório de Fundamentação Teórico Metodológica (RFTM)/Paper, acompanhado de Produto Experimental, desenvolvido como etapa final de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, sob orientação da Profa. Dra. Mirian Meliani.
ESTELAJORNALISMOAGUIAR
ANÁLISE DA ABORDAGEM DA SAÚDE MENTAL DE MULHERES NEGRAS EM REVISTAS FEMININAS
2021Paulo
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AGRADECIMENTOS
A minha mãe que abdicou de muitos sonhos para que eu adentrasse o ensino superior. Não esquecerei suas lágrimas ao segurar pela primeira vez a carteirinha da universidade
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Aos meus antepassados, e aos mais velhos que lutaram muito para que um corpo como meu ocupasse uma cadeira no ensino superior. Eu sou, porque nós somos.
Aos meus irmãos, que são um dos motivos para eu continuar estudando e me dedicando a uma vida melhor.
Ao movimento hip hop, especialmente o Racionais Mc’s e o Emicida, suas músicas me trouxe até
Aosaqui.meusamigos, como aAmandaSanches,AmandaBastos,MônicaMoreira,Gabriela Cuerba, Priscila Ferreira, Lucas Rampazzo que estiveram comigo e nunca desacreditaram de mim.
4 Sumário INTRODUÇÃO.....................................................................................5 APRESENTAÇÃO................................................................................6 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO ...........................8 APÊNDICEREFERÊNCIASCONSIDERAÇÕESRESULTADOS....................................................................................10FINAIS.............................................................15..................................................................................16..........................................................................................18 1) Produto Experimental 18 2) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ................................................................. 32 3) INVESTIMENTO......................................................................................... 32 4) OUTROS PRODUTOS DA SUA PESQUISA 33
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INTRODUÇÃO
PALAVRAS-CHAVE: revistas femininas; mulheres negras; saúde mental;
Estela Aguiar da SILVA2 Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP
Análise da Abordagem da Saúde Mental de Mulheres Negras em Revistas Femininas1
As revistas femininas buscam suprir as necessidades informativas das mulheres e se intitulam como veículos que atendem as necessidades de todas elas, considerando sua diversidade. Entretanto, por longos anos, as mulheres pretas estiveram de fora como público leitor das revistas femininas brasileiras e quando retratadas, ocorria a estereotipização destes corpos, como ocorreu no exemplo da Revista Claudia.
O racismo impregnado na estrutura da nossa sociedade coloca mulheres negras à margem de inúmeros direitos, espaços e acessos, o que causa efeitos severos na saúde mental deste grupo.Neste contexto, pouco se dava espaço para pautas identitárias, até o advento de dois fenômenos principais; a influência do Movimento Negro Unificado nas mídias e o surgimento de uma nova classe média com poder aquisitivo. Logo, as revistas femininas, como é caso do nosso objeto de estudo Revista Claudia (on line) passaram lentamente a ter um olhar mais
1 Artigo apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso RFTM/Paper, derivado do Núcleo de Estudos em Mídia Digital
2 Estudante de Graduação 8º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e mail: tcc.estela@gmail.com
Neste trabalho analisamos a produção de textos jornalísticos sobre saúde mental de mulheres em revistas femininas, tendo como objeto de estudo três matérias da Revista Claudia (on line). Buscamos entender como o jornalismo aborda a temática de saúde mental de mulheres pretas, e em qual nível aborda. Para isso, utilizamos os conceitos de racismo estrutural com base no que discorre Silvio de Almeida e Muniz Sodré, e do feminismo e interseccionalidade na visão de Patrícia Hills Collins. Realizamos, ainda, a análise de estudo de três matérias que tratam da saúde mental de mulheres negras.
RESUMO
Ao recorrer às contradições entre sua vida de mulher afro americana e as qualidades atribuídas às mulheres, Sojourner Truth expõe o conceito de mulher como algo culturalmente construído. O árduo trabalho físico, executado sem o auxílio de homens, ocupou grande parte de sua vida como cidadã de segunda classe. A pergunta feita por ela, “por acaso não sou mulher?”, chama atenção para as contradições inerentes ao uso generalizado do termo mulher. (COLLINS, 2019, p.59)
Deste modo, apuramos como a reportagem jornalística em revistas femininas pode contribuir com debates sobre a saúde mental de mulheres negras? Em quais mulheres negras chegam este debate? São perguntas que esta pesquisa busca investigar com base nos teóricos e intelectuais como Muniz Sodré, Patricia Hill Collins, Flávio Carrança, Bianca Alighieri, Eni Orlandi, entre outros.
APRESENTAÇÃO
3 Conteúdo disponível em www. https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2019/11/20/consciencia negra numeros brasil/ . Acesso realizado em 25 out. 2021.
6 atento para este novo público com anseio de gerar uma identificação e suprir o desejo destas mulheres de serem vistas, para desta forma, conquistar este novo mercado.
Neste projeto analisamos como as revistas femininas abordam a saúde mental de mulheres negras, tendo como objeto de estudo a Revista feminina Claudia (on line). Visto este panorama, apesar da população brasileira ser composta por 56,10% de pessoas pretas de acordo com o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), 3 a estrutura racial não permitiu às mulheres negras, direitos como o acesso à informação.
Assim, ao viabilizar essas pautas, se faz necessário a inclusão da temática de saúde mental para mulheres pretas, por sofrerem com as estruturas raciais e por muitas vezes não terem acesso à informação de qualidade para elucidar dúvidas e possibilitar o acesso ao tratamento psicológico para tratar seus traumas e curar cicatrizes.
E ao retornarmos à história do Brasil, as mulheres negras, antes, corpos escravizados, no pós abolição, não tiveram a garantia de quaisquer direitos, e não foram reconhecidas ao título de mulher em nossa sociedade. A desumanização desses corpos, que esteve por meio da suaforçabraçalgarantindoamanutençãodediversossetoresdasociedadefezcomqueaolongo dos anos, de forma cíclica e acumulativa, resultasse no adoecimento mental destas mulheres. E aqui, se faz necessário invocar a fala de Sojourner Truth, ativista feminista negra do século XIX, que questionou após inúmeros apontamentos de contribuição trabalhista, o porquê que ela não seria considerada uma mulher. Patrícia Hill Collins, comenta:
(BITTELBRUN, 2014, p.161)
Apresençadegruposminorizadosnojornalismo,comoaetnianegraouparda, ainda é muito inferior à etnia branca, apesar de representarem maioria no país.
A desumanização das mulheres pretas, não só no jornalismo com o poder de seu discurso, mas na sociedade, cria o mito de força absoluta destas mulheres que consequentemente não possibilitou o debate acerca da saúde mental deste grupo. Logo, os atravessamentos que a população preta feminina sofre com as diferentes formas de racismo, sexismo e machismo não são tratados por agentes de saúde, e por outros setores da sociedade, como no jornalismo. Um exemplo deste fato é trazido por Edna Mello (2004), “a mulher negra não é mostrada em situação de equilíbrio ou de boa convivência social.” (p.41).
Assim, o jornalismo em sua academia, instituição e seus atores, devem ter a responsabilidade social, ética, e informativa de atender, explicar, exemplificar questões relacionadas à saúde mental desta mulher. E aqui é oportuno salientar que esta pesquisa se propôs a contribuir com o debate de que a contratação de jornalistas pretas nas produções de revistas femininas é fundamental para incluir pautas raciais, mas que não se restringe a estas jornalistas a realizar esse tipo de produção. Miliane Martins, aponta:
Porém, a inserção desses grupos em veículos midiáticos poderia ser uma das soluções para o combate ao racismo e a desigualdade racial. (MARTINS, 2016, p.7)
Nessa conjuntura, as mulheres pretas são invisíveis aos olhos editoriais e a retratação, quando acontece, beira a estereotipização. Segundo Erly Barbosa e Silvano Silva (2009, p. 65): “A mulher negra, no jornalismo feminino, é silenciada, tendo em vista que aparece de forma diminuta no conjunto das matérias jornalísticas.”
Desse modo, pautar a saúde mental destas mulheres é de suma relevância na agenda jornalística, uma vez que acesso à informação pode mudar as relações, as performances e
7 Os veículos de comunicação, como os segmentados revistas femininas colocaram mulheres pretas às margens sociais, definindo um perfil de mulher consumidora de notícias que têm suas próprias demandas atendidas em reportagens, que se vê nas páginas e possui uma jornalista como representante ou seja, esse perfil é branco, cisgênero e transita entre classe média a classe alta. Sobre o cenário, Gabrielle Bittelbrun aponta: (...) admitir que todas as leitoras são iguais e que, portanto, apresentar uma branca na revista seria o mesmo que apresentar todas as mulheres e qualquer uma, além de menosprezar o peso da discriminação sobre as não brancas, acaba contribuindo para a manutenção do gênero como algo estático e homogêneo, que pudesse ser vivido de um único modo, e para a continuidade da hierarquização do tom de pele branco dentro do próprio grupo mulheres.
leitora.Apesar
A partir da década de 1980, os pequenos jornais negros que começaram a aparecer um pouco por toda parte refletiam em geral as linhas ideológicas e emocionais do “Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNU), que pretendia desmontar o mito da democracia racial brasileiro e montar estratégias antirracistas. (SODRÉ, 2015, p.275)
Apósofomento eforçadoMovimento NegroUnificadoqueesteveem aquilombamento realizando sua própria comunicação com veículos alternativos, a grande mídia teve sua
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E para chegarmos ao que temos hoje, de um pouco mais espaço nos veículos de comunicação para pautas que incluem de maneira abrangente mulheres negras, é necessário relembrar dois eventos principais; a influência do Movimento Negro Unificado nas mídias e o surgimento de uma nova classe média com poder aquisitivo. Logo, as revistas femininas, como é caso do nosso objeto de estudo Revista Claudia (on line) passaram lentamente a ter um olharmais atentoparaestenovopúblico com anseio degerarumaidentificaçãoesupriro desejo destas mulheres de serem vistas, para desta forma, conquistar este novo mercado. Assim, abrimos o espaço para duas hipóteses;
REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
Para embasar esta pesquisa, realizamos uma subdivisão quanto aos três pontos chaves do estudo. O racismo estrutural que recai sobre o jornalismo, as revistas no campo digital e a análise de Quantodiscurso.aojornalismo, queaolongo dos anos negouaexistênciadoracismo,assim como fez a sociedade brasileira, utilizamos, dois principais autores, Flávio Carrança (2004) e Muniz Sodré (2015), que discorrem sobre como a mídia brasileira inviabilizou a temática racial em prol de uma democracia racial inexistente. Sob visão de Sodré, esclarecemos:
Mesmo em um lento avanço em pautas identitárias, o jornalismo ao não inserir a mulher preta como personagem, especialista, analista e até mesmo jornalista, afasta a mulher preta
das revistas abordarem pautas identitárias por muitas vezes, trazidos por jornalistas negros, esse movimento ainda é lento. E essa lentidão pode estar atribuída ao poder aquisitivo na assinatura da revista (impressa e online), que ainda, uma grande parte da população preta periférica não tem acesso. E o acesso às matérias quando existe, se dá possivelmente pela internet, nas matérias não pagas, não exclusivas para assinantes.
contribuir para que mais mulheres pretas possam procurar agentes de saúde e redes de acolhimento para tratar e acompanhar a sua saúde mental.
A midiatização abre as portas não apenas para que a mídia fale mais, mas para que ela também ouça mais. Estamos falando de um ator social que lê e ouve, mas que também fala, comunica se, e compartilha sua experiência social. (ALIGHIERI, 2015, p.46)
Silvio de Almeida argumenta:
9 atenção chamada. Com este cenário, os veículos brasileiros, incluindo revistas femininas, passaram a tratar minimamente sobre racismo, incluindo pessoas pretas em pautas sobre violências distintas e contratando de maneira tímida, jornalistas pretos. Passados longos anos, o cenário mudou, mas não tanto quanto deveria, uma vez que tratando de matérias que não sejam intituladas como identitárias, ou seja, voltadas exclusivamente para pessoas pretas ou de outras minorias, elas não são incluídas como fontes - personagens, especialistas e analistas.
Em uma sociedade em que o racismo está presente na vida cotidiana, as instituições que não tratarem de maneira ativa e como um problema a desigualdade racial irão facilmente reproduzir as práticas racistas já tidas como “normais” em toda a sociedade. (ALMEIDA, 2019, p.32)
Esses estudos garantem a profundidade da pesquisa em questão e dão fundamentação para entender os processos comunicacionais que existem dentro do objeto de estudo Revista Claudia (on line)
Para compreensão dos efeitos do racismo na sociedade como todo, Silvio de Almeida (2019) elucida como o racismo estrutural reflete em todas as instituições da sociedade e a normalidade dele causa a manutenção do adoecimento da população preta, seu extermínio e beneficia grupos sociais a conservar seus poderes e privilégios.
Como no jornalismo não seria diferente, o trato para com o tema legítima que a sociedade racista não teria outra forma de se organizar e agir. Desta forma, esse movimento naturalizado denão combateaoracismoesim àconvivênciacom elerefletiunaRevistaClaudia pordécadas, quepassou a tratar e combater oracismo em sualinha editorial após a fortepressão do Movimento Negro Unificado,na ânsiadeconquistaranovaclassemédia. Assim, houveuma disposição maior para tratar matérias identitárias com o anseio de suprir os posicionamentos que a sociedade como um todo estava tomando. Dentre estes novos posicionamentos, a Revista esteve mais aberta a cobrir pautas que mostrassem mulheres negras em diferentes locais, incluindo a cobertura sobre saúde mental.
Em relação à revista em campo digital, Bianca Alighieri (2015) é a autora principal, em conjunto com Graciela Natansonh (2013). Alighieri (2015) explica como a migração das revistas femininas para o campo digital possibilitou uma maior interação com o público leitor, e permitiu que as revistas pudessem catalizar o que suas leitoras tinham como demanda:
As contribuições dos autores permitem que as matérias analisadas neste trabalho estabeleçam relação com os acontecimentos que permeiam o jornalismo e a sociedade e como um reflete no outro, uma vez que a negação do racismo gerou impactos severos na saúde mental de mulheres negras, assim como retratar a saúde mental destas mulheres em matérias jornalísticas garante maior possibilidade de escuta, conhecimento sobre o tema e repara minimamente a negligência do jornalismo como um todo como o de revista femininas para matérias voltadas para este público leitor.
A primeira matéria intitulada “Autocuidado é o maior ato de resistência no ativismo”4 , foi publicada em contexto de manifestações mundiais que iniciaram nos Estados Unidos por conta da morte de um homem negro norte americano George Floyd, que teve sua vida ceifada
4 Conteúdo disponível em: https://claudia.abril.com.br/sua vida/autocuidado e o maior ato de resistencia no ativismo/. Acesso realizado em 18 nov 2021
RESULTADOS
Assim, o receptor da mensagem passa a ser mais ativo na recepção e não mais passivo, o que também aconteceu com a Revista Claudia, que percebeu de forma rápida às reivindicações das leitoras e suas possíveis atribuições, críticas e questionamentos, e pode criar um canal direto com elas.
Em relação à análise de estudo, utilizaremos como principal autora Eni Orlandi (2009). A autora discorre sobre como o discurso possui significados e interpretações que vão além da mensagem escrita de forma linguística, pois o discurso tem relação direta com os acontecimentos e significados da sociedade. Como explica Orlandi (2009, p.14): “a Análise de Discurso não trabalha com a língua enquanto um sistema abstrato, mas com a língua no mundo.”
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E também para ter um maior aprofundamento sobre saúde mental de mulheres negras tratado pelo jornalismo de revistas femininas, aplicamos uma pesquisa qualitativa com um recorte de 100 mulheres pretas do Estado de São Paulo, para ser possível compreender o perfil de mulher negra que lê este tipo de veículo, se há interesse de assinatura, além de ter sido verificado a identificação e representatividade junto com as matérias lidas.
As três matérias analisadas que compõem objeto de estudo desta pesquisa estão publicadas no site da Revista Claudia (on line). Todas foram escritas em um intervalo de cerca de três meses de uma matéria para outra por uma mesma jornalista, Ana Carolina Pinheiro uma mulher preta.
A abertura do primeiro parágrafo em que a jornalista usa o discurso em primeira pessoa possivelmente aproxima uma leitora preta em se sentir acolhida, tomada por um sentimento de dor coletiva. Quanto a esta estratégia, Eni Orlandi comenta: No funcionamento da linguagem, que põe em relação sujeitos e sentidos afetados pela língua e pela história, temos um complexo processo de constituição desses sujeitos e produção de sentidos e não meramente transmissão de informação. São processos de identificação do sujeito, de argumentação, subjetivação, de construção da realidade. (ORLANDI, 2009, p.19)
Em seguida, no início da reportagem, a jornalista narra em primeira pessoa os sentimentos quelheforam causados após lidarcom amortedeGeorgeFloyd.Esterecursotrata se nitidamente de uma demanda interna da Ana Carolina Pinheiro que utiliza o veículo para expressar suas dores e consequentemente estimula a Revista a tratar não só da temática de saúde mental, mas de outras que interferem e cerquem a população negra feminina. O jornalismo negro desempenha a função de pautar as discussões eminentes para e com a população preta, não a deixando desamparada, além de conquistar um espaço para que o povo preto possacriarlaços deafetividade,amor próprio,autoamor, eacimadetudo, criarestratégias de sobrevivência dentro de um sistema racista. Sobre este fato, Miliane Martins (2016, p.8) aponta: “A vivência que uma minoria social tem e a visibilidade que daria a determinados assuntos em relação a quem não vive a mesma realidade poderia democratizar e humanizar o jornalismo.”
Apósa abertura, a jornalistaintroduza falade uma especialista,quenestecaso éa figura de uma psicóloga preta. Essa fala garante o acesso à informação do que se fazer ao lidar com um turbilhão de sentimentos causados pelas dores coletivas dos assassinatos de corpos negros, o que pode ser essencial para quem não tem acesso a psicoterapia. Entretanto, de acordo com o MídiaKit daRevistaClaudia,mulheres pretasperiféricas quegeralmente nãopossuemoacesso
11 por um agente policial. O assassinato dele trouxe à tona em todo mundo, e especialmente no Brasil, as diferentes formas de violência que a população negra sofre diariamente. Dito isso, o título da matéria corresponde a critérios que vão além dos fatores técnicos exigidos pelo jornalismo, como uma frase curta que englobe a temática trazida no texto e que caiba no tamanho dos caracteres disponíveis do veículo. O título remete a uma ação individual que beneficia o coletivo - o ativismo contra o racismo começa por um cuidado singular e subjetivo. A este fator, Eni Orlandi (2009, p.40) argumenta: “Consequentemente, podemos dizer que o sentido não existe em si, mas é determinado pelas posições ideológicas colocadas em jogo no processo sócio histórico em que as palavras são produzidas.”
A mídia funciona no nível macro como um gênero discursivo capaz de catalisar expressões políticas e institucionais sobre as relações inter raciais, em geral, estruturadas por uma tradição intelectual elitista que, de uma maneira ou de outra, legitima a desigualdade social pelacor da pele. (SODRÉ, 2015, p.276)
O próprio Jornalismo contribui largamente para a constituição desse espaço subaltenizador quando o negro ea mulher são personagens diáriosdas páginas policiais que os relacionam às situações socialmente “repudiadas”, como se eles e elas fossem personagens típicos dessas matérias. Com isso, a pesquisa evidenciou que apesar de construções como essas que estereotipam, no Jornalismo podem ser encontradas escritas que agem como ferramentas positivadoras da imagem da mulher negra. (OLIVEIRA, 2017, p. 26)
A segunda matéria intitulada “Aquilombando se, pessoas negras potencializam existência com semelhantes”5 trata de maneira extensa como pessoas pretas junto com seus pares têm criado estratégias para viver além da sobrevivência. A publicação da reportagem também produzida pela jornalista Ana Carolina Pinheiro foi feita no mês de novembro, cinco dias após do Dia da Consciência Negra que remete à importância da temática para além de
Ao decorrer do texto, a reportagem traz outras quatro mulheres ativistas em suas respectivas causas. Aretha Soyombo é uma mulher preta que conta sua experiência com o ativismo. Aqui, além da jornalista que também ocupa o papel de personagem, vemos um outro ponto abordado, da cobrança em ser ativista em tempo integral na fala de Aretha. Ao trazer este lado, o jornalismo da Revista Claudia (on line) coloca três mulheres pretas em locais de protagonismo em comparaçãoàs outras causas abordadas notexto.Essaaçãoédeliberadamente causada pelo modo abordado pela jornalista ao iniciar a matéria em primeira pessoa e usar seu local de comunicadora a favor da própria causa. Entretanto, em contexto geral vale salientar que a ação da jornalista - que ali está como agente solitária - não supre pautas que não são classificadas como identitárias, ou seja, em coberturas gerais, o jornalismo tende a colocar a mulher negra em local subalterno. Quanto este cenário, Wéber Oliveira comenta:
5 Conteúdo disponível em: https://claudia.abril.com.br/sua vida/aquilombamento coletivos negros/ Acesso realizado em 18 nov. 2021
12 a psicoterapia, não estão dentro da conjuntura socioeconômica de leitoras e assinantes da Revista, que conforme o relatório de 2020 é composto por um público leitor formado por mulheres (81%), que residem no sudeste (56,4%), possuem entre 35 44 anos (25,4%) e que dentrodenovos assinantes, fazem partedaelitebrasileira,como donos denegócio eexperientes urbanos de vida confortável. A revista não informa a raça no documento. Neste sentido, Sodré aponta:
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Os meios de comunicação de massa influenciam na organização social e na construção da realidade na sociedade moderna. A mídia apresenta se como elemento da comunicação de massa que influencia o pensamento social ao definir pautas e conteúdos do discurso público. O discurso é compreendido como uma forma de difusão de significados que exerce papel não somente para a elaboração, transmissão e reprodução de referências, ideias, valores, como também de preconceitos (BARBOSA; SILVA, 2009 p. 50)
E para falarmos sobre o papel do jornalismo acerca da temática da saúde mental, utilizaremos os dados da pesquisa qualitativa aplicada em prol desta pesquisa em que 100 mulheres negras foram ouvidas, 73% (73 pessoas) procuram matérias sobre saúde mental em sites na internet e somente 15% (15 pessoas) procuraram por este tipo de matéria em Revistas Femininas considerando site, impresso e redes sociais. Outro número interessante é que 89% (89 pessoas) das entrevistadas não tiveram contato com esta matéria analisada. Graciela Natansonh explica sobre este processo:
tratar de casos e crimes raciais como o jornalismo se planeja para o mês. Sobre a temática, Barbosa e Silva comentam:
Na abertura da matéria, a jornalista utiliza um resgate histórico para falar sobre os quilombos que mantiveram pessoas pretas escravizadas em um lugar seguro e de troca de afeto. Em seguida, ao também se colocar na matéria em um discurso de “nós”, a jornalista ingressa nos tempos atuais para explicar que aquilombar se hoje mantém o mesmo significado, mas que acontece fora de demarcações territoriais. Aqui, abre para a fala de uma especialista, mulher negra psicoterapeuta, que explica como a psicoterapia é negada à população preta tanto pela questão financeira como a questão territorial.
Considerando que as revistas são publicações destinadas a públicos segmentados, específicos, por mais generalistas que estas possam parecer, a focalizaçãodaaudiênciapermiteumainteraçãomaiorcom oleitor/navegador, de maneira que conteúdo e design são fortemente determinados pelo público alvo desejado. (NATANSONH, 2013, p.12)
Por mais que haja tentativa da jornalista em pautar e trazer cerca de três meses depois uma nova matéria que trate sobre saúde mental e ainda voltada exclusivamente para pessoas pretas, o veículo em si tem de forma segmentada um outro público leitor. A informação que seria fundamental para despertar em mulheres pretas vulneráveis a busca do seu aquilombamento e cuidados com a saúde mental não chega em quem deveria chegar. A informação fica diluída em grupo restrito de acordo com a segmentação do público leitor da Revista.
Ficamaisoumenosevidentequeadificuldadedossetoresmaisconservadores da mídia em aceitar a existência premente do racismo no país, tanto em nível individual quanto institucional, induz as suas linhas editoriais quase sempre consistentes e semelhantes no que concerne às cotas raciais a condenarem iniciativas congêneres, optando mesmo por concessões ideológicas pontuais a fim de resguadar esta negação central. (SODRÉ, 2015, p. 319)
Notexto,novamente ajornalistasecolocadentro damatéria com voz ativa. Em seguida, ela abre apresentando as personagens que compõem a matéria, e nela constam entrevistadas de diferentesperfis, grandemaioria,mulheres negras. Aestratégialinguísticautilizada mostrauma linha de seguir das mais velhas personagens ativistas há mais tempo para as mais novas, algo que dentro de coletivos de pessoas pretas é conhecido como respeito à sabedoria dos mais
Na terceira matéria analisada, intitulada “O combustível que mantém mulheres em suas lutas sociais e particulares”6, publicada em março deste ano, tocou mais uma vez na temática de saúde mental de mulheres pretas no mês referenciado como o das Mulheres devido à data do dia 8 de março. Entretanto, a reportagem é exclusiva para leitores assinantes. De acordo com os números da pesquisa qualitativa aplicada em prol desta pesquisa, de 100 mulheres pretas ouvidas, 97% (97 pessoas) não tiveram contato com a reportagem e quando questionadas sobre o valor mínimo de assinatura para o acesso a conteúdo exclusivos, 33% (33 pessoas) responderam que assinaria por um valor simbólico e não fixo, seguida de 27% (27 pessoas) que assinaria por um R$ 15 mensal. Este valor é menor do que o acesso ilimitado ao conteúdo da Revista, que é de R$19,90.
Ao considerar este fator, a democratização do conteúdo jornalístico permite que mulheres pretas possam criar uma conexão maior com o jornalismo de Revista, de modo que se apropriem da notícia. A assinatura pode afastar um possível público leitor em potencial que vai procurar a informação em outros veículos. Ignácio Ramonet (2013), explica, “[...] a informação também deve ser democratizada e, em certa medida, a internet proporciona isso, uma vez que ter um veículo/meio de expressão próprio na rede é relativamente barato e fácil do ponto de vista tecnológico.” Esta democratização viabiliza que mulheres pretas possam ter maior entendimento de assuntos sobre saúde mental e procurem redes de apoio e psicoterapia.
É possível perceber que apesar do veículo querer estar em consonância com as mudanças sociais e pautas racializadas trazidas a cargo de Ana Carolina, o esforço não é suficiente para ampliar este público leitor e fazer com que a informação chegue em quem se fala no texto. Sobre o cenário, Sodré explica:
6 Conteúdo disponível em: https://claudia.abril.com.br/feminismo/forca mulheres ativistas/ . Acessado em 18 de nov. 2021
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15 velhos. Esse recurso humaniza a luta destas mulheres e mostra que o Movimento Negro Unificado resistiu a todo este tempo e está conquistando mais espaço dentro do jornalismo. Neste cenário, Luciene Dias e Wéber Oliveira comentam:
A matéria finaliza com um intertítulo do porquê continuar na luta e nele constam as respostas das entrevistadas. O recurso deixa uma abertura para a reflexão de que a luta destas mulheres é também estar em movimento. Segundo Orlandi (2009, p.37): "Todo discurso é visto como um estado de um processo discursivo mais amplo, contínuo.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A mulher negra, empoderada fala de si, a partir do gueto para o próprio gueto e também para outros espaços, antes não alcançados. A valorização de sua identidade é alcançada quando se quebrar o paradigma da invisibilidade, e assim, abre caminho para o reconhecimento e afirmação do é que é ser mulher negra. (DIAS; OLIVEIRA, 2016, p 13)
Perante as análises das matérias jornalísticas que compõem esta pesquisa, constatou se que há uma tentativa da jornalista Ana Carolina Pinheiro em desenvolver pautas que englobem a saúde mental das mulheres negras. E nessa tentativa, em seu local como jornalista preta, ela se coloca dentro dos textos para possivelmente aproximar o público leitor, principalmente das mulheres negras, ao compartilhar dores, trazer personagens que são do seu convívio social e pela forma mais sensível e menos factual em que ela conduz os textos. Essa postura em seu local de comunicadora é um mecanismo de resistência à forma como o jornalismo aborda os assuntos acerca da negritude. Ana Carolina Pinheiro se posiciona ao resgatar um imaginário positivo das mulheres negras, de forma humanizada o que é fruto da luta do Movimento Negro Unificado, mas também de um ativismo e cobrança que ocorre em fóruns, sites e redes sociais com um receptor mais ativo e menos passivo em relação a produção jornalística.
A Revista Claudia (on line) permite este espaço para as pautas sobre saúde mental de mulheres negras, muito devido a consonância que o veículo sente em estar a par das mudanças sociais e culturais diante do racismo estrutural e pautas identitárias. Entretanto, a informação que seria de grande valia para mulheres pretas periféricas não chega até elas, devido à segmentação do público leitor da revista, que de acordo com o Mídia Kit de 2020 faz parte da classe média alta e classe alta brasileira.
O debate gerado por meio de reportagens sobre saúde mental de mulheres negras é oportuno e necessário para desmistificar que elas são fortes e guerreiras e aguentam de tudo,
porém esse debate fica aparentemente dentro de um público que tem acesso a uma gama de informações e que não tem interesse para mudar essa situação perante a quem se fala no texto.
COLLINS, Patricia Hill. Pensamento Feminista Negro. tradução Jamille Pinheiro Dias. 1. ed. São Paulo. Boitempo, 2019.
MORAES, Dênis; RAMONET, Ignacio; SERRANO, Pascual. Mídia, poder e contrapoder: da concentração monopólica à democratização da informação. São Paulo: Boitempo; 2013.
BARBOSA, Guedes Erly; SILVA, A. Bezerra Silvano. Mulheres Invisíveis: A imagem da mulher negra no jornalismo de revista feminino brasileiro. CAMBIASSU Edição Eletrônica Revista Científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão UFMA. São Luís MA, Ano XIX Nº 5 Vol. I p.48. Jan/Dez de 2009.
MELLO, Edna. As cores da mulher negra no jornalismo. In; CARRANÇA, Flávio (Org.). In; BORGES, Rosane (Org.). Espelho infiel: o Negro no jornalismo brasileiro. 1ª edição. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004.
Compreende se que os fenômenos citados, como o Movimento Negro Unificado e a nova classe média foram extremamente relevantes para mudar a postura da Revista em relação a temáticas identitárias, incluindo de saúde mental de mulheres negras. Entretanto, não se vale somente da posição da jornalista em alcançar uma maior gama de mulheres pretas.
ALIGHIERI, Bianca. As revistas femininas e seus contratos de leitura no ambiente da midiatização. 1 ed. Curitiba: Appris Edit, 2015.
BITTELBRUN, Gabrielle Vívian. As negras de Claudia, luso tropicalismo em revista. Revista Científica Ciência em Curso Revista Científica Ciência em Curso R. cient. ci. em curso, Palhoça, SC, v. 3, n. 2, p. 157 165, jul./dez. 2014.
REFERÊNCIAS
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ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. 264 p. (Feminismos Plurais coordenação de Djamila Ribeiro). São Paulo; Pólen, 2019.
DIAS, Luciene de Oliveira; OLIVEIRA, Wéber Felix. A mulher Negra como construtora de processos afirmativos e emancipatórios a partir das narrativas midiáticas. XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro Oeste Goiânia GO 19 a 21/05/2016.
Para o jornalismo segmentado e direcionado ao público feminino, fica aberta a reflexão de se incluir a diversidade de fontes, especialistas para além da demanda interna de uma jornalistapreta.Assim,épossívelqueainformaçãonãosomentedesaúdemental,masdeoutros temas cheguem para depois da ponte, em um local em que estar informado é ato revolucionário.
NERI, Marcelo. A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres. Rio de Janeiro: p. 149. FGV/CPS, 2010. Disponível: < https://www.cps.fgv.br/cps/ncm/ > . Acesso em: 04 jun.
ORLANDI,2021
MARTINS, Miliane. A Inserção do Negro no Jornalismo: uma forma de combater o racismo? (Artigo)Trabalho apresentado de 26 a 28/05/2016 Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da (Comunicação) XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul Curitiba PR 26 a 28/05/2016.
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OLIVEIRA, Wéber Felix. Correio Negro? A Emancipação da Mulher Negra nas Linhas do Jornalismo. Panorama Revista Científica de Comunicação Social Puc Goiás v. 7, n. 1 (2017).
Eni Puccinelli. Análise de Discurso: princípios & procedimentos. 8. ed Campinas: Pontes, 2009.
MUNIZ, Sodré. Claros e escuros: Identidade, povo, mídia e cotas no Brasil. 3ª edição. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2015.
NATANSONH, Graciela; CUNHA. Rodrigo. O jornalismo de revista no cenário da modalidade. NATANSONH, Graciela (Org.). Jornalismo de Revista em Redes Digitais. Salvador BA. edi. Edufba. (1 janeiro) 2013.
Considerando o Regulamento do Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo, da Universidade Cruzeiro do Sul, foi estabelecido que o produto revista eletrônica deve possuir de 20 mil a 30 mil caracteres com espaço. Já a impressa contará com 24 páginas, contendo 80 mil caracteres, com espaço, abrangendo três reportagens extensas.
A linguagem é acessível para o público de mulheres plurais que estão nas periferias da capital de São Paulo. Esse vocabulário fluirá entre a juventude e a terceira idade para que acolha mulheres de diferentes gerações.
Eu, favelada
2. Área e formato
APÊNDICE
Número de páginas/caracteres/duração
Salve minas, mães, avós e mulheres das periferias de São Paulo. Essa revista é para você que sente falta de se ler. Aqui é seu espaço, com linguagem fácil, do dia a dia para entender e conhecer mais sobre sua saúde.
Linha editorial
1) Produto Experimental
Área: Digital e Impresso
1. Título do produto
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"Eu, favelada" é uma revista digital que se destina a informar a mulher da periferia sobre saúde e conta com edição especial impressa de distribuição gratuita. Tem o propósito de dialogar e representar a menina, mãe e mulher periférica. Acreditamos na simplicidade e atuamos em favor do bem comum, da pluralidade e da interculturalidade para construir relações de respeito. Temos o objetivo de atingir regiões da periferia da capital de São Paulo e região metropolitana para construir um relacionamento sólido com nosso público alvo.
3. Sinopse
Formato: Revista híbrida digital e impressa sobre a saúde da mulher periférica.
Linguagem
4. Descrição do projeto
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Tipologia/Identidade Visual/ Identidade sonora/ Outros itens, de acordo com o seu Formato/Modalidade
A tipografia Good Brush foi utilizada para títulos, Coolvetica simples para subtítulos e Barlow Thin para o corpo do texto da revista impressa e para o site, mantivemos quase todas as fontes, excetoparaocorpodotexto,quefoiaCoolveticaCondensed.Todasforamescolhidaspensando na legibilidade acessível para mulheres de todas as idades. Quanto a identidade visual, para os projetos gráficos da revista impressa e digital foram escolhidas as cores complementares roxo e amarelo, como as principais. A escolha das cores foi definida por transmitirem as sensações de criatividade e otimismo, respectivamente. Entretanto, a identidade visual não se limitou apenas a essas duas, trazendo liberdade artística para cada reportagem.
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da Agência Mural de Jornalismo das Periferias Kátiaanabeatrizfelicio@agenciamural.org.brFlorajornalistadaAgênciaMural de Jornalismo das Periferias katiaflora@agenciamural.org.brPersonagens(todasperiféricas):
Pautas/Roteiros/ Transcrições/ Outras documentações relevantes para a compreensão do produto
• Serena Gomes mulher trans preta 23 anos
Função individual
Estive na posição de editora da revista impressa e de repórter Criamos uma revista com um jornalismo em que mulheres da periferia tenham acesso a um conteúdo de qualidade, de linguagem fácil e que se sintam informadas com reportagens contextualizadas
Pauta Campus: Liberdade/Noturno Nome do veículo: Revista feminina híbrida Eu, favelada SaúdeEditoria: Tema: Saúde mental da mulher negra Edição: nº 01
Fontes: PalomaPsicológas:Izidoro psicoterapeuta e parceira do Canto Baobá Alinecontato@cantobaoba.com.brBatistapsicoterapeuta e parceira do Canto Baobá AnaJornalistas:contato@cantobaoba.com.brBeatrizFelíciojornalista
PAUTA
Histórico: A população brasileira é composta por 56,10% de pessoas pretas (IBGE) e só mais recentemente passou a ser discutido sobre os atravessamentos que a população preta passa devido ao racimo estrutural e institucionalizado. Neste contexto, a saúde mental de mulheres pretas, que ainda sofrem com o machismo não esteve pauta como deveria. 17
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“Conheci o Canto Baobá, e me fez sentir um ponto de identificação com aquele ambiente. Eu me senti muito acolhida no Canto Baobá. Foi quando eu decidi fazer a terapia.”
Sabe? São brincadeiras ridículas como eu sempre escutei.’”
1. Na sua opinião quais efeitos o racismo teve na sua saúde mental?
ocupar meu tempo com coisas que me puxem da realidade caótica, dos problemasemgeral,àsvezesmedito,cuidodemimesteticamente,costumoprocuroevitar lugares que não me sinto bem, que tirem “minha paz”, lugares que posso pensar nas minhas escolhas da vida pessoal, que eu posso refletir.”
1. Os efeitos do racismo na saúde mental de mulheres negras podem ser reversíveis?
• Antônia Barbosa mulher cis preta 59 anos
Paloma Izidoro, psicoterapeuta
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Fotografia: Banco de Imagens
Serena Gomes, jovem de 23 anos
“Só que o fato de eu não ter tido diálogos sobre esse tema dentro de casa e nem na escola, dificultou para que eu pudesse criar defesas e pudesse entender de fato o que que era o racismo. Então crescer numa escola onde eu era taxada de abajur, taxada de árvore. ‘Ah, Aline,quando vocêfortirarfotovocêtemqueir paratrás, porquesenãoninguém aparece. Ah, Aline, está muito calor. Será que você pode ficar na minha frente para fazer sombra?
“(...) Reconhecer o meu cabelo como eu reconheço hoje foi muito difícil, quantas e quantas vezes eu queria que o meu cabelo fosse longo, eu queria que o meu cabelo fosse liso.”
• Aline Macedo mulher cis preta 23 anos
Alinhamento Editorial - Enfoque/Angulação: Nesta reportagem pretende se contextualizar como o racismo atinge a saúde mental, ouvindo especialistas e experiência de personagens de diferentes contextos pessoais.
Pauteira/ Estela/GabrielaRevisor:Cuerba e Giovana Repórter:DuarteEstela
1. Na sua opinião quais efeitos o racismo teve na sua saúde mental?
Transcrições da Reportagem
2. Você em algum momento já buscou terapia na rede pública ou privada? (conte aqui seu processo terapêutico, o porquê buscou, como está sendo desenvolvido, e o que já mudou na sua vida).
Aline Macedo, jovem de 23 anos
“Enfrentar o racismo diretamente e indiretamente me trouxe muitas inseguranças, medo e ansiedade, pois depois de um tempo eu não tinha medo só de debater, eu tinha medo de apanhar como já vi em outras situações, como se eu não estivesse certa em defender os “Eumeus.”tento
"Quando eu era adolescente, era que eu acho que essas revistas na verdade ajudavam a gravar, né? A nossa, se não a nossa saúde mental, pelo menos a nossa autoestima, porque o que a gente via nas revistas era o oposto, né?!”
“Eu como uma mulher preta jornalista já pautei matérias sobre a questão racial pensando em mulheres pretas que sofrem diariamente com o racismo. E sempre que eu vou fazer uma matéria de qualquer coisa eu tento também incluir a questão da população preta, da população periférica porque é aquele conceito da interseccionalidade, né?”
• O projeto do TCC começou no início deste ano letivo e meu tema é “Análise da Abordagem da Saúde Mental de Mulheres Negras em Revistas Femininas”.
“Muitas mulheres pretas demoram anos para se entenderem como mulheres pretas, e reconhecer e identificar o racismo também tem seus processos. Se você não se identifica, você não sabe o que é aquela violência que você está sofrendo.”
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3. O racismo em suas diferentes formas pode desencadear quais tipos de doenças e transtornos?
2. Dentre as mulheres pretas, poder aquisitivo maior, uma escolaridade de nível superior faz com que essa mulher preta sofra menos com os efeitos do racismo na saúde mental?
1. Na sua opinião quais efeitos o racismo teve na sua saúde mental?
3. Você consome revistas femininas? Se sim, em algum momento leu matérias sobre saúde mental da mulher negra?
“Depressão, ansiedade, mas não só isso. Eu vejo que em mulheres pretas que não são retintas, possuem uma dificuldade de se verem como mulheres pretas e possuem mais dificuldades ao quererem se encaixar em determinado grupo.”
“Nóscrescemos com oracismo,muitasdenós demoram anos parasereconhecerem como mulheres pretas, e o impacto do racismo não é reversível.”
Anna Beatriz Felício, jornalista
4. Você, como mulher preta e jornalista, pautou matérias sobre a questão racial pensando em mulheres pretas que sofrem diariamente com o racismo?
Diário de campo 18/08
“Eu acho que no meu caso, assim, como uma mulher negra de pele clara o racismo se dá a partir do momento que que eu sou ali criança, adolescente e eu não me entendo como a mulher negra né? Você não se entende como uma pessoa branca, você não se entende como uma pessoa negra e no momento da adolescência que você está buscando quem é você fica com esse assim de não entender o seu lugar no mundo. Então eu acho que essa questão colorismo ela afeta as pessoas negras de pele clara, afeta a nossa a nossa saúde mental nesse sentido de não entendimento e desse não pertencimento. E é claro que a gente sabe que o racismo no Brasil é muito mais forte por pessoas que têm a pele mais escura, né?”
• Estamos pensando em conteúdos para redes sociais.
• Nessa altura do campeonato, eu tô criando forças para manter o ritmo, mas não está sendo fácil. A vontade é desistir de tudo, trancar a faculdade e ir para praia.
• AProfª Miriam (orientadora) olhou as perguntas e oformulário, fez apontamentos necessários.
• Comecei o fichamento de uns livros que falam sobre Análise de Discurso (emoji do palhaço).
• Chorei muito, domingo só sabia chorar e ficar com raiva. Muita raiva. Mas não me abati, incluí as perguntas que precisava e começou a corrida contra o tempo para disparar o segundo formulário mais completo. Até o momento tenho 74 respostas.
• O grupo está prestes a decidir o logo oficial da revista (projeto experimental).
• Na última semana foi montado o rascunho do formulário para ser usado no Paper.
• Neste momento, iniciamos o segundo semestre com: Fichamento em andamento Livro Pensamento Feminista Negro Duas entrevistas feitas (personagens). Cronograma individual montado.
• O ritmo está lento, mas está caminhando. Já me questionei por que escolhi fazer Jornalismo, mas não me vejo em outra profissão. Eu fui escolhida, porque dá ponte pra cá, o acesso à informação é um meio de sair do mundo violento.
• Essa semana entrarei em contato com o restante das fontes.
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01/09
• Na sexta passada, eu e as meninas batemos o martelo sobre o logo, cores da nossa identidade visual.
25/08
• No final de semana, eu reavaliei todo o meu formulário para saber se precisava de algum ajuste. Fiz os ajustes.
• Ontem (31/08) cobrei as psicólogas que eu mandei o e mail na quinta feira passada e espero que elas me respondam até hoje, se não, procurarei outras psicólogas.
• Mandei perguntas para mais uma fonte.
• Permaneço no fichamento do livro Pensamento Feminista Negro.
• Consegui atingir as 100 respostas do formulário e foi uma alegria. Entretanto, como a felicidade de pobre dura pouco, me dei conta que que a pesquisa não tinha perguntas mais aprofundadas sobre as três matérias que compõem meu objeto de estudo.
08/09
• Foi apresentado para sala no primeiro seminário e simultaneamente, o tema foi incluído no projeto experimental da Revista multimídia “Eu, favelada”.
• No feriado, motivado pela raiva, iniciei o paper e consegui fechar o resumo, a introdução e a apresentação.
• Na segunda eu disparei o formulário Google para saber informações necessárias de sustentação do meu paper. Coloquei como meta 100 respostas e até ontem, consegui 79 respostas. Espero atingir as respostas até sexta feira (03/09).
• Vou acrescentar mais um livro no meu fichamento, que vai dar maior profundidade quanto a parte do racismo estrutural.
• Ainda essa semana, até domingo quero ter as análises de discurso das matérias selecionadas e avaliar minha pesquisa porque desta forma, terei os meus resultados.
• Consegui uma entrevista com uma psicóloga de um centro de saúde voltado para pessoas negras, e espero que isso aconteça.
• Tenho uma entrevista com uma psicóloga e terei mais uma na próxima semana.
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06/10
• Tá f****. Não devo ser inteligente o suficiente para desempenhar isso daqui.
• Joguei as entrevistas para a pasta do drive. Tem uma que ainda preciso decupar, vou ver se faço isso hoje.
29/09
• Terminei o referencial metodológico (OUÇO UM AMÉM? AMÉM).
• Em relação ao Wordpress, saímos de lá. Era muito limitado. Fomos para o Wix que é muito mais tranquilo.
• Amanhã faremos apresentações prévias do grupo, para todas nós nos sentirmos seguras com a apresentação no dia 17/09. O grupo tem caminhado muito bem e tenho muito orgulho do que estamos construindo.
• E aí na próxima semana me concentro somente em escrever a reportagem.
• Não avancei muito. Finalizei duas análises, ainda falta uma.
• Mandei o resumo, introdução e apresentação para prof, e foi só elogios (emoticon de coração).
15/09
• Fiz fichamento do livro Silvio de Almeida Racismo Estrutural na última semana.
• As entrevistas das psicólogas estão ok, e de mais um personagem também, só falta mais uma entrevista que ficará para sexta feira da próxima semana.
• Estou caminhando com o referencial metodológico. Eu tinha zero dele na semana passada e estou quase acabando, sei que falta pouco.
• Tenho tentado seguir o MEU RITMO sem olhar muito o ritmo do outro.
• Eu e as meninas tivemos problemas com a funcionalidade do WordPress, aparentemente o plano que escolhemos é um pouco mais limitado e teremos que trocar ou fazer um investimento melhor.
22/09
• Com a reaplicação do formulário atingi as 100 respostas na segunda feira (13/09).
• Montei minha apresentação do paper no sábado e vou fazer ajustes nele amanhã (16/09).
• A Priscila tem sido o maior suporte do grupo, ela é incrível.
• Após o dia 06/10 quero ter somente as considerações finais para escrever. Fé que vou conseguir.
• A apresentação do paper foi incrível, não só a minha, mas das meninas também. Estamos nos saindo bem e sei que o resultado final vai ser incrível.
• Eu era um corpo desacreditado, que já viu um assassinato, que já viu uma arma no alcance da mão, que já perdeu amigos e parentes para violência policial, eu poderia ser a próxima, eu poderia ser a próxima estatística e estou aqui, estou prestes a vencer essa batalha. Para mim é quase inacreditável, eu estou prestes a concluir um sonho. Alguém me belisca. Estou chorosa, mas é um choro bom e não ruim.
Direto vejo pai brincando com filho no parque Sinto inveja, fico me perguntando: Tio, o que que a vida fez comigo? Sorrio pelos pivetes, acho da hora Olho pra baixo, tenho mó vontade de chorar, mas não consigo Em segundos me vem vinte e poucos dia dos pais Guardo o presente fi, ele já não volta mais Arrasta a cartolina com papel crepom Amassa, joga no lixo: Porra, pior que esse aqui tava bom Hoje fico olhando na espreita Vendo os muleques aí, com pai mãe do lado e nem respeita Deviam ser por um dia o que eu sou a trinta anos Pra ve se cêis ia tá na de trocar os coroa pelos manos Não sei se dá tristeza ou ódio Não conseguir lembrar de você sóbrio Não vi as vadia nem seus aliado Com o doutor no corredor implorando pelo o que há de mais sagrado
• Eu pensei que não passaria dos 25 anos. Eu pensei que o sistema iria me pôr no chão, que a bala da polícia um dia encontraria um corpo como eu. Aos meus 17 anos, entrar no ensino superior era um sonho distante, era um sonho quase não palpável, mas estive aqui e não só por mim, mas por outras pessoas que estiveram antes de mim, por um MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO que lutou até o fim pelo sistema de cotas Eu estou no fim da graduação e toda vez penso na minha trajetória, daqueles que estiveram comigo, dos amigos que fiz, do quanto eu curti cada momento, cada matéria, cada espaço da universidade, choro. É um choro de um misto de sentimentos, de tanta coisa que não dá nem para descrever.
• Consegui finalizar as análises e mandei pra prof, agora só faltam as considerações finais. Já comecei a fazer reportagem, acredito que termine até sábado.
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Eu já passei fome, já apanhei calado Já me senti sozinho, já perdi uns aliado Eu já dormi na rua, fui desacreditado Já vi a morte perto, um cano engatilhado Eu já fugi dos homem, bati nos arrombado Quase morri de frio, eu já roubei mercado Já invejei quem tem pai, já perdi um bocado Eu sofri por amor, eu já vi quase tudo chegado!
Emicida me mantém de pé, hoje depois de tanto coisa ruim que aconteceu, só essa pra ouvir no repet.
13/10
• Pedi algumas informações adicionais para as fontes.
• Fiquei responsável por montar o Manual de Redação Imprensa
03/11
• Já fiz os conteúdos que ficarão junto com a Revista Imprensa.
• Recebi o retorno da Miriam quanto ao meu paper.
• Enviei para ela a minha reportagem.
27/10
• Ainda não concluímos a capa da Revista, mas falta pouco. Editei a reportagem da Milena.
• A apresentação do seminário está quase pronta.
• Fiz boa parte do Manual de Redação da Imprensa e On line. A outra metade ficou com a Priscila e com a Gabi.
• Fiquei responsável por montar a apresentação do seminário do Projeto Experimental
• Começamos a capa da revista impressa e ela ficou linda.
20/10
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• A prof deu retorno da reportagem e do paper, mas vai dar uma revisada final.
• Fizemos homepage do nosso site.
• Ainda aguardo o retorno da prof.
17/11
• Começamos a resolver as questões do Projeto Experimental.
• Mandei novamente para a Profª o arquivo já com as considerações finais
• As reportagens estão já no site e na revista impressa e na sexta feira apresentaremos para a prof.
10/11
• Apresentamos o seminário do Projeto Experimental e foi só sucesso.
• Montei o layout da minha apresentação da BANCA.
• Acrescentei as informações que recebi das fontes
24/11
• Estou ansiosa por esse processo, mas vai dar certo.
• Semana passada eu joguei o paper para o arquivo oficial da faculdade. Fiz duas revisões e falta a final.
• A reportagem está quase pronta. Deu até esse momento 6 páginas.
Levantamento de fontes X X
Redação das reportagens X
2) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Criação de conteúdo para as redes sociais X X X
3) INVESTIMENTO
Hospedagem do site 1 R$ 66,80 R$ 534,40 Impressão do livro 10 R$ 50,00 R$ 500,00
Pré pauta X Pauta X X
Diagramação da revista impressa X
Realização de entrevistas X X
Entrega do produto final X
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Total R$ 116,80 R$ 1034,40
Apuração X X X
Montagem do site X X X X
Revisão X
Espelho da revista impressa X
ETAPAS JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Criação da identidade visual X X
Impressão da revista impressa X X
Item Quantidade Valor unitário Valor Total
As regras expressas neste manual consideram um jornalismo democrático e que acredita na disseminação da informação de forma ampla, direta e com linguagem simples. O que estáestabelecido aquifoiaprovadoportodo corpoqueintegraaRedaçãoda Eu,favelada.
MISSÃO
Manual de redação Eu, Favelada: impressa
Abaixo, o manual; e na sequência, o print do Instagram;
Temos orgulho de nossas origens e de sermos mulheres periféricas, nossa missão é pautada em apresentar informações que possam melhorar a vida das mulheres que vivem nessas condições, para que possam reivindicar seus direitos relacionados à saúde feminina.
PAUTA
• Não compactuamos com nenhuma forma de preconceito, tais como, racismo, transfobia, homofobia, lesbofobia, gordofobia, bifobia, etarismo, xenofobia, entre outros;
4) OUTROS PRODUTOS DA SUA PESQUISA
O carro chefe é tratar especialmente da saúde das mulheres plurais que residem nas periferias de São Paulo e que por muitas vezes foram invisibilizadas por Revistas Femininas que circulam atualmente no país.
A Revista Eu, favelada é uma revista digital e impressa que faz parte do trabalho de conclusão de curso (TCC) das formandas Estela Aguiar, Gabriela Cuerba, Giovana Duarte, Larissa Lourenço, Milena Alves e Priscila Ferreira do curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul.
Quanto ao projeto experimental a Revista Multimídia Eu, favelada, realizamos também um Manual deRedação para norteartodas as reportagens ecriamos redes sociais para a Revista, sendo o carro chefe, o Instagram;
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• Acreditamos em um jornalismo feminista interseccional, sobretudo com relação à classe social, que é capaz de emancipar por meio da informação;
VALORES
• Entendemos como questão central o aprofundamento no viés da classe social C e D, por ser um público que, muitas vezes, é invisibilizado pela grande mídia.
Para maior aprofundamento da pesquisa foi aplicada um formulário do Google Forms voltada exclusivamente para mulheres negras de São Paulo. Intitulada de Matérias sobre Saúde Mental de Mulheres Negras. Atingimos o número de 100 respostas ao decorrer de uma semana.
• Colocar idade quando necessário entre vírgulas;
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• Quando for apresentar as fontes (físicas), além do nome, dizer de qual periferia ela é ex: Gabriela Cueba, moradora da região periférica da Zona Leste de São Paulo;
ÍNDICE DE TERMOS USADOS E NÃO USADOS
Não usados:
REPORTAGENS
Pessoas que menstruam;
• Tipo de escrita acessível, de fácil entendimento para o público alvo;
• Colocar datas entre vírgulas e mês por extenso, ex.: Ononono, 4 de novembro, ononono;
- Pessoas que dão à luz (homens trans);
De maneira coletiva, trocamos sugestões, abordagens, indicações de fontes, ideias para que o conteúdo jornalístico da Revista tenha a identidade de todas as integrantes da equipe.
Não usar a palavra denegrir (buscar sinônimos); Não usar diminutivos para se referir das mulheres; Pessoa louca, maníaca, insana Raivosa, brava ou ameaçadora
REGRAS GERAIS
Tratando se de uma revista feminina imprensa e on line segmentada, as pautas são destinadas à temática de saúde e bem estar social de mulheres residentes nas periferias de São Paulo.
Pessoas que fazem uso de anticoncepcional; Pessoas idosas/terceira idade, maduras, +60;
• Escrever por extenso o nome da Instituição e entre parênteses a sigla ex: Organização Mundial da Saúde (OMS);
DISCUSSÃO EM EQUIPE
As reportagens tocam na temática de saúde e bem estar social das mulheres das periferias sempre com o objetivo de informar e instruir. Os diálogos devem ser de fácil entendimento, oferecer opções dentro da realidade do público mencionado e apresentar seus direitos fundamentais com base na legislação do país.
Usados:
Não referir menstruação, gestação, uso de contraceptivos de modo que exclua pessoas trans, não binário, etc.;
• Evitartermos formais ecientíficos caso nãodêpara“traduzir”o termo abordado, apresentar uma breve explicação ou box a parte do texto com a explicação (ex: AZMINA) / * em cima da palavra, etc.;
FONTES
As nossas fontes são mulheres residentes das periferias de diferentes perfis. Além delas, ouvimos coletivos, especialistas e fontes oficiais, sempre ambientadas na realidade da mulher periférica.
• Citar leis que se encaixam dentro de cada reportagem (visar lado das políticas públicas). Ex: Lei Plano de Parto garante as gestantes a companheiros, etc.;
• Não alterar fala das fontes, manter gírias, apenas arrumar erros de concordância e vícios de linguagem.
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• Padronizar as aspas das fontes até cinco (5) linhas entre aspas em outros casos, contar a história da pessoa (citação indireta).