Revista 440Hz - Ed.8

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ÁLBUM

Por Fernando de Freitas

A M U A H N I T A I C N Ê U L INFEIO DO CAMINHO NO M

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remendar porcelana), trazendo uma nova roupagem a algo que já pode ser considerado tradição e cânone. Se engana quem associar o arcabouço conceitual de Siso com alguma aridez dificuldade em sua obra. Como o Kintsugi, é fácil apreciar e entender o seu valor, uma vez que os elementos que estão ali são tangíveis. Ele usa a porcelana e o ouro de Minas Gerais, de onde vem, mas os trabalha na megalópole de São Paulo. Siso é metáfora completa de seu trabalho, deixando a personalidade de David submersa pela obra.

DA RECONSTRUÇÃO AO AFETO

O olhar de Siso no álbum homônimo é direcionado ao afeto. É a valorização do processo e dores a partir de uma posição de ternura despreocupada consigo. É a empatia de um velho monge que sabe apenas os erros constroem a sabedoria. É por

Imagens: Divulgação e Helena Wolfenson

D

avid encarou seu trabalho e entendeu que transcendia a sua pessoa. Sua identidade era formada músicas que falavam do amadurecimento. Assim assumiu o nome Siso. “Veio disso, de siso ser um sinal de maturidade, uma maturidade que se questiona, porque que não tem função no corpo. É uma maturidade que envolve um processo de dor. É uma dor dentro de uma maturidade que vem se desenvolvendo. Eu acho que isso tem muito a ver com o que faço dentro da música” explica o músico. É diante das cicatrizes que adquirimos ao longo da vida que Siso apresenta seu mais novo trabalho, com o objetivo de mostrar composições dentro de um universo pop mais maduro, com referências já curadas pelo tempo. Essas cicatrizes são transformadas em ouro pelo processo do Kintsugi (técnica japonesa de


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