MÔNICA MOREIRA DA SILVA
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POR DENTRO DO XIS: uma análise de reportagens da revista digital Tpm sobre mulheres encarceradas.
São2021Paulo
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE JORNALISMO
Relatório de Fundamentação Teórico Metodológica (RFTM)/Paper, acompanhado de Produto Experimental, desenvolvido como etapa final de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, sob orientação da Profa. Dra. Mirian Meliani.
MÔNICA MOREIRA DA SILVA
São2021Paulo
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CURSO DE JORNALISMO
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
POR DENTRO DO XIS: uma análise de reportagens da revista digital Tpm sobre mulheres encarceradas.
AGRADECIMENTOS
Meu cunhado, Arlindo, por incentivar meu crescimento profissional e pessoal.
Aos meus irmãos, Monalisa e Arthur, por estarem ao meu lado e cuidarem de mim.
À minha prima, Thaís, que me ajudou nos momentos que mais precisei.
Também aos meus amigos, Aline Julio e Marcelo Júnior, por me apresentarem a profissão que faz os meus olhos brilharem todos os dias.
Aos meus pais, Elenice e Otávio, que mesmo com todas as dificuldades nunca desacreditaram do meu potencial e fizeram de tudo para que eu tivesse uma boa educação e ingressasse no ensino superior.
Por fim, ao Lucas Barros, criador de conteúdo, pelas transmissões ao vivo de produtividade e foco que me acompanharam e me motivaram ao longo deste ano.
Aos meus amigos Estela Aguiar, Gabriela Cuerba, Larissa Leme, Letícia Fernandes, Luís Felipe, Thamiris Santiago, Priscila Ferreira e Vinicius Ribeiro, que estiveram nessa caminhada ao meu lado e prestaram todos os suportes que necessitei.
Aos meus tios, Eliane, Enemias e Ennie, que a vida decidiu recolher neste último ano e fazem uma enorme falta na minha vida
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À minha sobrinha, Laura, que me deu forças para seguir em frente e batalhar para ser uma pessoa melhor.
15 Os
.......................................................................................................... 13 Os
femininas 15 A
13 Os
.......................................................................................................... 13 A
4 SUMÁRIOINTRODUÇÃO.................................................................................5 APRESENTAÇÃO............................................................................6 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO .......................8 A revista Tpm 10 Aspectos metodológicos 11 RESULTADOS................................................................................12
........................................................................................................ 16 Outros componentes 16 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................16 REFERÊNCIAS..............................................................................18 C)B)A)APÊNDICE......................................................................................19ProdutoExperimental............................................................19CRONOGRAMADEEXECUÇÃO.....................................43INVESTIMENTO..................................................................44
detenta...................................................................................... 14 A
nas
15 Os
Diário de uma notícia sujeitos silêncios pandemia prisões notícia sujeitos silêncios
........................................................................................................ 13 Outros componentes 13
............................................................................................................. 14 Os
14 Outros componentes......................................................................................... 14 A
Presa fácil notícia sujeitos silêncios
.......................................................................................................... 14 Os
Para além, o perfil do encarceramento feminino é representado por mulheres pretas, ensino básico incompleto e chefes de família, após serem abandonadas pelos companheiros.
1 Artigo apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso RFTM/Paper, derivado do Núcleo de Estudos em Mídia Digital.
Por dentro do Xis: uma análise de reportagens da revista digital Tpm sobre mulheres encarceradas.1
Este trabalho parte da premissa de que o Jornalismo possui como dever social trazer mais visibilidade à temática, estabelecendo debates sobre as condições de vida das mulheres encarceradas.
INTRODUÇÃO
As discussões sobre os direitos das mulheres receberam destaque nos últimos anos, entretanto um grupo continua invisibilizado pela sociedade e mídia. Segundo o estudo Infopen Mulheres3, levantamento nacional de informações penitenciárias do Ministério da Justiça, nos anos 2000, as mulheres representavam 3,2% da população encarcerada no país. Anos depois, em 2014, elas passaram a ocupar 6,4% do total.
Mônica Moreira da SILVA2 Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP
2 Estudante de Graduação 7º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e mail: moonica.moreira@gmail.com
3 Conteúdo disponível em: <http://antigo.depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen mulheres/relatorio infopen mulheres.pdf>. Acesso em: 27 de novembro de 2021.
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Este trabalho tem o objetivo de apresentar reflexões sobre a maneira como o encarceramento feminino é abordado, por meio de reportagens, em veículos jornalísticos segmentados para o público feminino, especificamente a revista digital Tpm. A linha editorial dessa publicação defende um jornalismo plural, diferenciado das revistas femininas existentes no mercado. Tratamos ainda sobre a maneira como o jornalismo prioriza discursos de classes dominantes e a falta de representação de temas e indivíduos que abrangem as minorias sociais.
Os dados apontam que, cada vez mais, mulheres estão ingressando ao sistema prisional. A maioria destas foram condenadas por vínculos com tráfico de drogas, sendo que um número expressivo está nesta situação por ocuparem papéis coadjuvantes no crime, como o esconderijo de drogas em casa e transporte de produtos ilícitos para prisões masculinas.
RESUMO
PALAVRAS CHAVE: análise de discurso; revista digital Tpm; jornalismo e representatividade; encarceramento feminino.
Em 2014, a pesquisa “Infopen Mulheres”4, realizada pelo Departamento Penitenciário Nacional, realizou um levantamento de informações disponíveis sobre as mulheres encarceradas no Brasil.Foi constatadoque,entreos anos de2000e2014,onúmerodemulheres encarceradas cresceu em 567,4%, o que corresponde a 37 mil presas. Ainda de acordo com a pesquisa, o encarceramento feminino possui o seguinte perfil: 50% das mulheres presas possuem entre 18 e 29 anos, 67% delas são pretas e 50% não concluíram o ensino fundamental.
Énecessáriorefletircomoos grandes veículos daimprensafemininaestãofalandosobre as mulheres encarceradas. Este trabalho pretende contribuir para uma visão mais crítica e mostrar que a discussão do encarceramento feminino possui aparatos que podem ser melhor explorados pelo Jornalismo.
Pararespondê lafoidefinidocomoobjetivocompreendercomoalinguagem jornalística da revista digital retrata a vida de mulheres encarceradas e se há preferência pela narrativa de pessoas privilegiadas economicamente e socialmente.
A pergunta que move essa pesquisa é: qual é o discurso utilizado pelas revistas segmentadas ao público feminino, especificamente a revista digital Tpm, para falar sobre esse grupo de mulheres que vivem em situação de cárcere?
A metodologia aplicada será a análise de discurso, devido à necessidade de aprofundamento no tema e compreender a estrutura das reportagens do veículo.
APRESENTAÇÃO
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4 Conteúdo disponível em: <http://antigo.depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen mulheres/relatorio infopen mulheres.pdf>. Acesso em: 27 de novembro de 2021.
Este artigo fundamenta se nas discussões levantadas sobre o feminismo e o direito das mulheres nos últimos anos. O debate realizado atualmente ainda apresenta uma ideia elitista, onde apenas o grupo de mulheres brancas e em ascensão social é favorecido. As mulheres privadas de liberdade possuem pouco espaço na sociedade, consequentemente no Jornalismo, para manifestar as próprias vivências. Como é argumentado por Borges (2019), “[...] A situação das mulheres encarceradas sofre uma dupla invisibilidade, tanto pela invisibilidade da prisão quanto pelo fato de serem mulheres. Ninguém quer saber ou discutir sobre o sistema prisional.”
Sendo assim, para caminharmos em direção a um jornalismo justo e democrático, a pesquisa pretende analisar reportagens sobre as mulheres privadas de liberdade, nas revistas femininas digitais. Para fins de segmentação, o objeto de estudo escolhido para compor este projeto de pesquisa foi a revista Tpm.
As considerações teóricas inseridas nesta pesquisa foram pautadas em estudos realizados pelos autores Orlandi (2020), Brandão (2012), Hall (2003), Wolf (2006) e Pena (2005),no quetangeacomunicaçãoediscurso. E Borges (2019),Davis (2018),Foucault (2013) e Queiroz (2015), no que trata questões relacionadas ao encarceramento e mulheres em situação de cárcere.
A revista Tpm foi lançada em 2001, com a provocação de possuir uma linha editorial diferenciada das revistas destinadas ao público feminino da época, as quais se limitavam a discutir temas relacionados a beleza, moda e relacionamentos, fomentando preceitos machistas acerca das mulheres.
Para isso, o instrumento utilizado será a Análise de Discurso representada pela escola francesa. A escolha justifica se, pois o instrumento é o que melhor permite um aprofundamento da dimensão representativa, isto significa, descrições sobre os sujeitos, silêncios, contextualização das notícias e análise de elementos complementares.
Dado o motivo, o Jornalismo tem como dever visibilizar a temática, gerando diálogos sobre as condições de vida das mulheres encarceradas. Além disso, os veículos de informação precisam abordar o tema com frequência, denunciando a falta de comprometimento do estado de São Paulo e do Governo Federal com o sistema carcerário brasileiro.
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Nota se a importância da abordagem jornalística sobre a temática, já que a informação pode trazer conhecimento para a sociedade sobre a urgência da discussão do assunto. A grande mídia não trata com frequência sobre o tema, quando abordado, as pautas servem para falar das poucas políticas de reinserção existentes nestes lugares e que na maioria dos casos exclui mulheres pretas e periféricas:
O foco da análise aqui apresentada é entender como a revista digital relata aos seus leitores como se configura a vida de mulheres encarceradas e se há prioridade de compreender o fato do ponto de vista de pessoas representantes de classes dominantes, como indivíduos brancos. Para tal fim, foram definidos objetivos específicos: investigar as escolhas jornalísticas no sentido semântico para a construção das reportagens, bem como analisar o perfil das personagens selecionadas para compor os textos
As mulheres brancas, em virtude de sua maior escolaridade, recebem os melhores cargos de trabalho dentro da prisão, ao contrário das negras, em maioria com os serviços pesados e de limpeza, consequentemente, prejudicadas pelo benefício do indulto, e da remissão de um dia pena por cada três dias trabalhados. (SILVA, 2014, p.42)
Nesse contexto, o artigo mostrará como a discussão do encarceramento feminino pode ser mais explorada pelo Jornalismo independentemente do segmento, principalmente naqueles que dialogam diretamente com mulheres, como as revistas segmentadas, por meio das análises de discurso de três reportagens, nomeadas como “Presa fácil”, “A pandemia nas prisões femininas” e “Diário de uma detenta”, da revista Tpm
Partindo dessa constatação, as mulheres pretas sofrem ainda mais com o peso da invisibilidade, já que elas estão em maior número no sistema carcerário e, majoritariamente, em condições financeiras inferiores. Engana se ao acreditar que, nos presídios, as mulheres são tratadas de forma igualitária e sem distinção de cor e raça:
5 Conteúdo disponível em: <https://bit.ly/3leIEQr>. Acesso em: 27 de novembro de 2021.
Essa punição pública feminilizada, no entanto, não afetava todas as mulheres da mesma maneira. Quando cumpriam pena em reformatórios, as mulheres
O presente projeto visa a análise de reportagens da revista digital Tpm sobre mulheres encarceradas. Para a compreensão se mostra necessário uma reflexão sobre o sistema prisional. Segundo Foucault (2013): “O efeito talvez mais importante do sistema prisional e da sua extensão muito para lá do encarceramento legal é o fato de conseguir tornar natural e legítimo o poder de punir, reduzir pelo menos o limiar de tolerância à penalidade” É possível notarmos que, para além da punição física, o sistema prisional também pode punir por meio do esquecimento, como exemplo as pessoas presas não conseguem ressocialização na sociedade.
REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
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Dados do Infopen5 mostram que há 37,2 mil mulheres privadas de liberdade no Brasil. O estado de São Paulo concentra 4.074 presas, sendo que 2.242 vivem na Penitenciária Feminina de Sant’Anna. De acordo com Queiroz (2015), a maioria das mulheres residentes em prisões femininas atualmente são pretas ou pardas, mães solo e com ensino fundamental incompleto. Partindo da suposição de que esse grupo de mulheres é marginalizado e invisibilizado pela grandeimprensa, queremos analisarqual éo discurso utilizadopelasrevistas segmentadas ao público feminino, especificamente a revista digital Tpm, para falar sobre esse grupo deComomulheres.caminho para responder à indagação que norteará este artigo, foram definidas as seguintes hipóteses: a) a revista opta por não discutir com frequência o encarceramento, isso pode estar ligado ao fato de que a sociedade civil e o público alvo da revista negligenciam ou não se interessam pela discussão; b) quando o tema é abordado na revista existe a preferência da narrativa da mulher branca.
Em São Paulo, nos últimos vinte anos, foram construídas cerca de 130 prisões. Entretanto, a construção destes locais não melhorou as condições do cárcere, principalmente ao pensar se nas prisões femininas. “No topo da sala úmida, próximo ao teto, existem manchas de musgos esverdeados quase do tamanho de uma pessoa”, relata Queiroz (2015) sobre a Penitenciária Feminina de Sant’Ana.
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Analisando historicamente, as mulheres eram condenadas a viver em cadeias mistas, assim sendo obrigadas a dividir celas com pessoas do gênero masculino, onde eram vítimas constantes de estupro. A primeira penitenciária exclusivamente feminina foi fundada apenas em 1937, no Rio Grande do Sul, a mobilização foi feita por freiras da Igreja Católica e assim, inauguraram a Penitenciária Madre Pelletier, de Porto Alegre. Queiroz (2015) esclarece: “Depois de muitas denúncias e discussões de penitenciaristas, o Brasil, tardiamente, passou a construir presídios apenas para mulheres, começando pelo Rio Grande do Sul e espalhando se pelo resto do país.”
negras e nativas americanas muitas vezes eram separadas das brancas. Além disso, elas tendiam a ser desproporcionalmente condenadas a cumprir pena em prisões masculinas. (DAVIS, 2018).
As más condições físicas não são os únicos problemas enfrentados pelas mulheres nos presídios femininos, a higiene básica e a pobreza menstrual também se mostram como agravantes. As mulheres recebem por mês dois pacotes de absorventes íntimos e dois rolos de papel higiênico. Caso acabe antes do próximo mês, fica pela responsabilidade da encarcerada garantir os suprimentos. Queiroz (2015) exemplifica: “Ou seja, uma mulher com um período menstrual de quatro dias tem que se virar com dois absorventes ao dia; uma mulher com um período de cinco, com menos que isso.”
Fica evidente que o Estado e a imprensa necessitam caminhar em conjunto para oferecer melhores condições de vida para as presidiárias. O Estado, ao cumprir o seu papel de oferecer subsídios adequados e necessários para a existência humana; e o Jornalismo, em seu dever de denunciar sobre como essas mulheres são tratadas.
Do ponto de vista comunicacional, a falta do Jornalismo em denunciar as condições de vida das mulheres encarceradas pode ser analisada a partir dos estudos culturais, no olhar do sociólogo Stuart Hall. Para essa corrente teórica interdisciplinar, a cultura se integra a diversas práticas sociais e permanece em constante transformação. Dentro desse sistema cultural, as informações transmitidas por meio dos veículos de comunicação perpassam por diversas determinações estabelecidas pelo contexto históricoem queestãoinseridos. Enquanto opúblico não recebe a mensagem de forma passiva. Para o entendimento, Hall (2003) pontua que:
Segundo Wolf (2006), a falta de representação de temas que abrangem as minorias sociais deve se ao fato de os veículos de informação serem um instrumento de hegemonia: Contra esta versão, os “cultural studies”, reafirmando a centralidade das criações culturais coletivas como agentes da continuidade social, salientam, contudo, o seu carácter complexo e flexível, dinâmico e ativo, não meramente residual ou mecânico.
A revista Tpm
1. é uma materialidade com características singulares; 2. está subordinada a interesses econômicos e institucionais; 3. é segmentada por público e por interesse; 4. é periódica; 5. é durável e colecionável; 6. apresenta se como um repositório diversificado de temas da atualidade; 7. trabalha com a reiteração de grandes temáticas.
Para compreender o conceito de jornalismo de revista, Schwaab e Tavares (2013) apontam:
As revistas femininas e as mulheres representadas por elas passaram por uma nova transformação. De acordo com Greice Rego (2005):
Se antes a mulher era pressionada a assumir o papel de mãe e dona de casa a fimde ser reconhecida como ummembro útil e bem sucedido da comunidade, hoje a medida de seu sucesso é dada pela sua capacidade profissional.
Asprimeirasrevistas femininaseram escritasporhomensecostumavamtrabalhartemas estereotipados como conselhos culinários, cuidados da casa e beleza. Apenas em 1960, para acompanhar o contexto histórico da época, as revistas femininas iniciaram pequenos ajustes editoriais para abordar outros temas relevantes, como machismo e trabalho (SCALZO, 2003).
Posteriormente, com o advento da internet, uma nova cultura jornalística iniciou se, então as revistas passaram por um processo de virtualização, onde a maioria dos conteúdos veiculados eram textos originários da edição impressa (FERRARI, 2004)
No passo que ao jornalista, especificamente, também cabe a fundamentação na teoria organizacional. A teoria conceitua que o jornalista prioriza a política editorial da organização emqueestásituado. “Em outraspalavras, eleseconformacom asnormaseditoriais,quepassam a ser mais importantes do que as crenças individuais.” (PENA, 2005).
O objeto de análise deste projeto de pesquisa, revista Tpm, foi lançado em 2001, com projeto editorial e gráfico para reformular os padrões de revistas femininas existentes no Brasil
A mensagem é uma estrutura complexa de significados que não é tão simples como se pensa. Arecepçãonão éalgo abertoe perfeitamente transparente,que acontece na outra ponta da cadeia de comunicação. E a cadeia comunicativa não opera de forma unilinear.
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Além disso, para o entendimento do sistema carcerário e encarceramento feminino foi necessário a leitura de obras escritas por Borges (2019), Davis (2018), Foucault (2013) e Queiroz (2015) para fins de complementação ao referencial teórico supracitado.
A Tpm segue na contramão do que prega a maioria das publicações femininas no país, que repete receitas e promessas sobre temas como beleza, sexo, relacionamentos e carreira. Com conteúdo inovador, a Tpm não acredita em fórmulas prontas e mostra mulheres contemporâneas vivendo em um mundo real sem perder o bom humor e o jogo de cintura. Desde a criação do Manifesto Tpm, em 2012, algumas matérias questionam os padrões impostos pela sociedade às mulheres, como a busca pelo corpo perfeito ou uma família “margarina”, além de tabus como a descriminalização do aborto. (Mídia Kit revista Tpm6)
Conteúdo disponível em: <https://revistatrip.uol.com.br/upload/docs/midiakit 2020 trip tpm.pdf>. Acesso em 28 de maio de 2021.
Conforme citado acima, as revistas são produzidas para um público segmentado. Ao afirmar esses conceitos em sua apresentação, a Tpm esclarece com quem pretende comunicar se. Segundo o Mídia Kit 2021, a Tpm possui um público composto por 92% de mulheres, 68% com idade entre os 26 e 45 anos e 88% dos leitores concluíram o ensino superior. Fica evidente que a mulher contemporânea representada pela revista possui acesso fácil à informação, à cultura e almeja entender o espaço que ocupa socialmente.
Por fim, como este artigo baseia se na pesquisa qualitativa, com foco na análise do discurso, mostrou se de suma importância o entendimento de quais elementos seriam
e criticar publicações clássicas que se limitavam a tratar sobre assuntos como beleza e moda, retratando a mulher de forma superficial. O veículo apresenta se:
Aspectos metodológicos
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O processo metodológico desta pesquisa iniciou se no levantamento bibliográfico. As pesquisas de estudos científicos que possuíam semelhança ao projeto em desenvolvimento foram identificadas por meio do uso de palavras chave em sites acadêmicos ou jornalísticos. Entre elas foram utilizadas: encarceramento feminino, presas, revista Tpm e representação da mulher na LogoTpm.após iniciou se a busca de teóricos ligados à comunicação que dialogassem diretamente com a temática e o problema de pesquisa propostos. Após a escolha de teóricos como Hall (2003), Wolf (2006) e Pena (2005), foi feita uma leitura reflexiva e interpretativa para a compreensão do pensamento destes autores.
RESULTADOS
Podemos afirmar que a análise de discurso busca compreender a língua no que produz sentido, considerando a como parte de um esforço social abrangente, sem excluir os contextos históricos em que a sociedade está inserida. Interpretando palavras presentes nos textos, os ditos, como também daquilo que não é explícito (ORLANDI, 2020).
O primeiro traço que une as técnicas de pesquisa qualitativa tem a ver com a adoção de um estilo de pesquisa que prefere o aprofundamento do detalhe à reconstrução do todo, os estudos intensivos (sobre um pequeno número) aos extensivos (sobre um grande número). Com essa escolha metodológica a pesquisa qualitativa responde de forma específica a uma exigência geral que recobre o inteiro domínio da pesquisa social, aquela de guiar a complexidade dos fenômenos em estudo.
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Brandão (2021) nos pontua a respeito da análise do discurso:
Esses são os pontos que nortearão a análise das reportagens “Presa fácil”, “Diário de uma detenta” e “A pandemia nas prisões femininas”. Vale salientar que este artigo visa analisar especificamente as reportagens que tratam sobre mulheres encarceradas de modo a averiguar
Com base na análise de discurso, este artigo se propõe a analisar as reportagens sobre mulheres em situação de cárcere da revista digital Tpm, com foco na identificação de mecanismos que reforcem a invisibilidade de mulheres encarceradas, em preferência mulheres pretas, por este motivo foram definidas duas classificações norteadoras: os sujeitos e os silêncios. Outros dois pontos foram escolhidos, como a contextualização da notícia e análise de elementos complementares.
analisados nas reportagens da revista digital Tpm sobre encarceramento feminino. Cardano (2017) explica a pesquisa qualitativa como:
Para avaliarmos o discurso utilizado pela revista digital Tpm ao retratar mulheres encarceradas, buscamos um método prático, empírico e que exemplifique os apontamentos propostos de forma clara. Para isso, foi recorrido à análise do discurso divididos em tópicos, que possibilitam a identificação dos itens analisados sem perder a reflexão inicial.
O reconhecimento da dualidade constitutiva da linguagem, isto é, do seu caráter ao mesmo tempo formal e atravessado por entradas subjetivas e sociais, provoca umdeslocamento nos estudos linguísticos atéentão balizados pela problemática colocada pela oposição língua/fala que impôs uma linguística da língua. Estudiosos passam a buscar uma compreensão do fenômeno da linguagem não mais centrado apenas na língua, sistema ideologicamente neutro, mas num nível situado fora desse polo da dicotomia saussuriana. E essa instância da linguagem é a do discurso. Ela possibilitará operar a ligação necessária entre o nível propriamente linguístico e o extralinguístico.
7 Conteúdo disponível em: <https://revistatrip.uol.com.br/tpm/a populacao carceraria feminina nao para de crescer brasil> Acesso em: 13 de setembro de 2021.
A notícia
se o tom inovador da revista, que questiona os padrões impostos pela sociedade às mulheres, se verifica.
Presa fácil7
O discurso pode ser caracterizado como polifônico, embora haja uma discrepância no espaço em que cada uma delas está inserida. As fontes governamentais e especialistas estão em maior número (7), quando comparadas ao número de mulheres presas entrevistadas (3).
Os sujeitos
No texto, são identificadas dez vozes com pontos de vistas e especialidades diferentes entre si: três mulheres encarceradas, o defensor público, a jornalista; a antropóloga; a psicóloga, a agente penitenciária, o Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem) e o Ministério da Justiça, por meio do ministro Gilmar Mendes.
Os silêncios
Um silêncio identificado na reportagem refere se à falta de descrições físicas das mulheres encarceradas. Abordando um viés racial, as mulheres pretas representam 66% da taxa de encarceramento feminino no Brasil, conforme o levantamento do Infopen (2019), dessa forma fica a julgamento e subjetividade do leitor descobrir quem está sendo retratado no texto. As mulheres negras conseguiram um espaço para manifestar as próprias dores ou as mulheres brancas, assim como as fontes nomeadas, foram escolhidas para serem protagonistas?
A população carcerária feminina cresce de forma avassaladora no Brasil: em 11 anos, houve um aumento de 279% número muito maior do que o dos homens
A primeira matéria analisada foi divulgada em 13 de agosto de 2015, e foca em trazer um panorama sobre a vida das mulheres encarceradas. Os aspectos levantados, como as condições de higiene, motivos pela pena e entre outros, são citados brevemente e sem aprofundamento.Valesalientar que a reportagem também foi repercutida na edição 156, da revista impressaTpm, integrando seao “Especial Prisão”. Poressemotivo, oprimeiroaspecto dotexto jornalístico, o lide, é abandonado e em seu lugar, a matéria inicia se com elementos do jornalismo literário.
Outros componentes
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Assim como na notícia anterior, a matéria foi repercutida na edição 156, da revista impressa Tpm, integrando se ao “Especial Prisão”. Já no site, o editorial foi divulgado em 3 de agosto de 2015.
Os sujeitos
O foco central é identificado no subtítulo: trata se do relato de uma ex presa sobre como foi viver durante três meses no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros.
A notícia
A escolha do intertítulo “Quem não é visto não é lembrado” mostra a tentativa da revista de se aproximar de uma linguagem mais coloquial e moderna. Além de reforçar o fato das mulheres em cárcere serem invisibilizadas socialmente.
O não-dito nesta matéria também remete à descrição física da personagem. O silêncio constitutivo dá se ao utilizar se apenas o termo “patricinha” para descrever a ex detenta, fica não dito que esta é a perspectiva da história de uma mulher branca, visto que a matéria também não apresenta imagens da personagem.
Paulistana de classe média alta, há dez anos Fernanda* foi presa em flagrante por tráfico e conta o que passou nos três meses detida
Otítulodamatéria“Presafácil”trazum sentidoambíguoepodesignificarqueonúmero de mulheres presas cresceu nos últimos anos por ocuparem posições coadjuvantes nos crimes, como já foi apontado na reportagem pelo defensor Bruno Shimizu e pela coordenadora do Cladem, Gabriela Ferraz. Como também, no significado metafórico da palavra presa, cujo sentido denota que uma pessoa se encontra sob influência de algo ou outro indivíduo.
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Diário de uma detenta8
Outros componentes
No editorial, o principal e único sujeito é a ex detenta, que conta ter sido presa por traficar drogas a pedido do namorado. Diferentemente de muitas mulheres nessas condições, a personagem possuía aparato financeiro necessário para que não passasse tanto tempo privada de liberdade.Odiscurso monofônico tem por objetivo trazer uma história mais pessoal, narrada em primeira pessoa, causando sensação de proximidade entre a opinião da revista e as leitoras.
Os silêncios
8 Conteúdo disponível em: <https://revistatrip.uol.com.br/tpm/diario de uma detenta> Acesso em: 13 de setembro de 2021.
9 Conteúdo disponível em: <https://revistatrip.uol.com.br/tpm/a pandemia nas prisoes femininas> Acesso em: 13 de setembro de 2021.
A fonte principal da reportagem é a médica Gabriela Costa, de 36 anos, uma mulher branca que narra as condições vividas no cárcere e também como vem sendo trabalhar na linha de frente do combate à COVID 19.
Além disso, a chamada traz a sensação de que a história contada possa ser banal ao optar pelo termo “patricinha”, uma gíria que remete a uma mulher mimada e se preocupa apenas com questões da moda, sem a explicação do porquê a personagem era conhecida assim pelas presidiárias.
A notícia
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A última reportagem selecionada para a análise foi publicada em 7 de março de 2020, escrita pela jornalista Carol Ito. Apesar de trazer no título “A pandemia nas prisões femininas", temos a narrativa em detalhes apenas do que ocorria na Penitenciária Feminina de Sant’Ana, na zona norte de São Paulo.
Os sujeitos
Além da médica, outros sujeitos falantes são identificados no texto, a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo (SAP), a advogada e esposa da personagem e a professora de direito e membro do Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (CADHu). Embora tenha pouco destaque, outro sujeito pode ser visto na matéria, a presa não identificada, de 70 anos, que vivia próxima à entrevistada principal.
A médica Gabriela Costa, que já passou 76 semanas presa, reflete sobre as condições de saúde, física e mental, que as mulheres enfrentam no cárcere
Embora não seja o foco desta análise, a reportagem recebe a seguinte chamada de capa na versão impressa: “Os perrengues de uma patricinha na cadeia”, é chamado atenção os termos escolhidos para caracterizar a ex detenta.
A ironia causada pela palavra “perrengue” é uma forma da revista posicionar se referente aos estereótipos concebidos para representar as mulheres, causando uma espécie de ruptura com o que é esperado de uma mulher com boa situação financeira.
A pandemia nas prisões femininas9
Logo no início é contado como tem sido a pandemia causada pelo novo coronavírus na prisão, condições insalubres e esquecimento por parte do Estado. São milhares de mulheres vivendo em constante aglomeração, más condições de higiene e falta de assistência médica.
Outros componentes
Não é possível afirmar que o público e a revista negligenciam a discussão do encarceramento feminino. No entanto, com esta análise foi possível constatar que, mesmo com
Cabe elucidar que o caso apresentado na reportagem é uma exceção ao comparar com a realidade do país. O sistema carcerário feminino no Brasil é, em sua maioria, composto de mulheres com baixo nível de escolaridade. Em contrapartida, no mercado de trabalho é exigido ensino médio completo e/ou cursos profissionalizantes, o que dificulta a reinserção de egressas no mercado de trabalho.
Não é falado, novamente, sobre raça na reportagem. Embora a repórter indicasse dados do Levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), exibindo os perfis das mulheresprivadasdeliberdadenoBrasil,apenas citandonúmerosdeencarceradascomdoenças crônicas, gravidez e idade. Além disso, todas as fontes nomeadas para constituir a matéria são mulheres brancas.
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O discurso polifônico caracteriza se dessa maneira pela presença da declaração, por meio de uma nota oficial, da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo (SAP).
Há 20 anos no mercado editorial, a revista Tpm foi lançada com o objetivo de contrapor as revistas femininas nacionais que existiam até então no segmento. O veículo afirma que a proposta é trazer ao público reportagens que questionam estereótipos impostos às mulheres, como a busca por padrões de beleza, além de abordar temas polêmicos e que necessitam de um debate urgente pela sociedade civil, como o encarceramento feminino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os silêncios
Não é possível afirmar que o público e a revista negligenciam a discussão do encarceramento feminino. No entanto, com esta análise foi possível constatar que, mesmo com esta ruptura de discursos, a Tpm ainda apresenta conceitos semelhantes ao comparar se com as demaisArevistas.primeira reportagem analisada sobre o cárcere feminino trouxe sensibilidade a diversos assuntos, mesmo que de forma superficial, vivenciados cotidianamente por essas mulheres que sofrem repressões do Estado. Entretanto, a escolha das fontes reforça uma visão elitista da revista Tpm e a preferência pela narrativa de pessoas brancas. Como se apenas o posicionamento desses indivíduos retratasse fielmente os dilemas enfrentados na sociedade.
Enquanto na segunda reportagem fica mais evidente o argumento supracitado, de que a revista, apesar de propor uma interrupção aos padrões e discursos dominantes de outras revistas femininas, entra em contradição ao usar termos estereotipados que dão espaço para a objetificação das mulheres. Ademais, a escolha da fonte reforça novamente a preferência da narrativa do ponto de vista de pessoas brancas, sem considerar que justamente pela posição social, muitos problemas enfrentados por mulheres das periferias não as afetam, como a falta de assistência jurídica e à informação, por exemplo.
esta ruptura de discursos, a Tpm ainda apresenta conceitos semelhantes ao comparar se com as demaisArevistas.primeira reportagem analisada sobre o cárcere feminino trouxe sensibilidade a diversos assuntos, mesmo que de forma superficial, vivenciados cotidianamente por essas mulheres que sofrem repressões do Estado. Entretanto, a escolha das fontes reforça uma visão elitista da revista Tpm e a preferência pela narrativa de pessoas brancas. Como se apenas o posicionamento desses indivíduos retratasse fielmente os dilemas enfrentados na sociedade. Não é possível afirmar que o público e a revista negligenciam a discussão do encarceramento feminino. No entanto, com esta análise foi possível constatar que, mesmo com esta ruptura de discursos, a Tpm ainda apresenta conceitos semelhantes ao comparar se com as demaisArevistas.primeira reportagem analisada sobre o cárcere feminino trouxe sensibilidade a diversos assuntos, mesmo que de forma superficial, vivenciados cotidianamente por essas mulheres que sofrem repressões do Estado. Entretanto, a escolha das fontes reforça uma visão elitista da revista Tpm e a preferência pela narrativa de pessoas brancas. Como se apenas o posicionamento desses indivíduos retratasse fielmente os dilemas enfrentados na sociedade.
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A última notícia analisada traz um amplo panorama de como as mulheres encarceradas na Penitenciária Feminina de Sant’Ana estão vivendo durante a pandemia. Embora, ainda que publicadaalguns anosdepoisdoqueasduasprimeirasreportagens analisadasnesteartigo,nota se que a revista Tpm ainda tenha as mulheres brancas como meio de denúncia e explicação da realidade.Conforme aponta Orlandi (2020) podemos concluir que ainda há uma relação de forças narevista Tpm, pois asociedade foiconstituídapor relações hierarquizadas e,assim, aoabordar temas relevantes, como o encarceramento feminino, mas optar excessivamente pelo discurso de classes dominantes e em privilégio social, reforça que as palavras significam algo diferente do que se falasse do lugar de pessoas pretas e demais minorias sociais.
HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003. 480 p.
REFERÊNCIAS
ORLANDI, Eni P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 13.ed. São Paulo: Pontes, 2020. 100 PENA,p.
Felipe. Teoria do Jornalismo. 1.ed. São Paulo: Contexto, 2005. 236 p.
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BORGES, Juliana. Encarceramento em massa. 1.ed. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019. 144 p. BRANDÃO, Helena Hathsue Nagamine. Introdução à análise do discurso. 3.ed. São Paulo: Editora da Unicamp, 2012. 120 p.
QUEIROZ, Nana. Presos que menstruam: A brutal vida das mulheres tratadas como homens nas prisões brasileiras. 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2015. 390 p.
REGO, Greice Martins. Imagem e representação da mulher em revistas femininas. 2005. 71 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Jornalismo) Centro Universitário de Brasília, Brasília, DF, 2005. Disponível em: <https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/123456789/1696>. Acesso em: 08 de abril de 2021.
TAVARES,FredericodeMelloB.;SCHWAAB,Reges(Orgs.). Arevistaeseujornalismo.1.ed.Porto Alegre: Penso, 2013. 304 p.
DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas?. 1.ed. Rio de Janeiro: Difel, 2018. 144 p.
CARDANO, Mario. Manual de pesquisa qualitativa: A contribuição da teoria da argumentação. 1.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2017. 376 p.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: Nascimento da prisão. 1.ed. Lisboa: Actual, 2013. 376 p.
WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. 8.ed. Lisboa: Presença, 2006. 247 p.
HSUAN AN, Tai. Design: conceitos e métodos. 1.ed. São Paulo: Blucher, 2018. 318 p.
2. Área e formato
Considerando o Regulamento do Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo, da Universidade Cruzeiro do Sul, foi estabelecido que as reportagens presentes no produto de
3. Sinopse
Número de páginas/caracteres/duração
Área: Digital e impresso. Formato: Revista híbrida.
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APÊNDICE
“Salve minas, mães, avós e mulheres das periferias de São Paulo. Essa revista é para você que sente falta de se ler. Aqui é seu espaço, com linguagem fácil, do dia a dia para entender e conhecer mais sobre sua saúde”.
Linha editorial
A linguagem deve ser acessível ao público de mulheres plurais que estão nas periferias na capital de São Paulo. Esse vocabulário flui entre a juventude e a terceira idade para que acolha mulheres de diferentes gerações.
4. Descrição do projeto Linguagem
A) Produto Experimental
1. Título do produto Eu, favelada.
"Eu, favelada" é uma revista digital que se destina a informar a mulher da periferia sobre saúde e contará com edição especial impressa de distribuição gratuita. Tem o propósito de dialogar e representar a menina, mãe e mulher periféricas. Acreditamos na simplicidade e atuamos em favor do bem comum, da pluralidade e da interculturalidade, para construir relações de respeito. Temos o objetivo de atingir regiões da periferia da capital de São Paulo e região metropolitana para construir um relacionamento sólido com nosso público alvo.
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Todos os itens acima foram necessários para o desenvolvimento do projeto. Para além das reportagens escritas por cada repórter, os produtos criados precisam conversar diretamente com as mulheres plurais das periferias, o público alvo das revistas, e o design mostrou se como uma ferramenta importante para este fim.
Função individual
A tipografia Good Brush foi utilizada para títulos, Coolvetica Condensed para o corpo do site, por fim, Barlow Thin foi escolhida para compor os textos presentes na revista impressa. Todas selecionadas pensando na legibilidade acessível para mulheres de todas as idades, de acordo com cada formato
Pautas/Roteiros/ Transcrições/ Outras documentações relevantes para a compreensão do produto
A função desempenhada no projeto experimental foi a de artista gráfico, com o foco na criação da identidade visual das revistas, além da diagramação da revista impressa e montagem do site para a revista digital. O profissional que desempenha essa função cria soluções de comunicação visual que envolvem o impresso e digital. Como pontua Hsuan An (2017), o artista gráfico necessita das seguintes competências e habilidades:
revista eletrônica devem possuir de 20 mil a 30 mil caracteres com espaço, cada uma. Já a impressa conta com 28 páginas, abrangendo três reportagens extensas e textos extras no intuito de caracterizar o produto como uma revista efetivamente.
Tipologia/Identidade Visual/ Identidade sonora/ Outros itens, de acordo com o seu Formato/Modalidade
1. Capacidade criativa; domínio da linguagem (escrita e gráfica); 2. Capacidade de trânsito interdisciplinar; visão sistêmica do grupo; 3. Domínio da metodologia de projeto; conhecimento e visão do setor produtivo específico; 4. Conhecimento da gestão de produção e da prática profissional; 5. Conhecimento e visão dos diversos contextos e fatores determinantes de design; 6. Capacidade de trabalhar em equipe.
- Victória Castro
NOMEDOVEÍCULO:Eu, favelada
- Maurício Guarnieri, por meio da Secretaria da Administração Penitenciária
SaúdeEDITORIA: TEMA/ASSUNTO:Pobreza menstrualdeencarceradas EDIÇÃO:Novembro/2021

PAUTA NoturnoLiberdade/Campus
- Larissa Cassiano
Segundo a jornalista Nana Queiroz, no livro “Presos que menstruam”, em geral, cadamulherencarceradarecebeapenasdoispapéishigiênicosedoispacotescom oitoabsorventespormês.Aescritoraexemplifica:“Ouseja,umamulhercomum períodomenstrualdequatrodiastemquesevirarcomdoisabsorventesaodia; umamulhercomumperíododecinco,commenosqueisso.”
HISTÓRICO:
Biólogaeeducadoramenstrual E mail:digavulva@gmail.com
Diretor geraldaPenitenciáriaFemininadeSant’Ana E mail:imprensasap@sp.gov.br
ALINHAMENTO EDITORIAL ENFOQUE/ANGULAÇÃO: Explicaroqueé pobrezamenstrualeosmalefíciosqueofatotrazparapessoasquemenstruam.
Médicaginecologista E mail:contato@larissacassiano.com.br
Entreosanosde2003e2014, onúmerodemulheresencarceradascresceuem 279%, o que corresponde a 37 mil presas, segundo dados do Departamento PenitenciárioNacional(Depen).Emumasociedadeondeasmulheresemcárcere aindanãoconseguiramumlocaldedestaqueparamanifestarasprópriasdorese vivências, suas dificuldades e condições de precárias de higiene não são divulgadaspelaimprensa.
A pobreza menstrual pode ser caracterizada pela falta de acesso a recursos e conhecimento por parte de pessoas que menstruam para cuidar da própria menstruação. O fenômeno é vivenciado, normalmente, por pessoas em vulnerabilidade,desigualdadesocialeracial.
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FONTES:Egressas do sistema penitenciário
Alémdisso,consultarodiretor geraldaPenitenciáriaFemininadeSant’Anna paraseobterumavisãoadministrativaemrelaçãoaofatoecompreendera logísticafeita.CabeaSecretariadaAdministraçãoPenitenciária,representando oGovernodoEstadodeSãoPaulo,comofonteoficialparaprestarosdevidos esclarecimentosdedenúnciasquepossamsurgir.
“É, é rotina lá, é rotina lá. Isso é uma coisa que falta muito, muito mesmo, é higiene da mulher é essencial. E lá nessa parte, em várias outras partes, só que nessa parte é muito escasso, muito, muito mesmo. Isso é o mínimo, né? Absorvente e papel higiênico para a mulher é um mínimo, de qualidade, porque não adianta dar e ele não servir, não prestar, porque aí não vai durar nenhuma hora você com o absorvente. Então, você já ganhou pouco, o absorvente não tem qualidade, você acaba tendo que trocar ele toda hora… não dá, é sem condições.
OBSERVAÇÃO: Sefaznecessárioousodefotos.
PAUTEIRA/ REVISOR: Mônica Moreira (2004776 2)/Gabriela Cuerba (1947140 8)
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EDIÇÃO: Priscila Ferreira (1954039 6)
Transcrições das entrevistas
FOTÓGRAFA: Mônica Moreira (2004776 2)
REPÓRTER: Mônica Moreira (2004776 2)
A falta de itens de higiene era comum na Penitenciária?
Tália (nome fictício), egressa do sistema penitenciário
Namatéria,comosrelatosdasmulheresegressasmostrarcomoasmulheres passampeloperíodomenstrualnaPenitenciáriaFemininadeSant’Ana.Para sustentarasentrevistasprestadaspelasencarceradas.
Quando eu fui presa, eu fui pra Franco da Rocha e lá parou de descer para mim, porque afetou o meu emocional. Então, só foi descer para mim, quando eu fui para P. E. de Santana. Daí foi tipo, um mês direto assim ó, aí eu vi e já cheguei já ‘boom’ nesse baque. Falta de absorvente, tinha acontecido minha audiência tudo em cima, veio minha sentença, já tive que ser transferida… Colocaram meu nome errado na Unidade e acabou que a minha família demorou para conseguir me visitar que o advogado teve que arrumar meu nome… E você só consegue mandar as coisas, a partir do momento que tem carteirinha na Casa, então minha família não conseguia mandar. Daí lá tive que me virar, ir atrás de papel higiênico, atrás de absorvente… foi o período mais doloroso assim, nessa parte para mim. Foi quando eu cheguei na P. E. de
“Teve um dia que eu menstruei e eu usei o que as meninas me ‘deu’ , só que acabou e realmente não tinha, e tinha passado o dia da visita, então, no caso, não ia ter mais. ‘Aí’, eu cheguei na funcionária e falei assim: ‘senhora, você tem como me dar um pacotinho de absorvente e tal? Cheguei aqui na gaiola agora, né? ’. Ela falou assim: ‘não eu já te dei o seu, é um por mês’. Aí eu falei: ‘nossa, mas eu já usei’. Aí ela falou assim: ‘então, você vai ter que esperar até o outro mês ou pedir para alguma companheira’. Aí, dito e feito. Eu lembro que meu... foi assim, é bonito de se ver, porque é união das pessoas, né? Mas de manhã, eu fui e falei assim: ‘ai gente, eu estou menstruada, tem como vocês me arrumar um pacotinho, eu pego na hora da saída que eu terminar de pagar o café’. C ! Todos os barracos me ‘ajudou’, todos, tipo, eu fiquei com muito absorvente, sabe? Eu tive até absorvente para doar depois quando ‘chegava as meninas nova’, eu ia lá e falava assim: ‘toma, pega mais’, que às vezes ‘tá ali e acaba, né? Ninguém tem o fluxo igual, mas eu já passei por isso sim, já.”
Caso os absorventes acabassem antes do fim da menstruação, como a senhora fazia para substituí los?
Santana. Com o tempo eu consegui emprego lá, minha família começou a me visitar e mandar as coisas, daí eu consegui me estabilizar”.
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- A senhora já ouviu falar em pobreza menstrual? Você acha que já enfrentou esse problema?
Íris (nome fictício), egressa do sistema penitenciário
“Graças a Deus passei algumas dificuldades no início, antes da minha família conseguir ir me visitar e como fazia unha na Cadeia, acabava conseguindo comprar das meninas que tinham jumbo e visitas com mais frequência. Mas fui muito ajudada, na verdade lá dentro nós nos ajudávamos muito e se alguém não tinha ou acabava, nós nos juntamos para ajudar nossa companheira. Mas já ouvi diversos casos de mulheres que já tiveram de fazer absorvente de pano, pois estavam em unidades carentes e mais distantes da capital” .
Daisy (nome fictício), egressa do sistema penitenciário
Maurício Guarinieri, diretor-geral da Penitenciária Feminina de Sant’Ana
As mulheres recebem mensalmente o chamado ‘kit higiene’. Quais são os produtos presentes neste kit?
- Soube que as visitas não podem trazer papel higiênico, por qual motivo?
Isso daí é uma demanda... um tempo atrás começou a se apreender muito com K4, que começou a ser introduzido no sistema penitenciário e vinha por dentro dos rolos de papel higiênico. Então, para acabar com essa demanda, de discriminar aquele que veio para cumprimento da pena mesmo e para visita, em cima de uma resolução foi suspensa.

Fotos autorais utilizadas na reportagem
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- Quais são as outras formas que elas podem obter estes produtos de higiene pessoal? Através da folha de compra, que é em cima do salário dela, bem como, através da entrega do denominado ‘jumbo’, que vem pelos familiares. Em virtude da pandemia, a entrega do jumbo se encontra suspensa, mas vem através de SEDEX.
Então, sobre isso, a distribuição do kit se dá através da resolução SAP, né? Que é a SAP 26 de 01/03/2013. Então, a unidade fornece sabonete, creme dental, escova dental, aparelho de barbear, papel higiênico e absorvente íntimo.
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Fachada e portão de acesso para a Penitenciária Feminina de Sant’Ana.


Entrada do primeiro pavilhão da Penitenciária Feminina de Sant’Ana.
Imagens do
DestaquesCabeçalho/Iníciosite
26 InstContatoagram/Visualização



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RRodapéeportagens




Imagens da reportagem “’Naqueles dias’: mulheres encarceradas e a pobreza menstrual”

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10 Conteúdo disponível em: < https://www.facebook.com/revistaeufavelada> Acesso em: 27 de novembro de 2021.
Também criamos contas nas redes sociais Facebook10 e Instagram11 para manter um contato próximo com as leitoras da revista, além de fornecer conteúdos complementares das reportagens das revistas.

11 Conteúdo disponível em: < https://www.instagram.com/eufavelada/> Acesso em: 27 de novembro de 2021.
Redes sociais
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Para a montagem dos produtos foram feitos manuais para orientação de construção de cada formato da revista, sendo um deles o de Comunicação Visual12. Bem como, o manual de redação para o formato digital, conforme segue abaixo.
Manual de redação Eu, Favelada: on line Inspiração https://azmina.com.br/2017/07/manual de redacao da revista azmina/
As regras expressas neste manual consideram um jornalismo democrático e que acredita na disseminação da informação de forma ampla, direta e com linguagem simples. O que está estabelecido aqui foi aprovado por todo corpo que integra a Redação da Eu, favelada.
Manual de orientação
12 Conteúdo disponível em: <https://bit.ly/3o0uK64> Acesso em: 27 de novembro de 2021.
O carro chefe é tratar especialmente da saúde das mulheres plurais que residem nas periferias de São Paulo e que, por muitas vezes, foram invisibilizadas por revistas femininas que circulam atualmente no país.

A Revista Eu, favelada é uma revista digital e impressa que faz parte do trabalho de conclusão de curso (TCC) do curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul.
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De maneira coletiva, trocamos sugestões, abordagens, indicações de fontes, ideias para que o conteúdo jornalístico da revista tenha a identidade de todas as integrantes da equipe e também a representatividade do nosso público alvo.
Acreditamos em um jornalismo feministainterseccional,sobretudo com relação àclasse social, que é capaz de emancipar por meio da informação; Nãocompactuamos com nenhuma formadepreconceito,tais como, racismo,transfobia, homofobia, lesbofobia, gordofobia, bifobia, etarismo, xenofobia, entre outros; Entendemos como questão central o aprofundamento no viés da classe social C e D, por ser um público que, muitas vezes, é invisibilizado pela grande mídia.
PAUTA
VALORES
Tratando se de uma revista feminina impressa e on line segmentada, as pautas são destinadas à temática de saúde e bem estar social de mulheres residentes nas periferias de São Paulo.
DISCUSSÃO EM EQUIPE
FONTES
MISSÃO
Temos orgulho de nossas origens e de sermos mulheres periféricas, nossa missão é pautada em apresentar informações que possam melhorar a vida das mulheres que vivem nessas condições, para que possam reivindicar seus direitos relacionados à saúde feminina.
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As nossas fontes são mulheres residentes das periferias de diferentes perfis. Além delas, ouvimos coletivos, especialistas e também fontes oficiais, sempre ambientadas na realidade da mulher periférica.
REPORTAGENS
As reportagens tocam na temática de saúde e bem estar social das mulheres das periferias sempre com o objetivo de informar e instruir. Os diálogos devem ser de fácil entendimento, oferecer opções dentro da realidade do público mencionado e apresentar seus direitos fundamentais com base na legislação do país.
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Tipo de escrita acessível, de fácil entendimento para o público alvo;
Não usados:
Não referir menstruação, gestação, uso de contraceptivos de modo que exclua pessoas trans, não binário, etc.
Colocar datas entre parênteses ex: quinta feira (04/11); Colocar idade quando necessário entre vírgulas; Escrever por extenso o nome da Instituição e entre parênteses a sigla ex: Organização Mundial da Saúde (OMS);
Quando for apresentar as fontes (físicas), além do nome, dizer de qual periferia ela é ex: Gabriela Cueba, moradora da região periférica da Zona Leste de São Paulo; Padronizar as aspas das fontes até cinco (5) linhas entre aspas em outros casos, contar a história da pessoa (citação indireta).
Evitar termos formais e científicos caso não dê para “traduzir” o termo abordado, apresentar uma breve explicação ou box a parte do texto com a explicação (ex: AZMINA) / * em cima da palavra, etc.;
ÍNDICE DE TERMOS USADOS E NÃO USADOS
REGRAS GERAIS
Não usar a palavra denegrir (buscar sinônimos); Não usar diminutivos para se referir das mulheres; Pessoa louca, maníaca, insana Raivosa, brava ou ameaçadora
Citar leis que se encaixam dentro de cada reportagem (visar lado das políticas públicas). Ex: Lei Plano de Parto garante às gestantes a companheiros, etc.; Não alterar fala das fontes, manter gírias, apenas arrumar erros de concordância e vícios de linguagem.
Usados:
Pessoas que menstruam; Pessoas que dão à luz (homens trans); Pessoas que fazem uso de anticoncepcional; Pessoas idosas/terceira idade, maduras, +60
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Diário de campo
Porém, nas duas últimas semanas percebi que tenho voltado ao meu ritmo e os meus trabalhos estão avançando. Entreguei a comunicação visual da revista para as meninas do meu grupo, já realizei entrevistas importantes que são essenciais ao meu projeto e sigo na tentativa de falar com o diretor geral de Penitenciária Feminina de Sant’Ana. Ainda tenho dúvidas sobre o que preciso acrescentar na reportagem, mas vou seguindo.
9/9/2021 - Ontem realizei a primeira tentativa de montagem do site da revista por Wordpress, porém não foi bem sucedida. Após conversar com as meninas do grupo, decidimos mudar de plataforma, assim trabalharíamos com mais recursos e bem mais rápido. Não mexi na reportagem ou paper hoje, pois essa questão do site tomou bastante tempo do meu dia e rendeu estresse também. Mas agora está tudo certo e já consegui montar algumas coisas da home.
24/9/2021 Finalmente recebi o retorno da Imprensa SAP e a minha entrevista com o Dr. Maurício Guarnieiri foi aprovada. Era algo que estava me deixando triste e sem vontade de continuar a produção do TCC. Para fechar a semana com boas notícias, hoje foi a minha apresentação do paper e estou extremamente feliz pelos comentários que a Mirian fez. Acho que vai dar certo!
8/8/2021 8/9/2021: O primeiro mês após o retorno das aulas foi marcado por inseguranças, procrastinação e medo. Sim, não vejo problema nenhum em admitir essas falhas. No final do primeiro semestre esgotei todas as minhas energias para entregar o projeto de pesquisa e sinto que, até agora não as recuperei. Além disso, estou em dúvidas sobre o que mais tenho a agregar no meu trabalho, isso faz com que a sensação de procrastinação cresça ainda mais.
5/10/2021 - O dia que eu aguardei durante 3 anos e meio de graduação finalmente chegou: fui fazer a minha primeira entrevista/visita a uma Penitenciária. Pode parecer estranho, mas desde o começo da faculdade tenho o sonho e vontade de trabalhar com o sistema carcerário, ajudar de alguma forma que ocorram melhorias para aqueles que vivem lá. Independente do crime, acredito que todos têm o direito de viver uma vida digna e de qualidade.
1/10/2021 - A SAP exigiu PCR para que eu realizasse a entrevista na próxima terça feira, acho engraçado como eles tentam fazer de tudo para colocar empecilhos. Mas lutei muito (mesmo) para conseguir essa aprovação e fui fazer o teste pela primeira vez. Fico feliz que ao contrário do que imaginava, não sofri e foi bem tranquilo.
24/10/2021 Durante a semana continuei escrevendo a reportagem e estou muito feliz com o meu progresso.
O local passa uma energia pesada, mas ao pensar apenas na ala de entrada e o local que fica recepção, até parece que não estamos em uma prisão, mas em um museu. Nessa área o local possui uma arquitetura bonita, tem bichos e é bem limpo.
19/11/2021 Parece que hoje eu apresentei a banca, mas calma, ainda não! Apenas assisti à apresentação do grupo do meu melhor amigo, Luís Felipe, mas sinto como se estivesse lá, com a câmera aberta e apresentando os slides. Depois de quatro anos, assisti pela segunda vez, uma apresentação de TCC feita por ele, agora, com os dois na faculdade. Como fico feliz em ver a vitória dos meus.
A entrevista ocorreu bem, por já conhecer o Dr. Maurício, ele foi bem assertivo e me ajudou com informações extras. Vi fotos de eventos na antiga Casa de Detenção e algumas imagens de chacinas que foram chocantes.
Outra coisa boa: recebi o retorno da Mirian sobre a minha reportagem e chorei muito ao ler um “Parabéns, orgulhosa” dela. Eu não faço o mesmo estilo de escrita que o MC Kevin fazia, mas
Outros motivos pessoas fizeram com que a visita ficasse ainda mais importante. Enfim, como é bom se sentir empolgada com algo e a cada dia tenho a certeza de que devo trabalhar nessa área.
5/11/2021 Acabei. Acabei. Acabei. Acabei. Foram 9 páginas escritas com muita insegurança, medo, felicidade e realização por estar em contato com um assunto que eu amo. Sei que não para por aqui, mas só de terminar, fico extremamente feliz. Agora, é hora de dar foco para a diagramação da revista impressa e finalizar os detalhes do site.
O diretor me acompanhou até a entrada da cela conhecida como “Inclusiva”, onde ficam as novas ingressantes, e pude ver o início do primeiro pavilhão. Talvez as cenas dos cobertores estendidos na janela nunca mais saiam da minha mente.
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18/10/2021 Depois de alguns dias de procrastinação, dei início a reportagem. Estava com um medo grande de começar, pois na minha cabeça, o resultado ficaria horrível. Escrevi, apaguei, escrevi mais uma vez e apaguei de novo, fui nesse ritmo durante muitas horas, mas o que carrego é o fato de que: eu consegui começar e me sinto muito mais aliviada para continuar a partir de agora.
ETAPAS JUL AGO SET OUT NOV DEZ
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Mas não quero que o meu último registro seja tão negativo, vou entregar um TCC pela segunda vez, a primeira foi na ETEC Tiquatira, em 2017, para o curso de Comunicação Visual. Obviamente desta vez está sendo mil vezes mais desafiador, mas fico feliz pela minha maturidade e o fato de conseguir evoluir tanto. Tenho vontade de chorar quando olho para o site e vejo que eu quem fiz, tenho vontade de chorar quando vejo a revista impressa tão linda e percebendo que fui em que fiz, tenho vontade de chorar quando vejo a reportagem que escrevi e lembrar de como foi a visita na penitenciária e as conversas com as egressas. Parece que eu tenhoegolánas alturas, nãoé? Mas achoquecomoessaéúltimaatualizaçãopreciso reconhecer meus esforços pelo menos uma vez. Então, é isso!
entendo quando ele canta: “Eu descarrego o pente, palavras ‘pro’ mundo. Um Milhão de ‘Sonho’ para escrever”. 26/11/2021 Este é o último registro que deixo aqui. No momento, estou há alguns dias sem dormir, ansiedade de não conseguir finalizar e com muitas demandas do trabalho e da vida pessoal, para além do TCC.
Levantamento de fontes X X Pré pauta X Pauta X X Realização de entrevistas X X X Apuração X X X
JUN
B) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Como já disse Emicida, na música “Levanta e Anda e com participação do Rael: “Quem costuma vir de onde eu sou, às vezes não tem motivos pra seguir. Então, levanta e anda, vai, levanta e anda”. Sou uma mulher preta, periférica, funkeira, leitora, com um pai que tem Parkinson, um irmão com Síndrome de Down, uma mãe que enfrentou muitas coisas difíceis e mesmo assim sempre se manteve forte, uma irmã incrível e inteligente, um cunhado que me apoia em tudo e uma sobrinha perfeita e que fez com que eu não desistisse da vida. Além de todas essas coisas que me definem e fazem parte de quem eu sou, posso falar também que, em breve, serei jornalista. Mais um preto formado no ensino superior, isso é motivo de celebração. Obrigada a todos os envolvidos. Obrigada.
Criação da identidade visual X X Criação de conteúdo para as redes sociais X X X Espelho da revista impressa X Montagem do site X X X X Diagramação da revista impressa X X Revisão X X Impressão da revista impressa X Entrega do produto final X
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X X X
Transporte/Combustível 5 R$ 130,00 R$ 130,00
Redação das reportagens
Impressão da revista 11 R$ 63,64 R$ 700,04
Revisão diagramação 1 R$ 50,00 R$ 50,00 Total 39 R$ 390,44 R$ 1.428,04
Impressão livro 2 R$ 80,00 R$ 80,00
Quantidade Valor unitário Valor Total
Hospedagem do site 1 R$ 66,80 R$ 468,00
INVESTIMENTOItem
C)