NOVIDADE
Por Ian Sniesko
Por Ian Sniesko
ORDEM EM MEIO AO
CAOS
D
as vivências e reflexões rotineiras, nasce o som transparente e visceral de LIVY: uma artista que transmite aos nossos ouvidos aquele velho e conhecido sentimento de ordem em meio ao caos, leia-se: o rock’n’roll em sua forma mais pura. Por meio de uma produção limpa e sem desvios desnecessários das suas raízes, a cantora faz bom uso da simplicidade e passa sua mensagem com coesão. LIVY compôs sua primeira música aos 12 anos, como conta em um de seus vlogs em seu canal no YouTube. Neles, a musicista compartilha com seu público um pouco do seu dia a dia e sua história. Inspirada por artistas de todas as gerações, mas principalmente do rock clássico como Patti Smith, Led Zeppelin e Dire Straits, a cantora e guitarrista possui, ainda, raízes na tradicional música brasileira, de Chico Buarque e Elis Regina, e em atos mais recentes como Arctic Monkeys, Lana Del Rey e Lzzy Hale. É importante também ressaltar que a artista faz parte da onda recente de popularização da guitarra entre as ar-
CAOS
S O CA
tistas do sexo feminino. Entre nomes como St. Vincent e Courtney Barnett, esta movimentação na cena musical independente traz empoderamento às mulheres e é uma das principais forças que mantem a guitarra um instrumento relevante nos dias de hoje. Entre suas escolhas está uma Gretch, marca alemã que faz os aficionados pelo vintage suspirarem fundo. George Harrison, por exemplo, ostenta modelo na capa do álbum “Cloud 9”. Na hora de compor, LIVY não mede esforços e diversifica bastante seus métodos: a cantora compõe na guitarra, violão ou piano. Como ela frisa em um de seus vídeos no YouTube, o ambiente em que você se encontra ao compor influencia e muito o processo. É preciso encontrar paz e privacidade para que suas ideias possam fluir livremente. Em seu mais recente single, “Cicatriz”, LIVY faz bom uso da formação já tradicional de guitarra, baixo e bateria, sem rebuscamentos desnecessários. A guitarra distorcida, porém, precisa e cristalina, que lembra muito a dinâmica e a sonoridade dos primeiros
trabalhos do Foo Fighters, dá identidade ao som. A tendência se segue na cozinha, com uma linha de baixo que parece se entrelaçar entre os riffs guitarrísticos; a bateria encorpada e sólida, que, graças à boa mixagem, possui seu espaço muito bem demarcado no espectro de frequências. As letras da cantora transmitem uma atmosfera bastante intimista e pessoal: é como uma conversa com a artista. Seria injusto não citar também as linhas vocais altamente melódicas e dinâmicas, que reforçam os sentimentos que pretende causar no ouvinte. Em concordância com LIVY, o seu timbre vocal e as suas técnicas lembram muito o da cantora Pitty, principalmente em seus anos iniciais. Atualmente trabalhando em estúdio com seu produtor, LIVY se prepara para começar a fazer shows em janeiro de 2020.
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